Você está na página 1de 40
PROJETO Os Puritanis Sola scriptura, sola gratia, sola fide, soli Deo gloria, solus Christus YA ae (OS PURTTANOS ANO XII: N® 03 : 2004 : RS 8,00 mar contra o Espirito Santo ndo ra sen XITI Simpésio Os Puritanos ® Ekigio, Motivo para Santificagdo 19) 6 Pecado que Famais Sed Perdoado ( 3) Jobn Kyox na Lturgia eAdoragao @ Auto-Exame @ A Relaco entre Profissio de Fée Fé @& Diftrengas do Culto Luterano e Calvinista & 6 Cabvinismo e 0 ('ulto - TT a> Religiéo do Coragio QB Doenta 2B Confissto de Fé de Westminster — Capitulo XUV @ Trazendo 0 Evangelho aos Filbos da cAlianga @ cA Verdadeira Tgreja Pentecostal &» De Mulher para Mulber — Uocé é Radical?! GS 6 Cabvinismo ¢ 0 Culto &® 6 Feliz Momento do Jovem Jardineiro 3D XIII Simposio Os Puritanos REVISTA os | Presb. Manoel Canuto PURITANOS ‘a X- Namero3 2006 tee coames de Recife para Belém na mana de 30 de julho de 2008 a fi de particinar da vi | Summa Conferéncia Reformada, na Tgreia Presbiteviana Central do Pars. Nosso grupo era | saeco Cin coron composto de sete pessoas, entre elas, presbiteros,pastorese mestres (tr8s dos quais seriam | HEME ca nay civena preletoes) Foi uma viagem um pouca cansativa, pois tvemos duasescalas até nosso | Maser ose destino, Estavamas, no entanto, alegres de poder participar mais uma vez desta conteeéncia anual | MM. sas oir {Ho inatrutvae ever amigas eimdos querios. serv 0s preletores, como sempre, na expectativa de conhecer mais uma igreja Reformada e sua | ASSET infuéncia no Bras, tendo em mente a operunisade de contribu um pouco no encoraiamento e | feuset-sesreas aplicage da f Reformada no mundo, i co Eu dava gragasa Deus por termos a mesma fé€ 0 mest Senhor. Havia comunhao entre ns | foe iansr sn ‘e alegria no Espirito, Isso me deixava sob forte emogao. ee Como semore, fos muito bem reebides pela familia do Pr. Paulo Argladse 0s alesramos 20 rever os amaos inmaes, Sequimos imediatameate para o local onde nos hospedariamos, Tudo ito pritice, organiza e eficiente. Parmeter ‘A nite tiers uma boa reuniao de oragio onde falou o Pr. Ben Dowling que vistava o Brasil | sehen pela primeira vez para conhecer 0 Projeta Os Puritanos, em nossa teera, onde um dia seus pais | "aman sam: tn foram missiondrios. Foi um momento edificante e preparatério para © inicio das Conferéncias rmarcado para o dia sequint, 2 noite, dia 01 de jlho. Havia um sentimento de expectativa no olhar de tod, A noite do dia seguinte tivemos duas conferdncias com Or. Holdt e Dr. Kloasterman (Justiieagae pela Fé e A Queda e 0 ‘Mateimbnio?. Deus semore nos surnreende. Saimos euificados ¢ com alegria em nossos coragoes. A gratidae invaciv meu coracao ‘Quem somas nés para recebermas tais béngées? Quem somos nds para sermos cidaddos do céu? Quem somos nds para fazermos parte de povo do pacto? Quem somos nbs para Deus entrar em alianga conosco? ‘4s Conferéncias continuaram na noite da sexta e durante a manhaie noite do sébado. 0 ema das mensagens era multe prtico: ‘A Familia da Alianca e a Espiritualidade Crista. 0 fal das Conteréncias, na noite do dla 03, fol marcado por forte emacae. Estivamos preparados para o Dia do Senhor. 0 domingo chegou. Mais momentos para ouvirmos a mensagem de Deus, pela manha € Anoite. Os iemaos tiveram a oportunidade de gartcipar da Ceia do Senor com jibilo em seus coragies Tarefa cumprida. Coragies aratos a Deus. No dia sequinte partriamas para Maragoai, Alagoas, onde teriamos mas um Simpdsio Os Puritanos, o décimo terceiro. Dia 05 de julho de 2004, Chegamos no aeroporte do Recife e logo fomas levados para o local do evento, no Hotel Praia Dourada, j8 em solo alagoano, préxime & divisa com Pemambuco, Estavamos um pouco cansados. 0 percurso de volta de Belém fora iqual ao da da, mas navamente com 0 coracaa desejoso de uma real comundo com os mas da mesma fe. Foi hom encontrar a equine do Projeto Os Puritanos trabalhands para receber os participantes e fazendo os vitimos acertas para a abertura do Simpisio, 0 almero de participantes era pequeno, mas isso no nos deixava desanimados, apenas lamentavamos que alguns nao puderam participar. Havia no Simpdsio irmaos do Piaui, S40 Paulo, Goids, Rio de Janeiro, Bahia, Paraiba, Seraipe, de Pemamibuco e dos Estados Unidos Foi um dos melhores encontros ja promovidos pelo Projeto Os Puritanos. Nos alegramos em Crist, nos edficarnos e saimos encorajados para os embates da vida crsts. No Gtimo dia, uma das criancas que ouvi a palestra sobre a familia do pacto disse "Eu ouvi quancl 0 pastor falou que, quando nossos pais nos falam a verdad, & Deus nos falando” Dr, Klosterman nas falou deforma bibica e pratica sobre a familia crsta,discorrende desde acriago do omen, sua queda « conseqdéncias, até sua redengio. Dr. Holdt compartihou conosco a Palavra, suas expeviéncias€lutas na vida crlsta: depressio, perdao, oracio, salvacdo. Cantamos louvares a Deus, através dos Salmos, pelo que Ele fez € tem feito por nds. “Numa época em ‘que ha consideravel confusdo acerca da genuina espritualidade cristée a familia encontra-se em franca decadéncia, © melhor a ser feito & buscar instrugda na inspirada e inerrante Palavra de Deus, acerca desses assuntos"” esses dias difceis podemos cantar 0 Salmo 46, preferido dos reformadores. Lutero comps “Castelo Forte" tomando este salmo como base. Certo dia Mellancton, grande amigo e cooperader de Luter, entristecido por causa dos sinais de enfraquecimen- ‘ada Reforma, passando por uma rua ouviy uma menina cantando este Salmo, Ele parou e ficou se delciando com sua mensagem, A crianga, ao vé-o parado ¢ escutando-a, calou-se,intimidada. Mellancton disse-he: "Aenina, ndo pare de cantar, Vocé no sabe fo beneficio que este saimo traz ao meu coragioe © quanto ele me anima”. A crianga voltou a canté "Aquieta-vos sabe que eu sou Deus; sou exaitado entre as nagées. 0 Senhor dos Exércitos esta conosco; © Deus de Jacé é 0 rosso refigi” (Si 46:10-11). ‘Ore pelo Projeto Os Puritanos, pedimos, Boa leitura! Dr. Helson Kloosterman professor no Mid-America Reformed Seminary; Dr. Martin Holt, pastor Batista a Africa do Sul Pr, Benjamin Dowling, pastor da Larela Prestiteriana Reformads Assoclada, USA; Pr. Kenneth Wisk d Igreja Reformada Canadensee trabalhand atualmente na lero Reformada (Libertas) do Brasl ac Grande Recife; Presbtere Olin Coleman da PCA, USA; sua neta Mary e © etor desta Revita Os Puritans 2 Revista Os Puritans O Pecado que Jamais Sera Perdoado Geoff Thomas ~ivtas aquele que blasfemar contra 0 Espirito Santo nao tem perdi4o para sempre, visto que € réu de pecado eterno, Isto, porque diziam: Esté possesso de um espirito imundo”. (Marcos 3: 29,30) completa expiacao em favor de incontaveis pecadores. Uma visdo antecinada disto encontramos no texto de Isalas 1:18: “Vinde pois, e arrazoemos, diz 0 Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornardo brancos como a neve; ainda que sejam vermethos coma o carmesim, se tornardo come a la". Pecados da cor de escarlata séo feitos brancos como a neve! Assim, houve perdao para o rei Davi, or seus pecados de adultério, desonestidade, ¢ assassinato. Também houve perdéo para 0s muitos pecados da mulher em Lucas capitulo 7, ¢ para o filho prédigo em seu viver rebelde numa cidade distante. Também para Simo Pedro houve perdéo, quando, jurando e profanando, por trés vezes negou 0 Mestre amado. Em favor dos homens de Jerusalém que penduraram o Senhor no madeiro e 14 0 deixaram agonizando até morrer, 0 oréprio Senhor orou por perdao, e grande foi 0 perdao concedido, livremente oferecido em Pentecostes. Para Saulo de Tarso, pelo pecado de impiedosa persequigao aos cristdos, tamivém houve perdéo, E quanto aquele irmdo da igreja de Corinto, por seu pecado de fornicagao com a mulher de seu préprio pai, também houve perdao, Qualquer que tenha sido tua culpa — se no passado foste um guarda da S$ em Auschwitz, ainda assim hd perdao. Se tens sido um ministro modernista, conduzindo pessoas por caminhos perdidos através da pregagao do erro, chamando de evangelho tuas idéias modernistas, saiba que também a ti€ oferecida perdao. Considera ‘aquele homem apelidado de “Filho de Sam”, que hd mais de uma década assassinou impiedosamente muitas jovens na cidade de Nova lorque. Por meio do Salvador, aquele assassino encontrou 0 perdido, eno presidio tem andado em novidade de vida, jé faz alguns anos. O sangue de Jesus Cristo, o Filho de Deus, nos purifica de todo © pecado, “Mas isso nao é apropriada!”, alegam os homens. € verdade, isso nao é aprooriado € nao ten nada a ver com ser ou ndo ser apropriado. [380 tem tudo a ver com a imensidao da misericérdia divina; perdao é liveemente oferecido ao mais vil pecador. Se assim é, entao haveria perdéio também para mim? Sim, também para ti hd perdao! A marca distintiva da misericérdia divina & que ela é absolutamente incomensurdvel. 0 amor de Deus & permanente e abundante para com todos os que O buscam. O salmista se sentiu completamente dominado diante da percepgao desse amor: "Se observares, Senor, iniqdidades, quem, Senhor, subsistird? Contigo, porém, esta ‘o perdiéo, para que Te temam’”(Salmos 130: 3,4). Em uma de suas cartas 0 apéstolo Paulo lembra a Timéteo © seu préprio caso, para preveni-lo, na hioétese de que o discipulo viesse a sentir-se culpado acima do alcance da graca de Deus. Paulo era 0 exemplo vivo ca perfeita paciéncia de Cristo. 0 Senhor Jesus Cristo nunca fol impaciente, e nunca serd. Paulo, antes de ser convertido, havia blasfemado, perseguido e insultado o proprio Cristo, e no entanto encontrou misericérdia (I Tim. 1:13). HA perddo para todos os pecados e blasfémias dos homens, Na cidade de Londres, rua Aldersgate, John Wesley havia passado pela experiéncia de conversao; duas semanas depois, o Vice Chanceler da Universidade de Oxford o convidara para pregar a Palavra no culto oficial da Universidade, na lgreja de Santa Maria. A Universidade inteira estava ali reunida, e Wesley comecou pregando sobre 0 texto, “Pela graga sois salvos", falando aos estudantes e seus professores sobre a sublime misericérdia de Deus em Jesus Cristo, capaz de cobrir todos os pecados que tivessem cametido no passado, livrdstos da culpa, do medo, € do poder do pecado. Mas, eis que percebendo certa objecto percorrendo as rmentes daquela céptica audiéncia, Wesley, fez uma pausa € prosseuiu: An, diriam alguns, *Essa € uma doutrina incémoda, desconfortével’, Mas, ao contrario, ela é plena de conforto a todos os pecadores, de mado tal que “todo aquele que nela cré, jamais sera envergonhado’. Aquele que € Senhor sobre todos, é rico em misericérdia para com os que por Ele clamam. Eis aqui o conforto. T4o alto quanto 0s céus, e forte como a morte! O qué? MisericOrdia para todos? Para Zaqueu, o publicano ladrao € inimigo piblico? Para Maria Madalena, a vulgar prostituta? Eu oso ouvir alguns de vés dizendo, ‘Nese caso até mesmo para mim pode haver esperanca de misericérdia?’. Sim, até mesmo para ti que estas aflito © ue de ninguém tens recebido conforto. Deus nao rejeitard tua oracao. Talvez Ele diga nesse oréximo momento, “Filho, tende born animo, teus pecados s4o perdoados, tao perdoadas que nao terao mais poder algum sobre ti, 3 A® do evangelho cristéo é a obra acabada, realizada por Jesus Cristo, por meio da qual foi feita Revista Os Puritanos Geoff Thomas | ©0 Espirito Santo testemunharé a teu espirito que és um filho de Deus”. 6, que boas novas! Novas de gran povos! 6! Vinde as Aguas vés que dinheiro e sem preco. quais tenham sido os vossos pecados, mesmo que vermelhos como a escarlata, mesmo que mais numerosos que os cabelos de vossas cabecas, voltai-vos para Nosso Senhor, € Ele teré misericordia de v6s; voltai-vos para Nosso Deus, pois Ele perdoa abundantemente, Esse deve ser o alicerce de toda a nossa pregacao, isto é, devemos primeiro pregar 0 perdao” Esses foram os temas fundamentais do Grande Avivamento, a mensagem de que os homens sao peca- dores, mas que, pelo amor de Deus em Cristo Jesus, perdéo total € oferecido, ¢ que é pela fé que os homens recebem o perdéo de Deus. E, se antes que venha o fim do mundo, Deus se comprazer em agraciar nosso pals, com outra obra poderosa semelhante aquele Grande Avivamento, creia que tal obra novamente seré carac terizada por ofertas vives de perdéo aos principais dos pecadores, pela graga de Deus em Nosso Senhor Jesus Cristo 0 perdao divino é 0 tema central das boas novas respeito de Jesus Cristo. E se hd, dentre os que leer esse artigo, alguns que so obcecados por certos pe- cados favoritos jd se tornaram contumazes, lem- bramos que ha maravilhosas noticias de oferta de perdéo gratuito do céu. E a todos aqueles que ouvem, semana apés semana, alguns que por muitos anos tém desconfiado de Cristo e que agora ja comegam a achar que é tarde demais, e que o dia da misericérdia de Deus para eles ja passou, eu digo NAO! Pois também a esses pecadores é oferecido perdao, em nome de Jesus Cristo. Ha boas novas ce perdao e misericérdia a todas as criaturas, no importando a dor ou magoa que tenham causado a outros. Se tudo isso € verdadeiro, 0 que entao quer dizer Nosso Senhor quando afirma que, "aquele que blas- femar contra 0 Espirito Santo néo tem perdéo para sempre, visto que & réu de pecado eterno” (V. 29)? Qual 0 motivo dessa adverténcia gravidade de tom? Haveria algum pecado especialmente abomindvel den- tre a lista de pecados que cometemos? Se sim, qual seria esse pecado? Seria algum dentre os dez man- damentos, que, se quebrarmos, atrairemos 0 terrivel julgamento sobre nés? Sera que a violagdo de tal mandamento mergutharia o pecador numa situagao desesperadora tal que nao poderia mais haver perdao para ele? Nosso Senhor de fato nos diz que ha um pecadio imperdodvel. Ele nos fata desse pecado, e 0 que esta reuistrado no texto de Marcos é também repetido em Mateus 12 € Lucas 12, Em todos as trés 4 | Amarca distintiva da misericérdia divina € | que ela é absolutamente de alegria que so enviadas a todos 0s | incomensuravel. 