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Texto síntese:

Nesta secção iremos nos debruçar sobre a África após o fim do colonialismo nos finais dos
anos 50, onde estes países adquiriram a sua independência nacional e se prepararam para a
construção de um estado nacional soberano. Devido as experiências históricas, culturais,
sociais e econômicas específicas de cada um dos países africanos, estes enveredaram por
caminhos diversos e escolheram modelos distintos na construção dão Estado nacional em
África. Deste modo, iremos primeiro falar sobre alguns desses modelos de governação,
incidindo especialmente no caso de Moçambique, que seguiu as via socialista, e que em
nome da “nação moçambicana”, renegou todas as especificidades culturais e étnicas dos
seus povos. Falaremos do caso de Cabo Verde e áfrica do sul, onde na construção da
identidade nacional o fator raça foi crucial. Iremos ainda trazer a discussão um estudo
comparativo com o Brasil.

Esta idéia de um Estado-nação segundo a concepção clássica (unidade, homogeneidade e


delimitação de território), é algo novo em toda a historia de África. Ela só surge depois que
África se libertou do jugo colonial, entende-se daí a enorme dificuldade encontrada pelas
elites africanas em constituí-los em seus países. Como vimos nas aulas anteriores, existiam
anteriormente na África, impérios, dinastias governantes, milhares de pequenos chefes e
régulos dos vários agrupamentos sociais, mas em nenhuma parte encontrou-se estados-
nacionais. O fim do colonialismo seguida da independência permitiu aos países africanos
escolherem o seu futuro e se constituírem em países democráticos e soberanos. Mas também
não podemos esquecer que provocou, em muitos casos, o afloramento de antigos ódios
étnicos, de velha rivalidades despertadas pela proclamação da independência, provocando
violentas guerras civis (como as da Nigéria, do Congo e, mais recentemente, as da Angola,
Moçambique, Ruanda, Burundi, Serra Leoa e da Libéria). É de realçar porém, que alguns
destes países já se encontram em situação de paz, como o caso de Moçambique desde 1992
e Angola 2000 a morte em combate do líder guerrilheiro da UNITA , Jonas Savimbi.

Voltando agora a época da construção dos estado nacionais em África: As elites africanas
que dirigiram os movimentos para a independência, definiram como cidadão nacional todas
as pessoas que se encontravam confinadas no território delimitado pelos europeus na
conferência de Berlim com a esperança de construir uma Nação multi-étnica. Ao contrário
do que aconteceu na Europa, América Latina e nos EUA, onde a cidadania foi uma
conquista paulatina por parte dos grupos excluídos, em África todos os grupos nacionais ou
étnicos que se encontravam dentro do território do Estado antes da proclamação da
independência foram declarados pela constituição cidadãos nacionais.
Porém, devido às divergências que existiram nos primórdios das independências, a
instabilidade social e política em que a maior parte dos países africanos sucumbiu fizeram
com que a Nação ainda seja uma miragem para a maior parte dos países multinacionais.
Mas, quase todos Estados Africanos, teoricamente, assentam as suas ações com base na
cidadania universal e igualitária para todos os nacionais. Na prática existem movimentos e
grupos étnicos que reclamam uma cidadania própria e independente do Estado que os
administra ou governam, o que tem causado grande instabilidade política, econômica e
social. Em muitos Estados, quase toda a elite governamental pertence à uma etnia ou região.
Por outro lado, alguns países africanos na sua pretensão de construção o estado-nação
negaram todas as especificidades étnicas culturais, sociais, em nome de uma nova identidade
nacional, de um “homem novo”, sem classes e sem pertencimento étnico.
Texto síntese:

