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António Tomás2
at9523058@gmail.com
Resumo
O presente estudo intitulado Associativismo como meio de fortalecimento da agricultura familiar: caso do Posto
Administrativo de Mieze, 2018 – 2020. O estudo visa analisar o associativismo como meio de fortalecimento da
agricultura familiar no território local. A pesquisa é qualitativa baseada no estudo de caso, porque permitiu-nos analisar
profundamente sobre o tema. Para a recolha de dados empíricos recorreu-se amostra não – probabilística, composta
por (13) pessoas, respeitando a diversidade, sendo (3) gestores e (10) agricultores, por meio dos guiões de entrevistas
semi-estruturadas, através dos quais fez-se a análise de conteúdo. A consulta bibliográfica, trabalho de campo e análise
documental permitiram conceber o quadro teórico. Com efeito, espera-se que o estudo sirva de inspiração às futuras
investigações da área, contribuindo assim a escassez da literatura no País. E espera-se ainda, que a comunidade local
adira ao associativismo, visando promover o bem – estar comum. Doravante, conclui-se que a persistência no uso de
técnicas tradicionais à produção agrícola, não permite a produção e a produtividade. Este facto pode estar aliado, a fome,
às desigualdades sociais, ao êxodo rural, a criminalidade e a marginalidade. Contudo, o associativismo pode ser meio de
fortalecimento da agricultura familiar, reduzindo a pobreza, promovendo renda e inclusão social.
Abstract
This study entitled Associativism as a means of strengthening family agriculture: case of the Administrative Post of Mieze,
2018 - 2020. The study aims to analyze associativism as a means of strengthening family farming in the local territory.
The research is qualitative based on the case study, because it allowed us to analyze deeply on the subject. For the
collection of empirical data, a non-probabilistic sample was used, composed of (13) people, respecting diversity, being
(3) managers and (10) farmers, through the scripts of semi-structured interviews, through which the content analysis
was made. The bibliographic consultation, fieldwork and documental analysis allowed us to conceive the theoretical
framework. In fact, it is expected that the study will serve as inspiration for future investigations in the area, thus
contributing to the scarcity of literature in the country. And it is also expected that the local community adheres to
associativism, aiming to promote the common well - being. From now on, it is concluded that the persistence in the use
of traditional techniques to agricultural production does not allow production and productivity. This may be allied to
hunger, social inequalities, rural exodus, crime and marginality. However, associativism can be a means of strengthening
family agriculture, reducing poverty, promoting income and social inclusion.
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O presente estudo, analisa sobre associativismo como meio de fortalecimento da agricultura familiar: caso do Posto Administrativo de Mieze, (2018
– 2020), visando compreender o contributo do associativismo no desenvolvimento e crescimento económico e social no meio rural e urbano.
Outrossim, não só é tendente a dar respostas aos desafios que nos são impostos pelos actuais mercados consumidores, como também, é tendente a
reduzir as assimetrias regionais e as desigualdades sociais, rumo à redução da pobreza. O estudo constitui é de carácter avaliativo e é requisito para a
conclusão do grau de Mestre em Desenvolvimento Económico Regional e Local.
2 Mestrando em Desenvolvimento Económico Regional e Local, pela UCM – Faculdade de Gestão Turismo e Informática e Licenciado em Ensino de
Nesta óptica, a génese do associativismo em Moçambique, não foge à regra geral. A população sempre
desenvolveu o espírito de trabalho em equipa nos sistemas tradicionais e nos mecanismos informais de
solidariedade em todas esferas sociais, facto que visava mobilizar as comunidades locais a organizarem-se em
grupos para participarem no processo de desenvolvimento económico e social. Sobre este ponto Moura
(2009) descreve “o associativismo que teve origem no espírito humano de congregação, na vontade do
homem de ser solidário e de poder, ao mesmo tempo, pertencer a uma organização que sirva de intermediária
entre o indivíduo e a sociedade” (p. 51). Estas organizações surgiram com o intuito de auxiliar a sociedade a
melhorar as condições de vida, através da ajuda mútua.