0 amor de Deus é permanente e estais sedentos. Vinde e comprai sem abundante para com todos ‘Nao importa | 0s que O buscam. evangelhos lemos essas palavras de Nosso Senhor a respeito do pecado eterno. Esses alertas sao postos na Biblia para que ninguém presuma ue todo pecado de todas as pessoas serdo perdaados. Que ninguém con- sidere levianamente 0 perdao de qualquer pecado, simplesmente co. mo se fosse dever de Deus perdoar nossos pecados, assim coma uma maquina de refrigerante entrega a mercadoria quando a ficha é inserida, Esses alertas aparecem trés vezes na Biblia, para enfatizar sobre a seriedade do pecado, € nos ajudar a resistir o pecado mais zelosamente do que temos feito até entao, Lembremo-nos de que nao so minhas aque- las palavras, nem palavras de homens, mas as pala- vras do Noss Amado Salvador. De imediato devo dizer que eu sei, e muitos de vés também o sabeis, qual 6 identidade do pecado Imperdoavel. Em outras palavras, esse nao é um assunto cercado de mistério, € 0 fim desse artigo muitos de vés igualmente sabereis qual a resposta a essa questo. Nos temos os dados biblicos, por assim dizer, que nos permite afirmar com tal seguranga. Aquele que tem ouvidos para owvir, ouga, 1.0 QUE NAO E PECADO IMPERDOAVEL. Todos os pecados sAo contra o Espirito Santo, den- tre os quais muitos s80 pecados grosseiros. Contud, 0 pecado de blasfémia contra 0 Espirito Santo, 0 peca- do imperdodvel, é um tipo distinto de pecado. TA blasfémia em si nao constitui pecado imper- dodvel. A primeira vista pode-se pensar que sim, cons Gerando 0 que disse Nosso Senhor “aquele que blas- femar contra 0 Espirito Santo néo tem perdéo para sempre, visto que é réu de pecado eterno” v.29). Mas, © que é que lemos no versicula anterior (v.28)? "Em verdade vos digo que tudo serd perdoado aos filvos dos homens: 0s pecados e as blasfémias que proferirem”. ‘Assim sendo, o pecado imperdodvel nao ¢ a blasfémia em si —a respeito de que o Catecismo de Heidelberg assim se refere (Q. 100), "Nenhum pecado é maior ou ‘mais provocante a Deus do que a profanagao de Seu Nome". Isso pode ser verdade, mas para esse grande pecado 6s podemos afirmar que ha grande perdao, Lembremo-nos que Saulo de Tarso, em sua firia con: tra a primeira geracao de cristaos, nos diz “ev os obrigava até a blasfemar’ (At, 26:10). Ele afigia os cristaos com tremendas pressées e torturas, para for- ‘gé-los a maldizer o nome de Jesus, mas 0 Deus que Se compadece de Seus filltos certamente os perdoa por isso, Um estudante certa vez procurou-me, perturbado por pensamentos blasfemos correndo por sua mente, Quanta angéstia em seu rosta!... Mas juntos fomos conversando € trazendo a lembranga names na his- toria da igreja, de homens que também foram per- Revista Os Puritanos turbados por aquele tipo de pecado, homens como John Bunyan, por exemplo. Tais pensamentos s4o dardos inflamados do maligno. Eu € ele lernos e ora- mos juntos aiguias vezes — “Derramai da vosso silencioso orvaiho de quietude, fazendo cessar nossas contendas.” — e aqueles pensamentos foram sendo dissipados para nunca mais perturbé-lo outra vez. Eu ndo sei se naquela noite em que Pedra jurou trés vezes, hnegando conhecer Jesus, suas juras foram acompa- nhadas de blasfémia, mas eu sei que houve perdéo para o apéstolo. Blasfémiia nao € 0 pecado imperdoa- vel. Tende born &nimo, vés que tendes blasfemado! Se vos arrependerdes © de coragéo buscardes misericér- dia em Deus, através de Cristo, voss0s pecados sero cobertos II] Pecados sexuais no constituem o pecado im- perdodvel. Atualmente fala-se de todo tipo de aber- rages sexuais, as quais suscitam gargalhadas dos tolos, to horrenda e ostensivamente trivializadas. Eu jamais abvandaria as consealiéncias especiais do ve- cado sexual, para destruigao do individuo, da paz, ¢ dda pureza, para ndo mencionar as doengas sexuais, 25 desiruigoes de lares © as dores que 0 acompanham, ras 0 pecado sexual ndo € 0 pecado imperdodvel. NOs sabemos quao crave e seriamente 0 apéstolo Paulo se refere a esse necado em sua primeira carta aos carn tins. Informado de que um dos membros da igreja hhavia procurado uma prostituta, esses foram 2s ter mos da resposta do apéstolo: "Fugi da impureza. Qual- quer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidaas ceca contra o préprio corpo” (I Cor, 6:18), Trata-se de uma afirmativa misteriosa, ¢ talvez signifique que, & nna unio sexual, por melo de nossos corpos, que nds comunicamos & outra pessoa nosso amor e riossa sin- gularidade, e isso de modo especialmente intimo, Quando hd desvio de conduta sexual, de modo igual mente singular a pessoa peca contra seu préprio corpo — corpo que ¢ destinado para o céu, para a presenca de Deus. As deciaragdes do apéstolo nos versos uintes definem o real significado do ato praticado — um cristae havia tomado os membros do corpo de Cristo para os unir a uma prostituta — meditemos sobre a gravidade disto! Que coisa terrivel. Uma pes- soa pecar contra seu préprio corpo, o qual est unido a Cristo. “Acaso ndo sabeis que 0 vosso corpo & santudrio do Espirito Santo que estd em v6s, 0 qual tendes da parte de Deus?” Cor. 3:19). Lemoremo-nos de José no Egito ‘que, ao ser tentado pela esposa de Potifar replicou: "Como, pois, come- teria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gen. 39:9). Contudo, indo hd nada que sugira que qualquer forma de pecado sexual seja imperdo Revista Os Puritanos Que ninguém considere levianamente o perdao de qualquer pecado, simplesmente como se | _—_tasia, como no caso de Salomao que. fosse dever de Deus | perdoar nossos pecatos, | assim como uma maquina — de refrigerante entrega a | mercadoria quando aficha | vel. Naquelas passagens em que lemos sobre pecado de blasfémia contra o Espirito nao hé referéncia a0 sétimo mandamento. Assim, aqueles dentre nés que pecaram no dmbito sexual ndo devern pensar que cameteram o pecado imperdoavel. IMI] Suicidio nao o pecado imperdodvel. Eu te- ‘iho um amigo que nos seus primeiros 30 anos viveu sem Cristo, acumulando dinheiro e cultivando os pra- zeres do mundo. J era miliondrio, mas no intimo se sentia miserdvel e desesperado. A vida para ele ndo tinha propésito. Quem deseja ser milionario? Ele dese jou muito, € a0 atingir a meta entendev que a vide no era mais doce por causa disso. Tudo Ihe parecia des- provido de propésito, ¢ ele considerou seriamente a hipétese de suicidio. Mas, como fora educado pelos jesuitas — sendo, portante, catélico romano — tinha como certo que o suicidio levaria sua alma para o inferno, 0 que seria muito pior que o estado desolador em que se encontrava. E claro que isso fora Util no sentido de preservar-Ihe a vida, mas nao de comunicar © conhecimento do Salvador celestial. Foi entéo que ele conheceu outro amigo meu— Dave Dykstra —aue, sdbia e gentiimente, 0 ajudou. 0s dois se tornaram amigos, e durante meses conversaram, até que um dia ele aceitou o convite para ir & igreja que Dave fre- aientava, $6 alguns anos depois foi que eu vim a conhecer essa pessoa, quando entdo ele jA conhecia 0 Senor, ¢ sua vida mérbida € sombria ja havia sido transformada em uz. A intengdo ¢ tentativa de sui- cidio nao € pecado imperdodvel. 0 carcereiro em Fiipos ia suicidar-se, mas Paulo bradou em alta voz do te fagas nenhum malt”. & essa & a nossa men- sagem a pessoas desesperadas que vivem ao nosso redor. N6s temos boas novas de grande alegria para eles e todas as pessoas. Hd um Salvador para eles, ha perdéo a ser oferecid a eles, hd vida abundante sendo prometida a eles, Saulo de Tarso levou cristfos a pensar que, para eles o suicidio seria preferivel as torturas com que os afligiria! Que monstro! Contudo, seus pecados foram perdoados. Nao hd qualquer fun- damento para crermos que 0 suicidio € 0 pecado im- perdoavel, ou que estdo irremediavelmente perdidos aqueles que atentam contra suas préprias vidas duran- te crises de perturbagao mental. Acima apresentel apenas trés casos que muitos consideram como pecados imperdo veis, mas que ndo so. Mas, a lista € enorme. Algumas pessoas conside- ram imperdodvel a crescente apos | tomau esposa ands esposa, e cue em Jerusalém erigiu templos a estra: rnhos deuses. Mas mesmo uma perver- sidade daquele género nao constitu blasfémia contra 0 Espirito Santo. Nessas grandiosas palavras de Cristo 5 6 inserida, Geoff Thomas hha esperanga para todos vbs que ten- des pecado tao terrivelmente: “Em doada aos filhos dos homens: os pe- cados e blasfémias que proferirem”. E 0 préprio Cristo quem afirma ‘que sereis perdoados; portanto, quem podera dizer que nao sereis? . mental. 2, 0 QUE E PECADO IMPERDOAVEL. Observemos 0 contexto no qual séo ditas as pala- vras a respeito do pecado imperdodvel, 0 inicia do ministério pablico de Jesus estava pondo em chamas anagao. Pelo poder do Espirito Santo varios tipos de doengas estavam sendo curadas, enfermidades que afligiam as muitas pessoas que vinham a Jesus. Ele vinha pregando como o préprio arcanjo, com tal autoridade, sabedoria e graca. Muitas pessoas que se encontravam sob possesséo demoniaca estavam sen: do liberiadas, € os deménios fugiam de volta para 0 inferno, Uma simples palavra de Jesus e os possessos de espfrito imundo eram restaurados. Dezenas de mi thares de pessoas iam a Galiléia para vé-Lo € tocé- Lo, Tratava-se de uma obra poderosa do Espirito de Deus. Pelo Espirito Santo Cristo, estava operando aquelas grandes obras. O reina de Deus havia che- gado, estabelecido em Cafarnaum pelo Rei descido do céu. Tudo iss0 estava acontecendo, mas ndo sem grande resisténcia. Maria, a mae de Jesus, e seus meio ir- mos vieram de Nazaré para tomé-Lo ¢ levé-Lo para longe, a fim de manté-Lo sob controle até que Suas ilusdes desaparecessem. Os tedlogos lideres do pas, os mestres da lei em Jerusalém, i& haviam sido infor- mados de tudo que vinha acontecendo. Eles sobem pelo norte do vale do Jordaio até a Galiléia, para ver de perto aquilo que Jeova Jesus estava fazendo e dizendo. Depois de presenciarem 2 majestade ¢ poder das obras que Deus o Espirito Santo vinha fazendo através de Nosso Senhor, els @ conclusdo a que che garam os homens daquela Inquisigo: Jesus esta pos- suido por Belzebu! E pelo principe dos deménios que Jesus esté expulsando deménios (v.22). € para refutar tal acusagdo que o Senhor profere as palaveas de nosso texto: “aquele que blasfemar contra 0 Espirito Santo ndo tem perddo para sempre, visto que & réu de pecado eterno”. 0 cenario no qual essas palavras sdo ditas € um no qual as poderosas realizagoes do E5- airito esto presentes em grande abundancia, mas esses homens maldosamente pervertema obra do Espi- rito. Eles negam o que é divino, e mostram dio e fara infernal contra Jesus € a testemunho do Espirito. em tal contexto que podemos comegar a entender 0 que, especificamente, & 0 pecado imperdodvel. E algo que esta obviamente vinculado com o atribuir a Sata ns a obra que é do Espirito Santo. 6 Nao ha qualquer fundamento para crermos verdade vos digo que tudo sera per- | que o suicidio € 0 pecado imperdoavel, ou que estéo irremediavelmente perdidos aqueles que atentam contra ‘suas préprias vidas durante crises de perturbat I] 0 Pecado Imperdoavel duran- te 0 Ministério Terreno de Cristo, Antes de buscarmos uma defini- ao para o pecado imperdodvel, exa- minemos como essa narrativa do nosso texto é apresentada no evan- getho de Mateus, pois além das mes: mas palavras do texto de Marcos, Jesus acrescenta algo intrigante. Ve- jamos: “Portanto, Eu vos digo: Todo 0 pecado e blas- fémia se perdoaré aos homens; mas a blasfémia con- tra 0 Espirito ndo serd perdoada aos homens” (Mt. 12:31). E no verso seguinte Jesus vai além e afirma que "Se qualquer disser alguina palavra contra 0 Filta do homem, ser-the-4 perdoado; mas se alguém falar contra 0 Espirito Santo, ndo the seré perdoado, nem neste século nem no futuro”. (Mt. 12:32; ver também Lc. 12:10). 0 que é que isso significa? Blas- fémia contra Jesus € perdoada, mas blasfémia contra © Espirito jamais sera perdoada, Nao € dificit entender. A distingao entre a blasfé- mia contra Jesus e a blasfémia contra 0 Espirito San- to s6 era relevante antes do Calvario, mas nao se aplica aos dias de hoje. Tal distingao nao mais se aplicou depois da ressurreigdo de Jesus nem depois do Pentecostes, e também néo é achada em nenhuma das cartas do Nova Testamento, isto porque foi somente durante o ministério terreno de Nosso Senhor que tal distingdo se aplicou, Deixe-me continuar: A razao era que a identidade de Jesus como 0 eterno Filho de Deus estava velada &s pessoas durante os trinta € trés anos fem que Ele andou entre nés. Ele causava perplexidade nas pessoas. Elas no conseguiam chegar a um acordo quanto ao que pensar de Jesus, algumas chegando mesmo & crueldade em seus julgamentos. Sua famitia © considerava simplesmente como 0 filho de Maria e José, que havia alimentado certo tipo de ilusdo reli- giosa a respeito de si mesmo, ¢ que tinha um parafuso a menos em sua cabeca. Outros diziam ser Ele Elias, ‘ou um dos antigos profetas que havia ressuscitado, Outros sugeriam ser Ele 0 préprio Jodo Batista. Mas, de todos, 0s fariseus eram os mais duros, pois afir- mavam, “Nés achamos que ele € diabo”. Em parte, a raza pela qual eles afirmavam coisas tao cruéis a respeito dEle era que 0 Senhor deliberadamente esta- va ocultando dos homens Sua gléria. Quem ao menos imaginaria que 0 Senhor da Gloria dormiria num estabulo em Belém? 