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Júri:
Presidente: Doutor João Manuel Vicente Fradinho, Professor Auxiliar FCT/UNL
Arguentes: Doutor Miguel Araújo Machado, Professor Auxiliar FCT/UNL
Doutor José Manuel Cardoso Xavier, Professor Auxiliar FCT/UNL
Doutor Rui Fernando dos Santos Pereira Martins, Professor Auxiliar
Vogal:
FCT/UNL
Setembro 2019
ii
Avaliação da resistência à fadiga de limas de endodontia sujeitas a flexão rotativa e da
sua integridade estrutural com recurso à utilização de termografia e de correntes
induzidas
iii
iv
Agradecimentos
v
vi
Resumo
O propósito deste estudo é comparar a resistência mecânica à fadiga, por flexão
rotativa, de limas endodônticas de diferentes gerações, fabricadas em Níquel-Titânio
(NiTi). Adicionalmente pretende-se averiguar a possibilidade de utilização de Ensaios
Não Destrutivos (END), através dos métodos de correntes induzidas (CI) e termografia,
na deteção de fissuras de fadiga, responsáveis por grande parte das fraturas das limas
em ambiente clínico.
Os instrumentos foram colocados em rotação numa montagem experimental,
projetada para simular um canal radicular com um raio de curvatura igual a 4.7 mm
aplicado ao longo de um ângulo de 45°. Foram testadas seis limas rotativas HyFlex™
EDM (Coltene, Suíça), de dois tamanhos diferentes, e comparadas com os resultados
obtidos para duas limas HyFlex™ CM de tamanho 20/.04. Foram ainda avaliadas as suas
superfícies de fratura com auxílio de um microscópio eletrónico Leica DMI 5000 M.
Para a aplicação dos END, introduziu-se um defeito artificial na região apical de uma
lima HyFlex CM. Seguidamente, foram produzidas e validadas experimentalmente dez
sondas de CI, especificamente concebidas para a sua inspeção. Foram ainda realizadas
simulações numéricas, replicando-se os parâmetros e as condições das duas sondas que
revelaram melhor capacidade de detetabilidade. Por fim, fez-se uma inspeção
termográfica ao instrumento defeituoso, utilizando-se uma câmara Fluke Ti 400.
Os resultados experimentais mostraram que a geração de instrumentos mais
recente (EDM), fabricados através do processo de eletroerosão, são bastante mais
resistêntes à fratura por fadiga quando comparados com as limas CM (Control Memory).
Em relação aos END, as metodologias desenvolvidas para a inspeção das limas
através das CI revelaram-se incapazes de detetar a região defeituosa, em grande
medida devido à sua conicidade. As simulações numéricas corroboraram os resultados
experimentais. Por outro lado, conseguiu-se detetar o defeito através da termografia,
embora com alguma dificuldade devido às suas reduzidas dimensões.
Palavras Chave: Limas Endodônticas, Fadiga Mecânica, Ensaios Não Destrutivos (END),
Correntes Induzidas (CI), Termografia.
vii
viii
Abstract
The purpose of this study is to compare the fatigue resistance to rotational
bending of endodontic files of different generations, made of nickel-titanium (NiTi).
Additionally, it is intended to investigate the possibility of using Non-Destructive Tests
(NDT), mainly eddy currents (EC) and thermography, in the detection of fatigue
microcracks, responsible for most of the fractures of the files in clinical environment.
The instruments were placed in rotation in an experimental setup designed to
simulate a root canal with a radius of curvature of 4.7 mm applied over an angle of 45 °.
Six HyFlex ™ EDM rotary files (Coltene, Switzerland) of two different sizes were tested,
and compared with the results obtained for two HyFlex ™ CM files of size 20 / .04. Their
fracture surfaces were also analysed using a Leica DMI 5000 M electronic microscope.
For NDT application, an artificial defect was introduced in the apical region of a
HyFlex CM file. Subsequently, ten EC probes, specifically designed for their inspection,
were produced and validated experimentally. Numerical simulations were carried out,
replicating the parameters and conditions of the two probes that showed better
detectability. Finally, a thermographic inspection of the defective instrument was
performed using a Fluke Ti 400 thermographic camera.
Experimental results showed that the newer generation of instruments (EDM)
manufactured by the electroerosion process are much more resistant to fatigue fracture
when compared to CM files.
With respect to NDT, the methodologies developed for the inspection of files
through ECs proved unable to detect the faulty region, largely due to their taper and the
electromagnetic properties of NiTi alloys. In addition, numerical simulations
corroborated the experimental results. On the other hand, the defect introduced in the
endodontic file could be detected by thermography, although with some difficulty due
to its small size.
Key Words: Endodontic Files, Mechanical Fatigue, Non-Destructive Testing (NDT), Eddy
Currents (EC), Thermography.
ix
x
Índice
Agradecimentos.................................................................................................................v
Resumo ............................................................................................................................ vii
Abstract ............................................................................................................................ ix
Índice de Figuras .............................................................................................................. xv
Índice de Tabelas ............................................................................................................ xxi
Nomenclatura ............................................................................................................... xxiii
1. Introdução ................................................................................................................ 1
1.1 Estado de Arte e Motivação ............................................................................. 1
1.2 Objetivos ........................................................................................................... 2
1.3 Estrutura da Dissertação .................................................................................. 2
2. Revisão Bibliográfica ................................................................................................. 5
2.1 Introdução ........................................................................................................ 5
2.2 Endodontia ....................................................................................................... 5
2.3 Instrumentos Endodônticos ............................................................................. 6
2.3.1 Enquadramento Histórico .......................................................................... 6
2.3.2 Ligas de Níquel – Titânio............................................................................. 7
2.3.3 Instrumentos de Níquel – Titânio ............................................................. 10
2.3.4 Caracterização Dimensional dos Instrumentos Endodônticos ................. 12
2.3.5 Fratura de Instrumentos Endodônticos ................................................... 13
2.3.6 Esterilização .............................................................................................. 14
2.3.7 Diferentes Tipos de Instrumentos Endodônticos de Ni-Ti ....................... 15
2.4 Fadiga Mecânica ............................................................................................. 18
2.4.1 Ensaios à fadiga de instrumentos endodônticos de NiTi ......................... 18
2.4.1.1 1.º Caso de estudo ............................................................................ 19
2.4.1.2 2.º Caso de estudo ............................................................................ 22
2.5 Ensaios Não Destrutivos ................................................................................. 24
2.5.1 Termografia por Infravermelhos .............................................................. 24
2.5.1.1 Introdução ......................................................................................... 24
2.5.1.2 Enquadramento Histórico ................................................................. 25
2.5.1.3 Câmara Termográfica ........................................................................ 26
2.5.1.4 Termografia por Infravermelhos como END ..................................... 27
xi
a) Termografia Ativa por Excitação Ótica ................................................. 29
b) Termografia Ativa por Correntes Induzidas (ECT) ................................ 31
c) Termografia Ativa por Ultra-sons (UST)................................................ 32
2.5.2 Correntes Induzidas .................................................................................. 33
2.5.2.1 Introdução ......................................................................................... 33
2.5.2.2 Enquadramento Histórico ................................................................. 33
2.5.2.3 Fundamentos das CI como END ........................................................ 34
2.5.2.4 Limitações das Correntes Induzidas como END ................................ 36
2.5.2.5 Tipos de Sondas ................................................................................. 38
a) Configuração ......................................................................................... 38
b) Modo de Funcionamento ..................................................................... 39
c) Modo de Operação ............................................................................... 39
d) Modo de Ligação ................................................................................... 41
2.5.2.6 Estado-de-Arte das Técnicas de CI como END .................................. 42
3. Metodologias e Procedimentos Experimentais ..................................................... 45
3.1 Introdução ...................................................................................................... 45
3.2 Ensaios de Fadiga por Flexão Rotativa ........................................................... 46
3.2.1 Caracterização Dimensional dos Instrumentos Ensaiados ....................... 46
3.2.2 Montagem Experimental .......................................................................... 47
3.2.3 Procedimento Experimental ..................................................................... 49
3.3 Ensaios de Correntes Induzidas ...................................................................... 51
3.3.1 Desafios na Implementação do Método das Correntes Induzidas .......... 51
3.3.2 Caracterização dos Instrumentos de Estudo ............................................ 52
3.3.3 Conceção das Bobinas de Dupla Função .................................................. 53
3.3.4 Conceção das Sondas de Correntes Induzidas ......................................... 54
3.3.5 Montagem Experimental .......................................................................... 56
3.3.6 Simulação Numérica ................................................................................. 58
3.4 Ensaios de Termografia .................................................................................. 61
3.4.1 Seleção de Equipamento .......................................................................... 61
3.4.2 Montagem Experimental .......................................................................... 63
4. Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas ............. 67
4.1 Introdução ...................................................................................................... 67
4.2 Validação Experimental .................................................................................. 67
xii
4.2.1 Resultados dos Ensaios Utilizando as Sondas Absolutas.......................... 69
4.2.2 Discussão dos Resultados ......................................................................... 73
4.2.3 Resultados dos Ensaios Utilizando as Sondas Diferenciais ...................... 74
4.2.4 Discussão dos Resultados ......................................................................... 77
4.3 Validação Numérica ........................................................................................ 78
5. Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais ..................................... 83
5.1 Introdução ...................................................................................................... 83
5.2 Ensaios de Fadiga por Flexão Rotativa ........................................................... 84
5.2.1 Resultados dos Ensaios ............................................................................. 84
5.2.1 Análise da Superfície de Fratura ............................................................... 86
5.2.2 Discussão dos Resultados ......................................................................... 88
5.3 Ensaios de Correntes Induzidas ...................................................................... 90
5.3.1 Resultados para Sondas Absolutas ........................................................... 90
5.3.2 Resultados para Sondas Diferenciais ........................................................ 93
5.3.3 Discussão dos Resultados ......................................................................... 96
5.4 Ensaios de Termografia .................................................................................. 99
5.4.1 Resultados dos ensaios............................................................................. 99
5.4.2 Discussão dos Resultados ....................................................................... 101
6. Conclusões e Desenvolvimentos Futuros ............................................................. 103
6.1 Introdução .................................................................................................... 103
6.2 Conclusões .................................................................................................... 104
6.2.1 Ensaios de Fadiga por Flexão Rotativa ................................................... 104
6.2.2 Ensaios Não Destrutivos ......................................................................... 105
6.3 Propostas para Desenvolvimentos Futuros.................................................. 106
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 107
xiii
xiv
Índice de Figuras
xv
Figura 2.23 - Representação do efeito lift-off e da intensidade e localização das CI
produzidas por uma bobina (vista de corte). ................................................................. 37
Figura 2.24 – Exemplo de uma sonda envolvente para inspeçaõ de tubos e barras. .... 38
Figura 2.25 – (a) Exemplo de uma sonda interior para inspeção de peças tubulares, (b)
Exemplo de uma sonda superficial comercial. ............................................................... 38
Figura 2.26 – (a) Sonda de dupla função; (b) Sonda do tipo reflexão. .......................... 39
Figura 2.27 - (a) Sonda absoluta evolvente de dupla função não equilibrada; (b) Sinal
caracterisitco de um sonda absoluta.............................................................................. 39
Figura 2.28 - Sonda absoluta evolvente de dupla função equilibrada ........................... 40
Figura 2.29 - (a) Sonda diferencial envolvente de dupla função; (b) Sinal caracterisitco de
um sonda diferencial. ..................................................................................................... 40
Figura 2.30 - Ligação de absoulta de uma sonda absoluta utilizando um circuito RL. .. 41
Figura 2.31 - (a) Ligação bridge não equilibrada, (b) Ligação bridge equilibrada. ......... 41
Figura 2.32 - (a) Esquematização do sistema de CI utilizado; (b) Fissuras no objeto de
teste. ............................................................................................................................... 42
Figura 2.33 - Resultados dos ensaios obtidos nas diferentes fissuras. .......................... 43
Figura 3.1 - Sistema de limas rotativas HyFlex EDM de três tamanhos diferentes. ...... 46
Figura 3.2 – Caracterização dimensional e variação da secção transversal dos
instrumentos: (a) Hyflex EDM OneFile 25/~; (b) Hyflex EDM Glidepath 10/.05. ........... 47
Figura 3.3 - Rendering da montagem experimental. ..................................................... 47
Figura 3.4 - Montagem experimental: (1, 2) - Braçadeiras de fixação do micromotor; (3)
- Micromotor; (4) - Instumento endodôntico; (5,6) - Esturutras que simulão o canal
radicular; (7) - Estrutura de Suporte; (8) - Grampo de fixação; (9) – Placa de teflon; ... 48
Figura 3.5 - Sistema de controlo WaveOne. ................................................................... 48
Figura 3.6 - Perpendicularidade entre a aresta da peça de encosto, representada pelo
segmento de reta AB, e o eixo do instrumento. ............................................................ 50
Figura 3.7 - Marca cuja extremidade superior indica uma distância de 5 mm até ao centro
da curvatura do canal. .................................................................................................... 50
Figura 3.8 – Caracterização dimensional e geométrica da lima rotativa HyFlex CM 20/.04;
Imagem da secção transversal retirada de [59]. ............................................................ 52
Figura 3.9 - Defeito artificial introduzido num instrumento HyFlex CM a 5 mm da ponta.