Foi assim, que o associativismo surgiu através do interesse dos indivíduos em reunir esforços, visando
proporcionar benefícios aos associados. Através do associativismo, uma comunidade consegue ter maior
expressão social e buscar o bem – estar comum.
Apesar da existência de uma população economicamente activa cuja base económica é a agricultura de
subsistência familiar, da existência de terras férteis para a produção agropecuária, da disponibilidade de
recursos hídricos, bem como o acesso a estrada nacional e ao mar para facilitar o escoamento e a entrada de
mercadorias, visando melhorar cada vez mais a produção e produtividade agrícola, a renda das famílias e
proporcionar a qualidade de vida à população local.
O Posto Administrativo de Mieze em particular e o País em geral caracteriza – se por enormes desigualdades
sociais, altos índices de desemprego, principalmente para os/as jovens, factos que se traduzem em altos
índices de pobreza e de precariedade habitacional, assim como desnutrição crónica. Trata – se de uma
realidade que tem preocupado não só à comunidade local, como também aos órgãos governamentais. A
literatura assegura que a promoção do associativismo no seio dos pequenos agricultores constitui uma das
alternativas para a superação das limitações económicas enfrentadas por esta classe. Entretanto, pouco ou
nada se sabe sobre como o associativismo pode contribuir no fortalecimento da agricultura familiar no Posto
Administrativo de Mieze?
Constituiu o objecto de estudo desta pesquisa: Associativismo como meio de fortalecimento da agricultura
familiar no Posto Administrativo de Mieze e objectivava:
Caracterizar a agricultura familiar no território local;
Conhecer as implicações socioeconómicas do associativismo, resultantes da dinâmica da agricultura
familiar no Posto Administrativo de Mieze;
Descrever o território enquanto espaço socioeconómico e institucional que dinamiza a economia
local;
Explicar como o associativismo fortalece a agricultura familiar no Posto Administrativo de Mieze.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para esse efeito, foi accionada uma série de autores, cujos pressupostos teóricos deram forma a este capítulo,
podendo também contribuir e sustentar os trabalhos metodológicos e empíricos realizados
subsequentemente.
Nesta pesrpectiva, pode-se entender que os factores acima referidos constituem mesmo obstáculos para o
aumento da produção e da produtividade e, por conseguinte, influenciam também no aumento dos níveis de
importação de alimentos. A baixa produtividade que caracteriza o sector familiar no País e a vulnerabilidade
a desastres naturais (seca, cheias, ciclones e inundações) impactam igualmente, nos níveis de segurança
alimentar e o bem – estar das famílias.
No fundo, as iniciativas locais e criativas abrem portas para a valorização do local para gerar, capacitar, atrair
e reter talentos que sustentem a criatividade e o seu valor económico acrescentado. Em contrapartida, a sua
ausência gera a fuga de talentos, emigração do capital humano para outros territórios, assim como a
depauperação das condições de subsistência dos territórios e das economias locais.
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2.4. Implicações do associativismo como meio de fortalecimento da agricultura familiar
Nesta senda pode – se perceber que, para fortalecer a agricultura familiar impõe – se a necessidade dos
agricultores se unirem em associações, objectivando não apenas para auto – consumo, mas também para a
venda, mitigando deste modo, os efeitos da pobreza, das desigualdades e da exclusão social. Trata – se de
uma atitude assenta nos valores da participação, democracia, solidariedade, independência e autonomia,
equilíbrio e justiça social (Tesch, 2000). Nesta óptica, seria necessário que os pequenos agricultores optassem
pelo associativismo, pois que, enquanto proprietários dos meios de produção, assumem também o trabalho
na propriedade. Aliás, no dizer de Zenaro, Schiochet e Gelinski Júnior (2017) acrescentam que,
O acesso dos meios de produção permite elevar a renda, promover uma agricultura
diversificada e adequada a produção local, fortalecendo um conjunto de propriedades
sustentáveis, valorizando o território, fomentando a inovação tecnológica, podendo resultar
na produtividade e no bem-estar dos associados.