0 que dizer entao do fato de ter sido crucificado entre malfeitores? Ele mesmo proi- biira os deménios de anunciarem ser Ele 0 Santo, 0 Filho de Deus. “Guardai isso para vas mesmos" orde- nara. Jesus havia curado pessoas e proibido-as de anunciarem que Ele era quem as havia curado. Trinta anos de abscuridade seguidos de mais trés anos de humilhagao. Ele mesmo dissera que o Filho do Ho- mem nao tinha onde reclinar a cabega — que estranho Revista Os Puritanos filo do rei Davi! Nesse mundo ele fora um andarih. Sendo 0 proprio Messias de Deus, se dizia o Filho do Homem. Ele entrara em Jerusalém como 0 Messias dantes anunciado pelos profetas, mas sua montaria de rei ndo fora mais que um humilde jumentinho. “Serd esse 0 Messias?“ era o que o pove perguntava. Ele fez de Si mesmo obscura aplicagao das profecias mes- sianicas do Antigo Testamento, Seus discipulos esta- vam sempre dizendo uns para os outros, "O que sera que Ele esta querendo dizer-nos? Qual o significado de Suas palavras?”. Ele usava parabolas para falar as pessoas, ¢ elas néo compreendiam o ponto em que Ele queria chegar. Antes de Sua ressurreigao Jesus deli- beradamente impedira os homens de chegarem a um perfeito entendimento a respeito de quem Eleera. Sua natureza estava oculta aos olhos dos homens desde 0 batismo até a manha da ressurreigéo. Por essa razao, as blasfémias contra Ele durante aqueles anos seriam perdoadas, Aos homens que fizeram todo tipo de julga~ mento cruel a respeito dEle durante aqueles trés anos, suas blasfémias seriam perdoadas. Nos podemos en- tender isso pelo fato de que 0 préprio Senhor Jesus estava ocultanda de nés sua identidade como 0 eterno Filho de Deus. Mas, na Galiléia... Vejamas com atencao ao modo como as coisas estavam acontecendo ali. Que con traste! Nada estava sendo ocultado. As pessoas esta vam recebendo desvelada visdo da obra do Espirito Santo no ministério de Jesus de Nazaré, no ensina- mento, convicgao, iluminagao, salvacao € transfor- magao de pecadores. A gloriosa pessoa de Deus, 0 Espirito Santo, nao estava ali absolutamente sendo ocultada. Quando um homem cego de nascenga € cur rado e vé — qudo tremenda e majestosa é a obra do Espirito Santo. Quando muitas pessoas so libertas de deménios — qudo poderosa € a obra do Espirito! Quando sao curados todos 0s tipos de enfermidade nas mais diversas personalidades — entdo € porque 0 Espirito esta em plena operacao naquela regiéo, Quan do dezenas de milhares vém de todos 0s lados para ver © ouvir Jesus Cristo entao é tremenda a obra do Esy to. Ali na Galiléia 0 Espirito ndo estava de modo algum incégnito, mas estava sendo abundantemente derramado. No entanto .., esses mestres da lei vindos de Jerusalém, tendo testemunhado ¢ experimentado 0 poder e presenga do Espirito daquela maneira, ore- feriram vaticinar, “E pelo principe dos demdnios que isso estd sendo feito. Belzebu esté agindo aqui”. Jesus poderia ndo ser 0 Messias. Mas o que os restres da lei estavam fazendo era blasfémia contra a dora do Es- pirito de Deus. Assim sendo, 0 pecado imperdo vel ndo 6 algum tipo de antagonismo generalizado contra a pessoa de Je- sus Cristo, Nao é 0 fato de muitos em Israel 0 terem ouvido e rejeitado — Revista Os Puritanos ‘Mas, de todos, os fariseus eram os mais duros, pois afirmavam, “Nés achamos | novo crucificam o Fillo de Deus, ¢ 0 que ele € 0 diabo”. | Ele veio para os seus e 05 seus ndo 0 receberam, co: imo se viu ao longo de todo 0 Seu ministério. Durante aquele periodo dos dias de Jesus na sua carne, o pecado imperdoavel consistia em, depois de constatar © poder e presenga do Espirito de Deus, atribuir a Belzebu a autoria dos poderosos feitos testemunhados. Para tal perversidade contra 0 Espfrito de Deus ndo poderia haver perdao. Mas, se durante aquele mesmo petiodo de tempo alguns homens afirmassem ser Jesus um blasfemador perverso, e viessem, coma de fato aconteceu, a condend-lo a morte, a pendurd-lo numa cruz, a postarem-se frente a ele, a zombarem dele e insulté-to, ainda assim Deus nao diria a tais homens — “Eis ai 0 pecado imperdoavel, para vés jamais havera perdao!” Em Pentecostes, aquelas mesmas pessoas iriam experimentar 0 amor de Deus. Muitos dentre eles seriam chamados ao arrependimenta, € 3,000 pessoas seriam convertidas. Bem, se estamos de acordo até aqui... eu acabo de mostrar que durante © ministério de Jesus, antes de sua crucificagao e ressurreigao, 0 pecado imperdadvel serla aquele cometido por pessoas como eu ou alguns de vbs outros, se, depois de testemunharmos os acon- tecimentos na Galiléia, mostrassemos atitude fechada © desafiadora contra Jesus, atribuindo a Satands as, poderosas obras realizadas pelo Espirito de Deus na vida do Senhor Jesus Cristo. Seria esta a definicao para 0 pecado imperdodvel durante aqueles anos de hhumithagao do Fillo de Deus. TI] 6 Pecado Imperdoavel a Partir da Ressurrei- 0 de Cristo. Agora, prossigamos até a manha de Pascoa, a partir de quando a mensagem da conquista da morte comecou a ser pregada por tado lado, ¢ até o Pen- tecostes, quando a mensagem foi especialmente con- firmada e eneraizada, Foi o comego de uma era nova, nna qual Cristo € anunciado como Filho de Deus & Senhor. 05 apéstolos passam a dizer diretamente aos homens que Cristo € o brilho da gléria de Deus e a imagem expressa de Sua pessoa, Da ressurreigao em diante ndo h4 mais distinggo entre blasfemar contra 0 Espirito ¢ blasfemar contra Cristo, 0 pecado imper doavel continua a existir, mas agora abrangendo a Pessoa do Filho, além da Pessoa do Espirito Santo. Como € que os apdstolos se referiam ao pecado im perdoavel? Eles 0 faziam como consta em duas pas sagens famosas da carta aos Hebreus: a) Hb. 6:4-6: “Porque é impossivel que os que jé uma vez foram iluminads, e provaram 0 dom celes tial, ¢ se tornaram participants do Espirito Santo, € provaram a boa Palavra de Deus, ¢ as virtudes do século futuro, e recairam, sejam ou- tra vez renovados para arrependi- ‘mento; pois assim, quanto a eles, de expdem ao vitupério”. Essa é uma | 7 Perdoado a 3s 8 3 & a ° Geoff Thomas | | | | situagéo muito similar aquela que | vemos na Galiléia em Marcos 3. De nove, s6 que agora sob os apdstolos, estava acontecendo um maravithoso derramar do Espirito Santo, e algu- | 0 pecadk ‘mas pessoas foram iluminadas, ¢ pro- Da ressurreica | nao ha mais dit varam o dom celestial que é Cristo | agora abrange Jesus, e compartilharam da obra do | do Filho, além Espirito Santo quanto a canviegao e | Espirito Santo, erdéo de pecados, e provaram das virtudes do século vindouro, e tiveram um antegozo do céu através das béngdos de Deus derramadas sobre a igreia, mas depois de tudo isso essas pessoas se torna- ram apdstatas e se desviaram. Tais hebreus voltaram, & sinagoga, ao templo, ao sacrificio de touras e ove- thas e disseram, "Nés experimentamos Jesus Cristo, mas Ele é tolice, refugo, lixo”. Na realidade essas pessoas estavam crucificando novamente 0 Filho de Deus e 0 expondo & desgraga publica. Ao rejeitarem a Cristo apés receberem tantas béngdos, eles estavam se tornando culpados do pecado eterno. N&o pode haver perdao para aqueles que demonstram tao fechada rejeigdo a Cristo, bb) Hebreus 10:26-29: “Porque se pecarmos volun- tarlamente, depois de termos recebido 0 conhecimento da verdad, jd nao resta mais sacrificio pelos pecados, ‘mas uma certa expectacao horrivel de julzo, e ardor de fogo que ha de devorar os adversérios. Rejeltando alguém a tei de Moisés, morre sem misericérdia 56 pela palavra de duas ou trés testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vés seré julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, @ tiver por profane 0 sangue da alianga com que foi santificado, e fizer agravo ao Espirito da graca?’. De novo, é facil ver a correlagao entre o significado dessas palavras e aque- las em Marcos 3. Aqueles mestres da lei vieram de Jerusalém para ver e ouvir 0 Senhor Jesus Cristo. Eles receberam 0 conhecimento da verdade, mas no rece- beriam o Messias. Deliberadamente eles continuaram no pecado, assim como os hebreus apdstatas. Nao ha cutro sacrificio além do Cordeiro de Deus. Eles po- diam voltar & pratica de puxar suas préprias ovelhas para sacrificio no tempo, mas néo haveria nerdao no sangue de tais ovelhas. Para tals pessoas restaria apenas a horrivel expectacao de juizo e ardor de fogo para os devorar, Essa pessoas que foram uma vez iluminadas, que uma vez professaram amar o Senhor Jesus, agora estavam afirmando ser Cristo um blas- femador, © que ele merecera a senterca de morte na ‘cruz. Tais pessoas haviam mirado a cruz de Cristo, 0 sangue da alianga, mas voltaramihes as costas, € agora tratavam essas coisas como algo profano — algo que nao passava da execucdo de um criminoso que recebera o merecido castigo. Assim aginda, tais, hebreus insultavam 0 Espirito da graca (Hb. 10:29). O escritor de Hebreus afirma nao haver perdéo para 8 | blasfemar contra o Espirito | e blasfemar contra Cristo. perdoavel continua a existir, mas io em diante fingao entre tal mentalidade. Conhecer a verdade para entdo rejelté-la por completo, fe dizer que Jesus de Nazaré havia recebido o merecide castigo quando marreu como um criminosa no Cal: vério, tratar seu sangue como coisa mndo a Pessoa —_profana, e insultar o Espirito da ora~ da Pessoa do ca como um ‘espasmo emocional’ — . para tais pessoas, esse é 0 final do seu relacionamento com Deus. Nao hd para eles esperanca. Eles cometeram o pecado imperdodvel. © pecado imperdodvel € o pecado contra a ob- Viedade da salvacao e a realidade de Cristo, a saiva- ‘g80 que veio a0 nosso encontro e da qual provamos 0 gosto e da qual obtivernos algum conhecimento. 0 que foi que fizemos a respeita de tais coisas? Nés as dis: pensamos como algo abaixo de satisfatdrio, até mes- mo perverso, absolutamente profano. 0 pecado im- perdodvel € a apostasia radical, total, ostensiva voluntaria. Tenhamos em mente que quando a Biblia fala do pecado imperdodvel isso nAo é feito visando 0 beneficio de outras pessoas, mas o meu e 0 vosso. E um brado de alerta a cada cristdo individuaimente. E ‘uma adverténcia nao para que especulemos a respeito de alguém que uma vez recebeu 0 batismo e poste- riormente se desviou. 0 alerta é dado para mim, indi- vidualmente, para que eu 0 aplique a0 meu coracdo. A adverténcia # dada para exortar-me a viver uma vida mais santa, a mortificar cada vez mais 0 pecado rerna- nescente, a andar no Espirito, a apresentar meu pr6 prio corpo como sacrificia vivo e agradavel a Deus. Mas, els aqui algo ainda mais encorajador. Logo ap6s uma secao como essa de Hebreus 6, repleta de alertas mortais a respeito de quao prOximo poderos nas achegar a Cristo sem jamais estarmos etermamen te com Ele, nos desviando € nos perdendo, lemos palavras de encorajamenta tais como estas: "Mas, ainda que assim falamos, de vos, 6 amados, espera- ‘mos coisas melhores, e coisas que acompanharn a salvagdo” (Hb. 6:9). Em outras palavras, 0 que 0 autor sagrado est dizendo-nos é, “Quanto a vés ou- tras, 6 amacos, creio que nao rejeitastes 0 evangelho; creio que nao sois como aqueles infelizes que apos- tataram. Nao tendes recebido em vao 0 antegozo das, coisas celestiais para depois virardes as costas. Ndo tendes recebido o conhecimento da verdade para de- pois rejeité-la. Vés tendes progredido dia apés dia, confiando e obedecendo. Vs tendes animado e ins pirado uns aos outros ao amor e as boas obras de salvacao”” Assim, quero agora definir o que & pecado imper- dodvel para os nossos dias: € a continua e proaressiva rejeigéo do testemunho do Espirito Santo a Jesus Cristo como Salvador ¢ Deus. E isso 0 pecado eterno. E a constante resisténcia 8 graca e misericérdia de Revista Os Puritanos Deus. € a obstinada e fixa onosigao a Jesus, a qual se ‘exprime em trata-Lo come um grande mal na vide da pessoa que o rejeita, € a atitude nerversa que rejeita or considerar tolice a conversao e obediéncia a Cr to como Senhor. Tal coisa ¢ 0 pecadio eterno, Consideremos Ananias e Safira. Temos urn marido € sua esgosa entre 0s primeiros cristaos a se unirem a Jareja apés o Pentecostes. Seus pastores foram os apéstolos Pedro e Jodo. Na cidade de Jerusalém es- tava acontecendo ura maravithosa aao do Espirito Santo, acompanhada de milhares de novas conversbes. Era profundo 0 amor entre os irméos, ¢ a pregagao da Palavra era gloriosa. Poderiames pensar que ninguém ‘que vivesse naqueles dias, naquela igrela dos apésto- los, poderia ao menos chegar perto de cometer 0 pe- cado imperdoavel, mas Ananias e Safira cometeram, Buscando granjear reputagao de generosidade entre 0s cristdos, eles venderam sua propriedade e disseram haver dado tudo para a igreja, mas estavam mentindo. Sabemos pelas Escrituras que aquele casal combinou entre si de quardar parte de dinheiro consigo. Perante 05 apéstolos, os quais eram os representantes de Cri to, Ananias @ Safira mentiram publicamente. Foram estas as palavras de Pedro a Ananias: “Ananias, por- que encheu Satands 0 teu coragéo, para que mentisses 420 Espirito Santo? ... Nao mentiste aos homens, mas a Deus’. (Atos 5: 3-4). Nds vemos que, a0 ouvir essas palavras Ananias caiu morto, e logo depois 0 mesmo aconteceu com sua esposa. Foi um alerta a toda a igreja, para que nao tomassem por garantidos os pri- vilégios do ministério do Espirito Santo, e para que, como membros de Cristo, falassem com integridade e honestidade aos representantes de Cristo, Certo homem que viveu no tempo da Reforma pro: testante, Fritz Spiera, contempordneo de Lutero e Calvino, comegou muito bem, tendo sido imoressiona- do pela pregagao evangélica. Ele passara a estudar as Escrituras, , na medida em que