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10/05/2022 23:37 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.

Módulo 3: ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE GRUPOS-1

Leitura Obrigatória:

BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências. Campinas:


Alínea, 2006.

MINICUCCI, A. Dinâmica de Grupo, Teorias e Sistemas. São Paulo: Atlas,


2007.

Leitura para Aprofundamento:

MAILHIOT, G. B. Dinâmica e Gênese dos Grupos. Petrópolis:  Vozes, 2013.

PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1994.


(Capítulo 13)

Neste momento vamos identificar algumas das principais abordagens teóricas que
estudaram e desenvolveram um compêndio teórico e prático sobre a dinâmica
grupal.

Dentre eles, nos ateremos neste módulo a: Moreno, Piaget e Pichón-Revière.

Contribuições teóricas: Moreno

Jacob Levy Moreno, o criador do Psicodrama, nasceu em 6 de maio de 1889, na


cidade de Bucareste, na Romênia e morreu em Beacon, em 14 de maio de 1974,
aos 85 anos de idade. Era de origem judaica (sefardim) e sua família veio da
península ibérica e radicou-se na Romênia na época da Inquisição. Aos cinco anos
de idade mudou-se com a família para Viena e foi neste local que vivenciou a
brincadeira de ser deus, que ele, com humor, relaciona a sua ideia de
espontaneidade como centelha divina que existe em cada um de nós.

Até 1920, Moreno teve uma intensa vida religiosa, fazendo parte de um grupo que
fundou a "Religião do Encontro". Eles expressavam sua rebeldia diante dos
costumes estabelecidos usando barbas, vivendo pelas ruas à maneira dos mais
pobres e procurando novas formas de interação com o povo. Neste período, ele ia
aos jardins de Viena e criava jogos de improviso com as crianças, favorecendo-
lhes a espontaneidade, e participou, no ano de 1914, em Amspittelberg,
juntamente com um médico venereologista e um jornalista, de um trabalho com
prostitutas vienenses através do qual, utilizando técnicas grupais, conscientizou-
as de sua condição, o que proporcionou que organizassem uma espécie de
sindicato.  Formou-se em medicina em 1917. Interessou-se pelo Teatro, fundando,
em 1921, o Teatro Vienense da Espontaneidade, experiência que constituiu a base

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de suas ideias da Psicoterapia de Grupo e do Psicodrama. A proposta do Teatro da


Espontaneidade consistia na criação de uma representação espontânea, sem texto
pronto e decorado, com os atores criando no momento e assim relacionando-se
com a plateia. A partir daí ele criou o "jornal vivo", em que dramatizava as
notícias do jornal diário junto com o grupo participante, lançando naquele
momento as raízes do Sociodrama. Ao trabalhar com os pacientes do hospital
psiquiátrico usando o "Teatro da Espontaneidade", criou o Teatro Terapêutico, que
depois foi chamado "Psicodrama Terapêutico".  Em 1925 emigrou para os EUA,
onde, dois anos depois, fez a primeira apresentação do Psicodrama fora da
Europa. Em 1931 introduziu o termo Psicoterapia de Grupo e este ficou sendo
considerado o ano verdadeiro do início da Psicoterapia de Grupo científica, embora
as fundamentações e experiências tenham iniciado em Viena. (ALMEIDA,
GONÇALVES e WOLFF, 1988)

A palavra "Drama" significa "ação" em grego e, neste sentido, o. Psicodrama pode


ser definido como uma via de investigação da alma humana mediante a ação. O
Psicodrama consiste em um método de pesquisa e intervenção nas relações
interpessoais, nos grupos, entre grupos ou de uma pessoa consigo mesma. O
objetivo se relaciona a mobilizar para vivenciar a realidade a partir do
reconhecimento das diferenças e dos conflitos e facilita a busca de alternativas
para a resolução do que é revelado, expandindo os recursos disponíveis. Tem sido
amplamente utilizado na educação, nas empresas, nos hospitais, na clínica, nas
comunidades.

O Psicodrama é uma parte de uma construção muito mais ampla, criada por Jacob
Levy Moreno, a Socionomia. Na verdade, a denominação da parte foi estendida
para o todo e, quando as pessoas usam o termo Psicodrama, estão, geralmente,
se referindo à Socionomia - ciência das leis sociais e das relações, que se
caracteriza fundamentalmente por seu foco na intersecção do mundo subjetivo,
psicológico e do mundo objetivo, social, contextualizando o indivíduo em relação
às suas circunstâncias. Divide-se em três ramos: a Sociometria, a Sociodinâmica e
a Sociatria, que guardam em comum a ação dramática como recurso para facilitar
a expressão da realidade implícita nas relações interpessoais ou para a
investigação e reflexão sobre determinado tema.

