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ANÁLISE DO LIVRO “O MANIFESTO COMUNISTA”: UMA PERSPECTIVA

LIBERTÁRIA

Análise do livro “O Manifesto Comunista”: uma perspectiva libertária.

Yasmim Raiane da Silva 1

Graduanda em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco – Campus Acadêmico do Agreste.


E-mail: royalsofallen@gmail.com
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7950409922402544
Coordenadora do grupo de estudos Leão Coroado
Líder do Clube Frei Caneca
Resumo: A literatura socialista é comumente inserida na grade curricular no Brasil,
especialmente pelas políticas do MEC, nas matérias de sociologia, filosofia e história. Por
muitas vezes, construiu-se conceitos relatados como verdade absoluta pelos professores. Com
isso, a internet quebrou esse paradigma, com inserção de novos conteúdos, e especialmente os
jovens absorveram com maestria. Todavia, os conteúdos principais não são estudados de
maneira crítica e são negligenciados de forma em que a absorção e a repetição são
predominantes, ocorrendo uma fase de alienação acadêmica e analfabetismo funcional. Um
destes é o manifesto comunista, de Karl Marx e Frederich Engels, relata a opressão de uma
burguesia ascendente, frente ao proletariado e as situações precárias de vida nas fábricas e
mineradoras, aonde por meio de discursos e militâncias, pretendeu juntar vários seguidores
para o partido e para implantarem a revolução. As ideias liberais e o libertarianismo chega de
forma sucinta e eficaz para mudar essa situação, surgindo no presente artigo de forma a
contrapor os argumentos e afirmativas iniciais e revelar as reais intenções do socialismo e do
comunismo.

Palavras chave: literatura socialista, alienação acadêmica, libertarianismo,

Introdução:

Lucas é um rapaz curioso de dezoito anos que gosta muito de navegar pelas redes
sociais. Descobriu sobre o liberalismo econômico por meio de um compartilhamento de um
vídeo do YouTube pelo seu melhor amigo, e até hoje, ele estuda bastante pela internet e debate
na faculdade e no facebook sobre o assunto, refutando o pensamento e ignorância
“esquerdista”.
Assim como o rapaz mencionado, muitos estudantes se empolgam no início do
estudo sobre liberalismo/libertarianismo, e veem as justificativas para os argumentos de
“senso comum” tão simplórias que não se deve estudar sobre, resumindo-se apenas ao que os
autores repetem ou que pensadores acham, absorvendo essa informação vaga e não se
aprofundando de forma devida. Por isso, o objetivo desse artigo é transmitir de maneira clara
e concisa, o conteúdo de um dos mais importantes livros socialistas, O Manifesto Comunista,
de forma a inserir o leitor ao estudo e análise crítica da literatura, onde obterá os principais
pontos de contradição e partes dissertativas, de forma a entender o pensamento e a lógica de
forma mais dinâmica, do que apenas ler a obra.
O estudo é dividido em quatro partes, onde se designa as quatro seções do livro,
analisando de maneira sucinta as partes relevantes, e em seguida um pequeno resumo em
ângulo da teoria libertária, trazendo autores como Hans-Hermann Hoppe, Ludwig von Mises
e Thomas Sowell, de forma a ampliar os conceitos e argumentações acerca de cada conteúdo.

1 Burgueses e Proletários: qual é a vitima?

Frente ao livro estudado, uma das afirmativas elencadas pelo dilema socialista está
onde Marx e Engels citam que “A burguesia desempenhou na história um papel altamente
revolucionário” (1883, pg 35). Marx analisa a origem do capitalismo industrial frente a
ascensão burguesa: o camponês oprimido surge como opressor frente a comuna, segundo ele,
comprovando que os conflitos e “luta de classes” é a essência do mundo movido pela
ganância da mais-valia. Uma outra prerrogativa digna de discussão, se encontra no inicio do
livro, a qual elenca:
Onde quer que tenha conquistado a dominação, a burguesia destruiu todas as
relações feudais, patriarcais, idílicas. Ela eliminou sem dó nem piedade todos os
diversificados laços feudais que ligavam as pessoas aos seus superiores naturais, não
deixando nenhum outro laço entre as pessoas que o puro interesse, que o frio
“pagamento à vista”. Ela afogou o sagrado calafrio do sentimentalismo pequeno
burguês na água gelada do calculo egoísta. Fez da dignidade humana um simples
valor de troca; no lugar das inúmeras liberdades duramente conquistadas colocou a
liberdade do comércio sem escrúpulos. Em uma palavra, ela colocou no lugar da
exploração velada com ilusões políticas e religiosas a exploração aberta, descarada,
direta, seca. ( MARX, ENGELS, 1883, pg 35)

