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Mas, depois dos sustos e das vergonhas que as descobertas do corpo lhe
trouxeram, a sua segunda gravidez também não foi por querer. Agora ela “
brincava gostoso com os homens, mas não descuidava”, o que se deu foi que,
uma vez, sei quê nem porquê, uma das “sementes” vingou e ela, novamente
envergonhada, teve que contar a Tonho que estava grávida. “O moço chorava
e ria, abraçou Natalia e repetia feliz que ia ter um filho, que formariam uma
família”, mas Natália não queria fazer parte de uma família. Mandou Tonho
embora e, com ele, a sua segunda gravidez.
Por outro lado, a sua terceira gravidez não se deu a uma semente teimosa,
mas a um casal desesperado. Natalia trabalhava em uma casa e a sua patroa
não consiga engravidar, ela não conseguia entender o porquê daquele
desespero, já que odiava ficar grávida. Mas tudo bem, seria usada pelo patrão,
quantas vezes fosse necessário até engravidar. No fim, quando finalmente
gerou a criança, foi esquecida pela casal, do mesmo modo que esqueceu sua
terceira gravidez.
Já na quarta gravidez, mesmo acontecendo em um contexto mais violento,
numa visão física, do que os outros, ela se sentia feliz. Iria ter o seu primeiro
filho, só seu e de mais ninguém, afinal não viu o rosto do seu abusador. A
vergonha da maternidade era, na verdade, causada pelo ódio que ela tinha
sobre a passividade da maternidade, que via em sua mãe dela. Em todos os
outros momentos, a gravidez se apresenta e ela não detinha controle sobre a
situação. Quando se vinga do estuprador e assume o filho, como algo
totalmente seu, torna-se dona da sua própria ideia de maternidade: mãe
solteira, que irá lutar para ensinar o seu filho como o mundo é, a partir das
experiências que ela teve.
Por fim, não há motivos para mudar nada na narrativa. A forma com que a
autora formou o texto, em um sentido de inércia social da mulher negra, foi
perfeita e leva ao debate de diversos conceitos. Entre eles, e principalmente,
está a maternidade que Natalia propõe, mesmo sem saber.