            A Sociometria, através do teste sociométrico, mensura as escolhas dos


indivíduos e expressa-as através de gráficos representativos das relações
interpessoais, possibilitando a compreensão da estrutura grupal.

            A Sociodinâmica investiga a dinâmica do grupo, as redes de vínculos


entre os componentes dos grupos.

            A Sociatria propõe-se à transformação social, à terapia da sociedade.

A Sociodinâmica e a Sociatria têm objetivos complementares e utilizam-se das


mesmas técnicas: o Psicodrama, o Sociodrama, o Role Playing, o Teatro
Espontâneo, a Psicoterapia de Grupo. Enquanto técnicas, a diferença entre o
Psicodrama e o Sociodrama consiste em que no primeiro o trabalho dramático
focaliza o indivíduo - embora sempre visto como um ser em relação - e no
segundo focaliza o próprio grupo.
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De acordo com a FEBRAP – Federação Brasileira de Psicodrama


(http://www.febrap.org.br, 2016), a transformação social e o trabalho com a
comunidade era o grande sonho de Moreno. No começo do século XX, ele buscava
relacionar-se com crianças e adultos nas praças e ruas de Viena, estimulando-os a
descobrirem novas formas de estar no mundo. A filosofia do momento, que
embasa a teoria e a prática psicodramática, foi sendo configurada através de sua
observação do potencial criativo do ser humano. Desde então, o Psicodrama vem
se transformando, desenvolvendo-se como teoria e como prática. Profissionais da
área clínica adaptaram-no para o atendimento processual em consultório, muitas
vezes num enquadre de psicoterapia individual, trazendo novas contribuições para
a teoria psicodramática do desenvolvimento emocional e para a compreensão da
psicopatologia, assim como para a configuração de modelos referenciais na
compreensão da experiência emocional humana e dos grupos. Neste contexto,
mais comumente, a expressão dos impedimentos e conflitos envolve tensão,
agressividade e, principalmente, o reconhecimento e acolhimento da dor psíquica.

 A prática psicodramática, em suas inúmeras modalidades, começa pelo


envolvimento das pessoas com o tema ou com a experiência a ser vivenciada,
através de lembranças ou histórias do cotidiano dos indivíduos e/ou das
organizações. Cabe ao diretor manejar as técnicas psicodramáticas, como
recursos de ação, para garantir o envolvimento do grupo e a escolha da cena
protagônica, que refletirá a experiência dos presentes. Ele vai convidando todos
para participarem na criação conjunta do enredo, favorecendo a emergência da
realidade grupal.

Neste sentido, o Psicodrama é facilitador da manifestação das ideias, dos conflitos


sobre um tema, dos dilemas morais, impedimentos e possibilidades de expressão
em determinada situação. Fundamentado na teoria do momento e no princípio da
espontaneidade, promove a participação livre de todos e estimula a criatividade
na produção dramática e na catarse ativa. Finaliza-se com os comentários,
inicialmente dos participantes da cena e depois do grande grupo, com a
identificação da realidade que acaba de ser vivenciada e com o levantamento de
soluções possíveis para as questões abordadas.

Nas atividades desenvolvidas no âmbito social, buscam-se soluções práticas e


reais para os problemas, contribuindo para a descoberta de alternativas que
promovam o desenvolvimento sustentável nas comunidades.

O principal objetivo da ação dramática é favorecer aos membros do grupo a


descoberta da riqueza inerente em vivenciar plenamente o status nascendi da
experiência grupal, participando com a maior honestidade possível no momento.
Desta maneira, os participantes recriarão no grupo seus modelos de
relacionamento, confrontando e sendo confrontados com as diferenças individuais,
condição necessária para apreenderem a distinção entre sua experiência
emocional e a dos outros, sendo cada um deles agente transformador dos demais.
O Psicodrama vem expandindo suas fronteiras, ampliando a diversidade de
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experiências de intervenção psicossocial. Acompanhando esta expansão, a


produção científica tem procurado aprofundar as questões provocadas por esta
prática renovada. (http://www.febrap.org.br/psicodrama/default.aspx?idm=20,
acessado em 01/02/2016).