Marx iniciou seu mórbido ataque contra o sistema capitalista com as claras mudanças
que este método realizou na sociedade europeia e mundial. Anteriormente, a divisão entre
clero, nobreza e camponeses era uma forma explicita de eurogênia social, determinando a
superioridade clara da fé e do poderio bélico monopolizado a uma minoria privilegiada, em
frente aos trabalhadores do campo, artesãos, e pequeno-burgueses, fadados a sempre viver
com um estereótipo de servidores. Expor essa forma de organização como uma divisão
natural e que romper com isso seria algo negativo expõe uma face camuflada por discursos
românticos e idealizadores. Outro fragmento à destaque é que a consciência dos fatos reais e
a impessoalidade dos acordos geradas pelas trocas livres, ou seja, com foco apenas no objeto
de interesse em questão, retiraria a visão romântica e a submissão do fornecedor para com o
cliente. Ou seja, antes, um artesão se situava em uma conjuntura em que se demoravam dias
para produzir determinada peça, por esta ser personalizada e ser feita à mão, ou em uma
corporação pequena, geralmente com o mestre e poucos aprendizes, e, após a construção de
máquinas para facilitar e produzir mais em menos tempo, auxiliando o dono da produção e
dando melhor qualidade de vida, além de auxiliar os funcionários, já que necessitaria de
poucas ações para a confecção de tal produto. Se um produtor opta por continuar com o
mesmo método de trabalho por opção, este é o seu direito como indivíduo, todavia julgar e
condenar inovações com justificativas preconceituosas e ultrapassadas, mesmo para a época, é
um disparate para a constituição do ser humano, que é adaptar-se para viver no ambiente a
qual se insere. A troca do sistema determinista focado e incentivado pelo Estado e pela igreja,
por um novo veículo de oportunidades, apesar do árduo e íngreme caminho de trabalho e
adaptação a recente metodologia, é totalmente excomungado pelo Manifesto, além do caráter
alienativo ser considerado uma forma mais suave de submeter o proletariado à situações
opressivas e de passividade.
Segundo Sowell (2015), a esquerda opta por velar a característica negativa da ação
que existe independente da interferência. Não apenas por ser uma transição de sistema, que há
exploração, um chefe mal caráter e trabalhos longos e exaustivos, não é correlacionado nessa
exata proporção, há variáveis em questão, tanto negativas quanto positivas, sem enfatizar a
necessidade do êxodo rural, especialmente porque conseguiam ganhar mais do que no campo,
e teriam uma relativa melhoria acerca das condições de trabalho, como independência, para
exemplificar. Uma situação difícil e insalubre, que muitos dos operários passaram na primeira
e na segunda Revolução Industrial, não significa que não houve melhoras no quesito de
qualidade de vida e maior acesso a alimentação e saúde, além de oportunidades de inserção de
mulheres no trabalho, criando um vínculo de independência acerca dos casamentos arranjados,
dando mais autonomia e liberdade de escolha.
Adentrando mais sobre a questão da situação e condições de trabalho na Revolução
Industrial, Mises (2013) entra na questão representativa do proletariado, ou seja, do sistema
regulatório e do sindicalismo, que afirmam com insistência que são essenciais para lutarem
pelas melhores condições de vida e trabalho, controlando o laissez-faire na sua impiedosa
chacina acerca dos maus tratos e abusos na relação patrão-empregado, enfatizando sempre a
maneira feliz onde os cidadãos eram nas condições de camponeses e artesãos e sendo
retirados amargamente e levados de maneira quase coercitiva para as fábricas. Aonde
infelizmente, não era esta a realidade, sendo:

