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AO JUÍZO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE FORTALEZA/CE

PROCESSO N. (...) – EM FASE DE EXECUÇÃO

MARIO, brasileiro, casado, profissão xxx, portador do RG n° xxx, CPF n° xxx,


residente e domiciliada à rua xxx, n° xxx, Bairro xxx, Fortaleza/CE, CEP xxx,
vem respeitosamente a presença desse douto julgador, apresentar

INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


INVERSA

Com fulcro nos arts. 133 a 137 do Código de Processo Civil e nos argumentos
de fato e de direito a seguir aduzidos.

I- SÍNTESE FÁTICA

O Autor desse processo de execução é credor de uma Nota Promissória


em nome de FERNANDO, polo passivo da ação. Ocorre, que este, conforme
demostrado em todo o lastro probatório, não honrou com sua obrigação.
Após diversas tentativas de procurar bens passíveis de passíveis de
penhora, nada foi encontrado em nome de FERNANDO.
Contudo, verificou-se, junto a Junta Comercial que o executado é sócio
Majoritário de uma Empresa de Razão Social – CALOTES E
LOCUPLETAÇÕES LTDA, possuindo diversos bens de natureza pessoal em
nome de tal pessoa jurídica, como: 01 (uma) cobertura na Av. Beira Mar;
automóvel 0km.
Em suma, depara-se com a flagrante situação de desvio de finalidade da
pessoa jurídica pertencente ao executado, vez que os bens da pessoa jurídica
têm fim estritamente pessoal.
Notoriamente, o presente caso configura verdadeiro abuso da
personalidade jurídica.

II – DO DIREITO

Primordialmente, insta salientar que, a pretensão jurídica em comento


possui respaldo do art. 134 do CPC, quando expõe que mesmo nos processos
de execução, tal procedimento é válido, vejamos

Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas


as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença
e na execução fundada em título executivo extrajudicial
Certo é que, o caso discutido trata de uma nota promissória,
documento apto como título executivo extrajudicial, nos moldes do art. 784, I do
CPC. Não restando dúvidas, sobre a viabilidade do expediente.
O incidente em tela tem como um dos seus alicerces jurídicos a Lei
10.406, de 10/01/2002, que dispõe no seu artigo 50, II verbis:

“Art. 50. Em caso de abuso de personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial,
pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”

O desvio de finalidade se caracteriza pelo uso da pessoa jurídica como


fachada, tendo como objetivo esconder sócios de condutas desleais, causando
lesão a terceiros.
Assim, faz-se necessário estender a responsabilidade do executado aos
bens da pessoa jurídica, pois é imprescindível coibir o abuso da personalidade
jurídica ora demonstrado.
Na mesma esteira de raciocínio e corroborando com o exposto alhures,
o art. 133, II do cpc, sistematiza o seguinte:

  Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade


jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público,
quando lhe couber intervir no processo.
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica
observará os pressupostos previstos em lei.
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de
desconsideração inversa da personalidade jurídica.

Após a regulamentação do incidente de desconsideração da personalidade


jurídica pelo CPC, em sua modalidade inversa, o Superior Tribunal de Justiça decidiu
da seguinte forma:

“[...] DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE


JURÍDICA. EXECUÇÃO CONTRA EMPRESA PERTENCENTE A
CONGLOMERADO, CUJO SÓCIO MAJORITÁRIO OU
ADMINISTRADOR ALIENOU A QUASE TOTALIDADE DAS COTAS
SOCIAIS DA PRINCIPAL EMPRESA DO GRUPO PARA SUA
ESPOSA. FRAUDE À EXECUÇÃO. ABUSO DA PERSONALIDADE.
CONFUSÃO PATRIMONIAL. ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA
JUSTIÇA. TENTATIVA DE FRUSTRAR A EXECUÇÃO. RISCO DE
INSOLVÊNCIA DO DEVEDOR. NECESSIDADE DE PERSEGUIÇÃO
DE NOVAS GARANTIAS. [...]

Dessarte, evidenciado, por meio do lastro probante e dos fatos e


documentos expostos, não há outra conclusão, senão a desconsideração
inversa da personalidade jurídica, fazendo com que a empresa (CALOTES E
LOCUPLETAÇÕES LTDA) arque com os prejuízos causados pelo seu sócio
majoritário.

III- REQUERIMENTO
Ex positis, nos termos dos arts. 134 ao 137 do Código de Processo Civil,
requer digne-se Vossa Excelência:

a) Determinar a imediata comunicação da instauração do presente


incidente ao distribuidor para as anotações devidas (§ 1º do art. 134 do CPC);
b) A suspensão do processo até o final julgamento do presente incidente
(§ 3º do art. 134 do CPC).
c) A citação dos sócios da executada para apresentar manifestação,
querendo, no prazo de 15 (quinze) dias (art. 135 do CPC);
d) Ao final, desconsiderar a personalidade jurídica do executado,
integrando a Pessoa Jurídica CALOTES E LOCUPLETAÇÕES LTDA, CNPJ
xxx, no polo passivo da presente ação, possibilitando-se, assim, o alcance de
bens do mesmo, os quais garantirão o débito em litígio:

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Fortaleza/CE Data xxx

Advogado
(OAB)

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