cria nas doutrinas biticas, comentava com outeas nessoas a respeito de sua alegria no Salvador. Contudo, Spiera continuava como membro da igreja catélica romana, € quando as autoridades daquela igreja souberam do que estava acontecendo com ele, trouxeram-no a julgamento, sob a acusagao de que estava desafiando a autoridade papal. Spiera teria que escolher entre retirar 0 que hhavia dito a respeito de sua crenca, ou morrer quel- mado vivo em praca pilblica, Ele escolheu retratar-se, € assim deciarou tanto & igreja romana quanto a seus amigos protestantes que estava aban- donando sua crenca nas doutrinas biblicas, na salvagao pela graca, ena {8 em Cristo. Nos cinco anos que se seguiram Spiera viveu em agonia; ele conciuira que nao poderia haver sal- vagdo para uma pessoa como ele, pois achava que havia cometido 0 pe- Rovista Os Puritanos pecado imperdodvel | para os nossos dias: E a continua e progressiva rejeicao do testemunho | léem 0 Peregrino de John Bunyan, € do Espirito Santo a Jesus _ Cristo como Salvatior e | cado imperdodvel contra o Espirito Santo. Ninguem conseguia conforté-lo, € muitos achavam que sua dor era como a de Judas Iscariotes. Ele se tornara de- sonrado e infame pelo que havia feito. Na tentativa de ajucé-lo, Calvino escreveu a Spiera, e também a ou- {ros cristdos que viviam na Alemanha, Franga e [tala Os puritans freqientemente citavam o fim tragico de Spiera como uma ilustragao do pecado etemo. ‘Mas, nao ha quem possa afirmar com certeza que Fritz Spiera ov qualquer outra pessoa tenha cometido ‘0 pecado imperdoavel. £ claro que sabemos pelas Escrituras que se uma pessoa persiste rejeltando a Cristo e confiando em seus méritos pessoais, nfo h& salvagéo para ela. O amor & silente. € 0 préprio Sal- vadar que nos diz que, “Aquele que cré no Filho tema vida eterna; mas aquele que no cré no Filho néo vera 2 vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (Jo80 3:36). Isso é algo que eu sei néo por causa de algum sentimento especial, mas porque o proprio Salvador 0 eclara no Novo Testaments. Nés todos podemos sa- ber disso, mas nao ha base para alguém concluir de si mesmo que tenha chegado ao ponto de ser-Ihe im- possivel confiar em Cristo e receber 0 perdéo porcue teria cometido o pecado imperdoavel. Spiera pode ter ito que ele achava que havia cometido © pecado im perdodvel, mas como podia ele ter certeza disso? Ape- rras se continuasse desafiando, resistindo e desobe- decendo ao Cristo que convida. Quanto a mim, recuso. me a tomar como palavea final a opinido triste e ‘esanimadora que Spiera tinna a respeito de si mes mo. € Cristo quem tem a palavra final, ndo 0 homem. Spiera pode ter sentido que blasfemara contra o Espi- vito, mas eu ndo creio nele, Eu me recuso a crer nel. Eu ndo tenho, e nenhum de nds tem, acesso ao Livro dda Vida que esté no céu para consultar e verificar que ld nao ha registro do nome de Fritz Spiera. Essas so coisas secretes, que pertencem somente a Deus. Mas, as coisas reveladas nos pertencem, e so elas que nos dizem, *Pecador, venha para Cristo!", quem quer que sejamos, ndo importando os altos e baixos que tenha mos atravessado em nossas vidas, no importando se como adolescentes tenhamos feito publica profisséo de f6 © depois nos desviado por muitos anos. Tais coisas nao constituem 9 pecado imperdodvel, Voltai para Cristo! Cristaos podem se tornar deprimides e enfermos por varias razées, e se entéo acontece de lerem essas palavras de Jesus a respelto do pecado imperdodvel, podem pensar, “Esse é meu caso! Ev estou em tal estado", Mas eu me re- eusofalcrerfuclesS etaldioenyaleta fragilidade falando dentro deles. Se véem o homem dentro da jaula de ferro, pensam, “Esse ai sou eu” Deus. | Was, ndo posso crer em tal seguran- | 9 Perdoado jue Jamais Ser 0 Pecado Geoff Thomas ga de perdigéo. “Nao digas tal coisa” eu retruco, “Isso é apenas a enfermidade falando dentro de ti” Hoje € 0 dia que o Senhor fez, quando podemos buscé: Lo por misericérdia graca para nos socorrer em nossas necessidades € crises, Nao importa nor quéo longo tempo nossos espiritos tenham estado pris: neiros dos enganos do pecado, o meigo olhar de Cristo ainda emite para nés seu britho vivificador. N&s po: demos despertar, nossas cadeias cairo, nossos cora GBes sero libertos, e podemos segui-Lo. Nao hd como negar que haja 6 pecado imperdodvel, @ no vamos nos desculpar por tratar de tema tao sombrio. Por outro lado sabemos que tado cristo sensato € experimentado diré palavras tals como as seguintes, com respeito 20 pecado imperdodvel (e sei que muitos de vés j4 ouvistes tais conselhos numa ou outra ocasiao em vossas vidas) — ouvi as minhas palavras — se estais ansiosos quanto a possibilidade de haverdes cometido 0 pecado imperdodvel contra 0 Espirito, nao tendes razdo para temer, as blastémias contra 0 Espirito sao sempre acompanhadas por com pleta indlferenga a tal pecado, Em outros termos, se estais temerosos quanto & possibilidade de haverdes, cometido esse pecado nés podemas afirmar com ara de confianga que no 0 havels cometido; o incémodo de consciénicia que apresentas é em si mesmo a ver- dadeira testemunha que fala a vosso favor. Até mesmo fem nosso texto o Senhor Jesus nao diz aos fariseus de Jerusalém “Vés tendes cometide o pecado imperdo- vel". Ao invés, 0 que Ele diz é que eles deveriam ter cuidado, pois todo © que comete blasfémia contra o Espirito Santo — mesmo que seja um teblogo de Jeru- salém — jamais serd perdoado. 3. 0 SENHOR JESUS FALA ESSAS PALAVRAS DE ALERTA. Encaremas de frente os alertas do Senhor, bem como Suas maravilhosas promessas € corfortos. Te: nhamos cuidado para nao tratar descuidadamente aquelas palavras de seguranca aue crentes sabios e ‘experimentados nos dao quanto a néo termes cometi- do 0 pecado imperdoavel se estamos preocupados a esse respeito, Quando somos cristdas novos queremos agradar a Deus em tudo que fazemos, e temos cons ciéncia sensivel. Mas um dia aquele cristo novo que ‘58 mostrava to escrupuloso a respeito de pecar pode tornar-se indiferente quanto ao pecado que é para a morte. “Isso ndo passa de teologia” dird ele num bocejo de indiferenca, ‘Vamos examinar como os escritores do Novo Testa- mento falaram a respeito do pecada contra o Espirito Santo, Eles diziam trés coisas? I] N4o resistais ao Espirito. Ele estd a convencer- vos de vassas pecados; portanto, nao resistais a Ele, Ele esté mostrando-vos 0 amor de Cristo para convos- ca; nao resistais a Ele. Ele esta atraindo-vos para 0 10 Salvador; ndo resistais a Ele. John Kershaw contou a historia de um velho homem que por muitos anos ouvira o testemunha de seu vizinha, e que finalmente um gia concordou em ir & igreja dos dissidentes (no conformistas). 0 sermao atingiv em cheio aquele ho- ‘mem, ¢ perturbou sua consciéncia. De volta a0 lar, ele sentou-se em frente ao fogo e permaneceu sem dizer palavra, enquanto sua esposa tentava animé-lo. No domingo seouinte Id estava ele de volta a igreja, dessa vez voluntariamente, € 0 Espirito dessa vez operou em seu coracdo mais poderosamente do que antes. De novo, 0 homem voltou para casa, sentou-se em frente a0 fogo e permaneceu calato, sua esposa observando @ sem saber 0 que fazer. John Kershaw conta que quando 0 homem quebrou 9 silencio foi para dizer, “serd que tu saberias onde encontrar nossa velha Biblia?”. Era precisa procurar, pois a velha Biblia no fora mais aberta havia anos. Encontrada a Biblia, a esposa limpou a espessa camada de pé acurmulada nna capa e estendeu 0 livro a0 marido, Este, lendo um ‘echo aqui outro acolé e ponderando sobre 0 que lia, perguntou & esposa, “tens certeza de essa € a nossa velha Biblia que temos desde quando nos casamos?” A esposa respondeu afirmativamente, acrescentando que néo podia ser outra, pois eles jamais tiveram outra Biblia em casa. 0 homem leu mais alguns tre- chos e voltou a perguntar & esposa se aquela era mesmo a Biblia que eles sempre tiveram, A esposa respondeu, "Sim! Por que razao nao me acreditas? Tu sabes que nunca tivemos outra Biblia”. “Bem,” disse 9 homem, "Se esta € a nossa velha Biblia, entao eu adaquiri novos alhos”’. 0 Espirito de Deus estava ilu minando a mente daquele homem, dando-Ihe enten- dimento. 0 véu da ignoréncia estava sendo removido, © 0 amor de Cristo agora era visto, ainda que apenas or uma fresta de luz. Nao resistais 20 Espirito quan do Ele opera dessa maneira, ou terminaras cometenda © pecado imperdoavel. II] Nao entristecais 0 Espirito. 0 Espirito nao é como 0 vento ou um computador, um tipo de forga po- derosa, mas sem vida, O Espirito Santo € uma pessoa amorosa, oue Se deleita em ajudar-nos, fortalecendo- nos para servirmos a Cristo cada vez mais. Nao ofen- deis a pessoa do Espirito. Como é que nés ofendemos Uns 205 outros? Rejeitando ou desdenhando o amor de nosso préxima, recusando-nos a compartilhar nossas vidas, comportando-nos cruelmente de modo a ferir nosso préximo por meio de palavras ¢ atos. Assim & cam 0 Espirito Santo. Quando desafiamas os man damentos de Deus, isso ofende 0 Espirito Santo. A dureza de nossa atitude para com Ele pode ofendé-Lo € Isso, espiritualmente falando, pode trazer-nos & aridez de um deserto. Se tal coisa nas acontecer, te- remos que continuar nossas vidas, mas sem contar com 0 fortalecimento e guia do Espirito. Onde & que vamos encontrar forga para encarar 0 futuro sem Revista Os Puritanos Deus, 0 Espirito Santo? A possibilidade de faltar o Espirito Santo é para v6s algo insuportdvel? Entio, acautelai-vos, néo entristegais 0 Espirito, ov termi- nards por blasfemar contra Ele III] Nao apagueis 0 Espirito. & chama sagrada do amor tem sido infiamada no altar de vossos coracées. H& calor e luz para Cristo. Vés tendes ericido um altar para Deus. Vés mesmos sais o sacrificio vivo estendido sobre aquele altar. 0 fogo de Deus tem descido para consumir-vos, pois sois o sacrificio a Ele oferecidh. Nao apagueis a chama. Sede vés uma luz que queima ¢ brilha todo 0 tempo! Vossa fé no passa de um pavio que fumega. Nao a apacuels por meio de tolas des- crencas e pecaminasas provacagdes aa nosso amado copo de Aqua fresca a quem quer que vos pedisse; estenderieis vossas vidas pelos irméos. Mas agora tendes extinguido 0 Espirito. 61 Que suspiros! Que lamentos! ™Retorna 6 pombo santo; 0! retorna!”. 6 doce e meigo mensageiro da paz Detesto 0 pecado que te causas lamentar E que, de meu coragéo, te fazes adejar”. (William Cowper) Ha, entéo, para vés outros, alguma esperanca. Nao apaguels o Espirito, para que néo vos torneis, indiferentes 4 obra em vés jé iniciada. Ou podereis vos Salvador. Exercitai o dom que ha em vés. Antes havia zelo, coragem em testemunhar, e muita oracdo. A falta de compromisso pelo nome de Jesus era para vs algo rejeitavel. Se o Salvador vos pedisse, de bom grado cortarfeis lenha e apanhariels Agua. Dariels um tornar culpados do pecado eterno. Exiralda © traduzido da Banner of Truth — The Sin That Will Never Be Forciven Jeaf Thomas — 08 de marco de 2003 a! 1B, Auto-Exame “Examine-se, pois, 0 homem a si mesmo...” (1 Co 11:28). enhuma alma se examine por um padrao mais baixo que este: participagao da natureza divina e conformidade & imagem divina. Examine que alianga tern sua alma com Deus; de quem é a imagem e semelhanca. Religido é uma realizacao divina, um fluxo que prover de Deus, € pode, por sua afinidade com o céu, ser distinguido de um filho da escuridao do inferno.. Ha uma vaidade que tenho observado em muitos simuladores da nobreza e conhecimento. Quando os homens procuram distinguir o primeiro por seu brasdo e registros de sua familia, €.0 segundo por sua beca, ot titulo, ou seu nome inscrito no registro da universidade, € no pelas realizagdes e atitudes de cavalheirismo ou erudicéo, observa-se que ha vaidade. Uma vaidade parecida, sem duvida, pode ser observada em muitos simuladores da | religiao, | Alguns estao buscando os registros de Deus a fim de encontrar seus nomes escritos no Livro da Vida, quando eles deveriam estar estudando a fm de encontrar 0 nome de Deus escrito em seus coracdes: “Consagrado ao Senhor”” gravado em suas almas. Alguns esto ocupados examinando-se por marcas externas dos homens, quando eles deveriam labutar para encontrar as marcas e impressdes de Deus e Sua natureza neles... Alguns se gloriam na quantidade e importincia de seus deveres, e na grandeza de sua desenvoltura pomposa e realizacdes religiosas clamam como Jed: "Vem comigo, ¢ verds 0 meu zelo para como Senhor”, quando seria muito mais excelente se pudessem ver sua semelhanga com 0 Senhor, e as caracteristicas da beleza e santidade divinas atreladas a seus coragies e vidas, John Shaw, A Homiletic Encyclopedia, p. 4466 (H.E.) a ie a ary OP Revista Os Puritanos Diferengas do Culto Luterano e Calvinista (1) A primeira grande diferenca entre 0 culto Luterano e o Galvinista, considerada como um todo, & que o primeiro é mais subjetivo eo ultimo é mais objetivo. Para Lutero a Biblia é a Palavra dde Deus na qual ele encontra a corroboragao de sua experiéncia espiritual. Para Calvino a Biblia é a-declaracao da vontade de Deus e tem neia toda autoridade. 0 culto luterano tende a se tornar a expressao da experiéncia que a Palavra gera. Sua atmosfera é de alguém grato pelo perdao misericordioso de Deus. No culto Calvinista mais proeminéncia ¢ dada para a Biblia como a declaragdo da vontade de Deus para a doutrina, conduta e governo da Igreja. A atmosfera caracteristica € a de reverente temor perante a Soberana Vontade. 