A maior parte delas vivia, apática e miseravelmente, das migalhas que caíam das
mesas das castas privilegiadas. Na época da colheita, ganhavam uma ninharia por
um trabalho ocasional nas fazendas; no mais, dependiam da caridade privada e da
assistência pública municipal. Milhares dos mais vigorosos jovens desse estrato
social alistavam-se no exército ou na marinha de Sua Majestade; muitos deles
morriam ou voltavam mutilados dos combates; muitos mais morriam, sem glória,
em virtude da dureza de uma bárbara disciplina, de doenças tropicais e de sífilis.
Milhares de outros, os mais audaciosos e mais brutais, infestavam o país vivendo
como vagabundos, mendigos, andarilhos, ladrões e prostitutos. As autoridades não
sabiam o que fazer com esses indivíduos, a não ser interná-los em asilos ou casas de
correção. O apoio que o governo dava ao preconceito popular contra a introdução
de novas invenções e de dispositivos que economizassem trabalho dificultava as
coisas ainda mais. (MISES, 2013)

O modelo fabril chegou para desmistificar o preconceito e julgamentos em relação


às máquinas, em relação à desemprego em massa e empobrecimento da população, sendo um
marco para inclusão tecnológica e social dos marginalmente excluídos pela sociedade,
diminuindo a criminalidade e pedintes nas ruas, além de contribuírem indiretamente para a
democratização e a melhoria da qualidade de vida em geral, com produções em massa de
roupas e sapatos de boa qualidade e com preço mais baixo, atingindo camadas mais baixas,
em um setor anteriormente dominado de consumidores aristocratas. Contradizendo com o que
antes era imposto pela sociedade feudal, os operários deixaram de oferecer apenas, e sim
participar dessa demanda mais ativamente.
Marx e Engels continuam com o balbucio de que o sistema burguês é destrutivo,
com a imputação de que “As relações burguesas de produção e de circulação, as relações
burguesas de propriedade , a moderna sociedade burguesa , que conjurou meios de produção e
de circulação tão poderosos, assemelha-se ao feiticeiro que não consegue mais dominar as
forças infernais que evocou” (1883, pg 38) se referindo às crises comerciais, e onde são
perdidas muitas manufaturas de produção com a famosa epidemia da superprodução, onde a
fome se alastra e todos os meios e fatores de subsistência tivessem sumido graças a ter
industrias em demasia, não servindo mais de estímulo para a sociedade burguesa e rompendo
em crises porque as relações de propriedade burguesas não tem força o suficiente para conter,
se referindo a apenas a função de acúmulo de riqueza, superando as crises por meio do
desemprego em massa e empreendendo em novos mercados e em outras áreas, de maneira em
que cria “crises mais universais e mais fortes e reduzindo o meio de preveni-las” (MARX,
ENGELS, 1883, pg 39).
Os autores não estão de todo errados acerca de que a maioria das resoluções de crises
formam um looping com destino ao fracasso e a repetição do mesmo feito. Nada obstante, o
réu está situado de forma errônea: o estado, por meio da manipulação do Estado,
essencialmente de injeção de moeda fiduciária para catalisar os processos econômicos de
forma mais rápida, além da estratégia de pagar dívidas com empréstimos em vez de
concentrar-se em incentivar a poupança e investimentos. A injeção de dinheiro em áreas
especificas e estratégicas, faz com que o dinheiro circule na mão de ofertantes e demandantes,
e o poder de compra e o valor da moeda em si vai sendo alterado conforme a quantidade de
tempo e moeda inserida, tendo que ajustar salários, juros, e assim preços de produtos, com a
correção famigerada chamada inflação. Seguindo a lei básica da oferta e demanda, o correto é
deixar o mercado fluir, e agir com o equilíbrio, tanto na questão de aumentar preços, como o
de diminuir, sendo proporcional às ações econômicas. Manipulando a deflação, para que o
processo de baixa de preços não afete o mercado em si, injetando dinheiro na economia, faz
com que ao passar do tempo, este perca valor, e o produto que antes tinha um certo preço,
aumente de forma a acompanhar essa desvalorização (EBELING, 2011).
Ao fim do capítulo, os autores reforçam a importância do proletariado como classe
para unir-se contra a burguesia (pequena, média e grande), já que esta é totalmente
dependente da força de trabalho da classe oprimida. Lutar para se manter, frente às
dificuldades impostas na Revolução Industrial não é ser revolucionário, e não é digno de ter a
exaltação exacerbada das ultimas três páginas, já que estas querem manter como está o
sistema, e não mudá-lo, como relata o trecho: “As camadas médias, os pequenos industriais,
os pequenos comerciantes, os artesãos, os camponeses, todos eles lutam contra a burguesia
para assegurar a sua existência enquanto camada média frente ao declínio. Portanto, elas não
são revolucionárias, mas conservadoras. Mais ainda, elas são reacionárias, pois tentam voltar
para trás a roda da história” (1883, pg 43). Essas pessoas, pequenos empreendores,
camponeses e artesãos, são segregados como lumpemproletariado.
A cultura, religião, e costumes são todos amplamente burgueses e, segundo Marx e
Engels, são meramente alienação, objeto de interesse. As condições como classe foram
piorando ao longo da história, e o argumento é que a burguesia é incapaz de dominar frente a
que esta precisa alimentar e dar as condições necessárias ao proletariado dependente de
recursos para a sobrevivência, que seria o livre mercado e trocas livres de produtos como
comida, essa mesma afirmativa pode ser feita e interpretada com o propósito de alimentar sua
posição social frente a imposição de pobreza e miséria, ao qual deveria ser designado de
forma gradativamente superior frente aos índices da idade média (se referem explicitamente
aos títulos discriminatórios, como “burguês” ou “servo”). Um dominante que não consegue
que o próprio proletariado tenha condições e assertivas fixas como classe e estas ditadas, não
consegue dominar a sociedade, esta é incompatível.

