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Como Funciona
Aparelhos, Circuitos e
Componentes Eletrônicos
Volume 6

Newton C. Braga

Patrocinado por

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São Paulo - Brasil - 2021

Instituto NCB
www.newtoncbraga.com.br
leitor@newtoncbraga.com.br

Diretor responsável: Newton C. Braga


Coordenação: Renato Paiotti
Impressão: AgBook – Clube de Autores

Nosso Podcast

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos
- Volume 6
Autor: Newton C. Braga
São Paulo - Brasil - 2021
Palavras-chave: Eletrônica – aparelhos eletrônicos –
componentes – física – química – circuitos eletrônicos – como
funciona

Copyright by
INTITUTO NEWTON C BRAGA.
1ª edição

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por


qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos,
fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, atualmente existentes ou
que venham a ser inventados. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou
parcial em qualquer parte da obra em qualquer programa juscibernético
atualmente em uso ou que venha a ser desenvolvido ou implantado no futuro.
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parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e
multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122,
123, 124, 126 da Lei nº 5.988, de 14/12/73, Lei dos Direitos Autorais).

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Índice
Apresentação da Série..............................................................8
Apresentação..........................................................................10
CODIFICADORES E DECODIFICADORES......................................11
CODIFICADORES......................................................................11
DECODIFICADOR.....................................................................17
Exemplos de Integrados Codificadores/Decodificadores.........26
AMPLIFICADORES BTL.............................................................27
BTL NA PRÁTICA......................................................................30
a) 16 WATTS COM DOIS TDA2002 BTL.......................31
b) AMPLIFICADOR DE 20 W BTL COM O LM2005T-M...32
c) AMPLIFICADOR DE 24 W COM O TDA1510A ou
TDA1515A.............................................................................34
d) AMPLIFICADOR DE 10 W BTL SANYO......................35
Conclusão................................................................................37
AS LENTES DE FRESNEL...........................................................38
AS APLICAÇÕES.......................................................................39
FÓRMULAS E PROJETOS...........................................................41
LENTES DE FRESNEL MULTI-ELEMENTOS.................................42
Conheça os multiplexadores e demultiplexadores.....................45
MULTIPLEXADORES.................................................................45
DEMULTIPLEXADORES.............................................................50
MUX/DEMUX INTEGRADOS......................................................52
74150 - Seletor de dados 1 de 16..............................52
74151 - Seletor de dados 1 de 8................................53
74152 - Duplo seletor de dados 1 de 4.......................54
74154 - Demultiplexador 1 de 16...............................55
74155 - Duplo Demultiplexador 1 de 4.......................56
4051 - Seletor 1 de 8 (MUX/DEMUX)...........................57
4052 - Duplo Seletor 1 de 4 (MUX/DEMUX)................58
4053 - Triplo Seletor 1 de 3 (MUX/DEMUX).................58
DISTORÇÃO DE FASE...............................................................60
MANIFESTAÇÃO.......................................................................62
ELIMINANDO A DISTORÇÃO DE FASE.......................................63
OS EQUALIZADORES................................................................65

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COMO USAR O EQUALIZADOR.................................................70
Que é Som Estereofônico.........................................................73
Além do estéreo......................................................................77
O MOUSE................................................................................79
OS SINAIS DO MOUSE..............................................................80
Microsoft Serial Mouse............................................................81
Extensão de Protocolo Pela Logitech.......................................82
Outros Sistemas......................................................................83
Mouse de Barramento................................................83
Os sensores.............................................................................84
TRACKBALLS...........................................................................86
MANUTENÇÃO.........................................................................87
RFID – IDENTIFICAÇÃO POR RÁDIO FREQUÊNCIA.......................89
Por Dentro do Circuito.............................................................92
Leitura e Gravação..................................................................93
Quem Fabrica.............................................................95
CONVERSORES DE DADOS – I...................................................96
PARÂMETROS..........................................................................96
O Conversor Ideal....................................................................97
O Conversor Analógico-Para-Digital ou ADC............................98
O Conversor Digital-Para-Analógico.........................................99
Erros........................................................................................ 99
Fontes de Erros Estáticos...........................................99
Efeitos da Quantização..........................................................106
Amostragem Ideal................................................................107
A Amostragem Real...............................................................109
O Efeito de Falseamento e Considerações............................111
Escolha do Filtro....................................................................112
CONVERSORES DE DADOS......................................................114
Parte II – Arquiteturas............................................................114
DELTA-SIGMA (ΔΣ).................................................................114
CONVERSORES SAR...............................................................117
CONVERSORES PIPELINE.......................................................119
DACs.....................................................................................121
DAC Delta-Sigma (ΔΣ)..............................................122
CURRENT STEERING..............................................................124
CONCLUSÃO..........................................................................126
CONVERSORES DE DADOS – III................................................127

6
Aplicações.............................................................................127
MicroSystems........................................................................127
A Tecnologia dos Microssistemas..........................................128
MicroSystems da Texas.........................................................130
MSC1211..................................................................130
Controle/Monitoramento Analógico.......................................130
Codecs para a Faixa de Voz..................................................131
Controladores Para Touch Screen.........................................133
Conclusão..............................................................................134
O diodo de selênio.................................................................135
Curiosidade - O cheiro do selênio..........................................137
A Alta Tensão........................................................................138
O PERIGO..............................................................................138
A FAÍSCA...............................................................................139
COMO PRODUZIR FAÍSCAS....................................................142
Transistores Unijunção..........................................................149
O QUE É UM TRANSISTOR UNIJUNÇÃO (TUJ)..........................149
CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS...............................................151
O OSCILADOR DE RELAXAÇÃO..............................................155
O TRANSISTOR 2N2646.........................................................156
O que é a Eletrônica Digital...................................................158
Conversão para a Base 2......................................................163
Conversão para a Base 10....................................................164
Por que Binário?....................................................................165
A ignição do seu carro...........................................................170
Os problemas da ignição convencional.................................173
Ignição assistida....................................................................175
Outros mais de 160 livros de Eletrônica e Tecnologia do INCB. 184

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Apresentação da Série
Esta é uma série de livros que levamos aos nossos leitores
sob patrocínio da Mouser Electronics (www.mouser.com). Os
livros são baseados nos artigos que ao longo de nossa carreira
como escritor técnico publicamos em diversas revistas, livros e no
nosso site. São artigos que representam 50 anos de evolução das
tecnologias eletrônicas e, portanto, têm diversos graus de
atualidade. Os mais antigos foram analisados com eventuais
atualizações. Outros pela sua finalidade didática, tratando de
tecnologias antigas e mesmo de ciência não foram muito
alterados a não ser pela linguagem que sofreu modificações. Os
livros da série consistirão numa excelente fonte de informações
para nossos leitores.
Os artigos têm diversos níveis de abordagem, indo dos
mais simples que são indicados para os que gostam de
tecnologia, mas que não possuem uma fundamentação teórica
forte ou ainda não são do ramo. Neles abordamos o
funcionamento de aparelhos de uso comum como
eletroeletrônicos, não nos aprofundando em detalhes técnicos
que exijam conhecimento de teorias que são dadas nos cursos
técnicos ou de engenharia.
Outros tratam de componentes, ideais para os que
gostam de eletrônica e já possuem uma fundamentação quer seja
estudando ou praticando com as montagens que descrevemos
em nossos artigos. Estes já exigem um pequeno conhecimento
básico da eletrônica. Estes artigos também vão ser uma
excelente fonte de consulta para professores que desejam
preparar suas aulas.
Temos ainda os artigos teóricos que tratam de circuitos e
tecnologias de uma forma mais profunda com a abordagem de
instrumentação e exigindo uma fundamentação técnica mais alta.
São indicados aos técnicos com maior experiência, engenheiros e
professores.
Também lembramos que no formato virtual o livro conta
com links importantes, vídeos e até mesmo pode passar por
atualizações on-line que faremos sempre que julgarmos
necessário.

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NEWTON C. BRAGA

Trata-se de mais um livro que certamente será importante


na sua biblioteca de consulta, devendo ser carregado no seu
tablete, laptop ou celular para consulta imediata.
Os livros podem ser baixados gratuitamente no nosso site
e um link será dado para os que desejarem ter a versão impressa
pagando apenas pela impressão e frete.

Newton C. Braga

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Apresentação
Saber como funcionam componentes, circuitos e
equipamentos eletrônicos é fundamental não apenas para os
profissionais da eletrônica que usam de forma prática a
tecnologia em seu dia a dia como também para aqueles que não
sendo técnicos, mas possuindo certo conhecimento, precisam
conhecer o funcionamento básico das coisas.
São os profissionais de outras áreas que, para usar melhor
equipamentos e tecnologias precisam ter um conhecimento
básico que os ajude.
Assim, tratando de conceitos básicos sobre componentes
e circuitos neste primeiro volume e depois de equipamentos
prontos num segundo, levamos ao leitor algo muito importante
que já se tornou relevante em recente estudo feito por
profissionais.
A maior parte dos acidentes que ocorrem com o uso de
equipamentos de novas tecnologias ocorre com pessoas que não
tem um mínimo de conhecimento sobre o seu princípio de
funcionamento.
A finalidade deste livro não é, portanto, ajudar apenas os
estudantes, professores e profissionais, mas também os que
usam tecnologia no dia a dia e desejam saber um pouco mais
para melhor aproveitá-la e não cometer erros que podem
comprometer a integridade de seus equipamentos e até causar
acidentes graves.

Nota importante: componentes básicos como os


resistores, capacitores, indutores, transformadores, diodos,
transistores, também têm a seu princípio de funcionamento
explicado na nossa série de livros “Curso de Eletrônica”. Neste
livro, abordamos alguns componentes que especificamente têm
explicações mais detalhadas do que as encontradas naquelas
publicações.

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NEWTON C. BRAGA

CODIFICADORES E DECODIFICADORES

Elementos importantes dos circuitos lógicos digitais são os


codificadores e os decodificadores. Assim. dando prosseguimento
aos artigos sobre eletrônica digital, fundamental para o
entendimento do princípio de funcionamento dos computadores e
de muitos outros equipamentos, falaremos dos codificadores e
decodificadores.
Estes importantes sistemas combinacionais que podem ser
elaborados tanto a partir de componentes discretos como obtidos
totalmente na forma integrada aparecem numa infinidade de
aplicações que os leitores devem conhecer.
Os codificadores e decodificadores são circuitos que
transformam informações obtidas de determinada maneira em
uma informação em outra forma de código que possam ser
usadas pelos circuitos seguintes.
Como a transformação dos códigos que ocorrem com
maior frequência nos circuitos digitais são as que envolvem a
passagem de sinais na forma binária para a forma digital e vice-
versa, os termos codificadores e decodificadores são específicos
para estes tipos de sinais.
Assim, denominamos codificadores os circuitos que
transformam sinais obtidos na forma decimal em sinais binários
ou BCD (Binary Coded Decimal) ou ainda sinais obtidos a partir de
16 entradas em sinais codificados em hexadecimal enquanto que
denominamos decodificadores os circuitos que convertem sinais
binários ou BCD em sinais decimais ou de outro tipo, como por
exemplo os hexadecimais ou ainda capazes de excitar um
mostrador de 7 segmentos.
Analisemos os dois tipos de circuitos.

CODIFICADORES
Podemos definir de forma simples um circuito codificador
como um circuito que seja capaz de converter um sinal de
determinado tipo, como por exemplo decimal, num sinal digital ou
BCD.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Assim, se tivermos 10 chaves de acionamento ou 10


entradas de sinais diferentes que representem valores entre 0 e
9, um codificador, como o mostrado na figura 1 fará a conversão
desses sinais em BCD.

Neste sistema temos 10 entradas e 4 saídas com a


obtenção de níveis lógicos conforme a seguinte tabela verdade:

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NEWTON C. BRAGA

Observe que nesta tabela, a saída que representa o dígito


menos significativo (LSB) é S1, ao mesmo tempo em que a saída
que representa o dígito mais significativo (MSB) é S4.
Assim, os "pesos" das saídas nesta tabela e nas que são
dadas como exemplo neste artigo são:

S1 = 1
S2 = 2
S3 = 4
S4 = 8

Da mesma forma podemos ter um circuito codificador que


converta os sinais de 16 entradas em sinais correspondentes a
uma informação hexadecimal.

A tabela verdade para tal codificador mostrado na figura 2


será:

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Um circuito prático de um codificador pode ser obtido


tanto a partir da utilização de portas lógicas como a partir de uma
matriz de diodos.
O processo que utiliza uma matriz de diodos é o mais
simples de entender pela sua própria estrutura que visualmente
corresponde a própria tabela verdade. Assim, para o caso da
decodificação de 10 entradas em saídas BCD podemos elaborar a
matriz mostrada na figura 3.

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NEWTON C. BRAGA

Veja então que o que temos de fazer é simplesmente


colocar um diodo nas linhas em que precisamos de um nível
lógico 1 e não colocar diodo nenhum nas linhas em que o nível
lógico deva ser 0.
Isso significa que nas linhas em que temos o diodo,
quando a entrada vai ao nível alto, a corrente pode circular
produzindo assim uma tensão de saída (nível alto) no resistor de
carga correspondente, conforme mostra a figura 4.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Deve-se apenas considerar que neste circuito, utilizando-


se diodos de silício temos uma queda de tensão da ordem de 0,7
volts na saída, o que deve ser compensado. Veja que, com este
tipo de circuito é possível "programar" o codificador para se ter
saídas digitais de qualquer combinação a partir de uma entrada.
Assim, conforme mostra a figura 5, nada impede que
tenhamos uma sequência completamente diferente da
convencional para a codificação de um circuito de 4 entradas.

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NEWTON C. BRAGA

Neste circuito temos a seguinte tabela verdade:

Circuitos integrados que reúnem esta função tanto em


lógica TTL como CMOS são disponíveis, mas deles falaremos mais
adiante.

DECODIFICADOR
Segundo nossa definição, um circuito decodificador faz
exatamente "o contrário" do codificador, passando um conjunto
de sinais BCD, binário ou de outra forma normalmente usada
pelos circuitos digitais para a forma decimal ou outra forma que
seja apropriada a excitação de um display.
Na figura 6 temos o que seria um bloco de um
decodificador de 4 entradas operando em binário que fornece
uma saída de 10.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

A tabela verdade para um circuito decodificador deste tipo


seria a seguinte:

A implementação deste circuito pode ser feita facilmente


com portas lógicas conforme mostra a figura 7.

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NEWTON C. BRAGA

Conforme podemos ver, o circuito para decodificação BCD


em decimal com saídas ativadas "uma de 10" usa tanto portas
AND como inversores.
Uma característica importante deste circuito é que ele
possui uma entrada STROBE que impede o funcionamento do
circuito quando se tem uma combinação ilegal dos estados de
entrada, já que temos apenas a decodificação BCD e não

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

hexadecimal. Assim, se aparecer na entrada a combinação 1011


o circuito é inibido.
Para a decodificação hexadecimal teremos a seguinte
tabela verdade:

Um outro tipo de decodificador muito usado em projetos


eletrônicos que envolvem displays é o decodificador BCD para 7
segmentos.
Conforme mostra a figura 8, os displays de 7 segmentos
podem formar algarismos de 0 a 9 e alguns outros símbolos
acendendo uma combinação de 7 diodos eletroluminescentes ou
LEDs.

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NEWTON C. BRAGA

Assim, o que temos de fazer é entrar com os sinais BCD no


circuito conveniente e obter na saída os níveis que acionem os
segmentos correspondentes ao dígito que deve aparecer.
Uma tabela verdade para os algarismos de 0 a 9 seria a
seguinte:

Observe que a condição de máximo consumo do display


ocorre quando temos o algarismo 8 pois todos os dígitos são
acesos. Para um circuito hexadecimal poderíamos ter as
condições adicionais mostradas na figura 9.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Para implementar o circuito capaz de fazer a decodificação


podemos usar portas numa configuração que é mostrada na
figura 10.

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NEWTON C. BRAGA

Na prática, os circuitos integrados que contém estas


funções precisam ter a capacidade de excitar cargas de maior
consumo que as normalmente correspondentes às entradas de
outros circuitos lógicos da mesma família.
Assim, os circuitos integrados que contém estas funções
normalmente são dotados de buffers que em alguns casos podem
até fornecer correntes elevadas sob tensões diferentes das
normalmente utilizadas pela mesma família.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

De fato, se bem que hoje já não sejam mais encontrados


com a mesma frequência, houve tempo em que displays a gás e
de filamento eram usados com estes circuitos.
Nos displays a gás havia um circuito de alta tensão que
ionizava os segmentos a serem acionados de modo que eles
"apareciam" acesos ao mesmo tempo em que nos displays
Numitron da RCA, os segmentos eram filamentos de tungstênio
montados numa base isolante na disposição correspondente aos
displays comuns de 7 segmentos.
Percorridos por uma corrente intensa, estes filamentos
acendiam.
Dentro da família TTL, por exemplo, ainda encontramos
nos manuais decodificadores projetados para excitar tais displays.
Hoje, entretanto, os displays mais usados são os de LEDs ou
eletroluminescentes que apenas necessitam de resistores
externos de limitação de corrente.
Observe ainda que no circuito que demos, as saídas do
decodificador vão ao nível alto no segmento que deve acender.
Isso significa que os LEDs correspondentes que acendem devem
ficar com o anodo ligado na saída do decodificador e com o
catodo à terra.
Conforme mostra a figura 11, estes decodificadores
exigem displays do tipo que tem todos os catodos do display
ligados à terra. Dizemos que tais decodificadores são para
displays de catodo comum.

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NEWTON C. BRAGA

Em contrapartida existem os decodificadores para displays


de anodo comum, ou seja, em que os segmentos são ativados
quando a saída correspondente vai ao nível baixo, conforme
mostra a figura 12.

O circuito decodificador para tais displays pode ser


exatamente o mesmo que demos como exemplo na figura 10,
com a única diferença que, ou acrescentaríamos inversores nas
saídas ou ainda usaríamos portas NOR em lugar de portas OR na
saída, conforme mostra a figura 13.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Exemplos de Integrados
Codificadores/Decodificadores
Nos manuais TTL e CMOS praticamente não se fazem
distinções entre codificadores e decodificadores. Os dois tipos de
circuito costumam ser indistintamente chamados de
"decodificadores".
Damos a seguir alguns exemplos:

TTL:
7442 - Decodificador BCD para decimal
7445 - Decodificador BCD para decimal com driver
7447 - Decodificador BCD para 7 segmentos com saída de
30 V x 40 mA
74145 - Decodificador BCD para decimal com saída de 15
V

CMOS:
4028 - Decodificador BCD para decimal
4027 - Contador decodificador com saída de 7 segmentos
4017 - Contador decodificador com saída 1 de 10

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NEWTON C. BRAGA

AMPLIFICADORES BTL

Uma configuração muito importante para os


amplificadores de áudio, usada quando se deseja potências
elevadas, ou quando se deseja o máximo de desempenho para
circuitos amplificadores de áudio lineares, é a BTL ou Bridge Tied
Load, mais conhecida de nossos leitores como "em ponte". Neste
artigo mostramos como este tipo de circuito funciona e damos
algumas configurações práticas com circuitos integrados de
potência bastante conhecidos.
Uma das deficiências dos amplificadores de áudio
analógicos ou lineares comuns, com saída em simetria
complementar ou quase complementar, é‚ o seu modo de
funcionamento, em que dois transistores conduzem
alternadamente a corrente conforme os semiciclos do sinal.
Assim, conforme mostra a figura 1, um dos transistores é
polarizado num semiciclo de modo que a corrente que carrega o
capacitor, circula através do alto-falante e com isso a energia
entre os dois se divide com a reprodução do som.

Figura 1 – O capacitor carrega-se e descarrega-se através do capacitor.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Em suma, num semiciclo, a corrente de carga do capacitor‚


a responsável pela reprodução do som no alto-falante
correspondente a este semiciclo. No semiciclo seguinte conduz o
outro transistor de tal forma a curto-circuitar através do alto-
falante o capacitor carregado, conforme mostra a figura 2.

Figura 2 – No processo de carga e descarga o sinal original é reproduzido.

Nessas condições, não é a fonte do amplificador que


fornece energia ao circuito, mas sim o próprio capacitor que foi
carregado no semiciclo anterior do sinal. O desempenho deste
tipo de circuito é razoável, no entanto, a potência entregue ao
alto-falante fica limitada pelo fato da fonte só fornecer energia ao
circuito em um dos semiciclos do sinal.
Se ligarmos dois amplificadores que tenham este tipo de
configuração de saída, de tal forma que quando um deles estiver
recebendo um semiciclo, o outro amplificador esteja recebendo o
outro semiciclo, teremos uma solução interessante para este
problema, com um aumento considerável da eficiência dos
circuitos.
O que fazemos então é ligar os amplificadores em ponte,
ou na configuração BTL, do inglês “Bridge Tied Output” ou Saída
Ligada em Ponte, se fizermos a tradução de forma literal. Na
figura 3 mostramos como isso é feito e, a partir desta figura,
explicamos o que ocorre.

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NEWTON C. BRAGA

Figura 3 – Ligação BTL (Bridge Tied Load) ou em ponte.

Enquanto um amplificador recebe os sinais para serem


amplificados pela entrada normal, não inversora, o outro recebe o
sinal pela entrada inversora ou com a fase invertida através de
um circuito apropriado.
Assim, eliminamos a necessidade de usar o capacitor para
se carregar e descarregar através do alto-falante em cada
semiciclo de modo a se obter a reprodução.
Quando o semiciclo positivo do sinal é aplicado à entrada,
conduzem os transistores Q1 e Q3 de modo que a corrente que
flui é fornecida pela fonte de energia do aparelho. Da mesma
forma, quando o semiciclo negativo ‚ aplicado à entrada,
conduzem os transistores Q2 e Q3 e a corrente também é
fornecida pela fonte do aparelho.
Isso significa que a fonte fornece energia nos dois
semiciclos do sinal, diferentemente do que ocorre com a
configuração normal em que a corrente é fornecida pela fonte
apenas num dos semiciclos.
O resultado disso é interessante: supondo que a
impedância do alto-falante seja constante, e tivermos uma
potência X na saída de um amplificador comum único, ligando
dois destes amplificadores em ponte não teremos simplesmente o
dobro da potência, mas sim duas vezes o dobro, ou quatro vezes
mais! Esse é o motivo pelo qual a configuração em ponte torna-se
tão atraente quando desejamos altas potências, conforme mostra
a figura 4.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Figura 4 – A corrente circula pelo alto-falante nos dois semiciclos do sinal


de áudio.

