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Resumo Crítico: ARAÚJO, J.

O estágio em ambientes não escolares na formação inicial de


professores: relato de experiência. EDUCERE. 2017.

O artigo debate sobre educação não formal e apresenta uma experiência de estágio em
ambiente não escolar. A educação não formal, existente em ONGs, movimentos sociais, sindicatos,
entre outros, é complexa e ainda pouco discutida e valorizada. Segundo Gohn (2006 apud
ARAÚJO, 2017, p. 24672, 24673) a educação não formal tem objetivos construídos a partir da
interação com a realidade existente, promove transmissão de informação e formação política e
sociocultural. Essa modalidade amplia o senso de coletividade, consciência de si e do mundo e
formação para as adversidades do cotidiano.
Araújo (2017, p. 24675, 24676) descreve a experiência de estágio de estudantes de
Pedagogia da UEPA no Espaço Cultural “Nossa Biblioteca” (ECNB), localizado no bairro Guamá,
bairro periférico de Belém, Pará. As lideranças e moradores do bairro se preocupam com a
formação sociocultural de seus habitantes, principalmente jovens, uma vez que este é considerado
um bairro violento. A ECNB, assim, objetiva incentivar a leitura, ampliar a conscientização dos
indivíduos, formação para a cidadania, e promover atividades culturais. Para a autora (2017, p.
24676-24679), o estágio promoveu a necessidade de refletir sobre a construção de um novo perfil
de pedagogo, que além de capaz de atuar na escola, possua ferramentas e habilidades para atuar em
espaços de educação não formal. Os cursos de pedagogia centralizam a profissão no campo da
docência, com a escola como principal espaço de atuação. Assim, a orientação para atuar em outros
espaços acaba negligenciada. Constatou-se incapacidade, ausência ou distanciamento dos cursos de
Pedagogia em habilitar os estudantes a resolver problemas sociais decorrentes do cotidiano.
Como apontado no artigo, o trabalho do pedagogo em ambientes de educação não formal é
pouco discutido, inclusive nos cursos de graduação de Pedagogia. Se considerarmos, por exemplo, a
realidade do curso semipresencial de Licenciatura em Pedagogia da UNIRIO, existem diversas
disciplinas voltadas para a docência, enquanto apenas uma destinada a atuação em ambientes não-
escolares. Ouve-se muito falar da pluralidade de espaços que o pedagogo pode atuar, mas são
modelos que ficam só no campo dos exemplos, não se entende dinâmicas reais do pedagogo nesses
espaços, o que gera uma insegurança até mesmo para procurar ocupar esses locais.
Com essa pouca informação da academia, como discorrido pela autora, as funções do
pedagogo em espaços não-escolares são mal definidas e difusas. Assim, acredito que cada espaço
acabe por determinar a função do pedagogo a partir de suas necessidades. Além do desinteresse da
universidade por esses espaços, acredito que exista também uma resistência partindo desses
próprios ambientes. Por ser pouco clara as funções do pedagogo, muitos locais não consideram
necessário a presença de um pedagogo ou olham desconfiados por acreditar que ele vá introjetar
apenas teorias nesse espaço, desconsiderando as necessidades da realidade. Como a educação não
formal também é um tópico pouco debatido, é necessário despertar a consciência que esses espaços
promovem práticas educativas e, por isso, o pedagogo só tem a contribuir para a expansão de suas
atividades, enriquecendo e estruturando-as. Compreendendo, porém, que são funções distintas das
aplicadas pelo pedagogo em um espaço escolar.

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