2 Proletários e Comunistas: porque diferenciar?

Geralmente, quanto se trata da teoria socialista científica, muito se funde


nomenclaturas, como forma de facilitar o entendimento e a ideia central. Contudo, os autores
deixam bem claro que ambos os proletários e os membros do partido – denominados
comunistas – tem funções e são bem diferentes. Em resumo: os primeiros são a massa de
manobra e os segundos são os que irão designar o comportamento e como estes irão se portar
afim dos interesses da comuna. Em primeiro momento, promete-se que não se abolirá a
propriedade em geral, e sim a propriedade privada burguesa, pois esta seria a causadora dos
males da desigualdade social, financeira e laboral. Todavia, a contradição da área
argumentativa se explana quando os autores se exaltam no discurso e na acusação vigorosa:

Nós comunistas, temos sido acusados de querer eliminar a propriedade pessoal, fruto
do trabalho próprio, que seria a base de toda a liberdade, atividade e autonomia
pessoais. Propriedade, pessoal, fruto do trabalho e do mérito! Falais da propriedade
do pequeno burguês, do pequeno camponês, que precedia a propriedade burguesa?
Não precisamos aboli-la, pois o desenvolvimento da indústria já aboliu e continua
abolindo-a diariamente. Ou falais da moderna propriedade privada burguesa? Mas o
trabalho assalariado, o trabalho do proletário, lhe cria propriedade? De modo algum.
Ele cria o capital, quer dizer, a propriedade que explora o trabalho assalariado e que
só pode aumentar sob condição e gerar novo trabalho assalariado, para ser
novamente explorado. Em sua forma atual, a propriedade se move no antagonismo
entre capital e trabalho assalariado. ( MARX, ENGELS, 1883, pg 48)
De acordo com Bohn-Bawerk, a teoria da exploração seria que todos os bens que
tenham valor são produzidos por seres humanos, então estes sendo responsáveis integralmente
pela a produção e, por isso, tem exclusivo direito a receber integralmente pelo o que
produzem, algo que é , segundo a perspectiva socialista, é exploração de trabalho frente a
condições precárias de trabalho, como fome e horas extensas, analisando até perspectivas de
conseguir lucrar ainda mais especialmente em grandes famílias, onde as mulheres e as
crianças precisavam trabalhar para sobreviver, pois o esposo não ganhava dinheiro o
suficiente para alimenta-las por intermédio do próprio capitalista, com a intenção crassa de
exploração. Com isso, retira-se uma parte do dinheiro arrecadado com a venda dos produtos
para o dono da fabrica, sendo assim chamado de juros de capital, ou mais-valia. Essa teoria
não condiz com a essencialidade da divisão e repartição do lucro obtido. Conforme Reisman,
os trabalhadores não são responsáveis pela produção, já que não tem a tecnologia e as
estratégias de gestão, ou seja, o trabalho intelectual necessário para se ter consciência do todo
produzido, isto é, são auxiliares importantes para a construção do projeto e implanta-lo. A
circulação de dinheiro e distribuição é denominada circulação capitalista, onde se tem uma
reserva para matéria-prima, após isso tem a produção e em seguida tem a venda. Sem isso,
entra na questão de circulação simples, ou seja, se inicia sem projeto nem capital nenhum,
tendo que este procurar algo disponível e que possa arcar para depois ver se tem demanda o
suficiente, prejudicando tanto ele quanto aos que dependem dele como força de produção.
O trabalho, na utopia comunista, seria para “enriquecer e apoiar a vida do trabalhador”