Usando dois amplificadores obtemos a mesma potência de


quatro deles, o que é muito interessante, isso sem precisar
acrescentar muitos componentes ou ter configurações
complicadas. Na verdade, o circuito fica até simplificado pela não
necessidade de se usar o grande capacitor eletrolítico em série
com o alto-falante, que é um componente caro.

BTL NA PRÁTICA
A maioria dos amplificadores de áudio disponíveis na
forma de circuitos integrados possui duas entradas (uma
inversora e outra não inversora) e características tais que
permitem sua ligação em ponte ou BTL. Alguns circuitos
integrados possuem até dois amplificadores internos que já estão
preparados para funcionar nesta configuração.
Assim, um amplificador que seria normalmente de 10 + 10
watts, já é indicado como um amplificador de 40 watts na
configuração BTL. A seguir mostramos alguns circuitos de

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NEWTON C. BRAGA

amplificadores BTL obtidos com circuitos integrados comuns de


áudio, em circuitos que são sugeridos pelos próprios fabricantes.
O leitor deve estar atento para os sufixos dos integrados usados
que devem ser os mesmos indicados, pois existem diferenças
para outros tipos que podem impedir um funcionamento normal
na configuração BTL.

a) 16 WATTS COM DOIS TDA2002 BTL


Um dos circuitos integrados de baixo custo mais populares
em equipamentos de som ‚ o TDA2002, uPC2002 ou LM2002 que
pode fornecer 4 watts RMS em sistemas de som simples como os
usados em automóveis.

No entanto, a ligação de dois TDA2002 em ponte, para um


sistema de reforço no carro pode fornecer 16 watts, o que
significa mais de 50 watts PMPO por canal o que significa um bom
som para qualquer carro. Na figura 5 mostramos como deve ser
feita a conexão em ponte para os TDA2002 e seus equivalentes.

Figura 5 – Amplificador em ponte com circuitos integrados TDA2002.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Lembramos que as conexões das linhas de alimentação e


saída para o alto-falante devem ser feitas com trilhas grossas e
todas as conexões de sinais devem ser curtas, para que não
ocorram realimentações ou oscilações. Os resistores são de 1/8 W
e os capacitores eletrolíticos devem ter tensões de trabalho de 16
V ou mais.
O alto-falante deve ter potência compatível com a
aplicação e os circuitos integrados devem ser montados em bons
radiadores de calor. O trimpot de 100k é usado para se ajustar a
polarização do segundo amplificador de modo a se ter uma
perfeita simetria do sinal. Use uma carga resistiva na saída e com
um osciloscópio e gerador de sinais em 1 kHz ajuste este
potenciômetro para ser a simetria ideal do sinal.

b) AMPLIFICADOR DE 20 W BTL COM O LM2005T-M


Os circuitos integrados LM2005T e LM2005-M também são
bastante conhecidos dos nossos leitores que fazem manutenção
de equipamentos ou montagem de circuitos de áudio tradicionais.
O circuito que damos na figura 6 fornece uma potência de saída
de 20 W rms numa carga de 4 ohms com alimentação de 14,4 V
da bateria de um carro.

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NEWTON C. BRAGA

Figura 6 – Amplificador de 20 W em ponte com o circuito integrado


TDA2005.

Trata-se, portanto de amplificador sugerido para formar


sistemas de som de carro ou de reforço. Dois amplificadores
destes, um para cada canal fornecem uma potência total de 40
watts rms ou mais de 80 watts PMPO. Como são usados poucos
elementos pode-se ter uma montagem simples e compacta. As
trilhas de alimentação e para saída do alto-falante devem ser
largas em vista da intensidade da corrente exigida.
Os cabos de sinais devem ser curtos ou blindados. Os
circuitos integrados devem ser montados em bons radiadores de
calor e os capacitores eletrolíticos devem ter uma tensão de
trabalho de 16 V ou mais. O alto-falante deve ter potência
compatível com a aplicação. Não deve ser usado alto-falante de
menos de 4 ohms ou associações que resultem em impedância
inferior a este valor, pois os circuitos integrados poderão ter suas
saídas sobrecarregadas e com isso sofrer danos.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

c) AMPLIFICADOR DE 24 W COM O TDA1510A ou


TDA1515A
Este amplificador‚ sugerido pela Philips Components, faz
uso de um único TDA1510 ou TDA1515 que já possui em seu
interior dois amplificadores que tanto podem ser usados
separadamente como na configuração em ponte. Na figura 7
temos o modo de se fazer a ligação desses amplificadores de
modo a se obter a configuração em ponte.

Figura 7 – Amplificador de 24 W em ponte, utilizando o TDA1510Q.

Observe que este circuito possui uma chave SB (Stand By)


que, quando acionada faz com que os amplificadores sejam
levados a uma condição de muito baixo consumo de energia.
Este tipo de configuração é especialmente interessante
quando o amplificador deve ser alimentado pela bateria de um
carro. As diferenças entre o amplificador com o TDA1510A e o

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NEWTON C. BRAGA

TDA15B estão nas características adicionais do TDA1515B que


são:
 Corrente em standby muito baixo, da ordem de 100 uA que
permite o chaveamento via circuitos TTL.
 Saídas protegidas contra curtos-circuitos AC e DC em
relação à terra (o TDA1510 tem proteção apenas AC).
 Saídas protegidas contra curto-circuito em relação à terra na
configuração BTL.
 Proteção contra inversão acidental de polaridade.

Neste circuito também deve ser observada a utilização de


trilhas largas para as linhas de alimentação e saída do alto-
falante. O circuito integrado deve ser montado em bom radiador
de calor. Os capacitores eletrolíticos devem ter tensões de
trabalho de pelo menos 16 V.
Os resistores são todos de 1/8W com 5% ou mais de
tolerância. A impedância mínima do alto-falante é 4 ohms, para
se obter a potência indicada. Além disso ele deve ser capaz de
manusear a potência de saída do amplificador. A alimentação é
feita com 14,4 V da bateria de carro.

d) AMPLIFICADOR DE 10 W BTL SANYO


O quarto circuito que apresentamos utiliza um
componente da Sanyo. Trata-se do circuito integrado LA4500 que
fornece uma potência RMS de 10 W na configuração em ponte,
que é mostrada na figura 8.

35
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Figura 8 – Amplificador BTL com o circuito integrado LA4500 da Sanyo.


Potência de 10 W.

O circuito integrado LA4500 é apresentado em invólucro


DIL e não precisa de radiador de calor. Uma região da placa de
circuito impresso é prevista para fazer contato com o componente
e servir como radiador de calor. O circuito é projetado para ser
alimentado por tensões de 12 V, e a impedância de carga deve
ficar na faixa indicada no diagrama para melhor desempenho. As
tensões mínimas de trabalho dos capacitores eletrolíticos são
indicadas no próprio diagrama.
A potência do alto-falante deve ser compatível com a
aplicação e as trilhas de alimentação e saída de áudio devem ser
largas, como nos demais projetos. Os capacitores menores devem
ser cerâmicos, para melhor desempenho do amplificador.

36
NEWTON C. BRAGA

Conclusão
A configuração em ponte ou BTL permite obter muito
maior rendimento de amplificadores de áudio analógicos comuns,
sendo por esse motivo adotada em muitos equipamentos
comerciais. Além disso, temos a possibilidade de economizar o
capacitor eletrolítico de saída que é um componente caro e
responsável por problemas de funcionamento.
Muitos fabricantes disponibilizam circuitos integrados
específicos para uso em ponte o que facilita bastante o projetista
que deseja montar seu próprio equipamento de áudio ou mesmo
manter uma pequena linha de montagem desse tipo de
equipamento. As informações que demos neste artigo podem ser
de grande utilidade para os leitores que desejam trabalhar com
amplificadores em ponte ou simplesmente conhecer mais sobre
seu princípio de funcionamento. Consulte a Mouser
(www.mouser.com) para versões integradas mais modernas.

Nota: atualmente, pelo seu


rendimento, as configurações em
classe D e superiores são as
preferidas para aplicações de alto
rendimento.

37
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

AS LENTES DE FRESNEL
Usadas em conjunto com os sensores piroelétricos de
infravermelho (sensores de presença) em alarmes e detectores
de incêndios, estas lentes são fundamentais para seu
desempenho. Veja neste artigo, o que são e como funcionam as
lentes de Fresnel.
Diante dos sensores de alarmes e aberturas de portas que
empregam de sensores piroelétricos encontramos lentes plásticas
arredondadas que possuem diversas estrias, conforme é
mostrado na figura 1.

Estas peças são denominadas Lentes de Fresnel e


cumprem uma função importante no funcionamento dos
sensores.
Se bem que já tenhamos explicado, em outros artigos
como funcionam os sensores piroelétricos que detectam a
radiação infravermelha emitida pelos corpos das pessoas, não
falamos das lentes, o que foi notado por muitos leitores que nos
pediram um artigo sobre o assunto.
Explicamos, então, o que são as Lentes de Fresnel, o que
pode dar um excelente material inclusive para os estudantes de
Engenharia e Física.

38
NEWTON C. BRAGA

AS APLICAÇÕES
Quando se deseja detectar movimento ou ainda radiação
de fontes de raios infravermelhos muito fracas, é importante usar
lentes com pequena distância focal e grande abertura.
Materiais comuns, entretanto, como o vidro e mesmo o
cristal não podem ser utilizados no caso da radiação
infravermelha por apresentarem grandes perdas. Isso ocorre
principalmente na faixa dos 6 aos 14 µm, que é justamente a
faixa que os sensores usados nestes aparelhos operam.
No entanto, materiais como o polietileno que possuem
propriedades de condução melhores na faixa dos infravermelhos
não podem ser moldados de modo a termos uma lente comum.
O que se faz é utilizar uma lente com estrias em que a
distância e a inclinação delas são calculadas de acordo com o
índice de refração do material de modo a concentrar a radiação
incidente em cada uma num foco único, veja a figura 2.

Cada estria funciona então como uma "microlente" que


pode dirigir a luz captada para um foco. Pelas suas dimensões
esta lente pode ser extremamente fina, eliminando-se o problema
da absorção do material, que afetaria o seu desempenho na faixa
dos infravermelhos.
Nos sensores modernos estas lentes são projetadas por
computadores de modo a garantir que a luz desviada por cada
estria seja dirigida diretamente para o foco, obtendo-se assim

39
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

uma imagem muito mais precisa para o objeto que está diante
dela.
A principal vantagem deste tipo de lente está no fato de
que as suas dimensões dependem apenas da quantidade de
estrias usadas no projeto. Nas lentes comuns, quanto maior for a
dimensão, mais crítica se torna sua elaboração, pois a curvatura
deve ser mantida dentro de limites rígidos de precisão para que a
energia captada seja dirigida para o foco, conforme ilustra a
figura 3.

As pessoas que possuem telescópios sabem como é crítico


obter um bom instrumento que tenha uma objetiva grande (para
pode captar mais luz e, portanto, ser capaz de permitir a
observação de objetos de menor brilho).
No caso das lentes de Fresnel basta repetir as estrias
tendo-se apenas o cuidado de modificar a direção em que a luz
seja refratada de modo a incidir no foco obtendo-se com isso
lentes de qualquer tamanho. Na prática, entretanto, existe um
limite para as dimensões da lente e, portanto, para a quantidade
de radiação que ela pode captar. Não se recomenda que o seu
diâmetro seja maior que a distância focal. A radiação incidente

40
NEWTON C. BRAGA

em regiões além deste limite simplesmente reflete de volta para


a lente.

FÓRMULAS E PROJETOS
Uma lente é definida como um dispositivo que possui
propriedades refratoras que permitem seu uso para coletar raios
paralelos de radiação (visível ou infravermelha), concentrando-os
num único ponto denominado foco.
O foco será tanto mais próximo da lente quanto maior for
seu "poder" refrator, de acordo com a figura 4.

A distância focal é definida como a distância entre o ponto


focal e o centro da lente. Esta distância pode ser calculada pela
fórmula:

1/f = (n-1) x (1/r)

Onde:
f é a distância focal
n é o índice de refração da lente (1,5 para o polietileno)
r é o raio de curvatura da lente no seu centro.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

A posição do objeto e da imagem podem ser calculadas


pela fórmula:

1/f = 1/L' - 1/L

As distâncias desta fórmula são dadas na figura 5.

LENTES DE FRESNEL MULTI-ELEMENTOS


Para serem usadas com sensores piroelétricos são
escolhidas lentes de Fresnel multielementos de polietileno, que
favorecem a captação de energia na faixa da radiação
infravermelha.
Como cada elemento tem a radiação detectada refratada
em uma direção que depende da posição do objeto focalizado, a
passagem diante da lente de um objeto que se movimenta, faz
com que ocorra um processo de modulação na radiação presente
no foco, gerando assim o sinal no elemento sensor que o circuito
precisa para acionar um circuito externo.
Isso significa que um sinal relativamente forte pode ser
gerado quando qualquer fonte de radiação infravermelha se

42
NEWTON C. BRAGA

mover diante do sensor que esteja no foco de uma destas lentes,


conforme mostra a figura 6.

Nesta figura mostramos a montagem típica de um sensor


no foco da lente de modo a se obter o seu funcionamento correto.
Nela também mostramos o modo de se montar uma lente de 15
elementos da Philips Componentes diante de um sensor como o
RPY97 (Philips), que possibilita a cobertura de uma distância de
até 12 metros com uma abertura de 90 graus volumétricos. Na
figura 7 fornecemos um gráfico que mostra a cobertura zonal
nominal desta lente numa aplicação típica num sensor
piroelétrico.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Observe que o "modo de visão" desta lente apresenta


estrias em que temos faixas nas quais a sensibilidade é máxima.
É por este motivo que este tipo de lente não serve para
aplicações ópticas que envolvam a captação de imagens, mas
apenas o direcionamento de radiação.

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NEWTON C. BRAGA

Conheça os multiplexadores e
demultiplexadores
Os MUX e DEMUX ou ainda Multiplexadores e
Demultiplexadores são sistemas digitais que podem processar
informações de diversas formas, funcionando como conversores
série/paralelo e vice versa. Neste artigo analisaremos o princípio
de funcionamento destes circuitos de grande importância na
eletrônica digital, dando prosseguimento à nossa série que deve
ser acompanhada por todos que pretendem entender um pouco
do princípio de funcionamento dos circuitos dos computadores e
de muitos outros equipamentos modernos.

MULTIPLEXADORES
Um multiplexador ou abreviadamente MUX é um sistema
digital que possui diversas entradas diferença onde aparecem
informações na forma digital, uma saída de dados e entradas de
controle, conforme mostra a figura 1.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Os sinais aplicados às entradas de controle determinam


qual entrada vai ser conectada à saída, transferindo assim seus
sinais. Em outras palavras, com um MUX é possível selecionar
qual entrada vai ser conectada a saída, isso simplesmente por
meio de comandos lógicos.

Uma tabela verdade pode ser associada ao multiplexador


que demos como exemplo em que temos 4 entradas e uma saída:

Veja então que, quando desejamos que a entrada E2 seja a


conectada a saída, transferindo seus sinais, tudo que temos de
fazer é levar a entrada de controle C0 ao nível baixo e a entrada
C1 ao nível alto.
Perceba também que a quantidade de linhas de controle
depende justamente da quantidade de entradas que devem ser
selecionadas. Para um MUX de 4 entradas precisamos de 2
entradas de controle, pois com dois dígitos cobrimos as 4
combinações possíveis de estados de controle.
Para um MUX de 8 entradas, como o mostrado na figura 2,
precisamos de 3 entradas de controle, de modo a se obter as 8
combinações de estados que definem qual entradas será a
ativada.

46
NEWTON C. BRAGA

Uma tabela verdade para um MUX de 8 entradas, como o


mostrado na figura 2 seria a seguinte:

A implementação de um multiplexador com portas lógicas


pode ser feita com relativa facilidade. No caso do multiplexador
de 4 entradas e uma saída que tomamos como exemplo inicial

47
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

podemos usar portas AND e OR além de inversores conforme


mostra a figura 3.

A função de multiplexador pode ser encontrada tanto em


circuitos integrados de tecnologia CMOS como TTL e nestes
componentes temos ainda a possibilidade de encontrar uma
entrada adicional de inibição INHIBIT que serve para desativar o
circuito em caso de necessidade, desligando-se assim sua saída
de qualquer das entradas.
Veja que esta entrada pode ser importante, pois em
qualquer combinação de níveis lógicos da entrada de controle
sempre teremos uma entrada conectada à saída e pode ser
necessário em algum tipo de aplicação que nenhuma entrada seja
conectada à saída em determinado instante.
Na figura 4 temos o circuito lógico de um multiplexador de
8 entradas com 3 entradas de controle e uma entrada de INHIBIT.

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NEWTON C. BRAGA

Este circuito utiliza inversores, portas AND e portas OR.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

DEMULTIPLEXADORES
Um circuito demultiplexador ou DEMUX tem uma entrada
de dados e um determinado número de saídas, além de entradas
de controle, conforme mostra o diagrama simplificado da figura 5.

Pela aplicação de níveis lógicos apropriados nas entradas


de controle podemos transferir o sinal da entrada para uma das
saídas. Qual saída receberá o sinal depende dos níveis na entrada
de controle conforme a tabela verdade dada a seguir, para o
exemplo da figura 5.

Perceba que, neste caso também, precisamos de duas


entradas de controle para selecionar uma de 4 saídas. Se
tivermos 8 saídas, como no DEMUX da figura 6, serão necessárias
3 entradas de controle e a tabela verdade será a seguinte:

50
NEWTON C. BRAGA

Um circuito demultiplexador pode ser elaborado a partir de


funções lógicas comuns. Para um demultiplexador de 4 saídas,
como o tomado como exemplo inicial de nosso artigo temos a
possibilidade de elaborá-lo com apenas dois inversores e 3 portas
AND de 3 entradas, conforme mostra a figura 7.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

MUX/DEMUX INTEGRADOS
Conforme explicamos as funções de multiplexadores e
demultiplexadores digitais podem ser encontradas na forma de
circuitos integrados tanto da família CMOS como TTL.
Damos a seguir alguns circuitos integrados comuns dessas
duas famílias que podem ser usados em projetos.

74150 - Seletor de dados 1 de 16


Este é um multiplexador TTL em invólucro de 24 pinos,
mostrado na figura 8.

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NEWTON C. BRAGA

Na operação normal a entrada de habilitação EN deve ser


colocada no nível baixo. Se a entrada EN for levada ao nível baixo
o circuito é inibido e a saída fica no nível alto independentemente
do que acontece em qualquer entrada ou nas linhas de seleção.
Este circuito também tem uma característica inversora:
isso significa que o nível do sinal da entrada selecionada aparece
invertido na saída.

74151 - Seletor de dados 1 de 8


Este circuito TTL tem 8 entradas de dados, três linhas de
seleção e duas saídas, sendo uma que apresenta o sinal da
entrada na forma original e a outra que o apresenta invertido. Na
operação normal a entrada EN de habilitação deve ficar no nível
baixo. Se esta entrada for levada ao nível alto a saída Y se
mantém no nível baixo e a saída Y/ no nível alto
independentemente do que acontece nas linhas de dados ou de
controle.
O 74151 é apresentado em invólucro DIL de 16 pinos com
a disposição de terminais mostrada na figura 9.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

74152 - Duplo seletor de dados 1 de 4


Este circuito integrado TTL contém dois multiplexadores de
4 entradas de dados, com duas linhas de controle que atuam ao
mesmo tempo sobre os dois circuitos. Na figura 10 temos a
pinagem deste componente que é apresentado em invólucro DIL
de 16 pinos.

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NEWTON C. BRAGA

Na operação normal a entrada EN deve ser mantida no


nível baixo. Com esta entrada no nível alto, a saída do
multiplexador correspondente se mantém no nível baixo
independentemente da entrada selecionada.

74154 - Demultiplexador 1 de 16
Este circuito integrado TTL é apresentado em invólucro DIL
de 24 pinos com a pinagem mostrada na figura 11.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Este tipo de circuito também é conhecido como


distribuidor de dados e na operação normal a entrada EN deve ser
mantida no nível baixo. Com esta entrada no nível alto, todas as
saídas ficarão no nível alto, independentemente do que ocorre na
entrada de dados e nas entradas de controle.

74155 - Duplo Demultiplexador 1 de 4


Este circuito integrado TTL é apresentado em invólucro DIL
de 16 pinos, conforme mostra a figura 12.

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NEWTON C. BRAGA

Na operação normal a entrada EN deve estar no nível


baixo. Com a entrada EN no nível alto, todas as saídas dos
seletores ficam no nível alto, independente da seleção e dos
dados da entrada.

4051 - Seletor 1 de 8 (MUX/DEMUX)


Este circuito integrado CMOS é apresentado em invólucro
DIL de 16 pinos e pode trabalhar tanto com sinais analógicos
como digitais, dependendo apenas da polarização do pino 7,
conforme mostra a figura 13 em que temos a sua pinagem.

É interessante observar que este circuito pode funcionar


tanto como multiplexador como demultiplexador já que as chaves
usadas são bilaterais.
Quando utilizado em circuitos digitais a tensão de
alimentação pode ficar entre 5 e 15 Volts e o pino 7 é aterrado.
Se o circuito for utilizado para operar com sinais analógicos
(áudio, por exemplo), o pino de alimentação positiva Vdd deve
ficar em 5 V e o pino 7 em -5 V. Os sinais chaveados devem ter
amplitudes que não ultrapassem esta faixa.
Com a entrada EN no nível alto todas as chaves ficam
abertas e nenhum sinal pode passar. Se EN estiver no nível baixo,
o canal selecionado pelas entradas de controle é conectado a

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

saída. O sinal tanto pode fluir de um dos canais de entrada (X1,


X2, X3 ou X4) para a saída (X) como vice-versa já que a operação
é tanto como MUX como DEMUX, conforme explicamos.
As chaves abertas para este circuito têm uma resistência
muito alta de centenas de megohms e na condição de fechadas
têm uma resistência da ordem de 120 ohms. A corrente em cada
chave não pode ser maior que 25mA.

