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ArTiGO dE rEVisÃO

influência de excipientes farmacêuticos


em reações adversas a medicamentos
Ana Carolina Fernandes Araujo e Maria de Fátima Borin

rEsUMO
Ana Carolina Fernandes Araujo – farmacêutica clínica e industrial, espe-
Excipientes são substâncias adicionadas às for- cialista em Vigilância Sanitária pela Universidade Católica de Goiás, mes-
tranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Faculdade
mulações farmacêuticas, excluindo-se os fárma- de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil
cos, e têm a função de garantir a estabilidade e
as propriedades biofarmacêuticas dos medica- Maria de Fátima Borin – farmacêutica industrial, doutora em Ciências
Farmacêuticas pela Universidade de São Paulo, professora do Curso de
mentos, além de melhorarem as características Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade
organolépticas e, assim, a aceitação dos medica- de Brasília, Distrito Federal, Brasil
mentos pelos pacientes. Porém, diversos estudos
Correspondência. Ana Carolina Fernandes Araujo. Faculdade de
têm demonstrado que esses compostos não estão Ciências da Saúde, sala B1- 146/10, Universidade de Brasília,
isentos do risco de causar reações adversas. O ob- Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, CEP 70.910-
jetivo deste estudo é abordar algumas das reações 900. Telefone: (61) 3107-2004.

adversas já descritas para excipientes comumente internet: anacarolinaaraujo@gmail.com


utilizados na indústria farmacêutica. Observa-se
que o aspartame e a sacarina estão relacionados
ao aparecimento de tipos de câncer, como linfo-
mas e hiperplasias do urotélio em ratos, respec- Recebido em 2-11-2012. Aceito em 5-12-2012.
tivamente. O sorbitol e a lactose podem produzir
As autoras declaram não haver potencial conflito de interesses.
reações no trato gastrointestinal, como diarreia e
flatulências e, assim, dificultar a absorção do fár-
maco. O cloreto de benzalcônio, muito utilizado
em formulações oculares e descongestionantes
nasais, pode causar prolongada broncoconstri-
ção e o aumento progressivo de lesões córneas. Palavras-chave. Excipientes; medicamentos; rea-
Já o corante amarelo de tartrazina e os parabe- ções adversas; hipersensibilidade.
nos, por serem estruturalmente semelhantes ao
ácido acetilsalicílico, estão relacionados a reações
de hipersensibilidade, pois pessoas sensíveis a es- ABSTRACT
se fármaco também podem apresentar reações
alérgicas a tais excipientes. Em conclusão, apesar Influence of pharmaceutical excipients on adverse
de conceitualmente inertes, não existe ausência reactions to drugs
de risco comprovada na utilização de adjuvantes
farmacêuticos. Apesar de alguns estudos apre- Excipients are substances added to pharmaceutical for-
sentarem resultados controversos com relação à mulations, with the exclusion of drugs, which have the
promoção de efeitos adversos relacionada à utili- function of guaranteeing the stability and biopharma-
zação de alguns excipientes, pode-se concluir que, ceutical properties of the drug, in addition to improving
quando possível, a adição desses compostos deve its organoleptic characteristics and, thus, acceptance
limitar-se à estritamente necessária para manter of the medication by patients. However, several studies
a qualidade do medicamento e a função do fárma- have shown that these compounds may cause adverse
co, para evitar possíveis reações adversas. reactions. The objective of this study is to discuss the

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adverse effects caused by excipients commonly used Da mesma forma que os fármacos, os excipientes
by the pharmaceutical industry. It is possible to notice possuem propriedades termodinâmicas próprias e,
that aspartame and saccharin are associated with the assim, podem interagir com o fármaco, com outros
onset of cancers, such as lymphomas and hyperplastic medicamentos ou até com outros excipientes.3,5
urothelium in rats, respectively. Sorbitol and lactose Essas interações podem ser físicas e químicas. As
may produce reactions in the gastrointestinal tract such interações físicas, que podem modificar, por exem-
as diarrhea and flatulence and, thereby, hinder drug plo, o tempo de dissolução de uma forma farma-
absorption. Benzalkonium chloride, often used in ocular cêutica sólida, são devidas às forças de atração
formulations and nasal decongestants, can cause pro- entre o fármaco e os excipientes ou à adsorção de
longed bronchoconstriction and a progressive increase excipientes na superfície de fármacos. Já as intera-
in corneal injury. Because they are structurally similar ções químicas podem causar a degradação do fár-
to aspirin, the yellow dye tartrazine and parabens are maco ou o aparecimento de impurezas. As reações
associated with hypersensitivity reactions, as individu- de degradação mais frequentes são a hidrólise, a
als sensitive to this drug may also have allergic reactions oxirredução, a fotólise, a isomerização e a polime-
to these excipients. In conclusion, although conceptually rização.3 Assim, esses aditivos podem aumentar ou
inert, we cannot rule out the risks associated with the diminuir a solubilidade de um fármaco, interferin-
use of pharmaceutical adjuvants. Even though some do em sua liberação e absorção, podem alterar sua
studies have presented conflicting results regarding the taxa de dissolução5 ou induzir o aparecimento de
adverse effects caused by the use of certain excipients, it reações de decomposição do fármaco, o que pode
is possible to conclude that the use of these compounds produzir medicamentos com doses subterapêuti-
must be limited to that strictly necessary. This way,the cas de fármaco ou mesmo promover a produção de
quality of the product and the function of the drug are substâncias tóxicas.
maintained and possible adverse reactions are avoided.
A toxicidade causada pelos excipientes pode ocor-
Key words. Excipients; drugs; adverse reactions; rer em toda a população ou em grupos específicos.
hypersensitivity. Na população em geral, a toxicidade é devida ao
excesso da dose desses compostos, o que pode cau-
sar imunotoxicidade, alergia e intolerância. Já em
iNTrOdUÇÃO grupos específicos, a toxicidade pode ser devida à
presença de doenças crônicas, à predisposição ge-
Os excipientes são substâncias, por definição, desti- nética ou à idade dos pacientes.2,5
tuídas de poder terapêutico, usadas para assegurar
a estabilidade, a eficácia e as propriedades físicoquí- De acordo com a Instrução Normativa nº 3, de
micas, farmacológicas e organolépticas dos produ- 2008, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
tos farmacêuticos.1 São dotados de diversas funções, (Anvisa),6 excipientes são substâncias presentes
como solubilizar, suspender, espessar, diluir, emul- na formulação dos medicamentos, diferentes dos
sificar, estabilizar, colorir, flavorizar entre outras.2 fármacos, que não exercem ação farmacológica ou
toxicológica.6 Entretanto, efeitos adversos relacio-
Essas substâncias podem ser classificadas em três nados a excipientes existem e são relatados desde
tipos de acordo com a origem: 1) animal, como a 1930.3 A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)
gelatina e a lactose; 2) vegetal, como a celulose e nº 47 da Anvisa, 2009,7 estabelece que as bulas dos
os açúcares; 3) sintéticos, como o polietilenoglicol, medicamentos contenham a concentração de cada
polissorbatos e povidona.3 fármaco ou ativo cosmético; porém, em relação aos
excipientes, exige-se apenas composição qualita-
Os excipientes são materiais quimicamente hete- tiva conforme a Denominação Comum Brasileira.
rogêneos, podendo ser moléculas muito simples Assim, as indústrias farmacêuticas não são obri-
ou misturas de complexos naturais, sintéticos ou gadas a discriminar, nas bulas dos medicamentos,
semissintéticos.3,4 as quantidades de aditivos nas formulações, o que

