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Reflexões

sobre a vida
cristã:
A verdadeira liberdade

Sergio Dario
Introdução

A “liberdade” é o objeto de desejo


da humanidade pós-moderna. Fala-se muito em
liberdade de expressão, liberdade de imprensa,
liberdade na família, no vestir, liberdade
epistemológica, sexual, pública, religiosa, política,
econômica e social. Todos querem ser livres, e
esta busca é algo inerente a todo ser humano.
Então, surgem algumas perguntas que merecem
reflexão: se muitos são capazes de conflitar e
morrer em busca da “liberdade”, o que é, de
fato, a “liberdade”? O que significa ser livre?
Qual o conceito de “liberdade” predominante
na sociedade contemporânea?
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Fala-se muito, pouco se
entende

Nunca se falou tanto em liberdade,


e isto é, ao mesmo tempo, salutar e
preocupante. Salutar, porque a liberdade é
algo indispensável e necessário a todo ser
humano, desde que se saiba os limites
desta liberdade. É desejo de Deus que a
humanidade seja livre. De outro lado, isto é
preocupante e lamentável, porque se
perverteu o seu verdadeiro sentido, uma
vez que aquilo que denominam ser a
liberdade, trata-se de libertinagem.

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Conceito tradicional

O dicionário Aurélio define

liberdade como: faculdade de se decidir ou


agir segundo a própria determinação; poder de
agir, no seio de uma sociedade organizada,
segundo a própria determinação, dentro dos
limites impostos por normas definidas;
faculdade de praticar tudo quanto não é
proibido por lei;
supressão ou ausência de toda a opressão
considerada anormal, ilegítima, imoral; estado
ou condição de homem livre; independência,
autonomia; facilidade, desembaraço;
permissão, licença; confiança, familiaridade,
intimidade (às vezes abusiva). 3
A liberdade em debate

Tem-se dito que “ser livre” é ter

escolhas. A filosofia defende a liberdade


como ter autonomia nas escolhas, mas,
“escolher” significa ser livre? Alguns dirão que
a existência de escolhas indica ausência de
liberdade. Outros acrescentariam que a
capacidade de escolha é a essência da
liberdade, mas, todos são capazes de fazer
boas escolhas? Certas escolhas não
poderiam indicar escravidão? Tudo que o
indivíduo escolhe é expressão de liberdade?

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Uma crise evidente

Muitas pessoas diriam que ser

livre é fazer o que desejam e agir


conforme pensam, ou seja, ser “senhor”
sobre sua vida, mas, ser livre é ser
“senhor”? Diante disso, o que se percebe
é que existe uma crise em torno do
conceito de “liberdade”. Este vocábulo
tornou-se amorfo, mal definido e
consequentemente mal compreendido
pelas pessoas, uma vez que a
“liberdade” que tanto desejam, ou
julgam já obtê-la, é, na verdade,
“escravidão”. 5
Da escravidão para a
liberdade

Um dos fatos bíblicos mais marcantes


acerca da liberdade é a libertação do povo de
Israel do Egito, narrada no livro de Êxodo. Após
o ato de libertação Deus deu aos israelitas a lei,
a instrução da vontade divina, como garantia
de preservação da liberdade conquistada. Em
toda a história do povo israelita comprovou-se
que o abandono da lei resultava em
escravidão. Quando os israelitas decidiam fazer
aquilo que achavam reto aos seus próprios
olhos, o resultado era sempre seguir outros
deuses, imoralidade, sincretismo religioso, ou
seja, submetendo novamente ao jugo de
escravidão. 6
Da liberdade para a
escravidão

Este foi um quadro comum descrito


no livro de juízes, onde a expressão “e cada
um fazia o que parecia reto aos seus olhos”
aparece 4 vezes (17.6; 18.1; 19.1; 21.25), e o
resultado era perda da liberdade. O livro de
Juízes ainda afirma que “os filhos de Israel
fizeram o que era mau perante o SENHOR;
pois serviram aos baalins”(Jz 2.11). Aquilo que
era reto aos olhos dos israelitas era mau aos
olhos de Deus. O conceito de retidão e
moralidade humana não corresponde com o
estabelecido por Deus na lei, logo, a rejeição
da lei de Deus é um passo em direção à
escravidão. 7
A perspectiva petrina

Pedro afirma: “Porque assim é a vontade de


Deus, que, fazendo o bem, tapeis a boca à
ignorância dos homens loucos; como livres
que sois, [...] mas como servos de Deus” (1 Pe
2.15-16).

