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CÓDIGO DA PROVA: 4958692

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS


SUPERINTENDÊNCIA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
DIRETORIA DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Prezado Estudante,

Você está participando da Avaliação Intermediária de Língua Portuguesa. Você deverá demonstrar os conhecimentos
aprendidos nos anos que já cursou. Com os resultados, os professores irão planejar e desenvolver as atividades escolares.
Por isso, responda a todas as questões com bastante atenção.

Cada questão tem somente uma resposta correta. Marque a sua resposta em cada questão e depois transcreva-a para a
Folha de Respostas.

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Bom trabalho!

FOLHA DE RESPOSTAS DA PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Antes de entregar a Prova, confira se marcou todas as suas respostas.

01) A B C D 10) A B C D 19) A B C D

02) A B C D 11) A B C D 20) A B C D

03) A B C D 12) A B C D 21) A B C D

04) A B C D 13) A B C D 22) A B C D

05) A B C D 14) A B C D 23) A B C D

06) A B C D 15) A B C D 24) A B C D

07) A B C D 16) A B C D 25) A B C D

08) A B C D 17) A B C D 26) A B C D

09) A B C D 18) A B C D

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Escola: Disciplina: Língua Portuguesa


Professor: Ano: EM Turma:
Nome do aluno: Resultado:
QUESTÃO 1

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem primores,


Onde canta o Sabiá; Que tais não encontro eu cá;
As aves, que aqui gorjeiam, Em cismar — sozinho, à noite —
Não gorjeiam como lá. Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Nosso céu tem mais estrelas, Onde canta o Sabiá.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Não permita Deus que eu morra,
Nossa vida mais amores. Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Em cismar, sozinho, à noite, Que não encontro por cá;
Mais prazer encontro eu lá; Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Onde canta o Sabiá.

DIAS, G. Poesia Completa e Prosa Escolhida. Rio de Janeiro: José Aguilar LTDA, 1959. p. 103.

Esse poema de Gonçalves Dias é um dos mais emblemáticos textos do Romantismo e marca a formação da
identidade brasileira, pois

A) descreve e valoriza as belezas nacionais.


B) emprega a língua padrão da época.
C) preserva características de antigamente.
D) representa os brasileiros insatisfeitos.
E) retrata o desprazer de viver longe.

QUESTÃO 2

Embora modernista, o poema de Vinícius de Moraes é construído a partir de ideias contraditórias, conflitantes, o que o
aproxima dos princípios estéticos da arte

A) árcade. B) barroca. C) clássica. D) romântica.


LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 3

Poética (I)

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte

Outros que contem


Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
(MORAES, V. de. Livro de sonetos. S.P.: Companhia das Letras, 1991. p. 89.)

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 3

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,


Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego


Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica, mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício


Do mestre. E, natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício,

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,


Arte pura, inimiga do ofício,
É a força e a graça da simplicidade.

(BILAC, O. Poesia. R. J.: Agir, 1980. p. 92.)


QUESTÃO 3

Segundo esse poema, o trabalho poético exige,

A) calma e paciência.
B) inspiração e emotividade.
C) sensibilidade e subjetividade.
D) solidariedade e cumplicidade.

QUESTÃO 4

O poema a seguir foi destinado pelo poeta aos afetos e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem
queria bem.

Soneto VII
Gregório de Matos

Ardor em firme coração nascido;


pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido:

tu, que em um peito abrasas escondido;


tu, que em um rosto corres desatado;
quando fogo em cristais aprisionado;
quando cristal em chamas derretido.

Se és fogo, como passas brandamente,


se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,


como quis que aqui fosse a neve ardente,
permitiu parecesse a chama fria.

BASTOS, A. Poesia brasileira e estilos de época. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004. p. 25.

O uso de antíteses no poema indica algumas características da lírica barroca, tais como

A) a liberdade de expressão, a valorização do cotidiano e o emprego de linguagem coloquial.


B) a objetividade, a noção da arte pela arte e a perfeição formal na métrica e na rima.
C) a presença de contradições, a exposição de embates interiores e a linguagem conflitante.
D) o estímulo à simplicidade, a celebração do racionalismo e a exaltação da natureza.
E) o subjetivismo e a temática voltada à espiritualidade, ao místico e ao subconsciente.
QUESTÃO 5

Na defesa do cunhado, o protagonista acaba ratificando as acusações que a ele são feitas. Qual é a passagem do
texto que apresenta um atenuante ao caráter do cunhado?