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dificulta a verificação da adequação da concen- metil éster de fenilalanina (50%) e metanol (10%),
tração dos excipientes aos limites especificados aí sim são absorvidos.5,9 O ácido aspártico é o pre-
nas farmacopeias. Muitos excipientes são utiliza- cursor de alguns neurotransmissores excitatórios,
dos em formulações de venda livre ou pediátrica. como o glutamato, a asparagina e a glutamina. A
Dessa forma, o risco de desenvolvimento de rea- fenilalanina participa da estruturação de prote-
ções adversas fica ainda mais grave, principalmen- ínas e, no organismo, é convertida em tirosina.
te quanto a alguns aditivos. Isso pode ser devido à Esta é transformada em dihidroxifenilalanina
sua maior utilização nos medicamentos ou mesmo (DOPA) que, posteriormente, formará a dopami-
à sua alta toxicidade ou caráter alergênico. na. Assim, a fenilalanina exerce uma importante
função na regulação de neurotransmissores. Já o
O objetivo deste estudo é descrever as classes de metanol pode ser convertido em formaldeído, que
excipientes que apresentam maior probabilidade é uma substância carcinogênica.9
de causar reações adversas.
Existem controvérsias sobre a segurança no uso
do aspartame. Como esse altera a concentração
EdUlCOrANTEs de alguns neurotransmissores, as principais re-
ações adversas causadas por esse excipiente são
Os edulcorantes são substâncias doces utilizadas cefaleia e distúrbios psiquiátricos, como ataque
nos medicamentos com finalidade de mascarar o do pânico, mudanças de humor, alucinações vi-
sabor desagradável de alguns fármacos e, assim, suais e episódios maníacos. 10,11 Pacientes com
permitir maior adesão do paciente ao tratamen- distúrbios afetivos ou de humor têm mais risco
to. Nos últimos quinze anos, houve aumento no de desenvolver efeitos neuropsiquiátricos. 12,13
consumo de adoçantes em várias áreas da saúde, Porém, Shaywitz e colaboradores, 14 em estudo
com o intuito de prevenir o aparecimento de cá- envolvendo crianças com déficit de atenção que
ries dentárias, obesidade e diabetes, causados pela receberam, em média, 34 mg/kg/dia de asparta-
ingestão excessiva de açúcar.4 Normalmente, os me por duas semanas, não observaram diferença
medicamentos são compostos por combinações de significativa no comportamento, cognição e me-
vários edulcorantes. Os principais utilizados nas in- tabolismo da amina em relação às crianças que
dústrias farmacêuticas são o aspartame, o sorbitol, receberam placebo, exceto aumento esperado
a lactose, a sacarina e o ciclamato de sódio. de fenilalanina e tirosina plasmática. Os autores
concluíram que o consumo dez vezes maior que
Balbani e colaboradores 1 mostraram que 28,7% o usual de aspartame não causou alterações cog-
dos fármacos analisados por eles continham dois nitivas ou comportamentais nessas crianças. Os
tipos de adoçantes, 9,5% continham três tipos e mesmos autores discutiram, em seu trabalho, que
4,1% continham quatro tipos de edulcorantes. vários outros estudos prévios a este avaliaram o
Os mais encontrados na composição dos medi- efeito do aspartame no comportamento e cogni-
camentos foram a sacarose, a sacarina sódica, o ção de adultos, avaliando-se humor, desempenho
sorbitol, o ciclamato de sódio e o aspartame, em cognitivo, tempo de reação, memória e compor-
ordem decrescente. tamento alimentar, após administrações de do-
ses que variaram de quatro a mais que 100 mg
Aspartame por quilo de peso corpóreo, e o aspartame não
apresentou efeito em nenhum desses estudos. 14
O aspartame é um excipiente sintético empregado Resultados similares foram obtidos por Spiers e
em mais de noventa países e em aproximadamen- colaboradores15 em estudo realizado com indiví-
te seis mil produtos.8 Quando administrado por via duos jovens saudáveis que receberam doses de
oral, o aspartame não é absorvido, mas sim com- 15 ou 45 mg/kg/dia, por dez ou vinte dias, sem
pletamente hidrolisado por esterases no intestino que fossem observados efeitos comportamentais,
em um dipeptídeo de ácido aspártico (40%), um neuropsicológicos ou neurofisiológicos.