4052 - Duplo Seletor 1 de 4 (MUX/DEMUX)


Este circuito CMOS funciona exatamente como o 4051 com
a diferença que no caso temos dois seletores (MUX/DEMUX) num
mesmo circuito integrado em invólucro de 16 pinos, que é
mostrado na figura 14.

Como no caso anterior, o circuito pode operar nos dois


sentidos, ou seja, tanto como multiplexador como
demultiplexador e dependendo da alimentação pode operar com
sinais analógicos ou digitais.

4053 - Triplo Seletor 1 de 3 (MUX/DEMUX)


Temos finalmente um circuito CMOS que funciona como os
anteriores, e que pode ser usado tanto como MUX como DEMUX
tanto para sinais analógicos como digitais. A pinagem deste
circuito integrado é mostrada na figura 15.

58
NEWTON C. BRAGA

As linhas de seleção de saídas/entradas dos três seletores


(MUX/DEMUX) deste circuito integrado são independentes, mas
para inibição do funcionamento existe uma entrada comum. Esta
entrada deve ficar no nível baixo para o funcionamento normal.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

DISTORÇÃO DE FASE
A qualidade de um sistema de som não depende apenas
do amplificador. As caixas acústicas também são elemento
fundamental no processo de obtenção do melhor do som e um
ponto importante que é pouco comentado pelos usuários
entendidos é a distorção de fase. Na verdade, poucos sabem
exatamente o que é isso e não têm condições de avaliá-la diante
das especificações de um equipamento. Veja neste artigo o que é
como evitar este tipo de distorção.
Os sons têm uma velocidade de propagação no ar em
condições normais da ordem de 340 metros por segundo. Este
valor, quando associado às distâncias que separam uma caixa
acústica do ouvido do leitor e aos sons de frequências mais
elevadas que podemos ouvir pode significar alguns efeitos muito
importantes para a qualidade de reprodução.
O que ocorre, é que analisando uma fonte sonora extensa
de som como, por exemplo, uma caixa que use dois ou mais alto-
falantes, conforme mostra a figura 1, vemos que os sons emitidos
por um e por outro alto-falante podem chegar ao ouvido de uma
pessoa em instantes suficientemente diferentes para ocorrer um
fenômeno de interferência.

O resultado disso pode ser bastante desagradável para


ouvido ocorrendo então o que se denomina distorção de fase.

60
NEWTON C. BRAGA

Expliquemos melhor: num sistema convencional temos alto-


falantes diferentes para a reprodução dos sons graves, médios e
agudos conforme mostra a figura 2.

Como os alto-falantes estão separados, os sinais elétricos


correspondentes às frequências separadas chegam ao mesmo
tempo aos alto-falantes que fazem a reprodução também ao
mesmo tempo. No entanto, os sons de cada um chegam aos
nossos ouvidos em tempos levemente diferentes, ou seja,
levemente defasados, tanto mais quanto mais separados
estiverem nas caixas.
Os sinais recombinados nos nossos ouvidos não levam à
forma de onda original que saiu do sistema amplificador e que era
a gravada num CD ou fita.
A defasagem na recombinação altera a principal
característica de um som que é o timbre. Conforme sabemos o
timbre é dado pela forma de onda de um sinal sonoro. O
resultado disso é uma pequena distorção que vai depender
justamente da posição relativa do ouvinte, conforme mostra a
figura 3.

61
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

As caixas modernas preveem este efeito com um


posicionamento estudado dos alto-falantes de modo a minimizar
a eventual distorção que pode ocorrer.

MANIFESTAÇÃO
Demorou algum tempo para que fabricantes de caixas
acústicas percebessem que a diferença de tempos em que os
sons chegavam aos ouvidos das pessoas podia ser percebida e de
modo desagradável.
Uma primeira descrição feita pelos entendidos associava a
distorção de fase a impressão de que não havia "transparência"
da reprodução, ou seja, tinha-se a impressão de um som "preso"
no interior da caixa.
(É interessante observar que muitos
termos usados pelos especialistas
para definir os sons podem parecer
sem significado para os que não são
do ramo, mas ao se falar num som
transparente para um especialista ele
saberá exatamente do que se trata!)

Mas, o problema mais grave ocorre na reprodução dos


sons que tenham transições muito rápidas de intensidade como
por exemplo as que ocorrem nas batidas secas dos instrumentos
de percussão.

62
NEWTON C. BRAGA

ELIMINANDO A DISTORÇÃO DE FASE


A utilização de uma fonte sonora a menos extensa possível
de modo a eliminar diferentes trajetórias para sons de
frequências diferentes seria uma primeira solução importante
para a eliminação do problema.
O uso de alto-falantes coaxiais em que temos o tweeter
(alto-falante de agudos) posicionado no mesmo eixo de
reprodução do woofer e mid-range (ou extended range) conforme
mostra a figura 4, é uma solução importante para a eliminação da
distorção de fase.

Outra possibilidade bastante interessante seria a inclusão


de amplificadores separados para os sinais de graves, médios e
agudos, mas com linhas de retardo incluídas de modo a
compensar as diferenças de fase com que o som poderia chegar
ao ouvinte conforme mostra a figura 5.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

A Bang & Olufsen e outros fabricantes adotaram uma


disposição geométrica de alto-falantes em suas caixas acústicas
de alguns anos passados. Estes alto-falantes são posicionados de
modo a manter a mesma distância até o ouvido das pessoas
conforme mostra a figura 6.

Veja que no sistema mostrado na figura 6 temos a


possibilidade de se agregar um alto-falante regulador dinâmico,
acoplado a um filtro que compensa as variações de fase que
podem ocorrer com os sinais.

64
NEWTON C. BRAGA

OS EQUALIZADORES
Os equalizadores de áudio são recursos importantes dos
sistemas de som podendo vir na forma de equipamentos
completos separados ou incorporados a amplificadores e outros
equipamentos de som. Como funcionam e para que servem é o
que analisaremos neste artigo, dando ao técnico uma visão que
permita escolher o tipo ideal para uma aplicação, quando
necessário.
Os ambientes não possuem características acústicas iguais
e os ouvintes também não se comportam da mesma maneira
diante de um mesmo som. Para complicar mais o problema, cada
tipo de programa sonoro possui características próprias que
exigem a reprodução de uma forma diferente.
Tudo isso significa que os amplificadores não podem ser
todos iguais na maneira de funcionar, pois a qualidade de som
que vamos obter também depende do ambiente em que ele vai
operar e das próprias características do ouvinte e da música que
vai ser reproduzida.
A maneira mais simples de se adequar as características
do equipamento ao ambiente e o gosto do ouvinte é por meio do
controle de tom. Atuando sobre a curva de resposta de um
equipamento de som, o controle de tonalidade normalmente
altera a intensidade dos sons graves e agudos, conforme mostra
a figura 1.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Em outras palavras, o controle de tom basicamente atua


sobre os extremos da curva de resposta, modificando a
intensidade segundo a qual os sons de baixas (graves) e de altas
(agudos) frequências são reproduzidos.
Para um equipamento simples este recurso satisfaz
plenamente: quando vamos ouvir música, onde os graves e
agudos são importantes para a sua "coloração" abrimos os
controles destas frequências e quando vamos ouvir a voz falada,
numa entrevista portanto, obtemos muito maior inelegibilidade
fechando os graves e agudos, conforme sugere a figura 2.

Os equipamentos de som um pouco mais sofisticados


podem ter um terceiro controle que é o de médios. Neste caso, o
que temos já é uma possibilidade maior de modificar a curva de
resposta do sistema de som, ou seja, já temos a possibilidade de
"equalizar" o funcionamento do circuito, conforme mostra a figura
3.

66
NEWTON C. BRAGA

No entanto, na reprodução de um som num determinado


ambiente ocorrem diversos problemas acústicos importantes que
os controles de graves e agudos e mesmo os de médios não
podem corrigir.
Um ambiente acústico convencional como uma sala, e pior
ainda, o interior de um automóvel, tem formas e objetos que
afetam a propagação do som. Ocorrem então reflexões e
absorções de frequências totalmente imprevisíveis.
Estes ambientes não são como as câmeras anecoicas em
que os equipamentos de som são testados e que possuem
paredes totalmente absorventes de sons, não havendo qualquer
tipo de reflexão, conforme mostra a figura 4.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Estas câmeras permitem fazer o teste do equipamento


sem a influência do meio externo final em que ele vai funcionar, o
que é importante para avaliação do fabricante. No entanto, para o
usuário muita coisa acontece depois que o equipamento sai da
loja.
De fato, não são poucos os compradores de equipamentos
de som que ficam surpreendidos e até mesmos decepcionados
com a mudança da qualidade de som de seus equipamentos. Ela
é bem diferente daquela que ele experimentou quando o
vendedor fez uma demonstração numa sala preparada
acusticamente.
É claro que muitos usuários chegam ao requinte de
preparar acusticamente sua sala, mas nem sempre isso é
possível. É o que ocorre no caso de um carro. O ambiente
acústico bastante problemático que é o interior de um automóvel
não pode ser alterado.
No entanto, se os ambientes não podem ser alterados, o
que podemos fazer para melhorar a qualidade de reprodução é
modificar o modo como o equipamento funciona, de modo a
compensar reflexões e absorções de frequências indevidas.
Como o espectro sonoro é algo amplo, não podemos atuar
sobre cada frequência individualmente. Assim, o que se faz é
agregar ao equipamento circuitos que atuem sobre faixas de
frequências.
Temos então os chamados equalizadores gráficos, como o
mostrado na figura 5.

Este equalizador atua sobre 5 frequências, que o


fabricante entende que sejam importantes para se compensar os

68
NEWTON C. BRAGA

efeitos do ambiente ou mesmo as exigências do ouvido do


usuário.
Na verdade, as frequências indicadas correspondem aos
centros de faixas de tal modo que a largura de cada uma seja tal
que tenhamos uma cobertura contínua do espectro, conforme
mostra a figura 6.

Veja então que temos uma posição de referência (0 dB)


para todos os controles em que não obtemos nem atenuação e
nem reforço das frequências em torno do valor especificado. Na
posição em que todos os controles estão no zero, o circuito tem
uma resposta linear, ou seja, temos a resposta original do som.
A partir deste ponto podemos atenuar ou reforçar faixas de
frequências conforme as exigências do ambiente, o tipo de
música a ser reproduzida ou mesmo a sensibilidade do ouvido do
usuário.
Na figura 7 temos um exemplo em que se ajusta o
equalizador para um reforço das frequências extremas do
espectro, ou seja, um reforço dos graves e dos agudos, o que é
interessante na audição de música clássica onde instrumentos
graves como o símbolo podem se tornar proeminentes ou
instrumentos agudos como a flauta e o violino.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Para a palavra falada, por exemplo, quando ajustamos um


equalizador para trabalhar com um microfone é interessante
atenuar os graves e os agudos que além de não contribuírem
para a inteligibilidade são responsáveis por uma boa parte das
reflexões e até pelo fenômeno da microfonia.

É claro que nesta faixa intermediária o usuário pode notar


um reforço ou atenuação indevida de certas frequências, caso em
que, com o ouvido mais apurado pode fazer sua compensação
atuando sobre os controles correspondentes.

COMO USAR O EQUALIZADOR


Conforme explicamos, os equalizadores podem fazer parte
de muitos equipamentos de som como podem ser vendidos na
forma de conjuntos separados como o da figura 8.

No conjunto da figura 8 temos controles para os dois


canais, já que se trata de equipamento estéreo e para ser usado

70
NEWTON C. BRAGA

ele é intercalado entre a fonte de sinal e a entrada do


amplificador final.
A fonte de sinal pode ser uma mesa de som, um toca-fitas,
um toca-discos, um CD-player ou qualquer outro dispositivo que
forneça um sinal de baixa intensidade com equalização
padronizada.
A equalização padronizada é a que depende do próprio
dispositivo. Por exemplo, num toca-discos, pelas características
do sistema mecânico de gravação e reprodução, o processo é
acompanhado de um reforço de determinadas frequências.
Se o sinal captado pelo transdutor da agulha de um toca-
discos fosse amplificador linearmente os sons não
corresponderiam à realidade pois haveria frequências com
intensidades maiores que a original e também frequências com
intensidades menores.
Assim, de modo a devolver as características originais dos
sinais gravados, os sinais dos toca-discos precisam passar por
equalizadores RIAA. Na figura 9 temos um exemplo de circuito
equalizador RIAA como encontrado em muitos equipamentos de
som.

Os valores dos resistores e dos capacitores vão determinar


o modo de ação do circuito sobre as diversas frequências que
devem ser atenuadas e reforçadas.
É por este motivo que os amplificadores possuem entradas
específicas para toca-discos, pois elas contêm os componentes

71
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

que fazem a equalização de modo a trazer de volta a fidelidade


original do sinal.
Se você ligar um toca-discos em outra entrada de seu
amplificador ele provavelmente vai funcionar, mas sua curva de
resposta ficará modificada.
O mesmo ocorre em relação aos gravadores de fita em
que também temos uma equalização cuja finalidade é devolver,
na reprodução, as intensidades originais aos sinais das diversas
frequências da faixa audível.
Por este motivo os decks e os circuitos internos das
cabeças gravadoras devem entrar em circuitos equalizadores NAB
dos amplificadores.
A ligação de um gravador em outra entrada de seu
equipamento de som provavelmente não causará problemas de
sobrecargas ou ainda fará com que ele deixe de funcionar, mas
não haverá a equalização apropriada e você não terá um som
com a fidelidade desejada.
Quando usamos um equalizador de um equipamento de
som que o possua incorporado, as equalizações originais do toca-
discos e do gravador já estão previstas nos circuitos de entrada.
Isso significa que colocando todos os controles do equalizador no
zero teremos a curva de resposta original.
No entanto, dependendo do que estamos ouvindo ou das
características acústicas do ambiente em que nos encontramos
podemos alterar esta curva.
A alteração vai da sensibilidade do ouvinte, do que ele
deseja ouvir e finalmente das próprias características do
ambiente em que o equipamento está funcionando. O importante
para o usuário inteligente é saber ajustar o equalizador de forma
a obter o melhor som e não de forma aleatória e sempre igual
como vemos em muitos casos em que o que se deseja é o reforço
de tudo, o que pode ser conseguido pelo controle de volume!...

72
NEWTON C. BRAGA

Que é Som Estereofônico

Quando compramos um equipamento de som, a primeira


preocupação que nos vêm à mente é que ele seja estéreo ou
estereofônico, que é o termo correto. Muitos associam isso à
presença de dois alto-falantes, mas não é só isso. Veja neste
artigo o que é som estéreo, para não cair em ciladas comprando
equipamentos que realmente não possuam esse recurso.
A palavra estéreo vem do grego “stereos”, significando
“sólido”. Em eletroacústica esta palavra é usada para designar
uma forma de reprodução sonora que acrescenta a sensação de
“volume” ou “corpo” a uma reprodução sonora, especificamente
musical.
Nosso ouvido, pelas suas características de diretividade
permite-nos “avalia” a localização de uma fonte sonora,
comparando subjetivamente as diferenças de intensidade com
que incidem os sons nos dois receptores que possuímos, ou seja,
cada ouvido, conforme mostra a figura 1.

Assim, se tivermos uma fonte única de reprodução


musical, a distância percorrida pelo som para chegar aos dois
receptores é a mesma, não havendo então sentido de

73
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

diferenciação dos diversos instrumentos de uma peça em sua


verdadeira localização. No caso de uma orquestra, ouvimos os
instrumentos amontoados num único local. Este é o caso do
sistema monofônico, que não nos permite obter a sensação de
localização ou “corpo” para uma peça musical.
No caso de um sistema estereofônico, como temos duas
fontes distintas de som, emitindo sinais que também
correspondem à posicionamentos distintos dos instrumentos ou
participantes de uma peça, podemos ter a sensação de
localização pelo ouvido, acrescentando-se assim a sensação de
“volume” ou “corpo”, conforme mostra a figura 2.

É claro que, para haver estereofonia, é preciso que as duas


fontes sonoras, no caso, as caixas acústicas, reproduzam
programas ou sinais diferenciados. Estes sinais devem, portanto,
corresponder ao som original, não só em termos de frequências e
formas de onda, como também em relação às intensidades dadas
pelo posicionamento.
Veja então que para termos uma reprodução estéreo não
basta ter simplesmente dois alto-falantes. É preciso que os sinais
também sejam gravados ou transmitidos na configuração estéreo,

74
NEWTON C. BRAGA

a partir de fontes diferentes. A gravação ou programa devem ser


estéreos para que exista sinais separados, o amplificador deve ter
dois canais de amplificação que alimentem dois sistemas
diferentes de alto-falantes e estes sistemas de alto-falantes
devem ser posicionados de forma apropriada.

Veja que:

a) Não há reprodução estereofônica ligando um gravador, ou


outra fonte monofônica num amplificador estéreo, porque
o sinal reproduzido pelos dois canais ou caixas será o
mesmo. Não há separação de sinais para a reprodução.

b) Não há reprodução estereofônica com a simples ligação


num amplificador comum de dois alto-falantes colocados
em locais diferentes. Muitos aparelhos de som de muito
baixo custo (principalmente rádios AM) têm dois alto-
falantes, sendo vendidos como estéreo, mas na verdade
são ligados no mesmo canal do amplificador único sendo,
portanto, a reprodução monofônica.

c) Não há reprodução estéreo num amplificador, receptor de


FM ou qualquer outro aparelho que use um único alto-
falante. Devem existir pelo menos dois alto-falantes num
sistema estéreo, conforme mostra a figura 3. veja o leitor
que isso exige que se preste muito atenção na compra de
qualquer equipamento. Já nos tentaram vender um “radio
AM/FM estéreo” que possua um único alto-falante...

d) A modificação de um sistema de som monofônico para se


tornar estereofônico exige a utilização de um seguindo
amplificador assim como de circuitos decodificadores, não
sendo viável pelo custo na maioria dos casos.

75
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Nos sistemas de som estéreo de automóveis, e nos rádios


FM, existem circuitos que decodificam o sinal multiplexado que
vem da estação. Na transmissão dos sinais dos dois canais, a
estação os aplica a uma mesma portadora através de um
processo denominado multiplexação, conforme mostra a figura 4.

76
NEWTON C. BRAGA

Um receptor comum de rádio, não separa esses canais e


os reproduz de forma misturada, não havendo a sensação
estéreo, mas um receptor estéreo faz a separação ou
decodificação (quando acende o LED vermelho no painel) e a
reprodução é separada pelos dois alto-falantes.
Nos casos de outros equipamentos como gravadores, CD
players, MP3, equipamentos de som de PCs, a separação dos
canais já é feita ao se enviarem os sinais para fones e alto-
falantes, havendo com isso a reprodução estéreo.

Além do estéreo
Pode-se ter uma sensação de volume ou corpo para o som
muito melhor se em lugar de apenas duas fontes sonoras
tivermos mais. Assim, nos sistemas de som de home-theaters,
são enviados 5 a 7 canais no que se denomina Dolby Surround,
conforme mostra a figura 5.

Neste sistema temos dois alto-falantes traseiros (Rs e Ls),


dois dianteiros (L e R) e um subwoofer.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Os alto-falantes destes sistemas não são ligados todos ao


mesmo canal, mas sim a canais diferentes de um sistema
complexo de amplificação que separa os sinais de acordo com a
posição do alto-falante. Com isso pode-se ter a sensação de sons
que vem de trás e da frente, tanto da direita como da esquerda e
uma caixa adicional para os graves (subwoofer).

78
NEWTON C. BRAGA

O MOUSE

Uma das interfaces mais importantes entre o operador e o


PC é o mouse. Mas, além do operador, esta interface também
pode ser usada para outras finalidades como, por exemplo, a
conexão de dispositivos de Robótica e Mecatrônica. Neste artigo
abordamos as principais características técnicas do mouse do PC
analisando seu hardware e dando algumas “dicas” sobre os sinais
que podem ser usados no interfaceamento de outros dispositivos.

Nota: algumas novas tecnologias


surgiram desde a época em que o
artigo foi escrito (2000).

O mouse típico de um PC é formado por uma série de


elementos que são mostrados na figura 1.

Os sensores nada mais são do que detectores de


movimento, normalmente do tipo óptico, que verificam quando o

79
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

mouse se movimenta. Temos ainda como sensores as chaves que


são usadas quando apertamos os botões do dispositivo.
No interior do mouse existe um controlador que processa
os sinais dos sensores, determinando desta forma a sua posição.
Quando o mouse muda de posição, um pacote de dados é
enviado ao computador.
No computador tem um driver que, ao receber o pacote de
dados do mouse, os decodifica de modo que eles possam ser
usados pelo PC. Na operação, o PC tem a última posição do
mouse, rodando apenas uma sub-rotina quando recebe uma
informação de que esta posição mudou, ou se algum botão do
mouse foi pressionado.
Um fato importante a ser considerado ainda na operação
desse dispositivo é que o movimento do cursor na tela não
corresponde linearmente ao movimento do mouse.
Isso ocorre devido a um estudo feito na criação do mouse
na Apple Computer, quando se desenvolvia a Graphical User
Interface (GUI). Verificou-se que, quando se usava o dispositivo
para apontar ícones na tela ou ainda pontos da tela que
pudessem ser "clicados", havia dois tipos de movimento a serem
considerados:
O movimento de se deslocar o cursor até a região
escolhida da tela onde está o alvo, que é feito rapidamente, e
outro movimento mais lento, de localizar o cursor exatamente
sobre o alvo. A Apple fez então com que fosse possível detectar
os dois movimentos: quando o mouse se move lentamente, a
contagem por polegada (CPI - Count Per Inch) é menor, da ordem
de 100 CPI, e quando ele se move rapidamente, a contagem
aumenta para 400 CPI.
Na verdade, este modo de operação é adotado por
"default" a partir do Windows 95, mas pode ser alterado.