A) “Argüíam-no de avareza, e cuide que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude e as
virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit.”
B) “O único fato alegado neste particular era o de mandar com freqüência escravos ao calabouço donde eles
desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo
longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse
gênero de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro
efeito de relações sociais.”
C) “A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu
quando lhe morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única.”
D) “Não era perfeito, decerto; tinha, por exemplo, o sestro de mandar para os jornais a notícia de um ou outro
benefício que praticava, – sestro repreensível ou não louvável concordo; mas ele desculpava-se dizendo que as
boas ações eram contagiosas, quando públicas; razão a que se não pode negar algum peso.”

QUESTÃO 6

Este madrigal, do poeta árcade brasileiro Silva Alvarenga, está registrado no português arcaico, então vigente
na época.

Madrigal XII

Suave Primavera,
Coroada de flores,
Ó! quem gozar pudéra
O prazer venturoso dos Pastores!
Constante por meu mal nos seus rigores,
Glaura por ti suspira,
Ao campo se retira, e lá te espera;
Suave Primavera,
Coroada de flores,
Vem risonha alegrar os meus amores.

ALVARENGA, S. M. I. Glaura: poemas eróticos. Belo Horizonte: Crisálida, 2003. p. 159.

A característica da literatura árcade mais perceptível nesse madrigal é

A) a adesão à visão iluminista, revelada por meio do desejo de encontrar explicações racionais para o amor.
B) a apropriação de figuras típicas da mitologia na antiguidade clássica, a exemplo das musas e ninfas.
C) a utilização de pseudônimos pastoris, com o intuito de esconder a identidade burguesa dos poetas.
D) o engrandecimento da natureza, manifesto no uso de algumas palavras próprias desse campo lexical.
E) o princípio de aproveitar ao máximo o momento presente e gozar o dia, reevocado da poesia horaciana.
LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 7

Soneto

Pálida à luz da lâmpada sombria,


Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria


Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...


Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!


Por ti — as noites eu velei chorando,
Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!
(AZEVEDO, A. de Poesia. RJ: Agir, 1974. p. 80.)

QUESTÃO 7

Na terceira estrofe desse poema, o poeta

A) intensifica os traços da figura feminina como etérea, inalcançável.


B) mantém a descrição da figura feminina como inatingível.
C) materializa a figura feminina, em clima de sensualidade.
D) revitaliza a caracterização da figura feminina como misteriosa e distante.

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 8

"Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta."
Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada
exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente,
que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a
criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima
rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje,
sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos
ultrajam.
Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que
correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos
desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma
base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais
pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo - a paisagem é a mesma de cada lado beirando a estrada da
vida.
Eu tinha onze anos.

(POMPÉIA, R. O Ateneu – crônica de saudades. S.P.: FTD, 1991. p. 13.)


QUESTÃO 8

De acordo com esses parágrafos iniciais desse romance, o narrador

A) critica os que rejeitam a idéia da ausência de felicidade em tempos remotos.


B) enfoca que as decepções e as incertezas sempre acompanham o ser humano.
C) idealiza o passado distante, tempo de felicidade plena e infinita.
D) valoriza as lembranças do passado como forma de minimizar as dores do presente.

QUESTÃO 9

XIII

“Ora (direis) ouvir estrelas!”

Olavo Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...

E conversamos toda a noite, enquanto


A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

(www.revista.agulha.nom.br. Acesso: 11/03/2010.)

Sobre esse poema, são feitas as seguintes afirmativas:

I. As estrelas sofrem um processo de personificação, uma vez que o poeta as tem, muitas vezes, como suas
interlocutoras.
II. A cena é descrita de modo subjetivo, com forte interferência da subjetividade do eu poético.
III. A visão de mundo melancólica e transfigurada do poeta projeta-se sobre o objeto poetizado, numa atitude de
desvario.

Estão corretas as afirmativas:

A) I e III, apenas. B) I e II, apenas. C) III e II, apenas. D) I, II e III.


LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 10

Nova poética

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.


Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.

Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco
muito bem engomada, e na primeira esquina
passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou
a calça de uma nódoa de lama:

É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:


Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.