0 sermao no culto calvinista é lum elemento objetivo de culto, porque é 0 prociamar e expor a vontade de Deus declarada em todas as partes dos Escritos Sagrados. Conseqentemente, enquanto 0 culto luterano apela para o individual e expressa sua confisséo na primeira pessoa do singular, 0 culto calvinista é carporativo e congregacional. Deus & concebido como declarando Sua vontade aos Eleitos e as oragdes feitas sdo a resposta corporativa & Sua Palavra, como 0 so os salmos metrificados. (2) A segunda diferenga & que o culto calvinista é mais biblico em natureza que 0 luterano. ‘Onde no culto luterano se contém hinos que sao pardfrases da experiéncia cristé e ensinamentos cristéos, 05 louvores para Calvino eram inteiramente escrituristicos. Ele apenas permitiria os Samos. Enquanto Lutero nao se opunha ao.uso de seqiéncias de prosas, provadas antes que sua doutrina fosse correta, Calvino insistia na leitura da Palavea de Deus sem embelezamentos. Outra vez, enquanto as oragdes (uteranas paderiam proclamar a experiéncia crista, como o arrependi- mento ou a adoracaa, nas formas originais de Calvino a liturgia apenas continha uma oracdo de Confisséo que era exclusivamente escrituristica. Também Calvina incluiu 0 Decdlogo como. uma parte integral da lituraia de Estrasburgo (3) Uma terceira diferenca entre 05 ritos luteranos e calvinistas é 0 da cosmovisao cilltica Enquanto 0 culta luterano é comnosto de dois elementos, 0 movitriento descendente de Deus em diregao ao homem @ o movimento ascendente do homem até Deus (estes sendo apraximadamente iguais em proporgao), 0 culto calvinista € majorativamente um movimento descendente. Se o ensamento em primeiro lugar na mente de Lutero era a gratidao, 0 pensamento dominante para Calvino € que no culto.« homem obedecia & Biblia, pois & parte desta obediéncia ele nao poderia ‘oferecer uma aceitavel adoracao a Deus. A idéia fundamental do culto luterano era gratidao; a de Calvino era abedigncia, Ainda que existam elementos, tanto nas oragdes como nos louvores do Culto calvinista que representem este movimento ascendente, 0 senso que prevalece € uma reve- rente humithacdo perante o Deus vivo. Isto é exemplificado pela falta de uma especifica oragéo de adoracao no servigo calvinista. Se os adoradores luteranos eram “laeti triumphantes”, os calvinistas eram “miseri et abiecti”. Esta distin¢do ndo € absoluta, mas aponta para uma real diferenca de énfase. (4) Em quarto lugar, o culto luterano € mais rico no uso de cerimnias que o servico calvinista. Anteriormente ja fol mostrado que eram teolégicas e ndo estéticas as razées para a diferenca. Basta dizer aqui que o culto luterano é “rico” e o calvinista & ‘nu’ ‘As diferencas teoldaicas entre Lutero e Calvino refletidas nas diferengas de énfases littrgicas, so de todas importantes porque esta base litdraica prepara o caminho para as diferencas entre os ‘Anglicanos e 0s Puritanos na Inglaterra. € visto que a posi¢ao.do lero Estabelecido na Inglaterra era ade Lutero, enquanto que as visGes dos Puritanos eram aquelas de Calvino. A analogia nao.é exata em cada detalhe, mas num todo é muito boa. Pode ser certamente mantido, no entanto, que a diferentes concengoes da autoridade das Escrituras na mente de Lutero € na mente de Calvino reapareceram na controvérsia litdrgica entre os Puritanos e 0 clero Estabelecido, os Anglicanos 0s Puritanos foram os herdeiros dos Reformadores. Extraido traduzido do The Worship ofthe Englsh Purltars — Horton Qavis Revista Os Puritanos Religiao do Coragao J.C. Ryle uto-exame 'Nés vivernos num ternpo de peculiar perigo espiritual. Talvez nunca, desde que o mundo comegou, tenia havido uma tal imensidao de profissdo de religiao meramente exterior, como existe nos dias atuais. Uma proporgao dolorasamente grande de todas as congregagées da terra consiste de pessoas néo convertidas que nada conhecem sobre uma retigido do coragéo € nunca confessam Cristo nas suas vidas didrias. Milhares dagueles que esto seguindo pregadores e amontoando-se para ouvir sermdes ndo sao melhores do que cimbalos ‘que retinem, sem uma gota de cristianismo verdadeiro ern casa. ‘As vidas de muitos crentes professos, receio, nao so melhores do que um trajeto continuo de embriaguez spiritual. Estéo freqientemente sedentos de novos excitamentas, e parecem pouco se importar com significa- dos e conseatiéncias, contanto que consigam a excitacdo almejada. Toda pregacdo parece ser igual para eles. E sdo aparentemente incapazes de ver diferencas, contanto que ougam o que é talentoso e sintam seus ouvidos deleitados. Muitos destes professos, ah!, comportam-se como jovens recrutas que mastram quao pouco profundas sao suas raizes e conhecem pouco seus préprios coragdes — pelo baruho, exterioridade, prontidao para contradizer e censurar cristdos antigos e confianca presungasa em sua prépria imagindria sanidade e sabedoria recente, Certamente, em tempos como estes ha grande necessidade de auto-exame, Deixe-me perguntar se vocé esté tentando satisfazer sua consciéncia com uma religiao meramente formal. MMithares hd que esto naufragando neste rochedo. Como os fariseus de outrora, eles tém em alta conta 0 cristianisma exterior, enquanto que @ parte interior, espiritual, esté totalmente nealigenciada. Eles s40 cuidadosos em assistir a todos os trabalhos do seu lugar de adoragio e so regulares em usar seus ritos © ordenangas. Frequentemente eles so vivos partidarios da sua prdpria igreja cu congregagdo € esto prontos para brigar com qualquer um que no concorde cam eles. Contudo, o temoa tado, nao existe coracdo em sua religido. Qualquer um que os conhega intimamente pode ver até de alhos fechados que sua afeigéo est colocada nas coisas de baixo, ndo nas coisas de cima, e que esto tentando compor a falta de cristianismo interior com uma énfase excessiva na forma exterior. Esta religiao formal nao thes faz bem realmente. Eles ndo esto verdadeiramente satisfeitos. Comegando pelo lado errado, fazendo primeiro as coisas exteriores, eles nada conhecem da paz e alegria interiores, passando suas vidas num constante esforgo, secretamente conscientes de que existe algo errado, emivora nao saibam porque quando cristdos professos desta espécie sdo tio dolorosamente numerosos, a ninquém causa admiragdo se eu pressiono sobre eles a suprema importancia de um intimo auto-exame; se vac8 ama a vida e 0 Senhor, no se contente com a casca e 0 invdlucro da religido. Meios de graga e ritos de religido sAo diteis a seu modo e Deus raramente faz algo nara a Sua Igreja sem eles. Mas, tenhamos cuidado para nao nos chocarmos contra o mesmo farol que mostra o canal para o porto. Deixe-me perguntar: “Vocé conhece algo, por experiéncia, de conversdo a Deus?” Sem conversao no hA salvagao. Nés somos por natureza tdo fracos, to mundanos, t4o propensos ao que € terreno, tAo inclinados ao pecada, que sem uma profunda mudanca nao podemos servir a Deus em vida nem usufrui-lo an6s a morte. Um senso de pecado e profunda aversao a Ele, f8 em Cristo e amor por Ele, deleite na santidade e desejo ardente por mais santidade, amor ao povo de Deus e aborrecimento das coisas do mundo — so estes sinais e evidéncias que semore acompanham a conversao, Unido na Comunhao Vote conhece alguma coisa do viver a vida de comunhéo habitual com Cristo? Por comunhao eu quero dizer aquele habito de permanecer em Cristo, do qual nosso Senhor fala como algo essencial para a fertilidade crista (Jo 15.4-8). Fica entendido que Unido com Cristo é uma coisa e Comunhdo ¢ outra. Nao pode haver qualquer comunhao com o Senhor Jesus sem primeiro haver unido; infelizmente porém, freqentemente ha uniéo, mas, depois, pouca comunhao. Unido € o privilégio comum de todos quantos sentem seus pecados e, verdadeiramente se arrenendem e ven a Cristo pela f€, e sao aceitos, perdaados e justificados por Ele, Recela-se que muitos, crentes jamais ultrapassam este estdaio. Em parte por ignorancia, em parte por preguica, em parte por medo dos homens, em parte por um secreto amor ao mundo, em parte por bloqueto de algum pecado néo mortificado, eles contentam-se com uma fé pequena, uma pequena esperanca, uma pequena paz e uma pequena medida de Revista Os Purtanos 13 J.C. Ryle santidade. E continuam vivendo suas vidas nestas condigdes — duvidando, fraquejando, vacilando e dando frutos apenas a trinta’” até o fim de seus dias. Comunhao com Cristo é o privilégio daqueles que estdo continuamente procurando crescer na graca, #é, conhecimento ¢ conformidade & imagem e mente de Cristo em todas as coisas. Unido é o botéo, mas co- munhdo € a flor; uniao & o bebé, mas comunhao é 0 homem forte, Aquela que tem uniéo com Cristo faz bem, mas aquele que goza comunhaa com Ele faz ‘muitissimo melhor. Ambos tém uma vida, uma espe- ranga, uma semente celestial em seus coragoes — um Senhor, um Salvador, um Espirito Santo, um lar eter- no, mas, uniao nao é téo bom quanto comunhao. 0 grande segredo da comunhao com Cristo é estar conti- nuamente “vivendo a vida de f€ n’ Ele” e retirar d’Ele, cada hora, a proviséo que cada hora requer. “Para mint", diz Paulo, “o viver & Cristo", “Eu vivo; néo mais eu mas, Cristo vive em mint’ (Fp 1.21 612.20). ‘Camunhao como esta é 0 segredo de permanente “alegria e paz em crer”, 0 que eminentes santos como Bradford e Rutherford possuiram, A comunhao ge- nnufna € 0 segreda de vitdrias espléndidas que homens como agueles tiveram sobre 0 pecado eo medo da morte, A comunhao com Cristo é uma coisa comum? Ah! E’ muito rara, realmente! A maioria dos Cristéos parece satisfeita com a mais pobre e elementar posse da justificagao pela f€ e uma dazia de autras doutri- nas, e continua duvidando, manguejando, lamen- tando ao longo do caminho para 0 céu; € pouco ex: perimentam do senso de vitéria ou jdbilo. As igrejas ‘estdo cheias de crentes fracos, sem poder e sem influ- 2ncia, salvos no fim das contas, “como que pelo fogo"” porém jamais abalando 0 mundo e nada sabendo sobre uma “entrada abundante” (1Co 3.15; 29 € 1.11). Em “0 Peregrino’ os personagens Desénimo, Débil @ Multo-Medroso alcancaram a Cidade Celeste, como também Valente Pela-Verdade e Grande-Co- ragdo, mas, certamente, néo com a mesma comodi- dade. Acho que assim & com muitos em nossos dias. Leitor, em matéria de comunho com Cristo eu per- junto: “como esté a sua alma?” J.C.Ryle (1816-2900) seria come bispo de Livernoo, Inglaterra, durante vinte ancse foi um Svideesertor da teolagia Reformada, pritca Algumas dferencas entre Justficagio e Santifcagio 1A substincia da justfcagzo a justiga de Cristo. substancia da santificacdo &2 graca de Crist, 2, dstiicagae muda nosso estado, Santificacae muda coragee e vida, 3, Na justificagéo, a jusiga de Crista ¢ imputada aos crentes. Na samtficagao a grace de Grist @ infundia neles 4, A ustiicagao ¢pertelta & santfcagao Imperfeita 5, A lustica da justifcagao € mertria, A graca da santificacio ho € 6. A justficagao € igual para todos os crenes, A santificagso & ‘sesigual. 7, A justificagéo uz respeto & nossa pessoa. A santificagdo diz respelto& nassaratureza 18, A justifiagéo revela 0 amor de Deus em nosso perdao € ‘aceltagio. A santificacao expressa nosso amner em Seu serigo € ra obedienca 9, A [ustfcagao liberta os erentes da let como um pacto. & santficagao 0s prende lei come uma regra de vida 10. [ustfcagso jorra principalmente do oficio sacerdotal de Cristo, A santifcagio ore principalmente do seu ofico real. 21. Ajustficagdo dé acs crentes um titulo para océ. Asantifcagio prepara-os para o ctu 12. A justiicagao & ato de Deus removendo a culpa e declarando os cranes justos. A santifcagio € obra de Deus removendo sua Inigdidade e fazedo-o ustos 13, A justificagi estabelece-nas no favor de Deus. A santificagao conforma.nos 8 su imagem, 14, A lustificagdo € pela araca por melo af somente, A santifczg0 ¢ pela graca por melo ds ee Boas obras 15. 0 sujeito da jusificagio € uma pecador crete, 0 sujeito da santifcagao ¢ um pecador just ead. Confissao de Fé de Westminster — Capitulo XV DO ARREPENDIMENTO PARA A VIDA ‘Como todo © hamem é obrigado a fazer a Deus confissao particular das suas faltas, pedindo-ihe 0 perdaa delas, fazendo 0 que, acharé misericGrdia, se deixar os seus pecados, assim também aquele (ue escandaliza a seu irmao ou. Igreja de Cristo, deve estar pronto, por uma confissao particular ou pilblica do seu pecado e do pesar que por ele sente, a declarar o seu arrependimento aos que ‘sido ofendidos; isto felto, estes devem reconcillar-se com ele € recebé-Io em amor. Ref. SI, 32:5:6; Pv 26:13; 1 Jo 1:95 195: 16; Le. 173.4)08 79) Il Cr. 28. 14 Revista 0s Puritanos A Verdadeira Igreja Pentecostal Nelson D. Kloosterman Leitura e Texto: Levitico 23:15-22; Atos 2:1-13 ‘mada congregacdo do Senhor Jesus Cristo, © nome Pentecostes tem sua origem no Antigo Testamento, Ns lemos sobre isto hoje, em Levitico 23 versiculo 16: “Até ao dia imediato ao sétimo sAbado, contareis cingienta dias; entdo, trareis nova oferta de manjares ao Senhor’. Cinallenta dias & o significado da palavra “pentecostes”. Entdo, Pentecostes era uma festa celebrada no Antigo Testamento. 0s que particinavam do povo de Deus, Israel, foram os primei- ros pentecostais, pois a festa de Pentecostes iniciou-se no Antigo Testamento, Was este € 0 significado: No dia de pentecostes, ¢ em neninum outro dia mais, o Espirito Santo desceu do céu e foi derramado sobre a lgreia. E, isto € 0 Evangelho para nés hoje. E o Evangelho que eu prego hoje. Como 0 Novo Israel recebe 0 Espirito Santo na dia de Pentecostes do Velho Israel? Devemos notar duas coisas: 1. 0. momento em que o Espirito Santo foi derramado; 2. Os sinais que acompanharam o derramamento do Espirito Santo. 1. 0 momento. 0 momento nos ensina qual é o propésito do Espirito Santo ter vindo aqui & terra. E 0s sinais que acompanharam o dia de Pentecostes nos ensinam sobre o poder da presena do Espirito Santo. © momento € 08 sinais. 