........................................................................................................................................ 53
Figura 3.10 - Concepção das bobinas: (a) Enrolamentos da bobina unidos ao redor de
um arme envolto em fita teflon, (b) Vista de cima da bobina resultante, (c) Vista lateral
da mesma. ...................................................................................................................... 54
Figura 3.11 - (a) Sonda absoluta equilibrada, (b) Sonda diferencial. ............................. 54
Figura 3.12 - Montagem experimental para os END. (1) Bloco de fixação dos
Instrumentos; (2) Sonda de CI; (3) Mesa XY; (4) Placa de aquisição de dados DAQ - 5080;
(5) Nortec; (6) Software dedicado. ................................................................................. 56
xvi
Figura 3.13 - Montagem experimental: (1) Sonda absoluta; (2) Bloco de suporte; (3)
Instrumento de teste; (4) Instrumento de referência; (5) Parafusos de imobilização dos
instrumentos. ................................................................................................................. 56
Figura 3.14 – Interface gráfica do programa de controlo do sistema de CI: (1) Dispositivos
de comunicação; (2) Definição do posicionamento da sonda; (3) Definição dos
parâmetros do varrimento; (4) Zona de controlo do ensaio; (5) Notas relevantes e
definição de gravação de dados; (6) Representação gráfica da parte real e imaginária da
impedância elétrica da sonda......................................................................................... 57
Figura 3.15 - Modelo utilizado na simulação dos ensaios de CI. .................................... 58
Figura 3.16 - Comparação da geometria e dimensões entre a fissura real e simulada. 59
Figura 3.17 - Especificação das propriedades físicas do nitinol no ANSYS Maxwell. ..... 59
Figura 3.18 - Malha utilizada nas simulações numéricas. .............................................. 60
Figura 3.19 - Campo magnético vetorial obtido para uma sonda com N = 30 e f = 5 MHz.
........................................................................................................................................ 60
Figura 3.20 - Intensidade das correntes induzidas sobre o defeito, obtidas para uma
sonda com 30 espiras e f = 5 MHz. ................................................................................. 60
Figura 3.21 - Câmara termográficas testadas. (a) Fluke Ti 400; (b) IRS 336................... 61
Figura 3.22 - Comparação dos valores da distância mínima de focagem obtidos
laboratorialmente........................................................................................................... 62
Figura 3.23 - Interface gráfica do programa de edição de imagens térmicas. (1) Escala de
cores; (2) Definição dos marcadores da imagem; (3) Definições de emissividade; (4)
Termograma e escala de temperaturas; (5) Informações do termograma. .................. 62
Figura 4.1 - Descrição visual da localização e das dimensões dos defeitos introduzidos
num arame de Niti com 0.6 mm de diâmetro. ............................................................... 68
Figura 4.2 - Representação esquemática dos parâmetros de varrimento utilizados nos
ensaios experimentais do arame de NiTi (imagem não está à escala). ......................... 69
Figura 4.3 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA10 para f = 4, 4.5 e 5
MHz................................................................................................................................. 70
Figura 4.4 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA20 para f = 3, 3.5 e 4
MHz................................................................................................................................. 71
Figura 4.5 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA25 para f = 3, 4 e 5
MHz................................................................................................................................. 71
Figura 4.6 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA30 para f = 3, 4 e 5
MHz................................................................................................................................. 72
Figura 4.7 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA40 para f = 4.5, 5 e 5.5
MHz................................................................................................................................. 72
Figura 4.8 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD10 para f = 7.5, 8 e
8.5 MHz. .......................................................................................................................... 74
Figura 4.9 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD15 para f = 7.5, 8 e
8.5 MHz. .......................................................................................................................... 75
xvii
Figura 4.10 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD20 para f = 6.5, 7 e
7.5 MHz. .......................................................................................................................... 75
Figura 4.11 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD30 para f = 7, 7.5 e
8 MHz. ............................................................................................................................. 76
Figura 4.12 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD10 para f = 7.5, 8 e
8.5 MHz. .......................................................................................................................... 76
Figura 4.13 - Comparação entre os defeitos reais e aproximados na simulação. ......... 78
Figura 4.14 - Modelo tridimensional utilizado na simulação. ........................................ 78
Figura 4.15 - Comparação dos gráficos de impedância de todas as sondas absolutas, para
as frequências com as quais se obtiveram melhores resultados. .................................. 79
Figura 4.16 - Comparação dos gráficos de impedância de todas as sondas diferenciais,
para as frequências com as quais se obtiveram melhores resultados........................... 79
Figura 4.17 - Gráfico de impedância obtido na simulação numérica obtida para uma
bobina com 30 espiras, 2 mm de comprimento e excitada com uma f = 5 MHz. .......... 80
Figura 4.18 - Gráfico de impedância obtido através da simulação numérica de uma
bobina com 15 espiras, 2.1 mm de comprimento e excitada com uma f = 8 MHz. ....... 81
Figura 5.1 - Fragmentos dos instrumentos EDM OneFile. ............................................. 85
Figura 5.2 - Superfície de fratura da lima OneFile_2. (a) Vista de cima; (b) Vista lateral
(face A); (c) Vista lateral (face B). ................................................................................... 86
Figura 5.3 - Superfície de fratura da lima Glidepath_1. (a) Vista de cima; (b) Vista lateral
(face A); (c) Vista lateral (face B). ................................................................................... 87
Figura 5.4 - Representação esquemática dos parâmetros de varrimento utilizados nos
ensaios experimentais na lima endodôntica defeituosa (imagem não está à escala). .. 90
Figura 5.5 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA10 para f = 3, 4 e 5
MHz................................................................................................................................. 91
Figura 5.6 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA20 para f = 3, 4 e 5
MHz................................................................................................................................. 91
Figura 5.7 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA30 para f = 3, 4 e 5
MHz................................................................................................................................. 92
Figura 5.8 - Gráfico de impedância obtido na simulação numérica obtida para uma
bobina com 30 espiras, 2 mm de comprimento e excitada com uma f = 5 MHz. .......... 93
Figura 5.9 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD15 para f = 6, 7 e 8
MHz................................................................................................................................. 94
Figura 5.10 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD30 para f = 6, 7 e 8
MHz................................................................................................................................. 94
Figura 5.11 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD40 para f = 6, 7 e 8
MHz................................................................................................................................. 95
Figura 5.12 - Gráfico de impedância obtido na simulação numérica obtida para uma
bobina com 30 espiras, 3 mm de comprimento e excitada com uma f = 8 MHz. ......... 95
Figura 5.13 - Intensidade das correntes induzidas na secção inicial do instrumento.... 96
xviii
Figura 5.14 - Intensidade das correntes induzidas na secção defeituosa do instrumento.
........................................................................................................................................ 96
Figura 5.15 - Intensidade das correntes induzidas na ponta do instrumento. .............. 97
Figura 5.16 - Intensidade das correntes induzidas na secção defeituosa do arame de NiTi.