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Christian e colaboradores16 observaram em ratos Segundo Ursino e colaboradores, pacientes com fenil-
que receberam doses de aspartame de 250 mg/kg/ cetonúria, com deficiência genética na enzima feni-
dia, durante um período de três a quatro meses, lalanina hidroxilase, devem ser cautelosos no consu-
alteração no desempenho no labirinto em cruz, su- mo de aspartame, pois acumulam fenilalanina e seus
gerindo um possível efeito negativo do aspartame metabólitos, podendo desenvolver ataques epiléticos,
na memória desses animais. Além disso, nos ratos hipertonicidade muscular, hipercinesia e retardo no
tratados com o aspartame, houve aumento signi- crescimento.5 Os indivíduos heterozigotos para fenil-
ficativo da densidade de receptores muscarínicos cetonúria aparentemente não apresentam aumento
em regiões do cérebro, como no córtex frontal, significativo de fenilalanina após a ingestão de altas
midcortex, córtex posterior, hipocampo, hipo- doses de aspartame, porém os homozigotos com dieta
tálamo e no cerebelo, aumentos estes de 80%, 60%, restrita devem evitar seu consumo.13
61%, 65%, 66% e 60% respectivamente. Os autores
concluíram que a administração crônica de aspar- A partir desses dados, a Anvisa lançou um infor-
tame pode resultar em efeitos neurológicos em ra- me técnico em 2006 reafirmando que os alimen-
tos,16 o que corrobora com os achados de Collison e tos com esse edulcorante em sua composição de-
colaboradores,17 os quais também concluíram que a vem ter no rótulo a advertência de que o produto
exposição ao aspartame pode resultar em deficiên- “contém fenilalanina”.21,22
cia de memória em roedores.
Reações de hipersensibilidade são raras e podem
Com relação aos efeitos carcinogênicos, Soffritti e estar relacionadas às substâncias de degradação
colaboradores (2005)18 demonstraram que o aspar- formadas após o armazenamento dos produtos a
tame aumentava, de forma significativa, os casos altas temperaturas.23
de linfomas e leucemias em ratos fêmeas.18 Já em
2007, Soffritti e colaboradores19 concluíram que o Sorbitol e lactose
aspartame é um agente carcinogênico multipoten-
cial em doses próximas às consumidas diariamente Os efeitos adversos apresentados pelo consumo tan-
por pessoas e que, se a exposição a esse excipiente to de sorbitol quanto de lactose são relacionados ao
se iniciasse na fase fetal, havia o aumento do risco trato gastrointestinal, como diarreia, dores abdomi-
de desenvolvimento de câncer. nais e flatulências.2,24 O sorbitol é um poliálcool iso-
mérico ao manitol e, quanto maior a concentração
AlSuhaibani,20 com o objetivo de determinar se, e consumida, maior é a gravidade dos efeitos gastroin-
em qual nível, o aspartame era capaz de induzir testinais.5,25 Pelo fato de o sorbitol causar diarreia
aberrações cromossômicas e trocas de cromátides osmótica, ele pode dificultar a absorção do fármaco
irmãs em células da medula óssea de camundon- presente no medicamento. O sorbitol é absorvido
gos, tratou camundongos Swiss com dose única de pelo trato gastrointestinal e metabolizado pelo fíga-
aspartame, por administração intraperitoneal de do em frutose e glicose.5 Pacientes pediátricos com
uma entre três concentrações distintas, 3,5, 35 ou intolerância hereditária à frutose podem desenvol-
350 mg/kg de peso corpóreo, e analisou as células ver, em casos graves, danos no fígado, coma e até
da medula óssea femoral 24 horas após a adminis- morte se consumirem esse excipiente.5
tração da dose. O autor concluiu que o aspartame
induzia a formação de aberrações cromossômicas A lactose pode também ser usada como diluente na
num efeito dose-dependente, mas não induzia as formulação de medicamentos.24 Ela sofre hidrólise
trocas de cromátides irmãs. Por outro lado, o as- por meio de reação catalisada pela ação da enzima
partame não aumentou o índice mitótico. Apesar lactase, que é produzida pelos enterócitos, e forma
da análise estatística dos dados terem mostrado monossacarídeos de glicose e galactose.
que o aspartame não era genotóxico a baixas con-
centrações, o autor concluiu que o aspartame apre- Nowak-Wegrzyn (apud Szefler) reportou re-
sentava risco genotóxico.20 ações alérgicas ocorridas após a ingestão de

