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CAPÍTULO II: DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Nesta secção são apresentados os dados físicos- geográfico (localização geográfica,


clima, relevo, solos, vegetação), e sócio - económico (demografia, cultura, agricultura, pesca e
comércio)

2.1. Localização do Bairro Manhaua B

A cidade de Quelimane é a capital da Província da Zambézia e possui uma superfície


de 122 Km² (INE, 2012). Quelimane localiza-se na região central de Moçambique a uma
latitude de 17°52'42'' Sul e 36°53'17'' de longitude Este e tem como limite Este o posto-
administrativo de Maquival, ao Sul o distrito de Inhassunge e o distrito de Nicoadala a Oeste e
ao Norte (Sitoe, 2017, p.74).

O bairro Manhaua B faz parte do 4º posto administrativo da cidade de Quelimane.


Localiza-se na zona suburbana da cidade de Quelimane, numa distância aproximadamente de
7 quilómetros para o Centro da Cidade. Faz limites com: Bairro aeroporto a Oeste; Manhaua-
A a Este; Rua de França a Sul; e com o cemitério da Mariana a Norte.

Figura 1: Enquadramento geográfico do bairro Manhaua B (2022).


Fonte: ArcGis 10.1. Adaptação Autor, (2022).

2.2. Característica físico-natural


Neste ponto apresentam-se as características físicas e naturais, procurando descrever a
topografia, o clima, a hidrografia, e a vegetação da área de estudo.
 Geomorfologia e Solos

De acordo com Muchangos (1999, p.69 citado por Caetano 2020, p.38), a localização
geográfica e astronómica a República de Moçambique possui uma grande variedade de solos
típicos das regiões tropicais.Segundo Ministério de Administração Estatal (2014), em relação
aos recursos pedológicos a cidade/distrito de Quelimane apresenta diversidades de solos
destacando-se: solos fluviais e marinhos mal drenados e muito salgados, solos argilosos
salinos, solos arenosos pouco evoluídos de dunas costeiras e solos fluviais de alta fertilidade,
difícil lavoura em partes, eventual excesso de água e/ou salinidade.

Em relação a geomorfologia, cerca da metade (44%) do território moçambicano é


constituído pela planície, com altitudes inferiores a 200m. Esta planície, que se desenvolve ao
longo da costa, é uma faixa estreita entre a foz do rio Rovuma e o delta do Rio Zambeze.
Quelimane, pela sua localização ao longo da costa é composto por planícies homogéneas em
todo o seu território (idem).

 Clima

De acordo com Muchangos(1999, p.38 citado por Caetano 2020, p.39) da análise do
comportamento conjunto dos elementos climáticos, concluiu-se que a República de
Moçambique possui, uma maneira geral, um clima quente e húmido. As principais variações
climáticas explicam-se pela continentalidade, altitude, exposição e posição geográfica, que se
manifestam pelas diferenças regionais e locais entre o litoral e o interior entre os vales e as
terras altas e entre o barlavento e o sotavento.

Concomitantemente o clima da cidade de Quelimane é influenciada pela sua posição


geográfica ao longo da costa tendo um carácter predominantemente tropical húmido, releva-se
sobretudo pela coincidência entre o período de chuvas, e o período quente e pela amplitude
térmica anual que é em todo território, inferior à diurna. A temperatura média anual é sempre
superior a 20º C. As temperaturas médias elevadas registam-se entre Dezembro e Fevereiro
onde as máximas diárias chegam a atingir 38 a 40º C, com somas pluviométricas de 800 a
1.400 mm. Os meses de Junho e Julho são os mais frios (Idem).

 Hidrografia
De acordo com Muchangos (1999, p.53 citado por Caetano), pela localização
geográfica ao longo da costa, o distrito e cidade de Quelimane é abrangido por um dos braços
mais importantes do rio Zambeze, isto é, o rio Cuácua, este é único rio que drena no distrito
de Quelimane e apresenta um regime do caudal normalizado aliado a influência que este rio
sofre do oceano indico, sendo deste modo as suas águas sofrendo constantemente a intrusão
salina.
O rio Cuácua ou rio dos bons Sinais, primeiro braço do delta do Zambeze na margem
esquerda, é parcialmente navegável e foi em tempos remotos a via de penetração utilizada
para entrada a Quelimane (Idem).