(MARX, ENGELS, 1883 pg 49). A partir disso, ele parte para a comparação entre o que o
capitalismo oferece e o que o comunismo teria para oferecer. O capitalismo oferece a
liberdade e ele mesmo a destrói, se por acaso o produto ou serviço não obtiver qualidade o
suficiente para as pessoas que a consomem, todavia isso não seria liberdade. Então volta sobre
a questão explicita da supressão da propriedade privada, alegando que isso protege o
proletário de utilizarem de forma indevida a capacidade de trabalho, e afirmando que isso não
levaria a ociosidade generalizada, já que os burgueses não trabalham e adquirem, focando
novamente na parte de que trabalho seria somente o que envolve esforço físico e não
capacidade intelectual.
Adiante, Marx e Engels denunciam a exploração das crianças e dos filhos, tanto em
relação à comercialização do casamento, e do trabalho insalubre, e sobre a educação, sendo
esta com proposta de estar desvinculada da classe dominante, e se voltar aos interesses da
outra parte. Além de bater com os vieses conservadores com a inclusão das mulheres, e a
exploração e violência contra a mulher por meio de assédio e opressão cultural, mas frisando
que “Os comunistas não precisam implantar a comunidade das mulheres, ela existiu quase
sempre” (MARX, ENGELS, 1883 pg 52). Falam também sobre pátria e a ausência desta no
comunismo, já que é direcionado para os proletários independente da nacionalidade,
procurando um objeto de unificação, tanto em relação a violência – em momento futuro –
quanto a religião, ética e moral e posições filosóficas e políticas diferentes, denominadas
“verdades eternas” e unificando em um só pensamento, ou seja, retirando a individualidade de
pensamento e cultura históricas, e estas dificilmente serão eliminadas de maneira pacífica.
Na conclusão do capítulo, os autores vem com a estratégia de como esses ideais
poderiam ser implantados de forma mais efetiva. Primeiro momento, é ascender os
proletariados a classe majoritária da sociedade, eliminando aos poucos todo o tipo de riqueza
adquirida pelos burgueses e centraliza-la nas mãos do Estado, por meio de despotismo –
ditaduras – que serão “indispensáveis como meio para a transformação de todo o modo de
produção” As medidas são claras, além da forma de aplicação – por meio da imposição
forçada e indevida, eliminando quaisquer resquício de respeito ao indivíduo – aos quais
violam completamente a liberdade individual tanto econômica quanto social, voltando ao
ciclo explícito e amplamente criticado ao decorrer de todo o livro em questão, as quais são:
1. Expropriação da propriedade fundiária e aplicação da renda da terra para despesas
do Estado.
2. Imposto progressivo forte.
3. Abolição do direito de herança.
4. Confisco da propriedade de todos os emigrantes e rebeldes.
5. Centralização do crédito nas mãos do Estado por um banco nacional com capital
do Estado e monopólio.
6. Centralização do sistema de transporte nas mãos do Estado.
7. Aumento das fábricas nacionais, dos instrumentos de produção, cultivo e
melhoramento da terra segundo um plano comum.
8. Obrigação de trabalho para todos, organização de exercitos industriais,
especialmente para a agricultura.
9. Unificação do trabalho agricola e industrial, atuação para a superação gradual do
antagonismo entre a cidade e o campo.
10. Educação pública e gratuíta para todas as crianças. Fim do trabalho fabril de
crianças em sua forma atual. Ligação da educação com a produção material, etc.
( MARX, ENGELS, 1883, pg 35).