0 Espirito Santo foi derramado sobre a Igreja no dia de Pentecostes do Antigo Testamento. Sabemos que 0 dia de Pentecostes no Antigo Testamento, era um dia de agées de graca, era uma festa para celebrar a colheita; Israel estava celebrando 0 fim da colheita do trigo, E no dia de pentecostes o Israel do Antigo Testamento (A Igreja do VT — observagao nossa), foi convocado por Deus ara trazer sacrificios a Ele Velamos quais foram esses sacrificios. Eles tinham que oferecer o trigo novo, tinham que oferecer tamivém dois paes, oferecer sete cordeiros sem defeito, um novilho e dois carneiros. Em outras palavras, 0 que Deus estava exigindo do Seu povo era um sacrificio pelo pecado, pois para isso serviam os animais; uma oferta pelos pecados e uma oferta de comunho. Nés podemos ler acerca desses sacrificios nos primeiros capitulos do livro de Levitico. E5ses sacrificios foram ordenados por Deus para pregar o evangelho a Igreja no Antigo Testamento. Cada sacrificio tinha uma liturgia, uma ordem de culto; regras acerca dos animais, como o sacerdate devia colocar a sua mo na cabeca do animal; a forma de matar o animal e um ritual para manejar com a carne, Em outras palavras, todos 0s sactificios no dia de Pentecostes, eram uma liturgia, um culto, uma ordem de culto que enfatizava a necessidade de expiacdo e o fruto da expiacao. A necessidade de haver expiacao era a existincia do pecado; para isto serviam os animais; este era seu significado. 0 fruto do perdao era a comunhao, pois 0 po significava comunhao. Entéo, na histéria da Igreja no Antigo Testamento, todos os anos a Igreja celebrava o dia de Pentecostes. 0 ovo de Deus se reunia para reconhecer as béngéos de Deus, sua bencao de fertilidade e produtividade, 05 frutos da terra Agora nés podemos perceber dois pontos de contato entre Pentecostes no Antigo Testamento e o der- ramamento do Espirito Santo no Novo Testamento. Dois pontos de contato, um que serve para nosso consolo ‘outro que serve de adverténcia — um chamado. 1) Em primeiro lugar nosso consolo. A festa, a celebragdo do Antigo Testamento que se chamava Pentecos tes, era uma celebragao dos frutos. Naquele dia, naquela festa, o Espirito Santo desceu sobre a Igreja. Era uma ‘garantia e 0 selo de que a obra de Cristo era uma obra frutifera. Jesus tinha sofrido, morrido, ressuscitado dentre os mortos e subido ao cu; Sua obra tinha sido completada. E, agora veri o Espirito Santo no dia de Pentecostes para aplicar a obra completa do nosso Senhor Jesus Cristo. No Antigo Testamento, a festa da colheita, era uma festa caracterizada como primicias, era chamada de Festa das Primicias. Nés lemos na primeira carta de Paulo aos Corintios, capitulo 15, versfculo 20: “Mas de fato Gristo ressuscitou dentre os mortos sendo Ele as primicias dos que dormemt’. 0 Senhor Jesus Cristo 6 as primicias dentre 05 mortos. Esta & a linguagem de Pentecostes, esta é a linguagem da colheita e o Espirito Santo é as 15 Revista Os Pur Kloosterman Nelson D, primicias da obra de Cristo derramado sobre a Igreja No capitulo 1 da carta do apéstola Tiago, versiculo 18, lemos que a Igreja também é chamada de pri- ricias, assim diz 0 texto: " Pois segundo o seu querer ele nas gerou pela patavra da verdade para que f6s- semos como que primicias das suas criaturas”. Velam que o Senior Jesus Cristo ressuscitou den- tre os mortos como as primicias de muitos que vao seguf-lo. 0 Espirito Santo desceu do céu como as primicias da aplicagéo de toda a abra de Cristo & Togreja; cada congregacéo de hoje, sio as primicias do Evangelho, pois o Espirito Santo habita nestas con- aregagées. Ele torna a obra de Cristo frutfera, Fru tifera no mundo, frutifera na histéria e frutifera na Igreja. E isto que nds estamos celebrando hoje com os rnoss0s irmaos eristaos no mundo inteira, quando nos sentamos para a Santa Ceia. 0 Espirito Santo acompanha o Evangelho, toma a semente do Evangelho semeada na terra, faz brotar € crescer. E nés nos alegramos porque o Espirito Santo {oi derramado exatamente no dia de Pentecostes. 2) Mas ha um outro ponto de contato, uma outra Vigagdo entre o Pentecostes do Antigo Testamento e 0 derramamento do Espirito Santo no Novo Testamento. Isto se refeve a nossa vocagao, a nossa convocacao. Prestem atencao a0 que podemos ler em Levitico 23: 16-17 ‘até o dia sequinte ao sétimo sdbado, conta- seis cinqienta dias; entdo oferecereis nova ofer ta de cereais ao Senhor. "Das vossas habit. ges trareis, para oferta de movimento, dois pes de dois décimos de efa; serdo de flor de farinha, € levedados se cozerdo; séo primicias 20 Senhor’ Percebemos que © povo de Israel no VT, tinha que levar pao para a celebra¢do do dia de Pentecostes. E, talvez possamos perguntar: Que ha de téo especial no a0? Prestem atengdo: Os cereais vém de Deus; 0 trigo eresce debaixo do sol e da chuva que vem de Deus. Mas a diferenga entre trigo e pao € 0 trabalho e a produtividade do homem. Deus concede o trigo, mas ¢ povo de Deus faz o pao. 0 Evangelho hoje diz que 0 Espirito Santo foi dado no dia de Pentecostes, para nos ensinar que 0 fruto da obra de Cristo (Perdo, justificagao, reconclliagao € vida eterna) deve ser produtivo em nassas vicas. Nés somos os verdadeiras crentes pentecostais quando pro- duzimos pao do trigo da graca de Deus. 0 trigo 6 0 perdi e a expiagao e 0 péo sia as nossas boas obras de obediéncia em gratidao que nés oferecemos a Deus ‘como 0 n9ss0 sacrificio de louvor e de agbes de oraca, Esta & a descrigdo de Paulo acerca dos cristaos pentecostais, aqueles que savem como fazer peo — Galatas 5:22 € 23: 16 thas 0 fruto do Espirito &: 0 amor, 0 g0z0, a az, a longanimidade, a benignidade, 4 bon dade, a fidelidade. a mansidéo, 0 dominio réprio; contra estas coisas nao hd fei” Tudo isto 6 © p30 produzido em nossas vidas, em rnossos relacionamentos, do trigo da graga e da amor de Deus. Isto é um crente verdadeiramente pentecos- tal e nao alguém que pula na igreja, que fala em foutras linguas ou que “faz milagres”. 0 crente pen- tecostal vive da graca de Deus em seu casamento, em seu lar, em seu trabalho, enfim, em todos os seus relacionamentos ele sabe como fazer, sabe como pro- duzir pao. Tudo isto nés aprendemos do momento em que 0 Espirito Santo foi derramade. IL. 0s sinais. Mas em segundo lugar, nés apren- demos muito mais quando considerarnos os sinais que aconteceram rio dia em que 0 Espirito Santo foi der- ramado. Pois com esses sinais, aprendemos sobre 0 poder do Espirito Santa no mundo por meio da Igreja. Vocé se lembra daqueles sinais? Lemos sobre eles em Atos capitulo 2. Sao tr8s sinais (2) 0 som de um vento impetuoso (v. 2): “de re- rpente veio do céu um som como de um vento impetua- 50 @ encheu toda a casa onde estavam assentadd’. & cangregagao reunida no dia de Pentecostes nao podia ver o vento; eles nao sentiram o vento, apenas ouviram lum som de um vento impetuoso; este era 0 primeiro sinal. (2) 0 segundo sinal nés encontramos no v. 3: Lin- guas como de fogo. “e apareceram distribuldas entre eles Iinguas como de fogo € pousou uma sobre cada um deles". Linguas como de fogo, nao fogo real. Eles ‘do podiam cheirar 0 fogo € o que eles podiam ver era ‘algo como fogo descendo do céu e distribuindo-se entre a congregagao. Este era 0 segundo sinal (3) 0 terceiro sinal nés encontramos no v. 4: Falar ‘em outras linguas. “todos ficaram cheios do Espirito Santo e gassaram a falar em outras jinguas segundo 0 Espirito lhes concedia que falassern. 0 que era aque- le falar em outras linguas? Era falar em linguas es- trangeiras, em outros idiomas. Nés podemos ver isso ros versiculos 8 a 10: ™#Como &, pois, que os ouvimos falar cada um na propria lingua em que nascemos? 9Nés, partos, me- dos, € elamitas; e 0s que nabitamos a Mesopotamia, a Judéia e a Capadécia, 0 Ponto e a Asia, 10a Frigiae a Panfilia, 0 Egito e as partes da Libia préximas a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como pro- sélitos, LLcretenses e araes —ouvimo-los em nossas linguas, falar das grandezas de Deus" LLinguas estrangeiras. Este foi o terceiro sinal, ‘Agora vamos parar um momento e nas perguntar: “0 que estes tr8s sinais tém a ver com a festa de Pen- Revista Os Puritanos tecostes no Velho Testamento?”, Con- sideremos o seguinte: Cada um da- queles elementos, o vento impetuaso, © fogo e as linguas estrangeiras, e- ram algo, em certo séntido, destru vo e assustador. E, em certo sentido, eram um ins teumento do julzo de Deus. Deixe-me explicar de uma outra forma, Cada uma destas coisas pode destruir uma boa cotheita. Como? E facil entendermos como um vento pode destruir uma colheita, Voces se lembram da histéria de Jonas? Deus mandou aquele vento quente do oeste que destruiu aquela Arvore que estava dando somiora para Jonas. Um vento quente tem condigdes de destruir, de fato, uma boa colheita. Mas 0 fogo também, Vocés se lembram de Sansao ¢ 0s filisteus? Sansdo colacou fogo nas caudas das raposas e levou as plantagdes de trigo para destruir a colheita. No entanto, talvez alguém possa perguntar: “Como Iin- guas estrangeiras podem destruir uma colheita?” Seré que nos lembramos da torre de Babel? Quantos se lembram que naquela éboca Deus confundiu as linguas e que isto criow inimizade entre as nacdes? Mas temos que pensar como era aquela época. Se ouvissemos alguém falando uma lingua estrangeira fem nossa aldeia, seria bom averiguarmos se navia outras pessoas falando aquela lingua, Porque se hou- vesse, isso sighificava que eles iriam pegar nossas coisas, a nossa colhelta; iriam pegar nossas mulheres € nossos filhos. Linguas estrangeiras eram um sinal de perigo. Eu disse que cada um daqueles sinais como 0 vento, 0 fogo e as linguas estrangeiras, em varias épocas eram sinal do julzo de Deus sobre a sua larela no Antigo Testamento. Pensem no vento, Em Jeremi: as 4:11, 12, lemos como Deus usou vento coma um julgamento sobre o seu povo. “8 naquele tempo se dird a este povo e a Je- rusalém: Um vento abrasador, vindo dos altos escalvades no deserto, aproxima-se da filha do ‘meu povo, rido para cirandar, nem para alim. par, 12mas um vento forte demais para isto vird da minha parte; agora também pronun: ciarei eu julzes contra eles”. © que n6s podemos identificar ao ver vento com- binado com julgamento, juizo? 0 julzo de Deus sobre lum povo desobediente. Mas, e as linguas estrangeiras? Em Deuteronémio 28 Deus nos ensina sabre as maldigGes que caem sobre aqueles que quebram o pacto. Deuterondmio 28:49: “0 Senhor levantard contra ti de longe, da ex- tremidade da terra, uma nagao que voa como a guia, nagdo cuja Iingua néo entenderds". * Na do cuja lingua ndo entenderds”. 1350 era um sinal de juizo. Ainda ha dols versiculos sobre Revista Os Puritanos 0 Espirito Santo desceu do céu como as primicias da aplicagao de toda a obra de Cristo a Iyreja esas linguas estrangeiras, Preste mos bem atencgo, Jeremias 5: 15: "Eis que trago sobre vés uma nnagao de longe, 6 casa de Israel, diz 0 Senhor; 6 uma nagao durd- vel, uma nagdo antiga, uma nacao cuja tngua ‘ignoras, e nao entenderds o que ela falar" ainda em 1 Corintios 14:22: “De modo que as Jfnguas séo um sinal,ndo para os crentes, mas para os incrédulos; a profecia, porém, néo é sinal para os incrédulos, mas para os crentes". Linguas estrangei- ras eram um sinal do juizo de Deus. Notames claramente que a lingua estrangeira dos filisteus, dos moabitas, dos assrios, dos egtpcios e finalmente a dos romaros, eram sinais do juizo de Deus sobre Israel Linguas estranaeiras sianificavam ocupagao de um pais estrangeiro. Lingua estrangeira significava juizo. Mas, no dia de Pentecostes, quando 0 Espirito Santo desce do céu, 0 novo Israel recebe o Espirito Santo para ensinar a [greja com os seus sinais, para ensinar a Igreja acerca do poder do Espirita Santo no mundo. Qual & aquele poder? Em primeiro lugar é 0 poder do vento. 0 Espirito Santo; espirito significa vento, 0 félego de Deus, o Espirito Santo toma o Evangeiho de Deus, o Evange- Iho do Senhor Jesus Cristo e sopra folego nas narinas da Igreja de Cristo como na criagao. 0 sopro, 0 f6lego da boca de Deus foi soprado nas narinas de Adio e ele se tornou em um ser vivente. Oa mesma forma, na Igreja do Novo Testamento, o Espirito Santo, o félego de Deus, toma o Evangelho e da vida a Igreja; a nds ‘ue cremos. E 0 poder do Espirito Santo, la do alto. Ele usa um meio bem simples, Ele usa a Palavra de Deus, o Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Nada mui- to ornamentado, nada que em si seja aparentemente ‘muito poderoso, mas mesmo assim Ele dé vida. Quan- do cremos na Palavra de Deus, nos tornamos seres vivas, nos tornames produtivos, nos tornamos amo- 050s, alegres © obedientes. Tudo isso por causa do Espirito Santo. Em segundo lugar, 0 Espirito Santo € 0 fogo de Deus. No Antigo Testamento o fogo tinha dois pro- pésitos. Purificava 0 sacrificio e também consumia o sacrificio. Hoje isso acontece toda semana nas Igrejas verdadeiramente pentecostais! Quando a Palavra de Deus esta sendo pregada e o Espirito Santo, que é 0 fogo de Deus, purifica a nossa vida, Ele tira nosso pecado, tira nossa culpa e nos chama a uma vida de santidade; ao mesmo tempo, 0 Espirito Santo, com a mesma Palavra, estaré consumindo qualquer pessoa que se recusa a cre. Esta é a obra do Espirito Santo na Igreja de Cristo. Ele faz estas duas coisas por causa do mundo. Isto é que aprendemos do terceiro sinal — linguas estrangeiras. 