Sei que a poesia é também orvalho.


Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas,
as virgens cem por cento e as amadas que
envelheceram sem maldade
(BANDEIRA, M. Poesia. RJ: Agir, 1983. p. 79.)

QUESTÃO 10

Sobre esse poema, pode-se afirmar que

A) o poeta critica a poesia sórdida, repugnante, vista como transgressora da moral e dos bons costumes, que
devem ser conservados.
B) a partir da disposição dos versos e da narratividade apresentadas pode-se classificá-lo como pertencente ao
Modernismo.
C) o seu caráter metalinguístico faz com que apresente uma relação direta com o poema de feição clássica,
parnasiana.
D) a terceira estrofe, constituída por apenas um verso, sugere o conformismo e a passividade do poeta.
QUESTÃO 11

O VENTO

Havia uma escada que parava de repente no ar


Havia uma porta que dava para não se sabia o quê
Havia um relógio onde a morte tricotava o tempo

Mas havia um arroio correndo entre os dedos buliçosos dos pés


E pássaros pousados na pauta dos fios do telégrafo

E o vento!

O vento que vinha desde o princípio do mundo


Estava brincando com teus cabelos...

(QUINTANA, M. Apontamentos de história sobrenatural. R.J.: Globo, 1977, p.3.)

Esse poema exibe, em sua primeira parte, aspectos estilísticos ligados ao

A) Concretismo. B) Dadaísmo. C) Futurismo. D) Surrealismo.

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 12

O travador

Sentimentos em mim do asperamente


dos homens das primeiras eras...
As primaveras de sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal...
Intermitentemente...
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo
Cantabona! Cantabona!
Dlorom...

Sou um tupi tangendo um alaúde!

(ANDRADE, M. Poesias completas. S. P.: Martins editora, s/d.)

QUESTÃO 12

Nesse poema, dentre as características típicas do Modernismo, está presente

A) a destruição da poesia nobre.


B) a referência à cultura de massa.
C) o registro chulo de linguagem.
D) o uso do verso livre.
QUESTÃO 13

Os trechos a seguir foram extraídos dos livros Vidas Secas e Grande Sertão: Veredas, publicados,
respectivamente, em 1938 e 1956.

TEXTO I

Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos
urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiço
indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na
bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados ao
estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena.

RAMOS, G. Vidas Secas. Rio de Janeiro; São Paulo: Editora Record, 2001. p. 10 (adaptado).

TEXTO II

Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem
topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucúia
vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá — fazendões de fazendas, almargem de vargens de
bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há.
O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou
pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte.

ROSA, G. Grande Sertão: Veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 24.

Ambos os textos revelam uma mesma faceta do contexto histórico no qual se inserem, que é

A) a denúncia feita à desigualdade social.


B) a evidência dada ao ambiente sertanejo.
C) a valorização da experiência de vida rural.
D) o estímulo à ida para os centros urbanos.
E) o registro das práticas de jagunçagem.
QUESTÃO 14

Ao Braço do Mesmo Menino Jesus quando apareceu


(Gregório de Matos)

O todo sem a parte não é todo


A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.

Em todo o sacramento está Deus todo,


E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.

O braço de Jesus não seja parte,


Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,


Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.
(www.vidaempoesia.com.br/gregoriodematos.htm. Acesso: 10/02/2010.)

Nesse texto, o poeta além de recorrer a expedientes lúdicos do estilo barroco, apropria-se da

A) concepção dogmática da presença de Jesus na eucaristia.


B) orientação conceptista de jogar com as palavras.
C) perspectiva racionalista da humanização de Cristo.
D) vertente culteranista do obscurecimento do léxico.

QUESTÃO 15

Porquinho-da-Índia

Quando eu tinha seis anos


Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas ...

— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

(www.lainsignia.org. Acesso: 24/04/2010.)

No último verso desse poema, o eu lírico diz que o seu porquinho-da-índia foi a sua primeira namorada. Sobre essa
afirmação, constata-se que

A) contrapõe, ironicamente, à imagem da mulher, tradicionalmente vislumbrada na lírica amorosa.


