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Noções de Geologia

do Petróleo

1. Origem do petróleo

O petróleo tem origem a partir da matéria orgânica depositada junto com os


sedimentos. A matéria orgânica marinha é basicamente originada de micro-
organismos e algas que formam o fitoplâncton e não pode sofrer processos de
oxidação. A necessidade de condições não oxidantes pressupõe um ambiente de
deposição composto de sedimentos de baixa permeabilidade,inibidor de água
circulante em seu interior. A interação de fatores – matéria orgânica,sedimento e
condições termoquímicas apropriadas – é fundamental para o início da cadeia de
processos que leva à formação do petróleo.

O tipo de hidrocarboneto gerado, óleo ou gás, é determinado pela constituição da


matéria orgânica original e pela intensidade do processo térmico atuante sobre ela.
A matéria orgânica proveniente do fitoplâncton, quando submetida a condições de
temperaturas adequadas,pode gerar um hidrocarboneto líquido. O processo atuante
sobre a matéria orgânica vegetal lenhosa poderá ter como consequência, a geração
de hidrocarboneto gasoso.

Admitindo um ambiente favorável, após a incorporação da matéria orgânica ao


sedimento,dá-se aumento da carga sedimentar e de temperatura,começando,então
a se delinear o processo que passa pelos seguintes estágios evolutivos

 Até 65ºC – atv. Bacteriana que transforma matéria orgânica em querogênio.


O produto desta fase é o metano biogênico – DIAGÊNESE
 Até 165ºC- quebra das moléculas do querogênio e resulta na geração de
hidrocarbonetos líquidos e gás – CATAGÊNESE
 Até 210ºC- quebra das moléculas dos hidrocarbonetos líquidos e sua
transformação em gás leves – METAGÊNESE
 Ultrapassando essa fase, a continuação do incremento de temperatura leva
à degradação do hidrocarboneto gerado, deixando como remanescente
grafite,gás carbônico e algum resíduo de gás metano – METAMORFISMO

Assim, o processo de geração do petróleo como um todo é resultado da captação


da energia solar,através da fotossíntese, e transformação da matéria orgânica com
a contribuição do fluxo de calor oriundo do interior da Terra.

2. SISTEMA PETROLÍFERO
Um sistema petrolífero é constituído de quatro elementos e de três processos
2.1 MIGRAÇÃO DO PETRÓLEO
Para termos uma acumulação de petróleo é necessário que, após o processo de
geração, ocorra a migração e que esta tenha seu caminho interrompido pela
existência de algum tipo de armadilha geológica.

A explicação clássica para a migração do petróleo atribui papel relevante à fase de


expulsão de água de rochas geradoras, que levaria consigo o petróleo durante o
processo de compactação. Outra explicação estaria no microfraturamento das
rochas geradoras. Isto facilitaria o entendimento do fluxo através de um meio de
baixíssima permeabilidade, como as rochas argilosas (folhelhos).

À expulsão do petróleo da rocha onde foi gerado dá-se o nome de migração


primária.Ao seu percurso ao longo de uma rocha porosa e permeável até ser
interceptado e contido por uma armadilha geológica dá-se o nome de migração
secundária
Migração secundária ocorre fora das rochas geradoras. O esquema ilustrado mostra a
migração secundária na forma de filetes que ocupam progressivamente a rocha reservatório
trapeada.

A não contenção do petróleo em sua migração permitiria seu percurso continuado e


busca de zonas de menor pressão até se perder através de exsudações,oxidação e
degradação bacteriana na superfície.

2.2 Rocha-reservatório

O petróleo, após ser gerado e ter migrado, é eventualmente acumulado em uma


rocha que é chamada de reservatório. Esta rocha pode ter qualquer origem ou
natureza, mas para se constituir como reservatório deve apresentar espaços vazios
em seu interior (porosidade), e que estes vazios estejam interconectados,
conferindo-lhes a característica de permeabilidade. Desse modo, podem se
constituir como rochas reservatórios os arenitos e calcarenitos, e todas as rochas
sedimentares essencialmente dotadas de porosidade intergranular que sejam
permeáveis. Algumas rochas como folhelhos e alguns carbonatos,normalmente
porosos porém impermeáveis, podem vir a constituir reservatórios quando se
apresentam naturalmente fraturados.

Uma rocha-reservatório, de uma maneira geral, é composta de grãos ligados uns


aos outros por um material que recebe o nome de cimento. Também existe entre
os grãos outro material muito fino chamado matriz. O volume total ocupado por
uma rocha reservatório é a soma do volume dos materiais sólidos (grãos,matriz e
cimento) e do volume dos espaços vazios existentes entre eles.