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medicamentos contendo lactose em pacientes com do urotélio. Assim, se a sacarina for administrada
alergia ao leite e atribuiu esse fato à possibilida- antes do desenvolvimento do câncer, ela poderia
de da contaminação dos medicamentos com pro- funcionar como cofator em seu desenvolvimento
teínas do leite.26 Segundo Stefani e colaboradores, e influenciar a resposta celular a outros agentes
pacientes com alergia às proteínas do leite de va- carcinogênicos. Já se ela for administrada após o
ca geralmente não apresentam reações adversas à aparecimento do câncer, poderia estimular a pro-
lactose pura. Normalmente, esta pode ser extraída liferação de células pré-neoplásicas.28 Alguns estu-
de forma segura do leite de vaca, com uma sepa- dos defendem, porém, que não ocorre essa relação,
ração eficaz de suas proteínas, para que pessoas argumentando que esses resultados foram encon-
com alergia à proteína do leite possam consumir trados em experimentos realizados em ratos, e que
os medicamentos que contêm lactose sem riscos. as alterações na bexiga são espécie-específicas.29
Apesar deste cuidado, já foram descritos casos de
sibilância e anafilaxia em pacientes que consumi- A sacarina também pode causar outras reações ad-
ram medicamentos contaminados com proteína do versas, incluindo-se reações cutâneas, tais como
leite de vaca.27 prurido, urticária e reações de fotossensibilida-
de, além de náusea, diarreia, taquicardia, cefaleia,
Pessoas com deficiência de lactase devem ser cau- diurese e neuropatia.13 Pode ocorrer sensibilidade
telosas quanto ao consumo de fármacos com esse cruzada da sacarina com as sulfonamidas, ou seja, a
excipiente. Nessas pessoas, a lactose provoca efei- alergia a sulfas pode ser estendida à sacarina.
tos adversos devido à formação de ácido láctico por
bactérias no intestino, ou à formação de dióxido
de carbono e gás hidrogênio por bactérias fermen- COrANTEs
tadoras, provocando dores estomacais, diarreia,
flatulência, dor de cabeça e cãibras musculares.5,13 Os corantes são utilizados na indústria farmacêuti-
A lactose não absorvida pode, ainda, impedir a rea- ca para distinguir e melhorar a aparência dos me-
bsorção de água e causar efeito laxante.5 Em crian- dicamentos. Podem ser:30,31 1) orgânicos sintéticos,
ças, a intolerância à lactose é mais grave e pode que são aqueles obtidos por síntese orgânica; 2)
estar associada à diarreia grave, proliferação de orgânicos naturais, obtidos por extração de fontes
bactérias no intestino delgado, desidratação e aci- vegetais ou, eventualmente, animais; 3) inorgâni-
dose metabólica.13 Outra reação descrita após o uso cos, obtidos de substâncias minerais e submetidos
de lactose é o aparecimento de eritema fixo.27 a processos de elaboração e purificação adequados
para seu emprego; 4) caramelo, corante natural ob-
Sacarina tido pelo aquecimento de açúcares à temperatura
superior ao seu ponto de fusão; 5) caramelo (proces-
A sacarina, sintetizada em 1878, é um adoçante so amônia), corante orgânico sintético, idêntico ao
com baixo teor de caloria usado em preparações caramelo natural, obtido pelo tratamento térmico
sólidas e líquidas.13 Tem poder adoçante quinhen- controlado de hidratos de carbono, na presença de
tas vezes maior que a sacarose.5 O consumo diário compostos contendo íons amônio.
recomendado de ácido acetilsalicílico ou acetami-
nofen representa, aproximadamente, a ingestão O corante orgânico sintético pode, ainda, ser sub-
da mesma quantidade de sacarina contida em uma dividido em artificial, não encontrado em produtos
lata de refrigerante.13 naturais, e idêntico ao natural, quando sua estrutura
química é semelhante à estrutura do corante orgâ-
Muitos estudos relacionam o consumo excessivo de nico natural.30,31
sacarina ao câncer de bexiga. De acordo com Hicks,
os efeitos da sacarina in vitro em células de bexiga Os corantes não são excipientes essenciais na com-
humana, são comparáveis aos encontrados em ex- posição dos medicamentos, pois apenas melho-
perimentos feitos com ratos, causando hiperplasia ram o aspecto visual do produto. Assim, quando

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possível, essas substâncias devem ser evitadas pa- regenerativa, o que favorece o desenvolvimento de
ra minimizar o risco do aparecimento de efeitos câncer.34 Foi observado que doses maiores que 10
adversos. Os principais corantes descritos como mg por kg de peso corpóreo, administradas por via
responsáveis por causarem reações adversas são oral em ratos, induziram danos ao DNA de células
o amarelo de tartrazina, o amarelo crepúsculo, a do estômago e do cólon.34
eritrosina, o carmim entre outros.
Desde 1980 – para medicamentos de uso oral
Amarelo de tartrazina – e 1981 – para alimentos – a Food and Drug
Administration (FDA) exige que o corante tartra-
A tartrazina é um corante orgânico sintético artifi- zina seja listado no rótulo de todos os produtos
cial, pertencente ao grupo azo. Este grupo é respon- que o contenham. Em 2001, a FDA exigiu que os
sável por reações adversas em até 2% da população.27 produtos com esse corante tivessem a seguinte
Ele tem estrutura química similar à dos benzoatos, advertência: “Este produto contém FD&C Yellow
salicilatos e indometacina. Portanto, pode ocasio- nº 5 (tartrazina), que pode causar reações do tipo
nar reações adversas cruzadas com esses fármacos. alérgica (incluindo-se asma bronquial) em certas
A principal reação adversa causada por esse corante pessoas susceptíveis. Embora a incidência de sen-
é devido à hipersensibilidade. Esta ocorre em 0,6 a sibilidade a FD&C Yellow nº 5 (tartrazina) na po-
2,9% da população, está associada a pessoas com hi- pulação em geral seja baixa, esta é frequentemen-
persensibilidade a salicilatos (ácido acetilsalicílico) te observada em pacientes que também possuem
e suas principais manifestações são anafilaxia, bron- hipersensibilidade à aspirina”. No Brasil, em 2003,
coconstrição, urticária, dores abdominais, vômitos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária exigiu,
dermatite de contato, rinite e angioedema.1,3,22,27 por meio da Resolução nº 137, o uso da seguin-
Aproximadamente 2% a 20% dos pacientes asmáti- te advertência: “Este produto contém o corante
cos são sensíveis ao ácido salicílico e, pela similari- amarelo de TARTRAZINA que pode causar reações
dade com a estrutura química, também podem ser de natureza alérgica, entre as quais asma brônqui-
sensíveis ao amarelo de tartrazina, com reações que ca, especialmente em pessoas alérgicas ao ácido
podem causar broncoespasmos. Porém, a incidência acetilsalicílico”.35 Como na maioria dos estudos
dessas reações cruzadas é de apenas 2,4%.24,27 Esse não é possível, porém, afirmar que essas reações
corante não altera a síntese de prostaglandinas e sejam causadas devido apenas à tartrazina e não
não possui atividade anti-inflamatória, como ocorre a outros produtos, o Brasil passou a exigir, me-
com o ácido acetilsalicílico. Pode, entretanto, oca- diante a RDC nº 340, de 13 de dezembro de 2002,
sionar púrpura não trombocitopênica, o que indica da Anvisa, a declaração do nome tartrazina por
inibição da agregação plaquetária.13,20,22,27 extenso nos rótulos dos produtos e não mais a ad-
vertência citada.36
Em estudo realizado com três gerações de ratos, a
tartrazina produziu poucos efeitos adversos rela-
cionados a parâmetros neurocomportamentais.32 CONsErVANTEs
Da mesma maneira, na revisão de Elhkim e colabo-
radores se concluiu ser difícil mostrar relação clara Conservantes são substâncias adicionadas a pro-
entre a tartrazina e o desenvolvimento de reações dutos farmacêuticos e cosméticos para prevenir
de intolerância, pois os mecanismos patogênicos são ou retardar a deterioração microbiana. São im-
ainda mal compreendidos.33 Foi, porém, observado portante meio de limitar o crescimento micro-
aumento da hiperatividade de ratos machos após a biano em vários tipos de produtos farmacêuticos,
administração do corante amarelo de tartrazina.34 cosméticos e alimentos.37 Alguns dos conservan-
tes que podem causar reações adversas são os
Esse corante pode, ainda, estar relacionado ao parabenos, o cloreto de benzalcônio, o benzoato
aparecimento de neoplasias. Ele altera o turno- de sódio e o álcool benzílico. A maioria dos medi-
ver de células normais ou durante a hiperplasia camentos contém combinações de conservantes

