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Gestão de Projetos

Ambientais
Material Teórico
A Gestão de Projetos

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Raisa Pereira

Revisão Textual:
Ms. Selma Aparecida Cesarin
A Gestão de Projetos

• Introdução
• Dados Históricos
• Conceitos e definições de gestão de projetos ambientais
• Considerações Finais

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nesta Unidade, discutir o uso da gestão de projetos nas organizações,
principalmente como este processo surgiu e como é utilizado nos
dias de hoje.
· Cada uma dessas concepções permite-nos compreender a função da
gestão de projetos, bem como suas facilidades, suas estratégias e como
as organizações podem atingir seus objetivos econômicos e/ou sociais.

ORIENTAÇÕES
A gestão de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades e técnicas
específicas para as atividades de um projeto, no intuito de alcançar e/ou
superar os objetivos deste, bem como de todas as partes envolvidas.

Para que estes objetivos sejam alcançados nesta Unidade, vamos


compreender o papel da gestão de projetos ao longo da História,
acompanhando o processo de surgimento da gestão de projetos, dos
primórdios até os dias de hoje.

Também vamos conceituar e identificar a importância desta área no


gerenciamento de projetos em empresas e indústrias.
UNIDADE A Gestão de Projetos

Contextualização
A gestão de projetos ambientais ainda é uma prática nova nas organizações.
Dessa forma, as empresas não compreendem qual a melhor forma de aplicar
tal processo e a comunidade não identifica os benefícios e/ou desvantagens que
podem atingi-la. Isso porque ainda não há aproximação destas duas vertentes.

O vídeo a disponível no link a seguir, mostra a importância dos projetos


sustentáveis no atual cenário mundial e como a comunidade compreende e
participa desses processo:
Explor

Disponível em: https://youtu.be/gWofE01s6ww

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Introdução
A gestão de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades e técnicas
específicas para as atividades de um projeto, no intuito de alcançar e/ou superar
os objetivos deste, bem como de todas as partes envolvidas.

Para que estes objetivos sejam alcançados, nesta Unidade vamos compreender
o papel da gestão de projetos ao longo da História, acompanhando o processo de
surgimento da gestão de projetos, dos primórdios até os dias de hoje.

Também vamos conceituar e identificar a importância desta área no


gerenciamento de projetos em empresas e indústrias.

Dados Históricos
Primeiramente, nós nos perguntamos: A utilização de projetos para a organização
de ideias é uma prática nova? A resposta é não.

O gerenciamento ou gestão de projetos ocorre desde a época do Egito antigo,


com a construção de grandes pirâmides (2000, a.C.), e continuou sendo utilizado
para o início da navegação (1450).

A primeira viagem à Lua (1969) e demais feitos realizados pelo homem foram
conduzidos por algum tipo de gerenciamento voltado para projetos. No entanto, nesta
época, este gerenciamento era realizado de maneira adaptada ou até mesmo indevida.

Somente na década de 1950 se iniciaram os estudos sobre como deveria ser feita
a gestão de projetos. Este estudo foi realizado pelas Forças Armadas americanas e,
mesmo assim, outras áreas julgavam que tal estratégia alteraria e até ameaçaria a
estrutura organizacional já existente.

No entanto, anteriormente há esse período, alguns acontecimentos foram


marcados pela gestão de projetos, mesmo sem a intenção de ser aplicada.
Durante a 1a Guerra Mundial, foram inseridos gráficos, diagramas e cronogramas
para o controle das atividades durante a construção naval. Estes gráficos ainda
são utilizados nos dias de hoje, e são chamados de Gráficos de Gantt, nome de
quem os criou.

Após a 2 a Guerra Mundial, para o reestabelecimento das cidades e inserção dos


países novamente na Economia mundial, surgiram inovações na administração
e gerenciamento de projetos. Nesta fase, surgiram projetos complexos, criando
ferramentas de gerenciamento, relações humanas, satisfação do cliente e
qualidade dos produtos.

Na década de 1990, devido ao fenômeno “globalização” da Economia, com


a necessidade de inovar nos produtos com preços baixos, prazos ainda menores

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UNIDADE A Gestão de Projetos

e buscando a satisfação dos clientes, as empresas iniciaram a quebra do padrão


organizacional e inseriram métodos de gestão de projetos em suas empresas.
Atualmente, qualquer empresa possui tecnologias adequadas e até avançadas para
o monitoramento e planejamento de seus projetos.

