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GEODIVERSIDADE CONCEITOS, APLICAÇÕES E ESTADO DA ARTE NO BRASIL:


UMA APLICAÇÃO AO GEOPARK ARARIPE

Article  in  Estudos Geológicos · July 2018


DOI: 10.18190/1980-8208/estudosgeologicos.v28n1p86-103

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5 authors, including:

Luis Carlos Freitas César Veríssimo


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GEODIVERSIDADE CONCEITOS, APLICAÇÕES E ESTADO DA ARTE NO
BRASIL: UMA APLICAÇÃO AO GEOPARK ARARIPE

Luís Carlos Bastos Freitas1


César Ulisses V. Veríssimo2
Ricardo de Lima Brandão3
Marcelo Eduardo Dantas3
Edgar Shinzato3
10.18190/1980-8208/estudosgeologicos.v28n1p86-103
1-Pesquisador em Geociências do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM/SGB)–
Residência de Fortaleza (REFO) – Programa de Pós-Graduação em Geologia – UFC,
luis.freitas@cprm.gov.br
2- Departamento de Geologia UFC, cesarulisses85@gmail.com
3-Pesquisador em Geociências do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM/SGB) –
Escritório do Rio de Janeiro (ERJ), edgar.shinzato@cprm.gov.br

RESUMO

A geodiversidade, que em síntese é um estudo integrado do meio abiótico com base em


diversas variáveis, vem se popularizando no mundo e, mais recentemente, no Brasil
com os estudos realizados por diversos pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
Contudo, uma revisão de conceitos e suas aplicações são necessárias, uma vez que o
avanço é dinâmico e acelerado. Faz-se aqui, uma revisão dos trabalhos realizados no
Brasil, caracterizando as vertentes de pesquisa dentro da geodiversidade e dando ênfase
na sua aplicação na gestão territorial. Esta revisão consistiu em uma intensiva pesquisa
bibliográfica e um estudo de caso da aplicação de uma das metodologias no Geopark
Araripe. Com isto, pretende-se contribuir para a consolidação de conceitos e métodos,
principalmente aplicados a mapeamentos de geodiversidade na escala de detalhe.

Palavras Chave: Geoturismo; Patrimônio Geológico; Patrimônio Paleontológico;


Cariri; Geoparque.

ABSTRACT

Geodiversity, which in synthesis is an integrated study of the abiotic environment based


on several variables, has become popular in the world and, more recently, in Brazil with
the studies carried out by several Brazilian and foreign researchers. However, a review
of concepts and their applications are necessary, since the advance is dynamic and
accelerated. Here, a review of the work carried out in Brazil, characterizing the research
strands within geodiversity and emphasizing its application in territorial management.
This review consisted of an intensive bibliographical research and a case study of the
application of one of the methodologies in Araripe Geopark. This is intended to
contribute to the consolidation of concepts and methods, mainly applied to geodiversity
mapping in the detail scale.

Keyworlds: Geoturismo; Patrimônio Geológico; Patrimônio Paleontológico; Cariri;


Geoparque.