........................................................................................................................................ 98
Figura 5.17 - Evolução térmica da zona defeituosa ao longo do tempo de ensaio. ...... 99
Figura 5.18 - Termogramas obtidos na fase de aquecimento. (a) Lima defeituosa. (b)
Lima de referência. ....................................................................................................... 100
Figura 5.19 - Termogramas obtidos na fase de equilíbrio térmico. (a) Lima defeituosa. (b)
Lima de referência. ....................................................................................................... 100
Figura 5.20 - Termogramas obtidos na fase de aquecimento. (a) Lima defeituosa. (b)
Lima de referência. ....................................................................................................... 101
Figura 5.21 – Duas fissuras resultantes de um ensaio de fadiga cíclia numa lima
endodôntica HyFlex 35/.04. ......................................................................................... 102
xix
xx
Índice de Tabelas
xxi
xxii
Nomenclatura
Nomenclatura Grega
𝛿 Profundidade de penetração das correntes induzidas [m]
∆𝑡 Intervalo de tempo [s]
𝜇 Permeabilidade magnética [H. m−1 ]
𝜎 Condutividade elétrica [S.m−1 ] ou [% IACS]
𝜔 Velocidade de rotação [rpm]
Nomenclatura Latina
𝐴𝑓 Austenite Finish
𝐴𝑠 Austenite Start
D1 Diâmetro na ponta do instrumento
D16 Diâmetro no final da zona ativa do instrumento
𝑓 Frequência [Hz]
𝐻𝑝 Campo Magnético Primário
𝐻𝑠 Campo Magnético Secundário
𝐼𝑚 (𝑍⃗) Parte imaginária do vetor impedância elétrica [Ω]
𝐼𝑥 Densidade de correntes induzidas [A. m2 ]
𝑀𝑓 Martensite Finish
𝑀𝑠 Martensite Start
𝑁𝑖 Número de Ciclos até à Iniciação da Fratura
𝑁𝑝 Número de Ciclos até à Propagação Completa da Fratura
R Resistência elétrica [Ω]
𝑅𝑒 (𝑍⃗) Parte real do vetor impedância elétrica [Ω]
𝑅𝑓 R-phase Finish
𝑅𝑠 R-phase Start
𝑥 Distância [m]
𝑋𝐶 Reatância capacitiva [Ω]
𝑋𝐿 Reatância indutiva [Ω]
𝑍⃗ Vetor de impedância elétrica [Ω]
%wt Weight Percent
xxiii
Siglas e Acrónimos
xxiv
TP Termografia Passiva
TTR Transformation Temperature Range
UNL Universidade Nova de Lisboa
UST Ultra Sound Thermography
xxv
Capítulo 1 - Introdução
1. Introdução
1.1 Estado de Arte e Motivação
Em caso de infeção do tecido vivo existente nos canais radiculares dos dentes,
pode ser necessário proceder à sua remoção [1]. As limas de endodontia que se
pretende estudar são responsáveis por esse processo e, atendendo às geometrias
altamente variáveis dos canais, é necessário que sejam o mais flexíveis e resistentes
possível. É precisamente neste sentido que as inovações tecnológicas na
instrumentação endodôntica têm evoluído.
Inicialmente, os instrumentos eram fabricados a partir da torção de arames de
aço-carbono. No entanto, com a descoberta de novos processos de maquinação e de
novos materiais, aqueles materiais foram substituídos por ligas de aço inoxidável e, mais
tarde, por ligas de Níquel-Titânio (NiTi) [2]. Estas ligas revelaram-se muito mais flexíveis
e resistentes do que as anteriores, adaptando-se mais facilmente a canais com
curvaturas acentuadas e de difícil acesso.
A principal característica das ligas de NiTi é a capacidade de reorganização da sua
microestrutura cristalográfica, em resposta a estímulos térmicos e/ou mecânicos,
fenómeno que lhes confere os efeitos de memória de forma (EMF) e de
superelasticidade (SE), respetivamente [3]. Graças a estas propriedades, a introdução
deste tipo de materiais na instrumentação endodôntica ganhou grande atração e
popularidade entre os odontologistas.
No entanto, as inovações tecnológicas não se ficaram pela procura de novos
materiais. Começaram, conjuntamente, a desenvolver-se novos métodos de
manipulação das temperaturas de transição da estrutura cristalina das ligas através de
tratamentos térmicos, com o objetivo de se tirar o máximo de partido das suas
propriedades [4]. Nesta dissertação serão estudadas as limas HyFlex CM, fabricadas a
partir de um arame de NiTi, previamente sujeito a uma série tratamentos térmicos com
vista a maximizar a sua flexibilidade à temperatura corporal. Adicionalmente, estudar-
se-á a última geração de limas introduzidas no mercado, as limas HyFlex EDM, que, para
além dos tratamentos térmicos a que foram submetidas, são maquinadas através do
processo de eletroerosão.
O propósito de todos estes avanços é tornar os instrumentos mais resistentes à
fratura mecânica, quer por fadiga, quer por torção. Ainda assim, apesar de pouco
provável, a fratura continua a ser uma realidade nos tratamentos clínicos. No caso do
fenómeno de fadiga mecânica em particular, a fratura acontece através da nucleação e
propagação de uma fissura com a aplicação de ciclos de tensão repetidos e inferiores à
tensão de cedência do material. Este tipo de fenómenos é extremamente problemático
caso aconteça durante um tratamento, dada a dificuldade que há em se conseguir retirar
a ponta fraturada do instrumento [5].
A motivação subjacente a este trabalho deriva da vontade em se encontrar um
método de deteção atempada destas fissuras que, eventualmente, levariam à rotura das
limas. Nesse sentido, ir-se-á avaliar a possibilidade de deteção destas fissuras utilizando
1
Capítulo 1 - Introdução
1.2 Objetivos
Esta dissertação tem como objetivo a realização de um estudo comparativo da
resistência mecânica à fadiga entre as limas rotativas de Níquel-Titânio, HyFlex™ EDM
(Coltene, Suíça), de dois tamanhos diferentes, e as limas HyFlex™ CM (Coltene, Suíça)
de tamanho 20/.04. Para o efeito, serão testadas numa montagem experimental,
projetada para simular um canal radicular com um ângulo e um raio de curvatura
conhecidos.
Adicionalmente, ir-se-á investigar a possibilidade da utilização de Ensaios Não
Destrutivos na deteção de fissuras de fadiga em limas rotativas HyFlex™ CM,
nomeadamente através dos métodos da termografia e das correntes induzidas,
utilizando-se, no caso deste último, sondas especificamente concebidas para o
propósito.
Começar-se-á pela avaliação da capacidade de os dois métodos detetarem defeitos
artificialmente introduzidos e de grandes dimensões. Caso essa possibilidade seja
atestada, proceder-se-á à montagem experimental utilizada na avaliação da resistência
à fadiga por flexão rotativa para se produzirem fissuras de fadiga, recorrendo-se,
posteriormente, aos métodos enunciados para a averiguação da detetabilidade deste
tipo de fissuras.
2
Capítulo 1 - Introdução
3
Capítulo 1 - Introdução
4
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Introdução
Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos teóricos e o estado-de-
arte relativo aos temas que serão discutidos e desenvolvidos na elaboração da presente
dissertação, sendo, para isso, dividido em duas partes.
Em primeiro lugar, abordam-se todos os tópicos considerados relevantes no
estudo dos instrumentos endodônticos, desde a sua caracterização física e dimensional,
até aos mais recentes estudos realizados acerca da sua resistência à fadiga cíclica.
Adicionalmente, é feita uma análise aos ensaios não destrutivos realizados pelos
métodos da termografia e correntes induzidas, apresentando-se os princípios teóricos
em que assentam, bem como os estudos científicos considerados mais relevantes para
o desenvolvimento do presente caso de estudo.
2.2 Endodontia
A endodontia é a especialidade da odontologia responsável pelo estudo e
tratamento do tecido mole localizado no interior do dente, a polpa. Em casos de lesões
ou patologias, de modo a prevenir a extração do dente, pode ser necessário removê-la
através de um procedimento designado de tratamento endodôntico. Neste
procedimento, depois de aberta uma cavidade de acesso à camada polpar no topo do
dente, são utilizados instrumentos endodônticos, genericamente designados por limas,
para extrair a polpa e alargar os canais radiculares, procurando sempre manter a forma
original do canal. Depois de limpos e desinfetados os canais radiculares são preenchidos
com um material inerte obturador. Na figura 2.1 apresenta-se uma representação
simplificada do procedimento descrito.
5
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
vão operar, não pode ser menosprezada. Além disso, as ligas de aço carbono, regra
geral, apresentam maior concentração de carbono, o que as torna mais frágeis quando
comparadas com as ligas de aço inoxidável.
Apesar de representarem uma melhoria significativa, os instrumentos fabricados
em aço inoxidável eram bastante rígidos e pouco flexíveis, podendo provocar
complicações durantes os tratamentos, tais como perfurações, desvios, transportes
apicais ou até mesmo fratura do material, principalmente quando era necessário
preparar canais radiculares com curvaturas acentuadas. Qualquer um destes
inconvenientes levava à alteração da morfologia original dos canais radiculares, o que
correspondia a uma violação de um dos princípios básicos do procedimento
endodôntico [9].
Para além da introdução de novos designs e métodos de utilização, o problema da
excessiva rigidez dos instrumentos conseguiu-se resolver com a substituição de ligas de
aço inoxidável por ligas de níquel–titânio (NiTi) na fabricação das limas endodônticas.
As propriedades destas ligas conferem aos instrumentos maior flexibilidade, permitindo
que se adaptarem mais facilmente à anatomia dos canais [10].
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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Figura 2.2 - Representação esquemática da transformação martensitica e efeito da memória de forma [14].
Figura 2.3 - Transformação de fase induzida por variação de temperatura de uma liga de NiTi
convencional [75].
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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Valor
Propriedades Símbolo Unidades
Martensite Austenite
Ponto de fusão - °C 1250
3
Massa volúmica 𝜌𝐷 g/cm 6.5
Resistividade elétrica 𝜌𝑅 μΩ. cm 76 - 80 82 - 100
Suscetibilidade magnética 𝜒 μemu. g 2.5 3.8
Capacidade calorífica c J/kg.K 400 400
Condutividade térmica k W/m. K 8.6 - 10 18
−1 −6
11 × 10−6
Coeficiente de expansão térmica 𝛼 m/m.K 6.6 × 10
Tensão de rotura 𝜎𝑈𝑇𝑆 MPa 895 895
Tensão de cedência 𝜎𝑦 MPa 70 - 140 195 - 690
Módulo de Young E GPa 28 - 41 70 - 83
Coeficiente de Poisson 𝜈 - 0.33
Deformação recuperável - % ≈ 8.5
Histerese - °C 15 a 25
Resistência à corrosão - - Excelente
Biocompatibilidade - - Excelente
9
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
10
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
que toda a estrutura do material transite de fase. A partir deste ponto um aumento de
tensão resulta na deformação elástica clássica da martensite. Nesta fase, toda a
deformação introduzida no instrumento é recuperável mediante a retirada dos
carregamentos aplicados. No entanto, se a anatomia do canal continuar a introduzir
tensões na lima irão ocorrer planos de escorregamento na martensite, gerando
deformações permanentes e eventual rotura [18].
Deste modo, para se tirar partido ao máximo da superelasticidade da liga são
necessárias tensões limitadas. Isso é conseguido utilizando uma velocidade de rotação
constante e moderada, e aplicando uma ligeira pressão no instrumento. Isto faz com
que ele opere na região horizontal da curva tensão/extensão, onde a transformação
martensítica não está completa, não se verificando deformação plástica e permitindo-
lhe uma maior versatilidade estrutural [10].
11
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
12
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
13
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
2.3.6 Esterilização
14
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
15
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Tabela 2.3 – Valor médio do número de ciclos até à fratura (NCF) (adaptado de [31]].