17 A Verdadeira igreia Pentecostal Kloosterman Nelson D. © novo Israel recebe 0 Espirita Santo no dia de Pentecostes com estes sinais; 0 sinal de falar em lin- quas estrangeiras também é para nos ensinar que 0 Evangelho tira e supera a ameaga que as pessoas la fora esto sendo para nés. O Evangelho tira a ameaga que as nagées so para 0 povo de Deus. 0 Evancelha tira a assolagdo que é criada pelas linguas estrange ras para hoje, quando estamos cultuando a Deus, quando 0 evangelho de Cristo esta sendo pregado e se espathando em todo o mundo, em todas as linguas do mundo. Uma mensagem que é transmitida em todas a linguas que foram criadas Ié ern Babel. Podemos ver que Pentecostes € 0 inverso de Babel Quando o Espirito Santo desceu sobre a lgreja, com 0 sinal das linguas estrangeiras, Deus garantiu a esta greja que o Evangelho € compreensivel; € compre ensivel quando Deus se aoroxima de nds. Ele nos fala em portugués por causa da obra do Esalrito Santo e entendemos 0 que Ele est nos dizendo; sabemos o que le quer de nds, E, ou cremos & nos deleitamos nas bbéngéos da salvagao e sequimos produzindo pao na nossa vida, ou nos recusarnos a crer; € se nao eremos, 0 fogo de Deus vai destruir-nos; se ndo nos arrepen dermas ¢ seguirmos ao Senhor Jesus Cristo. Por cau sa do derramamento do Espirito Santo no dia de Pen: tecostes, nés nunca poderemas dizer: “Nao consigo entender”, pois o Espirito Santo veio no dia de Pen- tecostes exatamente para isto. Por que Ele foi dado no dia de Pentecostes? Em primeira lugar para nos mostrar 0 propésito da Sua obra, E 0 propésito da obra do Espirito Santo E que sejamos frutiferos, alegres e repletos de agdes de gragas. Por que o Espirito Santo foi derramado no dia de pentecostes? Em segundo Jugar para mostrar 0 poder da sua obra, 0 poder de uma nova vida no Senhor Jesus Cris- to, 0 poder da santidade. Quando ¢ Evangelho esta se espalhando neste mun: do esta juntando 0 novo Israel, a Igreja do Senhor Jesus Cristo de todas as tribos, linguas e nagdes. Irmaos e Irmas nds somos a verdadeira lgreja pentecostal Amém! Sermo Preparado pelo Pr. Nelson 0. Kloosterman Dr. Nelson Kloosterman é professor de Et Jove Testamento ne inary, Oyer, Inalara, USA, Semindrio Mid-America Reformed si! 0 Calvinismo e 0 Culto raiz da objegéo de Calvino as adigées humanas no culto legitimo de Deus tinha outra base. 0 homem é essencialmente corrupto; ele carrega a “damnosa haereditas” (heranca danosa) do pecado original e portanto ele ndo pode cultuar a Deus da forma'certa ainda que ele possa assim 0 querer.? Ele é inteiramente pecaminoso e assim suas préprias idéias do que constituiria o correto culto seriam viciadas pela sua depravagao. Estando nesta confusdo, ele ainda nao poderia afastar de seu coracdo 0 fato de Deus ter declarado o que é 0 verdadeiro culto em Sua Palavra. 0 homem, portanto, deve aprender ali como glorificar a Deus da forma certa. E ainda, desde que oramos da maneira certa a Deus apenas quando o Espirito Santo por nés intercede, devemos nos submeter a orientacao do Espirito. Estas trés doutrinas: da Palavra de Deus, do pecado original (da queda), e da intercessao do Espirito Santo, so logicamente aplicadas no culto calvinista. Conseqientemente o carater biblico € os pre- cedentes biblicos para a liturgia também, ou seja, a centralidade da Palavra, invisivelmente ina pregacao e visivelmente nos sacramentos. Isto também explica a abertura invocatéria pelo auxilio de Deus na liturgia de Genebra, enfatizando a total falta de amparo de homem & parte de Deus. Conseqientemente, também, a confissdo de pecados e a invocacao da ajuda do Espirito Santo antes de ler as Escrituras para que Elas possam ser corretamente entendidas.? Todas estas trés doutrinas to cuidadosamente levadas a cabo na forma genebrina, podem ser compreendidas em uma sé, a total submisséo da Doutrina Calvinista & dependéncia de Deus. Extraido e fraduzigo de “The Worship ofthe English Puritans” — Herton Davis NOTAS 4 lnsel iv; 2 Calvin La forme des es eccsiastlques, er Clemen op, Cit. Pp, 51-58 18 Eleigao, Motivo para Santificagao John Owen a quem pretende trazer ao Seu bem-aventurada gozo eterno, tem, antes de tudo, que ser santificado. Se em tudo 0 que formos — nossas inclinagdes, profissao de fé, honestidade moral, utilidade para os outros, reputacao na igrela — nao formos santos individuaimente, espiritualmente e evangelicamente, ndo estamos entre aqueles que, pelo eterno propésito de Deus, foram escolhidos para a salvacao e aléria eternas. Nao fomos escolhidos em Cristo antes da fundagao do mundo para sermos primeiramente santos € inculpaveis ciante de Deus em amor (Ef.1:4)? Nao, fomas, antes de mais nada, “ordenados para a vida eterna’ (At.13:48 — ACF; 2T5.2:13). A intengao de Deus no decreto da eleicdo é a nossa salvacao eterna, para “e fouvor da glia de Sua graca” (E1.1:5, 6, 11). Que significa, entio, quando se diz que foros “eleitos em Cristo para que sejamos santos”? Em que sentido € a nossa santidade © propésito para o qual Deus nos elegeu? A santidade € 0 meio indispensavel para se obter salvagao e gléria. “Escolhi agueles pobres pecadores perdidos para serem meus de forma especial”, diz Deus. “Escolhi salvé-fos trazendo-os através de meu Filho, por intermédio da Sua mediagao, para a gloria eterna. Mas faco-o segundo meu prapésito e decreto para que sejam santos e inculpaveis diante de mim em amor. Sem a santificagéo que procede da obediéncia em amor a mim, ninguém jamais entrar na minha gloria eterna” Pensar que se pode chegar ao céu sem santificagao é esperar que Deus mude Seus decretos € prop6sitos eternos; € esperar que Deus deixe de ser Deus e acate 0 desejo de pecadores de permanecem pecaminosos. Paulo, no entanto, nos mostra que foros predestinados para sermos conformes a imagem do filho de Deus (Rm.8:29; 215.2:13); fomos eleitos oara a salvagao por meio da livre e soberana graga de Deus. Mas como que se pode possuir de fato essa salvacdo? Através da santificagao do espirito, e de nenhum outro modo. Deus, desde o principio, jamais elegeu aqueles a quem no santificou pelo Seu Espirito. 0 conselho ¢ o decreto de Cristo a nosso favor ndo denende da nossa santidade, no entanto da nossa santidade depende a nossa felicidade futura no conselho e decreto de Deus. 0 eterno e imutavel propésito de Deus é que todo aquele que Lhe pertence de forma especial, todo aquele A Santificacao ¢ Indispensivel Segundo 0 imutavel decreto de Deus ninguém pode alcangar a glbria @ a felicidade eternas sem graca e santificagao. Os que foram ordenados para a salvacao, foram também ordenados para a santificacdo. A mais tenra crianga trazida & luz nesse mundo, nao alcangara o descanso eternal se nao for santificada e portanto, de modo consistente e radical, tornada santa. A santificagao & prova de eleicao A Ginica peova da nossa eleicdo para a vida e a oléria é a santificagdo operada em cada fibra do nosso ser. ‘Assim como a nossa vida, a nossa consolagao depende também da santificacao (2Tm.2:19). 0 decreto da elei¢ao € 0 bastante para dar seguranca contra a apostasia nas tentagées e provacdes (Mt.24:24) ‘Como 6 que posso saber da minha eleicdo e que nao cairei em apostasia? Diz Paulo, “Aparte-se da injustica todo aquele que professa 0 nome do Senhor* (27m.2:19). Diz-nas Pedro, “procurai, com diligéncia cada vez maior, confirmar a vossa vocagdo e eleicao” (2Pe.1:10). Mas, como que fazemes isso? Pela acréscimo de todas as virtudes arroladas por Pedra (2Pe.1:5~9). Assim, se pretendemos estar na gléria eterna, temos que nos esforcar totalmente para "sermas santos e irreoreensiveis perante Ele’ Problema. Se, desde 2 eternidade, Deus escolheu livremente um certo nidmero de pessoas para a salvacao, que necessidade tém elas de serem santas? Padem pecar 0 tanto que quiserem e jamais perderdo 0 céy, pois os ecretos de Deus nao podem ser frustradgs. A Sua vontade ndo pode ser negada. E se nao forem eleitas, sejam santas como forem, ainda permanecerdo perdidos, porque jamais podem ter a salvacao, Resposta. Tal modo de argumentar nao é ensinado na Escritura, nem dela pode ser aprendido, A doutrina da livre eleigdo de Deus em amor e graga é plenamente ensinada na Escritura, onde é proclamada como a fonte de, e 0 grande motivo para a santificagao. mais seguro apegar-se aos claros testemmunhos da Escritura, confirmado na maioria dos crentes, do que dar ouvidos a essas objegdes perversas € vis que podem nos levar a odiar a Deus ¢ aos Seus designios. £ melhor que 0 nosso entendimento seja cativo da obediéncia da fé, do que do questionarento de homens néscios 19 Revista Os Puritanos Kloosterman Nelson D. Especificamente, nao somos ape- ‘pas obrigados a acreditar em todas as revelagoes divinas, mas temos tam- evangelho requer que se creia na vida eterna, mas ninguém, que ainda vive em seus pecados, precisa acreditar na sua salvacdo eterna, Os paragrafos a seguir destroem essas objegées: (0 decreto da eleigéo em si mesma, absoluta, sem a consideracao de seus resultados, nao faz parte da vontade revelada de Deus. Nao esta revelado se esta ou aquela pessoa é ou nao eleita (Ot.29:29) Portanto, isso ndo pode ser utilizado como argumento ‘ou objecao sobre nada que envolva a fé @ a obedi- encia, (ii) Deus enviou o Seu evangelho aos homens para que o Seu decreto de eleigéo fosse cumprida e levaco 2 sua concretizacdo. Ao pregar 0 evangelho, Paulo diz que tudo suportou “por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvagdo que esté em Cristo Jesus, com eterna gléria" (2Tm:2:10). Deus ordena que Paulo permaneca e pregue o evangelha em Corin- to porque Ele tinha naqueia cidade “muito povo"” (At.18:10), isto é aqueles a quem Ele havia gra- ciosamente escolhido para a salvagao, Veja também Atos 2:47; 13:48 (ii) Em tod © lugar que chega, o evangetho pro- clama a vida e a salvacdo por Jesus Cristo a todo 0 que vai crer, se arrepender e se render em obediéncia a Ele. 0 evangelho faz com que 05 homens saibam. plenamente qual é 0 dever e a recompensa deles. Nes sas circunstéincias somente‘a arrogincia e a incre: dulidade podem usar o designio secrete de Deus coma desculpa para continuarem pecade. Objecdo. “Eu nao me arrependerei, nem crerei, nem obedecerei, se primeira nao souber se sou ou nao lum eleito; afinal tudo depende disso” Resposta, Se é assim que pensa, 0 evangeino nada tem a ihe dizer nem a ihe oferecer, pois vocé esta ‘opondo sua vontade prépria a vontade de Deus. ‘A forma que Deus estabeleceu para sabermos se somos ou nao eleitos é pelos frutos da eleigéo em rnossas préprias almas, Eis uma ilustracao. Cristo morreu por pecadores. Nao se exige que certa pessoa creia que Cristo morreu por ela de mode particular, mas apenas que Cristo morreu para salvar pecadores. Assim sendo, 0 evan- getho exige de nds f8 e obediéncia, ¢ somos obrigacos a reagir favaravelmente, Contudo, até que abedeca a0 evangelho, ninguém tem nenhuma obrigagéo de crer que Cristo morreu por si em particular. ‘A mesma coisa acontece com a eleigao. Exige-se que se creia na doutrina porque ela esté na Escritura © € claramente prociamada no evangelho; mas quanto 20 Deus ordena que Paulo permanega e pregue 0 "| evangelho em Corinto bbém que crer nelas conforme nos 540 | porque Ele tinha naquela apresentadas pela vontade de Deus. 0. | Gidatle “muito povo" sua propria eleicdo, néo se exige que ninguém creia nela até que, pe- los seus préprios frutos, Deus tha revele. Assim, ninguém pode dizer que nao é eleito até que sua condigéo prove que néo o seja porque os fru- tos da eleigao jamais podem operar nele. Esse frutos sio a fé, a obediéncia e a santificagao (Ef.1:4; 275.2: 13; LI; At.13:48). ‘Aquele em quem se operam essas coisas tem a obrigacao, segundo o método de Deus e o evangelho, de crer na sua prépria eleigao. Todo crente pode ter tanta certeza da sua eleicdo quanto 0 tem da sua chamada, justificagdo e santificacao. Pelo exercicio da oraca, asseguramos a nossa vocacao e eleicao (aPe.1:5~10) Mas 05 incrédulos e os impios ndo podem concluir que nao sao eleitos, se nao conseguirem provar que ihes seja impossvel receber graga e santificagao. Nou- tras palavras, eles tém que provar que cometeram 0 pecado imperdoavel contra o Espirito Santo, ‘A doutrina da eleigéo de Deus € ensinada em toda parte da Escritura para 0 encorajamento e a conso- lagdo dos crentes € para motivé-los a serem mais, obecientes e santificados (Ef.1:3~12; Rm.8:28~34), Como é que a Eleigéo Motiva os Crentes a Santidade A araga e 0 amor de Deus na eleicao, soberanos & para sempre reverenciados, so fortes motivos para a santificagao, e a tinica maneira de demonstramos ara- tido a Deus é agradar-Ihe com a santidade de vida Serd que um crente verdadeiro diria: "Deus me elegeu para a vida eterna, portanto vou pecar o tant que Auiser, pois jamals perecerei nem serei condenando'"? Deus usa a eleigao como urn motivadar para o seu povo antigo (Dt.7:6~8, 12). Do mesmo modo 0 faz Paula com os cristdos (CI.3:12, 13). A elei¢ao nos ensina humildade. Deus nos escolheu quando, por cau- sa do pecado, éramos imprestaveis; néo porque hou- vesse algum bem em nés. A eleicao nos ensina sub- rmissao a soberana vontade, arbitrio e dominio de Deus sobre tudo 0 que nos concere nesse mundo. Se Deus me escolheu desde a eternidade, e no devido tempo trouxe-me & f6, nao iria Ele também culdar de todas a coisas que me afetam? A eleicdo também nos ensina 0 amor, a benevo- lencia, a compaixéo e a tolerancia para com todos os Crentes, que s40 08 santos de Deus (C.3:12, 13). Co- mo ousaremos alimentar pensamentos grosseiros severos, e alimentar animosidade e inimizade contra qualquer um daqueles a quem Deus escolheu para a graga e gloria? (Veja Rm.14:1, 3; Paulo tudo fez por causa dos eleitos) A eleigao nos ensina 0 desprezo pelo mundo e por tudo 0 que ihe pertence. Escolheu-nos Deus para cons- Revista Os Puritanos tituir-nos reise imperadores do mundo? Levantou Deus 0 Seu eleito para ser rico, nobre e honordvel entre os homens para que seja proclamado: “Assim se fard a0 homem a quent o rei (do Céul deseja honrar"? Escolheu-nas Deus para nos guardar de dificuldades, perseguigées, pobreza, vergonha e reprovacies no mundo? Paulo nos ensina bem o contrario (1Co.1 26~29). Tiago nos mostra como deve viver um eleito de Deus (Tg.1:9~11). 