O primeiro órgão a criar um documento que agrupasse todas as ideias e conceitos


sobre a gestão de projetos foi o PMI® (Project Management Institute), em 1969,
disponibilizando o PMBok, que se tornou uma referência clássica sobre como deve
ser realizado o gerenciamento de projetos.

Para conhecer na íntegra o Guia de Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (PMBok),


Explor

acesse o site http://www.pmi.org/

Apesar de o gerenciamento de projetos estar mais próximo e disponível por


meio do PMBok para as empresas, muitas delas o utilizam de forma equivocada ou
até mesmo acreditam que a ideia de gerenciamento de projetos não é uma forma
eficaz de controle operacional.

Para compreender a evolução da gestão de projetos, a seguir está o resultado


de uma pesquisa realizada na Inglaterra (Figura 1). O que chama a atenção é a
frequência de projetos em relação à tecnologia de informação em comparação as
outras áreas.

Apesar de a pesquisa ter sido realizada em apenas um país, este resultado se


reflete de maneira geral em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, poucas empresas
possuem a total organização voltada para projetos. As empresas de tecnologia
de informação, construção civil e telecomunicações são as mais frequentes para
apresentar uma gestão eficiente de seus projetos.

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Figura 1: Frequência de projetos.
Fonte: Pesquisa de White; Fortune, 2002.

E os projetos ambientais? Quando surgiram? A preocupação com o meio ambiente


iniciou em 1972, com a Conferência de Estocolmo, a qual resultou em 21 princípios,
sendo que um deles era “Todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente
equilibrado”, com o objetivo de preservar o ambiente em que vivemos.

Em 1983, a ONU instituiu a Comissão Mundial do Meio Ambiente e


Desenvolvimento com novos princípios e responsabilidades, propondo a união do
desenvolvimento com a sustentabilidade ambiental.

A partir desse período, a agenda ambiental e a preocupação com o meio


ambiente, passaram a fazer parte não somente das diretrizes governamentais, mas
também do planejamento das empresas.

No entanto, apesar de o tema meio ambiente estar inserido na sociedade, as


empresas ainda são reativas em relação à preservação, cumprindo somente as
legislações pertinentes e aplicáveis ao seu ramo de atividade, pensando na redução
de riscos de multa. O foco ainda não é a preservação da poluição e sustentabilidade,
e sim melhorar a imagem da empresa com a sociedade, e diminuir custos.

Outra dificuldade encontrada para o gerenciamento de projetos ambientais é


que, apesar de criado o Guia de Gerenciamento de Projetos (PMBok), ele não trata
especificamente da gestão ambiental nos projetos.

O mapeamento adequado das entradas e saídas para subsidiar o desenvolvimento


da gestão seria essencial para desenvolver a sustentabilidade não só econômica,
mas também com princípio ambiental.

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UNIDADE A Gestão de Projetos

Dessa forma, para que a gestão ambiental do projeto atinja todas as demais
áreas do gerenciamento de projetos como interação, escopo, tempo, custo,
qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos e aquisições, faz-se necessário o
mapeamento de onde os conhecimentos dessa área são aplicáveis e de que forma
são indispensáveis para que o projeto aconteça.

A única maneira de isso ser feito é por meio das legislações. Estas leis podem
auxiliar as empresas a inserir a preservação ambiental no gerenciamento dos pro-
jetos. Muitas dessas leis foram criadas quase no final do século XX, acompanhando
a preocupação ambiental mundial.

A Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n° 6.938/85, é o primeiro e grande


marco em termos de proteção ambiental no Brasil. Esta lei definiu conceitos,
objetivos, princípios e instrumentos para a preservação ambiental, reconhecendo a
importância do meio ambiente e da vida. Apesar de várias legislações inseridas no
Brasil, a fiscalização ainda é escassa e os projetos ainda cumprem somente o básico
para preservação do meio ambiente.

Para resumir o que foi discutido até agora, segue a evolução histórica com as
diferentes fases da abordagem e aplicação do gerenciamento de projetos (Tabela 1).

TABELA 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA – FASES DA ABORDAGEM DOS PROJETOS


1960 – 1981 Dominado por setores de defesa civil, aeroespacial e de construção,
Gerenciamento de projetos tradicional privilegiando metas de custo.