Por conseguinte, a adesão voluntária dos pequenos agricultores ao associativismo, pode aumentar a produção
e a produtividade, ampliar as suas visões no mundo de negócios, melhorar as condições de vida das pessoas,
promover o emprego, aumentar a renda entre os participantes e reduzir a pobreza nas famílias. Ainda nesta
linha de pensamento, Andrade e Alves (2013) defendem que, “as associações trazem formas de solução de
problemas, de ajuda mútua entre pessoas que têm interesse ou anseios em comum, criando oportunidades
de emprego e de negócios, a partir da sua influência na produção e comercialização dos seus produtos” (p.
67). Isto significa que para além de, o associativismo fortalecer a agricultura familiar nos territórios locais,
desempenha igualmente, um papel crucial na melhoria das condições de vida das famílias, através da
distribuição equitativa de renda entre os sócios, da promoção e agregação de valor aos produtos agrícolas,
aumentando deste modo, o poder de troca dos produtores locais em mercados relativamente complexos.
Para que isso aconteça, seria melhor que as pessoas se unissem em associações para responder as novas
exigências nas técnicas de produção e do mercado global.
Nesta óptica, Wanderley (1999) advoga que, “agricultura familiar assume ares de renovação, sobretudo
quando os próprios agricultores se abrem às reformas nos meios, nas técnicas de produção, nos processos de
comercialização e na melhoria dos insumos agrícola”. Nesta senda, o associativismo pode ser entendido como
mecanismo de minimização de empecilho ao crescimento das actividades agrícolas. Pois que, possibilita o
crescimento da renda e, por conseguinte, uma série de efeitos de encadeamento directo e indirectos, em
diversas actividades, podendo contribuir também, na dinamização do sistema económico, fenómeno
essencial ao desenvolvimento.
3. METODOLOGIA
3.1. Quanto à abordagem
Quanto à abordagem, a pesquisa é qualitativa, pois trata – se de um estudo que teve por base oferecer dados
qualitativos no sentido dos sujeitos – alvo da pesquisa atribuem às suas vivências. Esta abordagem foi de
extrema importância, pois permitiu explorar sentimentos, experiências e significados que não podiam ser
expressos em números (Guerra, 2010).
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3.2. Quanto ao método
A presente pesquisa assumiu, em geral, as formas de pesquisa bibliográfica, estudo de caso e pesquisa
exploratória. Porque visava proporcionar maior familiaridade com o problema com vista a torna – lo explícito.
Quanto ao método de pesquisa foi estudo de caso, pelo facto de ser apropriado e, pois nos permitiu analisar
o associativismo como meio de fortalecimento da agricultura familiar no Posto Administrativo de Mieze (2018
– 2020). De acordo com Yin (2015) defende que, “o método estudo de caso tem um foco que reside na
compreensão mais abrangente e profunda do tema escolhido, através de uma exploração, descrição e
explicação abrangente dos componentes de uma dada situação social, visando encontrar as inter – relações”.
3.3. Participantes
Participaram neste estudo os gestores e agricultores do Posto Administrativo de Mieze, dos quais foram
seleccionados com base na diversidade, num total da população detentora de informação relevante sobre o
associativismo como meio de fortalecimento da agricultura familiar no território local. Na perspetiva de
Zaniescki apud Guerra (2010, p. 40), o critério diversidade “usa – se para medir a compreensão dos
participantes sobre o tema em estudo, para garantir que nas entrevistas participem pessoas de diferentes
grupos”. De facto, na pesquisa qualitativa procura – se a diversidade e não a homogeneidade usando para o
efeito, diversos sujeitos para assegurar a veracidade dos factos. Neste contexto, a pesquisa em alusão
procurou diversificar os participantes, para aferir as experiências, visões e vivências numa gama mais
diferenciadas de actores sociais, visando assegurar a autenticidade do estudo.