B) ironiza a fealdade da mulher a que se refere, rebaixando-a, ao nivelá-la com o roedor.
C) justapõe termos contrários, evidenciando a influência do fusionismo barroco no poema.
D) sintetiza, por parte do eu poético, uma visão idealizada e utópica dos relacionamentos amorosos.
LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 16

Os amores e os mísseis

Anarda, sou de ti cativo,


mas deploro este amor pungente.
Pouco importa que ele esteja vivo,
se há mísseis sob o sol cadente.

Já não posso, Almena, ofertar-te


nem o beijo nem a canção.
Mísseis cobrindo toda a parte
acinzentam meu coração.

Márcia gentil, para um momento,


considera as nuvens difíceis.
Novas más perpassam no vento
em lugar de mil flores, mísseis.

Ouve, Nerina, meu queixume:


como te amar, cheia de graça?
Em meu peito esmorece o lume,
com os mísseis vem a desgraça.

Ai, Eulina, abro mão — que pena —


de teus encantos mais suaves.
Extinguiu-se a vida serena,
mísseis assustam homens e aves.

Nise, Nise, que em áureas horas


minha doçura foste, hoje és
condenada à morte, e choras,
pois há mísseis sob teus pés.

Não peço, Glaura, teus afagos,


que amanhã serão pó tristonho
entre bilhões de crânios vagos:
negam os mísseis todo o sonho.

Tirce amada, volve-me o rosto


e despreza meus madrigais
redolentes ao luar de agosto.
Grasnam os mísseis: Nunca mais.

Meiga e bela Marília, o Arconte


taciturno olha para mim.
Na áspera linha do horizonte,
eis que os mísseis decretam: Sim.

Sim, pereça todo prazer


e das amadas toda a glória.
Com seu satânico poder,
os mísseis enterram a História.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. R. J.: Nova Aguilar, 2002, p. 1254-1255. Adaptado.)

QUESTÃO 16

Ao recorrer ao estilo árcade, Carlos Drummond de Andrade produziu

A) um poema com a temática de um estilo caracterizado pela profusão de conflitos.


B) uma construção linguística elaborada, evitando a ocorrência de anacronismo.
C) um pastiche de um estilo alienante, incapaz de refletir aspectos da vida social.
D) uma contraposição irônica entre a vida contemporânea e o idílio bucólico.

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 17

Texto 1

Jamais do Cão* feroz o ardor maligno


Desfez a neve eterna destas grutas.
Árvores, que se firmam sobre a rocha,
Famintas de sustento à terra enviam
As tortas e longuíssimas raízes;
Pendentes caracóis co’a frágil concha
Adornam as abóbadas sombrias.
Neste lugar se esconde temerosa
A noite envolta em longo e negro manto
Ao ver do sol os lúcidos cavalos;
Fúnebre, eterno abrigo aos tristes mochos,
Às velhas, às fatídicas corujas,
Que com medonha voz gemendo aumentam
O rouco som do rio alcantilado.
* Constelação do Cão, também chamada Canícula.
(ALVARENGA, M. I. da S. O Desertor. Campinas: Unicamp, 2003.)

Texto 2

Pelas abas das serras, quantidades de cavernas – do teto de umas poreja, solta do tempo, a aguinha estilando
salobra, minando sem-fim num gotejo, que vira pedra no ar, se endurece e dependura, por toda a vida, que nem
renda de torrõezinhos de amêndoa ou fios de estadal, de cera-benta, cera santa, e grossas lágrimas de espermacete;
enquanto do chão sobem outras, como crescidos dentes, como que aquelas sejam goelas da terra, com boca para
morder. Criptas onde o ar tem corpo de idade e água forma pele muito fria, e a escuridão se pega como uma coisa.
Ou lapinhas cheias de morcegos, que juntos chiam, guincham, porfiam. (...) Lapas, com salitrados desvãos, onde
assiste, rodeada de silêncios e acendendo globos olhos no escuro, a coruja-branca-de-orelhas, grande mocho, a
estrige cor de pérolas –strix perlata.
(ROSA, J. G. O recado do morro. R. J.: Nova Fronteira, 2007.)