ProTaper Next Twisted File HyFlex CM ProTaper
Valor médio
495.25 ± 46.43 834.58 ± 112.95 466.08 ± 42.99 405.75 ± 59.89
NCF ± DP
16
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
caso a diferença de potencial seja suficientemente elevada, irão originar-se faíscas entre
os dois que derretem e evaporam porções da superfície do material [32]. O resultado é
uma superfície endurecida, caracterizada pela presença de picadas bastante irregulares,
tal como ilustrado na figura 2.8. Esta imagem foi obtida de uma análise microscópica da
superfície de uma lima HyFlex EDM, e foi retirada de um estudo realizado por C. Pirani
et al. [33], onde também se analisou a superfície de uma lima HyFlex CM, apresentada
na figura 2.9. Nesta lima é possível observar uma superfície bastante mais uniforme,
marcada pela presença de rugosidade resultante do processo de maquinação. Segundo
Pedulla et al. [34] os instrumentos fabricados a partir da tecnologia EDM apresentam o
dobro da resistência à fadiga de limas fabricadas a partir da tecnologia M – Wire.
Figura 2.8 – (a) Acabamento superficial da lima HyFlex EDM tamanho 25/.08. (b) Detalhe da sua
superfÍcie com maior amplificação (5000X) [33].
Figura 2.9 - (a) Acabamento superficial da lima HyFlex CM tamanho 25/.04. (b) Detalhe da sua
superfície com maior amplificação (600X) [33].
17
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
𝑁𝐶𝐹 = 𝑁𝑖 + 𝑁𝑝 (2.1)
Como referido no subcapítulo 2.2.6, uma das principais causas de fratura dos
instrumentos endodônticos é o fenómeno de fadiga por flexão rotativa, causada pela
sua utilização em canais radiculares curvos. O movimento rotativo dos instrumentos
associado à sua flexão faz com que as tensões aplicadas no material variem bastante,
pelo que, existe sempre o risco de fratura se não forem tomadas as devidas precauções.
No entanto, uma vez que a anatomia dos canais não é controlável, é necessário que
sejam os instrumentos a adaptarem-se a ela. É, por isso, necessário compreender ao
máximo o fenómeno de fadiga e sua relação com os tratamentos endodônticos e com
os instrumentos utilizados. Nesse sentido têm sido feitos inúmeros estudos, alguns deles
serão explorados neste capítulo.
18
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Num estudo realizado por R. F. Martins et al. [35], foi avaliada a resistência à fadiga
de limas endodônticas sujeitas a curvaturas planares e não-planares induzidas pelos
canais radiculares. Para o efeito, 64 limas HyFlex CM™ com quatro tamanhos diferentes:
0.04/20, 0.06/20, 0.04/35 e 0.06/35 foram sujeitas a testes de flexão rotativa a duas
velocidades diferentes: 250 rpm e 500 rpm.
Nos testes de fadiga para canais com curvatura planar foi usada a montagem
experimental da apresentada na figura 2.10, projetada para simular a anatomia de um
canal radicular com curvatura severa, com raio constante, e planar, igual a 4,7 mm,
aplicado ao longo de um ângulo de 45°. A distância entre a ponta de cada instrumento
e o ponto médio do arco de curvatura era, aproximadamente, 3 mm.
Figura 2.10 – Montagem exprerimental utilizada nos testes de fadiga rotativa planar [35].
Para cada velocidade de rotação foi calculado o número de ciclos total até à
fratura (NCF), multiplicando-se o tempo até essa fratura pela velocidade de rotação
imposta. Além disso, para cada tipo de instrumento e velocidade de rotação foram
testados oito instrumentos, num total de 64 testes. O tempo médio até à fratura e
correspondente número médio de ciclos obtidos são apresentados na tabela 2.4.
Tabela 2.4 – Valores do NCF médio registados nos testes de resistência à fadiga de 64 limas
endodônticas quando sujeitas a flexão rotativa sob curvatura planar (adaptado de [35]).
Instrumento Velocidade de Tempo médio Desvio Padrão NCF médio (DP)
rotação (rpm) até fratura (s) DP (s) (1 ciclo = 1 rotação)
20/.04 500 184.88 73.88 1,540.63 (± 615.7)
250 793.00 152.42 3,304.17 (± 635.1)
20/.06 500 381.75 77.44 3,181.25 (± 645.3)
250 1004.25 167.71 4,184.38 (± 698.8)
35/.04 500 89.63 10.07 746.88 (± 83.9)
250 248.13 37.09 1033.85 (± 154.5)
35/.06 500 102.75 8.43 856.25 (± 70.3)
250 236.13 39.68 938.85 (± 165.3)
19
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
20
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
(a) (b)
Figura 2.11 – (a) Montagem experimental utilizada nos testes de fadiga rotativa não planar;
(b) Raios de curvatura não planares aplicados na simulação do primeiro molar inferior [35].
Para além da flexão rotativa presente em todos os testes, alguns dos instrumentos
endodônticos a operar no canal do primeiro molar inferior foram sujeitos a movimentos
axiais ao longo de uma distância de 3 mm, a uma velocidade de 3 mm/s, de modo a
replicar o movimento relativo entre o dente e o instrumento endodôntico, como é
frequente acontecer durante os procedimentos endodônticos. Este movimento foi
conseguido através do acoplamento do dente a um guia linear Drylin® conectado a um
motor de passo, tal como é possível observar na figura 2.11 (a). O sistema mecânico foi
assim projetado para permitir ao instrumento descrever movimentos axial e rotacional
independentes um do outro.
Deste modo, os 11 instrumentos HyFlex CM ref. 0.04/20 foram divididos em 2
grupos. Um grupo A, onde duas limas foram submetidas a exclusivamente movimento
rotacional, e um grupo B, onde os restantes instrumentos foram sujeitos a movimento
rotacional e axial. Na tabela 2.5 apresentam-se os resultados experimentais obtidos.
Tabela 2.5 - Valores do NCF registados nos testes de resistência à fadiga de 64 limas
endodônticas quando sujeitas a flexão rotativa sob curvatura multiplanar (adaptado de [35]).
Grupo Região onde se Tempo médio até NCF médio ± DP Comprimento médio da ponta
verificou a fratura fratura ± DP (s) (ciclos) da lima fraturada ± DP (mm)
A Apical 119 ± 12 991.6 ± 100 4.90 ± 0.6
B Apical 194.1 ± 53.9 1617.5 ± 449 4.13 ± 0.33
21
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Num outro estudo realizado por F. Pereira et al. [36], procurou-se caracterizar a
resistência à fadiga cíclica do sistema ProTaper Gold e compará-la com a resistência à
fadiga do sistema ProTaper Universal.
O ProTaper Universal (PTU) é um sistema de instrumentos rotativos de NiTi,
amplamente utilizado na indústria endodôntica, que apresenta um design de conicidade
progressiva ao longo do comprimento das lâminas de corte, uma secção transversal
triangular convexa e pontas não cortantes [37]. Já o ProTaper Gold (PTG) é um sistema
mais recente, em tudo igual ao seu antecessor, expeto no processo de fabrico. Na
manufatura destes instrumentos são utilizados tratamentos termomecânicos que
otimizam a microestrutura da liga Ni-Ti, produzindo a liga designada de M-Wire. Tal
como referido no capítulo 2.2.8, os instrumentos fabricados a partir desta liga
apresentam uma maior flexibilidade e resistência ao desgaste quando comparados com
instrumentos similares produzidos a partir da tradicional liga de nitinol superelástica,
propriedades que são conferidas pela sua estrutura martensítica estável a temperaturas
corporais.
Deste modo, neste estudo procurou-se perceber se, de facto, a resistência à
fadiga do sistema PTG é superior à do sistema PTU. Para o efeito foi utilizada a mesma
montagem experimental utilizada no estudo de Martins et al. [35], onde havia sido
concebido um sistema mecânico projetado para recriar um canal radicular com uma
curvatura com raio igual a 4,7 mm e um ângulo igual a 45° (figura 2.12).
22
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Figura 2.12 - Montagem experimental utilizada nos testes de fadiga cíclica [36].
Tabela 2.6 – Valores médios do NCF registados para os diferentes grupos de instrumentos
[Adaptado de 36].
Grupo Tipo de lima Valor médio de NCF ± DP
1 PTG F2 549.1 ± 115.1
2 PTU F2 283.5 ± 33.9
3 PTG F3 294.5 ± 88.0
4 PTU F3 158.5 ± 37.57
23
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
2.5.1.1 Introdução
24
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Figura 2.13 - Representação da montagem experimental usada por Frederick Hersche aquando
da sua descoberta da radiação IV [38].
25
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Figura 2.14 – Esquematização dos principais componentes de uma câmara termográfica [76].
26
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
27
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Figura 2.16 - Exemplo do contraste térmico criado por uma fissura num cordão de soldadura [77].
• Step Heating Thermography (SHT) e Long Pulse Thermography (LPT) – estes são
os métodos mais convencionais. A amostra é aquecida por um longo período,
observando-se a evolução temporal dos seus gradientes de temperatura na fase de
aquecimento, no caso de LPT, ou na fase de arrefecimento, para SHT. As zonas
defeituosas serão aquecidas ou arrefecidas a diferentes velocidades, aparecendo nos
termogramas como zonas mais quentes ou mais frias [41];
28
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
29
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
(a) (c)
(b)
Figura 2.18 - (a) Planificação da placa de fibra de carbono a inspecionar (dimensões em mm);
(b) Termograma da LPT (6s após excitação); (c) Termograma da LIT (excitação a 0.09Hz)
[Adaptado de 43].
30
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Num outro estudo realizado por Z. Wang et al. [44], a LPT revelou-se igualmente
mais eficaz na deteção de defeitos quer em compósitos de fibra de carbono, quer em
compósitos de fibra de vidro, desta vez quando comparada com a PT e com SHT. Da
mesma maneira que no trabalho realizado por S. Pickering e D. Almon [43], neste estudo
foram realizados furos de fundo plano de vários diâmetros e a várias profundidades,
sendo que, tal como era expectável, os de maiores dimensões e mais próximos da
superfície foram detetados mais facilmente. Na figura 2.19, apresentam-se os
resultados obtidos para os três métodos, sem qualquer tipo de processamento de
imagem, cinco segundos após a excitação térmica ter sido iniciada no caso da LPT e da
PT e finalizada no caso da SHT.
(a) (b)
(c)
Figura 2.19 – Termogramas obtidos em t = 5s para: (a) Pulsed Thermography (PT); (b) Long Pulse
Thermography (LPT); (c) Step Heating Thermography (SHT) [Adaptado de 44].