Contribuições teóricas: Piaget

Jean Piaget nasceu em 1896 e faleceu em 1980, renomado psicólogo e filósofo


suíço, conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Piaget
passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e
estudando seu processo de raciocínio, obtendo com isso um significativo impacto
sobre os campos da Psicologia e Pedagogia.  Piaget aos 11 anos de idade publicou
seu primeiro trabalho sobre sua observação de um pardal albino, estudo que é
considerado o início de sua brilhante carreira científica. Ele frequentou a
Universidade de Neuchâtel, onde estudou Biologia e Filosofia, recebendo seu
doutorado em Biologia em 1918, aos 22 anos de idade.

Após formar-se, Piaget foi para Zurich, onde trabalhou como psicólogo
experimental. Lá ele frequentou aulas lecionadas por Jung e trabalhou como
psiquiatra em uma clínica, experiências que muito o influenciaram em seu
trabalho. Ele passou a combinar a psicologia experimental, que é um estudo
formal e sistemático, com métodos informais de psicologia: entrevistas, conversas
e análises de pacientes. Em 1919, Piaget mudou-se para a França, onde foi
convidado a trabalhar no laboratório de Alfred Binet, um famoso psicólogo infantil
que desenvolveu testes de inteligência, padronizados para crianças. Piaget notou
que crianças francesas da mesma faixa etária cometiam erros semelhantes nesses
testes e concluiu que o pensamento lógico se desenvolve gradualmente. Foi então
em 1919 que Piaget iniciou seus estudos experimentais sobre a mente humana e
começou a pesquisar também sobre o desenvolvimento das habilidades
cognitivas. Seu conhecimento de Biologia levou-o a enxergar o desenvolvimento
cognitivo de uma criança como sendo uma evolução gradativa. Jean Piaget
revolucionou as concepções de inteligência e de desenvolvimento cognitivo
partindo de pesquisas baseadas na observação e em entrevistas que realizou com
crianças. Buscando analisar as relações que se estabelecem entre o sujeito que
conhece e o mundo que tenta conhecer, considerou-se um epistemólogo genético
porque investigou a natureza e a gênese do conhecimento nos seus processos e
estágios de desenvolvimento. Em 1921, Piaget voltou à Suíça e tornou-se diretor
de estudos no Instituto J. J. Rousseau da Universidade de Genebra, buscando
observar crianças brincando e registrando meticulosamente as palavras, ações e
processos de raciocínio delas. As teorias de Piaget foram, em grande parte,
baseadas em estudos e observações de seus filhos que ele realizou ao lado de sua
esposa. Piaget lecionou em diversas universidades europeias, dentre elas a
Universidade de Sorbonne (Paris, França), onde permaneceu de 1952 a 1963. Até
a data de seu falecimento, Piaget fundou e dirigiu o Centro Internacional para
Epistemologia Genética. Ao longo de sua brilhante carreira, Piaget escreveu mais
de 75 livros e centenas de trabalhos científicos. Piaget desenvolveu diversos
campos de estudos científicos: a psicologia do desenvolvimento, a teoria cognitiva
e o que veio a ser chamado de epistemologia genética, as quais tinham o objetivo
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de entender como o conhecimento evolui. Piaget parte do pressuposto de que o


conhecimento evolui progressivamente por meio de estruturas de raciocínio que
substituem umas às outras por meio de estágios. Isso significa que a lógica e
formas de pensar de uma criança são completamente diferentes da lógica dos
adultos.

A essência do trabalho de Piaget ensina que ao observarmos cuidadosamente a


maneira com que o conhecimento se desenvolve nas crianças, podemos entender
melhor a natureza do conhecimento humano. Em sua teoria identifica os quatro
estágios de evolução mental de uma criança, sendo que cada estágio é um
período onde o pensamento e comportamento infantil é caracterizado por uma
forma específica de conhecimento e raciocínio: sensório-motor, pré-operatório,
operatório concreto e operatório formal.

A capacidade de adaptar-se para Piaget é o processo de funcionamento do


organismo a uma nova situação, e como tal, implica a construção contínua do
modo como as partes ou elementos se relacionam, e que determina as
características ou o funcionamento do todo. Essa adaptação refere-se ao mundo
exterior, como toda adaptação biológica. De tal forma, indivíduos progridem
intelectualmente a partir do ato de exercitar e estímulos oferecidos pelo meio que
os cercam. Ramozzi-Chiarottino citado por Chiabal (1990) diz que o que vale
igualmente dizer que a inteligência humana pode ser praticada, buscando um
aperfeiçoamento de potencialidades, que passam gradativamente de um estado a
outro desde o nível mais primitivo da existência, caracterizado por trocas
bioquímicas até o nível das trocas simbólicas.