QUESTÃO 17

Embora sejam de estilos de épocas distintos, esses textos têm em comum a

A) descrição de uma mesma região brasileira, nas imediações de Cordisburgo, Minas Gerais.
B) descrição de um espaço com sua fauna característica, recorrendo ao uso de metáforas.
C) narração de acontecimentos que se passam em grutas, com uso de expressões científicas.
D) narração de uma história regional, com exploração da linguagem poética.
QUESTÃO 18

[...] Eugênio já tinha entrado para a terceira classe de latim, e começando a traduzir o livro dos Tristes, de Ovídio e
as Éclogas de Virgílio sentiu-se tomado de um vivo gosto pela poesia. Para isso o predispunham sua terna
sensibilidade e ardente imaginação. Só esperava a mão que viesse correr aos olhos de sua inteligência inesperta o
véu que encobre esses desconhecidos e encantados horizontes, essas paisagens fantásticas e deslumbrantes, tão
cheias de magia, de luz e de harmonia em que os espíritos elevados encontram tão grato abrigo contra a insipidez e
as asperezas da vida real. [...]
(GUIMARÃES, B. O seminarista. 8ª ed. S. P.: Ática, 1981, p. 3.)

Esse trecho do romance de Bernardo Guimarães evidencia um aspecto da literatura romântica, identificado na

A) contemplação da natureza.
B) evasão da realidade.
C) imitação dos clássicos.
D) religiosidade acentuada.

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 19

Valsa

Faz tanto luar que eu pensei nos teus olhos antigos


e nas tuas antigas palavras.
O vento trouxe de longe tantos lugares em que estivemos,
que tornei a viver contigo enquanto o vento passava.

Houve uma noite em que cintilou sobre o teu rosto


e modelou tua voz entre as algas.
Eu moro, desde então, nas pedras frias que o céu protege
e estudo apenas o ar e as águas.

Coitado de quem pôs sua esperança


nas praias fora do mundo...
– Os ares fogem, viram-se as águas,
mesmo as pedras, com o tempo, mudam.

(MEIRELES, C. Viagem e Vaga música. R.J.: Nova Fronteira, 2006. p. 42.)

QUESTÃO 19

Esse poema de Cecília Meireles recupera, já na primeira estrofe, nítidos expedientes da estética simbolista, que é a

A) apropriação de elementos do cotidiano.


B) musicalidade deflagrada pelas assonâncias e aliterações.
C) preocupação com a fugacidade do tempo.
D) utilização de um vocabulário marcado pelo preciosismo.
LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 20

Minha terra

Saí menino de minha terra.


Passei trinta anos longe dela.
De vez em quando me diziam:
Sua terra está completamente mudada,
Tem avenidas, arranha-céus...
É hoje uma bonita cidade!

Meu coração ficava pequenino.

Revi afinal o meu Recife.


Está de fato completamente mudado.
Tem avenidas, arranha-céus.
É hoje uma cidade bonita.

Diabo leve quem pôs bonita a minha terra!


(BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. R.J.: Nova Aguillar, 1990.)

QUESTÃO 20

Nesse poema, sobre o Recife de sua memória, anterior à modernização, conclui-se que o eu lírico sente

A) desprezo. B) indiferença. C) nostalgia. D) revolta.

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 21

Para entrar em estado de árvore é preciso


partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em dois anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz
Hoje eu desenho o cheiro das árvores.

(BARROS, M. de. O livro das ignorãças. R.J.: Record, 2000. p. 17.)

QUESTÃO 21

Observa-se nesses versos que, para o autor, a poesia deve se propor a

A) integrar engajadamente o sujeito na sociedade que lhe é estranha.


B) incentivar a loucura como única saída para a criação estética.
C) recuperar o sentido de arte como representação naturalista.
D) transfigurar o mundo, a partir da experiência dos próprios sentidos.
QUESTÃO 22

Este fragmento foi escrito pelo romancista brasileiro Cristovão Tezza.

Como a literatura é talvez a mais lenta das artes, por excesso de proximidade ainda não temos uma imagem
nítida da prosa brasileira dos últimos anos. Ou pelo menos da prosa urbana brasileira mais recente, pós-Rubem
Fonseca, quando a cidade, já o centro do país há décadas, começa afinal a entrar de modo mais consistente na nossa
literatura no que ela tem de “não característico”, “não típico”, “não exótico”. A cidade como um espaço de relações
abstratas, desesperançadamente sem mitos, uma rede tentacular mais de funções do que de seres, que na sua
urgência parece desprovida de história, infância, silêncio, pais, filhos, árvores, paisagens, luas, saudades ou mesmo a
ideia de futuro, um futuro obrigatoriamente luminoso — enfim, um espaço esvaziado de tudo aquilo que ao longo do
tempo vem construindo os lugares comuns (não necessariamente os chavões) da literatura.