31
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
32
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
2.5.2.1 Introdução
De entre todos os END, o método das correntes induzidas, CI, é um dos mais
utilizados na deteção e diagnóstico de descontinuidades em materiais. Este método
baseia-se nos princípios da indução eletromagnética para avaliar a integridade
estrutural de um vasto leque de materiais condutores, ferromagnéticos ou não,
permitindo localizar e caracterizar fissuras, ou outro tipo de defeitos, de maneira rápida
e sem a necessidade de contacto com a peça de teste.
33
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Na sua vertente convencional, no método de END por CI, utiliza-se uma sonda,
constituída por uma bobina em espiral helicoidal para se detetarem descontinuidades
na peça a ensaiar. Ao fazer-se percorrer a bobina por uma corrente elétrica alternada
cria-se um campo magnético primário variável, 𝐻𝑝 , à sua volta. Tal como conjeturado
por Faraday e observado por Foucault, este campo magnético ao ser colocado nas
imediações de um material condutor, induz nele uma força eletromotriz que leva ao
aparecimento de correntes elétricas contínuas e circulares na peça, a que se dá o nome
de correntes induzidas ou, na nomenclatura inglesa, eddy currents. Por sua vez, estas
correntes criam um campo magnético secundário, 𝐻𝑠 .
Segundo a lei de Lenz, correntes induzidas produzem campos magnéticos que se
opõem à variação do fluxo magnético que originou essas correntes. Deste modo, o
campo magnético secundário produzido pelas correntes irá opor-se ao primário,
atenuando-o. É possível observar-se este efeito de atenuação através da variação da
impedância elétrica da bobina, 𝑍⃗. O processo descrito é representado na figura 2.20.
A impedância elétrica, 𝑍⃗, é uma medida da oposição total que um circuito sente à
passagem de uma corrente alternada. É medida em ohms e é dada por um número
complexo cuja parte real corresponde à resistência, 𝑅, e o número imaginário às
reatâncias, tanto indutiva, 𝑋𝐿 , como capacitiva, 𝑋𝐶 , sendo este último desprezável em
34
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
circuitos de correntes induzidas. Desta maneira, na sua forma polar a impedância é dada
pela expressão:
𝑍 = |𝑍|. 𝑒 𝑗𝜙 (2.14)
Figura 2.21 - Plano de impedância característico de materiais magnéticos e não magnéticos [47].
35
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
𝐼𝑥 = 𝐼0 . 𝑒 −𝑥√𝜋.𝑓.𝜇.𝜎 (2.17)
36
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
off”. Este efeito ocorre quando, durante um ensaio, se verificam variações de posição
da sonda em relação ao material. Esta variação de posição causa alterações na
impedância elétrica medida, podendo, inclusive, mascarar o sinal de defeitos [51]. Na
figura 2.23 ilustra-se o fenómeno de lift-off.
Figura 2.23 - Representação do efeito lift-off e da intensidade e localização das CI produzidas por
uma bobina (vista de corte) [47].
37
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Figura 2.24 – Exemplo de uma sonda envolvente para inspeçaõ de tubos e barras.
(a) (b)
Figura 2.25 – (a) Exemplo de uma sonda interior para inspeção de peças tubulares, (b) Exemplo
de uma sonda superficial comercial.
38
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
b) Modo de Funcionamento
Relativamente ao modo de funcionamento as sondas, estas podem ser de dupla
função ou do tipo reflexão. No primeiro caso, representado na figura 2.26 (a), a bobina,
ou bobinas, constituintes da sonda têm a dupla função de gerar o campo magnético
primário e detetar o campo magnético secundário.
O mesmo não se verifica nas sondas do tipo reflexão. Neste tipo de sondas o
campo magnético primário é produzido por uma primeira bobina, enquanto uma
segunda bobina deteta o campo magnético secundário, produzido pelas correntes
induzidas, tal como o representado na figura 2.26 (b). A vantagem deste tipo de sondas
é que cada bobina pode ser especificamente projetada para a sua função. A impedância
da primeira bobina pode ser ajustada para produzir um campo magnético primário
uniforme através do ajuste de parâmetros como o diâmetro e o número de espiras,
enquanto as bobinas secundárias podem ser dimensionadas de acordo com os defeitos
de modo a que se possa detetar mais facilmente o campo magnético secundário [53].
(a) (b)
Figura 2.26 – (a) Sonda de dupla função; (b) Sonda do tipo reflexão [53].
(a)
(b)
Figura 2.27 - (a) Sonda de output absoluto evolvente de dupla função não equilibrada; (b) Sinal
caracterisitco de um sonda absoluta [53].
39
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
(a) (b)
Figura 2.29 - (a) Sonda diferencial envolvente de dupla função; (b) Sinal caracterisitco de um
sonda diferencial [53].
40
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
d) Modo de Ligação
O método mais simples de se fornecer energia a uma sonda é através de uma
ligação absoluta utilizando um circuito RL, de modo a ler-se o valor da voltagem 𝑉𝐴 ,
como é ilustrado na figura 2.30. Este tipo de ligação apenas é possível para sondas
absolutas, uma vez que o valor adquirido corresponde ao valor absoluto, em cada
instante, da voltagem do circuito.
Figura 2.30 - Ligação de absoulta de uma sonda absoluta utilizando um circuito RL [53].
No entanto, o tipo de ligação mais utilizado é uma ligação do tipo bridge, que pode
ou não ser equilibrado com uma bobina de referência, dependendo do tipo de sonda.
Nesta configuração, as bobinas estão localizadas numa "ponte" elétrica. O instrumento
equilibra a ponte e qualquer mudança no equilíbrio, causada pela presença de uma
descontinuidade, é apresentada como uma variação do sinal [54].
Para sondas absolutas não equilibradas a ligação é feita adicionando uma
resistência em série com a bobina numa ramificação, e, na outra, uma rede de
impedâncias de equilíbrio, tal como é ilustrado na figura 2.31 (a). A diferença de
voltagem é medida entre as duas ramificações. No caso de sondas absolutas
equilibradas e de sondas diferenciais, tal como foi referido, a voltagem lida corresponde
à diferença da voltagem entre as duas bobinas, pelo que numa ligação do tipo bridge,
ambas as bobinas são ligadas em série com uma resistência e em paralelo uma com a
outra, como o ilustra a figura 2.31 (b) [53].
(a) (b)
Figura 2.31 - (a) Ligação bridge não equilibrada, (b) Ligação bridge equilibrada [53].
41
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
O método das correntes induzidas é um dos mais utilizados no campo dos ensaios
não destrutivos, permitindo a deteção de uma grande variedade de defeitos. É um
método bastante versátil, com elevado grau de sensibilidade, e que permite inspeções
rápidas e fiáveis [55]. É por estes motivos que é muito utilizado nos setores de controlo
de qualidade, e justifica alguns dos investimentos que têm sido feitos no
desenvolvimento de sistemas de inspeções automáticas em linhas de montagem
industrial. Um exemplo é o modelo desenvolvido por K. Fukuoka [56], que concebeu um
sistema, constituído por uma sonda diferencial envolvente, com o objetivo detetar as
fissuras características do processo de trefilagem, em hastes de aço.
Uma das maiores dificuldades dos ensaios de CI está relacionado com o ruído
causado pelas variações de permeabilidade magnética no objeto de teste, fenómeno
que é particularmente indesejável quando se pretendem detetar microfissuras [56].
Uma forma de diminuir o ruído é através da magnetização do objeto de teste, o que
apenas é possível em materiais ferromagnéticos, como é o caso do aço. Esta estratégia
leva a um desejável aumento da permeabilidade magnética, o que, por sua vez, permite
uma maior penetração das correntes induzidas. Com base neste fenómeno, o autor do
estudo incluiu no sistema um magnetizador concebido para formar um circuito fechado
com a peça e a caixa. Este sistema encontra-se representado na figura 2.32 (a). Na haste
de aço foram feitas três fissuras com profundidades iguais a 50, 70 e 100 µm. Na figura
2.32 (b), apresenta-se a sua localização e dimensões.
Figura 2.32 - (a) Esquematização do sistema de CI utilizado; (b) Fissuras no objeto de teste [56].
42
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Figura 2.33 - Resultados dos ensaios obtidos nas diferentes fissuras [56].
43
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
44
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
3. Metodologias e Procedimentos
Experimentais
3.1 Introdução
Neste capítulo procede-se a uma descrição pormenorizada da metodologia
adotada e dos procedimentos laboratoriais utilizados com o intuito de atingir os
objetivos predefinidos. À semelhança do segundo capítulo, optou-se por também se
dividir este em três partes:
Em primeiro lugar apresenta-se a caracterização dimensional dos objetos de
ensaio, seguido da montagem e os procedimentos experimentais utilizados na
determinação da resistência à fadiga por flexão rotativa dos instrumentos endodônticos.
No segundo subcapítulo, identificam-se os procedimentos utilizados de forma a
tornar possível a realização de ensaios de correntes induzidos nos instrumentos
endodônticos, desde a conceção das sondas e os parâmetros que nelas se variaram, até
à montagem experimental utilizada. Abordam-se ainda as estratégias desenvolvidas
para a corroboração dos resultados experimentais através de simulações numéricas.
O terceiro e último subcapítulo é reservado à descrição dos procedimentos e
montagem experimental utilizada na realização dos ensaios de termografia.
45
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
O sistema de limas HyFlex EDM tradicional, e que foi alvo de estudo nesta
dissertação, é composto por instrumentos de três tamanhos diferentes, cada um deles
desenhado para desempenhar uma função específica durante o tratamento
endodôntico. Este conjunto é constituído pelas limas rotativas OneFile 25/~, Glidepath
10/.05 e Orifice Opener 25/.12, apresentadas na figura 3.1.
Figura 3.1 - Sistema de limas rotativas HyFlex EDM de três tamanhos diferentes [59].
A função das limas Orifice Opener 25/.12, é criar acesso aos canais radiculares,
operando, desse modo, somente nas regiões centrais e coronais dos canais, tal como
ilustrado na figura 3.1. Tendo em conta essa função, apresentam um comprimento ativo
menor e uma conicidade maior comparativamente às restantes. Considerando as suas
dimensões, optou-se por não se estudar a sua resistência mecânica à fadiga, uma vez
que teria de se adaptar a montagem experimental, atendendo a que esta está projetada
para introduzir uma curvatura na região apical dos instrumentos. Além disso, dado que
a sua função não é modelar nem limpar os canais radiculares, não se prevê que este tipo
de limas esteja sujeito ao mesmo nível de tensões induzidas que as outras.
Tal como sugestionado pelo nome, a função das limas Glidepath é de limpar, ou
por outras palavras, remover os tecidos dos canais, não sendo o seu objetivo modelá-
los, ao contrário das limas OneFile. Por esta razão são mais finas que as outras duas,
apresentando um diâmetro de ponta igual e a 0.1 mm e uma conicidade igual a 5%.