OS SINAIS DO MOUSE
O mouse usa os sinais padrão RS-232 para se comunicar
com o PC. Nestes sinais temos tensões de +/- 12 V como entrada
de alimentação. Estas tensões ficam em +12 V quando ele está
em operação sendo que a corrente exigida é da ordem de 10 mA,
onde a maior parte é usada para alimentar os emissores dos
sensores de posição, que nada mais são do que LEDs. O mouse
envia os sinais para o PC como níveis lógicos de 0 ou 5 V. As

80
NEWTON C. BRAGA

linhas DRT e RTS são usadas para gerar a tensão de 5 V para o


microcontrolador existente no dispositivo. Em alguns tipos de
dispositivo estas linhas de 5 V também são usadas para alimentar
os LEDs do sensor de posição, normalmente em número de 4. O
circuito que transmite os dados consiste, na maioria dos casos,
em um ou mais transistores numa configuração que consuma o
mínimo de corrente possível. A alimentação negativa é obtida do
pino TD. Na figura 2 temos o sinal típico que é enviado pelo
mouse, com tensões que podem variar entre +3 e -3 V até +15 e
-15 V. Estes padrões, entretanto, podem variar um pouco
conforme o tipo de mouse a ser considerado.

Microsoft Serial Mouse


Trata-se do tipo mais popular de mouse tipo de 2 botões.
A maior velocidade de operação deste tipo é de 40 reports/
segundo com 127 contagens por report o que equivale a 5080
contagens por segundo. A faixa típica de operação deles é de 100
a 400 CPI, mas eles podem ser programados para até 1000 CPI.
Nestes mouses de 1000 CPI pode-se movimentar a uma
velocidade máxima de 50,8 polegadas por segundo. Nos mouses
de 400 CPI a velocidade máxima de deslocamento na tela é de
12,7 polegadas por segundo. O conector pode ser de 9 pinos de
25 pinos ou com a identificação dos sinais dada pela seguinte
tabela:
9 pinos 25 pinos Sinal
Blindagem 1 Terra de proteção
3 2 TD - Serial data - do PC para o mouse - só PC
2 3 RD - Serial data - do mouse para o PC
7 4 RTS – Tensão positiva do mouse - request to send
8 5 CTS – Clear to send
6 6 DSR - Data set ready
5 7 Terra do sinal
4 20 DTR - Data terminal ready

No funcionamento normal, tanto as linhas RTS quanto DTR


devem estar positivas. As linhas DTR-DSR e RTS-CTS não podem
ser curto-circuitadas. Os dados são enviados em pacotes de 7 bits
de dados e um bit de stop, numa velocidade de 1200 bps. Os
pacotes são formados por 3 bytes todas as vezes que o mouse
muda de estado. Estes dados têm o formato dado pela tabela a
seguir:

81
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Byte D7 D6 D5 D4 D3 D2 D1 D0
1 x 1 LB RB Y7 Y6 X7 X6
2 x 0 X5 X4 X3 X2 X1 X0
3 x 0 Y5 Y4 Y3 Y2 Y1 Y0

O bit X é 0 se o mouse recebe 7 bits de dados e dois bits


de parada. É possível também usar 8 bits de dados e 1 bit de
parada. Neste caso, o X toma o valor 1. O modo mais seguro de
operação, entretanto, é usar 7 bits de dados e um bit de parada.
O bit marcado com 1 é mandado primeiro e depois os
outros; o bit D6 é usado para sincronizar o envio dos pacotes de
dados.

Extensão de Protocolo Pela Logitech


A Logitech usa o mesmo protocolo nos seus mouses, no
entanto, como o protocolo original usa apenas dois botões, uma
pequena extensão foi criada para permitir o uso de um terceiro.
Neste protocolo, a informação correspondente ao
pressionar do terceiro botão é enviada por um byte extra, que
corresponde ao valor 32 (dec). Quando o terceiro botão está sem
ser pressionado, os dados são enviados na forma normal de 3
bytes. Na figura 2 temos a disposição dos pinos no conector da
Logitech.

Cor do Pino Mini-DIN Logitech - série P Microsoft


Inport
Preto 1 +5V +5 V
Marrom 2 X2 XA
Vermelho 3 X1 XB
Laranja 4 Y1 YA
Amarelo 5 Y2 YB
Verde 6 Esquerdo SW1
Violeta 7 Centro SW2
Cinza 8 Direito SW3
Branco 9 Terra Terra lógico
Blindagem Blindagem Chassi Chassi

82
NEWTON C. BRAGA

Outros Sistemas
Outras empresas podem usar sistemas diferentes em seus
mouses como, por exemplo, o envio de 8 bits de dados com 1 bit
de parada. Neste caso, podemos ter até 5 bytes de dados para
estes dispositivos.

Mouse de Barramento
Existem mouses que podem ser conectados ao PC usando
uma placa encaixada no barramento ISA. O "mouse card" possui
um circuito inteligente, o que permite que o mouse seja dotado
apenas dos detectores e dos botões de controle. Estes
dispositivos são conectados utilizando um conector de 9 pinos
Hosiden, conforme ilustra a figura 3.

Os sinais deste conector são dados pela seguinte tabela:

Pino Função
1 SW2 - Botão do mouse
2 SW3 - Botão do mouse
3 Terra do sinal
4 XB - Sinal de quadratura do sensor
5 YA - Sinal de quadratura do sensor
6 YB - Sinal de quadratura do sensor
7 SW1 - Chave do mouse
8 +5 V
9 XA - Sinal de quadratura do sensor

O leitor deve estar atento para o caso de haver outro tipo


de disposição de pinos no conector, observe a figura 4.

83
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Os terminais deste conector tem as funções dadas pela


seguinte tabela:

Pino Função
1 +5 V
2 XA – Pulso H
3 XB – Pulso HQ
4 YA – Pulso V
5 YB – Pulso VQ
6 SW1 – Chave no mouse - esquerda
7 SW2 – Chave no mouse - centro
8 SW3 – Chave no mouse - direita
9 Terra

Os sensores
Os sensores utilizados nos mouses são do tipo óptico
consistindo num conjunto de LEDs emissores e um conjunto de
fototransistores.
Entre cada par de LEDs e fototransistores existem rodas
denteadas ou perfuradas, conforme mostra a figura 5, que
permitem ao circuito detectar não só o número de dentes ou
furos que passam diante do par interrompendo a luz ou
estabelecendo-a, como também seu sentido.
O movimento destas rodas denteadas é obtido por um
acoplamento a uma esfera de material macio que corre sobre o
"mouse pad". Assim, a esfera ao se movimentar imprime aos
discos ópticos um movimento diferencial, ou seja, com rotações
relativas nas direções X e Y, que são sensoriadas pelos
fototransistores.
Por exemplo, se o movimento for num ângulo de 0 graus,
conforme ilustra a figura 6, apenas um dos discos gira, e se for
num ângulo de 90 graus, apenas o outro. Nos ângulos
intermediários os dois discos giram proporcionalmente,

84
NEWTON C. BRAGA

decompondo a direção do movimento assim como sua


velocidade.

Estas informações são convertidas em valores binários que


são transmitidos serialmente até a unidade do sistema pelos
protocolos que já vimos neste mesmo artigo, e que dependem do
tipo e do fabricante do mouse.
Uma possibilidade interessante de envio dos sinais ao PC é
obtida com os mouses sem fio. Estes, de acordo com a figura 7,
usam um sistema intercomunicador por infravermelho, onde no
mouse temos tanto um LED emissor como um sensor, e o mesmo
ocorre na unidade receptora ligada ao computador.

85
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Os sinais correspondentes ao movimento e ao pressionar


dos botões são enviados na forma de trens de pulsos
infravermelhos, ao mesmo tempo em que o PC responde ao
mouse ou interroga-o para detectar mudanças de posição com
um trem de pulsos no sentido inverso.
Está claro que este tipo exige que não haja nenhum
obstáculo entre os sensores e emissores e que também possui
um alcance limitado.

Nota: hoje, a maioria dos mousers


sem fio usa conexões bluetooth por
sinais de rádio que são mais
eficientes.

TRACKBALLS
Uma variação do mouse, mas que tem o mesmo princípio
de funcionamento, é a trackball. Trata-se de uma pequena esfera
que é encontrada normalmente nos laptops e notebooks e que é
movimentada pelos dedos, conforme mostra a figura 8.

86
NEWTON C. BRAGA

O movimento dessa esfera com os dedos faz com que o


cursor se desloque na tela exatamente como no caso do mouse.
Podemos dizer que se trata de um "mouse invertido" em que o
movimento é feito com os dedos. Trata-se de uma solução
interessante para este tipo de computador que nem sempre
permitem que se tenha espaço para empregar um mouse comum.

MANUTENÇÃO
O problema básico na manutenção de um mouse é a
sujeira que se acumula na esfera macia que movimenta os discos
e que pode causar problemas. A limpeza pode ser feita com
qualquer produto não corrosivo e a esfera deve ser bem seca
antes de ser recolocada.
Outros defeitos básicos que ocorrem são relacionados ao
desgaste dos contatos dos botões, que eventualmente também
podem apresentar problemas pelo acúmulo de sujeira. Neste
caso, pode-se tentar uma solução de emergência ou provisória
com o uso de substâncias limpadoras de contatos.
Temos também o problema do cabo que, pelo movimento
constante do mouse, está sujeito a interrupções e maus contatos
que podem ser verificados com a ajuda do multímetro.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Finalmente, temos as falhas no próprio circuito, que pode


sofrer danos como, por exemplo, a queima de componentes. Um
defeito que verificamos em um computador é a queima repetida
do mouse devido a problemas da própria placa-mãe, que envia
tensões acima do normal ao mouse. Se a queima de mouses for
constante num equipamento, pode-se pensar nesta possibilidade.
Na maioria dos casos de queima de componentes ou
desgaste de contatos ou da própria esfera, a substituição do
mouse é a melhor solução, já que se trata de parte do PC com
custo bastante baixo não compensando o investimento em
reparos, a não ser que se trate de defeito muito simples.

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NEWTON C. BRAGA

RFID – IDENTIFICAÇÃO POR RÁDIO


FREQUÊNCIA

As soluções wireless para segurança, controle,


comunicação de dados vêm ocupando um espaço cada vez maior
na eletrônica de nossos dias. A afirmação que fazemos sempre de
que o mundo está se tornando “wireless”, a cada dia se torna
mais evidente. O que mostraremos aos leitores neste artigo é
justamente uma dessas soluções: a identificação por rádio
frequência ou RFID (Radio Frequency Identification). Veja neste
artigo como esta tecnologia funciona e como você pode adotá-la
como uma solução específica para o produto que você está
desenvolvendo. Este artigo foi elaborado com base em material
fornecido pela Texas Instruments e Globalid. Em 2004
A identificação por rádio frequência (RFID) surgiu em 1960
com a finalidade de resolver os problemas de acompanhamento e
acesso em sistemas que não permitiam o contato direto e em
ambientes hostis onde o código de barra não podia ser aplicado.
A ideia básica da tecnologia de identificação por rádio
frequência consiste em se utilizar um microchip ligado a uma
antena, operando tanto em baixas como altas frequências. Esse
microchip consiste num transponder que não necessita de fonte
de alimentação, pois o sinal que o excita vem diretamente de um
circuito de leitura/gravação que o excita, conforme mostra a
figura 1.

Figura 1

89
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Ao ser excitado, o circuito é alimentado enviando ou


recebendo dados que estejam gravados. Trata-se, portanto, de
um transponder, ou seja, um circuito que transpõe informações
ao receber um comando para essa finalidade.
O exemplo mais comum deste tipo de aplicação pode ser
visto nas chaves de automóvel com transponder. No chip existe
uma codificação gravada que libera o circuito de partida.
Quando a chave é introduzida no contato, o circuito de
excitação que controla o sistema de partida, envia o sinal de
excitação para o transponder. O transponder responde então
enviando o código que libera o sistema de partida e somente
assim o veículo pode ser colocado em funcionamento, conforme
mostra a figura 2.

Figura 2

O exemplo que demos, entretanto, é apenas um dentre a


enorme quantidade de aplicações possíveis para a tecnologia.
As dimensões ultra reduzidas do chip, a não necessidade
de fontes de alimentação e a operação em distâncias que chegam
a algumas dezenas de centímetros, a não necessidade de
conexões físicas ou ópticas para o sistema de leitura o que
permite que os sinais atravessem obstáculos pequenos, abre
portas para aplicações fantásticas dessa tecnologia, muitas das
quais já em uso de forma eficiente tais como:

90
NEWTON C. BRAGA

 Identificação de gado com a utilização de brincos contendo


os transponders (tag) ou mesmo implantação.
 Chaves de segurança para veículos
 Identificação de CDs
 Identificação de botijões de gás
 Identificação de árvores em plantações
 Controle de acessos
 Controle de produtos e bagagens
 Cartões de embarque e passaportes
 Documentos

Na figura 3 mostramos os formatos típicos em que os


microchips e suas antenas podem ser encapsulados para as
aplicações citadas.

Os diâmetros típicos em que os tags podem ser


encontrados no Brasil são de 20 mm e 30 mm. Também existem
os tags em forma de pinos, em invólucros para implantação e o
fabricante pode criar um invólucro especial de acordo com a
aplicação como, por exemplo, na forma de cartões, botões,
etiquetas etc.
Na figura 4 mostramos alguns tipos diferentes de TAGs
com o nail tag que é usado em identificação de árvores.

91
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Por Dentro do Circuito


Na figura 5 temos um tag (transponder) típico de RFID
onde destacamos as reduzidas dimensões do chip.

Figura 5

Dependendo do modelo do chip, a transferência de dados


pode ser feita em velocidades diferentes. A capacidade de
armazenamento do chip depende da aplicação e poderá estar
entre 256 bits e 2 kbits.
Existem duas possibilidades para o armazenamento de
dados no chip:

92
NEWTON C. BRAGA

Chip somente de leitura, sendo este numerado na fábrica,


e com uma capacidade de memória que depende da aplicação.
Chip que permite leitura e gravações com capacidade de
memória que depende da aplicação.

Leitura e Gravação
A leitura e a gravação do tag é feita por um equipamento
especial, havendo disponível diversos modelos que dependem da
aplicação.
Assim, podemos ter a leitura/gravadora on line que contata
o tag através de sinais recebidos/emitidos por uma antena e os
envia via RS232 ou RS485 a um equipamento de processamento,
conforme a aplicação. Na figura 6 mostramos como isso é feito.

Figura 6

Outro tipo de leitura/gravadora é a do tipo on line/off line,


que pode ser transportada facilmente já que possui o micro
controlador que registra as informações ou grava as informações
desejadas em qualquer parte. Esse equipamento também possui
recursos para transferir os dados coletados a um sistema de
processamento via RS232 ou RS485, conforme mostra a figura 7.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Figura 7

O alcance do sistema para leitura e gravação depende


basicamente do tamanho da antena. Assim, na figura 8 temos um
exemplo de comportamento do tag para o caso de diversos tipos
de antenas num tag de 30 mm.

Figura 8

94
NEWTON C. BRAGA

Para um tag de 50 mm podem ser conseguidas distâncias


maiores e as empresas trabalham no sentido de se obter
distâncias de leitura e gravação cada vez maiores.

Quem Fabrica
Os chips para os tags são fabricados por empresas como a
Philips. Atmel, Motorola etc. Normalmente, essas empresas
licenciam outras empresas que constroem o tag, como a Globalid
no Brasil. Essas empresas criam então as soluções específicas
para os clientes.
A Texas Instruments, fornece a plataforma ISO14443 de
multifrequência, mostrada na figura 9.

Figura 9

O sistema Texas de identificação por RF, consta do módulo


de leitura S4100 multifunção mostrado na foto, e opera com total
segurança numa plataforma sem contatos.

95
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

CONVERSORES DE DADOS – I

PARÂMETROS
Os conversores de dados fazem parte de uma infinidade
de aplicações eletrônicas modernas. Convertendo dados da forma
digital para analógica (DAC) ou da forma analógica para digital
(ADC), os conversores operam em conjunto com
microprocessadores, são parte integrante de DSPs e estão
presentes numa infinidade de aplicações onde sinais analógicos e
digitais devam ser processados e convertidos.
Nessa série de artigos (segundo vem a seguir), feitos com
base em ampla documentação da Texas Instruments,
analisaremos um pouco dos principais problemas que envolvem o
uso de conversores de dados, com especial ênfase para pontos
que muitos projetistas, mesmo experientes, às vezes esquecem
ou não conhecem e podem comprometer um projeto que são as
interpretações das especificações e os erros.

Nota: este artigo é indicado aos


técnicos e engenheiros com boa base
em eletrônica digital.

Converter dados da forma digital para analógica e vice


versa não é tão simples como parece.
A infinidade de tipos de conversores, com características
que nem sempre são bem interpretadas, pode complicar as coisas
para um projetista e muito mais que isso, induzi-lo a uma escolha
errada.
Nesse primeiro artigo de nossa série de 3 falaremos dos
parâmetros que devem ser observados num conversor de dados
ADC ou DAC, dando elementos para que os projetistas tenham
condições de interpretar corretamente os dados de suas folhas de
especificações e assim não errar na escolha do tipo apropriado
para seu projeto.

96
NEWTON C. BRAGA

O Conversor Ideal
O conversor Analógico-Para-Digital (ADC) ideal tem uma
curva de conversão que é uma linha reta.
No entanto, na prática, dada a quantidade finita de valores
que podem ser representados na forma digital com um
determinado número de bits, a curva real de um conversor é uma
escada, conforme mostra a figura 1.

Da mesma forma, o conversor Digital-Para-Analógico ou


DAC ideal tem também uma curva que seria representada por
uma linha reta, com infinitos pontos de conversão.
No entanto, na prática essa curva também é uma escada
onde o número de degraus ou passos depende do número de bits
e, portanto, a quantidade de valores individuais que podem ser
convertidos, conforme mostra a figura 2.

97
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Analisemos os dois tipos de conversores separadamente


para entendermos melhor o que essa fuga do comportamento
ideal pode representar na escolha de um conversor.

O Conversor Analógico-Para-Digital ou ADC


Um ADC só pode representar uma quantidade de valores
finitos do sinal de entrada. Conforme vimos pela figura 1 cada
código digital de saída representa apenas uma fração da faixa
analógica de entrada.
Como a escala de valores analógicos é contínua e a faixa
de códigos digitais é discreta, existe um processo de quantização
na conversão que introduz um erro. À medida que o número de
códigos discretos aumenta, os degraus da escada de conversão
se tornam menores e a função de transferência se aproxima de
uma linha reta ideal.
No projeto de um ADC os degraus ou passos são
projetados de modo a ter transições que fiquem no ponto médio
de cada um na escada de conversões, justamente por onde passa
a linha que corresponderia a um conversor ideal.
A largura de um degrau é definida como 1 LSB (Least
Significant Bit) ou bit menos significativo e é utilizada também
como referência para outras grandezas nas especificações dos

98
NEWTON C. BRAGA

conversores. Ela também pode ser utilizada para indicar a


resolução de um conversor, já que ela define o número de
divisões ou unidades da escala analógica varrida pelo conversor.
Isso significa que ½ LSB representa uma quantidade
analógica que corresponde à metade da resolução analógica. A
resolução de um ADC é normalmente expressa pelo número de
bits do código digital de saída.
Por exemplo, um ADC com n bits de resolução tem 2n
códigos digitais de saída os quais definem 2n degraus na
“escada” de conversão. No entanto, se levarmos em conta que o
primeiro degrau (zero), e o último degrau, têm apenas metade da
largura total dos demais degraus, devemos dizer que a escala
total (full-range) ou FSR está dividida em 2n –1 degraus.
Isso significa que para um conversor de n bits temos:

1 LSB = FSR/(2n – 1)

O Conversor Digital-Para-Analógico
Um conversor Digital-Para-Analógico só pode representar
um número limitado de códigos digitais de entrada. Com isso ele
só pode fornecer um número finito de valores analógicos de
saída, conforme vimos pela curva de transferência da figura 2.
Para um DAC, 1 LSB corresponde a altura de um passo
entre dois valores analógicos de saída (veja a figura 2), e isso vale
da mesma forma para um ADC. Um DAC pode ser comparado a
um potenciômetro controlado digitalmente no qual a escala de
valores de saída é determinada pelo código digital de entrada.

Erros
Como os conversores não são perfeitos, fugindo do
comportamento ideal pelas características que vimos, erros são
introduzidos.
Analisemos alguns desses erros.

Fontes de Erros Estáticos

99
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Erros estáticos são aqueles que afetam a precisão de um


conversor quando ele converte sinais estáticos (DC). Esses erros
podem ser resumidos em quatro espécies: erro de offset, erro de
ganho, não linearidade integral e não linearidade diferencial.
Cada um desses erros pode ser expresso em termos de
unidades LSB ou ainda na forma de uma porcentagem. Por
exemplo, um erro de ½ LSB num conversor de 8 bits corresponde
a um FSR de 0,2%. Analisemos em detalhes esses erros:

a) Erro de offset
O erro de offset, como mostra a figura 3, é definido como a
diferença entre o o s pontos nominais e reais de offset.

Para um ADC o ponto de offset é o valor de meio degrau


quando a entrada digital é zero. Para um DAC é o valor do
degrau quando a entrada digital é zero.
Esse tipo de erro afeta todos os códigos da mesma forma
(com a mesma intensidade) e pode normalmente ser compensado
com um processo de ajuste ou compensação. Se o ajuste ou
compensação não é possível, o erro é referido como erro de
escala zero ou “zero-scale” se indicarmos o termo em inglês.

b) Erro de Ganho
O erro de ganho mostrado na figura 4, e é definido como a
diferença entre o ponto nominal e o ponto de ganho real na

100
NEWTON C. BRAGA

função de transferência, depois de feita a correção do erro de


offset para zero.

Para um ADC o ponto de ganho está no centro do degrau


quando a saída digital está no final da escala. Para um DAC, é o
valor do degrau quando a entrada digital está no seu valor
máximo.
Esse erro representa a diferença entre ao desvio real e a
função de transferência ideal já que ele tem sempre a mesma
porcentagem de erro para cada degrau. Ele também pode ser
normalmente reduzido para zero através de compensação ou
ajuste.

c) Erro de Não-Linearidade Diferencial ou DNL


(Differential Nonlinearity Error)

O erro de não-linearidade diferencial é mostrado na figura


5 e algumas vezes é chamado simplesmente de linearidade
diferencial.

101
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

No caso de um ADC esse erro é dado pela diferença entre


a largura real do degrau ou a altura do degrau no caso de um
DAC e o valor ideal é de 1 LSB.

