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DO DECISIONISMO À
TEOLOGIA POLÍTICA
CARL SCHMITT E O
CONCEITO DE SOBERANIA
Alexandre Franco de Sá
2003
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Covilhã, 2009
F ICHA T ÉCNICA
Título: Do Decisionismo à Teologia Política.
Carl Schmitt e o Conceito de Soberania
Autor: Alexandre Franco de Sá
Colecção: Artigos L USO S OFIA
Direcção da Colecção: Artur Morão & José Rosa
Design da Capa: António Rodrigues Tomé
Composição & Paginação: José M. Silva Rosa
Universidade da Beira Interior
Covilhã, 2009
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Conteúdo
Introdução. Os Quatro Capítulos para a Doutrina da Sobera-
nia 4
O Decisionismo schmittiano 7
Do Decisionismo à Teologia Política 26
RESUMO
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4 Alexandre Franco de Sá
Introdução.
Os Quatro Capítulos para a
Doutrina da Soberania
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O Decisionismo schmittiano
Ao determinar a soberania como a possibilidade de decidir um es-
tado de excepção a uma norma, Schmitt apresenta o seu conceito
de um modo manifestamente polémico. Longe de ser neutra ou
meramente descritiva, uma tal definição do poder soberano surge,
de um modo imediato, em contraposição a doutrinas jurídicas clas-
sificáveis, de um modo geral, como normativistas.
Em Politische Theologie, é sobretudo a partir da doutrina da
soberania do direito, formulada por Krabbe em Die moderne Sta-
atsidee, que a perspectiva normativista é contestada. Segundo uma
tal perspectiva, o Estado moderno caracteriza-se por uma mudança
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der que institui a lei não pode deixar de fazer parte integrante da
existência dessa mesma lei. Se toda a lei se cumpre enquanto lei,
se toda a norma se aplica e efectiva enquanto norma, a partir de
um poder que a aplica e efectiva, a possibilidade de o poder a ul-
trapassar, suspendendo-a ou anulando-a, é algo constitutivo dessa
mesma lei na sua efectivação. É então a possibilidade da excep-
ção que constitui a possibilidade da existência da lei, ou seja, que
constitui essa mesma lei enquanto lei efectiva e existente. Que-
rer submeter o poder legislador a um segundo poder que tivesse a
incumbência de guardar a lei seria, não evitar a possibilidade do
arbítrio, mas designar este segundo poder como o único poder pro-
priamente dito, como o poder soberano ao qual se tem de submeter
todo e qualquer outro poder. Como escreve Schmitt, nesse mesmo
texto, antecipando em quase vinte anos a sua polémica com Kel-
sen a propósito do “guardião da constituição”: “Nenhuma lei se
pode cumprir a si mesma, são sempre apenas homens que podem
ser erigidos a guardiães das leis, e quem não confia ele mesmo nos
guardiães, a esse nada ajuda que se lhes volte a dar novos guar-
diães”10 .
O poder de determinar a lei no seu conteúdo, por um lado, e o
poder de a guardar, por outro, surgem assim unidos, segundo Sch-
mitt, na unidade de um único poder. A um tal poder único poder-
se-ia chamar um poder representativo. Para a compreensão dessa
designação, torna-se necessário ter presente a elaboração schmitti-
ana do conceito de representação (Repräsentation). Em 1928, ao
publicar Verfassungslehre, Schmitt esclarece esse conceito do se-
guinte modo: “A representação não é nenhum processo normativo,
não é nenhum procedimento, mas algo existencial. Representar
quer dizer tornar visível e presentificar um ser invisível através de
um ser publicamente presente. A dialéctica do conceito está em
que o que é invisível é pressuposto como ausente e, no entanto,
10
Idem, pp.82-83.
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Do Decisionismo à Teologia
Política
A argumentação de Hobbes surge assim como uma argumentação
apropriada implicitamente por Schmitt na sua justificação racional
da existência de um poder soberano ilimitado, determinado pela
sua possibilidade de decidir a abertura de um estado de excepção.
Contudo, esta argumentação nunca é – nem pode ser – explicita-
mente admitida pelo decisionismo schmittiano. E esta inadmissi-
bilidade da argumentação hobbesiana tem a sua origem naquilo a
que se poderia chamar um paradoxo instalado no seu núcleo mais
fundamental. A argumentação de Hobbes, na sua justificação do
poder ilimitado por parte do Estado, é, como já ficou demonstrado,
inteiramente clara. Para o pensador do Leviathan, só a existência
de um poder soberano ilimitado fundador do estado civil, a existên-
cia de um poder que não encontre fora de si nenhum poder concor-
rente, nem nenhum critério exterior de justiça que potencialmente
o legitime, é capaz de libertar os indivíduos que se lhe submetem
do perigo de uma morte violenta. Deste modo, o poder ilimitado do
soberano justifica-se em função da segurança da vida destes mes-
mos indivíduos. É para a defesa da segurança individual que se
torna racional que um tal poder exista. O poder soberano deve en-
tão existir não porque a sua existência seja em si mesma um bem,
mas porque ela é o garante da não ocorrência do pior de todos os
males. O Estado, enquanto detentor de um poder soberano ilimi-
tado, não surge assim como um fim em si mesmo. Pelo contrário,
ele é um mero meio que se justifica em função do fim que os in-
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Cf. Carl SCHMITT, Die geistesgeschichtliche Lage des heutigen Parla-
mentarismus, Berlim, Duncker & Humblot, 1996, p. 79.
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