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INTRODUÇÃO campo em diferentes áreas e escalas no
estado no Ceará e mais especificamente
Segundo Pfaltzgraff e Adamy
em diferentes escalas no âmbito do
(2010), o termo “geodiversidade” foi
geoparque Araripe, localizado no sul do
empregado em 1993, primeiramente, na
estado do Ceará.
Conferência de Malvern (Reino Unido)
A classificação e
sobre “Conservação Geológica e
individualização de unidades geológico-
Paisagística”. Inicialmente, o vocábulo
ambientais tiveram como base a
foi aplicado para gestão de áreas de
sequência dos trabalhos de Silva et al.,
proteção ambiental, como contraponto a
(2006) e Brandão e Freitas (2010,
“biodiversidade”, já que havia
2014). As características dos domínios e
necessidade de um termo que
unidades geológico-ambientais aqui
englobasse os elementos não bióticos do
apresentados são resultantes de
meio natural (Serrano e Ruiz Flaño,
comparações com outras unidades
2007). Todavia, segundo levantamento
semelhantes em todo o Brasil (CPRM -
dos mesmos autores, essa expressão
Geodiversidades Estaduais).
havia sido empregada, já na década de
1940, pelo geógrafo argentino Federico
Classificação dos Domínios e
Alberto Daus, para diferenciar áreas da
Unidades Geológico-ambientais
superfície terrestre, com uma conotação
de Geografia Cultural (Rojas, apud
O estabelecimento de domínios
Serrano e Ruiz Flaño, 2007, p. 81).
geológico-ambientais e suas subdivisões
O termo e sua aplicação
para a área, inserem-se nos mesmos
evoluíram no Brasil com base nos
critérios adotados para o Brasil, com o
conceitos de Stanley (2001), Xavier da
objetivo de se agrupar conjuntos
Silva e Carvalho Filho (2001), Gray
estratigráficos de comportamento
(2004) e por último Silva (2006). Com
semelhante frente ao uso e ocupação
base nesta evolução de conceitos, a
dos terrenos.
geodiversidade pôde ser aplicada para
A base da Geodiversidade, no
gestão territorial com diferentes
que se refere a banco de dados, é fruto
abordagens e tendo como base domínios
da reclassificação das unidades
geológico-ambientais que, dependendo
litoestratigráficas contidas na Base
da escala leva em consideração um
Multiescalar de Litoestratigrafia,
estudo sistemático de uma enorme
compondo conjuntos estratigráficos de
massa de dados ambientais disponíveis
comportamento semelhante frente ao
em base de dados georreferenciada e,
uso e ocupação. Atualmente essa base
com isto, a seleção das variáveis que
possui a estruturação em domínios e
melhor determinam a geodiversidade
unidades geológico-ambientais
em cada local.
apresentada em Brandão e Freitas (2014
Está evolução será apresentada e
- Apêndice I). Tal estruturação é
discutida neste trabalho, juntamente
dinâmica e, na medida do detalhamento
com uma aplicação dos conceitos já
das escalas, novos domínios e unidades
fixados para o levantamento da
podem ser inseridos como visto neste
geodiversidade do geoparque Araripe.
trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
MATERIAL E MÉTODOS
Geodiversidade: uma Síntese
Foi realizada uma intensa
da Evolução dos Conceitos e
pesquisa bibliográfica em revistas
Aplicações na Gestão Territorial
indexadas, dissertações e teses.
Também foram realizados trabalhos de
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Eberhard (1997) introduziu o Gray (2004) concebe uma
conceito de geodiversidade, definindo-o definição bastante similar ao de
como “a diversidade natural entre Eberhard (1977); todavia, estende sua
aspectos geológicos, do relevo e dos aplicação aos estudos de planejamento
solos”. “Cada cenário da diversidade territorial, ainda que com ênfase
natural (ou paisagem natural) estaria em destinada à geoconservação.
constante dinâmica por meio da atuação Com base nos conceitos
de processos de natureza geológica, anteriores, Silva et al., (2006) definiu
biológica, hidrológica e atmosférica”. geodiversidade como “O estudo da
Veiga (1999) por sua vez, natureza abiótica (meio físico)
enfatiza o estudo das águas superficiais constituída por uma variedade de
e subterrâneas nos estudos de ambientes, composições, fenômenos e
geodiversidade. Para este autor a processos geológicos que dão origem às
geodiversidade “expressa as paisagens, rochas, minerais, águas,
particularidades do meio físico, fósseis, solos, clima e outros depósitos
compreendendo as rochas, o relevo, o superficiais que propiciam o
clima, os solos e as águas, subterrâneas desenvolvimento da vida na Terra,
e superficiais, e condiciona a tendo como valores intrínsecos a
morfologia da paisagem e a diversidade cultura, o estético, o econômico, o
biológica e cultural”. O estudo da científico, o educativo e o turístico.“
geodiversidade é, em sua opinião, uma Neste sentido, a biodiversidade está
ferramenta imprescindível de gestão assentada sobre a geodiversidade e, por
ambiental e norteador das atividades conseguinte, é dependente direta desta,
econômicas. pois as rochas, quando intemperizadas,
Stanley (2001) já apresenta uma juntamente com o relevo e clima,
concepção mais ampla para o termo contribuem para a formação dos solos,
“geodiversidade”, em que as paisagens disponibilizando, assim, nutrientes e