    Para Piaget o comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de
condicionamentos. Para ele o comportamento é construído numa interação entre o
meio e o indivíduo, sendo caracterizada como uma teoria interacionista. A
inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, portanto, está
relacionada com a complexidade desta interação do indivíduo com o meio. Em
outras palavras, quanto mais complexa for esta interação, mais “inteligente” será
o indivíduo. As teorias piagetianas abrem campo de estudo não somente para a
psicologia do desenvolvimento, mas também para a sociologia e para a
antropologia, além de permitir que os pedagogos tracem uma metodologia
baseada em suas descobertas.  A adaptação intelectual constitui-se então em um
"equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação
complementar". Piaget situa o problema epistemológico no âmbito de uma
interação entre o sujeito e o objeto. E de acordo com Piaget (1982) essa dialética
resolve todos os conflitos nascidos das teorias, associacionistas, empiristas,
genéticas sem estrutura, estruturalistas sem gênese, e permite seguir fases
sucessivas da construção progressiva do conhecimento.

O construtivismo piagetiano analisa os processos de desenvolvimento e


aprendizagem como resultados da atividade do homem na interação com o
ambiente. E para explicar tal interação Piaget citado em Goulart (1983) propõe
alguns conceitos centrais como: assimilação, acomodação e adaptação.

A assimilação é considerada como a incorporação dos dados da realidade nos


esquemas disponíveis no sujeito, ou seja, o indivíduo assimila tudo o que ouve,
transformando isso em conhecimento próprio. “No processo de acomodação o
sujeito modifica os esquemas para internalizar os elementos novos. Do equilíbrio
desses dois processos ocorre uma adaptação ao mundo cada vez mais adequada e
uma consequente organização mental”. (GOULART, 1983).

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Piaget (1982) apresenta o pressuposto de que a inteligência humana somente se


desenvolve no indivíduo em função de interações sociais que são, em geral,
negligenciadas. Porém, apesar de tal afirmação, Piaget não se deteve sobre essa
questão do papel dos fatores sociais no desenvolvimento humano e sim, das
influências e determinações dessa mesma interação sobre a inteligência do ser
humano.

As observações de Piaget põem em foco as condições intelectuais que tornam a


pessoa capaz de cooperar e explicam o efeito da cooperação na formação de sua
mente. A estruturação do pensamento em agrupamentos e em grupos móveis
permite que cada indivíduo adote múltiplos pontos de vista. Outro tipo de
comportamento que a atividade grupal desenvolve, segundo a linha de Piaget, é
chamado de reciprocidade. No momento em ocorre contribuições de ajuda mútua,
colaboração. O indivíduo raciocina com mais lógica quando discute com os outros,
em reciprocidade. (MINICUCCI, 1997). Para o autor o indivíduo raciocina com
mais lógica quando discute com outro, pois, frente ao companheiro, a primeira
coisa que procura é evitar a contradição. Por outro lado, a objetividade, o desejo
de comprovação, a necessidade de dar sentido ás palavras e ás idéias são não só
obrigações sociais, como também condições de pensamento operatório.
(MINICUCCI, 1997).

Mediante experiências em grupo, o indivíduo aprende que, ante algo objetivo,


pode - se adotar diferentes pontos de vista correlatos e que as diversas
observações extraídas não são contraditórias, mas complementares. O indivíduo
que intercambia em grupo suas idéias, com seus semelhantes, tende a organizar
de maneira operatória seu próprio pensamento, portanto, o grupo favorece o
desenvolvimento do chamado pensamento operatório. (MINICUCCI, 1997).

Considerando estes conceitos centrais, o educador deve tornar a atividade grupal


proporcional ao nível de desenvolvimento cognitivo dos alunos, não podendo ir
além das suas capacidades, nem deixá-los agindo sozinhos, uma vez que, busca-
se que o sujeito seja capaz de formar esquemas conceituais de conteúdos com
flexibilidade de pensamento, estimulando-se a reflexão e construção de conceitos
e princípios ao interagir com o outro.

