ANÁLISE DE DESEMPENHO DE MOTOR ABASTECIDO

COM DIFERENTES MISTURAS DE BIODIESEL

XII Salão de
PRODUZIDO A PARTIR DE ÓLEO DE FRITURAS
Iniciação Científica RESIDUAL
PUCRS

João Ricardo O. Lempek, Milton Machado, Sergio Herberle, Carlos Alexandre dos Santos
Faculdade de Engenharia, PUCRS

Resumo

O presente trabalho focou na análise de desempenho de um motor diesel operando

com adições de biodiesel ao diesel comercial. Foram geradas curvas de potência para as
diferentes misturas de biodiesel B2, B5 e B20, testados em motor MWM HS 2.8L de 2800
cm3 turbo alimentado, instalado em banco dinamométrico hidráulico de marca Motor Power
modelo MP 600, tipo Froude, com potência máxima de 447 kW, para fins de análise
comparativa de potência, torque e consumo entre as diferentes misturas.

Introdução

Por força de lei, a partir de 2008 tornou-se obrigatória a adição de 2% de biodiesel ao

óleo diesel, sendo que este percentual passou para 5% a partir de 2009, demonstrando seu
potencial energético e viabilidade sócio-econômica. Os testes são padronizados segundo as
normas brasileiras que tratam de motores como a NBR ISO 1585 – Veículos Rodoviários –
Código de Ensaio de Motores – Potência Efetiva Líquida [NBR ISO 1585] e a NBR ISO
3046/1 – Motores de Combustão Interna Alternativos – Desempenho – Parte 1: Condições-
Padrão de Referência e Declarações de Potência e de Consumos de Combustível e Óleo
Lubrificante [NBR ISO 3046/1].

Metodologia

A metodologia empregada consistiu nas etapas seqüenciais:

XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011

 Aquecimento do motor até sua temperatura normal de trabalho em marcha lenta (800
rpm);
 Elevação da rotação do motor até a ideal para o teste (4000 rpm);
 Acionamento de freio hidráulico até rotações padrão do teste (4000, 3800, 3600, 3400,
3200, 3000 e 2800 rpm) e estabilização por um período de 300 segundos em cada rotação;
 Leitura e cálculo da potência efetiva através de fórmula;
 Geração de curvas gráficas em planilha Excel.

Resultados e Discussão

Para os testes de potência e torque, observou-se uma boa concordância entre as

diferentes misturas, porém pequena diminuição de desempenho quando do aumento da
porcentagem de biodiesel ao diesel, conforme Tabela 1 e Figura 1. Isto acontece devido ao
menor poder calorífico do biodiesel em relação ao diesel convencional e suas respectivas
misturas, o que, poderia ser ajustado através de uma correção de débito na bomba injetora. A
queda na potência confirma dados da literatura.

Tabela 1. Comparativo de potência e torque para cada rotação.

POTÊNCIA (kW) TORQUE (N.m)
rpm B2 B5 B20 B2 B5 B20
2800 78 37,5 33,4 271 128,1 113,9
3000 81 42,5 39,1 261 128,1 113,9
3200 85 - - 252 - -
3400 87 - - 247 - -
3600 89 - - 235 - -
3800 91 - - 226 - -
4000 89 - - 215 - -

Dados não mostrados para B5, B20 e B50 por estarem em andamento na pesquisa.
Alguns valores já confirmados, porém, para valores de rotações inferiores aos mostrado
conforme Tabela 1.
Em relação ao consumo de combustível determinado para a rotação média de 750 rpm

XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011

e período de 80 horas observou-se uma média de 1,51 l/h para a mistura B5 e 1,47 l/h para a
mistura B20. Valores médios de consumo para o B50 em andamento na pesquisa.
100
550 CONSUMPTION (L/h) - B20
90
500 Hours (h)
80
450
2,50 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 1,75 2,50 1,84 3,50 3,42 2,50 8,00 2,75 8,00 8,08 7,75 2,25 8,00 3,00
400 70
2,50 1500
350 60

Power (kW)
Torque (N.m)

1250
300 2,00
50

Consumption (L/h)
250 1000
40 1,50

rpm
200 750
30
150 1,00
20 500
100
0,50
50 10 250

0 0 0,00 0
1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 1/set 8/set 13/set 16/set 23/set 29/set 4/out

Rotation (rpm) Date (d/m)

Power (kW) Torque (N.m) Consumption (L/h) rpm

Figura 1. Exemplos de curvas de desempenho e consumo de combustível com B2 e B20.

Conclusão

Os resultados dos ensaios realizados sugerem que as diferentes misturas de

combustíveis com percentuais B2, B5, B20 e B50 não destoam significativamente do padrão
quanto ao rendimento de potência e torque, porém quanto maior for o percentual de biodiesel
presente na mistura, maior o consumo específico e menor a potência respectivamente.

Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer a PUCRS (Faculdade de Engenharia e Faculdade de
Química) e ao CNPq (Edital RHAE – Pesquisador na Empresa).

Referências

MWM International, Ficha técnica motor 2.8L Power Stroke. MWM International Motores.
Disponível em <http://www.nav-international.com.br/pages/produtos/>. Acesso em 12
de outubro de 2010.
NBR ISO 1585 – Veículos Rodoviários – Código de Ensaio de Motores – Potência Efetiva
Líquida. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, Junho, 1996.
NBR ISSO 3046/1 – Motores de Combustão Interna Alternativos – Desempenho – Parte 1:
Condições-Padrão de Referência e Declarações de Potência e de Consumos de
Combustível e Óleo Lubrificante. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas,
Julho, 1995.

XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011