1981 – 1993 Metodologia surge para ser aplicada em pequenos projetos, com
Período da renascença equipes e decisões coletivas; dominada pela criação de softwares.
Início da preocupação com o meio ambiente.

1993 – dias atuais Organizações passam a reconhecer o benefício do gerenciamento de projetos.


Gerenciamento de Projetos Moderno Meio ambiente passa a ser preocupação obrigatória pelas empresas.

Fonte: KERZNER, 2002.

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Conceitos e definições de gestão
de projetos ambientais
Afinal, o que é um projeto?

Todos os dias nos deparamos diante de projetos e muita vezes não os


identificamos. Um bom exemplo são os filmes. Quando vamos ao cinema, cada
um daqueles filmes já foi um projeto, uma produção cinematográfica envolvendo
pessoas, equipe e, principalmente, custos.

Quando o filme é sucesso de bilheteria, isso significa que o projeto foi bem
sucedido. Mesmo assim, isso não impedirá o filme de ocupar apenas um catálogo,
encerrando seu ciclo de vida. No entanto, a equipe e as pessoas ainda poderão
participar de novos filmes (novos projetos), organizando-se e voltando a lucrar.

Dessa forma, projeto é definido como “uma unidade da organização dedicada


a atingir uma meta, geralmente a conclusão bem sucedida do desenvolvimento de
um produto no prazo, dentro do orçamento e em conformidade com especificações
de desempenho predeterminadas”. Esta foi a primeira definição de projeto, citada
em 1959, por Gaddis, e utilizada até os dias de hoje.

A definição mais utilizada é a descrita no PMBok (2008), que define projeto


como “um empreendimento temporário com o objetivo de criar um produto ou
serviço único”. Temporário porque todos os projetos possuem um início e final
definidos. O final só é alcançado quando os objetivos do projeto tiverem sido
atingidos, quando se tornar claro que os objetivos não serão ou não poderão ser
atingidos ou quando não existir mais a necessidade do projeto e ele for encerrado.

Importante! Importante!

Nem todo projeto necessita atingir seus objetivos. Projetos podem se tornar inviáveis
ou não aplicáveis e mesmo assim não deixam de ser considerados projetos concluídos.

Projetos ambientais são aqueles em que os resultados alcançados afetarão de


alguma forma o meio ambiente. A problemática desses projetos envolve mitigação,
manutenção ou melhoria da qualidade ambiental. As diferenças de gestão entre
projetos em geral e projetos ambientais serão abordados ao longo da disciplina.

Os projetos, como um todo, são caracterizados pela elaboração progressiva, ou


seja, possui um escopo inicial e que se tornará mais explícito e detalhado conforme
o desenvolvimento do processo.

O assunto escopo no planejamento de gestão de projetos será aprofundado


na Unidade posterior.

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UNIDADE A Gestão de Projetos

Após a definição clássica de “projetos”, podemos entender que eles estão constantemente
Explor

presentes em nossas vidas, como a construção de nossas casas, a organização de um aniversário


ou casamento, a realização de uma viagem e elaborar um trabalho, entre outras atividades.

Dessa forma, os projetos surgem nas empresas como meio de organizar as


atividades que não podem ser abordadas dentro dos limites operacionais da
organização. Portanto, os projetos são utilizados, frequentemente, como um meio
para atingir um plano estratégico.

Segundo o PMBook (2008), geralmente os projetos são autorizados em uma


organização como resultado de uma ou mais das seguintes considerações estratégicas:
· Surgimento de uma nova demanda de mercado (Exemplo: um novo
projeto é autorizado por uma companhia de petróleo para construir uma
nova refinaria, decorrente da falta de gasolina disponível);
· Uma necessidade organizacional (uma Universidade cria um novo projeto
para um novo Curso ser inserido para aumentar seu lucro);
· Nova solicitação de cliente (uma companhia de energia autoriza um novo
projeto para construir uma nova subestação para atender a um novo
parque industrial);
· Um avanço tecnológico (uma empresa de software autoriza um novo
projeto para desenvolver uma nova geração de videogames após o
lançamento de um novo equipamento para jogos);
· Um requisito legal (um fabricante de tintas autoriza um projeto para estabelecer
diretrizes para o manuseio de um novo material tóxico).