Contribuições teóricas: Pichón-Revière

Enrique Pichon Rivière nasceu em Genebra (1907) tendo migrado para Buenos
Aires em 1977, sendo um médico psiquiatra e psicanalista suíço, nacionalizado
argentino. A técnica dos grupos operativos começou a ser sistematizada por
Enrique Pichon-Rivière, a partir de uma experiência no hospital de Las Mercedes,
em Buenos Aires, por ocasião de uma greve de enfermeiras. Esta greve
inviabilizaria o atendimento aos pacientes portadores de doenças mentais no que
diz respeito à medicação e aos cuidados de uma maneira geral. Diante da falta do
pessoal de enfermagem, Pichon-Rivière propõe, para os pacientes “menos
comprometidos”, uma assistência para com os “mais comprometidos” e a
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experiência foi muito produtiva para ambos os pacientes, os cuidadores e os


cuidados, por ter havido maior identificação entre eles e pôde-se estabelecer uma
parceria de trabalho, uma troca de posições e lugares, trazendo melhor
integração. Pichon-Rivière começou a trabalhar com grupos na medida em que
observava a influência do grupo familiar em seus pacientes. Sua prática
psiquiátrica esteve subsidiada principalmente pela psicanálise e pela psicologia
social, sendo ele o fundador tanto da Escola Psicanalítica Argentina (1940) como
do Instituto Argentino de Estudos Sociais (1953). Para o autor, o objeto de
formação do profissional deve instrumentar o sujeito para uma prática de
transformação de si, dos outros e do contexto em que estão inseridos, defendendo
a ideia de que aprendizagem é sinônimo de mudança, na medida em que deve
haver uma relação dialética entre sujeito e objeto e não uma visão unilateral,
estereotipada e cristalizada.

A aprendizagem centrada nos processos grupais coloca em evidência a


possibilidade de uma nova elaboração de conhecimento, de integração e de
questionamentos acerca de si e dos outros. A aprendizagem é um processo
contínuo em que comunicação e interação são indissociáveis, na medida em que
aprendemos a partir da relação com os outros. A técnica de grupo operativo
consiste em um trabalho com grupos, cujo objetivo é promover um processo de
aprendizagem para os sujeitos envolvidos, através de uma leitura crítica da
realidade, uma atitude investigadora, uma abertura para as dúvidas e para as
novas inquietações. Neste conceito, a constituição do sujeito é marcada por uma
contradição interna: ele precisa, para satisfazer as suas necessidades, entrar em
contato com o outro, vincular-se a ele e interagir com o mundo externo. Deste
sistema de relações vinculares emerge o sujeito, sujeito predominantemente
social, inserido numa cultura, numa trama complexa, por meio da qual
internalizará vínculos e relações sociais que vão constituir seu psiquismo.

Para Pichon-Rivière (1988), a teoria do vínculo tem um caráter social na medida


em que compreende que sempre há figuras internalizadas presentes na relação,
quando duas pessoas se relacionam, ou seja, uma estrutura triangular. O vínculo é
bi-corporal e tripessoal, isto é, em todo vínculo há uma presença sensorial
corpórea dos dois, mas há um personagem que está interferindo sempre em toda
relação humana, que é o terceiro. Neste sentido, vínculo é uma estrutura psíquica
complexa. O circuito vincular tem direção e sentido, tendo um porquê e um para
quê. Quando somos internalizados pelo outro e internalizamos o outro dentro de
nós, podemos identificar o estabelecimento do vínculo de mútua representação
interna. Considera-se que este vínculo consiste em uma estrutura complexa de
relação que vai sendo internalizada e que possibilita ao sujeito construir uma
forma de interpretar a realidade própria. Na vivência com os outros nós nos
constituímos por meio de uma história vincular que vai se tecendo nessa relação.
Assim, o grupo operativo é considerado como uma estrutura operativa que
possibilita aos integrantes meios para que eles entendam como se relacionam com
os outros (GAYOTTO, [1992]).

Atividades recomendadas:

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1. Faça uma leitura criteriosa do texto obrigatório, observando as origens


históricas dos estudos de Moreno, Piaget e Pichón-Revière sobre grupos e a
relevância do escopo teórico desenvolvido por eles.
2. Procure identificar as nuances diferenciais entre os autores.
3.  Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:

“Todo conjunto de pessoas, ligadas entre si por constantes de tempo e de espaço


e articuladas por sua mútua representação interna, se coloca explícita ou
implicitamente na tarefa que constitui sua finalidade”.

Essa síntese constitui um pensamento do autor:

a) Levy Moreno

b) Félix Guattari

c) Pichon-Rivière

d) Jean Piaget

e) Gregorio Baremblit

Se você compreendeu adequadamente a proposta teórica apresentada por Kurt


Lewin, assinalou a alternativa c. As demais alternativas não correspondem a
definição de grupo apresentada no enunciado. A definição faz menção a tarefa
enquanto finalidade do grupo, fator explicitamente ressaltado por Pichón-Revière
e não pelos demais autores. 

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