Com o fim da Guerra Fria, os Africanos começaram a exigir e a esperar


maior transparência dos seus Governos. Uma segunda onda de liberalização
política resultou numa pronunciada viragem de regimes autoritários e golpes
militares do período pós-independência para várias formas de democracia.
Conforme calculado pela ONG “Freedom House”, o número de países
“livres” na África subsaariana aumentou de dois para oito entre 1990 e 2000,
o número de países “parcialmente livres” aumentou de 15 para 24, enquanto
que o número de países “não livres” reduziu de 26 para 13. É importante não
subestimar ou subestimar o impacto desta revolução pacífica. A mudança foi
profunda. Os Africanos desejam agora métodos democráticos de
comportamento e a falta dessa vivência dentro de métodos democráticos
levou já ao surgimento de turbulências. Golpes militares poderão ter sucesso
por um certo período, mas a pressão para se retornar aos processos
democráticos é a regra e não a exceção.Regimes foram alterados através do
voto e Governos derrotados deixaram o poder. Parlamentos e legislaturas
adquirem mais independência e mais autoridade. Há, em muitos países, uma
imprensa livre e vibrante, que inclui não só a imprensa escrita mas a
radiodifundida.

Muitos países estão ativamente envolvidos na descentralização política e


administrativa. Abusos contra os direitos humanos tendem a reduzir em
todos os regimes, mesmo nos mais recalcitrantes. O novo espaço político,
juntamente com a erosão das capacidades do estado nas áreas rurais, levou
a um aumento dramático de organizações da sociedade civil tanto em
número, como em vigor e diversidade. Cooperativas pertencentes e geridas
pelo estado, deram lugar a organizações de produtores independentes
controladas pelos seus associados. De uma forma crescente, estes grupos
não só têm substituído o Governo na comercialização agrícola, como têm
também na arena política uma posição cada vez mais sólida. Um dos
assuntos chave que permanece inacabado em África é a transformação
política do continente baseada em interesses econômicos e, as
organizações de base de agricultores são uma peça fundamental desta
transformação. Contudo, há é claro, a outra face.

Existe ainda um número de estados fracos e falhados obstruídos pela


violência interna e pressões externas. Neste preciso momento mantém-se
sérios conflitos, na República do Congo, Serra Leoa, Sudão e Uganda e
turbulências políticas e violência em outros estados. Mesmo as democracias
mais estáveis são fracas, com instituições fracas de governação, níveis
significativos de corrupção e um sistema de prestação de serviços ineficaz.
Em muitos destes países, a política é largamente baseada em
personalidades e em interesses regionais e não em interesses econômicos.
Permanecem as dificuldades tanto para os agricultores, como para os mais
carenciados, com vista a organizarem-se de modo a conseguirem influenciar
as políticas do governo e, como veremos, as políticas do governo continuam
a favorecer os centros urbanos, os ricos e os poderosos. Contudo,
atualmente o contexto político é bastante mais favorável conducente a um
desenvolvimento mais abrangente, do que em qualquer outro momento
nestes últimos quarenta anos.

