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DA ÁFRICA PARA O BRASIL

Na África existiam inúmeros reinos e povos. Diferenças de tradições e


costumes originavam, e ainda originam, violentas rivalidades e até terríveis guerras
entre esses povos, o que costumava resultar na conquista de terras e na
escravização de seus habitantes. As mais variadas diferenças existentes entre eles
foram totalmente ignoradas pelos exploradores europeus.
Os grandes grupos eram constituídos por sudaneses (iorubás e minas, entre
outros), bantos (ambundos de Angola, congos, benguelas, moçambiques) e povos que
praticavam o islamismo (mandingas e haussas, entre outros). Os bantos eram
considerados bons agricultores e os minas tinham bons conhecimentos para
trabalhar com metais. Os iorubás, que compuseram as últimas levas de escravos
trazidos para o Brasil (século XIX), vinham de povoados mais distantes e mais
primitivos, ou seja, faziam parte de uma sociedade que não conhecia técnicas mais
aprimoradas e que vivia do cultivo da terra voltado para a própria sobrevivência.
Essas sociedades desconheciam a escrita e, por esse motivo, transmitiam seus
valores oralmente.
Quando algum agricultor enfrentava uma colheita ruim, era forçado a pedir
empréstimos, Quando não conseguia saldar sua dívida, geralmente por ter perdido
seus bens e sua terra, ele era obrigado a trabalhar para quem havia lhe emprestado
o dinheiro.
Eram também comuns casos de escravidão em conseqüência de guerra
entre as tribos. Quando uma tribo era derrotada, todo o seu povo tornava-se
escravo dos vencedores. Havia ainda casos em que as pessoas eram caçadas para
serem vendidas em troca de mercadorias.
A chegada dos europeus ao continente africano trouxe modificações para o
modo de vida das pessoas. Os europeus intensificaram o comércio de escravos,
aproveitando que a escravidão já era um fato comum entre os próprios nativos
africanos.
O INÍCIO DA ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL
Por volta de 1580, oitenta anos após a chegada dos portugueses ao Brasil,
os escravos negros começaram a ser trazidos para trabalhar na produção de açúcar.
Comprados no continente africano, eles eram vendidos para as fazendas de cana-
de-açúcar, especialmente para aquelas que se instalaram no Nordeste, nas terras
dos atuais Estados da Bahia e de Pernambuco.
Cerca de 4 milhões de negros foram trazidos para o Brasil como escravos
entre os séculos XVI e XIX. Muitos tinham sido reis, princesas ou agricultores em
sua tribo de origem. Isso não fazia nenhuma diferença para os vendedores e
compradores, principalmente para os senhores de engenho que viviam nas terras
brasileiras. Para eles, os negros não passavam de mercadorias a serem negociadas.
Os negros escravizados chegavam após uma viagem de dois meses em
navios sem nenhuma condição de higiene, onde eram mal-alimentados e maltratados.

A travessia foi o primeiro momento de resistência, no qual foi preciso sobreviver


apesar das terríveis condições de viagem. Alguns escravos, aprisionados em porões
de navios, até imaginavam que seriam jogados vivos ao mar.
Os tumbeiros, como eram chamadas essas embarcações, representavam o
primeiro desafio para uma luta que só estava começando e que ainda era calada e
sufocada pelo medo do desconhecido.
Ao desembarcar, os negros podiam descansar por alguns dias para perder
o ar abatido da viagem e, assim, render melhor preço quando vendidos nos
mercados de cidades como Salvador e Rio de Janeiro. Os grandes compradores
tomavam cuidado para não adquirir escravos vindos da mesma região da África.
Assim, os escravos não poderiam comunicar -se em sua língua de origem e teriam
menos chances de combinar fugas e rebeliões.
O TRABALHO ESCRAVO NO CANAVIAL
O trabalho escravo teve características diferentes, dependendo do lugar
onde aconteceu. Nos engenhos de cana-de-açúcar, por exemplo, a jornada de
trabalho podia durar de 15 a 17 horas por dia. Os escravos trabalhavam na lavoura -
onde se faziam o plantio e a colheita da cana - e no engenho - onde a cana era
moída e cozida e o açúcar era branqueado. Além de todos esses afazeres, os
escravos tinham também que recoher a lenha para a fornalha e cuidar dos animais
da fazenda.
Engenho era o nome dado a toda a propriedade onde se realizava a
produção do açúcar, em especial no Brasil da século XVI. O escravo era as mãos e
os pés do senhor branco, ou seja, ele participava de todas as etapas da produção do
açúcar. Seu dono, o senhor de engenho, vivia na casa-grande da propriedade. Os
escravos moravam em senzalas.
ATIVIDADES:
1-Leia as frases a seguir e copie-as em seu caderno de acordo com a ordem
correta dos acontecimentos, que descrevem como o açúcar era produzido:
-Na casa de purgar iniciava-se o processo de produção. Antes disso, para
purgar o açúcar, alguns escravos despejavam o líquido nas fôrmas. Esse líquido já
estava transformado em melado.
-Na caldeira, o caldo era cozido em grandes tachos, aquecidos pela
fornalha, e se transformava em uma espécie de mel.
-A cana-de-açúcar era descarregada próximo à moenda.
-A última etapa era o encaixotamento do açúcar.
-Na moenda, os escravos esmagavam a cana-de-açúcar e extraíam seu
caldo.
-O caldo era levado até a casa de purgar, onde se preparava o açúcar.
-O barro e a água eram jogados sobre o líquido para tentar clareá-lo.
Nessa
etapa, costumava-se empregar o trabalho das mulheres escravas.
-O mestre observava tudo do alto do terreno.
-Depois de desenformado. o açúcar já estava cristalizado e tinha a forma
de “pães-de-açúcar’. Era cortado ao meio para a retirada da parte escura, que
ficava embaixo. Deixava-se a parte de cima, que era a melhor, onde se produzia o
açúcar mais esbranquiçado.
-O açúcar branco era batido para ficar moído.
2. Observe as cenas a seguir.
a) Escreva em seu caderno que tipo de trabalho está sendo feito e qual é o nome do
local da produção de açúcar representado em cada uma delas.
b) Imagine que você é um trabalhador ou uma trabalhadora do engenho. Descreva
que tipo de trabalho você realiza e em que local da produção você costuma ficar.

3. Observe novamente as figuras o responda:


a) Quais eram as atividades realizadas pelos escravos no que se refere à produção
do açúcar? Havia outras atividades a serem realizadas no engenho? Quais? Quem
as

exercia?

b) Imagine que você é um trabalhador ou uma trabalhadora do engenho. Descreva que tipo de trabalho você
realiza e em que local da produção você costuma ficar.

3. Observe novamente as figuras o responda:


a) Quais eram as atividades realizadas pelos escravos no que se refere à produção do açúcar? Havia outras
atividades a serem realizadas no engenho? Quais? Quem as exercia?
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