Importante! Importante!

Conceitos de projeto: temporário; produto ou serviço único; realizado por pessoas;


recursos limitados e elaboração progressiva.

Muitas organizações também passaram a adotar projetos como forma de


descentralizar os seus processos. Por exemplo, grandes construtoras passaram a
considerar cada obra como um projeto, isto é, como se fosse uma miniempresa, com
autonomia administrativa para comprar, recrutar pessoal, alugar equipamentos,
administrar esquemas de financiamento etc.

Note que o termo “empresa” significa uma


organização que tem empreendimentos,
isto é, projetos.

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O gerenciamento dos projetos influencia e transforma radicalmente a organiza-
ção e a dinâmica da empresa. Muitos paradigmas são quebrados e os pensamentos
renovados de modo a assegurar as particularidades, impactos e benefícios.

No entanto, para facilitar essa mudança, pode-se criar novas políticas adequadas.
Muitas empresas nos EUA conseguem se estruturar em cerca de três anos e
conseguem alcançar os objetivos traçados no início do projeto.

Outro fator que pode colaborar para que as organizações aprovem a gestão de
projetos é evidenciar a participação dos funcionários e responsáveis pelas perdas e lucros.
Esta característica contribui para detectar problemas e melhor retorno das práticas de
gerenciamento dos envolvidos, auxiliando para indicar as alterações necessárias.

Devido aos motivos destacados acima, muitas empresas buscam a capacitação


em gerenciamento de projetos para a preparação de muitos dirigentes. Por
exemplo, a carreira de executivos passa o brigatoriamente por cuidar de projetos
mais e mais estratégicos e desafiadores.

Mas o que é gerenciar um projeto? Como devemos proceder?

A partir de agora, vamos discutir sobre estas questões.

O PMBok (2008) define gerenciamento de projetos como: “aplicação do


conhecimento, habilidades e técnicas para projetar atividades que visem a atingir ou a
exceder as necessidades e expectativas das partes envolvidas com relação ao projeto.

Toda empresa busca se destacar no mercado econômico buscando autonomia


financeira, ou seja, superar a concorrência. Para que isto aconteça, a organização
necessita de estratégias para que sua atuação dentro do mercado seja diferenciada.

Estas estratégias são ações coordenadas para que a empresa cresça futuramente.
O resultado dessa união de ideias é a elaboração de diversos projetos que deverão
ser estabelecidos e monitorados por um prazo delimitado.

Estes projetos gerarão novos produtos, novos serviços e novas metas, melhorando
a infraestrutura e o desempenho e desenvolvendo novos processos e novas áreas
dentro da empresa.

Dessa forma, fica claro que a consequência da estratégia é um novo projeto, e


para que ele seja bem sucedido, faz-se necessário um bom gerenciamento.

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UNIDADE A Gestão de Projetos

Gestão

Figura 1
Fonte: Dik Browne

A charge acima descreve, de maneira irônica, um projeto que não ocorreu como
esperado. Ou seja, eles esperavam ganhar a guerra e isso não aconteceu. Será que
o planejamento foi correto? Todas as interferências foram estudadas?
Certamente, não. Por isso é importante que todas as etapas dos projetos sejam
planejadas e acompanhadas.
Para atendermos às necessidades e às expectativas, devemos equilibrar as partes
envolvidas: escopo, prazo, custo e qualidade. Dessa forma, a ideia básica para
execução de um projeto seria:
·· Definição dos objetivos;
·· Criar um planejamento do projeto;
·· Montar uma infraestrutura física e de pessoas;
·· Executar o plano;
·· Obter aceitação dos produtos e/ou serviço;
·· Fim do projeto;
·· Avaliação.
Para sintetizar estas informações, a Figura 2 ilustra a participação da gestão
do projeto, considerando o custo e o prazo. Quando a gestão não é realizada
eficientemente, o escopo não é atendido completamente, bem como os custos se
elevam e o prazo é ultrapassado.

Figura 3: Gestão de projetos.

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Além de custo e prazo, outras áreas do conhecimento são necessárias para
que o gerenciamento do projeto seja realizado com sucesso. Estas áreas estão
definidas a seguir.

Integração
O gerenciamento deve garantir que todas as áreas envolvidas do projeto
sejam integradas.