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para melhorar sua eficácia de conservação e am- próstata e redução na produção de esperma, indican-
pliar o espectro de ação. do distúrbios no sistema reprodutor masculino.46

Parabenos Já foram encontrados parabenos, na forma conju-


gada ou livre, na urina de pessoas que não sabiam
Os parabenos são alquil ésteres de ácido p-hidroxi- que tinham exposição a esse conservante. Na for-
benzoico, como metil, etil, propil, isobutil e butilpa- ma livre, 99%, 96%, 58%, 69% e 39% das amostras
rabenos. Agem por inibição do transporte da mem- de urina dessas pessoas continham metilparabe-
brana celular ou da função mitocondrial de leveduras, no, propilparabeno, etilparabeno, butilparabeno
tanto na fase germinativa quanto na fase vegetativa e benzilparabeno, respectivamente. Já foram rela-
de microrganismos.38 Eles são incolores, inodoros, hi- tados, também, a presença de parabenos no leite
drossolúveis e têm amplo espectro de ação. Têm sido materno, o que indica exposição precoce a esse
utilizados em alimentos, cosméticos e medicamentos conservante em bebês.47
tópicos e sistêmicos desde 1930.39 Geralmente, são
usados em baixas concentrações, não ultrapassando Cloreto de benzalcônio
1% da composição do medicamento.1
O cloreto de benzalcônio é muito usado em descon-
Balbani e colaboradores1 analisaram as fórmulas gestionantes nasais e em soluções oftálmicas.48 Esse
de diversos medicamentos e observaram que 45,2% conservante pode causar diminuição da função pul-
continham metilparabeno e, 35,6%, propilparabeno. monar, reações de hipersensibilidade em pacientes
asmáticos e pode agravar a rinite medicamentosa
A principal reação causada por esse conservante causada por descongestionantes nasais.24 A inala-
é a de hipersensibilidade, pois uma parte dele é ção de cloreto de benzalcônio puro causa prolonga-
metabolizada a ácido p-hidroxibenzoico, que é es- da broncoconstrição, proporcional à dose inalada,
truturalmente semelhante ao ácido acetilsalicílico.2 tosse e prurido.13 A administração de 124 a 159 µg
Assim, as reações de hipersensibilidade são pareci- de cloreto de benzalcônio pode reduzir em 20% a
das com as desse composto. Esses efeitos são leves força de expiração de um paciente asmático.13
e relacionados a dermatites de contato, principal-
mente em cosméticos.2 O primeiro caso de derma- Em 1980, Burstein49 observou, em estudo conduzi-
tite de contato por parabenos foi identificado em do em coelhos e gatos, que o cloreto de benzalcô-
1940.39 Minamoto mostrou que 1,9% de 805 pacien- nio em concentrações de 0,001% e 0,01% produzia
tes ambulatoriais atendidos no Japão apresentaram aumento progressivo nas lesões de córnea. Porém,
alergia a parabenos.40 Pessoas com mais de 60 anos Lewis e colaboradores50 observaram que a presen-
de idade são mais propensas a desenvolver reações ça desse conservante em medicamento para glau-
alérgicas a esses excipientes.41 Os parabenos foram coma é tão segura e eficaz quanto a sua ausência.
classificados como os alérgenos mais comuns (43%) Já Kahook e colaboradores51 mostraram que altas
em crianças indianas com dermatite de contato.42 concentrações de cloreto de benzalcônio em medi-
camentos para glaucoma podem causar mais efei-
Os parabenos podem provocar diversos efeitos adver- tos oculares deletérios que os medicamentos sem
sos em seres humanos. Recentemente, eles estão sen- conservantes. Assim, ainda são necessários estudos
do considerados como genotóxicos, estrogênicos, co- para determinar definitivamente o risco desse con-
mo produtos que afetam o sistema endócrino e existe servante para a saúde humana.
relação entre a maior utilização de protetores solares
com parabenos e o aumento da taxa de aparecimento Benzoato de sódio
de melanomas.43 Sugere-se, ainda, que os parabenos
são iniciadores ou promotores do câncer de mama.44,45 O benzoato de sódio é um conservante muito utili-
Em ratos machos, os parabenos provocaram dimi- zado em alimentos, bebidas e em preparações far-
nuição dose-dependente do peso do epidídimo e da macêuticas líquidas, como os xaropes. As principais

