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a impressão que iria se abrir uma nova página nas relações entre os seus Estados-Membros, dos
quais os objetivos principais eram: a Concertação Político-Diplomática, a Cooperação Internacional
para o Desenvolvimento e a Valorização da Língua Portuguesa. Apesar de a CPLP ter na teoria todos
estes projetos e muitos mais como é possível ver no site da CPLP pô-los em prática torna-se um
desafio maior.
A grande questão é que o discurso lusófono tem sido, até agora, um discurso
essencialmente português, pois foi construído fundamentalmente a partir de elementos presentes
no imaginário político da nação lusitana e não, necessariamente, no dos demais povos de língua
portuguesa. Portanto, não é exagero dizer que a lusofonia e a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa são, acima de tudo, projetos políticos portugueses, com a forte marca do nacionalismo
lusitano. Por conta disto, Portugal tende a considerar a ocupação da liderança da Comunidade como
seu direito natural, alegando justamente ser ele a matriz cultural de todos os demais países
lusófonos, além de ser o mais empenhado na difusão da língua portuguesa pelo mundo, adotando
esta, inclusive, como política de Estado. Nesse sentido, apesar da rotatividade existente na
secretaria-executiva da organização entre os Estados-membros, as pretensões hegemônicas não
assumidas de Portugal estão sempre a pairar sobre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Assim, no momento em que está prestes a entrar em sua terceira década de existência, são esses os
problemas e desafios enfrentados pela CPLP para a sua consolidação como uma organização
internacional efetivamente relevante.