naturais, entendidas como a variedade micronutrientes, os quais são absorvidos
de ambientes e processos geológicos, pelas plantas, sustentando e
estariam relacionadas a seu povo e a sua desenvolvendo a vida no planeta Terra.
cultura. Desse modo, o autor estabelece Em síntese, pode-se considerar
uma interação entre a diversidade que o conceito de geodiversidade
natural dos terrenos (compreendida abrange a porção abiótica do
como uma combinação de rochas, geossistema (o qual é constituído pelo
minerais, relevo e solos) e a sociedade, tripé que envolve a análise integrada de
em uma aproximação com o clássico fatores abióticos, bióticos e antrópicos).
conceito lablacheano de “gênero de Esse reducionismo permite, entretanto,
vida” (Dantas et al., 2015), discutido ressaltar os fenômenos geológicos em
mais à frente. estudos integrados de gestão ambiental
Xavier da Silva e Carvalho Filho e planejamento territorial (Dantas et al.,
(2001) definem geodiversidade a partir 2015). Firmando-se aí o estudo
da “variabilidade das características integrado do meio abiótico
ambientais de uma determinada área (geodiversidade) como importante
geográfica”, cabendo ao pesquisador, ferramenta na gestão territorial.
com base em um estudo sistemático de
enorme massa de dados ambientais Geodiversidade - Estado da
disponíveis em base de dados Arte no Brasil
georreferenciada, a seleção das
variáveis que melhor determinam a A partir de 2008, o Serviço
geodiversidade em cada local. Geológico do Brasil (SGB), iniciou uma
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série de publicações que cobriram todo (Nascimento et al., 2008 in:
o território nacional com mapas de Geodiversidade do Brasil e Nascimento
geodiversidade (Geodiversidade et al., 2008).
Estaduais) tomando como base o A partir de 2009, livros sobre a
conceito cunhado a partir de 2006 pela geodiversidade de cada estado brasileiro
equipe do SGB (Mapa de (mapas de geodiversidade estaduais)
Geodiversidade do Brasil, 2006 e foram lançados pelo corpo técnico do
Geodiversidade do Brasil, 2008). SGB. Aplicando-se ainda o mesmo
A partir destes trabalhos, pode- sentido de Silva (2006, 2008).
se notar, uma caracterização da Em 2009 uma edição especial da
geodiversidade, diferenciando-se o foco Revista do Instituto de Geociências –
a partir da escala de aplicação e com USP trouxe uma série de artigos
uma grande ênfase na gestão territorial. relacionados ao tema Geoparques
Em termos de informações e (Bacci et al., 2009; Brilha, 2009;
comunicação, buscou-se utilizar nestes Delphim, 2009; Guimarães et al., 2009;
trabalhos uma linguagem ao mesmo Mansur et al., 2009; Martini, 2009;
tempo precisa (porém sem se Menegat, 2009; Modica, 2009;
aprofundar em demasia nos conceitos Ruchkys, 2009).
técnico-científicos) e de compreensão Em 2010, o SGB lançou livros
universal, uma vez que o público-alvo é de geodiversidade dos estados de Minas
muito variado e o objetivo principal Gerais (Machado e Silva, 2010), Bahia
destas obras foi popularizar a (Carvalho e Ramos, 2010), Rio Grande
geodiversidade, mostrando suas do Norte (Pfaltzgraff e Torres, 2010a),
múltiplas aplicações em vários setores Amazonas (Maia e Marmos, 2010),
sociais, ambientais e econômicos. Mato Grosso do Sul (Theodorovicz e
A popularização do Theodorovicz, 2010), Piauí (Pfaltzgraff
conhecimento consiste num alicerce e Torres, 2010b), Rio Grande do Sul
fundamental para a difundir a (Vieiro e Silva, 2010), São Paulo
importância da valorização e a (Peixoto, 2010) e Rondônia (Adamy,
necessidade da Geoconservação junto a 2010).
Sociedade. Em Portugal, a partir da Em 2012, mais de duas dezenas
década de 90 deu-se grande ênfase ao de trabalhos relacionados
estudo da geodiversidade para fins de principalmente ao
geoconservação. No Brasil, alguns Patrimônio/geoconservação (Almeida e
autores seguem a mesma vertente. Almeida, 2012; Almeida e Porto Jr,
Somente no ano de 2000, sob os 2012; Beliani e Scheiner 2012; Garcia,
auspícios da UNESCO, foi criada a 2012; Liccardo et al., 2012a; Teixeira et
Rede Europeia de Geoparques cujo al., 2012), geoturismo (Bento et al.,
objetivo é proteger a Geodiversidade 2012; Campello et al., 2012; Garofano,
(meio abiótico), para promover o 2012; Liccardo e Hornes, 2012; Lopes
Patrimônio Geológico para o público et al., 2012; Mantesso-Neto et al., 2012;
em geral, bem como para apoiar o Nummer et al., 2012; Pereira et al.,
desenvolvimento econômico sustentável 2012; Sena et al., 2012) e à educação
dos territórios dos Geoparques, ambiental (Ruchkys et al., 2012; Russ e
principalmente com base no turismo e Nolasco 2012) foram publicados no
na educação (Medeiros et al., 2015). Anuário do Instituto de Geociências –
O tema “Geoconservação e UFRJ caracterizando a grande
Geoturismo”, intrinsecamente vinculado preferência do corpo técnico nacional
à Geodiversidade, começou a ser por esta vertente.
popularizado no Brasil em 2008
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Em 2013 o Boletim Paranaense O conceito Lablachiano (La
de Geociências, dando uma grande Blache, 1911) de “gênero da vida” é
ênfase ao Patrimônio aplicado à geodiversidade e sua