As limas OneFile apresentam maiores dimensões que as anteriores, dada a sua
referida função de modelar e alargar os canais radiculares. A notação “ ~ “ indica uma
conicidade com uma variação não linear. Esta variação é consequência direta de uma
das características que define as limas HyFlex EDM. A sua secção transversal apresenta
uma geometria variável: no topo é praticamente triangular; é trapezoidal na secção
intermédia; e junto à ponta é retangular [60]. O seu comprimento de ponta é 0.25 mm.
Na imagem 3.2 é ilustrada a sua caracterização dimensional dos dois instrumentos que
foram sujeitos aos ensaios de fadiga por flexão rotativa.
46
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
(a)
16 mm
D16 = 1 D1 = 0.25
(b)
16 mm
Figura 3.2 – Caracterização dimensional e variação da secção transversal dos instrumentos: (a) Hyflex EDM
OneFile 25/~; (b) Hyflex EDM Glidepath 10/.05. Imagens das secções transversais retiradas de [59].
47
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
1 2 3
4
5 7
8
Figura 3.4 - Montagem experimental: (1, 2) - Braçadeiras de fixação do micromotor; (3) - Micromotor;
(4) - Instumento endodôntico; (5,6) - Esturutras que simulão o canal radicular; (7) - Estrutura de Suporte; (8) -
Grampo de fixação; (9) – Placa de teflon;
48
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
Para que se pudessem obter resultados comparáveis começou-se por definir uma
metodologia experimental semelhante à utilizada por A. Fernandes em [61], listada a
seguir e de acordo com a qual todos os instrumentos foram testados:
1. Programar o equipamento de controlo WaveOne com a velocidade de
rotação e o binário máximo indicado pelo fabricante para o instrumento em
questão;
2. Garantir a fixação do micromotor nas braçadeiras;
3. Instalar o instrumento endodôntico no micromotor, rodando-o até ser
atingida a posição de encaixe;
4. Garantir a perpendicularidade entre a aresta da estrutura, representada
̅̅̅̅ na figura 3.6, com o eixo do instrumento, de modo
pelo segmento de reta 𝐴𝐵
a garantir um contacto uniforme deste com a peça de encosto;
5. Assegurar que, na zona de curvatura, o instrumento está fletido de
maneira a que uma das suas faces esteja em contacto com a anilha de
contacto, enquanto a outra esteja em contacto com a peça de encosto;
6. Garantir que a ponta do instrumento se encontra a uma distância igual a
5 mm do centro da curvatura do canal. Para facilitar este passo fez-se uma
pequena marca na montagem, na extremidade da qual se deve encontrar
posicionada a ponta do instrumento, tal como é representado na figura 3.7;
7. Verificar que o instrumento consegue rodar sem qualquer tipo de
obstrução;
8. Iniciar o ensaio, acionando o pedal do micromotor e cronometrar o
tempo até à fratura;
9. Retirar o instrumento do micromotor;
10. Repetir o procedimento listado para todos os instrumentos.
49
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
Figura 3.7 - Marca cuja extremidade superior indica uma distância de 5 mm até ao centro da
curvatura do canal.
50
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
Tabela 3.1 - Desafios na aplicação das correntes induzidas como END nos instrumentos endodônticos.
Características Desafios
51
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
16 mm
Figura 3.8 – Caracterização dimensional e geométrica da lima rotativa HyFlex CM 20/.04; Imagem
da secção transversal retirada de [59].
Estudos anteriores [35, 61] revelaram que os defeitos de fadiga comuns nos
instrumentos endodônticos apresentam dimensões na ordem das dezenas, ou até
mesmo unidades, de mícrons, não sendo, portanto, fácil recriá-los artificialmente. Desta
forma, a única maneira de os replicar é através da montagem experimental utilizada
para os ensaios de fadiga descrita no sub-capítulo anterior. No entanto, esse processo
implicaria que, recorrendo ao método da termografia, se conseguissem detetar as
fissuras atempadamente, de forma a que a sua propagação não levasse à fratura dos
instrumentos, o que, como se apresentará mais adiante, não se revelou possível. Deste
modo, e atendendo a que as limitações de recursos inviabiliza a realização das fissuras
de fadiga pelo método de tentativa e erro, optou-se por se começar por averiguar a
capacidade das sondas detetarem defeitos de maiores dimensões.
Deste modo, introduziu-se, artificialmente, uma fissura bastante severa (0.4 ×
0.35 × 0.1 mm) num instrumento HyFlex CM. Esta fenda foi inserida a 5 mm da ponta,
na região apical (último terço) da lima, uma vez que esta é a região mais propensa à
fratura, e é, para além disso, a zona por onde os instrumentos seriam fletidos durante
os ensaios de fadiga. Na figura 3.9 apresentam-se as imagens do defeito introduzidos,
obtidos por meio de um microscópio ótico, Olympus TH3, com uma câmara DP21.
52
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
5 mm
500 μm 500 μm
(a)
(b)
53
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
(a) (b)
Figura 3.11 - (a) Sonda absoluta equilibrada, (b) Sonda diferencial.
54
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
Tabela 3.2 - Caracterização dimensional das bobinas de cada uma das sondas.
Número de Comprimento Diâmetro
Tipo de Sonda Designação Abreviatura
espiras (N) (mm) Interior (mm)
Sonda #1 A10 10 1.5
Sonda #2 A20 20 1.8
Absoluta Sonda #3 A25 25 2.0 1,5
Sonda #4 A30 30 2.0
Sonda #5 A40 40 2.3
Sonda #6 D10 10 1.6
Sonda #7 D15 15 2.1
Diferencial Sonda #8 D20 20 2.4 1,5
Sonda #9 D30 30 3.0
Sonda #10 D40 40 3.8
55
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
Para a realização dos END por CI utilizou-se a montagem apresentada nas figuras
3.12 e 3.13.
6
3
5
E
2 4
1 B
Figura 3.12 - Montagem experimental para os END. (1) Bloco de fixação dos Instrumentos; (2) Sonda de CI;
(3) Mesa XY; (4) Placa de aquisição de dados DAQ - 5080; (5) Nortec; (6) Software dedicado.
~
4
5
1
3
2
Figura 3.13 - Montagem experimental: (1) Sonda absoluta; (2) Bloco de suporte; (3) Instrumento
de teste; (4) Instrumento de referência; (5) Parafusos de imobilização dos instrumentos.
56
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
4 6
Figura 3.14 – Interface gráfica do programa de controlo do sistema de CI: (1) Dispositivos de comunicação; (2) Definição do
posicionamento da sonda; (3) Definição dos parâmetros do varrimento; (4) Zona de controlo do ensaio; (5) Notas relevantes
e definição de gravação de dados; (6) Representação gráfica da parte real e imaginária da impedância elétrica da sonda.
57
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
58
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
59
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
A título de exemplo, nas figuras 3.19 e 3.20 são apresentadas imagens do campo
magnético vetorial e da intensidade das correntes induzidas na região defeituosa
obtidas para uma sonda com 30 espiras e sujeita a uma frequência de 5 MHz.
Figura 3.19 - Campo magnético vetorial obtido para uma sonda com N = 30 e f = 5 MHz.
Figura 3.20 - Intensidade das correntes induzidas sobre o defeito, obtidas para uma sonda com
30 espiras e f = 5 MHz.
60
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
(a) (b)
Figura 3.21 - Câmara termográficas testadas. (a) Fluke Ti 400; (b) IRS 336.
Tabela 3.3 - Especificações das câmara termográficas fluke Ti 400 [65] e IRS 336 [66].
Fluke Ti 400 IRS 336
Faixa de medição de temperatura -20 a 1200 °C -20 a 400 °C
Tipo de sensor FPA (Focal Plane Array) FPA
Diferença de temperatura equivalente ao ruído 50 mK 30 mK
Espectro de medição 7.5 – 14 μm 7.5 – 13 μm
Precisão ±2°C ±2°C
Resolução espacial (iFOV) 2.62 mRad *
Distância mínima de focagem 15 cm 20 cm
* Dados não encontrados.
61
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
(a) (b)
Figura 3.22 - Comparação dos valores da distância mínima de focagem obtidos laboratorialmente.
(a) Fluke Ti 400, termograma obtido a 8 cm da amostra; (c) IRS 336, termograma obtido a 20 cm da amostra.
1
4
5
Figura 3.23 - Interface gráfica do programa de edição de imagens térmicas. (1) Escala de cores; (2)
Definição dos marcadores da imagem; (3) Definições de emissividade; (4) Termograma e escala de
temperaturas; (5) Informações do termograma.
62
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
1
2
Figura 3.24 - Montagem experimental: (1) Câmara termográfica; (2,3) Isolantes de ruído térmico;
(4) Instrumento de teste; (5) Fonte de excitação.
63
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
Janela de Ensaio
24 mm
15 mm
Defeito
4
1
65
Capítulo 3 – Metodologias e Procedimentos Experimentais
66
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
4.1 Introdução
Este capítulo é dedicado, exclusivamente, às metodologias desenvolvidas no
âmbito dos ensaios não destrutivos através do método das correntes induzidas, que
foram realizadas paralelamente aos ensaios nos instrumentos endodônticos, com o
intuito de os validar e corroborar.
Em primeiro lugar apresentam-se os processos utilizados na validação das sondas
concebidas para os ensaios e, de seguida, faz-se uma exposição e explicação das
ferramentas e processos utilizados na simulação numérica dos ensaios laboratoriais
realizados.
67
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
500 μm 500 μm
15 mm
5.5 mm
500 μm 500 μm
Figura 4.1 - Descrição visual da localização e das dimensões dos defeitos introduzidos num
arame de Niti com 0.6 mm de diâmetro.
68
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
𝑣⃗
i f
1° Defeito 2° Defeito
5.5 mm 5 mm
15 mm
27 mm
Figura 4.2 - Representação esquemática dos parâmetros de varrimento utilizados nos ensaios
experimentais do arame de NiTi (imagem não está à escala).
Tabela 4.1 – Sumário dos parâmetros dos ensaios experimentais para as sondas absolutas.
Número de espiras 10, 20, 25, 30 e 40
Tipo de defeito Descritos na figura 4.1
Parâmetros Variáveis
1 – 7 MHz
Frequência de excitação
(incrementos de 0.5 MHz)
Ganho 70 dB
Comprimento de varrimento 27 mm
Frequência de aquisição de dados
Parâmetros Fixos A cada 0.25 mm
(𝑋𝑆𝐶𝐴𝑁 )
Número total de pontos obtidos 109
Velocidade de varrimento 1.2 mm/s
69
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
1 mm 0.25 mm
N = 10
1.5
4 MHz
SA10
1.3
4.5 MHz
1.1 5 MHz
0.9
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
0.7
0.5
0.3
0.1
-0.1
𝑋 [mm]
Figura 4.3 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA10 para f = 4, 4.5 e 5 MHz.