A ética libertária vem subjugar a exploração exposta pelo manifesto, após a visão
romântica e demasiado exacerbada preocupação com o destino do proletariado esconde – ou
revela de forma compreensível – uma sede de poder imensurável. Apagar a individualidade
das pessoas desde a infância, por meio da educação fornecida pelo Estado, aonde este vai
designar o que deve ou não gostar, ou aprender, retirar direitos à herança e confiscar quais
quer que seja de bens e valores das pessoas as quais não concordam com a opinião majoritária,
não valorizar o trabalho de diferentes funções e centralizar toda a economia, a segurança e os
direitos a uma só instituição é algo que destruirá quais quer que seja que decida implantá-la,
tanto pelo massacre para consegui-la, o trauma dos cidadãos ali presentes, quanto pra própria
estrutura, esta não se mantém sem coerção e tirania constante, causando, ao longo prazo,
revolta e interferência externa.
A renda da terra, estratégia citada por Adam Smith para conseguir um faturamento,
tal qual “A renda da terra, considerada como o preço pago pelo uso da terra, é naturalmente a
maior do que o arrendatário permite-se pagar nas circunstâncias efetivas da terra.” (SMITH,
1988), isto é, uma taxa de manutenção que deverá ser fornecida ao Estado com a intenção de
manter a propriedade e onde as vezes nem é aplicada pelo proprietário, e sim pelo
arrendatário, para as melhorias demandadas do local, servindo de muito como apenas uma
forma de lucro em cima da terra utilizada, sendo esta designada, por muitas vezes, com
calculo considerando uma porcentagem de lucro mínima para os que empreendem nela.
Pensando em um governo ditatorial socialista, servindo de forma a cumprir com os interesses
da minoria que alcançou o poderio, não existirá lucro, nem melhorias e desenvolvimento no
local, sendo esse dinheiro utilizado apenas direcionado ao Estado, elencando mais uma
taxação onde para alguns, por meio de promessas e discursos, serviria para suprir a
necessidade do campesinato que não dispõem de terras para cultivo, ressaltando assim a
alienação velada em frente aos interesses do partido, de forma a cresce-lo de maneira
monopolística.
Hoppe (2010), relata que, de acordo com os princípios de propriedade privada, se
quebrados, tudo e todos ao seu redor não tem controle sob si mesmos nem onde estão
inseridos, entrando em um estágio vegetativo como vitimas da alienação e prepotência das
pessoas e instituições aos quais prometeram auxiliar a uma vida melhor. Além disso, apesar
de estarem imersas nessa situação, ainda não estaria completamente extinguida, já que houve
alguém para comandar as diretrizes de funcionamento na sociedade. Se alguém escuta uma
ordem, esta foi designada por alguém, e esse indivíduo pensa e é dono do seu próprio corpo e
pensamento. Uma das afirmativas finais são que “O poder político, propriamente dito, é o
poder organizado de uma classe para opressão de outra” e esconde para os leitores que
ingenuamente leem de que “vocês tem o poder” quando a intenção é que concentrem o poder
a quem realmente tem sede.