Geológico/Mineiro, publicou uma relação na concepção de Geoparques
edição especial com artigos Mundiais da UNESCO; o exemplo do
relacionados: (Mansur et al., 2013; Geopark Araripe
Carcavilla et al., 2013; Guimarães et al.,
2013; Mantesso Neto et al., 2013; O conceito de “gênero da vida”
Ruchkys e Machado, 2013; Marchán e pode ser aplicado às propostas dos
Sánchez, 2013; Miranda e Lema, 2013; geoparques da Unesco, onde a condição
Nascimento et al., 2013; Mansur et al., principal para idealização de um
2013b; Liccardo e Chieregati, 2013; geoparque é a interação do povo com o
Shimada, 2013; Lobo e Boggiani, 2013; “Geo”, aproximando-se do conceito de
Salamuni et al., 2013). gênero da vida, de La Blache. Para La
No mesmo ano foi lançado pelo Blache, as regiões constituíam um meio
SGB o livro sobre a geodiversidade do vivo que proporcionariam o
estado do Pará (João et al., 2013). Em desenvolvimento das sociedades. Com a
2014, o SGB lançou livros de utilização dos recursos regionais
geodiversidade dos estados de Roraima naturais, a vida em sociedade
(Holanda et al., 2014), Pernambuco constituiria, então, o que se denominou
(Torres e Pfaltzgraff, 2014), Espírito por gêneros de vida.
Santo (Silva e Machado, 2014), Goiás e A ideia de que o homem, desde
DF (Moraes, 2014) e Ceará (Brandão e seus primórdios, é um grande
Freitas, 2014). Em 2015 foi lançado o modificador do meio é bem conhecida,
livro de geodiversidade do estado do no entanto, deve-se observar que o meio
Acre (Adamy, 2015). também determina os gêneros de vida
Segundo Medeiros et al., 2015 de um povo. No caso da Bacia
os geoparques representam parte de um Sedimentar do Araripe, e mais
conceito holístico de proteção, educação especificamente no Vale do Cariri, a
e desenvolvimento sustentável. Nesses história geológica de uma bacia
espaços são valorizadas atrações sedimentar policíclica mesozoica é um
turísticas locais com ênfase nos grande determinante no gênero de vida
aspectos geológicos, maximizando o da população.
Geoturismo. Esta atividade traz Os litótipos cretácicos da
benefícios econômicos locais e Formação Exu, em contato com os
incentiva as pessoas a conhecerem a litotipos síltico-argilosos do Membro
evolução do seu local e paisagem. Romualdo da Formação Santana
Em 2016, livros sobre a condicionam a existência de várias
geodiversidade dos estados de Alagoas surgências de água que abastecem
(Villanueva, 2016), Amapá (João e perenemente o Vale do Cariri. Também
Teixeira, 2016) e Santa Catarina (Viero relativo a recursos hídricos, logo abaixo
e Silva, 2016) também foram estão as Formações Rio da Batateira e
publicados. Em 2017, foi publicado o Missão Velha que absorvem novamente
livro sobre a geodiversidade do estado estas águas, formando juntamente com
do Sergipe (Carvalho e Martins, 2017). os arenitos da Formação Exu os dois
aquíferos mais importantes da região,
proporcionando uma condição hídrica
favorável, diferente do existente nas
regiões semiáridas do seu entorno.
Aliado a isso, uma condição
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geomorfológica associada aos litotipos e cultivo de cana de açúcar, instalada
tectônica mais atual, condicionaram principalmente nos solos derivados dos
uma inversão de relevo ocasionada pela litótipos carbonáticos e síltico-argilosos
sustentação de um relevo mais novo da Formação Santana, trazendo a cana
pela diferença de resistência de de açúcar.
materiais (linhas de colúvio antigas Com o passar do tempo e o
formadas a partir de fluxos de detritos; desenvolvimento político-econômico da
Peulvast et. al., 2011) isto região do Cariri, a cana de açúcar
proporcionou, por exemplo, a instalação deixou de ser economicamente viável,
da cidade do Crato. Este fato foi passando do cultivo para a agricultura
determinante na morfologia do atual de subsistência e pastoreio.
relevo de morros e na escarpa de borda Na década de 60, outro grande
de chapada que confere uma beleza interesse foi despertado, também
diferenciada, mesmo entre outras derivado das condições ímpares da
cidades instaladas na região do Cariri. geologia local, que são os grandes
A natureza litológica da depósitos de calcário laminado e gipsita
Formação Arajara, associada às dos membros Crato e Ipubi da
condições de saturação, percolação e Formação Santana.
surgência de água, assim como o Os mineiros, muitos sem uma
condicionamento estrutural refletido nas educação básica, começam um
camadas acima, proporcionou a aprendizado geológico próprio,
escavação do relevo, formando vales aplicando novos termos e técnicas
encaixados com clima úmido e a próprias para classificar e explorar os
carstificação em seus arenitos formando recursos minerais, dando início a um
localmente cavidades e abrigos naturais. aprendizado cultural e dialeto regional
Não podemos esquecer, que, devido à que podemos comparar a geolingüística.
existência de água em abundância, e um “Taiado” (Frente de lavra), “matracão”
clima favorável, proporcionou-se, (calcarenitos), “capa” (fácies
também, a formação de solos mais carbonática/calcário maciço), lajão
espessos e de boa qualidade, condição (várias fácies laminadas exploradas
que proporcionou instalação de uma comercialmente) são termos utilizados