3.4. Amostra
Para responder aos objectivos desta pesquisa, usou – se uma amostra não – probabilística de tipo intencional,
composta por treze (13) pessoas, respeitando a diversidade das mesmas, sendo (3) gestores, tais como: Chefe
do Posto Administrativo de Mieze, Chefe da Localidade de Mieze e, um Extensionista e (10) agricultores.
Mas, por outro lado, esta pesquisa foi de campo, tendo assentado na recolha de dados, que foi feita em três
fases. A primeira fase consistiu na elaboração de instrumentos de recolha de dados, tais como guiões de
entrevistas semi – estruturadas que foram dirigidas a diferentes actores sociais capazes de dinamizar o
desenvolvimento do Posto Administrativo de Mieze. A segunda fase foi marcada pela deslocação ao local de
estudo, isto é, no Posto Administrativo de Mieze, onde recolhemos dados importantes para o suporte do
presente estudo, a partir dos instrumentos previamente elaborados.
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E finalmente, a terceira fase, baseou – se na análise e discussão de dados recolhidos na segunda fase. Para
esse efeito, as entrevistas foram agrupadas em categorias de significância, que permitissem sintetizar os
principais temas e conceitos contidos nos instrumentos de recolha de dados, facto crucial para a inferência
das conclusões, assim como para a concepção de uma série de sugestões.
Basicamente, a técnica usada foram as entrevistas semi – estruturadas. De acordo com Trivinos (1987), as
entrevistas semi – estruturadas é um questionário com perguntas abertas e fechadas, um processo específico
para o desenvolvimento de uma investigação qualitativa, tendo o investigador um pequeno controlo sobre os
eventos, e quando o enfoque está em um fenómeno contemporâneo dentro de algum contexto de vida real.
Durante a entrevista, os entrevistados mostravam à-vontade suficiente para abordar assuntos sensíveis sobre
si e o governo local, visto que, previamente, já se havia construído uma certa confiança entre nós.
Para Flick (2004), as entrevistas com roteiros semi – estruturados em comparação com as entrevistas
padronizadas ou com os questionários facilitam o processo de obtenção de informações, a partir do ponto de
vista dos entrevistados. Em função de sua flexibilidade, as entrevistas semi – estruturadas permitiram ao
pesquisador incluir e excluir determinadas questões ou ainda efectuar alterações na ordem das questões, em
virtude das respostas obtidas.
Entretanto, este modelo de análise de conteúdo ajudou – nos estruturar e organizar os dados obtidos, a partir
de elaboração de categorias A e B e sub – categorias (as questões ligadas ao tema analisado) de análise, tendo
em conta a revisão literária produzida. Com efeito, para análise de conteúdo das entrevistas semi –
estruturadas e a grelha de análise organizou – se da seguinte maneira: Tema, categoria, sub – categoria,
unidade de registo e frequência.
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para o sustento às famílias; uso de técnicas atrasadas e por vezes, repassadas de pai para os filhos; depende
das condições naturais; usa mão-de-obra familiar; a assistência técnica é quase inexistente; as vezes são
condicionadas pelas mudanças climáticas; exiguidade de produtos químicos (insecticidas, herbicidas, etc), o
que torna as culturas vulneráveis às pragas; a falta de sementes melhoradas; é praticada em pequenas
parcelas de terras e de baixo rendimento. Sobre este ponto, as características referidas pelos entrevistados
coincidem com as de (Antunes, 999), segundo o qual, caracteriza-a como sendo um sistema de produção que
usa técnicas menos evoluídas, muitas vezes transmitidas de geração para geração, com alterações pouco
significativas. Trata-se de um tipo de agricultura segundo (INE, 2019) […] produzida em pequenas parcelas, de
baixo uso de tecnologias modernas, baixa cobertura dos serviços de assistência técnica e extensão rural.