Essa área exige uma visão sistêmica e global por parte do gerente de projetos.
É a integração dos processos que faz com que todas as partes distintas do projeto
formem um conjunto único e evoluam para que o objetivo seja alcançado.

Para isso é realizado o Plano de Projeto, que utiliza as saídas dos processos para
criar um documento consistente que possa ser usada para guiar a execução quanto
ao controle do projeto. Isto é, neste documento, são descritos os planos de todas as
áreas envolvidas, informações técnicas, administrativas, restrições (prazo, escopo,
limitações ambientais) históricas (bando de dados, registros de desempenhos),
políticas e econômicas (planos de contas).

Este documento é apresentado para a Alta Diretoria e servirá como critério de


avaliação e de acompanhamento pelos superiores. Deste modo, trata-se de um
documento de extrema importância e que deve possuir o máximo de informações
consistentes possíveis.

Escopo
O escopo do projeto inclui os processos requeridos para assegurar que o produto
e/ou serviço seja obtido em conformidade com as especificações, e que haja o
mínimo de alterações possíveis ao longo da execução do projeto.

Para isso, além de definido o escopo, também é definido seu detalhamento por
meio de especificações técnicas, detalhamento das ações e tarefas que compõem
o produto final, denominada a estrutura analítica do projeto (WBS). O escopo
abrange a principal parte de todo o projeto e por isso este assunto será abordado
novamente na Unidade posterior.

Tempo
A função do gerenciamento do tempo é garantir que o projeto seja concluído
dentro do prazo estabelecido. São estabelecidas “datas-marco” (millstone no
inglês), com prazo limite ou diferentes prazos para cada etapa de execução.

Trata-se do planejamento e monitoramento das atividades a serem realizadas


ao longo da execução do projeto. Muitas empresas consideram esta etapa como
prioritária sobre qualquer outra característica do projeto.

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UNIDADE A Gestão de Projetos

Para estimar a duração de cada etapa do projeto, existem vários métodos, como
dados históricos de outros projetos, estatísticas de outras empresas e simulações.

A partir daí as atividades são programadas e aprovadas pela Diretoria. Isso


devido à existência de outros projetos na empresa, que devem ser avaliados para
evitar o conflito da utilização de recursos.

Dessa forma, têm-se um cronograma completo do projeto, que se torna referência


para todos os envolvidos. Vale ressaltar que o projeto é um processo dinâmico que
pode ser alterado com o passar do tempo. Esta atualização no cronograma inicial
poderá evitar possíveis surpresas, pois as ações serão tomadas preventivamente.

Custos
A gerência dos custos do projeto inclui os processos necessários para assegurar
que o projeto será concluído dentro do orçamento aprovado. Para isso, deve-se
determinar quais recursos (materiais, pessoas, equipamentos) serão utilizados
para executar as atividades do projeto. A partir daí, é elaborado o orçamento
com base na estimativa dos custos globais dos recursos estabelecidos. Estes
custos são controlados ao longo da execução do projeto.

Na grande maioria dos casos, o orçamento é a maior restrição de um projeto, e


a sua melhoria é o maior desafio dos responsáveis na empresa. Por isso, ele deve
ser realizado por meio das melhores ferramentas, com o preço mais próximo do
real e com um controle eficiente.

Qualidade
A qualidade dos processos garante que o projeto irá satisfazer as necessidades
para as quais ele foi empreendido. O planejamento da qualidade identifica quais os
padrões de qualidade e como eles serão determinados nos processos envolvidos.
Periodicamente, o desempenho destes padrões é avaliado e seus resultados
são monitorados para determinar se estes estão de acordo com os padrões de
qualidade e, caso os desempenhos sejam insatisfatórios, são determinadas ações
para eliminar as causas.

Os custos da qualidade como treinamentos, controle, testes e auditorias, bem


como os de não qualidade (perdas, retrabalho, atrasos) devem ser registrados ao
longo do projeto, a fim de que sejam corrigidos e evitados em projetos futuros.

Vale ressaltar que essa área tem papel principal para o sucesso do projeto (tríade
do sucesso: prazo, custo e qualidade).

Além disso, seus resultados devem ser destacados, pois contribuem para a
viabilização e a geração de novos projetos.