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reações adversas relacionadas a este conservante Os medicamentos usados para esses pacientes que
são erupções cutâneas, dermatite de contato, ecze- contêm o álcool benzílico são as soluções salinas
ma atópico e reações anafiláticas.2 Todavia, essas bacteriostáticas de uso intravenoso ou as soluções
reações são raras. Segundo Nettis e colaboradores52 para lavagem do tubo traqueal, que dependendo da
em estudo retrospectivo entre pacientes que apre- quantidade utilizada, podem causar complicações
sentaram urticária após o consumo de alimentos metabólicas, respiratórias graves, paralisia cere-
ou produtos com benzoato de sódio, apenas 2% ti- bral, retardo do desenvolvimento e até óbito.13,24
veram a reação após o consumo de 75 mg do exci- Formulações injetáveis com álcool benzílico podem
piente e não tiveram reação ao placebo, ou seja, a causar, ainda, colapso cardiovascular neonatal asso-
reação a esse composto é muito baixa. ciado à acidose metabólica e anormalidades hema-
tológicas.24 A utilização de álcool benzílico em bai-
Álcool benzílico xas concentrações nos medicamentos é segura em
neonatos, porém seu uso em infusão contínua pode
O álcool benzílico é um conservante que compõe ultrapassar os valores diários aceitáveis em crianças,
soluções, cosméticos e medicamentos injetáveis. que é de 5 mg/kg/dia.13,55 Portanto, o consumo des-
Além de suas características antibacterianas e an- se conservante deve ser evitado em recém-nascidos.
tifúngicas, em altas concentrações ele pode ser Em 1997, foi publicado um estudo sobre medicamen-
usado como anestésico e antipruriginoso.53 tos parenterais que continham álcool benzílico em
suas formulações, mostrando a quantidade desse
Normalmente, o álcool benzílico é oxidado a álcool excipiente administrada diariamente, em média, em
benzoico, que no fígado é conjugado com glicina e crianças.13 Esses dados são apresentados na tabela,
depois é excretado na forma de ácido na urina.54 Os junto à avaliação de algumas bulas desses medica-
recém-nascidos não são ainda dotados dessa rota mentos, ou de seus similares, de acordo com os da-
de metabolização completamente formada e, por dos atuais. Pode-se observar que houve significativa
isso, os principais efeitos adversos estão associados diminuição na utilização do álcool benzílico como
a esses pacientes.54 excipiente em vários dos medicamentos analisados.

Tabela. Medicamentos parenterais que contêm álcool benzílico


dAdOs PUBliCAdOs EM 1997*
PrEsENÇA dE álCOOl BENzíliCO
MédiA EsTiMAdA dE (%) NOs MEdiCAMENTOs EM
MEdiCAMENTOs QUANTidAdE dE álCOOl AdMiNisTrAÇÃO diáriA dE 2012 sEGUNdO iNFOrMAÇÕEs
BENzíliCO (%) álCOOl BENzíliCO dAs BUlAs
EM CriANÇAs
0 (Aminofilina Sandoz, solução
Aminofilina 2 2-4 mg/kg
injetável 240 mg/10 mL)
Vitamina K neonatal – injetável 0 (Vikatron®, Kanakion® MM)
0,9 4,5 mg
(Aquamephyton®) Presença de fenol (Kavit®)
0,9 (solução bacteriostática de
Água bacteriostática 1,5 99-234 mg/kg
cloreto de sódio a 0,9% USP)
Dexametasona – injetável 1 2,5 mg 0 (Decadron® Injetável 2 ou 4 mg)
Doxapram (Dopram®) 0,9 21,6-32,4 mg/kg -
Folato de sódio 1,5 0,6-0,9 mg 0 (Endofolin®, Folacin®, Folin®)
Heparina (1.000 U/mL) – injetável 1 1,2 mg 0 (Venalot® H cumarina, heparina)
Infusão de multivitaminas 0,9 45 mg 0 (em 10 multivitaminas orais) †
Netromicina‡ – injetável 1 0,4-0,65 mg/kg -
Pancurônio (Pavulon®) – injetável 1 2-3 mg/kg 0 (Pancuron®)
Atracúrio multidose (Tracrium®) 0,9 3,6 mg/kg 0 (Tracrium®)
Enalapril (Vasotec®) – injetável 0,9 0,1-0,5 mg/kg 0 (Renitec® e Eupressin®)
*Fonte: referência 13. †Multivitaminas orais analisados: Ad-til®, Adefort® e Plennit®, Oligovit®, Vitaminerals plus®, Vitergan master®, Vitergan® pré-
natal, Matertabs®, Artrotabs®, Femitabs®. ‡A netromicina neonatal não contém álcool benzílico.13

274 • Brasília Med 2012;49(4):267-278


Ana Carolina Fernandes Araujo e col. • Reações adversas a excipientes farmacêuticos

Os efeitos adversos comuns em adultos incluem as reações são diarreia, náuseas, vômito, cólicas abdo-
reações de hipersensibilidade caracterizadas por minais, tontura, urticária, edema local, cefaleia, alte-
dermatite de contato e urticária de contato. O álcool rações na frequência cardíaca, inconsciência, coma e,
benzílico também pode sofrer reações cruzadas com principalmente, as relacionadas ao trato respiratório,
os parabenos, bálsamo do Peru e benzil cinamatos.56 como sibilos e dispneia.2 O grupo de risco para esses
excipientes são os asmáticos, que podem apresentar
diminuição da função pulmonar e hipersensibilidade.
ANTiOXidANTEs A American Academy of Pediatrics, em 1997,13 mostrou
que 66% das crianças asmáticas apresentaram hi-
Antioxidantes são substâncias utilizadas na indús- persensibilidade aos sulfitos e esta aumentava com a
tria farmacêutica e de alimentos para impedir que os idade, ou seja, 31% das crianças com até 10 anos de
produtos sofram processos oxidativos e, assim, per- idade e 71% das crianças mais velhas apresentaram
cam sua função. Em medicamentos, esses compostos sensibilidade aos sulfitos.13,24
impedem ou retardam a oxidação do fármaco e de
outros excipientes.57,58 De acordo com o mecanismo Existem alguns possíveis mecanismos de ação pro-
de ação, os antioxidantes podem ser classificados postos para explicar a hipersensibilidade aos sul-
em primários, sinergistas, que se ligam ao oxigênio, fitos em pacientes asmáticos. Entre eles, estão as
agentes quelantes e antioxidantes mistos. Polifenois, seguintes hipóteses: 1) esses excipientes podem
butil-hidroxianisol (BHA) e butil-hidroxitolueno causar broncoespasmo após sua inalação por meio
(BHT) são exemplos de antioxidantes primários, que de reflexos colinérgicos; 2) a sensibilidade cutânea
são capazes de doar um átomo de hidrogênio ou um pode ser devida a mecanismo mediado por IgE; 3)
elétron às espécies reativas, impedindo a propaga- pode ocorrer diminuição da atividade da enzima
ção da cascata oxidativa. Os sinergistas são compos- sulfito oxidase. Assim, ainda são necessários mais
tos que aumentam a atividade dos antioxidantes estudos para identificar a real causa de hipersensi-
primários. Alguns ácidos orgânicos, como o ácido bilidade aos sulfitos nesse grupo de pessoas.58
ascórbico, atuam sequestrando o oxigênio presente
do meio, por meio de reações químicas estáveis e, Já o antioxidante BHA pode ocasionar danos e
assim, tornando-o indisponível para as reações de promover mutações no DNA, o que favorece o
autoxidação. As substâncias quelantes, que formam aparecimento de neoplasias.34 Observou-se que
complexos com metais, como o ácido etilenodiami- a administração oral de BHA e BHT em ratos in-
notetra-acético (EDTA), atuam como antioxidantes duziu danos no DNA de células do estômago, do
por retirarem do meio os metais, como o ferro, que cólon, da bexiga e do cérebro.34
catalisam reações de oxidação lipídica.59