 Vegetação

A cidade de Quelimane apresenta florestas abertas de miombo, segundo Muchangos


(1999, p.81 citado em Caetano 2020, p.39-40) estas formações vegetais, que cobrem cerca de
2/3 da superfície do país, apresentam-se frequentemente em forma de associações mistas ou
mosaicos. Elas apresentam características mesófilas sob equatoriais com grande diversidade e
tamanho de árvores que atingem até 35 m de altura. Onde na área litoral do distrito/cidade de
Quelimane é marcadamente caracterizado pela existência de mangais e vegetações do tipo
salgueiros.

2.3. Características socioeconómicas

2.3.1. População

Os resultados do CENSO (2017), apuraram também que 73% da população de 15 anos


ou mais (202 mil pessoas) constituem a população economicamente activa (PEA) do distrito.
O nível da participação masculina na PEA é superior à feminina: 73% contra 72%. A
população não economicamente activa (21%) é constituída principalmente por mulheres
domésticas e estudantes a tempo inteiro. A distribuição da população economicamente activa
indica que 10% são camponeses por conta próprios, na sua maioria mulheres. A percentagem
de trabalhadores assalariados é de 77% da população activa e é dominada por homens (as
mulheres assalariadas representam 15% da população activa feminina e 30% no caso dos
homens).

Igualmente os dados do censo geral da população e habitação (INE, 2017), apuraram


que estrutura etária da cidade reflecte uma relação de dependência, onde é visível um
crescimento linear com uma base muito larga e um topo estreito. A população da cidade de
Quelimane é maioritariamente de jovens dos 15 anos aos 64 anos de idade tem uma tendência
de crescimento. Segundo a mesma fonte das 83 mil famílias da cidade, o tipo sociológico
familiar principal é o nuclear com filhos, isto é, com um ou mais parentes para além de filhos
e têm, em média, 3.7 membros, sendo na sua maioria casados após os 15 anos de idade, têm
crença religiosa, dominada pela religião Católica.

Ainda segundo INE (2017), nos seus resultados do recenseamento geral da população
e habitação apurou que o Echuabo é a língua materna dominante, constata-se que 90% da
população da cidade (com 5 ou mais anos de idade) tem conhecimento da língua portuguesa,
sendo este domínio predominante nos homens, dada a sua maior inserção na vida escolar e no
mercado de trabalho, e com 85% da população alfabetizada. As características físicas das
habitações, especialmente o material usado na sua construção e o acesso a serviços básicos de
água, saneamento e energia, revelam que a maioria da população da cidade de Quelimane tem
acesso aos serviços básicos, onde a maioria das habitações da cidade são do tipo
convencional, existindo outros tipos de habitação em média escala como a habitação mista, e
a palhota.

2.3.2. Educação, Saúde e Segurança

A área de estudo possui um estabelecimento de ensino de nível primário (Escola


Primaria Completa do Manhaua).

Em relação a saúde, o bairro não tem um posto de saúde. A população para ter acesso
aos serviços de atendimento hospital deslocam-se ao hospital do Chabeco e do CFM, por
sinal, muito distante do bairro.

No bairro Manhaua-B não tem uma esquadra policial para garantir ordem segurança e
tranquilidade pública dos moradores e bens. Em caso de alguma eventualidade que exige
presença policial, os moradores recorrem a 4ª esquadra, localizada no bairro Mapiazua a
sensivelmente 4 quilómetros.

2.3.3. Actividade económica

A principal actividade económica é o comércio informal. Os comerciantes expõem os


produtos num pequeno mercado improvisado sem mínimas condições de higiene e segurança,
por conta dessas características que o mercado apresenta, outros vendedores invadem a rua a
fim de realizar suas actividades de venda, condicionando a circulação normal de viaturas,
pessoas e bens. Na rua vende-se um pouco de tudo, com maior frequência produtos
alimentares. No interior do bairro, os moradores fazem suas vendas nas suas próprias
residências e em outras zonas oportunas.