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Recursos Humanos
O gerenciamento dos Recursos Humanos inclui os processos requeridos para
possibilitar o uso mais efetivo das pessoas envolvidas com o projeto. Isto inclui
todos os envolvidos no projeto como clientes, patrocinadores, contribuintes etc.
Da mesma forma, deve-se realizar um planejamento, identificando, documentando
e designando funções, responsabilidade e relacionamentos das áreas dentro do
projeto. Com as funções determinadas, são montadas as equipes, desenvolvendo
habilidades individuais e de grupo para aumentar o desempenho do projeto.

O contexto operacional exige dos envolvidos liderança, comunicação, negociação,


delegar, motivar, treinar etc. Todos estes pontos são monitorados com avaliação do
desempenho, recrutamento, manutenção e relações de trabalho.

Comunicações
O processo de comunicação é fundamental para que haja perfeita integração entre
as principais áreas do gerenciamento dos projetos. Dessa forma, a comunicação
ágil, ampla, simples e direta não gera distorções ou atraso das ações.

A comunicação não gera resultados diretos no projeto, mas, para alcançar os


resultados esperados, a comunicação é o meio adequado para coordenar as equipes
e obter as informações necessárias.

Riscos
O monitoramento dos riscos surgiu devido ao aumento da complexidade dos proje-
tos, aumento dos valores envolvidos, diminuição dos prazos e diminuição das margens
de lucro. Os riscos também envolvem a imagem da empresa, bem como a reputação
das partes externas interessadas. Estes riscos devem ser mapeados e mitigados.

Para isso, todos os riscos que podem afetar o sucesso do projeto são identificados e
medidos em relação a seu impacto. O controle da execução passa a estabelecer ações
mitigadoras e seus responsáveis, bem como a frequência de acontecimento deles.

Suprimentos e Contratos
O gerenciamento dos suprimentos para atender os contratos garante que
o produto/serviço fornecido seja concluído no prazo e de acordo com as
especificações. Geralmente, as empresas possuem uma área (departamento de
compras) para atender a área de suprimentos.

Nesta etapa, os produtos devem ser comprados levando em consideração a


qualidade dos fornecedores disponíveis, bem como o prazo de entrega dos produtos
envolvidos para a elaboração do produto final.

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UNIDADE A Gestão de Projetos

Dentro de cada área de conhecimento exposta, existem outros processos


vinculados, os quais estão distribuídos ao longo das diversas fases de um ciclo de
vida de um projeto.

Um processo pode ocorrer pelo menos uma vez em cada projeto e ainda em
uma ou mais fases do projeto. Estes processos interagem entre si e também com
processos de outras áreas do conhecimento, formando a integração das áreas,
como apresentado na Figura 4.

Recursos
Humanos
Escopo Custo

Aquisições Integração Comunicação

Tempo Qualidade
Risco

Figura 4: Áreas do conhecimento em gerenciamento de projetos


Fonte: PMBok (2008).

Para gerenciar um projeto, então, precisamos identificar os requisitos básicos


para aplicação daquele projeto; estabelecer objetivos claros e alcançáveis;
balancear demandas conflitantes por qualidade, escopo, prazo e custo; adaptar as
especificações, planos e abordagens para diferentes preocupações e expectativas
das partes interessadas (stakeholders).

Iniciar Planejar

Controlar Executar

Finalizar

Figura 5

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É recomendável que para o projeto que seja rentável, e que consequentemente
gerará custos, seja realizado o estudo de viabilidade para garantir que os custos e
os objetivos sejam atendidos.

No entanto, não necessariamente todos os projetos das empresas são rentáveis.


Muitas empresas possuem projetos sem fins lucrativos, mas que atingem grandes
benefícios. Isso acontece porque estas empresas possuem outros projetos de
elevada rentabilidade.
Explor

O estudo de viabilidade é definido como processo que avalia se um projeto é viável ou não.

Os projetos ambientais têm como característica envolver fortes questões políticas,


inúmeros benefícios inatingíveis e uma gama de stakeholders. Em sua maioria, os
projetos ambientais são aprovados sem qualquer estudo de viabilidade.

Isso acontece porque muitas vezes os projetos ambientais atendem somente à


exigência legal, com negociação com os órgãos públicos da “obrigação de fazer”.
No entanto, o estudo de viabilidade auxiliaria a identificar alternativas para atingir
a meta e, naturalmente, os custos seriam diferentes.