O texto destaca três palavras


essenciais para se entender a liberdade
genuína, a saber, vontade, livre e servo. Pedro
descreve a existência de dois tipos de
pessoas: de um lado, os insensatos que
ignoram o bem, e de outro, os sábios que
praticam o bem. De um lado, os escravos de
sua própria vontade e, de outro, os servos de
Deus. Todos são servos, todos dizem ser livres,
mas apenas o segundo grupo desfruta
realmente da liberdade genuína. Desta
forma, existem dois tipos de liberdade: a
verdadeira e a falsa.
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Liberdade como submissão

A verdadeira liberdade implica

em submeter à vontade de Deus, servi-lo


de todo coração e entendimento. A falsa
liberdade é a rejeição do senhorio de Cristo
para servir a própria vontade, os desejos e
as ambições humanas. A vontade humana
é escrava do pecado, [Jr. 17:9; 12:2; Mc
7:6,21; Gn 6:5; Rm 3:12; Jr 13:23] logo, muitos
daqueles que dizem ser livres são, na
verdade, escravos de suas vontades
pecaminosas, desejos mortíferos e
ambições corruptoras.
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A “liberdade” do
autoengano

Como diz o apóstolo Pedro: “estes


são fontes sem água, nuvens levadas pela
força do vento, para os quais a escuridão
das trevas eternamente se reserva; porque,
falando coisas mui arrogantes de vaidades,
iludam com as concupiscências da carne e
com dissoluções aqueles que se estavam
afastando dos que andam em erro,
prometendo-lhes liberdade, sendo eles
mesmos servos da corrupção, porque de
quem alguém é vencido, do tal faz-se
também servo” [2 Peter 2:17-19].

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A obediência a Deus é o
caminho da liberdade

Certamente, permitir que as

vontades, desejos e ambições humanas


norteiem as ações, atitudes e decisões é
escravidão, trata-se de uma falsa liberdade
que conduz a destruição. O apóstolo Paulo,
em sua epístola aos gálatas, afirma: “para
a liberdade foi que Cristo nos libertou.
Permanecei, pois, firmes e não vos
submetais, de novo, a jugo de escravidão”
Gl 5.1. A liberdade envolve uma postura
consciente, direcionada pelos princípios
divinos. A obediência a Deus é a garantia
da liberdade.
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Conclusão

A busca da liberdade genuína inicia


com a decisão de quem se deseja ser servo, e
consequentemente se decide que tipo de
liberdade será desfrutada, a espúria liberdade
que é escravidão, ou a genuína liberdade.

Diante disso, pode-se afirmar que há


dois tipos de servos: o servo das paixões carnais e
o servo de Deus. Quanto mais se permite ser
conduzido pela vontade de Deus, mais liberdade
se tem, e quanto mais se procura satisfazer a
própria vontade mais escravizado se torna. Logo,
sejamos sábios e não insensatos, sirvamos a Deus
e nos submetamos à vontade do nosso Senhor
para podermos desfrutar de uma liberdade
autêntica e lídima. 12
Autor

Pastor da Igreja Presbiteriana Renovada e


Professor do Seminário Presbiteriano
Renovado Brasil Central (SPRBC).
Graduado em Letras pela FAA, Bacharel
em Teologia pelo SPRBC e FACETEN,
Especialista em Neuropedagogia pela FTP,
em Docência do Ensino Superior pela
FACETEN, em Literatura e Cultura pela FAEL,
Mestre em Teologia Exegética pelo Centro
Presbiteriano de Pós-graduação Andrew
Jumper (CPAJ-Mackenzie) e Doutor em
Ministério pelo Reformed Theological
Seminary em parceria com o CPAJ.

Seminário Presbiteriano Renovado Brasil Central - www.sprbc.com


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