vegetação tropical úmida onde é hoje a para classificar as rochas
Floresta Nacional do Araripe (FLONA), composicionalmente e
a primeira floresta nacional do Brasil. economicamente, assim como formas
Estas condições favoreceram de exploração e jazimento.
também a instalação da primeira fauna Graças à extração de calcário e
“moderna”. Tais evoluções do ambiente gipsita, descobriu-se um novo valor
e paisagem atraíram os primeiros para a geodiversidade do Araripe, o
habitantes da região, os ancestrais dos grande potencial fossilífero do Membro
índios kariris. Estes deixaram Crato, sendo considerado atualmente
registradas nos arenitos diversas como um konservat lagerstaten, termo
gravuras e pinturas rupestres, assim utilizado para designar depósitos
como desenvolveram com o tempo uma fossilíferos de excepcional preservação
complexa cerâmica e artesanato em de seus espécimes, comparável a outros
fragmentos líticos. Como pode ser visto grandes exemplos mundiais como
no Memorial do Homem Kariri Burgess Shale da Columbia britânica,
(Fundação Casa Grande-Nova associada à explosão de vida no
Olinda/CE). Cambriano e ao Calcário Solnhofen de
A qualidade dos solos atrai os onde veio o mais antigo “pássaro”
primeiros povos modernos para o conhecido, o archaeopteryx. No
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Araripe, paralelo as descrições observado no geoparque Araripe, em
complexas realizadas por que a grande maioria dos geossítios
pesquisadores; “Mandacaru” estão afastados dos grandes núcleos
(brackfilum obesum), “bacalhau” urbanos, sendo a região de Santana do
(cladociclos gardineri) e “piaba” Cariri e Nova Olinda onde se encontram
(dastilbe elongatus) são exemplos de mais preservados os valores intrínsecos
geolingüística aplicada à nomenclatura da geodiversidade.
biológica dados aos fósseis pelos Estes ambientes devem ser
mineradores. Estes “apelidos” podem restritos, não na concepção de que o ser
variar de “taiado” para “taiado” ou não possa sair dele ou manter contato
mesmo do tempo de aprendizado e com o meio externo, mas sim na
trabalho, dando início a várias histórias concepção que estas características
que incrementam o folclore da região. especiais são restritas a aquele meio,
Desde o início da história de geralmente delimitados pela própria
ocupação do Araripe até as épocas característica inicial, o “Geo”. E neste
atuais, a mineração, o turismo sentido a Bacia Sedimentar do Araripe
relacionado a balneários em fontes se aplica perfeitamente.
naturais, e a flora e fauna da região são
os principais atrativos turísticos. Diferenciação da
Esta valiosa e rara interação do geodiversidade aplicada à gestão
povo com o meio ambiente que define a territorial em diferentes escalas
região do Cariri e o seu tradicional e
peculiar “gênero de vida”, no melhor Um ótimo exemplo da
estilo Lablachiano, associada a Geodiversidade aplicada à gestão
costumes, culinária, cultura diferenciada territorial são os mapas de
na região, e não podemos deixar de geodiversidade desenvolvidos pelo SGB
destacar a excelência dos depósitos onde podemos observar uma
fossilíferos foi percebida por alguns diferenciação de abordagem de acordo
pesquisadores locais que tiveram a com a escala e público alvo: Definição
iniciativa de candidatar a região a de zonas homólogas em Macro Escalas
geoparque, sendo aceito na Rede Global – individualização de domínios
de Geoparques em 2005, se geológico ambientais, utilizado para
consagrando como o primeiro macroplanejamento, linguagem
Geoparque das Américas. intermediária; Definição de zonas
Esta interação povo/cultura com homólogas em Escalas Regionais –
o “GEO” em seu sentido mais amplo individualização de unidades geológico
(Gaya, mãe terra) parece ser um dos ambientais. Utilização de parâmetros
principais requisitos para concepção de morfométricos. Definição de
um geoparque nos moldes do IGGP. potencialidades, favorabilidades para os
Contudo, a ideia de que, no diversos usos do território. Aplicação
geral, o homem modifica o meio não para gestão territorial; Definição de
deve ser incentivada ou aceita como zonas homólogas e em Escalas Locais
uma coisa natural em um geoparque, (detalhe e semi-detalhe): Aplicação para
uma vez que isto acontecendo, retirará gestão do território, inventário do
toda a capacidade de gerações futuras patrimônio, geoconservação,
evoluírem e interagirem junto com o geoturismo, redução de riscos e
meio e em perfeita harmonia (em uma prevenção de desastres naturais.
espécie de protocooperação). A
tendência em regiões mais evoluídas é a
descaracterização do meio. Isto pode ser
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A origem das Paisagens; um Segundo Dantas et al., 2014, esta
exemplo no Geopark Araripe unidade configura-se num planalto
elevado constituído por rochas
Os litótipos da Bacia Sedimentar sedimentares da Bacia do Araripe,
do Araripe estão agrupados em um posicionado na porção meridional do
grande domínio que compreende o território cearense, perfazendo limites
empilhamento de camadas com os estados de Pernambuco e Piauí.
horizontalizadas a subhorizontalizadas, Trata-se de uma vasta mesa de formato