Devido a estas razões o Banco Africano de Desenvolvimento (2018) defende que, “parte considerável da
população moçambicana passa por momentos de crise e de insegurança alimentar”. Sobre este ponto, o
Relatório Balanço PES/2019, refere que, entre os anos 2018 e 2019, a agricultura familiar foi desafiada pela
ocorrência de chuvas intensas que provocaram cheias e inundações, aliadas com a ocorrência de ciclone
Kenneth, o que contrariou as expectativas dos agricultores.
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4.3. Características do território enquanto espaço socioeconómico e institucional dinamizador da
economia local
Nas entrevistas semi – estruturadas aplicadas tanto aos gestores, como aos agricultores, caracterizaram o
território enquanto espaço socioeconómico e institucional dinamizador da economia local: O território
caracteriza-se pela sua localização geográfica estratégica e acessível a estrada nacional e ao mar e possui
condições agras ecológicas favoráveis para a promoção do desenvolvimento local. O território é rico em
recursos naturais, humanos, culturais e institucionais, necessários para o desenvolvimento da agricultura
familiar que, por sua vez, pode impulsionar os sectores não agrícolas, reduzindo desta feita, a pobreza.
O governo procura traz parceiros de cooperação para aumentar mostrar-nos as técnicas melhoradas usadas
na produção agrícola. Valorizar e potenciar as actividades locais através da união de pessoas para se
desenvolverem, visando reduzir a pobreza nas famílias. Sobre este assunto, (Amaral Filho, 2001) considera
que os territórios podem tornar-se verdadeiros espaços institucionais e dinamizadores das economias locais
sob requisito (…) capital social. Na sequência da discussão ainda nesta senda, Putnam (2006) classifica as
comunidades na perspectiva de engajamento cívico. Para melhor discussão das ideias acima (Gehlen & Riellao,
2004), entendem território como “uma referência globalizante, que se opõe por vezes, pelas possibilidades
que oferece, de reconhecer e valorizar as especificidades locais, que enfrenta à pretensão uniforme da ideia
de globalização. Sobre este domínio, Gehlen e Riellao (2004), acrescentam que,
Território inclui a noção de património sociocultural e a necessidade de mobilização dos
recursos e das competências, através de atribuições de responsabilidades sociais, por meio
de processos participativos. A mobilização do património local induz à re-dinamização do
território, através de novas modalidades de integração e de valorização dos recursos e dos
produtos locais, como componentes do património sociocultural colectivo.
Conforme descrito por Sen (1998,apud Gomes. 2011), defende que,
Para além de seus elementos formais, a descoberta e potencialização dos laços e relações que
conformam a economia real, não é a única condição para a dinamização desses territórios.
Deve-se ter em conta também, com a fragilidade dos mercados locais, a necessidade de
pensar em estratégias de inserção baseadas na captação de demandas externas a esses
territórios.
Aliás, isso significa que “não há territórios em crise, há somente territórios sem projecto” (Benko, 2001).
Tendo em conta as potencialidades existentes em Mieze, pode-se inferir que as altas taxas de desemprego, a
baixa renda nas famílias, a fome e a pobreza prevalecentes prendem-se com a falta de projectos concretos e
a insuficiência de capital social capaz de conduzir aos destinos desses projectos.
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fortalecimento na superação das dificuldades económicas e sociais, consolidação da inclusão e redução das
desigualdades sociais, com base no respeito aos princípios e normas associativas.