102
NEWTON C. BRAGA

Se a largura ou altura do passo for exatamente 1 LSB


então o erro de não-linearidade diferencial é zero. Se o DNL for
maior que 1 LSB então o conversor pode tornar-se não-
monotônico, ou seja, a magnitude da saída será menor para um
aumento da magnitude da entrada.
Num ADC existe ainda a possibilidade que ocorra a
ausência de códigos, ou seja, ou ou mais dos 2n códigos de saída
nunca estará presente na saída.

d) Erro Integral de Não-Linearidade (INL)


O erro integral de não linearidade (Integral Nonlinearity
Error) abreviado por INL é mostrado na figura 6.

103
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Esse erro é dado pelo desvio da reta ideal do valor na


função real de transferência. Essa linha reta pode ser tanto a
melhor linha reta que seja desenhada para minimizar esses
desvios ou pode ser uma linha reta traçada entre os pontos
extremos da função de transferência, uma vez que os erros de
ganho e offset tenham sido modificados.
O segundo método é denominado linearidade de pontos
extremos. Para um ADC, os desvios são medidos nas transições
de um degrau para o seguinte e para os DACs são medidos a
cada degrau.
O nome não-linearidade integral deriva do fato de que a
soma das não linearidades diferenciais de baixo para cima de um
degrau específico determina o valor da não-linearidade integral
naquele passo.

e) Erro de Precisão Absoluta (total)


A precisão absoluta ou erro total de um ADC é
representado na figura 7.
Trata-se do valor máximo que a diferença entre um valor
analógico tem em relação ao valor médio do degrau. Esse erro
inclui o os erros de ganho, de offset e de não-linearidade integral
assim como o erro de quantização no caso dos ADCs.

104
NEWTON C. BRAGA

f) Erro de Abertura
O erro de abertura é causado pela incerteza no instante
em que a amostragem e manutenção passa do modo de
amostragem para o modo de manutenção, conforme mostra a
figura 8.

105
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Essa variação é causada pelo ruído no clock ou pelo sinal


de entrada. O efeito do erro de abertura é uma limitação para a
fixação frequência máxima de um sinal senoidal aplicado na
entrada porque ele define a taxa máxima de crescimento do sinal.
As fórmulas que determinam esse erro são dadas na
própria figura acima.

Efeitos da Quantização
Na prática, os sinais analógicos na entrada de um ADC
formam um espectro contínuo de valores, com um número infinito
de estados possíveis. No entanto, a saída digital é uma função
discreta com um número finito de estados que são determinados
pela resolução do dispositivo.
Em consequência disso, parte dos valores de tensões
diferentes aplicadas na entrada são representadas pelo mesmo
valor digital na saída. Parte da informação é, portanto, perdida, e
uma distorção no sinal é introduzida.

106
NEWTON C. BRAGA

Isso é o que denominamos de ruído de quantização.


Para uma escada de transferência ideal de um ADC, o erro
entre o valor real da entrada e a forma digital obtida na saída tem
uma densidade de probabilidade uniforme se o sinal de entrada
for considerado aleatório. Ele pode variar na faixa de +/- ½ LSB
ou +/-q/2 onde q é a largura de um passo, como mostra a figura
9.

Nela temos as fórmulas que permitem calcular esse erro.

Amostragem Ideal
Quando se converte um sinal contínuo em relação ao
tempo numa representação digital, o processo de amostragem é
um requisito fundamental para o bom funcionamento disso. No

107
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

caso ideal, a amostragem consiste num trem de pulsos que são


infinitamente estreitos e tenham uma unidade de área.
A recíproca do tempo entre cada impulso é chamada taxa
de amostragem (sample rate). O sinal de entrada também deve
ser também ter suas características limitadas, não contendo
componentes acima de certo valor no seu espectro, conforme
mostra a figura 10.

A condição de amostragem ideal é representada tanto nos


domínios de frequência como de tempo. O efeito da amostragem
no domínio do tempo produz um trem modulado em amplitude
que representa o valor do sinal no instante da amostragem.
No domínio de frequências o espectro do trem de pulsos é
uma série de frequências discretas que são múltiplas da taxa de
amostragem. A amostragem convolve o espectro do sinal de
entrada de tal forma que o trem de pulsos produz o espectro
combinado mostrado na figura, com duas bandas laterais em

108
NEWTON C. BRAGA

torno de cada frequência discreta, que são produzidas no


processo de modulação em amplitude.
O efeito de algumas frequências mais altas é refletido de
tal forma que há a produção de uma interferência nas frequências
mais baixas. Essa interferência causa distorção que é chamada
tecnicamente “aliasing” ou “falseamento”.
Se o sinal de entrada é manuseado de modo a ter
limitações para uma frequência determinada fl, numa frequência
de amostragem fa como mostra a figura 0, o desvio e o fenômeno
de falseamento não vão ocorrer se:

fl < fa – fl

ou seja:

2fl < fa

Dessa forma, na amostragem realizada numa frequência


que seja pelo menos duas vezes maior que a frequência do sinal
de entrada o fenômeno do aliasing ou falseamento não ocorre e a
informação contida no sinal pode ser extraída.
Esse é o Teorema da Amostragem de Nyquist que fornece
o critério básico para a seleção da taxa de amostragem
necessária à conversão de um sinal de entrada numa
determinada faixa de frequências.

A Amostragem Real
O conceito de pulso é útil para simplificar a análise do
processo de amostragem. No entanto, trata-se de um ideal
teórico que pode ser aproximado, mas nunca alcançado na
prática.
Em lugar disso, o sinal real é uma série de pulsos com um
período que é igual ao recíproco da frequência de amostragem. O
resultado da amostragem com o trem de pulsos é uma série de
pulsos modulados em amplitude conforme mostra a figura 11.

109
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Examinando o espectro do trem de pulsos retangulares


observamos uma série de frequências discretas, mas a amplitude
dessas frequências é modificada por um envelope. O erro

110
NEWTON C. BRAGA

resultante disso pode ser controlado por um filtro que compensa


o envelope senoidal. Ele pode ser implementado como um filtro
digital num DSP ou utilizando técnicas analógicas convencionais.

O Efeito de Falseamento e Considerações


Nenhum sinal é realmente determinístico e em
consequência, na prática, ocupa uma faixa infinita de frequências.
Entretanto, a energia nas componentes de frequências mais altas
diminuem gradualmente de tal forma que a partir de certo valor,
sua presença pode ser considerada irrelevante. Esse valor pode
servir de referência para a elaboração de um projetista.
Como mostrado, a intensidade do falseamento ou aliasing
é afetada pela frequência de amostragem e pela largura de faixa
relevante do sinal de entrada, filtrado da forma necessária.
O fator que determina quanto de falseamento pode ser
tolerado é em última análise a resolução do sistema. Se o
sistema tem baixa resolução, então o piso de ruído é
relativamente alto e o efeito de falseamento não aparece de
modo significativo.
No entanto, num sistema de alta resolução, o efeito do
falseamento pode aumentar o piso de ruído consideravelmente e
então deve ser controlado de forma mais completa. Uma forma
de prevenir o efeito de falseamento é aumentar a taxa de
amostragem.
No entanto, a frequência está limitada pelo tipo de
conversor usado assim como pela taxa máxima de clock do
processador digital que recebe e transmite os dados. Assim, para
reduzir os efeitos de falseamento para níveis aceitáveis, filtros
analógicos devem ser usados de modo a alterar o espectro do
sinal de entrada, conforme mostra a figura 12.

111
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Escolha do Filtro
Conforme vimos, na amostragem existe uma solução ideal
para a escolha do filtro e para a realização prática que não
comprometa o projeto. O filtro ideal é considerado uma barreira
que não introduz nenhuma atenuação na faixa passante e ao
mesmo tempo corta instantaneamente os sinais indesejáveis.
Na prática isso não ocorre, pois todo filtro introduz certa
atenuação na faixa passante, tem uma resposta finita e deixa
passar algumas frequências na faixa que deve ser bloqueada.
Além disso, ele também pode introduzir distorção de fase e de
amplitude nos sinais.
A escolha admite diversas possibilidades.

a) Filtro Butterworth
b) Filtro de Chebyshev
c) Filtro Inverso de Chebychev

112
NEWTON C. BRAGA

d) Filtro de Cauer
e) Filtro de Bessel-Thomson

Cada um desses filtros apresenta características


apropriadas para determinados tipos de projetos, devendo o
projetista de conversores de dados conhecê-los muito bem para
saber qual deve usar numa aplicação.
Continua no próximo capítulo.

113
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

CONVERSORES DE DADOS

Parte II – Arquiteturas
No primeiro artigo dessa série de 3, falamos da
importância dos ADCs e DACs na eletrônica moderna e como a
correta interpretação de suas características técnicas pode
comprometer um projeto. Continuamos nossa série analisando as
diversas arquiteturas desses circuitos, com especial ênfase
aquelas que estão diretamente associadas ao bom desempenho
de processadores, como nos DSPs. Esse artigo é baseado em
informações obtidas principalmente no Data Converter Selection
Guide da Texas Instruments.
Os ADCs e DACs podem ter as mais diversas arquiteturas
as quais dependem de diversos fatores como o número de bits, a
velocidade, a precisão etc.
A variedade de arquiteturas é um dos obstáculos para o
projetista que nem sempre, conhecendo todas elas da forma
como deveria, pode ser tentado a usar um tipo de conversor
numa aplicação em que outro tipo poderia ser mais vantajoso.
E, quando falamos em mais vantajoso não se deve levar
em conta apenas velocidade e custo. As aplicações modernas são
muito mais sensíveis a características como tamanho, filtragem,
sensibilidade a ruídos, erros etc.
A seguir, daremos uma visão geral das diversas
arquiteturas utilizadas nos conversores de dados, começando
pelos ADCs (Conversores Analógicos-Para-Digitais).

DELTA-SIGMA (ΔΣ)
Num ADC Delta-Sigma o sinal de entrada é
sobreamostrado por um modulador numa taxa de amostragem
muito alta. Depois, esse sinal é filtrado e decimado de modo a
produzir um fluxo de dados de alta resolução através de um filtro
digital que opera numa velocidade menor.
Na figura abaixo temos um diagrama de blocos que
representa esse tipo de conversor de dados.

114
NEWTON C. BRAGA

Os conversores Delta-Sigma podem apresentar uma


precisão muito alta sendo ideais para converter sinais analógicos
que vão desde correntes contínuas até sinais de alguns
megahertz. A arquitetura Delta-Sigma permite que haja uma
relação contínua entre velocidade, resolução e consumo de
potência o que a torna extremamente flexível.
Como esses conversores fazem uma sobreamostragem
das entradas, eles podem também realizar as filtragens anti-
falseamento no domínio digital.
Dentre as aplicações típicas para os ADCs Delta-Sigma
podemos citar as que envolvem o controle de processos
industriais, instrumentação analítica e de teste, instrumentação
médica e áudio digital. Ao se utilizar um ADC Delta-Sigma devem
ser feitas as seguintes considerações de projeto:

a) Taxa de Amostragem
O número de vezes por segundo em que o sinal de entrada
é amostrado define a taxa de amostragem ou “sampling rate”.Em
boa parte dos conversores comuns, essa taxa também é aquela
em que eles enviam os dados ou taxa de dados “data rate”.
Nos conversores Delta-Sigma, a taxa de amostragem é
muito maior do que a taxa de dados.

b) Taxa de Dados
O número de amostragens enviadas por segundo define a
taxa de dados ou “data rate”. Os conversores Delta-Sigma
amostram a entrada numa velocidade muitas vezes maior do que
aquelas em que eles enviam os dados.
Em alguns casos, essa velocidade de envio de dados ou
“data rate” pode ser programada.

115
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

c) Relação de decimação
A relação entre a taxa de amostragem e a taxa de dados
dá a relação de decimação ou “decimation ratio”. Em muitos
conversores Delta-Sigma essa relação pode ser ajustada.
Uma relação de decimação maior resulta numa taxa de
envio de dados menor. Essa taxa também é chamada de relação
de sobreamostragem ou “oversampling ratio”.

d) Tempo de Acomodação do Filtro


Normalmente os conversores Delta-Sigma são utilizados
para amostrar sinais numa faixa limitada de sinais. Quando um
conversor se vê diante de um sinal que varia de uma forma muito
rápida como, por exemplo, um degrau ou um pulso, o seu filtro
deve passar por um processo denominado “acomodação” ou
“setting”. Esse processo ocorre porque a saída do filtro não pode
mudar tão rapidamente como a sua entrada. Durante esse
processo, a saída do filtro faz uma aproximação do estado,
eventualmente alcançado o nível do sinal de entrada. O intervalo
de tempo que demora para o filtro “acomodar” é normalmente
expresso em termos de ciclos de conversão. Um filtro que se
acomoda depois de 4 ciclos produz pelo menos três saídas
inválidas de dados. Quando se projetam circuitos multiplexados
essa característica deve ser observada com cuidado.

e) ENOB
Trata-se do acrônimo para “Effective Number of Bits” ou
Número Efetivo de Bits. É uma forma de se expressar a relação
sinal-ruído inerente de um conversor de dados.
Esse valor é expresso em termos RMS.

f) Bits Livres de Ruído


O termo inglês usado é Noise-Free Bits e consiste no
número de bits mais significativos de um conversor que
permanecem constante para um sinal de entrada DC.

g) Frequência do Modulador
Trata-se da frequência segundo a qual o modulador
processa o sinal de entrada. Normalmente, mas não sempre,
essa frequência é igual a taxa de amostragem.

116
NEWTON C. BRAGA

h) Formatação de Ruído
Esse termo, chamado “Noise Shaping” em inglês, define a
característica especial de um modulador Delta-Sigma.Os
moduladores Delta-Sigma fazem a quantização do sinal de
entrada num fluxo de alta velocidade, mas de baixa resolução
com uma propriedade especial: diferentemente dos sistemas
normais de amostragem, a maior parte do ruído de quantização
aparece como ruído de alta frequência.
A formatação do ruído dá ao conversor Delta-Sigma a
importante vantagem em relação a outros sistemas de
sobreamostragem: com ela pode ser obtida uma resolução mais
alta para uma determinada relação de sobreamostragem.

i) Ruído de Quantização
Trata-se da diferença entre o sinal real e o sinal convertido
após sua quantização, não incluindo os erros DC e de linearidade.

j) Ordem do Modulador
O modulador mais simples de um conversor Delta-Sigma é
o de “primeira ordem”. Moduladores de ordem mais alta cortam
o ruído de quantização mais fortemente, produzindo menos ruído
na faixa passante.
No entanto os moduladores de ordem mais elevada são
mais difíceis de projetar e consomem mais energia, além de
ocuparem mais espaço no chip.

CONVERSORES SAR
SAR significa Sucessive-Approximation Register ou
registrador de aproximações sucessivas. Os ADCs SAR são os
preferidos quando se procura uma arquitetura com média para
alta resolução e velocidades médias de amostragem.
A faixa de resoluções um ADC SAR é de 8 a 16 bits com
velocidades típicas menores do que 10 MSPS (Milhões de
Amostragens por Segundo). O conversor SAR opera da mesma
forma que uma balança de pesar.
Num lado é colocado um peso desconhecido ao mesmo
tempo em que no outro pesos conhecidos vão sendo colocados
um a um até que ela encontre o ponto de equilíbrio. O peso
desconhecido pode então ser medido pela simples contagem dos
pesos que foram colocados até se obter o equilíbrio.

117
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Na figura 2 temos um diagrama de blocos que representa


esse tipo de arquitetura.

No conversor SAR, o sinal é o peso desconhecido que é


amostrado e retido. Essa tensão é então comparada
sucessivamente com tensões conhecidas até que se obtenha o
resultado. Ao se projetar um equipamento que utiliza este tipo de
conversor devem ser feitas as seguintes considerações:

a) Tempo de Aquisição
É o tempo que o circuito interno de amostragem e
retenção demora para adquirir o sinal e fixá-lo com ½ LSB da
resolução do conversor.

b) Tempo de Conversão
É o tempo que demora para o conversor SAR para
converter o sinal adquirido em um sinal digital. Esse tempo
normalmente é de N+1 ciclos de clock do conversor, onde N é o
número de bits de resolução.

c) Nenhum código ausente


Um conversor com mais de 1 LSB de não linearidade
diferencial em dois códigos adjacentes pode fazer com que dois
valores diferentes de entrada apareçam na saída como um único
valor (veja o artigo anterior da série). Isso significa que existe um
código faltando. Um conversor SAR ideal com N bits de resolução
tem N bits de nenhum código ausente.

d) Clock interno/externo
O clock que controla o processo de conversão pode estar
embutido no conversor ou pode ser externo, fornecido pelo

118
NEWTON C. BRAGA

usuário. O uso de um clock externo permite que a velocidade


seja diminuída durante o processo de aquisição.
Aumentando esse tempo, pode-se aumentar a precisão já
que a entrada tem mais tempo para se acomodar. Um clock
externo também permite que as funções do sistema sejam
sincronizadas com outros circuitos do mesmo equipamento.

e) Entradas Bipolares/Pseudo-Bipolares
Muitos conversores SAR modernos operam com fonte de
alimentação simples e podem apenas aceitar sinais de entrada
que oscilem entre 0 e o valor máximo da tensão de alimentação.
Em muitas aplicações o sinal de entrada é bipolar
oscilando entre valores positivo e negativos. Conversores que
podem trabalhar com esses sinais são denominados bipolares.
Num conversor pseudo-bipolar o que se faz é trabalhar
com uma entrada que oscile entre o ponto médio da escala de
tensões de entrada, sendo a metade superior para valores
positivos e a inferior para valores negativos.
O projetista deve tomar cuidado na escolha de um
conversor que possa trabalhar com o tipo de sinal que ele vai ter
na entrada.

CONVERSORES PIPELINE
ADCs que taxas de conversão de dezenas de MSPS são
preferivelmente baseados na arquitetura “pipeline”.
O ADC Pipeline consiste em N etapas idênticas
cascateadas, conforme mostra o diagrama de blocos da figura 3.

119
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

A saída digital de cada etapas é combinada de modo a


produzir os bits paralelos de saída. Dessa forma um valor
digitalizado se torna disponível a cada ciclo do clock.
O processo de combinação dos dados internamente requer
um intervalo digital ou “latência de dados”, que é designado
normalmente por “pipeline delay” ou latência de dados.
Na maioria das aplicações esse calor não é uma limitação
para o projeto, podendo ser expresso na forma de um número de
clocks e é constante. Uma característica importante dessa
arquitetura que permite um alto desempenho em altas
frequências é a entrada diferencial de sinais. A configuração de
entrada diferencial resulta numa faixa dinâmica ótima já que ela
distingue menores amplitudes de sinais e rem uma redução de
harmônicas de todas as ordens. Além disso, esses ADCs utilizam
alimentação simples de +5 V ate – 1,8V. Aos principais pontos a
serem considerados num projeto são:

a) Taxa de Amostragem
É a velocidade máxima que o conversor pode adquirir e
converter para a forma digital um sinal de entrada, mantendo
uma determinada performance.

120
NEWTON C. BRAGA

Essa taxa de amostragem também leva em conta que


muitos ADCs do tipo Pipeline possuem um circuito de
amostragem e retenção internos (Sample-and-Hold ou S/H). A
taxa de amostragem para conversores de alta velocidade é
normalmente indicada em MSPS (Mega Amostragens por
Segundo).

b) Retardo da Pipeline
É expresso pelo número de clocks a partir do instante em
que a amostragem é adquirida até estar disponível na saída do
ADC.

c) SFDR
SFDR é o acrônimo para Spurius Free Dynamic Range ou
Faixa Dinâmica Livre de Espúrios.
Essa especificação indica a distância em dB da amplitude
fundamental ao pico do componente espúrio no espectro de
frequências de saída. O pico pode ter tanto natureza harmônica
como não harmônica.

d) SNR
A relação sinal-ruído ou Sinal-to-Noise Ratio (SNR) indica a
relação em termos rms entre o sinal e outros componentes
espectrais, excluindo as primeiras cinco harmônicas e a
componente dc. Essa relação é especificada em unidades dBc ou
dBFS para uma determinada frequência e taxa de amostragem.

e) Jitter de Abertura
A modulação em fase do clock de modulação provoca uma
variação de amostra para amostra no momento exato em que o
amplificador S/H adquire uma amostra. O jitter de abertura
caracteriza a capacidade do ADC de digitalizar rapidamente
mudanças do sinal de entrada.
Em aplicações de subamostragem, essa característica é
importante.

DACs
Os conversores Digitais-para-Analógicos ou DACs também
podem ser encontrados com diversas arquiteturas e, da mesma

121
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

forma, o projetista precisa estar atento às características de cada


uma ao fazer seu projeto.
Passamos agora a analisar as características dos DACs.

DAC Delta-Sigma (ΔΣ)


Os DACs Delta-Sigma são o inverso dos ADCs Delta-Sigma.
É comum o uso do termo “converse” em lugar de “inverse”
na literatura inglesa, mas a palavra “converso” não é existe em
nosso idioma com o significado atribuído.
Os DACs Delta-Sigma incluem uma interface serial,
registradores de controle, modulador, capacitor comutado e um
clock para o modulador e filtro. Na figura 4 mostramos o
diagrama de blocos de um conversor desse tipo.

Esses conversores possuem uma alta resolução além de


exigirem pouca energia o que os torna ideal para o controle em
laço fechado nas aplicações de controle industrial, equipamento
de teste e medida de alta resolução, equipamentos alimentados
por bateria e sistemas isolados.
A rede R-2R de resistores é o principal elemento dessa
arquitetura.

122
NEWTON C. BRAGA

Ao desenvolver um projeto que utilize um conversor desse


tipo, o projetista deve estar atento para os seguintes pontos:

a) Erros Estáticos
São os erros que afetam a precisão dos sinais e podem ser
descritos em 4 termos, conforme analisamos de forma mais
detalhada na primeira parte desse artigo.

b) Erros de Offset
Definidos como a diferença entre os pontos nominais e
reais de offset, esses erros também foram abordados na primeira
parte desse artigo.

c) Erro de Ganho
O erro de ganho é definido como a diferença entre os
pontos de ganho reais e nominais na função de transferência
depois que o erro de offset tenha sido corrigido para zero.
Mais informações podem ser obtidas na primeira parte
desse artigo.

d) Erro de Não-Linearidade Diferencial (DNL)


Definido como a diferença entre a largura real de degrau
para um ADC ou a altura de um degrau para um DAC e o valor
ideal de 1 LSB, esse erro foi abordado em detalhes na primeira
parte desse artigo.

e) Erro de Não-Linearidade Integral (INL)


Trata-se do desvio dos valores da função de transferência
real da reta ideal, também abordado em detalhes na primeira
parte do interior.

f) Características dinâmicas
São as características de erros que afetam o
comportamento de um DAC durante as transições dos sinais.
Os itens seguintes descrevem os fatores que afetam esse
comportamento.

g) Tempo de Acomodação
Já descrevemos o tempo de acomodação definindo como o
tempo necessário para que a saída alcance um valor final dentro
dos limites definidos pela banda de valores.