70
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
1 mm 0.25 mm
N = 20
2
SA20
1.8 3 MHz
1.4 4 MHz
1.2
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
0.8
0.6
0.4
0.2
-0.2
𝑋 [mm]
Figura 4.4 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA20 para f = 3, 3.5 e 4 MHz.
1 mm 0.25 mm
N = 25
2.5
3 MHz SA25
4 MHz
2
5 MHz
1.5
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
0.5
𝑋 [mm]
-0.5
Figura 4.5 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA25 para f = 3, 4 e 5 MHz.
71
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
1 mm 0.25 mm
N = 30
3 MHz
SA30
2.5
4 MHz
5 MHz
2
1.5
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
0.5
𝑋 [𝑚𝑚]
-0.5
Figura 4.6 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA30 para f = 3, 4 e 5 MHz.
1 mm 0.25 mm
N = 40
0.8
4.5 MHz
SA40
5 MHz
0.6
5.5 MHz
0.4
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
0.2
𝑋 [mm]
-0.2
Figura 4.7 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA40 para f = 4.5, 5 e 5.5 MHz.
72
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
Desde logo, observa-se que todas as sondas permitiram detetar os dois defeitos
através de uma variação absoluta do sinal da impedância, tal como pretendido, o que
permite concluir que todas elas foram corretamente concebidas. Verificou-se também
que, para todas as sondas, as frequências que permitiram uma melhor deteção dos
defeitos se situam numa faixa entre os 3 e os 5 MHz, valores relativamente altos, o que
já era esperado dada a baixa condutividade elétrica do NiTi e a superficialidade dos
defeitos.
Além disso, verificou-se que a sonda que permitiu detetar mais facilmente os
defeitos foi a de 30 espiras (figura 4.6), facto comprovado, quer pela amplitude dos picos
de impedância, quer pelo baixo nível de ruído apresentado. Em sentido inverso, a sonda
SA40 (figura 4.7) foi a que apresentou maiores perturbações devido ao ruído, o que
poderá estar relacionado com a pequena variação de amplitude do sinal de impedância
nos defeitos. Por sua vez, a sonda SA25 (figura 4.5), que havia sido concebida para se
verificar se o número ótimo de enrolamentos se encontrava entre os 30 e os 20,
apresentou uma relação sinal/ruído pior do que as outras duas, facto que não era
esperado. Efetivamente, para esta sonda, só para uma frequência igual a 4 MHz é que
ambos os defeitos foram claramente detetáveis.
Em todas as sondas foi possível assinalar distintamente a saída do arame devido
à grande perturbação do sinal causada pelo efeito de bordo. Esta perturbação
apresentou sempre uma ordem de grandeza superior às irregularidades causadas pelos
defeitos, razão pela qual em algumas das sondas, nomeadamente a SA25 e a SA40, não
se conseguiu incluir na escala do gráfico.
Nas sondas SA10, SA20 e SA25 (figuras 4.3 a 4.5) conseguiu-se ainda observar o
efeito lift-off para algumas frequências, que neste caso particular é caracterizado por
um afastamento do sinal em relação ao eixo. Este efeito deve-se, sobretudo, à
dificuldade em se manterem os arames completamente centrados nas bobinas durante
todo o varrimento, bastando, por vezes, apenas um desvio de poucas centésimas de
milímetro do arame teste ou do arame de referência para se descentralizar o sinal.
Da análise da largura dos picos de impedância foi, também, possível estabelecer
uma relação de proporcionalidade direta entre esta e os comprimentos dos defeitos e
das bobinas. Como se esperava, em todos os gráficos o primeiro pico é sempre mais
largo do que o segundo e à medida que se acrescentam espiras às bobinas ambos vão
ficando igualmente mais largos. Esta relação de proporcionalidade não se verificou para
a profundidade dos defeitos, uma vez que o pico com maior amplitude nem sempre foi
o que correspondeu à fissura mais profunda.
73
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
Tabela 4.2 - Sumário dos parâmetros dos ensaios experimentais para as sondas diferenciais.
Número de espiras 10, 15, 20, 30 e 40
Tipo de defeito Descritos na figura 4.1
Parâmetros Variáveis
2 – 9 MHz
Frequência de excitação
(incrementos de 0.5 MHz)
Ganho 70 dB
Comprimento de varrimento 27 mm
Frequência de adquisição de dados
Parâmetros Fixos A cada 0.25 mm
(𝑋𝑆𝐶𝐴𝑁 )
Número total de pontos obtidos 108
Velocidade de varrimento 1.2 mm/s
1 mm 0.25 mm
N = 10 + 10
4
7.5 MHz SD10
3 8 MHz
8.5 MHz
2
1
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
𝑋 [mm]
0
-1
-2
-3
Figura 4.8 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD10 para f = 7.5, 8 e 8.5 MHz.
74
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
1 mm 0.25 mm
N = 15 + 15
7
7.5 MHz SD15
8 MHz
5
8.5 MHz
1 𝑋 [mm]
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
-1
-3
-5
-7
Figura 4.9 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD15 para f = 7.5, 8 e 8.5 MHz.
1 mm 0.25 mm
N = 20 + 20
6
6.5 MHz SD20
7 MHz
4
7.5 MHz
𝑋 [mm]
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
-2
-4
-6
Figura 4.10 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD20 para f = 6.5, 7 e 7.5 MHz.
75
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
1 mm 0.25 mm
N = 30 + 30
4
7 MHz SD30
7.5 MHz
3
8 MHz
2
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
𝑋 [mm]
0
-1
-2
-3
Figura 4.11 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD30 para f = 7, 7.5 e 8 MHz.
1 mm 0.25 mm
N = 40 + 40
9
7.5 MHz SD40
7 8 MHz
8.5 MHz
3
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
1 𝑋 [mm]
-1
-3
-5
-7
Figura 4.12 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD10 para f = 7.5, 8 e 8.5 MHz.
76
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
Mais uma vez, todas as sondas permitiram detetar os defeitos com elevado grau
de clareza, apresentando, inclusive, boas relações sinal/ruído, excetuando a primeira,
SD10 (figura 4.8), cujo sinal foi ligeiramente mais contaminado pelo ruído. A gama de
frequências ótima, apresentada nos gráficos, situou-se entre os 7 e os 8.5 MHz, embora
a partir dos 3 MHz quase todas permitiram detetar ambos os defeitos.
Apesar de nas sondas SD30 e SD40 (figuras 4.7 e 4.8) se verificar uma grande
amplitude de picos associada a uma excelente relação sinal/ruído, o facto de o
comprimento total das bobinas ser elevado (3.0 e 3.8 mm respetivamente), faz com que
a largura dos picos também o seja, e, uma vez que o 2° defeito se encontra muito perto
da ponta do arame, leva a que o final do sinal do último pico seja imediatamente
distorcido pelo efeito de bordo. É, portanto, vantajoso que o comprimento das bobinas
em série seja tão curto quanto possível. Esta foi a razão pela qual a sonda extra que se
construiu apresentasse apenas 15 espiras (figura 4.9), perfazendo um comprimento
total de apenas 2.1 mm.
O efeito lift-off foi observado sobretudo nas sondas SD20 e SD40, através de um
afastamento progressivo do sinal do ponto equilíbrio. O efeito de bordo esteve também
presente em todos os ensaios, sendo evidente na variação súbita do sinal de impedância
junto à ponta do arame, o qual, depois de um salto considerável, estabilizava. A causa
desta estabilização súbita da impedância é devida à saturação do sinal. Na verdade, para
o ganho estabelecido, a transição do material para o ar causa uma variação tão elevada
da impedância que resulta na sua saturação. Optou-se, no entanto, por não se reduzir o
ganho, uma vez que o objetivo principal destes ensaios preliminares era a validação das
sondas através da deteção dos defeitos, sendo que, com o ganho estabelecido, igual a
70 dB, a perturbação do sinal causada pelos defeitos revelou-se facilmente observável.
Comparando os resultados obtidos para os dois tipos de sondas, absoluta e
diferencial, verifica-se aquilo que já se esperava: as sondas diferencias apresentam
melhor capacidade de deteção, constatável quer na amplitude dos picos
correspondentes a cada defeito, quer na relação sinal/ruído. Isto acontece pois, na
utilização de sondas diferenciais, estão a ser inspecionadas e subtraídas secções
adjacentes do material e, além disso, o facto de as espiras estarem enroladas em
sentidos opostos leva a uma grande variação do sinal na transição das bobinas numa
zona defeituosa.
77
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
500 μm 500 μm
78
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
1° Defeito 2° Defeito
3.5
SA10 - 5 MHz
3 SA20 - 4 MHz
SA25 - 4 MHz
2.5
SA30 - 5 MHz
1.5
0.5
-0.5
𝑋 [mm]
Figura 4.15 - Comparação dos gráficos de impedância de todas as sondas absolutas, para as frequências
com as quais se obtiveram melhores resultados.
1° Defeito 2° Defeito
7
SD10 - 8 MHz
SD15 - 8 MHz
5 SD20 - 7 MHz
SD30 - 7 MHz
SD40 - 8 MHz
3
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
1
𝑋 [mm]
-1
-3
-5
Figura 4.16 - Comparação dos gráficos de impedância de todas as sondas diferenciais, para as frequências
com as quais se obtiveram melhores resultados.
79
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
N = 30
1° Defeito 2° Defeito
4
Simulação Numérica
3.5
Ensaio Experimental
2.5
2
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
1.5
0.5
-0.5
𝑋 [mm]
Figura 4.17 - Gráfico de impedância obtido na simulação numérica obtida para uma bobina com 30 espiras,
Como se pode 2 mm de comprimento e excitada com uma f = 5 MHz.
observar
80
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
Para a simulação das sondas diferenciais foi mais difícil selecionar os parâmetros
ideais das bobinas, uma vez que, tal como é observável na figura 4.16, todas as sondas
apresentaram boa capacidade de deteção dos defeitos em estudo. Optou-se, no
entanto, por simular a sonda SD15, uma vez que esta se revelou ser muito sensível,
pouco afetada pelo ruído e com um comprimento de bobinas bastante curto (2.1 mm).
Os resultados numéricos obtidos para esta sonda são apresentados na figura 4.18.