3 Literatura socialista e comunista: as divisões.

Na terceira parte do livro, os autores começam a classificar os tipos de socialismo


frente aos estudos já acumulados. Começa primeiramente com o “socialismo feudal”, em que
se refere à opressão inicial dos aristocratas frente ao proletariado camponês, e a opressão da
igreja frente a hipocrisia, já que ambos os citados estão se desvalorizando como classe.
relacionando, ambos os teóricos, o comunismo com a doutrina que jesus pregava já que “O
cristianismo também não vociferou contra a propriedade privada, o casamento e o Estado?
Em seu lugar, ele não pregou a caridade e a pobreza, o celibato e o castigo da carne, a vida
monástica e a igreja? O socialismo cristão é apenas a água benta com a qual o padre abençoa
o desgosto do aristocrata”(MARX, ENGELS, 1883 pg 58). Em seguida, vem o socialismo
pequeno-burguês, caracterizado por unir os proletários recém-inseridos com visões dos
pequenos camponeses e dos burgueses que não progrediram tanto na sociedade, expondo os
malefícios e atitudes destruidoras do livre mercado por meio de pesquisa e sendo uma fusão
do socialismo reacionário com o utópico. Ademais, relata sobre o socialismo alemão, ou
“verdadeiro”, onde absorveram a literatura francesa e buscaram formas de deixa-la mais
prática e não apenas literária, adaptada para a filosofia do próprio país, contudo não
considerando os fatores políticos e demandantes de estrutura suficiente para inserir, sendo
utilizado por governos absolutistas para diminuir a influência da burguesia e reforçando o
sentimento nacionalista.
Após, surge o socialismo burguês, que, segundo Marx e Engels, tem função de
remediar as más condições fomentadas pela burguesia pelos membros dessa classe, dando o
exemplo de filantropos, e pessoas que se envolvem com a caridade, procurando o caminho
pacífico e desmembrando o impulso revolucionário do proletariado, por meio de fazer aceitar
o sistema do jeito que é, com as afirmativas “Comércio livre! No interesse da classe
trabalhadora. Tarifas protecionistas! No interesse da classe trabalhadora. Prisões celulares! No
interesse da classe trabalhadora. Eis a ultima palavra do socialismo burguês, a única
pronunciada à sério”(MARX, ENGELS, 1883 pg 64). Por fim, vem o socialismo e o
comunismo crítico-utópicos, que focam os seus estudos na prática real do problema da
burguesia de maneira pacífica, por meio de estudos e experimentos reais, sendo caracterizado
como falso, pois se concentra de maneira onde regride ao modelo atual de sociedade, não
buscando a revolução e rejeitando-a.
Um texto publicado por Rogers (2010) relata um experimento feito em uma sala
onde todos acreditavam que o socialismo era possível de ser implantado. Disse a todos que
ambos os alunos iriam ter as mesmas notas, em três avaliações aplicadas, sendo a média de
todas as avaliações. A primeira prova, ambos tiraram B, revoltando os alunos que estudaram
bastante e sendo agraciados pelos os quais não estudam. O comodismo levou a ambos na
segunda prova, e a nota baixou para D, e a turma não gostou. A terceira prova foi um F, e as
desavenças persistiram, buscando os culpados pela queda de desempenho, e eles se auto
sabotaram, não estudando pra beneficiar o outro. Sendo assim, a turma reprovou de ano. Sem
recompensas pelo seu esforço , e retirando o que tinham para dar aos que não trabalham para
tal gera comodismo e o sistema falha. Não avançaria o desenvolvimento, e sim regrediria,
concluindo que “É impossível multiplicar riqueza dividindo-a ”(ROGERS, 2010). O socialismo,
frente aos avaliados e descriminados nesse capítulo, é impossível de ser implantado pelo
simples fato de negligenciar o caráter individual de valor e compaixão frente a si mesmo e ao
outro, ignora o fator pelo o qual luta, e que move por maneiras teóricas e práticas como massa
de manobra frente aos próprios interesses, onde os meios pacíficos não têm vez e onde o
sangue e a alienação são os suficientes meios para ascender ao poder, idiotizando a classe
proletária a servir como soldados numa guerra onde eles são as próprias vitimas.