não deformadas, de composição e alongado, cujo eixo maior de direção
granulometria variáveis, depositadas na aproximada ENE-WSW apresenta 170-
bacia sedimentar do Araripe, que 180 km de extensão. O eixo menor, por
corresponde às áreas da chapada do sua vez, de direção aproximada SSE-
Araripe e do vale do Cariri; e num NNW apresenta entre 50 e 70 km de
conjunto de bacias interiores menores – extensão (Souza et al., 1988). Os
Iguatu, Icó, Lima Campos, Rio do Peixe arenitos cretácicos da Formação Exu,
e Lavras da Mangabeira situadas, na muito resistentes à erosão, sustentam o
porção centro-sul do estado. Essas topo plano da chapada formando,
bacias foram originadas no evento inclusive, cornijas no topo da escarpa.
tectônico distensivo responsável pela Apresenta solos profundos e
ruptura do paleocontinente Gondwana, permeáveis, desenvolvidos sobre rochas
com a consequente separação América areníticas (Souza et al., 1979) e
do Sul - África e formação do oceano revestidos por um extenso reduto de
Atlântico meridional, durante o final do vegetação de cerrado. Entretanto, ao
Jurássico e início do Cretáceo. contrário da chapada do Apodi, a do
A chapada do Araripe representa Araripe exibe, devido ao efeito
uma vasta superfície de cimeira alçada orográfico, uma área de brejo úmido
em cotas variando entre 800 e 950 m, com alta densidade de drenagem em
sendo abruptamente delimitada em todos suas faces norte e nordeste (justamente
os flancos por escarpas festonadas em as que estão voltadas para o Ceará)
franco recuo erosivo com devido ao barramento da umidade
desnivelamentos totais que variam entre proveniente do deslocamento da ZCIT
250 m (próximo à divisa com o estado do para sul durante o verão e outono.
Piauí, a oeste) a 500 m (no contato com a Souza (1988) denomina esta área de
Depressão do Cariri, a leste). Em termos “brejo de encosta”.
gerais, a escarpa do Araripe que, no Este fato explica uma melhor
estado do Ceará, consiste em seu flanco condição de umidade numa região
norte, representa um imponente tradicionalmente denominada de Cariri,
escarpamento dissecado em amplos arcos no sopé da escarpa norte do Araripe e
de cabeceiras de drenagem na depressão periférica subjacente
particularmente notáveis junto à (“depressão do Cariri”), onde está
Depressão do Cariri e, esporadicamente, situado o aglomerado urbano de Crato,
sulcados em vales encaixados, como os Barbalha e Juazeiro do Norte. Esta
observados junto às localidades de região é, portanto, caracterizada por um
Araripe e Santana do Cariri. No sopé do clima subúmido com precipitação média
Araripe, em sua porção ocidental, foram anual entre 850 e 1.600mm e estiagem
depositadas extensas rampas expressiva, entre 4 e 6 meses.
coluvionares que se espraiam em meio (Rodriguez e Silva, 2002; Magalhães et
aos terrenos mais baixos da Depressão al., 2010).
Sertaneja. Em associação à dinâmica
climática supramencionada, deve-se
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ressaltar o fato de que as camadas de Adequabilidades e limitações
rochas sedimentares na chapada do dos domínios geológicos ambientais
Araripe sofreram um basculamento para na Bacia Sedimentar do Araripe
norte, fato que contribui para produzir
um movimento da água subterrânea Em função das características
nesta direção e o surgimento de muitas composicionais e texturais das rochas e,
nascentes (“olhos d’água”) na borda consequentemente, das diferentes
norte do Araripe (Andrade, 1964). implicações quanto ao uso e ocupação,
Trata-se do Cariri úmido, revestido por além de outros aspectos da
um reduto de mata atlântica. Em geodiversidade, o domínio DCMR
contraste, as vertentes sul e leste, (Domínio dos Sedimentos Mezozóicos
voltadas para o Pernambuco e a Paraíba, Associados a Bacias do Tipo Rifte) no
são muito mais áridas (Dantas et al., estado do Ceará foi subdividido em três
2008). Neste cenário, destaca-se outra unidades geológico-ambientais,
região, denominada Cariri seco onde distribuídas por uma área de 6.190 km2,
está situado o emblemático núcleo o que representa 4,3% do território
urbano de Exu, já em território cearense.
pernambucano. Esta localidade, Na unidade de geodiversidade
assolada pelas dificuldades impostas DCMRa (predomínio de sedimentos
pela semiaridez, consiste na terra natal arenosos) foram agrupadas na Bacia
do famoso compositor e músico Luiz Sedimentar do Araripe as formações
Gonzaga. Exu, Rio da Batateira, Missão Velha e
A superfície cimeira do Araripe Mauriti. As formações Icó, Lima
está sustentada por arenitos e arenitos Campos e Antenor Navarro, que
conglomeráticos de idade cretácica, da preenchem as pequenas bacias isoladas
Formação Exu. Nas escarpas erosivas de Iguatu, Icó, Lima Campos, Rio do
da vertente norte da chapada, por sua Peixe e Lavras da Mangabeira são
vez, afloram sedimentos, também exemplos de outras unidades associadas
cretácicos, da Formação Santana a esta unidade em outras bacias.
(calcários, folhelhos, margas e A unidade DCMRsa
evaporitos) e, na base, arenitos, de idade (predomínio dos sedimentos síltico-
jurássica, da Formação Missão Velha. argilosos) compreende os folhelhos e