0 amor na eleigdo & motivo e en- corajamento para a santidade por causa da graca que podemos e devemos esperar de Jesus Cristo (2Co.12: 9). A eleigao de Deus nos dé a certeza de que a des peito de todas as oposicbes e dificuldades que en- frentarmas, nao seremos total e finalmente concena- os (Rm.8:28~39; 2Tm.2:19; Hb.6:10~20). Problema. Com certeza alguém que sabe que é eleito tem maior possibilidade de ser preguicoso € reegligente na sua vida esplritual Resposta. Alguém seque numa jornada, sabe que est4 no caminho certo e sabe que se se mantiver no caminho chegaré certa e infaliveimente ao fim da sua jornada. Sera que esse conhecimento o tornard relap- 50 € negligente? Nao seria isso mais provavel a al guém perdido e sem saber para onde ir? Nao seria isso mais provavel a alguém sem a certeza de que alcan aria 0 seu destino? Problema. A eleicao é desanimadora para o in crédulo, Resposta, Podem ocorrer duas coisas quando a eleigéo 6 prociamada aos incrédulos. Primeiro, eles poderao se esforgar ao maximo para provarem que S80 eleitos respondendo com #8, obediéncia e san. tidade, ov, segundo, podem nao fazer nada e dizer que tudo isso depende de Deus. Agora, qual dessas duas atitudes é mais racional ¢ notavel? Qual delas evidencia que amamos verda- deiramente a nds mesmos e estamos interessados por rnossas almas imortais? Nada é mais infalivelmente certo do que isso: “to do aquele que nEle cré nao Ipereceral, mas tem} a vida etemna’”(J0.3:15 - ACF) Extrateoe traduziao do livra “0 Espirito Santo” do arande testeao pritana in tra Os john Owen © que sera publicado pela Fe Zz 66 (}Senhor, tem misericérdia de mim, pecador!” [Le 18:13]; “Porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a Sua graca”’ [1 Pe 5:53; "0 Senhor é excelso, contudo atenta para os humildes; os soberbos, Ele os conhece de longe” [$1 138:6]; “Porque assim diz 0 Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de esp{rito, para vivificar 0 espirito dos abatidos, e vivificar 0 coracao. dos contritos” [Is 57:15]; ™...mas 0 homem para quem olharei € este: 0 aflito e abatido de espirito, e que treme da minha palavra” CIs 66:21; ”Perto esté o Senhor dos que t8m o coracao quebrantado e salva os de espirito contrito” [$1 34:18]; Sacrificios agradaveis a Deus sdo o espirito quebrantado; coragao compungido e contrito; ndo o desprezaras, 6 Deus” [S| 51:17] .Nao ha retorno para Deus, a menos que nao nos toleremos por causa das nossas abominacées. S Quanto mais nos aproximamos de Deus, mais:nés devemos nos detestar até & 0 po e cinzas. Ele nao aceita um pecador em seus pecados; mas primeiro 0 iS lava e limpa. A conversdo deve nos fazer humildes como criangas, as quais 5 sdo ensinaveis ¢ ndo procuram por grandes coisas no mundo ou, de outro 7 modo, ndo podem entrar no reino de Deus. = Richard Baxter A Verdadeira i Revista Os Puritanos 21 John Knox na Liturgia e Adoragao Daniel Kleynn ‘qualquer verdadeira adoragao a Deus era quase impossivel. Homens e mulfieres se curvavam diante de imagens, Martires, apéstolos e virgens eram adorados. Numerasos dias santos e festas (freadenterente pags na origem) estavam constantemente sendo adicionades. A igreja na Escécia estava, oortanto, numa ter rivel necessidade de reforma, especialmente na area da liturgia e adoracao. Nesse tempo de necessidade da igreja, Deus levantou John Knox para lidevar a Reforma Escocesa. Ele corajosamente e ousadamente enfrentou os males da Igreja de Roma. Aspirava incansavelmente limpar a igreja e a nagao das corrupbes da falsa adoracio. Ele condenou abertamente as préticas perversas de Roma. Mostrou 2o povo o que exatamente estava errado na forma da adoracéo apista, e apresentou de maneira ad- equada, uma liturgia e adoracao biblica. Fazendo isto, Knox aplicou & adoragao um dos solas da Reforma — sola scriptura. Somente a Escritura deve ser 0 guia para a adoracao, Todas as préticas e observancias na igreja que ndo tém autoridade escrituristi- ca, devem ser abolidas. Ao apelar para o principio do sola scriptura para a adoracdo, Knox estava confirmando © que desde entéo se tornou conhecido como 0 “Principio Regulador do Culto". Knox chegou a um claro entendimento deste principio da adoragao durante seu exilio em Genebra. A per- seguigao severa aos Protestantes na Escécia forgou Knox e muitos outros a fugir. Embora retornando ocasion- almente a Escécia, Knox esteve em Genebra por aproximadamente seis anos, de 1554 a 1559. Enquanto em Genera, Knox desfrutou de muita interagao com 0 reformador Joao Calvino. Isto Ihe deu ‘oportunidade de discutir com 0 mestre nao somente teolosia, mas também governo de iareja. Ele aprendeu muito do reformador e tornou-se perfeitamente inteirado de sua opiniao cuanto ao assunto de adoracao. Em Genebra, Knox também serviu como pastor de uma pequena congregagao de ingleses exilados. Através disto ele ganhou, aparentemente, experiéncia prética na forma da adoragao reformada que Calvino ensinou € estabeleceu em Genebra. € ele a aprovoy. Isto € evidente a partir de uma carta que escreveu de Genebra sara amigos na Inglaterra, na qual declarou: "...NNao temno nem me envergonho de dizer Cque aquil é a mais perfeita escola de Cristo que ja houve na terra desde os dias dos apéstolos. Em outros lugares, eu confesso ser Cristo pregado verdadeiramente; mas 0s costumes ¢ a religigo serem to sinceramente reformados, nao tenho visto todavia em nenhum outro lugar". Knox adotou a visdo de Calvino sobre adoracdo, perfeitaente convencido de que ela eva biblica e correta. Ele entendeu que 0 homem por si mesmo no pode decidir como Deus deve ser adorado. Somente Deus pode determinar isto. Portanto, qualquer pratica ou ceriménia religiosa na igreja que ndo tenha garantia escrituristi- ca deve ser terminantemente rejeitada, Fazendo referéncia a Deuteronémio 4:2 e 12:8, Knox coloca isto desta forma: “Nao fareis tudo 0 que bem parece aos seus olhos para o Senhor teu Deus, mas o que o Senhor teu Deus te ordenou; nao acrescentareis nada; nem diminuireis nada dela”. 0 resultado da permanéncia de Knox em Genebra foi que ele retornou & Escécia decididamente em favor de fazer as coisas como Calvino as havia feito em Genebra, Através de escritos, debates e especialmente pregacoes, ele comegou a implementar os principios reformados de liturgia e adoracao. Knox era um pregador poderoso. “A partir do pilpito, no decorrer de uma hora, ele colacava mais vida em seus ouvintes do que seiscentas trombetas. ". ? Mesmo quando estava velho e tinha que ser auxiliado no pillnito, ele ainda se tornava to animado que, segundo alguns, parecia como se ele fosse “quebrar o pulpito em peda 08” e voar dele. Do pilpito, portanto, sem medo ele condenou os erros da igreja de Roma e apresentou 0 Caminho biblico da adoracao. Um exemplo disto & um sermao que ele pregou em Si. Andrews logo apés o seu retorno de Genebra. A audiéncia de Knox consistia de muitos homens influentes, incluindo nobres e sacerdotes. Nem todos eram a favor da Reforma, mas isto nao o dissuadiu, Ele pregou sobre a purificaco do templo por Jesus. Durante seu sermao ele fez diveta aplicacao ao papado, Ele descreveu e condenou, sem reservas, a corrun¢ao que 0 papado tinha introduzido na igreja. O sacerdécio de Roma, disse, era de simonistas(1], vendedores de nerdao, colecio- adores de reliquias e encantos, exorcistas e traficantes dos corpos e almas dos hamens. ‘A adoracao de Rama, de acordo com Knox, consistia de incontdveis “inveng6es papais”. Era inventada por homem e, dessa forma, grandemente desonrante e desagradavel a Deus. Portanto, a ira ea terrivel maldigao A nites da Reforma, na Escécia, a loreja Catélica Romana estava t4o profundamente corrompida que 22 Revista Os Puritanos de Deus pesa sobre todos aqueles que ousam tentar adicionar ou diminuir qualquer coisa & Sua religiso”.* De acordo com Knox, permitir aos homens deter- minar 0 que pode € 0 que no pode ser inciuido na adoragao, abre caminho para a idolatria. Isto foi ver- dadeiro especialmente no caso da missa. Em A Vind- ication of the Doctrine That the Sacrifice of the Mass Is Idolatry (Uma Defesa da Doutrina de que o Sacrifi- cio da Missa é Idolatria), Knox declara: "Toda ado- rao, honra ou servigo inventados pela mente do ho- mem na religido de Deus, sem Seu expresso manda- mento, é idolatria, A Missa fol inventada pela mente do homem, sem qualquer mandamento de Deus; por- tanto, ela & idolatria”, e “blasfémia contra a morte © paixdo de Cristo”. ¢ Por meio da insisténcia de Knox sobre a adoracao biblicamente baseada e seus labores ciligentes em proclamar esta verdade, Deus produziu uma reforma na adoragao da Escécia. A falsa adoracdo de Roma foi abandonada, e a verdadeira adoragao de Deus foi restaurada. 0s idolos mortos de Roma foram substi: tuidos pela pregacao viva da Palavra. £ somente a- queles elementos de adoracao que a Escritura prescre- Via foram admitidos, tais como aracao, a leitura e pregagao das Escrituras, 0 cAntico dos Saimos, ¢ a administragao apropriada dos sacramentos, Knox escreveu o Livro da Ordem Comum (Book of Common Order), frealientemente referido como “A Liturgia de Knox”. Este fivro foi aprovado adotado pela Assembiéia Geral em 1564 e usado na Escécia até 1645, quando foi aprovado o Diretbrio de Culto de Westminster para adoracao. A Titurgia de Knox foi targamente baseada naquela dda congreaagao Inglesa que ele pastoreou em Genebra, seguindo as mesmas rearas gerais e contetido. No pre- f4cio do livro ele deciara: “N6s, portanto, ... apre- sentamos a vocés, que desejam o incremento da Gléria de Deus, € a Simplicidade pura de Sua Palavra, uma Forma e Ordem ce uma lgreja Reformada, limitada dentro do Compasso da Palavra de Deus, que nosso Salvador nos deixou como tinica e suficiente para 0 governo de todas as nossas agbes por ela” Com respeito aos sacramentos, Knox mostrou que somente aqueles sacramentos que foram institufdos or Cristo so validos. “Para que os Sacramentos se- jam corretamente administrados, julgamos duas cois- as serem indispensaveis: A primeira, que sejam admi- nistrados por Ministros fiéis, 0s quais afirmamos ser- fem somente eles que foram designados para a prega- do da Palavra,.. A outra, que sejam administrados em tais elementos, e de tal maneira, como Deus estab- eleceu; de outra forma, afirmamos, delxam de ser os genuines Sacramentos de Cristo Jesus”. * Concernente a leitura da Escritura na adoracdo, Knox afirmava “ser de extremo proveito que as Es- Crituras sejam lidas de forma ordenada, isto é, que Revista Os Puritanos algum livra do Velho € do Novo Testamento seja ini ciado e ordenadamente lido até o fim”. * Ele aplicou isto também & pregacao. "Pulando e divagando de um lugar ao outro da Escritura, seja na leitura, ou na pregagao, julgamos néo ser proveitoso para edificar a igreja, como & o seguimento continuo de um texto”. * Os ministros devem pregar a partir das Escrituras livro por livro, capitulo por capitulo, numa forma con- tinua e ordenada, ‘As formas de oracao foram incluidas na liturgia de Knox. Elas foram destinadas para 0 uso durante os servigos de adoragdo. Knox deixou claro, contudo, que devia haver também lugar para as oracées livres. AS formas de oragao eram modelos. Ninguém estava es- tritamente obrigado a usé-las. Os ministros, portanto, desfrutavam de liberdade na oracao piiblica. ‘A propria adoragdo tornou-se uma atividade cor- porativa. A Igreja Catélica Romana havia impedido ‘© envolvimento das pessoas na adoracéo. Agora, con- tudo, 0 latim fora substituido pelo inglés, de forma ‘que todos pudessem entender. As Escrituras foram traduzidas para uma linguagem comum. Todas as igrelas tinham uma Biblia em inglés e a exounham reqularmente para que até mesmo aqueles que nao podiam ler, pudessem se beneficiar. Q evangetho era proclamado com clareza e simplicidade, E 0s Salmos. eram cantados segundo melodias familiares de forma que as préprias pessoas podiam expressar louvores © ragas a Deus. A Confissdo Escocesa de Fé expressa claramente esta opinido de Knox com respeito a liturgia e adora- Gao. Elaborada em 1560 por Knox e outros cinco ministros, 0 Artigo 20 desta confissao declara que na igreja, na qual — como casa de Deus que ¢ — con- vém que tudo seja feito com decéncia e ordem, Nao que pensemos que a mesma administracéo ou ordem de ceriménias possa ser estabelecida para todas as épocas, tempos ¢ lugares; pois, como ceriménias que 0s homens inventaram, so apenas temporais, ¢, as- sim, podem e devem ser mudadas quando se percebe que 0 seu uso forenta antes a sunersti¢ao que a edifi- cagéo da Igreja" Esse artigo mostra que Knox e seus colegas Refor- mados na Escécia ndo estavam a favor de fazer uma forma particular e obrigatéria de adoragdo. As igrejas estavam livres para mudar sua liturgia. Mas elas nao podiam mudé-la para ser aquilo que thes agradasse. Elas deviam ser governadas pelas Escrituras. A Pala- ra de Deus devia dirigi-las. Especificamente, a li- turgia e a adoracao eram para serem governadas pe- fos dots 10s apresentados em 1 Corintios 14, a saber, que todas as coisas devem ser feitas “decente- mente e com ordem” (v. 40), € que todas as coisas ever ser feitas para “edificagao” (v.26). A igreja de hoje faria bem em levar no coragao € colocar em prdtica as vis6es biblicas de John Knox 23 ia e Adoragao

Você também pode gostar