Figura 2: Comercio Informal no Bairro Manhaua-B.

Fonte. Autor, 2022

2.3.4. Habitações e Estrutura do Bairro Manhaua-B

Quelimane, a semelhança de outras cidades moçambicanas distingue-se o núcleo, o


subúrbio e a periferia urbana. Estas diferenças estão assentes não somente às formas e
intensidade de usos e ocupação do solo, mas também à densidade populacional. Muchangos
(1994,18). A construção das casas que hoje vemos, não obedeceu a postura camarária
convencional da época porque o governo dessa altura não tinha qualquer plano com a zona
por a considerar zona indígena (Cabral, 2021, p.36).

O bairro de Manhaua-B enquadra-se no meio suburbano da cidade de Quelimane, com


grande complexidade de funções, definidas normalmente em sobreposição. A heterogeneidade
é respeitante não só ao tipo de construções e a composição social dos residentes do bairro,
mas sobretudo as funções que se realizam.

Na formação do bairro, não houve o ordenamento do território no âmbito da


construção das moradias. Sendo evidente a falta de ordenamento territorial, o que tem
resultado vários impactos ambientais e sócias negativos. Não há ruas que dam acesso ao
interior Bairro, logo sem iluminação e consequentemente, os malfeitores aproveitam- se deste
factor, consideram este, ser o melhor campo para a realização das suas operações nocturnas.

Figura 2: Tipo de Habitação do Bairro Manhaua-B

Fonte: Autor, 2022.

2.3.5. Factores do desordenamento Territorial no Bairro Manhaua-B

As ocupações arbitrárias e desordenadas dos espaços geográfico tem sido influenciado


por uma diversidade de factores destacando os de ordem económica, política, sociológica e
cultural. A segregação social nos países africanos no geral e em Moçambique em particular
terá dado origem aos bairros marginais. Esta segregação social tem a sua origem nos
processos de colonização do continente africano e Moçambique não foge a regra, através do
processo da colonização pelos portugueses. (Cabral, 2021, p.38).
Figura 3: O Desordenamento do Bairro Manhaua-B

Fonte: Autor, 2022

2.3.6. Impactos Ambientais Resultantes do Desordenamento Territorial de Quelimane

Os impactos ambientais no Bairro Manhaua-B surgem aliadas a ausência de


ordenamento do território, originando uma ocupação desordenada do mesmo, aliado a
existência de habitações com condições precárias.

No bairro Manhaua-B as ocupações de espaço não obedeceram nenhum instrumento


que regula o uso e aproveitamento da terra, desencadeando desta forma impactos negativos
sócios ambientais. Dos impactos destacam-se os seguintes: inexistência sistema de
saneamento, deficiente sistema de gestão de resíduos sólidos, ocorrência de doenças hídricas,
falta de iluminação pública.
Figura 4: Impactos Ambientais do Bairro Manhaua-B.

Fonte: Autor, 2022

2.3.7. Rede de Drenagem de Águas Pluviais

Em relação a rede de drenagem de águas pluviais, importa referir que no bairro


Manhaua-B possui uma única drenagem que passou pela rua principal, que liga com a Escola
Filipe J. Nyusi. Pela sua localização, a drenagem não beneficia aos moradores que se
encontram no interior do bairro. Por conta disso, o bairro é bastante susceptível as inundações
em tempos chuvosos, que formam pântanos e charcos. Esses factores contribuem para a
proliferação de doenças de origem hídricas.
Figura 5: Águas Estagnadas devido a Falta de Sistema de Drenagem de Águas Pluviais.

Fonte: Autor 2022.