Ocorre um predomínio, nos topos, de siltitos, com intercalações de arenitos
Latossolos Vermelho-Amarelos finos, da Formação Brejo Santo e o
distróficos. Nas escarpas serranas, por Membro Romualdo da Formação
sua vez, predominam Neossolos Santana (Bacia do Araripe) e Malhada
Litólicos eutróficos e, Vermelha (bacias de Iguatu, Lima
subordinadamente, Luvissolos Campos e Icó). A Formação Santana,
Crômicos e Argissolos Vermelhos pertencente à Bacia do Araripe, foi
eutróficos (IBGE-EMBRAPA, 2001). enquadrada, no Mapa Geodiversidade
Não existe qualquer núcleo urbano de do Estado do Ceará (Brandão e Freitas,
expressão sobre a chapada do Araripe. 2010), na unidade DCMRcsa (calcários
Todavia, no sopé, existem diversas com intercalações síltico-argilosas e
cidades, tais como Salitre, Araripe, camadas evaporíticas). No entanto, o
Santana do Cariri, Porteiras e Jardim, membro Romualdo pode ser
além do núcleo metropolitano de desmembrado desta unidade e
Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha incorporada ao DCMRsa em escala de
(Dantas et al, 2014). maior detalhe, assim como algumas
fácies da formação Missão Velha,
constituem um novo subdomínio, não
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apresentado em mapas de rebaixamento do lençol freático e,
Geodiversidade Estaduais devido a consequentemente, induzir ou acelerar
escala ampla de trabalho. os processos de abatimento e colapso
dos terrenos.
Adequabilidades e limitações Magalhães et al., (2010)
frente ao uso e ocupação apontam para os problemas decorrentes
da expansão desordenada da malha
Obras de engenharia e urbana conurbada de Juazeiro do Norte
suscetibilidade a desastres naturais: - Crato - Barbalha em direção às
As rochas do domínio DCMR vertentes do Araripe. Desmatamento
são, em geral, pouco a moderadamente generalizado, superexplotação e
coesas: possuem baixa a média poluição dos recursos hídricos e
resistência ao corte e à penetração, ocupação urbana junto às calhas dos
podendo ser escavadas com certa cursos fluviais são os mais relevantes
facilidade com máquinas e ferramentas impactos ambientais impostos à região.
leves. Em certas áreas da unidade Registros estratigráficos de corridas de
DCMRa, os arenitos mostram-se massa de proporções quilométricas no
bastante silicificados, tornando-se bem sopé da escarpa do Araripe são
mais endurecidos e resistentes. mencionados por Peaulvast et. al., 2001
Os solos residuais, e Peaulvast e Betard, 2015, formando
dominantemente arenosos nas áreas extensos depósitos de colúvio (DCMR)
onde ocorre a unidade DCMRa, são denunciam o risco potencial a que a
naturalmente erosivos e desestabilizam- população está submetida com o avanço
se com facilidade em taludes de corte. da ocupação humana nessas áreas.
No caso da unidade DCMRsa, a Em 2011, uma enxurrada de
presença de folhelhos finamente grandes proporções atingiu a sede
laminados facilita os desplacamentos municipal do Crato, causando vários
em taludes de corte. Essas rochas prejuízos materiais.
podem gerar solos que contêm grande Agricultura:
quantidade de argilominerais As áreas de relevo plano e
expansivos (solos erosivos e suavemente ondulado têm baixa
colapsíveis), inadequados para uso suscetibilidade à erosão dos solos e são
como material de empréstimo e favoráveis à mecanização agrícola.
instáveis em taludes de corte. A região do Cariri,
Na unidade geológico-ambiental geologicamente sustentada por rochas
DCMRcsa, o predomínio de rochas da Bacia do Araripe, é coberta por vales
carbonáticas, que se dissolvem com espraiados e coalescentes, formados a
facilidade pela ação das águas, embora partir da ramificação da drenagem
ainda não constatadas na área por não originada pelas centenas de fontes e
ser o principal aquífero da região, ressurgências, que brotam no contato
podem formar cavidades subterrâneas entre arenitos e formações pelíticas
que causam abatimentos e colapsos da subjacentes, nos rebordos da chapada do
superfície do terreno. As grandes obras Araripe. Apresenta condições hídricas
de engenharia devem ser precedidas de (superficiais e subterrâneas) excelentes
investigações geológicas e geotécnicas, e solos (aluviais) de alta fertilidade
a fim de identificar a possível existência natural, potencializando sua vocação
dessas feições. Deve-se evitar o para produções agrícolas diversificadas.
excessivo bombeamento de água Os solos arenosos (unidade
subterrânea, pois nas áreas de rochas DCMRa) são mais erosivos, de baixa
calcárias pode causar o intenso fertilidade natural, com elevado índice
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Estudos Geológicos Vol. 28(1) 2018 www.ufpe.br/estudosgeologicos
de acidez e, devido à alta Há grande capacidade
permeabilidade, possuem baixa transmissora e armazenadora de água
capacidade de reter água e nutrientes, subterrânea nos arenitos da unidade
respondendo mal à adubação. Os solos DCMRa, resultando em aquíferos de
síltico-argilosos e argilosos, presentes elevada produtividade, como as
nas unidades DCMRsa e DCMRcsa, são Formações Missão Velha e Mauriti
mais porosos, de boa capacidade (Bacia do Araripe). No aquífero Missão
hídrica, mantendo boa disponiblilidade Velha são encontradas as maiores