Durante os dez anos cruciais entre 1989-1999, a maior parte dos modelos políticos e
econômicos que estruturavam o continente africano foram repensados. O fim do confronto
Leste-Oeste pôs fim aos conflitos atiçados do exterior, como em Angola ou Moçambique.
Os regimes de cariz socialista desapareceram ou se converteram em economias de
mercado (Benin, Moçambique, Etiópia, por exemplo). O desmonte do apartheid, na África
do Sul, selou o fim simbólico dos regimes coloniais. O pluripartidarismo difundiu-se da
República Democrática do Congo (RDC) até Cabo Verde, passando pelo Quênia e a África
Central...
Essas mudanças podem ser encaradas de duas maneiras. Por um lado, as tensões de
todo tipo que as transformações sempre provocam. O continente dá exemplos delas todos
os dias. Do outro lado, há o espaço político e social, a margem de manobra que se abre
com o repensar de todo o status quo. Ou seja: cada drama ou perigo carrega também uma
esperança ou a possibilidade de uma mudança positiva. É assim com golpes de Estado,
que servem às vezes para reconduzir à democracia — como em Mali em 1991, quando os
militares derrubaram o ditador Mussa Traoré antes de devolver o poder aos civis. Os
rebeldes da Mauritânia tiveram a mesma intenção, em 2005.
Três linhas de fratura permitem observar essas ambivalências. A princípio, as terapias
neoliberais impostas a África nos anos 80 pelas instituições do Banco Mundial e do Fundo
Monetário Internacional (FMI) e seu fracasso, na maioria dos países, destruíram o contrato
social vindo das independências. A África subsaariana é a única parte do mundo em
desenvolvimento em que a expectativa de vida recuou para o nível registrado no início da
década de 1970, e continua abaixo dos 50 anos).
Este evento desestabilizador constitui um potente motor para os conflitos sociais e tensões
armadas. Ao mesmo tempo, provoca um debate, ainda que incipiente, sobre a
necessidade de redefinir as políticas econômicas. Iremos notar este fato quando lermos o
texto complementar sobre a ingerência humanitária em África e seus programas de
desenvolvimento e alivio à pobreza dos povos africanos. Por outro lado, a democratização
ampliou o espaço político, mas de modo incompleto. A tutela das instituições financeiras
internacionais põe um manto de dúvida sobre a legitimidade das autoridades públicas. O
surgimento de novas potências africanas ou estrangeiras redesenha a geopolítica do
continente, deixando a esperança de uma possível redistribuição das cartas do jogo. O
fracasso dos planos de ajuste estrutural é hoje comumente reconhecido. Mesmo que os
Estados africanos cheguem a atingir taxas de crescimento relativamente elevadas – 5%
em média em 2005, com picos nos países de exploração petrolífera como o Chade (7,7%)
ou a Guiné Equatorial (9,3%) –, os índices de pobreza não recuam. Obrigados a
reconhecer os resultados pífios na região, economistas neoliberais começam a se
perguntar sobre as determinantes deste crescimento e sobre seu conteúdo, como atesta
um documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) expressivamente intitulado "Dores
e crescimento". Segundo o texto, "estudos recentes têm procurado determinar o que
caracteriza um crescimento favorável aos pobres, noção para a qual não há definição
única. (...) Na África, o papel das desigualdades merece ser examinado dado a profunda
modificação da distribuição da rendas desde 1980 (...). Sabe-se que a evolução das
desigualdades pode contribuir para a redução da pobreza, assim como anular parte do
recuo desta ocasionado pelo crescimento." Diante da amplidão do prejuízo, o Banco
Mundial e o FMI decidiram patrocinar novos programas econômicos. Estes têm como
objetivo central a luta contra a pobreza e a corrupção, o desenvolvimento dos recursos
humanos e da infra-estrutura.

Há quinze anos, toda a mídia - rádio, imprensa e televisão - vem tendo um forte
crescimento na África e um papel determinante na promoçâo da democria, de uma gestâo
do bem público transparente, combatendo através de dos midia independentes, a
corrpupção, nepotismo, abusos de poder, e contribuindo assim, para o desenvolvimento e
boa governação em África. E se os africanos movimentam seus meios de comunicação,
estes, por sua vez, fazem a sociedade evoluir. O rádio é o principal meio de comunicação
de massa na África. Muitos adultos não sabem ler, as vias de acesso tornam difícil a
chegada de jornais e nove a cada dez famílias não têm televisão. Informações locais,
conselhos agrícolas, debates, pequenos anúncios: nessa cultura da oralidade, a rádio tem
o papel que a imprensa escrita tem em outros lugares.

O número de jornais também explodiu, ainda que a efervescência dos anos 90 tenha
diminuído. Na África francófona, adepta do “improviso jornalístico”, como assinala Marie-
Soleil Frère, cientista política belga especialista em mídia africana, a mudança trazida pela
liberdade de expressão é radical. É verdade que os jornais não dispõem de muitos
recursos, as tiragens são restritas – proporcional ao número de leitores – e as difamações
ou informações inventadas não desapareceram. Mas “a imprensa evoluiu bastante,
embora nem todos os jornais mereçam esse nome”, avalia Madieng Seck, diretor da
agência Jade, primeira agência de imprensa não-governamental do Senegal. Uma
imprensa especializada também surgiu – economia, esporte, agricultura, feminino,
“gente”... O melhor índice dessa nova liberdade de expressão é a florescente imprensa
satírica: Le Cafard Libéré em Dakar, Le Messager Popoli em Douala, Le Lynx na Guiné.
Assim, libertando a palavra, “os novos meios de comunicação de massa contribuíram para
a refundação do espaço político e público”, avalia Marie-Soleil Frère. Pois o essencial foi
feito: dessacralizar o poder, denunciar o que está errado, refletir sobre a sociedade. “Hoje
as pessoas prezam a liberdade de imprensa, e estão prontas a defendê-la”, analisa Pierre
Cherruau, responsável pelo continente africano na revista semanal francesa Courrier
International. Como em 1998 em Burkina Fasso, quando a prisão do jornalista Norbert
Zongo suscitou uma vasta mobilização. E, embora, como em outros lugares, os jornalistas
continuem a ser controlados, e até mesmo pressionados, a liberdade de expressão na
África é invejada por outros países mais ricos.