Além disso, os projetos ambientais possuem como principal objetivo reduzir a


poluição, mas a questão central é encontrar a forma mais econômica de fazê-lo.
Muitas vezes, reduzir 90% dos índices de poluição irá significar custos dez vezes
maiores do que reduzir somente 70% da poluição. Logo, é mais razoável reduzir a
poluição em 70% e utilizar os recursos economizados em outros projetos ambientais.

As empresas também optam por projetos curtos, que são gerenciáveis mais
facilmente. Dessa forma, os programas abrangem inúmeros projetos, reduzindo
os riscos, gerenciando as equipes e os orçamentos e obtendo mais rapidamente os
benefícios decorrentes da implantação dos projetos.

No entanto, projetos ambientais costumam ser realizados por longos períodos


de anos, devido à recuperação de áreas ou reparação do dano ambiental ser grave
e geralmente abrange uma área extensa.

Além do cumprimento da legislação e da recuperação das áreas destruídas, os


projetos ambientais também podem abranger a sustentabilidade. O desenvolvimento
sustentável é definido como “aquele que atende às necessidades do presente, sem
comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às duas próprias
necessidades” (Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991).

Dessa forma, as empresas devem avaliar como se tornarem sustentáveis


sem comprometer seus lucros, quais estratégias adotar, como obter vantagem
competitiva a respeito dos ideais sustentáveis, entre outras questões, que podem
auxiliar a elaboração de tal projeto.

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UNIDADE A Gestão de Projetos

A grande dificuldade é oferecer produtos/serviços diferenciados e pautados na


sustentabilidade para os clientes e mensurar os lucros do negócio. Por isso, adotar
uma gestão sustentável não ocorre de forma rápida. É necessário conhecer os
princípios que regem as organizações e a sociedade, um planejamento em longo
prazo e ações que garantam a continuidade do projeto, entre outras etapas inseridas
nos processos de gerenciamento discutidas nesta Unidade.

Considerações Finais
A procura das empresas por um espaço no mercado econômico, a busca pela
satisfação dos clientes e a necessidade de reduzir custos fizeram com que os projetos
fossem uma ferramenta muito importante para administração das empresas. Para
suprir essa demanda, um conjunto de ideias e ferramentas é utilizado, chamado
Gerenciamento de Projetos.

Embora as técnicas e ferramentas sejam utilizadas desde o século XVIII, a


prática ainda é inserida de maneira equivocada, principalmente em relação aos
projetos ambientais.

Para que o projeto seja realizado com sucesso, devemos compreender


diversas áreas do conhecimento, como: escopo, custo, tempo, riscos, qualidade,
comunicação, aquisições e recursos humanos. Todas estas áreas devem trabalhar
integradas, alcançando os objetivos e as metas estabelecidos.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Diretrizes para avaliação de projetos e programas de investimento social privado
MARINO, E. . 2003.São Paulo: FEA/USP. Dissertação de Mestrado em Administração;
Administração de Projetos: como transformar idéias em resultados
MAXIMIANO, A. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2009;
Construindo Competências para Gerenciar Projetos: teorias e casos
CARVALHO, M. . 2.ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Leitura
Roteiro para Elaboração de Projetos de Educação Ambiental
http://goo.gl/LLlEVN

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UNIDADE A Gestão de Projetos

Referências
COMISSÃO Mundial Sobre Meio Ambiente E Desenvolvimento. 1991. Nosso
futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV. Disponível em: <http://pt.scribd.
com/doc/12906958/Relatorio-Brundtland-Nosso-Futuro-Comum-Em-
Portugues#scribd>. Acesso em: 2 jul. 2015.

KERZNER, H. 2002. Gestão de projetos: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman.

PROJECT Management Institute. Practice standard for work breakdown


structures. 2008. Disponível em: <http://www.pmi.org/> Acesso em: 2 jul. 2015.

SCHLEDER, A.; Pedreira, E. R.; MAZZALI, R. Gestão de negócios sustentáveis.


Rio de Janeiro: FGV, 2013.

WHITE, D.; FORTUNE, J. Current practice in project management: an empirical


study. International Journal of Project Management. Reino Unido, Centre for
Complexity and Change, The Open University, v. 20.p1-11, 2002.

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