A fácil aquisição de insumos agrícolas e a preços acessíveis; redução do esforço dos extensionistas, ao dirigir-
se apenas e directamente às machambas dos associados; fortalecimento dos laços interpessoais, livrando-as
das péssimas condições de vida. Proporciona às condições condignas na alimentação, saúde para todos,
educação aos filhos e habitação. Embora em algumas vezes, traz conflitos no seio dos associados, ligados a
fraca capacidade gestão dos representantes, provocando a sua dissolução. Promoção de emprego, redução
dos encargos sociais ao Estado e permite colocar os produtos agrícolas mercado consumidor mais
competitivo.
Nesta senda percebe-se que para fortalecer a agricultura familiar impõe-se a necessidade dos agricultores se
unirem em associações, objectivando não apenas para auto consumo, mas também para a venda, mitigando
deste modo, os efeitos da pobreza, das desigualdades e da exclusão social. Trata-se de uma atitude assenta
nos valores da participação, democracia, solidariedade, independência e autonomia, equilíbrio e justiça social
(Tesch, 2000). Nesta óptica, seria necessário que os pequenos agricultores optassem pelo associativismo, pois
que, enquanto proprietários dos meios de produção, assumem também o trabalho na propriedade. Aliás, no
dizer de Zenaro, Schiochet e Gelinski Júnior (2017) acrescentam que,
O acesso dos meios de produção permite elevar a renda, promover uma agricultura
diversificada e adequada a produção local, fortalecendo um conjunto de propriedades
sustentáveis, valorizando o território, fomentando a inovação tecnológica, podendo resultar
na produtividade e no bem-estar dos associados.
Ainda nesta linha de pensamento, Andrade e Alves (2013) defendem que, “as associações trazem formas de
solução de problemas, de ajuda mútua entre pessoas que têm interesse ou anseios em comum, criando
oportunidades de emprego e de negócios, a partir da sua influência na produção e comercialização dos seus
produtos” (p. 67). Para que isso aconteça, seria melhor que as pessoas se unam em associações para
responder a novas exigências das técnicas de produção e do mercado global. Nesta óptica, Wanderley (1999)
advoga que, agricultura familiar assume ares de renovação, sobretudo quando os próprios agricultores se
abrem às reformas nos meios, nas técnicas de produção, nos processos de comercialização e na melhoria dos
insumos agrícola.
5.1 Recomendações
Ao Governo local e seus parceiros
Que se apoie a comunidade local na abertura de represas sobre o rio Mieze, nas lagoas Thipo,
Makharikhari e Sunho, para a retenção das águas das chuvas para permitir que a mesma seja útil à
irrigação dos campos agrícolas na época seca.
Que o governo local e seus parceiros de cooperação inspeccionem a actividade agrícola, de modo a
vivenciar as dificuldades que os agricultores enfrentam.
Aos extensionistas
Que os extensionistas realizem visitas de monitoria aos campos agrícolas dos agricultores, de modo a
vivenciar os problemas que a classe enfrenta.
Que implementem as técnicas de baixo custo, uma vez que, a renda dos agricultores é baixa, ou seja,
não é satisfatória para aquisição e aplicação de técnicas modernas.
À comunidade
Que adiram ao associativismo para reduzir o desemprego, melhorar as condições de vida das famílias,
a aquisição de insumos agrícolas, a promoção do espírito solidário, diminuir a exclusão e as
desigualdades sociais, diminuir o êxodo rural, fortalecer as actividades económicas locais e para
reduzir a criminalidade e a marginalidade.
Aos agricultores
Que se unem em associações para garantir a fácil a obtenção de alimentos, a aumentar a renda das
famílias, promover a inclusão e reduzir as desigualdades sociais, facilitar a obtenção de insumos
agrícolas a preços acessíveis, o acesso aos serviços de saúde, educação e habitação condignas, a
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redução do desemprego dos seus filhos, pois estes podem ser continuadores na organização e para a
redução dos encargos sociais ao Estado.
Que aproveitem as potencialidades que o território dispõe e transformem em oportunidades ampliem
o seu campo, a sua visão sobre o desenvolvimento económico local e social.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
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