Alguns exemplos de antioxidantes usados frequen- CONsidErAÇÕEs FiNAis


temente na indústria farmacêutica e de alimentos
são os sulfitos, entre eles sulfito de sódio, meta- De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada
bissulfito de potássio, metabissulfito de sódio, bis- n.o 157 da Anvisa, de 31 de maio de 2002,60 os exci-
sulfito de potássio e bissulfito de sódio, o BHA e o pientes são substâncias farmacêuticas auxiliares
BHT. Os principais antioxidantes responsáveis por que, do ponto de vista farmacológico, são inativas
efeitos adversos são os sulfitos.57,58 e permitem que o fármaco apresente estabilidade e
biodisponibilidade quando administrado em deter-
Sulfitos minada forma farmacêutica, ou seja, esses compos-
tos têm a finalidade de favorecer a manipulação do
Medicamentos, cosméticos e alimentos que conte- produto, garantir maior estabilidade, disponibilida-
nham sulfitos podem causar reações adversas quan- de e melhorar a adesão do paciente ao tratamento.
do administrados por via oral, inalatória, parenteral Entretanto, não se pode considerar que esses com-
e oftálmica. As manifestações mais frequentes dessas postos sejam completamente inertes, pois, como foi

Brasília Med 2012;49(4):267-278 • 275


ARTIGO DE REVISÃO

descrito ao longo desse trabalho, eles podem causar a monografia oficial do excipiente na Farmacopeia
diversas reações adversas e com diferentes mecanis- Brasileira, as agências reguladoras instruem a adoção
mos de ação. Os efeitos tóxicos causados pelos adju- das monografias de uma das seguintes farmacopeias:
vantes farmacêuticos afetam uma pequena parcela alemã, americana, argentina, britânica, europeia,
populacional, mas seus efeitos podem ser graves, co- francesa, internacional (OMS), japonesa, mexicana
mo hipersensibilidade cutânea ou até câncer e óbi- ou portuguesa.62 Porém, mesmo que o insumo utili-
to. Os grupos de maior risco quanto a esses efeitos zado não esteja presente nas farmacopeias citadas,
são as pessoas alérgicas, que desenvolvem resposta seu uso nos medicamentos e cosméticos é aprovado
imunitária, e os pacientes com algumas predisposi- pela Anvisa, bastando a apresentação das especifi-
ções genéticas, como os fenilcetonúricos e diabéti- cações e os métodos analíticos adotados no controle
cos.3 Podem ser incluídos nesses grupos os pacientes de qualidade dessa matéria-prima.63 De acordo com
pediátricos que, habitualmente, são mais sensíveis a a RDC 47/20097 que estabelece regras para elabora-
esse tipo de reação adversa. ção das bulas de medicamentos para pacientes e para
profissionais de saúde, as bulas dos medicamentos
Muitas vezes, a aplicação de excipientes em for- devem conter as informações relativas à quantida-
mulações farmacêuticas é de extrema importância, de e à qualidade dos fármacos e apenas à qualidade
como o uso dos conservantes e antioxidantes. No dos excipientes, ou seja, as indústrias farmacêuticas
entanto, outras vezes, eles exercem função mera- não são obrigadas a discriminar a quantidade desses
mente estética, como os corantes e, em algumas insumos em suas bulas, mas devem descrever quais
situações, os flavorizantes e as essências. Assim, substâncias estão utilizando. No entanto, para regis-
quando possível, o emprego desses compostos em trar um medicamento na Anvisa, as empresas devem
formulações destinadas a grupos de risco deve li- apresentar a quantidade e as funções dos excipien-
mitar-se aos estritamente necessários para manter tes utilizados nas formulações.64 Assim, cabe apenas
a qualidade do medicamento e a função do fárma- às agências reguladoras verificarem se a quantidade
co, de forma a evitar possíveis reações adversas. desses excipientes está de acordo com as especifica-
ções determinadas nas farmacopeias.
Efeitos adversos relacionados a excipientes são
relatados desde 1930. 3 Em 1999, o consumo de Aos médicos e outros profissionais de saúde esta regra
excipientes correspondeu a seiscentas mil tone- da Anvisa dificulta o cálculo de administração diária
ladas de material para as indústrias alimentícia, de um excipiente específico a um paciente com pre-
cosmética, química e farmacêutica. 3 Em um le- disposição de risco, como uma criança, por exemplo.
vantamento realizado na Inglaterra, uma amos-
tra de 12.132 medicamentos possuíam 3.816 exci- Outro aspecto frágil em relação à identificação dos
pientes.1 Dessa forma, pode-se concluir que esses excipientes nas bulas é relativo ao segredo indus-
adjuvantes são muito utilizados no mundo todo e trial. A população tem o direito de saber o que e
cabe às Agências Reguladoras regulamentarem e quanto de cada matéria-prima está consumindo
fiscalizarem sua correta utilização. ao usar um medicamento, para que pessoas sen-
síveis possam se prevenir de possíveis reações
Pifferi e colaboradores3 apresentaram dados rela- adversas. Por outro lado, os grandes laboratórios
tando que Estados Unidos, Japão e Europa usavam devem guardar seus segredos relativos à fórmula
uma média de mil excipientes de diversas origens, do medicamento, para impedir que qualquer outra
estruturas mais ou menos complexas e de diferen- indústria farmacêutica possa copiar seu produto.
tes classes químicas. O mesmo estudo mostrou que
apenas um quinto desses compostos estava descrito Balbani e colaboradores1 avaliaram a bula de setenta
em Farmacopeias. Estas são compêndios oficiais que e três medicamentos. Uma dessas bulas, de um fár-
definem os parâmetros mínimos para a fabricação maco de venda livre e uso pediátrico, não tinha a lis-
e o controle da qualidade de insumos e especialida- ta dos excipientes utilizados. Em 77% das bulas dos
des farmacêuticas.61 No Brasil, quando não houver medicamentos não havia descrito o teor de açúcar