123
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Para um DAC que tenham um erro de acomodação de +/-


½ LSB numa escala de 5 V então com 12 bits, a banda de erros
permitida será de +/- 0,601 mV e para um DAC de 16 bits um erro
de +/- 0,038 mV.
Veja que o dispositivo de 16 bits não é mais lento que o de
12, ele simplesmente precisa de mais tempo para atingir as
especificações.

h) Glitch
Quando se fala no tempo de acomodação, o tempo total
para que os transientes sejam fixados foi considerado, mas para a
natureza desses transientes.
O “glitch” é definido como a quantidade de carga injetada
na saída analógica a partir das entradas digitais quando as
entradas mudam de estado. Essa medida é feita quando a
mudança ocorre entre estados em que a maior quantidade de bits
é alterada, por exemplo de 7FFF HEX para 8000 HEX.
Os efeitos do glitch podem ter consequências que
dependem da aplicação.

i) Feedthrough Digital
Esse termo, que não traduzimos, indica quando um DAC
não é selecionado e uma atividade lógica digital de alta
frequência é aplicada na sua entrada aparecendo na saída como
ruído.

j) Distorção Harmônica Total + Ruído


É definido como a relação entre a raiz quadrada da soma
dos quadrados dos valores das harmônicas e ruídos em relação à
frequência fundamenta.
Essa característica é expressa em termos de porcentagem
ou dB da amplitude da frequência fundamental numa
determinada taxa de atualização.

CURRENT STEERING
A maioria dos conversores digitais-para analógicos
modernos são fabricados em processos CMOS submicron ou
BiCMOS. Esses conversores conseguem alcançar taxas de
conversão de 500 MSPS e resoluções de 14, ou mesmo 16 bits.

124
NEWTON C. BRAGA

Para se conseguir tais velocidades e resoluções, tais DACs


empregam uma arquitetura cujo nome em inglês é “current
steering” ou direcionamento de corrente.
Na figura 5 temos um diagrama de blocos desse tipo de
conversor.

Nesse circuito temos fontes segmentadas de corrente.


Existe no cerne do circuito um elemento com um “array”
de fontes que, em conjunto fornecem a corrente total de saída,
tipicamente de 20 mA. Um decodificador interno endereça a cada
chave quando ela deve ou não fornecer corrente, cada vez que o
DAC é atualizado. Direcionando as correntes de todas as fontes,
ao se somarem sobre uma carga ela formam o sinal analógico de
saída. Para que o desempenho seja o melhor o ideal é que a
tensão sobre a carga seja a menor possível, de modo a se obter
maior linearidade do conversor. Ao utilizar esse tipo de conversor
o projetista deve estar atento para os seguintes pontos:

a) Taxa de Atualização
É a taxa na qual o conversor muda seu sinal de saída como
consequência da atualização do latch interno. Essa taxa é dada
pela frequência de clock.

b) Compliância da Tensão de Saída – Vco


Para um DAC que fornece sinais na forma de corrente, a
tensão máxima que pode ser desenvolvida numa carga de saída

125
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

determina sua performance.Excedendo esse limite de


compliância, o resultado será uma performance não linear com
um rápido aumento na distorção do sinal.

c) Impulso de Glitch
É uma especificação no domínio de tempos que descreve o
transiente que ocorre no momento da comutação e aparece na
saída durante uma mudança de código. O impulso de glitch
especifica a integral do tempo (área) do valor analógico do
transiente de glitch e é normalmente expressa em pV-segundo.

d) ACPR
Trata-se do acrônimo para Adjacente Channel Power Ratio
e significa a comparação da potência do sinal transmitida na faixa
com a potência do sinal que caem em canais adjacentes (fora da
faixa).

e) Distorção por Intermodulação (IMD)


O IMD de dois tons é a relação entre o tom fundamental
com o pior produto de terceira ordem (ou maior) .
Tipicamente, os produtos harmônicos de terceira ordem
são dominantes e por estarem perto do fundamental, são difíceis
de serem eliminados por filtragem.

f) Sen x/ x Rool-Off
Como um conversor DAC é um sistema que faz
amostragens, essa especificação descreve a atenuação do
espectro de saída resultante da resposta de manutenção de
ordem zero.

CONCLUSÃO
Conforme o leitor observou nesse artigo, que
características devem ser observadas num conversor de dados
depende não apenas de sua aplicação como também de sua
arquiteturas. Assim, para as diversas arquiteturas o projetista
deve estar habilitado a escolher o tipo certo e em função da
escolha analisar as folhas de especificação com atenção especial
aos dados relevantes e então partir para o projeto.
Na terceira parte desse artigo falaremos das aplicações
práticas dos conversores de dados.

126
NEWTON C. BRAGA

CONVERSORES DE DADOS – III

Aplicações
Nos dois primeiros artigos desta série abordamos a
tecnologia dos conversores de dados, analisando o princípio de
funcionamento dos principais tipos de conversores analógicos-
para-digitais (ADC) e digitais-para-analógicos (DAC). Continuando
esta série de artigos, encerramos o assunto com uma análise das
principais aplicações destes circuitos, baseando-nos em ampla
literatura fornecida pela Texas Instruments.

MicroSystems
Em muitas aplicações práticas os conversores de dados
funcionam em conjunto com outros circuitos.
Existem os casos em que este outro circuito tem por base
um microcontrolador ou ainda um microprocessador.
Nestes casos, os dados analógicos devem ser convertidos
para a forma digital para um processamento rápido e o resultado
digital eventualmente convertido para a forma analógica,
conforme mostra a figura 1 em que temos a arquitetura típica de
um DSP.

Quando os conversores de dados são utilizados com


finalidades especiais, exercendo assim funções especiais, o que
temos são “microssistemas” ou MicroSystems.

127
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Assim, num microssistema temos um cerne com um


microcontrolador mas com características que permitem sua
operação com o máximo desempenho com sinais analógicos.
Nesses microssistemas tanto o cerne formado pelo circuito
microcontrolador como o cerne com o circuito analógico são
integrados juntos de modo a se obter o melhor desempenho com
o máximo de integração.
Não é preciso dizer que nas aplicações modernas, o
elevado grau de integração associados a uma performance
máxima são exigências básicas para qualquer projeto.
Além disso, uma integração nessa escala minimiza
problemas comuns como o de interferências, layout de placa etc.

A Tecnologia dos Microssistemas


Na maioria dos sistemas os dados analógicos não podem
ser utilizados diretamente a partir do conversor, devendo passar
antes por um processamento. Isso significa que o
microcontrolador deve ser dotado de recursos analógicos próprios
para esta finalidade.
A capacidade e o tipo de processamento dependem da
aplicação. Por exemplo, o microcontrolador 8051 é o preferido
para as aplicações industriais decido ao fato de que sua
arquitetura se casa bem com muitas aplicações neste campo.
Por outro lado, o uso de ADCs Delta-Sigma tem sido usado
amplamente em aplicações industriais devido ao fato deles
fornecerem a maior precisão para medidas DC do que qualquer
outro conversor.
No entanto, se tentarmos combinar os dois tipos de
circuito encontramos um exemplo típico de problema de
integração: a CPU do 8051 tem um barramento de dados de 8
bits, ao mesmo tempo em que a maioria dos ADCs delta-sigma
tem uma resolução de 24 bits.
O acesso à saída do ADC pelo 8051 deve ser feito com três
transferências de dados.
Além disso, o processamento de dados exige uma banda
mais ampla da CPU. Os produtos que integram as duas
tecnologias como os microssistemas, possuem dois métodos para
resolver estes problemas.

128
NEWTON C. BRAGA

O primeiro método consiste em se usar ciclos mais rápidos


de instrução, três vezes mais rápidos do que os usados pelo ciclo
padrão de instrução do 8051.
O segundo método consiste na implementação de um
acumulador de 32 bits que pode ser acessado tanto pela CPU
como pelo ADC.

Isso possibilita a manipulação dos dados obtidos pelo ADC


de forma independente através do acumulador, aumentando
assim a eficiência do sistema.
O resultado final disso é que a capacidade de
processamento do dispositivo microssistema é muito maior do
que o número de MIPS possa indicar.
É claro que também existe uma flexibilidade adicional a
ser considerada. A SRAM pode ser mapeada na memória de dados
ou compartilhada com a memória de programa (Von Neumann).
A memória Flash on-chip pode ser mapeada tanto no
espaço de programa ou dados.
Para isso, a durabilidade foi aumentada para acomodar
seu uso tanto como memória de dados como memória de
programa.
Além disso, a memória Flash pode ser programada através
da interface paralela, interface serial ou diretamente pelo código
de aplicação do usuário.
Esta capacidade de ser modificada pelo usuário faz desse
produto o único capaz de modificar sua própria memória de
programa.
Uma vez que os dados sejam processados, a informação
pode ser transferida tanto para uma saída analógica como digital.

129
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

A família MicroSystem oferece saídas lineares DAC para


controle e saída. Para as saídas digitais os dados podem ser
transferidos via PWM ou interface serial.

MicroSystems da Texas

MSC1211
Na figura 3 temos o diagrama de blocos do MSC1211
Sistema de Aquisição de Dados de Precisão num único Chip.

Controle/Monitoramento Analógico
Para o controle de velocidade de motores, controles de
potência trifásicos existem conversores especiais que possuem
características apropriadas para esta tarefa.
Como exemplo de aplicação desta função especial
podemos citar o AMC7820 que tem seu diagrama de blocos
mostrado na figura 4.

130
NEWTON C. BRAGA

Este dispositivo é o primeiro que integra num mesmo chip


as funções ADC, DAC, amplificadores operacionais e diversos
dispositivos para interfacear um processador hospedeiro.
Dentre as aplicações específicas para este conversor de
dados indica-se o controle de sistemas de refrigeração
termoelétricos, lasers, monitoramento e controle além da
aquisição geral de dados.
Outros dispositivos desta família são os ADS1216,
ADS1217, ADS1218, AS7869, AMC7820, VECANA-1 este último
com 10 canais diferenciais de 12 bits.

Codecs para a Faixa de Voz


Uma outra família de conversores de dados com funções
especiais é a formada por Codecs para a faixa de áudio.
Estes conversores podem ser usados em comunicações
sem fio, VoIP, sistemas telemáticos, kits de reconhecimento de
voz e aparelhos auditivos.

131
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Exemplos de dispositivos desse tipo são os TLV320AIC20 e


TLV320AIC21, cujo diagrama de blocos é mostrado na figura 5.

Esse dispositivo possui dois ADCs de 16 bits, dois DACs de


16 bits e aceita uma velocidade máxima de clock de 100 MHz.

132
NEWTON C. BRAGA

Além disso ele incorpora funções como filtro anti-aliasing,


amplificadores para microfone, driver para alto-falante de 8 ohms,
e hardware para controle de consumo de energia.

Controladores Para Touch Screen


As telas sensíveis ao toque estão presentes em muitas
aplicações importantes como Smartphones, PDAs, Telefones
Celulares, Aplicações ligadas à Internet, Players de MP3 etc.
Na figura 6 temos um exemplo de dispositivo dessa família
que é o TSC2101 que inclui funções de touch screen e áudio
integradas, sendo indicado para aplicações em Smartphone.

133
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Conclusão
Conforme os leitores certamente perceberam pelos três
artigos desta série, os ADCs e DACs, elementos que formam os
conversores de dados são circuitos que fazem parte de uma
grande quantidade de aplicações modernas.
Interfaceando circuitos digitais com analógicos em ambos
os sentidos, eles são os elementos básicos da comunicação do
mundo analógico ao qual pertencemos, com o mundo digital que
cada vez mais se expande.
No entanto, para o profissional que vai trabalhar com
esses circuitos não basta um conhecimento superficial das
configurações básicas e suas características.
É preciso mais, e esse mais vai até a possibilidade de se
contar com funções altamente integradas que, além dos
conversores já reúnem aplicações específicas que podem
simplificar muito um projeto.

134
NEWTON C. BRAGA

O diodo de selênio
O diodo de selênio é um diodo retificador bastante antigo,
tendo sido criado em 1933 para ser usado como retificador,
substituindo as antigas válvulas retificadoras em fontes de
alimentação de alta corrente como, por exemplo, carregadores de
bateria.
Durante certo tempo, fontes de alimentação de muitos
equipamentos já usavam diodos retificadores em lugar das
válvulas, como uma solução mais eficiente para se obter corrente
contínua. Esses diodos eram feitos de um material semicondutor,
hoje não mais usado, o selênio.
Os equivalentes modernos destes diodos são os diodos de
silício, que além de terem muito maior capacidade de corrente
em alguns casos, também são componentes baratos.
Na figura 1 temos os aspectos desses diodos.

Figura 1 – Diodos de selênio

Esses diodos são formados por pilhas de placas de


alumínio ou aço dotadas de uma finíssima camada de níquel ou
bismuto. Nesta camada há uma dopagem de selênio que dota a
estrutura de propriedades semicondutoras, funcionando como um
diodo.

135
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Cada par de placas funciona como um diodo com uma


tensão inversa máxima da ordem de 20 V. Na figura 2 temos a
estrutura desse diodo.

Figura 2 – Estrutura do diodo de selênio

Para substituir um diodo deste tipo por um de silício, deve-


se verificar a tensão inversa de pico e a corrente. Estas
informações normalmente podem ser obtidas pela simples análise
do circuito em que ele se encontra.
Na figura 3 temos uma fonte de alimentação variável de
uma antiga Radio Electronics, usando diodos de selênio de 65 mA.

Figura 3 – Fonte de alimentação de alta tensão com diodos de selênio

Essa fonte era usada em equipamentos valvulados e em


lugar dos diodos de selênio podem ser usados equivalentes
modernos de silício, como os 1N4004.

136
NEWTON C. BRAGA

Curiosidade - O cheiro do selênio


Uma curiosidade é o fortíssimo cheiro de “ovo podre”
produzido pelos diodos de selênio quando queimavam. Em alguns
casos, as pessoas tinham de deixar o local rapidamente, pois ele
era insuportável. Um componente nada amigável para o meio
ambiente.

137
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

A Alta Tensão
Como produzir altas tensões? Para que servem as altas
tensões? Estas questões são o assunto deste artigo, que procura
dar algumas orientações para a montagem de dispositivos como
bobinas Tesla, centelhadores e outros.
Faíscas saltando entre esferas ou fios pontiagudos são
sempre espetáculos muito interessantes, mas também perigosos.
Mesmo partindo de tensões baixas, como as que obtemos
de pilhas, fontes ou, ainda, da própria rede de alimentação,
através de dispositivos especiais, podemos obter tensões muito
altas (MAT Muito Alta Tensão), da ordem de milhares de volts,
capazes de produzir faíscas.

O PERIGO
A alta tensão em si não é perigosa, pois o que causa o
dano físico e o choque é a corrente elétrica.
Assim, quando elevamos a tensão de uma fonte qualquer,
a tendência é haver uma redução proporcional da corrente que
podemos obter. Este é o princípio da conservação da energia,
segundo o qual, não podemos criar nem destruir energia, mas
simplesmente transformá-la.
Assim, se temos uma fonte que nos fornece 12 V sob
corrente máxima de 1A, se conseguirmos elevar a tensão para 12
000 V, podemos ter certeza que a corrente não passará de
0,001A, ficando reduzida em 1000 vezes também.
A fórmula abaixo nos ajuda a determinar as alterações que
ocorrem numa transformação de tensão, levando em conta que o
circuito seja 100% eficiente (o que não acontece na prática).

V1 x I1 = V2 x I2

Onde:
V1 e I1 são tensão e corrente antes da transformação.
V2 e I2 são tensão e corrente depois da transformação.

Em geral, elevando-se a tensão para 20 ou 30 mil volts,


num circuito pequeno, o que obtemos é: uma corrente tão baixa

138
NEWTON C. BRAGA

que dificilmente pode ser perigosa, a não ser que ela nos atinja
por muito tempo ou em pontos críticos ou vitais do nosso
organismo, por exemplo, o coração (figura 1).

Figura 1 – Condição perigosa de uma descarga

É claro que, brincar com alta tensão é perigoso.


As advertências que encontramos no interior de
televisores analógicos antigos, onde existem tensões de 15 000 a
30 000V, são sérias e devem ser levadas em conta.
O fato é que podemos produzir altas tensões para
experiências, mas sempre tendo em mente que elas são
perigosas e que nunca devemos desrespeitar as regras mínimas:
não tocar nos elementos vivos, não trabalhar descalço com
nenhum equipamento de alta tensão ou próximo a objetos
metálicos em contato com o solo.

A FAÍSCA
O ar é um bom isolante, não permitindo a passagem de
correntes elétricas. No entanto, se entre dois condutores isolados
por uma camada de ar manifestar-se uma tensão muito alta, pode
ocorrer um rompimento do isolante. Nestas condições, o ar deixa
de ser isolante, permitindo a passagem da corrente, normalmente
de forma violenta.

139
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Esta corrente produz forte aquecimento do ar com a


emissão de luz e som. Temos então uma faísca, conforme mostra
a figura 2.

Figura 2 – A faísca ou centelha

O ponto em que o ar “se rompe", deixando passar a


eletricidade, é dado por um fator bem definido, denominado
“rigidez dielétrica".
Toda substância tem sua rigidez dielétrica, ou seja, a
tensão em que ocorre o seu rompimento e, consequentemente a
passagem da corrente. E claro que isso é válido somente para os
isolantes. No caso do- ar seco, nas condições normais de
temperatura e pressão (CNTP), a rigidez dielétrica do ar é da
ordem de 10 000 V/cm.
O que significa isso? Significa que, se tivermos dois
condutores esféricos separados a uma distância de 1 cm, para
que salte uma faísca entre eles é preciso uma tensão de pelo
menos 10 kV. Se estiverem separados 30 cm, precisaremos de
300 000 V.
Se os eletrodos forem dotados de pontas, a rigidez diminui,
ou seja, a faísca salta com mais facilidade (figura 3).

140
NEWTON C. BRAGA

Figura 3- A influência das pontas

Um procedimento simples para se saber quantos volts tem


uma fonte de MAT (Muito Alta Tensão) consiste em se verificar até
que distância entre duas esferas ela consegue fazer saltar uma
faísca.
Mede-se esta distância em centímetros e multiplica-se por
10 000. Se conseguirmos 2,5cm, por exemplo, sabemos que a
tensão é da ordem de 25 000 V.
Veja que, para que a faísca se manifeste, temos que
utilizar dois corpos com polaridades opostas. O que se faz
normalmente é ligar um deles à terra, conforme a figura 4.

Figura 4 – O aterramento

Este procedimento não só ajuda na obtenção das faíscas,


como também serve de proteção. Ligado à terra, pela
proximidade, a preferência para a descarga será justamente este
corpo.

141
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

COMO PRODUZIR FAÍSCAS


Antes do advento dos dispositivos eletrônicos, as faíscas
eram obtidas exclusivamente por meios estáticos. Máquinas
eletrostáticas produziam eletricidade, que se acumulava na
esfera, até o ponto de se obter uma tensão suficientemente alta
que provocasse a faísca.

Figura 5 – O gerador Van Der Graaf

A eletricidade era gerada porque o disco forrado de pele


de coelho, ou mesmo borracha, se atritava fortemente em barras
de vidro.

142
NEWTON C. BRAGA

Outro tipo de aparelho capaz de gerar tensões entre 20


000 e 500 000 V (e dependendo do tamanho até mais) é o
Gerador Van Der Graaf, que recebeu este nome em homenagem
ao seu criador, um holandês. Ele consiste numa esfera metálica
apoiada em um suporte isolante através da qual passa uma
esteira de material isolante (borracha, plástico, seda ou outro
material), como mostra a figura 5.
Aproximando-se um corpo com conexão à terra, podem
saltar faíscas visíveis de alguns centímetros. Nos lugares ou dias
úmidos, a carga é problemática, pois as cargas “escapam" da
esfera, não permitindo que ela chegue a uma tensão
suficientemente elevada para produzir boas faíscas.
Um dos problemas destes geradores eletrostáticos é que,
uma vez produzida a faísca, precisamos esperar algum tempo
para que as cargas sejam repostas e uma nova faísca seja obtida.
Em suma, não podemos obter um arco contínuo, mas sim
faíscas de curta duração. Um processo que apareceu
posteriormente fazia uso da eletricidade dinâmica, ou seja,
correntes elétricas passando por uma espécie de transformador.
Este transformador possuía um enrolamento primário com
poucas espiras, passando por um vibrador, e um secundário com
milhares de espiras. Fazendo circular uma forte corrente pelo
primário, criava-se um campo magnético que atuava sobre o
vibrador, interrompendo a corrente rapidamente e, com isso,
obtinha-se as variações para indução da alta tensão no
secundário.
Esta bobina de centelha (nome dado à faísca que se
produzia) era a base dos primitivos transmissores de rádio. A
centelha era responsável pela produção de sinais elétricos que,
então eram levados a uma antena.
Um dos primeiros transmissores usados por Marconi, assim
como Landel de Moura, no Brasil utilizava esta técnica (figura 6).

143
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Figura 6 – A bobina de centelha

A própria bobina de ignição dos automóveis, que chega a


produzir mais de 60 000V, opera segundo este princípio. No caso,
o vibrador é o platinado e a alta tensão é aplicada às velas para
produzir a faísca no interior do motor.
Um pesquisador norte-americano chamado Tesla
desenvolveu técnicas interessantes para produzir tensões muito
altas e, com isso, enormes faíscas.
Um dos processos mais conhecidos de se produzir tensões
altíssimas é a chamada Bobina de Tesla ou simplesmente Bobina
Tesla, como vemos na figura 7

Figura 7 – A bobina de Tesla

Ela consiste num primeiro transformador, ou num


oscilador, que produz uma tensão da ordem de 1000 a 5000 V.

