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Modelo de Ação Ordinária - Saldo Devedor e Revisional
Modelo de Ação Ordinária - Saldo Devedor e Revisional
em desfavor do:
DO CONTRATO DE MÚTUO
Mas, infelizmente, o SFH não vem cumprindo o seu papel institucional, seja
pelas práticas abusivas de seus agentes financeiros, seja pela
inconstitucionalidade de atos legislativos forjados sob a justificativa da
satisfação do "interesse coletivo" – na verdade, somente das classes que
operam e controlam o mercado habitacional e financeiro –, mergulhando o
mutuário-consumidor, às dezenas de milhares pelo país afora, no seguinte
dilema: compromete seu bem-estar e de sua família, cortando gastos até com
alimentação, para tentar manter em dia as exorbitantes prestações do
financiamento; ou, torna-se inadimplente e perde seu imóvel de moradia para o
agente financeiro. Eis o "pesadelo" da casa própria.
Assim é que o instrumento trazido à revisão desse Juízo está tisnado em sua
essência – por abusos do Requerido e pela inconstitucionalidade de atos
legislativos. Respeita a questão aos mecanismos adotados para a "correção" do
valor das prestações e do saldo devedor do financiamento, com a ilegal
capitalização de juros.
DOS FATOS
(...)
Na realidade, tal critério não tem sido observado, posto que o Requerido está
reajustando as prestações do mútuo mensalmente pela TR (+0,5%),
coeficiente criado pela Lei 8.177/91 para remuneração dos depósitos em
poupança.
Por outro lado, destaca-se que desde a criação do SFH, através da Lei Nº
4.380/64, ficou sedimentado o reajuste das parcelas dos contratos imobiliários
mediante "índice que reflita adequadamente as variações do poder aquisitivo da
moeda nacional"(nos termos do art. 5º, § 1º, da ref. lei), i. é., índice de
correção ou atualização monetária.
É mister anotar que a lei criadora do SFH, após a promulgação da CF/88, foi
alçada ao patamar de lei materialmente complementar, a exemplo da Lei nº
4.595/64 – reguladora do Sistema Financeiro Nacional, do qual o SFH é
integrante –, consoante o comando do art. 192, da Lex Fundamentais. A
propósito, nesse respeito transcrevemos abaixo fragmento de recentíssima
decisão (procedente) proferida em ACP intentada pelo MPF de Mato Grosso do
Sul – Processo nº 96.3494-0, 2ª Vara Federal, Juiz Rubem Martinez Cunha –, in
verbis:
"Em virtude do disposto no art. 192, da Constituição Federal de 1988, o
Sistema Financeiro Nacional, e dentro dele, o Sistema Financeiro de Habitação,
são regidos por leis materialmente complementares. As mudanças legislativas
pós-Constituição, bem como os regulamentos dos órgãos que ainda detém
poderes normativos, devem levar em conta esse aspecto, sob pena de o Poder
Judiciário, ao aplicá-las, desconsiderar grande parte de seus dispositivos
atendendo à hierarquia das leis."
Destarte, forçoso concluir que o mútuo habitacional firmado no âmbito do SFH
só poderá adotar índice de reajuste que exprima as variações do poder
aquisitivo da moeda frente ao processo inflacionário.
Índices TR e IPC (FIPE). O índice TR não mede a inflação e, mesmo que a Lei
8.177/91 não o excluísse, não podia ser adotado, devendo ser substituído pelo
IPC (FIPE). Recurso provido para esse fim.
"A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção monetária, uma vez que não
reflete a variação do custo de vida, achando-se atrelada à captação dos
depósitos bancários. Precedentes do STF: ADIN 493-0/DF e ADIN 959/DF.
Embargos de Divergência acolhidos para que o índice aplicado seja o INPC, e
não a TR." (Acórdão nº 0038495, STJ, 3ª Seção, Rel. Min. Adhemar Maciel)
(STJ, REsp 0157841, Rel. Min. José Delgado, v.u., DJU 21.04.98, p.
00107)
Sacramentado a tese da impossibilidade da aplicação da TR como fator de
correção monetária, o eminente Ministro MOREIRA ALVES, relator na ADIN 493-
0/DF, pronunciou em seu voto:
"O Decreto-lei nº 22.626/33, art. 4º, não foi revogado pela Lei nº 4.595/64
(RTJ 108/277, 81/919). A capitalização de juros (juros de juros) é vedada pelo
nosso direito, mesmo quando expressamente convencionada, não tendo sido
revogada a regra do Decreto-lei nº 22.626/33, art. 4º, pela Lei nº 4.595/64. O
anatocismo, repudiado pela Súmula 121 do STF, não guarda nenhuma relação
com a Súmula 596 do STF. (RSTJ 22/197)"
A antecipação de tutela pode ser concedida "inaudita altera parte", desde que o
julgador se convença da presença dos requisitos previstos no art. 273 do CPC.
Não se exige um juízo de certeza, porque a cognição é apenas sumária, bem
como a decisão é de caráter temporário.
DOS REQUERIMENTOS
REQUER, AO FINAL
Nestes termos,
Pede deferimento.
CIDADE, 00, MÊS, ANO
ADVOGADO
OAB Nº