276 • Brasília Med 2012;49(4):267-278


Ana Carolina Fernandes Araujo e col. • Reações adversas a excipientes farmacêuticos

empregado e duas bulas de medicamentos que con- rEFErÊNCiAs


tinham aspartame não apresentaram as informações
referentes aos fenilcetonúricos. Entre esses medica- 1. Balbani APS, Stelzer LB, Montovani JC. Excipientes de medicamentos
e as informações da bula. Rev Bras Otorrinolaringol. 2006;72(3):400-6.
mentos, os conservantes mais usados foram o me- 2. Tonazio L, Vilela MMP, de Jesus RR, Pinto MAO, Amaral MPH.
tilparabeno, em 45,2%, e o propilparabeno em 35,6% Reações adversas dos adjuvantes farmacêuticos presentes em
dos casos. Com relação aos edulcorantes, os mais medicamentos para uso pediátrico. HU Revista. 2011;37(1):63-8.
3. Pifferi G, Restani P. The safety of pharmaceutical excipients.
frequentes foram a sacarose, a sacarina sódica e o Farmaco. 2003;58(8):541-50.
sorbitol, em, respectivamente, 53,4%, 38,3% e 36,9% 4. Baldrick P. Pharmaceutical excipient development: the need for
das bulas dos medicamentos analisados.1 Como ex- preclinical guidance. Regul Toxicol Pharmacol. 2000;32(2):210-8.
5. Ursino MG, Poluzzi E, Caramella C, Ponti FD. Excipients in medici-
plicado ao longo desse artigo, os excipientes mais nal products used in gastroenterology as a possible cause of side
utilizados nesses medicamentos estão propensos a effects. Regul Toxicol Pharmacol. 2011;60(1):93-105.
6. Brasil. Anvisa. Dispõe sobre o procedimento de análise para reali-
causarem diversas reações adversas. Mesmo com zação de alterações de capacidade de equipamentos, alterações de
todo o rigor das legislações da Vigilância Sanitária, desenho de equipamentos – nível 1 e alterações de excipientes –
ainda existem medicamentos com pouca ou nenhu- nível 1. Brasília: Instrução Normativa n.o 3, de 4 de junho de 2008.
7. Brasil. Anvisa. Estabelece regras para elaboração, harmonização,
ma informação em suas bulas referente aos exci- atualização, publicação e disponilização de bulas de medicamen-
pientes que compõe o medicamento. tos para pacientes e para profissionais de saúde. Resolução da
Diretoria Colegiada nº 47, de 8 de setembro de 2009.
8. Magnuson BA, Burdock GA, Doull J, Kroes RM, Marsh GM, Pariza
Atualmente, a preocupação com a qualidade e a MW, et al. Aspartame: a safety evaluation based on current use
segurança dos excipientes vem aumentando no levels, regulations, and toxicological and epidemiological studies.
mundo todo. Em 2009, o Sindicato da Indústria de Crit Rev Toxicol. 2007;37(8):629-727.
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senvolvam métodos de fiscalização e análise mais 14. Shaywitz BA, Sullivan CM, Anderson GM, Gillespie SM, Sullivan B,
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ções adversas aos excipientes, é o despreparo das 16. Christian B, McConnaughey K, Bethea E, Brantley S, Coffey A,
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equipes de saúde para lidar com esse problema. ce, brain cholinergic receptors and Na(+), K(+)-ATPase in rats.
Muitos profissionais não sabem que tanto os fár- Pharmacol Biochem Behav. 2004;78(1):121-7.
macos quanto os outros compostos da formula- 17. Collison KS, Makhoul NJ, Zaidi MZ, Saleh SM, Andres B, Inglis A, et al.
Gender Dimorphism in Aspartame-Induced Impairment of Spatial
ção podem originar reações adversas e, assim, Cognition and Insulin Sensitivity. PLoS One. 2012;7(4):e31570.
esses casos são subnotificados. A identificação e 18. Soffritti M, Belpoggi F, Esposti DD, Lambertini L. Aspartame induces
lymphomas and leukaemias in rats. Eur J Oncol. 2005;10(2):107-16.
a análise dessas reações são complexas, gerando
19. Soffritti M, Belpoggi F, Tibaldi E, Esposti DD, Lauriola M. Life-span
diversos estudos controversos quanto ao fato de exposure to low doses of aspartame beginning during prenatal
o excipiente ser ou não o causador do efeito ad- life increases cancer effects in rats. Environ Health Perspect.
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verso. Essas informações devem ser disseminadas 20. AlSuhaibani ES. In vivo cytogenetic studies on aspartame. Comp
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