144
NEWTON C. BRAGA

Esta tensão é aplicada a um sistema faiscador com capacitor e


bobina, que são calculados para ressoar numa certa frequência.
A faísca produz então cargas e descargas do capacitor
através da bobina, induzindo uma tensão elevadíssima numa
segunda bobina. Se a primeira bobina tiver 20 espiras e a
segunda 400, a tensão aplicada ficará multiplicada por 20.
Assim, aplicando 20 000 V no primeiro enrolamento,
obteremos no final do processo uma tensão de 400 000 V e para
5 000 V, a tensão obtida chegará ab100 000 V (figura 8).

Figura 8 – Aspecto da bobina de Tesla

Com tensões tão altas e produzidas de forma a serem


mantidas constantes, pois as cargas perdidas são imediatamente
repostas, podemos obter faíscas potentes e constantes.
Os efeitos que tais faíscas produzem, embora perigosos,
são bonitos, pois a ionização do ar faz com que seja emitida luz
branco-azulada e, em alguns casos, tonalidades verdes e
vermelhas. Para a produção de faíscas de um corpo a outro,
esses devem ter a forma esférica. Neste caso, a aproximação, a
uma distância que depende da tensão, fará com que a faísca
salte, conforme mostra a figura 9.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Figura 9 – Produzindo faíscas

Se a esfera ou o ponto em que se obtém a alta a tensão


tiver uma ponta, teremos a manifestação do “efeito das pontas".
Se um corpo carregado 'tiver regiões pontiagudas, as cargas
tendem a se acumularem nestas regiões e a escaparem para o ar
ambiente. No caso de tensões muito altas (MAT), este escape se
faz na forma de fluxo luminoso, um jorro de ar ionizado que se
afasta do gerador.
Este é o princípio de funcionamento dos chamados
"Motores iônicos", onde o fluxo pode chegar a 80 000 km/ s
propulsionando naves no espaço. Se aplicarmos tensões muito
altas, da ordem de I0 000 V ou mais, em lâmpadas
incandescentes comuns, de modo que apenas um polo seja
conectado, teremos um efeito muito bonito.
O gás no interior da lâmpada (figura 10), que é o argônio,
se ioniza e formam-se eflúvios de cor azulada ou mesmo
alaranjada em direção ao vidro (veja que no interior das lâmpadas
comuns não se usa mais o vácuo, pois isso causaria o perigo de
uma implosão em caso de batida ou quebra, por isso o vácuo é
substituído por um gás nobre, normalmente o argônio).

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NEWTON C. BRAGA

Figura 10 – Produzindo raios numa lâmpada incandescente

Lâmpadas especiais, onde o eletrodo interno é uma esfera,


são usadas em decoração. São as chamadas "lâmpadas de
plasma", já que o estado ionizado do gás no seu interior
corresponde ao que se denomina plasma.
Temos ainda um efeito bastante explorado em filmes no
qual haja laboratórios científicos ou filmes de ficção: dois arames
ou fios são colocados em forma de V fechado, com a aplicação de
uma tensão muito alta (MAT), conforme a figura 11.
A faísca se forma no ponto em que a distância entre os fios
é menor, ou seja, na base. No entanto, o aquecimento do ar, pela
produção da faísca, o leva a formar uma corrente ascendente que
"carrega" a faísca para cima.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Figura 11 – A escada de Jacó

A faísca corre pelos fios, subindo, até desaparecer num


arco na parte superior do V.
Outro fenômeno interessante obtido com tensões muito
altas é o acendimento de uma lâmpada fluorescente pela simples
aproximação do aparelho. A elevada tensão nas proximidades da
fonte de MAT faz com que se tenha a ionização do gás no interior
da lâmpada pela simples aproximação.
Com uma tensão de 40 000 V, podemos fazê-la acender à
distância, que varia entre 10 e 30 cm (figura 12).

Figura 12 – Acendendo uma lâmpada fluorescente

Existem aparelhos dispondo de circuitos mais modernos


capazes de produzir tensões muito altas para experiências e com
poucos componentes.
No site o leitor encontrar alguns desses circuitos.

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NEWTON C. BRAGA

Transistores Unijunção
Este é um dos primeiros artigos que escrevemos sobre
transistores unijunção (TUJ ou UJT). O artigo é de 1976, mas
totalmente atual, pois o princípio de funcionamento deste
componente não mudou. O transistor unijunção é pouco usado
atualmente, mas suas características são excelentes para
determinados tipos de projeto.
Possibilidades ilimitadas para o projetista! Os transistores
unijunção são dispositivos da família dos semicondutores cujas
propriedades elétricas permitem uma quantidade praticamente
ilimitada de aplicações. Dentre as possibilidades mais conhecidas
dos experimentadores citamos a geração de ondas, a produção
de pulsos intervalados de longos períodos, e o disparo de SCRs
em circuitos de controles de potência.
A partir desse número descrevemos o transistor unijunção,
analisando seu princípio de funcionamento e algumas das
propriedades elétricas mais importantes deste semicondutor.
Montagens práticas, principalmente as dirigidas aos
principiantes serão dadas, sendo o projeto inicial um ÓRGÃO
ELETRÔNICO de brinquedo (ART2820 no site do autor).
Outros projetos podem ser encontrados no site, sempre
dentro do alcance do principiante, utilizando técnicas de
montagens simples e componentes acessíveis a todos.

O QUE É UM TRANSISTOR UNIJUNÇÃO (TUJ)


O transistor unijunção difere do transistor bipolar, quanto à
construção e quanto à função. Com relação à função, enquanto o
transistor bipolar atua como amplificador de corrente
basicamente, o transistor unijunção atua como interruptor
acionado por tensão.
Em vista disso, o unijunção é ideal para aplicação que
envolve o disparo de circuitos ou a geração de formas onda, ou
seja, como gerador de sinais de baixa frequência.
Com relação a sua construção, o unijunção difere do
bipolar pelo fato de que, ao mesmo tempo em que o transistor
comum apresenta três pedaços de material semicondutor
formando duas junções, o unijunção é formado por um único

149
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

pedaço de material semicondutor (silício) do tipo N, tendo um


terminal simples de ligação em cada extremo e um terceiro
contato central feito numa região, do tipo P.
A região do tipo P é produzida por difusão no próprio
pedaço de material principal de silício, conforme mostra a figura
1(A).

Figura 1

A estrutura assim obtida apresenta, portanto, apenas uma


junção do tipo PN, ao contrário do bipolar que apresenta duas, daí
o dispositivo ser denominado de junção única ou simplesmente
unijunção figura 1(B).
Na figura 1(C), temos a denominação dada aos terminais
do unijunção. Os terminais ligados ao pedaço principal de silício,
recebem o nome de base 1 e base 2, ou abreviadamente B1 e B2,
ao mesmo tempo em que o terminal da região N central recebe o
nome de emissor, ou abreviadamente E.
Se bem que a estrutura do bloco básico de silício, seja
simétrica da nossa representação, as bases B1 e B2 não são
intercambiáveis, isto é, quando o semicondutor é construído, uma
das bases será sempre B1 e outra B2, não podendo o
semicondutor ser ligado de modo inverso quando em
funcionamento.
As características elétricas que analisaremos mais adiante,
mostrarão ao leitor o porquê disso.

150
NEWTON C. BRAGA

O símbolo utilizado para a representação do transistor


unijunção é dada na figura 2.

Figura 2

CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS
Observamos que entre as duas bases, B1 e B2, como não
existe nenhuma junção semicondutora que apresente
propriedades unilaterais de condução, a corrente encontra
apenas uma resistência pura ao atravessá-la, ou seja, entre as
bases do unijunção existe apenas uma resistência ôhmica que
denominaremos RBB.
Para os tipos comuns de transistores unijunção, como o
que usaremos em nossas montagens práticas, o valor dessa
resistência situa-se entre 4 000 e 15 000 Ohms. (figura 3)

Figura 3

151
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Ligando-se um ohmímetro entre as bases de um unijunção,


devemos constatar essa resistência qualquer que seja a posição
das pontas de prova.
Se conectarmos à base B2 uma fonte de tensão positiva
(VBB), é base B1 a à massa (figura 4), a resistência RBB existente
entre as bases, atua como um divisor de tensão em relação ao
emissor que está conectado ao seu “meio".

Figura 4

Sendo RB2 a resistência que está “acima" do emissor, e


RB1 a resistência que está abaixo do emissor, a tensão
encontrada no emissor, em relação a tensão da fonte será
proporcional ao valor de
A proporção em que a tensão é dividida no unijunção em
relação ao emissor, é o parâmetro mais importante desse
dispositivo, sendo dada por uma fração de VBB.
Esta relação é denominada ”relação intrínseca η" e
normalmente está compreendida entre 0,4 e 0,8. De posse desse
comportamento elétrico podemos construir um circuito
equivalente, conforme mostra a figura 5.

152
NEWTON C. BRAGA

Figura 5

Neste, a resistência da lâmina principal de silício RBB é


dada por RB1, e D1 é o diodo equivalente a junção entre o
emissor e o pedaço principal de silício.
Aplicando-se uma tensão VBB à base B2 conforme vimos,
aparecerá no emissor uma tensão nVee, tensão esta que também
estará presente no catodo do diodo D1.
Suponhamos agora que no emissor do transistor, ou seja,
no anodo de Q1 seja aplicada uma tensão positiva VE. Se esta
tensão for inferior a n VBB, o diodo D1 estará polarizado no
sentido inverso, e não haverá a condução de nenhuma corrente
através desse eletrodo. A resistência de entrada (emissor)
manifestada pelo circuito, será de vários megohms.
Entretanto, se a tensão de entrada superar nVBB, o diodo
ficará polarizado no sentido direto e conduzirá intensamente,
circulando então uma corrente entre o emissor E, e B1 (figura 6).

Figura 6

153
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Sendo essa corrente formada principal mente por


portadores minoritários injetados na lâmina de silício principal,
eles farão com que a resistência entre o emissor e a base B1
diminua sensivelmente, o que tem como consequência também
uma diminuição do potencial de catodo de D1 e, portanto, um
aumento da polarização direta.
A corrente de emissor aumenta então num processo
cumulativo que culmina quando a resistência RB1 atinge um valor
da ordem de uns 20 Ohms.
Perceba o leitor, que o transistor unijunção atua como um
interruptor acionado por tensão, tendo uma impedância de
entrada muito elevada quando “aberto" e muito baixa quando
“fechado”.
A tensão necessária para o disparo do unijunção recebe o
nome de tensão de pico, e seu valor típico é de ordem 0,6 Volts
acima de V (A tensão da barreira de potencial de D1, deve ser
somada a nVBB.
Um componente “mais antigo" cujo comportamento
elétrico lembra o transistor unijunção, é a lâmpada neon (figura 7)
que apresenta uma impedância de entrada muito elevada, até o
momento em que a tensão de ionização é alcançada, quando
então ela “acende" conduzindo a corrente intensamente.

Figura 7

Nas lâmpadas neon, entretanto, a tensão de disparo é


muito alta (de 40 a 90 Volts) e a corrente direta muito pequena, o
que traz certas limitações de aplicação em projetos. Uma
configuração que pode ser obtida tanto para o transistor

154
NEWTON C. BRAGA

unijunção, como para a lâmpada neon em função dessas


propriedades é a do oscilador de relaxação.

O OSCILADOR DE RELAXAÇÃO
Na figura 8, temos os circuitos típicos de um oscilador de
relaxação, sendo um com lâmpada neon, e outro com transistor
unijunção. Analisaremos o funcionamento do oscilador com
unijunção:

Figura 8

O capacitor C1 carrega-se exponencialmente até que a


tensão de disparo do unijunção seja atingida, ou seja, a partir do
instante t = 0 a tensão no capacitor aumenta exponencialmente
até atingir o valor nVee quando então o transistor conduz
intensamente, ocorrendo a descarga do capacitor através de Rb1
e a resistência de carga R1 (figura 9).

155
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Figura 9

Uma vez descarregado o capacitor, o transistor “abre" e


um novo ciclo de carga se inicia até que novamente a tensão de
disparo seja atingida.
Deste modo, temos uma sucessão de pulsos cuja
frequência pode ser calculada com aproximação pela expressão:

f = t/RC

Onde C é dado em Farads e R em Ohms, para n = 0,7 e a


frequência em Hertz.
Um dos fatores que caracteriza um oscilador unijunção, é
sua estabilidade frente as variações de tensão. Uma variação de
10% na tensão de alimentação produz uma variação de
frequência de apenas 1%.
Outro fato é a possibilidade de se poder com um único
componente de controle variar a frequência de 20 000%. Assim
R3 pode ser variado de 5k a 1 M sem que seja afetado o
comportamento geral do circuito, mas tão somente sua
frequência.
Com isso, o unijunção pode ser utilizado para aplicações
que incluem desde a produção de pulsos intervalados de vários
minutos, até sinais da faixa de áudio.

O TRANSISTOR 2N2646
Um dos transistores unijunção mais populares em nosso
mercado é o 2N2646 (fig. 10), que por seu baixo custo, e
característica elétricas permitem sua aplicação numa ampla
variedade de projetos.

156
NEWTON C. BRAGA

Figura 10

Em nosso projeto prático (ART2820) e em outros artigos do


site utilizem transistores unijunção, nos basearemos praticamente
neste tipo.
Suas características elétricas são as seguintes:
 Tensão Inversa de emissor (máxima) 30 Volts.
 VBB máxima: 35VoIts
 Corrente de pico do emissor: 2 A
 Corrente eficaz do emissor (máxima): 50 mA
 Dissipação máxima: 300 mW
 η: 0,56 a 0,75
 RBB: 4,73 a 9,1k

157
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

O que é a Eletrônica Digital


A palavra digital vem de “dígito", que em latim que
significa “dedo", já que os sistemas de numeração mais utilizados
se baseiam totalmente nos dedos de nossas mãos. Para contar
objetos, os antigos e até mesmo nós, usavam os dedos como
referência.
Nota: este texto é de um livro do
autor publicado em 1987, mas
perfeitamente atual.

Os próprios Romanos desenvolveram um sistema em que


as referências principais eram justamente devidas a mãos cheias
que levavam a quantidades maiores. Assim, chegando a uma mão
cheia ou 5 unidades, passava-se a utilizar um outro símbolo, o V
que significa a mão com dois dedos abertos. Para 10 unidades,
tinham o X que significa duas mãos cruzadas, ou duas mãos
cheias (Veja afigura 1).

Veja que o nosso sistema "decimal" deriva justamente do


fato de termos 10 dedos em nossas mãos. Quando ”enchemos"
as duas mãos, ou seja, temos uma quantidade que é
representada por 10 dedos, temos de utilizar mais de um sinal
além dos que conhecemos de 0 à 9. Usamos então um sinal para
dizer “quantas mãos cheias" temos e mais quantas unidades.

158
NEWTON C. BRAGA

O número 27, por exemplo, significa que temos 2 mãos


(duas dezenas) e mais 7 unidades. Perceba o leitor que,
utilizando este sistema de numeração só podemos representar
quantidades discretas, ou seja, números inteiros.
Não podemos “trabalhar" (ainda) com quantidades
quebradas, como por exemplo dois objetos e meio. Isto diferencia
o sistema digital do analógico.
Inicialmente o leitor deve ter em mente que no sistema
digital, somente quantidades inteiras podem ser representadas, o
que não ocorre num sistema analógico em que qualquer valor
intermediário entre duas unidades pode ser representado.
Na verdade, o sistema digital também admite este tipo de
representação, com alguns sacrifícios, mas isso só será visto bem
mais adiante. O sistema que usamos, normalmente, é o de base
10, ou seja, utilizamos 10 algarismos diferentes para representar
qualquer quantidade:
0123456789
Para representar uma quantidade maior que 10, passamos
a empregar os mesmos algarismos, mas com uma posição no
número que passa a ter um ”peso". Este “peso" ou valor relativo
é sempre uma potência de 10, ou seja, pode ser10, 100, 1 000,10
000, etc.
Assim, o número 3 456 tem os seus algarismos 3, 4, 5 e 6
com diversos pesos que correspondem a sua posição relativa:
O 6 tem ”peso 1", devendo portanto significar realmente 6.
O 5 tem "peso 10", ou seja, representa 5 dezenas ou 50.
O 4 tem “peso 100", ou seja, representa 4 centenas ou
400.
O 3 tem ”peso 1 000", ou seja, representa 3 milhares ou 3
000.
Somando os valores que cada dígito ou algarismo
representa, temos o valor total do número 3 milhares, 4 centenas,
5 dezenas e 6 unidades, ou ainda como lemos corretamente:
”três mil, quatrocentos e cinquenta e seis".
Será que poderíamos representar outras quantidades
usando outras bases de numeração. Imagine se o leitor vivesse
num mundo em que as pessoas possuíssem um único dedo!
Só existiria então neste mundo a possibilidade de
representar as quantidades com dois algarismos: 0 zero (0) que
seria a ausência do dedo e o um (1) que seria a presença do
dedo. Para facilitar as coisas, neste mundo extravagante,

159
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

suporemos também que para compensar a falta de dedos os


habitantes tivessem 8 braços em lugar de apenas dois (veja a
figura 2).

O leitor perceberá então que a contagem de objetos da


maneira de fazemos seria perfeitamente possível, mudando
apenas o modo de fazer a representação.
Se tivermos um único objeto, ele será representado por
um dedo erguido, conforme mostra a figura 3.

Se tivermos 2 objetos, este dedo não mais serve. Usamos


então o seguinte artifício: para o indivíduo de um dedo em cada

160
NEWTON C. BRAGA

mão, 2 unidades representam duas mãos cheias. A


representação será então conforme mostra a figura 4.

Temos uma mão com o dedo erguido e a outra sem


nenhum, ou seja, 10. Se tivermos três objetos, a representação
será conforme mostra a figura 5.

Teremos uma mão que representa duas unidades e a outra


que representa mais uma, ou seja, 11. Para quatro objetos, os
problemas são resolvidos da seguinte forma: temos 1 mão que
representa que temos duas vezes duas unidades, ou seja, é
erguido 0 dedo com peso 4, conforme mostra a figura 6.

161
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

O resultado é que 4 é representado como 100. Veja então


que, cada mão tem um peso que é uma potência de 2. Veja a
figura 7.

A mão da direita representa a unidade, ou seja, 20 = 1 e


tem este peso. a seguinte, para a esquerda, tem peso 21 = 1 e,
portanto, 2. A terceira, para a direita, 22 = 4, a seguinte, 23 = 8,
vindo depois 24 = 16, 25 = 32, 26 = 64, até a última a esquerda
27 = 128.
Veja então que, o indivíduo de 8 braços de um dedo pode
facilmente representar números até 255 (veja a figura 8).

162
NEWTON C. BRAGA

A representação de qualquer número desta forma pode


então ser feita simplesmente por uma decomposição em fatores
múltiplos de 2, conforme explicaremos a seguir.

Conversão para a Base 2


Para converter um número na base 2, sendo ele na base
10, ou sistema decimal, o procedimento é simples. É muito
importante o leitor saber como fazer isso, pois conforme veremos
a seguir os circuitos digitais trabalham todos na base 2.
Para tornar mais fácil, tomemos o seguinte exemplo:
queremos converter 278 na base 10 (escrevemos 27810) em um
número na base 2 (X2). Fazemos então a seguinte divisão
sucessiva por 2:

Pegamos então os restos, começando por 1, e escrevemos


na ordem inversa:
100010110 = 278
De fato:
1 X 256 = 256

163
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

0 X 128 = 0
0 X 64 = 0
0 X 32 = 0
1 X 16 = 16
0X8=0
1X4=4
1X2=2
0X1=0
Somando: = 278

Repare que na representação em binário, como em


decimal, o algarismo que tem valor maior fica mais a esquerda e
o que tem valor menor, mas à direita.
É costume representar o de menor por LSD (do inglês Less
Significant Digit) e o de maior valor por MSD (Most Significant
Digit). Estes termos aparecem muito em eletrônica digital.

Conversão para a Base 10


A conversão de um número em binário puro, como vimos,
para um número na base 10 é bastante simples, bastando
lembrar que cada algarismo sucessivo da direita para a esquerda
tem o dobro de peso do que o precede.
Assim, basta escrever o número verticalmente e proceder
ao seguinte cálculo em que tomamos como exemplo o valor
11001011:
1 X 128 = 128
1 X 64 = 64
0 x 32 = o
0 X 16 = 0
1X8=8
0X4=0
1X2=2
1X1=1
Somando: = 203
Assim, 110010112 = 20310

Será interessante o leitor treinar um pouco realizando as


seguintes conversões:
a) Converter em binário puro:
1) 324

164
NEWTON C. BRAGA

2) 1067
3) 1089

b) Converter em decimal:
1) 110011
2) 1101111
3) 100000
4) 1000101
5) 100101111

Respostas:
a) (1)110011 (2)1101111 (3)1000101

b) (1) 51 (2) 207 (3) 32


(4) 69 (5) 303

Veja que o exemplo que tomamos do indivíduo de 8 mãos


limita a contagem a 255, mas com mais dígitos não há limite para
os valores representados.

Por que Binário?


A utilização do código binário nos circuitos eletrônicos
digitais oferece inúmeras vantagens em relação a um eventual
código em base 10. Vamos começar pela própria quantidade de
operações.
Utilizando a base 2 as operações são mais simples do que
em relação à base 10.
Num circuito eletrônico, por outro lado, se fôssemos
representar os algarismos de 0 à 1, teríamos de dispor de 10
níveis de corrente ou de tensão. Na base 2 podemos ter apenas a
presença, ou a ausência da tensão.
Voltado às operações, os leitores devem até hoje se
lembrar das dificuldades em memorizar as operações de
multiplicação envolvendo todos os algarismos na forma de
tabuadas. Para a multiplicação, partindo da tabuada do 2 até a
do 9 (7 tabuadas) temos de memorizar 70 operações, ou seja, o
valor de 70 produtos para poder realizar qualquer multiplicação.
Trabalhando na base 2 memorizamos apenas 4 operações
de multiplicação:
0x0=0
0X1=0

165
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

1X0=0
1X1=1
A realização de uma multiplicação em binário não difere
em nada de uma multiplicação em decimal, conforme segue no
exemplo 13 X 29.