Cult, abr., 1999. n. 21. p. 15.

O escritor enfatiza que a proximidade com o tempo não possibilita uma imagem nítida da literatura produzida
recentemente, no entanto ele evidencia algumas características da cidade contemporânea incorporadas nas prosas
brasileiras pós-Rubem Fonseca. Da leitura do comentário de Cristovão Tezza, constata-se que essas características
registradas nas obras literárias visam

A) adotar o espaço urbano, construindo um ambiente fragmentado e com relações de difícil compreensão. Os
romances são marcados pela falta de esperança, pela privação de mitos e a incerteza de um futuro promissor.
B) apostar em temáticas relacionadas com a vida nos centros urbanos. Por causa disso, eles criam personagens
adaptados às grandes cidades e que sentem a necessidade de se apropriarem das novas tecnologias.
C) evidenciar a violência presente nas cidades, dialogando com os meios de comunicação de massa. Todavia, os
escritores buscam não banalizar a violência, lançando mão do passado e de mitos, como formas de guiar o
presente.
D) idealizar um futuro iluminado, em que os indivíduos da cidade não irão se importar com a velocidade
estabelecida pelos centros urbanos e sentirão a necessidade de ter um contato maior com a natureza.
E) incorporar a cidade para criticarem as relações estabelecidas pelos sujeitos, relações marcadas pela
superficialidade. No entanto, os romances apresentam a esperança de que os indivíduos construirão vínculos
mais fortes.

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA A QUESTÃO 23

O Desaparecido

Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de antigamente que sentiam frio na alma quando a tarde
estava fria, e então eu sinto uma saudade muito grande, uma saudade de noivo, e penso em ti devagar, bem devagar,
com um bem-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que parece que estou te embalando dentro de mim.

Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém
pensar que na verdade estou aproveitando uma crônica muito antiga num dia sem assunto, uma crônica de rapaz; e,
entretanto, eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e
comprido de um menino lírico. Olho-me no espelho e percebo que estou envelhecendo rápida e definitivamente; com
esses cabelos brancos parece que não vou morrer, apenas minha imagem vai-se apagando, vou ficando menos nítido,
estou parecendo um desses clichês sempre feitos com fotografias antigas que os jornais publicam de um
desaparecido que a família procura em vão.

Sim, eu sou um desaparecido cuja esmaecida, inútil foto se publica num canto de uma página interior de jornal, eu sou
o irreconhecível, irrecuperável desaparecido que não aparecerá mais nunca, mas só tu sabes que em alguma distante
esquina de uma não lembrada cidade estará de pé um homem perplexo, pensando em ti, pensando teimosamente,
docemente em ti, meu amor.

(BRAGA, R. A traição das elegantes. R. J.: Editora Sabiá, 1969.)


QUESTÃO 23

Nesse texto, a respeito da relação entre a voz narrativa e o tempo, estabelecida no primeiro parágrafo, conclui-se que

A) caracteriza espelhamento, pois o cronista identifica-se com a frieza da tarde.


B) dimensiona o sofrimento e a saudade que se abatem sobre o cronista.
C) revela a preferência do cronista pelas tardes frias, que lhe recordam um amor perdido.
D) sintetiza a visão pessimista que o cronista tem acerca do sentimento amoroso.

QUESTÃO 24

Texto 1

O gondoleiro do amor (Excerto)

Teus olhos são negros, negros,


Como as noites sem luar...
São ardentes, são profundos,
Como o negrume do mar;

(ALVES, C. Poesias completas. R. J: Ediouro, s/d. p.48.)

Texto 2
Um retrato

Seus olhos grandes, redondos e pretos


Tempos depois ainda ficavam pregados na gente
Como botões...

(QUINTANA, M. A cor do invisível. S. P: Globo, 1989.p.9.)