A porosidade das rochas é medida a partir de perfis elétricos executados nos poços
ou de ensaios de laboratório em amostras de rocha. Nas bacias sedimentares
brasileiras produtoras de petróleo, os reservatórios são dominantemente
convencionais,arenitos e calcarenitos. Porém, existem exemplos de acumulações de
hidrocarbonetos em rocha tanto sedimentares quanto ígneas e metamórficas não
convencionais, como os folhelhos fraturados da Bacia do Recôncavo, os basaltos na
bacia de campos e metamórficas fraturadas na bacia de Sergipe-Alagoas.
2.3 Rocha Selante

Atendida às condições de geração, migração e reservatório, para que se dê


acumulação do petróleo,existe a necessidade de que alguma barreira se interponha
no seu caminho. Esta barreira é produzida pela rocha selante, cuja característica
principal é a baixa permeabilidade.

Além da impermeabilidade, a rocha selante deve ser dotada de plasticidade,


característica que a capacita a manter sua condição selante mesmo após ser
submetida à esforços determinantes de deformações. Duas classes de rochas são
selantes por excelência: os folhelhos e os evaporitos (sal). Outros tipos de rocha
também podem funcionar como tal.

2.4 Aprisionamento de petróleo

Um dos requisitos para a formação de uma jazida de petróleo é a existência de


armadilhas ou trapas, que podem ter diferentes origens, características e
dimensões.

Admitindo-se diferentes bacias sedimentares, de dimensões equivalentes, contendo


rochas geradoras com potencias de geração de hidrocarbonetos também
equivalentes, dados pelos seus teores de matéria orgânica e condições
termoquímicas, os volumes de petróleo a serem encontrados poderão ser os mais
distintos, desde volumes gigantescos em umas até insignificantes em outras, isso
depende de seus graus de estruturação, da existência e da inter-relação das
armadilhas e dos contatos que essas armadilhas propiciem entre rochas geradoras
e reservatório. Em última instância, de nada vale uma bacia sedimentar dotada de
rochas potencialmente geradoras e reservatórios se não estiverem presentes as
armadilhas detentoras de migração. O termo armadilha tem conotação ampla e
engloba todas as variantes de situações em que possa haver concentração de
hidrocarbonetos.
O desenvolvimento de condições de aprisionamento de petróleo pode ser ditado
pela geração de esforços físicos que vão determinar a formação de elementos
arquitetônicos que se transformam em abrigos para a contenção de fluidos. A
formação de uma armadilha pode prescindir da atuação de esforços físicos diretos.
É o caso das acumulações resultantes das diferenças entre os sedimentos, ou da
atuação de causas hidrodinâmicas.

Convencionalmente, as armadilhas são classificadas em estruturais, estatigráficas e


mistas ou combinadas, embora nem sempre na prática sejam simples as suas
individualizações. As armadilhas mais prontamente descobertas em uma bacia têm
controle dominantemente estrutural e detêm os maiores volumes de petróleo. Elas
são respostas das rochas aos esforços e deformações, e nesse tipo enquadram-se
as dobras e as falhas.
Todo o sucesso inicial da exploração de petróleo, a partir de 1860 nos EUA, se
baseou na observação do controle estrutural, verificando-se que todo grandes
reservatórios de petróleo situavam-se em dobras do tipo anticlinal, embora nem
todas as anticlinais fossem portadoras de petróleo.

As anticlinais dobradas englobam grandes volumes de petróleo, e nelas está


situada a maioria dos campos gigantes. São de fácil identificação tanto por métodos
geológicos de superfície quanto por métodos geofísicos.

É comum a ocorrência de campos gigantes em áreas anticlinais afetadas por


falhamentos. As falhas desempenham papel relevante para o aprisionamento de
petróleo ao colocar rochas reservatório em contato com rochas selantes. O modelo
de aprisionamento com base no sistema de falhas é aplicado com sucesso nas
bacias sedimentares brasileiras, principalmente na do Recôncavo e nas bacias
costeiras.

É IMPORTANTE NOTAR que as armadilhas estatigráficas não tem relação direta com
os esforços atuantes nas bacias sedimentares, e são determinadas por interações
de fenômenos de caráter paleogeográfico, caso dos paleorrelevos, e
sedimentológicos com as variações laterais de permeabilidade.
As armadilhas combinadas ou mistas compreendem aquelas situações em que as
acumulações de hidrocarbonetos têm controle tanto de elementos estruturais
quanto de estatigráficos. Um exemplo onde ocorre esse tipo de armadilha é na
Bacia do Espírito Santo, onde reservatórios da formação Barra Nova apresentam-se
em acumulações controladas estruturalmente por falhas e arqueamentos
provocados pela movimentação do sal

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