Em binário:
11101 (29)
X 1101 (13)
________________
11101
00000
11101
11101
__________________
101111001 (377)

Na própria soma, usada na multiplicação as regras


também são só 4:
0+0=0
0+1=1
1+0=1
1+1=1 (vai um)

De centenas de operações que devem ser memorizadas


para a operação com decimais, caímos num número muito menor,
4 para multiplicação e 4 para soma que devem ser conhecidas no
cálculo com binários.
O matemático britânico George Simon Boole desenvolveu
nos fins do século XVII uma matemática que trabalhava
exclusivamente com a base 2. Boole partia do princípio que dois
fatos só admitiam dois tipos de interpretação: Ou eram falsos, ou
verdadeiros.
Transportando isso para a eletrônica podemos dizer que
um circuito só pode estar em dois estados: ligado ou desligado,
que corresponde justamente a base 2.
A álgebra Booleana esteve durante anos esquecida, sendo
estudada apenas como curiosidade matemática, até que a
eletrônica se desenvolveu a ponto de tornar-se possível uma
aplicação prática para o que então estava somente na teoria.

166
NEWTON C. BRAGA

Surgiram então os circuitos lógicos digitais que podiam ser


projetados exatamente com base naquela álgebra Booleana,
realizando operações matemáticas das mais diversas, totalmente
em função da afirmação de que os fatos só admitem duas
afirmações possíveis: falso ou verdadeiro.
Na figura 9 temos uma possível representação para os
circuitos eletrônicos (ou elétricos).

Um relé ligado (chave fechada) representa um fato


verdadeiro ou um “1" binário. Um relé desativado (chave aberta)
representa um fato falso ou um ”0”
Partindo para outro circuito, conforme mostra a figura 10,
temos outra possibilidade.

167
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

A chave fechada faz aparecer no resistor de carga uma


tensão que significa que o fato é verdadeiro, ou 1. Podemos
também dizer que o nível de tensão é alto, ou “High", abreviado
por HI.
A chave desligada representa um fato falso e, portanto, a
ausência de tensão no resistor. A tensão é baixa ou nula, o que
em inglês é escrito como “low" e abreviado por LO Isso significa
então que temos uma lógica positiva quando:
Representamos a presença de tensão (ou corrente) por 1
ou HI.
Representamos a ausência de tensão (ou corrente) por 0
ou por LO.
Podemos ter uma lógica “ao contrário", ou negativa, que
também funciona, quando representamos a presença de tensão
por 0 ou LO e a ausência de corrente por 1 ou HI.
Para efeitos didáticos, daqui por diante só falaremos de
lógica positiva.
Enfim, as vantagens do binário se tornam patentes se
quisermos projetar um circuito complexo que realize muitas
operações com muitos números.
Cada número pode ser representado facilmente por
apenas dois níveis de sinal (0 ou 1) e as operações podem ser
realizadas facilmente com poucas regras (que no fundo

168
NEWTON C. BRAGA

representam poucos componentes). O leitor pode imaginar a


dificuldade em termos um circuito digital na base 10, tentando
representar os algarismos de 0 à 9 através de 9 níveis de tensão.
Uma pequena variação da tensão da fonte e tudo estará
descontrolado: um 9 pode, repentinamente, se tornar um 8, e
tudo se complica. Com a presença, ou ausência, de tensão,
mesmo com variações de tensão, os circuitos ainda podem
facilmente diferenciar entre presença e ausência numa boa
margem de valores, e o continua sendo 0, assim como o 1
continua sendo o 1.
Com a utilização de uma linguagem binária, a segurança
da operação é muito maior!
De que modo combinar elementos de um circuito para
realizar operações e o que veremos a seguir. Cabe aqui definir o
que é um circuito lógico: um circuito lógico é composto de
entradas e saídas que mantém uma determinada relação bem
definida.

169
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

A ignição do seu carro


A queima do combustível (gasolina ou álcool) no interior do
cilindro do motor é que fornece a energia necessária ao seu
movimento. O combustível juntamente com o oxigênio do ar
atmosférico é injetado no interior do cilindro e quando ocorre sua
queima, a expansão dos gases resultantes é responsável por uma
força que empurra o pistão, obtendo-se assim força mecânica
(figura 1).

Para queimar o combustível no momento exato é preciso


uma ação externa que vem de uma vela. Esta vela produz então
uma faísca elétrica que “explode" o combustível produzindo a
pressão.
Veja que esta vela deve produzir a faísca no momento em
que os gases estiverem comprimidos pelo pistão em determinado
ponto de sua trajetória de tal modo que, com sua expansão se
obtenha força e movimento.
O sistema de “explosão" do combustível de um motor,
denominado sistema de ignição funciona a base de eletricidade.
Na figura 2 temos então o circuito básico de um sistema comum
de ignição por onde podemos explicar seu funcionamento.

170
NEWTON C. BRAGA

Nota: o termo condensador é comum


em eletricidade do automóvel, mas o
mais correto é usar capacitor.

Os 12 V da bateria do carro não são suficientes para


produzir uma faísca elétrica na vela. Para que a faísca salte entre
os dois elementos da vela é preciso uma tensão mínima já que o
ar existente entre eles funciona como um isolante. Podemos dizer
que, para cada milímetro de separação entre os dois elementos
de uma vela precisamos no mínimo de 1 000 V para poder fazer
saltar uma faísca.
Assim, para poder fazer a faísca no carro, o primeiro ponto
a ser considerado é a necessidade de se elevar a tensão da
bateria a tensões que se situam entre 12 000 e 35 000 V. Esta
elevação é feita com a ajuda de um autotransformador
(denominado “bobina de ignição") e de dois contatos móveis que
são acionados pelo próprio motor.
Esta bobina tem então dois enrolamentos marcados por L1
e L2 no desenho e que são o “primário" e o “secundário” do
transformador.
O enrolamento L1 tem um número de voltas de fios muito
menor do que o enrolamento L2. Se em determinado momento
fecharmos os contatos da bateria de modo que a corrente possa

171
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

circular pelo enrolamento primário da bobina, ocorre a produção


de um forte campo magnético em seu interior.
O aparecimento deste campo magnético “induz" no
enrolamento secundário uma tensão elétrica. Como o
enrolamento secundário tem muito mais voltas de fio do que o
enrolamento primário, a tensão que aparece nele é muito maior
do que a que provoca a corrente no primário. Assim, se o
enrolamento primário tiver 100 voltas de fio e o secundário 10
000 voltas, a tensão obtida será multiplicada por 100.
Aplicando 12 V no primário obtemos então 1 200 V no
secundário. As bobinas usadas atualmente nos carros comuns
possuem tensões de secundário que variam entre 12 000 e 35
000 V.
Veja, entretanto, que o aumento da tensão na bobina
implica automaticamente numa diminuição da corrente
disponível. Assim, se uma corrente de 3 ou 4 A for necessária
para o primário da bobina só obtemos em seu secundário 0,03 ou
menos ampères. Como para “queimar" o combustível o que
interessa é a faísca e não propriamente a corrente, este problema
de início não deve nos preocupar.
A alta tensão obtida na bobina deve ser enviada não a 1
vela mas sim a 4 ou 6 conforme o tipo de veículo e no momento
exato que permita a obtenção da faísca. Para esta finalidade
existe um dispositivo denominado “distribuidor" cujo aspecto é
mostrado na figura 3.

172
NEWTON C. BRAGA

Este distribuidor possui um contato que gira de acordo


com o movimento do motor e “distribui" a alta tensão para as
velas de modo que elas provoquem a faísca no momento exato.
Voltando ao enrolamento primário da nossa bobina vemos
que depois de fechado o contato da bateria, e criado o campo que
induziu a alta tensão no secundário, este estabiliza-se. Ora, sua
estabilização faz com que a indução pare. Por este motivo é
preciso que o contato seja aberto e em seguida fechado
novamente para que mais um “pouco" de indução ocorra.
Em suma, os contatos do enrolamento primário do
transformador não podem ficar simplesmente fechados, pois se
isso acontecer a indução ocorre num instante só e depois para.
Este contato é então acoplado a um sistema que faz com que o
movimento do motor o ligue e desligue rapidamente variando
assim a corrente e mantendo a indução.
Este contato pela abertura e fechamento está sujeito a um
certo desgaste e mesmo faiscamento, sendo por este motivo
recoberto de um metal resistente à queima. Este metal que, a
platina justamente lhe dá o nome: platinado.
A função do capacitor C ligado em paralelo com o
platinado será vista a seguir quando estudarmos os problemas
que podem acontecer com um sistema de ignição convencional
como este.
Obs.: veja que mesmo sendo a tensão
da bobina muito alta, como a corrente
é relativamente baixa o único perigo
que existe no caso de tocarmos nas
velas de um veículo é o forte choque.

Os problemas da ignição convencional


A corrente intensa que circula pelos contatos do platinado
quando este abre e fecha é causa de um rápido desgaste dele, e
ainda como a bobina tem características que induzem também
uma alta tensão nos contatos ocorrem faíscas na sua abertura e
fechamento. Isso significa que a faísca que é produzida na
abertura e fechamento do contato pode causar sua queima e em
pouco tempo a eficiência do dispositivo diminui. Este passa a
apresentar uma elevada resistência não chegando a bobina a
corrente que ela precisa para seu funcionamento.

173
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Em alguns casos a queima pode provocar um aquecimento


que acabará por “soldar" os contatos que então não funcionarão
mais. Esta solda pode em alguns casos fazer circular uma
corrente muito forte pela bobina causando sua queima.
Para amortecer o faiscamento existe em paralelo com os
contatos do platinado um “condensador" (o nome certo é
capacitor). Este componente absorve a energia que retorna da
bobina e que é responsável pelas faíscas evitando sua ação sobre
o platinado e prolongando sua duração. (figura 4)

Outro problema que ocorre com a ignição convencional é


que a tensão gerada no secundário da bobina depende em sua
eficiência da velocidade de abertura e fechamento dos contatos a
qual está ligada à rotação do motor.
Assim, a medida que a rotação do motor aumenta, chega
um momento em que a indução da bobina já não ocorre com a
mesma eficiência e a faísca pode ter falhas. Muitos motores
perdem seu rendimento nas altas rotações em vista deste
fenômeno.
Mas, além da perda de rendimento existe um problema
mais grave associado a falha ou ineficiência da faísca. Se a faísca
não tiver uma intensidade suficiente para queimar todo o
combustível ou estiver ausente, este combustível não queimado
será desperdiçado, o que significa um gasto maior para o veículo.
Um sistema de ignição imperfeito tem por consequência
um consumo excessivo de combustível já que se tem de acelerar
muito mais para se obter a mesma potência, isso sem se
considerar as falhas de funcionamento.
Os veículos de competição com a finalidade de garantir ao
máximo a queima total do combustível no motor usam bobinas
especiais de altas tensões que podem chegar aos 40 000 V.

174
NEWTON C. BRAGA

Como melhorar a ignição? E neste momento que entram


alguns recursos eletrônicos que estudaremos a seguir:

Obs.: este sistema é para os antigos


carros que usavam platinados e
distribuidores. Hoje os sistemas não
usam platinados e têm um princípio
diferente para se gerar e distribuir a
alta tensão.

Ignição assistida
O tipo mais simples de circuito eletrônico usado na ignição
eletrônica é o que usa um transistor como comutador,
possibilitando assim a redução da intensidade da corrente que
passa pelo platinado. O platinado passa então a controlar uma
corrente muito mais fraca que a normal apenas para “forçar" o
transistor a conduzir a corrente maior para a bobina.
As principais vantagens deste sistema são:
Menor desgaste do platinado, pois ele conduz uma
corrente de intensidade muito menor que o normal.
Menor efeito da resistência apresentada pela deterioração
do contacto no rendimento da ignição. Uma pequena redução da
superfície de contacto do platinado numa ignição comum já tem
um considerável efeito no rendimento da ignição. A resistência
apresentada reduz a intensidade da corrente e a faísca
consequentemente se torna menor ou menos eficiente na
combustão do cilindro.
Melhor comutação, pois os transistores respondem com
maior eficiência e velocidade a solicitação de corrente, podendo
com isso ser obtida uma faísca mais uniforme em qualquer
rotação.
Na figura 1 temos um circuito simples que usa um único
transistor como comutador num sistema de ignição assistida.

175
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Neste sistema, ao se fechar o platinado, uma corrente e


forçada a circular entre a base e o emissor do transistor através
do resistor R1 que limita sua intensidade. Em consequência desta
corrente, circula uma corrente muito maior entre o coletor e o
emissor do transistor.
A bobina ligada entre o emissor e o coletor do transistor
(em série) recebe então a energia que precisa para seu
funcionamento. O resistor R1 tem seu valor em dependência
direta do tipo de transistor usado.
Por exemplo, se o transistor tiver um ganho igual a 100
(caso do 2N3055 ou equivalente), isso significa que a corrente de
base pode ser 100 vezes menor que a corrente da bobina.
Fixando em torno de óA a corrente máxima da bobina, isso
significa que a corrente de base será de aproximadamente 0,06A
ou 60 mA.
Para uma tensão de 12 V disponível aproximadamente no
circuito temos uma resistência da ordem de 12/0,06 = 200 ohms.
O valor comercial de 220 ohms serve no caso. Este resistor deve
ser de 220 R x 2 W, para os casos mais comuns. Se for notado um
baixo rendimento, uma pequena redução de valor deve ser
experimentada.
O transistor pode ser o 2N3055 que suporta uma corrente
de coletor de até 15 A e que admite uma tensão máxima entre o
coletor e o emissor de 100 V. Como na abertura dos contatos do
platinado pode aparecer sobre o transistor uma tensão maior que

176
NEWTON C. BRAGA

100 V e que pode queimá-lo, para sua proteção é utilizado um


diodo zener.
Este diodo zener, indicado por Z1 deve ter uma tensão
menor que a máxima suportada pelo transistor e maior do que a
da fonte de alimentação. Um zener com tensão entre 50 e 80 V x
1 W serve perfeitamente para o caso.
Neste circuito, como a corrente que o transistor deve
conduzir é algo intensa o seu aquecimento e inevitável. Para que
todo o calor gerado seja transferido sem problemas para o meio
ambiente, sua montagem deve ser feita num bom irradiador,
conforme mostra a figura 2.

Observe que entre o transistor e o irradiador existe um


isolador de mica ou plástico, para que o corpo do componente
não faça contato elétrico, pois nele está ligado o coletor.
Este isolador de plástico ou mica é normalmente
impregnado com pasta de silicone, para facilitar a transferência
do calor gerado.
Na utilização prática de um circuito deste tipo no seu
carro, a instalação do sistema deve ser feita bem próxima da
bobina e os cabos de conexão de altas correntes devem ser
grossos e curtos. E quais são as outras vantagens que o leitor
poderá observar num sistema deste tipo?
Se considerarmos que a comutação do transistor é muito
mais eficiente e mais rápida do que a comutação obtida com
contatos simples do platinado, além do pequeno desgaste deste
elemento, o leitor notará que o motor apresenta um rendimento
muito maior principalmente nas altas rotações.
Isso significa que, uma vez bem ajustado o sistema
distribuidor, o consumo de combustível será sensivelmente
melhor nas altas velocidades, o que não acontece com um

177
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

sistema convencional. Outro ponto importante é que a faísca


sendo mais eficiente neste sistema, a queima de combustível será
total, obtendo-se muito mais força de um motor, em qualquer
faixa de rotações.
As ignições assistidas podem ser encontradas em muitas
casas de acessórios para veículos, mas é preciso ter muito
cuidado para que ela não seja vendida como uma ignição de
descarga capacitiva que é um tipo muito mais elaborado e que,
portanto, é muito mais cara.
As ignições assistidas, por sua simplicidade não devem ter
os mesmos preços das denominadas ignições eletrônicas por
descarga capacitiva cujos circuitos são bem mais complexos.
Ignições por descarga capacitiva
Na figura 3 temos um circuito em blocos de uma ignição
por descarga capacitiva. Analisaremos o funcionamento de cada
um dos blocos em separado, já que cada bloco representa uma
etapa diferente do circuito.

O primeiro bloco é um “inversor" cuja finalidade é


transformar os 12 V da bateria do carro numa alta tensão entre
300 e 600 V para a alimentação da etapa seguinte do circuito. O
inversor nada mais é do que um oscilador que pode usar um ou
dois transistores em um circuito do tipo mostrado na figura 4.

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NEWTON C. BRAGA

Os transistores geram uma corrente variável de uma


frequência entre 100 e 1000 Hz para que esta ao circular pelo
enrolamento primário do transformador possa induzir em seu
secundário uma alta tensão.
Este transformador não é ainda a bobina de ignição e esta
transformação da corrente contínua da bateria numa corrente
pulsante é necessária, porque conforme vimos, as correntes
contínuas não induzem correntes no outro enrolamento de
transformadores. O platinado precisa ficar abrindo e fechando
para que ocorra uma variação capaz de produzir a indução.
Esta etapa do circuito e que é responsável pela maior
parte do consumo de energia do circuito. Os transistores usados
nesta parte do circuito são de grande potência devendo ser
montados em bons dissipadores de calor.
O transformador usado em alguns casos é do tipo comum
com núcleo laminado de ferro-silício (ferro doce) mas em tipos
especiais em que se exige alto-rendimento, os transformadores
são construídos em núcleos especiais de ferrite. Quando são
utilizados núcleos de ferrite pode-se obter um rendimento muito
maior da etapa inversora com sua operação em frequências muito

179
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

mais elevadas. São comuns os casos em que as frequências de


operação ultrapassam os 10 000 Hz.
A segunda etapa do circuito tem por função retificar a
corrente contínua que é obtida no secundário do transformador
para que esta possa ser usada na carga de um capacitor de alto
valor.
Na figura 5 mostramos um circuito típico para esta etapa
em que na retificação são usados diodos de silício capazes de
suportar a alta tensão da ordem de até 600 V ali existente.

Os diodos conduzem a corrente num único sentido


obtendo-se assim uma tensão contínua cujo valor típico pode
chegar a 600 V. Esta tensão é usada para carregar um capacitor
que, conforme veremos está no bloco seguinte.
O terceiro bloco representa o circuito de disparo da bobina
que tem por elementos básicos um capacitor eletrolítico de
grande valor, um SCR e a bobina. Na figura 6 temos um circuito
típico para o terceiro bloco.

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NEWTON C. BRAGA

O capacitor, a bobina e o SCR são ligados em série


conforme mostra a bobina. O capacitor, conforme os leitores já
sabem, carrega-se de eletricidade, pois se trata de um dispositivo
que armazena cargas elétricas. Um capacitor de alto valor como o
utilizado neste caso pode armazenar uma grande quantidade de
cargas elétricas.
O SCR é um dispositivo eletrônico usado em comutação.
Trata-se de uma “chave eletrônica" que liga quando um sinal
elétrico de pequena intensidade é aplicado ao seu eletrodo de
comporta. Os SCRs comuns podem conduzir correntes constantes
de alguns ampères, mas se a corrente for de curta duração, uma
fração de segundo apenas, ela pode ter intensidade de até
centenas de ampères.
Pois bem, em condições iniciais o capacitor se encontra
carregado pela alta tensão da etapa anterior e o SCR desligado.
Com o movimento do motor, o platinado fecha o seu contato
fazendo circular uma pequena corrente pela comporta do SCR.
Esta corrente faz com que este componente dispare, conduzindo
toda a energia que está armazenada no capacitor para o
enrolamento primário da bobina. Por uma fração de segundo a
bobina e percorrida por uma corrente muito intensa e submetida
a uma tensão muito alta. O resultado disso é a produção de uma
alta tensão no secundário capaz de produzir uma boa faísca para
a ignição do combustível no interior do motor.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

Uma vez que o capacitor se descarrega, o SCR “desliga" e


o capacitor pode armazenar mais energia para o ciclo seguinte,
ou seja, para a faísca da outra vela conectada pelo distribuidor.
O ciclo a abertura e fechamento do platinado e a carga
constante do capacitor permitem a obtenção de faíscas
continuamente para o funcionamento do motor.
E que vantagens apresenta este tipo de ignição em relação
ao convencional?
Em primeiro lugar temos a produção de uma faísca de
muito maior intensidade pois o capacitor se carrega com uma
tensão muito mais alta que os 12 V da bateria, o que significa
maior rendimento na combustão do combustível no interior do
cilindro.
Em segundo lugar, a corrente de disparo do SCR e
extremamente pequena o que significa um desgaste mínimo dos
platinados no funcionamento da ignição. Como a sensibilidade do
SCR é muito grande, o problema de pequenas resistências que
podem aparecer nestes contatos não influi no seu funcionamento.
Finalmente, o SCR se mantém ligado até a descarga
completa do capacitor, independentemente do tempo de
fechamento dos platinados, o que quer dizer que a intensidade da
faísca independe da velocidade do motor, ou seja, de sua rotação.
Este fato é muito importante pois obtém-se o mesmo rendimento
do motor nas baixas como nas altas rotações o que não acontece
com a ignição convencional.
Quanto a confiabilidade do sistema, as ignições eletrônicas
por descarga capacitiva como a que vimos são dotadas de
recursos que permitem seu desligamento em caso de falha,
voltando-se ao sistema convencional. Como a bobina e o
platinado para os dois sistemas podem ser os mesmos, basta uma
pequena chave comutadora acessível no painel para passar de
um sistema para outro.
Apregoa-se que a ignição eletrônica permite uma
considerável economia de combustível. Se considerarmos que a
faísca produzida tem intensidade constante e é de maior energia,
a combustão do álcool ou gasolina no interior do motor é mais
eficiente obtendo-se, portanto, maior rendimento. Pode-se então
acelerar menos para se obter maior velocidade, o que significa
menor gasto de combustível. Entretanto é preciso lembrar que a
economia de combustível não depende só do sistema de ignição
usado como também da maneira de dirigir de cada um.

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NEWTON C. BRAGA

No comércio de acessórios eletrônicos para veículos


existem diversos tipos de ignição por descarga capacitiva, as
denominadas ignições eletrônicas que funcionam segundo este
mesmo princípio.
Seu custo depende da sofisticação de cada uma, devendo,
entretanto o leitor desconfiar se lhe oferecerem uma "ignição
eletrônica" de baixo custo como de descarga capacitiva, pois ela
realmente pode ser a “ignição assistida" que é muito mais
simples. Temos visto muitos casos de ignições que tem seus
componentes envolvidos por um bloco de resina "epóxi" para que
não se possa saber o que o circuito realmente leva no seu interior
com a evidente finalidade de se enganar o comprador, e não de
proteger o circuito contra a umidade.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 6

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