4 Posição dos comunistas frente aos diversos partidos de oposição: sangue e luta.

A descrição das intenções comunistas são expostas nessa seção do texto, em que
descreve de forma retrospectiva, como é a influencia em países como Suíça e Polônia, como o
partido apoia os governantes que tem propostas semelhantes aos ideais, como, para
exemplificar, a reforma agrária, e ao mesmo tempo agindo como um cavalo de Tróia,
reforçando sempre aos trabalhadores as diferenças entre a burguesia e o proletariado, para
utilizar as condições contra sua própria dominação vigente. Por fim, a união dos membros é
enfatizada, reforçando a necessidade da queda eminente do sistema capitalista, e “que as
classes dominantes tremam perante uma revolução comunista. Nela, os proletários nada tema
perder a não ser seus grilhões. Eles tem um mundo a ganhar. Proletários de todos os países,
uni-vos!” (MARX, ENGELS, 1883 pg 68).
O ser humano é empreendedor, capitalista, burguês por natureza, porque desses
termos, o essencial vêm a habilidade de criar, de ter ideias. Não somente para ter lucro,
enriquecer, e sim para sobreviver, se adaptar ao ambiente inserido. De acordo com Soto
(2015), “O socialismo deve ser definido como sendo "todo e qualquer sistema de agressão
institucional e sistemática contra o livre exercício da função empresarial". O socialismo
consiste em um sistema de intervenção que se impõe pela força, utilizando todos os meios
coercitivos do estado”, ou seja, por melhor e mais bonito que o discurso seja, ou as intenções
de alguns membros do partido, estes estão sucumbindo a um ciclo manipulador, onde todos
serão as vitimas, por meios tanto psicológicos, com educação e fomentação ao ódio pelo
diferente, quanto físicos, nas demasiadas guerras, onde houveram milhares de mortes, como
Stalin e Mao Tsé-Tung, percursores dos ensinamentos e grandes ditadores socialistas, aonde
massacraram culturas e mentes dos cidadãos, ademais como se estabelece a situação da
Coréia do Norte até hoje, com suas políticas repressivas e retrógradas, se isolando e
perecendo ao resto do mundo globalizado e tecnológico, em contraste a sua irmã, a avançada
e modelo Coréia do Sul. Estado aonde todos são prejudicados, roubados, e violentados de
maneira igualitária, e onde quem prejudica e impõe brutalidades se auto sabota, profanando
seu bem mais precioso, de maneira ignorante e passiva: a si próprio.

Conclusão

O desenvolvimento do presente estudo do livro “O manifesto Comunista”, explana a


oscilação do pensamento de Marx e Engels de defensores dos proletários aos fomentadores da
revolução absoluta. Não obstante, culpar o capitalismo e os empreendedores da época, que
tiraram muito dos camponeses que necessitavam de renda para sobreviver, pela revolução dos
sistemas já vigentes e creditar a eles nomeações vexatórias, quando na verdade boa parte da
argumentativa é apresentar a solução por meio da militância comunista de maneira alienativa,
suavizando partes de forma em que se preocupam com os proletários e trabalhadores. Uma
ideologia a qual prega a rejeição ao diferente e que busca centralizar o poder na mão de
minorias ditatoriais, e relatando de forma implícita ao leitor iniciante, fazendo, acima de tudo,
ele se sentir superior ao se identificar com as problemáticas expandidas, sendo porta-voz de
eugenismos e catalizador de pensamentos e correntes segregatícias.
Explanar o pensamento marxista e relacionar com fatos defendidos pelo liberalismo
em somente um artigo é desafiador, porém desde início surge incentivos para novos estudos
acerca da área, em foco de desmistificar e ampliar gradativamente o âmbito estudantil, de
forma a ver ideias diferentes não somente de forma segregatícia, e sim como algo a adquirir
experiência e conhecimento afim de ter consciência do que se entende como ideologia própria
e estabelecer linhas autônomas de pensamento crítico.

Referências bibliográficas:

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