África também é ator ativo no mundo cibernéutico. www.afrik.com, criado a seis anos em
Paris por jornalistas de diferentes vertentes, é o primeiro site de informação sobre a África,
com meio milhão de acessos por mês; www.syfia.com, uma rede de 10 agências de
imprensa com 70 correspondentes no continente, oferece reportagens locais apaixonantes;
www.allafrica.com retoma a imprensa africana; www.rfi.fr dedica páginas importantes de
informações ao continente. Alguns portais são dedicados especificamente a um país, como
www.abidjan.net e www.letogolais.com. Hoje, vários jornais africanos também têm seus
sites; podem ser encontrados no site do Courrier International (courrierinternational.com).
A internet é muito utilizada pela diáspora. No continente, ela possibilita que se escape da
censura: jornais proibidos reaparecem... na tela!

Os canais de televisão também se multiplicam. A República Democrática do Congo (RDC)


possui 30 canais, o Benin uma meia dúzia, mas em dez países, a televisão continua sendo
um monopólio de Estado. Baseado no Mali, o canal por satélite Africable, de capital
africano, nasceu em 2001. Ele transmite gratuitamente para dez países francófonos e
pretende ser, para além das fronteiras nacionais, um meio de revelar a África em todas as
suas formas. A parabólica traz as imagens de fora, com TV5, BBC World, ou Al Jazira. A
Nigéria, grande produtor, exporta seus programas. E de Dakar a Kinshasa, todos se
apaixonam pelas novelas... brasileiras!

Como vimos o campo jornalístico floresceu bastante em África, mas por outro lado África
se debate com constrangimentos de varia ordem no campo cientifico. A independência no
campo cientifico e tecnológico é um dos objetivos que a África contemporânea se
confronta. Ela tenta sair da dependência em relação aos países ocidentais, construindo as
suas próprias universidades e privilegiando o saber local, bem como entrar no mundo da
globalização como um sujeito ativo e produtor da sua própria historia. As ciências sociais
em África têm uma origem recente. Podemos situar o seu nascimento no período colonial.
As ciências sociais estiveram assim, numa primeira fase liga aos interesses das potencias
coloniais. Serviam para conhecer os povos africanos para melhor controla-los e explora-
los. Com a independência nacional estas tiveram um papel fundamental em resgatar a
historia dignificante do homem negro bem como construir novas subjetividade livres do
amarras do colonialismo mental bom como mostrar caminho para o desenvolvimento
soberano dos países africanos. Porém muitas dificuldades se puderam no seus percurso.
Devido a esta herança colonial que não contribuiu para o fortalecimento de comunidades
científicas em África, a lauta taxa de analfabetismo e a falta de recursos tecnológicos
retardou o desenvolvimento cientifico de África. No texto obrigatório assinalado embaixo, a
sociólogo Maria do Céu analisa esta questão da emergência das comunidade cientificas
em África, discutindo detalhadamente sobre a natureza das ciências sócias nos estados
africanos pos-coloniais bem como mostrando os obstáculo a emergência de comunidades
cientificas em África.

Questões para discussão:

Fale do processo de construção dos estado nacionais em África

Discuta as deferentes formas de democratização que os paises africanos seguiram

Quais os maiores obstáculo que os estados africanos enfrentam na consolidação da


democracia boa governação?

Discuta os obstáculos à emergência de comunidades cientificas em África

Qual o impacto do capital financeiro na produção cientifica e tecnológica em África

Quais as razões para a fragilidade das ciências sociais em África?

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