N = 15 + 15
1° Defeito 2° Defeito
6
Simulação Numérica
Ensaio Experimental
4
𝑋 [mm]
0
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
-2
-4
-6
Figura 4.18 - Gráfico de impedância obtido através da simulação numérica de uma bobina com
15 espiras, 2.1 mm de comprimento e excitada com uma f = 8 MHz.
81
Capítulo 4 – Validação Experimental e Numérica das Sondas de Correntes Induzidas
82
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
5.1 Introdução
Neste capítulo são apresentados os resultados experimentais dos ensaios de
fadiga por flexão rotativa realizados nas limas rotativas HyFlex EDM, de dois tamanhos
diferentes, bem com dos ensaios não destrutivos por termografia e correntes induzidas
realizados nas limas HyFlex CM 20/.04, utilizando as condições laboratoriais descritas no
capítulo 3. Adicionalmente é apresentada uma discussão pormenorizada dos resultados
de cada um desses ensaios.
À semelhança dos capítulos anteriores, começa-se pela apresentação dos
resultados dos ensaios de fadiga, assim como com a análise fratográfica das superfícies
de fratura daí resultantes.
De seguida apresentam-se e discutem-se os resultados dos ensaios não
destrutivos, começando pelos ensaios de correntes induzidas e das respetivas
simulações numéricas, terminando o capítulo com os resultados dos ensaios de
termografia.
83
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
Tabela 5.1 - Resultados experimentais da resistência mecânica à fadiga para os 3 grupos de instrumentos.
Duração
𝜔 Binário Designação do Duração do NCF Médio
Grupo NCF média do
[rpm] [N.cm] Instrumento ensaio [s] ± DP
ensaio ± DP [S]
EDM Glidepath_1 207,0 1035
A 300 1.8 EDM Glidepath_2 258,6 1293 281,4 ± 88 1407 ± 440
EDM Glidepath_3 378,6 1893
EDM OneFile_1 427,2 2848
B 400 2.5 EDM OneFile_2 694,2 4628 556 ± 133,7 3707 ± 891
EDM OneFile_3 546,6 3644
CM_1 432,5 3600
C* 500 2.5 407 ± 36.1 3388 ± 300
CM_2 381,5 3175
Verificou-se que o grupo para o qual a duração média de ensaio foi maior
correspondeu ao grupo B, composto pelas limas OneFile, seguido pelos grupos C e A,
respetivamente. No entanto, para alguns casos pontuais esta tendência não se verificou,
por exemplo, a duração do ensaio do instrumento EDM OneFile_1 (427,2 s) foi inferior
à do instrumento CM_1 (432,5 s) e a duração da lima CM_2 (281,5 s) foi
aproximadamente igual à da lima EDM Glidepath_1 (378,6 s).
O valor médio dos vários NCF seguiu esta tendência, tendo-se revelado superior
para o grupo B, seguido pelo grupo C e, finalmente, a alguma distância dos restantes,
pelo grupo A. Através de uma análise individual dos valores do NCF para os vários
instrumentos, constata-se que os que apresentaram um menor valor foram, mais uma
vez com alguma distância, os do grupo A. O instrumento a que correspondeu o maior
NCF foi o EDM OneFile_2, enquanto que os EDM OneFile_1 e _3 e CM_1 e _2
apresentaram valores no mesmo intervalo (2800 – 3600)
85
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
a) OneFile_2
(b)
A A
500 μm
(c)
B
200 μm
(a) B
500 μm
Figura 5.2 - Superfície de fratura da lima OneFile_2. (a) Vista de cima; (b) Vista lateral (face A); (c) Vista lateral (face B).
86
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
b) Glidepath_1
(b)
500 μm
B
A (c)
B
200 μm
(a)
500 μm
Figura 5.3 - Superfície de fratura da lima Glidepath_1. (a) Vista de cima; (b) Vista lateral (face A); (c) Vista lateral (face B).
87
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
88
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
89
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
i 𝑣⃗ f
Defeito
5 mm 5 mm
21 mm
Figura 5.4 - Representação esquemática dos parâmetros de varrimento utilizados nos ensaios
experimentais na lima endodôntica defeituosa (imagem não está à escala).
Tabela 5.3 - Parâmetros utilizados nos ensaios experimentais nos quais se utilizaram as sondas absolutas.
Número de espiras 10, 20 e 30
Parâmetros Variáveis 1 – 7 MHz
Frequência de excitação
(incrementos de 0.5 MHz)
Tipo de defeito Descrito na figura 3.9
Ganho 60 dB
Comprimento de varrimento 21 mm
Parâmetros Fixos Frequência de adquisição de dados
A cada 0.25 mm
(𝑋𝑆𝐶𝐴𝑁 )
Número total de pontos obtidos 64
Velocidade de varrimento 1.2 mm/s
90
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
N = 10
𝑋 [mm]
0
-0.5
-1
-1.5
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
-2
-2.5
3 MHz
-3 4 MHz
5 MHz
-3.5
Figura 5.5 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA10 para f = 3, 4 e 5 MHz.
N = 20
𝑋 [mm]
0
-0.5
-1
-1.5
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
-2
-2.5
-3 3 MHz
4 MHz
-3.5
5 MHz
-4
Figura 5.6 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA20 para f = 3, 4 e 5 MHz.
91
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
N = 30
𝑋 [mm]
0
-0.5
-1
-1.5
-2
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
-2.5
-3
-3.5
3 MHz
-4
4 MHz
-4.5
5 MHz
-5
Figura 5.7 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SA30 para f = 3, 4 e 5 MHz.
92
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
N = 30
Defeito
𝑋 [mm]
0
-0.5
-1 Ensaio Experimental
-2
-2.5
-3
-3.5
-4
-4.5
-5
Figura 5.8 - Gráfico de impedância obtido na simulação numérica obtida para uma bobina com 30 espiras, 2
mm de comprimento e excitada com uma f = 5 MHz.
Tabela 5.4 - Parâmetros utilizados nos ensaios experimentais nos quais se utilizaram as sondas diferenciais.
Número de espiras 15, 30 e 40
Parâmetros Variáveis 1 – 9 MHz
Frequência de excitação
(incrementos de 0.5 MHz)
Tipo de defeito Descrito na figura 3.9
Ganho 60 dB
Comprimento de varrimento 21 mm
Parâmetros Fixos Frequência de adquisição de dados
A cada 0.25 mm
(𝑋𝑆𝐶𝐴𝑁 )
Número total de pontos obtidos 64
Velocidade de varrimento 1.2 mm/s
93
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
N = 15 + 15
𝑋 [mm]
-1
-2
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
-3
-4
6 MHz
-5
7 MHz
8 MHz
-6
Figura 5.9 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD15 para f = 6, 7 e 8 MHz.
N = 30 + 30
𝑋 [mm]
0
-0.5
-1
-1.5
-2
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
-2.5
-3
-3.5
6 MHz
-4
7 MHz
-4.5
8 MHz
-5
Figura 5.10 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD30 para f = 6, 7 e 8 MHz.
94
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
N = 40 + 40
𝑋 [mm]
-0.5
-1
-1.5
-2
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
-2.5
-3
-3.5
-4 6 MHz
7 MHz
-4.5
8 MHz
-5
Figura 5.11 - Variação da Impedância elétrica registada na sonda SD40 para f = 6, 7 e 8 MHz.
N = 30 + 30
Defeito
𝑋 [mm]
0
-1 Ensaio Experimental
Simulação Numérica
-2
Re (𝑍⃗ ) [Ω]
-3
-4
-5
Figura 5.12 - Gráfico de impedância obtido na simulação numérica obtida para uma bobina com
30 espiras, 3 mm de comprimento e excitada com uma f = 8 MHz.
95
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
96
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
97
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
Figura 5.16 - Intensidade das correntes induzidas na secção defeituosa do arame de NiTi.
98
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
65
60
55
50
Temperatura [°C]
45
40
35
30
25
Tempo [s]
99
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
a) Fase de Aquecimento
Referência
Defeito
10 mm 1010
10 mm
mmmm
(a) (b)
~
Figura 5.18 - Termogramas obtidos na fase de aquecimento. (a) Lima defeituosa. (b) Lima de referência.
Referência
Defeito
10 mm
10 mm 1010mm
mm
(a) (b)
Figura 5.19 - Termogramas obtidos na fase de equilíbrio térmico. (a) Lima defeituosa. (b) Lima de referência.
100
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
c) Fase de Arrefecimento
Referência
Defeito
10 mm 10 mm
10 mm
(a) (b)
Figura 5.20 - Termogramas obtidos na fase de aquecimento. (a) Lima defeituosa. (b) Lima de referência.
101
Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Experimentais
pelo que não foi possível ser corrigido. Ainda assim, tendo em conta que se verificou na
lima de referência e numa região abaixo da secção defeituosa, é possível assumir que
este facto não influenciou os resultados nem as conclusões deles depreendidas.
Da análise dos termogramas obtidos conseguiu-se identificar, na região onde se
verificaram temperaturas mais elevadas, uma pequena secção onde as temperaturas se
revelaram comparativamente mais baixas. Esta secção é coincidente com a região onde
se encontra a fissura, pelo que é razoável assumir que esta discrepância térmica é devida
ao defeito e não, por exemplo, à presença de uma espira. Este contraste térmico, apesar
de bastante subtil, é mais evidente na fase de equilíbrio térmico.
Apesar de se ter conseguido identificar a fissura, o facto de a sua deteção se basear
em contrastes térmicos extremamente ténues indica que dificilmente se detetariam
defeitos de menores dimensões. Tal como se pode observar na figura 5.21, as fissuras
de fadiga geralmente apresentam dimensões centenas de vezes inferiores à fissura
analisada, pelo que se pode inferir que a sua deteção seria impossível com as
metodologias e equipamentos utilizados no presente estudo.
Figura 5.21 – Duas fissuras resultantes de um ensaio de fadiga cíclia numa lima
endodôntica HyFlex 35/.04 (adaptado de [61]).
102
Capítulo 6 – Conclusões e Desenvolvimentos Futuros
6. Conclusões e Desenvolvimentos
Futuros
6.1 Introdução
Neste capítulo são apresentadas as conclusões retiradas deste trabalho e referidas
algumas sugestões para desenvolvimentos futuros. Todas as conclusões consideradas
relevantes foram apresentadas e analisadas na discussão dos resultados de cada um dos
ensaios, no capítulo 5, pelo que neste capítulo se procede apenas a um levantamento e
consolidação das conclusões mais importantes que decorrem do trabalho realizado.
103
Capítulo 6 – Conclusões e Desenvolvimentos Futuros
6.2 Conclusões
6.2.1 Ensaios de Fadiga por Flexão Rotativa
104
Capítulo 6 – Conclusões e Desenvolvimentos Futuros
105
Capítulo 6 – Conclusões e Desenvolvimentos Futuros
106
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