2.3.8. Gestão de Resíduos Sólidos

A gestão de resíduos sólidos na autarquia de Quelimane em geral, e em particular no


Bairro Manhaua-B é da competência e responsabilidade da autarquia local. Cabe ao Conselho
Autárquico da cidade, a tarefa de planificação e monitoramento dos serviços, e de garantirem
a sustentabilidade económica do sector. Estes, realizam a gestão de quase todos os resíduos
gerados no município (domiciliar, de serviços públicos, de construção civil, dentre outros).
Actualmente os serviços de limpeza urbana estão subordinados à Vereação de Higiene e
Salubridade e a empresa EMUSA1.

Devido ao desordenamento territorial que caracteriza o bairro, a entidade municipal


responsável pela recolha e gestão de lixo não o faz, pois, não consegue a cessar ao interior do
bairro devido a intransitabilidade de viaturas. Portanto, a gestão e recolha de lixo é feita pela
população, que geralmente faz de forma indevida.

Figura 6: resíduos sólidos no bairro Manhaua-B

Fonte: Autor, 2022.

1
EMUSA- Empresa Municipal de Saneamento
2.3.9. Rede Rodoviária do Bairro Manhau-B

No que concerne a transitabilidade, há um défice de acesso de transitabilidade em


particular para veículos, e em alguns pontos por motorizadas. Por esta razão ficam agravados
os problemas de circulação de bens e serviços no bairro. Existem algumas estradas que fazem
ligação com outros bairros periféricos da cidade de Quelimane. Estes acessos apesar de serem
bem transitáveis, não servem para a cessar ao interior do bairro.

A deficiência das vias de acesso para a circulação de viaturas ao interior do bairro,


impossibilita de certa forma, o fornecimento de serviços públicos necessários2 aos moradores
para a melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento do bairro em termos. Segundo Cabral
(2021, p.43) para proporcionar uma melhor qualidade de vida à população, é necessário:

 Melhorar uma boa gestão do uso de terra;


 Promover melhor qualidade de vida as comunidades locais através da construção num
local apropriado com condições espaciais adequadas, investimento do sector privado e
do governo, garantindo assim o uso eficiente dos fundos distritais.

Fi
gura 8: Características de Vias de Acesso do Bairro.

Fonte: Autor, 2022.

2
Os principais são: Iluminação pública, serviços de salvação pública, ambulância, serviços de saneamento, rede
de abastecimento de água eficiente e abrangente.
2.3.10. Rede de Abastecimento de Água

Por conta do desordenamento e das mínimas condições financeira da maioria dos


moradores, o bairro é abastecido pela rede de abastecimento de água fornecido pela empresa
FIPAG3, mas devido aos factores anteriormente mencionados (ordenamento territorial e
condição económica) faz com que essa seja detida por moradores com condições económicas
exigidas pela empresa, e o abastecimento é feito de forma irregular, caracterizado por várias
restrições. Portanto, os moradores que não têm condições de puxar para sua casa compram a
água de quem tenha, num valor de 3 meticais cada bidão de 20 litros. Salientar que, essa água
só usam para beber e para confecionar os alimentos, para a higiene pessoal e colectiva, a
maioria dos moradores recorrem a água de poços tradicionais, sem condições mínimas de
segurança e potabilidade.

Figura 9: Poços tradicionais comumente usados pela maioria dos moradores do bairro.

Fonte: Autor, 2022.

2.3.11. Rede Eléctrica

A rede eléctrica no bairro do Manhaua-B está em expansão, portanto, no que diz respeito a
rede eléctrica essa é dividida em dois grupos que são:

 Rede de iluminação Viária (iluminação de estradas, ruas e avenidas);


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FIPAG- Fundo de Investimento e Património de Água
 Rede eléctrica doméstica (iluminação da população e da sua respectiva moradia);

O Bairro de Manhaua-B, apesar de grande parte não estar urbanizado, tem uma rede
eléctrica à altura de satisfação dos moradores, onde a ligação domiciliar é feita com outras
casas a partir de um PT instalado no bairro. Abaixo ilustra a imagem.

Figura 10: Ponto de Transformação Eléctrica do Bairro

Fonte: autor, 2022

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