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Maratona começando do zero

OAB 1ª fase
Direito internacional
Profa. Alice Rocha
Direito Internacional Público
1. (FGV – OAB XXI – 2016) Aurélio, diplomata brasileiro, casado e pai de dois filhos menores, está
em vias de ser nomeado chefe de missão do Brasil na capital de importante Estado europeu.

À luz do disposto na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, promulgada no Brasil por
meio do Decreto nº 56.435/65, assinale a afirmativa correta.

A) A nomeação de Aurélio pelo Brasil não depende da anuência do Estado acreditado, visto se
tratar de uma decisão soberana do Estado acreditante.
B) Mesmo se nomeado, o Estado acreditado poderá considerar Aurélio persona non grata, desde
que, para tanto, apresente suas razões ao Estado acreditante, em decisão fundamentada. Se
acolhidas as razões apresentadas pelo Estado acreditado, Aurélio poderá ser retirado da missão ou
deixar de ser reconhecido como membro da missão.
C) Os privilégios e as imunidades previstos estendidos à mulher e aos filhos de Aurélio cessam de
imediato, na hipótese de falecimento de Aurélio.
D) Se nomeado, a residência de Aurélio gozará da mesma inviolabilidade estendida ao local em que
baseada a missão do Brasil no Estado acreditado.
Direito Internacional Privado

1. Onde?
2. Qual lei rege a causa?
Onde? Competência internacional
Limites da jurisdição brasileira em relação a tribunais estrangeiros.

1. Competência concorrente
2. Competência exclusiva

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Competência concorrente
Juiz brasileiro e estrangeiro podem conhecer e julgar a causa, que posteriormente poderá ser executada no
Brasil mediante a homologação de sentença estrangeira.
Art. 21 e 22 CPC
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica
estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou
obtenção de benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. 7
Ausência de litispendência (art. 24 CPC)
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira
conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as
disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais
em vigor no Brasil.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira
não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando
exigida para produzir efeitos no Brasil.

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Competência exclusiva
Judiciário brasileiro deve conhecer e julgar a demanda em relação a assuntos
específicos que se for julgada por autoridade estrangeira, não produzirá efeitos
no Brasil.
Art. 23 CPC
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer
outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor
da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
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Qual lei rege a causa?
Qualificação Elemento de conexão
Começo e fim da personalidade; nome; capacidade e Domicílio
direitos de família (art. 7º caput LINDB)
Qualificar os bens e regular as relações a eles Lei do país em que estiverem situados
concernentes (art. 8º caput LINDB)
Qualificar e reger as obrigações (art. 9º caput LINDB) País em que se constituírem (locus regit actum)
Impedimentos dirimentes e formalidades para Lei brasileira
casamento no Brasil (art. 7 §1 LINDB)
Regime de bens (legal ou convencional)/invalidade de Domicílio conjugal (primeiro se diverso)
matrimônio (art. 7º §§ 3 e 4 LINDB)
Sucessão por morte ou por ausência (art. 10 caput Domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer
LINDB) que seja a natureza e a situação dos bens
* § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no
País, será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a
lei pessoal do de cujus.
2. FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI
Em função do incremento nas atividades de transporte aéreo no Brasil, a sociedade empresária Fast Plane, sediada no país,
resolveu adquirir helicópteros de última geração da pessoa jurídica holandesa Nederland Air Transport, que ficou
responsável pela fabricação, montagem e envio da mercadoria. O contrato de compra e venda restou celebrado,
presencialmente, nos Estados Unidos da América, restando ajustado que o cumprimento da obrigação se dará no Brasil.
No momento de receber as aeronaves, contudo, a adquirente verificou que o produto enviado era diverso do apontado no
instrumento contratual. Decidiu a sociedade empresária Fast Plane, então, buscar auxílio jurídico para resolver a questão,
inclusive para a propositura de eventual ação, caso não haja solução consensual.
Considerando-se o enunciado acima, aplicando-se a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei n°
4.657/42) e o Código de Processo Civil, assinale a afirmativa correta.

A) A lei aplicável na solução da questão é a holandesa, em razão do local de fabricação e montagem das aeronaves
adquiridas.
B) A autoridade judiciária brasileira será competente para processar e julgar eventual ação proposta pela Fast Plane, mesmo
se estabelecida cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro, em razão do princípio da inafastabilidade da jurisdição.
C) A autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para processar e julgar eventual ação a ser proposta pela
Fast Plane para resolver a questão.
D) A autoridade judiciária brasileira tem competência concorrente para processar e julgar eventual ação a ser proposta pela
Fast Plane para resolver a questão.
3. (FGV/OAB XXIV– 2017) Henrique e Ruth se casaram no Brasil e se mudaram para a
Holanda, onde permaneceram por quase 4 anos. Após um período difícil, o casal, que
não tem filhos, nem bens, decide, de comum acordo, se divorciar e Ruth pretende
retornar ao Brasil.
Com relação à dissolução do casamento, assinale a afirmativa correta.
A) O divórcio só poderá ser requerido no Brasil, eis que o casamento foi realizado no
Brasil.
B) O divórcio, se efetivado na Holanda, precisa ser reconhecido e homologado perante
o STJ para que tenha validade no Brasil.
C) O divórcio consensual pode ser reconhecido no Brasil sem que seja necessário
proceder à homologação.
D) Para requerer o divórcio no Brasil, o casal deverá, primeiramente, voltar a residir no
país.
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Atenção:
Sentença de divórcio consensual não precisa ser homologada pelo STJ,
de acordo com provimento 53 do CNJ (16/05/2016) pode ser averbada
diretamente no cartório.
Art. 733 CPC: no divórcio consensual, não havendo filhos incapazes e
observada a lei, poderá ser realizada por escritura pública que, de
acordo com o §1º do mesmo artigo, não dependerá de homologação
judicial.
+
Art. 961 par. 5º do CPC: “A sentença estrangeira de divórcio consensual
produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo
Superior Tribunal de Justiça.”
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4. (FGV/OAB XXIV – 2017) Roger, suíço radicado no Brasil há muitos anos, faleceu em sua casa
no Rio Grande do Sul, deixando duas filhas e um filho, todos maiores de idade. Suas filhas
residem no Brasil, mas o filho se mudara para a Suíça antes mesmo do falecimento de Roger,
lá residindo. Roger possuía diversos bens espalhados pelo sul do Brasil e uma propriedade no
norte da Suíça.

Com referência à sucessão de Roger, assinale a afirmativa correta.

a) Se o inventário de Roger for processado no Brasil, sua sucessão deverá ser regulada pela
lei suíça, que é a lei de nacionalidade de Roger.
b) A capacidade do filho de Roger para sucedê-lo será regulada pela lei suíça.
c) Se Roger tivesse deixado testamento, seria aplicada, quanto à sua forma, a lei da
nacionalidade dele, independentemente de onde houvesse sido lavrado.
d) O inventário de Roger não poderá ser processado no Brasil, em razão de existirem bens no
estrangeiro a partilhar.

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Questão de acordo com a literalidade do art. 7º da Lei de Introdução
das normas do direito brasileiro: “A lei do país em que domiciliada a
pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o
nome, a capacidade e os direitos de família.”
+
O art. 10, § 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a
capacidade para suceder.

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