Com base nesses dois textos, a diferença entre o Romantismo e o Modernismo ocorre na oposição entre

A) espiritualidade x materialismo.
B) natureza x cultura.
C) passado x presente.
D) sensualidade x racionalismo.
QUESTÃO 25

Os precursores

Em meados do século XIX, começava o debate sobre a identidade do português brasileiro. Os escritores
românticos, sobretudo José de Alencar, reivindicavam para os brasileiros autonomia linguística, cultural e literária.
Movidos por um profundo nacionalismo, os românticos empenharam-se na defesa dessa autonomia.
Alencar se refere a um português alterado, transformado, chegando a falar de um “sistema gramatical”. Sem ter
disso consciência, o romancista estava, de fato, propugnando o direito dos brasileiros de escreverem conforme a
norma brasileira, abandonando a norma europeia. Ele afirmava que tinha o direito de escrever adotando o uso popular
brasileiro. De fato, porém, a causa de Alencar era “muito mais a da liberdade do artista em matéria de língua, que a
independência da variante brasileira”. Contudo, Alencar continuava a valer-se dos dicionários publicados em Portugal
que retratavam o português europeu e mesmo das gramáticas tradicionais, para defender-se de acusações de
incorreções em seus livros. Crescia progressivamente a consciência da identidade brasileira manifesta na produção
literária nacional, bem como se avolumava o debate sobre a personalidade própria do português brasileiro.

BIDERMAN, M. T. C. História do saber lexical e constituição de léxico brasileiro.


São Paulo: USP, 2002. p. 35 (adaptado).

O texto menciona como as obras românticas em meados do século XIX tinham um tom nacionalista em defesa da
identidade brasileira. Além do teor nacionalista, as obras românticas brasileiras apresentavam outras características,
como

A) a negação do materialismo e a busca do interior do homem, no sentido da manifestação de sua essência.


B) a presença do confessionalismo e o indianismo, que se mostra pela exaltação e idealização da figura do índio.
C) o conflito do homem entre as coisas terrenas e as coisas celestiais, contrapondo antropocentrismo e
teocentrismo.
D) o cultismo, que se caracteriza pela linguagem rebuscada, e o conceptismo, que considera o raciocínio lógico.
E) o positivismo, que analisa a realidade por meio das observações e das constatações racionais, e a valorização
da natureza.
QUESTÃO 26

Lenda dos campos


Cruz e Sousa

Por uma doirada tarde azul, os camponeses de uma vila risonha, numa unção bíblica, conduziam ao tranquilo
cemitério florido o loiro cadáver branco de uma virgem noiva, morta de amor, tão bela e tão nova, umedecida no
féretro, como se tivesse acabado de nascer da rosada luz da manhã.
E, então, desde o dia de sua morte, uma lenda espalhou-se em todas aquelas cabeças ingênuas, rudes e
humildes.
Ela era a deusa fantástica, a visão encantada dos antigos palácios medievais de vidraçaria gótica, onde as
rainhas mortas apareciam brancas ao luar, à flor dos lagos e rios, suspirando toda a tragédia histérica dos convulsivos
amores passados, que os ventos de hoje como que ainda melancolicamente repetem…
E, por altas horas, em certos dias, ao luar, a imaginação apreensiva dos homens e mulheres do campo via uma
virgem loira surgir do solo em exalações fosforescentes, o coração traspassado de flechas inflamadas, arrastando
soturnamente pela areia luminosa uma vasta túnica branca, os cabelos de sol soltos para trás, candidamente pálida,
cantando a canção sonâmbula do túmulo e desfolhando grandes grinaldas de flores de laranjeiras, cujas frescas e
níveas pétalas cheirosas redemoinhavam, agitadas por um vento frio — pelo vento gelado e soluçante da Morte.

Disponível em: http://goo.gl/hiQuL8. Acesso em: 8 jul. 2015 (adaptado).

O trecho, extraído da obra Missal, revela características de repúdio a toda representação do seu contexto sócio-
histórico. Esse contexto histórico é identificado pela

A) caracterização da morte a partir de uma concepção empírica e subconsciente da vida.


B) concepção mística da vida percebida pelo enfoque subconsciente e espiritualista.
C) ênfase nas ideias materialistas, valorizando o pessimismo e o rigor científico em todas as ações.
D) exaltação do individualismo, que se estenderá como característica humana até o século XXI.
E) valorização da ciência como responsável por explicar racionalmente os fenômenos da vida.

CÓDIGO DA PROVA: 4958692

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