Diversos pensadores do campo da Pedagogia já apontaram para a necessidade da
escola e do corpo docente se atentarem para os aspectos afetivos e de compreensão do contexto social no qual os alunos estão inseridos. No entanto, apesar desses apontamentos, ainda persiste uma perspectiva conteudista, focada em aspectos meramente formais do currículo, ignorando peculiaridades que existam nas comunidades dos estudantes. Desconsidera-se que muitas desses grupos sociais possuem indicadores abaixo do mínimo esperado por órgãos internacionais, além de se ignorar que essas crianças e adolescentes possuem um contexto em casa muito conturbado, com estruturas familiares bem desestruturadas, com relações disfuncionais em seus lares. Muitas dessas questões acabam surgindo como demanda para a escola e para os professores, que não possuem também o preparo necessário para lidar com todas essas particularidades. Preconceitos de gênero, de opção sexual, de raça; desrespeito ao ambiente escolar, aos colegas de classe, ao corpo docente; agressividade são só alguns exemplos dos problemas levados para a escola, inviabilizando, muitas vezes, o trabalho docente em sala de aula. A maioria dos professores já sofreram em algum momento com agressões verbais ou intimidações de alunos. Além disso, esses estudantes acabam por, na maioria das vezes, não serem incentivados a fazerem as atividades escolares e a lerem, algo que afeta diretamente na educação e formação leitora, na medida em que a educação, como bem focam as próprias legislações educacionais, não é tarefa única e exclusiva das escolas. Outro fator que deve ser colocado em análise também diz respeito à necessidade que houve de um ensino emergencial remoto durante a pandemia. Com relação a isso, já existem pesquisas em curso apontando para os efeitos negativos na defasagem do ensino e na própria saúde mental dos estudantes. Dessa maneira, faz-se necessário que a escola se emancipe desses resquícios de um ensino tradicional, que pensa somente no cumprimento de um currículo, desvinculado da realidade social dos alunos. Os conteúdos são sim importantes, mas estes e as atividades devem estar de acordo com a realidade do grupo de estudantes. Portanto, o professor não deve pensar o seu papel meramente como sendo o de dar aula e passar a matéria programada, mas principalmente em ser um influenciador positivo na formação cidadã e emancipadora dos alunos. Para isso, deve ser criado um ambiente menos opressor e de maior afetividade, tornando a realidade da escola e da sala de aula mais saudável para os envolvidos no processo de Ensino-Aprendizagem