de água para as plantas por longo tempo vazões, em todo o estado do Ceará, em
nos períodos secos. Apresentam alta captações feitas por poços tubulares,
capacidade de reter e fixar nutrientes e chegando a 300 m3/hora. Elevado
de assimilar matéria orgânica, potencial de recarga dos aquíferos,
respondendo bem à adubação. No principalmente nas superfícies planas de
processo de alteração das rochas platôs e topos de chapadas. É o caso do
calcárias (unidade DCMRcsa) são arenito Exu, que ocorre capeando a
liberados vários nutrientes, chapada do Araripe: sua capacidade de
principalmente cálcio e magnésio, o que armazenamento de água é baixa, porém
torna seus solos de elevado potencial é uma excelente área de recarga para as
agrícola. unidades subjacentes.
Por outro lado, solos argilosos e A concentração de Sólidos
síltico-argilosos compactam-se e Totais Dissolvidos (STD), verificada na
impermeabilizam-se bastante quando grande maioria dos poços perfurados
submetidos à mecanização agrícola nos aquíferos da Bacia do Araripe,
excessiva e ao intenso pisoteio pelo situa-se abaixo de 500 mg/l, o que
gado, intensificando o escoamento significa uma condição muito boa
superficial a erosão hídrica. quanto à qualidade química das águas
Recursos hídricos subterrâneos e para este parâmetro.
fontes poluidoras: Sedimentos e solos arenosos da
As formações unidade DCMRa são muito porosos e
predominantemente de natureza pelítica permeáveis, o que torna esses terrenos
(Brejo Santo e Malhada Vermelha) da altamente vulneráveis à contaminação
unidade DCMRsa, são impermeáveis a das águas subterrâneas. Cuidados
semi-permeáveis, de baixo a muito especiais devem ser tomados com a
baixo potencial hidrogeológico. instalação de fontes potencialmente
Localmente podem apresentar poluidoras nessas áreas.
condições aquíferas, devido às No caso das outras duas
intercalações com níveis areníticos. unidades (DCMRsa e DCMRcsa), os
O potencial hidrogeológico das sedimentos síltico-argilosos e argilosos,
rochas carbonáticas (unidade predominantes, e os solos deles
DCMRcsa) é bastante irregular: o fluxo provenientes, são pouco permeáveis e
de água subterrânea se dá através de possuem melhor capacidade para reter
fraturas e canais de dissolução, poluentes, entretanto, pela própria
funcionando como aquíferos fissurais. natureza dos sedimentos são péssimos
Esses terrenos podem conter cavidades aquíferos.
subterrâneas, onde as águas se Potencial Mineral:
acumulam em volumes consideráveis, Nesse domínio são produzidos,
formando aquíferos cársticos que em larga escala, as rochas calcárias da
fornecem boas vazões em poços Formação Santana aproveitados para
tubulares. fabricação de pisos e revestimentos,
destacando-se as minas dos municípios
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de Santana do Cariri e Nova Olinda. Em constituem locais de significativa beleza
grande parte, essa atividade causa cênica, com potencial para o
impactos ambientais relacionados à desenvolvimento de atividades
lavra predatória, que avança sobre os turísticas/geoturísticas.
depósitos fossilíferos, à disposição A bacia sedimentar do Araripe
inadequada dos rejeitos, à degradação representa um patrimônio geológico-
paisagística e à desestabilização de paleontológico de grande interesse
encostas. As rochas carbonáticas científico e geoturístico, caracterizado
também têm potencial para a fabricação por importantes registros da evolução
de cimento, cal, e corretivo de solos. geológica dos períodos Jurássico e
Entretanto, faltam estudos no que se Cretáceo e por abundantes depósitos
refere ao potencial fossilífero do rejeito fossilíferos, muito bem preservados, dos
e seu aproveitamento na fabricação de mais diversos tipos de animais e plantas
cimento. Se os mesmos forem cretácicas. Para valorizar e divulgar esse
fossilíferos, o que é bem provável pela acervo geocientífico, foi criado pela
localização estratigráfica, a utilização UNESCO, em 2006, o Geopark Araripe,
para estes fins estaria contribuindo para primeiro das Américas, com uma área
a degradação do Patrimônio de aproximadamente 3.520 km2.
Paleontológico Brasileiro. Merece destaque, também, a
Existência de importantes Floresta Nacional do Araripe – FLONA,
depósitos de gipsita, que ocorrem primeira floresta nacional criada no
intercalados nas rochas calcárias, país, no ano de 1946, que ocupa os
destacando-se as áreas onde existem níveis de cimeira da chapada do
minas na bacia do Araripe, Araripe, onde predomina vegetação dos
principalmente em Santana do Cariri. tipos cerrado e cerradão.
Quando calcinada a gipsita dá origem Nas áreas de declives acentuados
ao gesso, que possui múltiplas (relevo montanhoso, escarpas serranas,
aplicações: construção civil (fabricação degraus estruturais e rebordos erosivos),
de cimento, paredes e tetos), agricultura, a suscetibilidade à erosão e movimentos
medicina ortopédica e indústrias de massa é alta.
diversas (papel, tintas etc).
No âmbito da unidade DCMRa CONCLUSÕES
existem áreas com potencial para
extração de areia para uso na construção Atualmente, no Brasil, uma
civil. Água mineral é outro recurso com grande vertente da Geodiversidade
potencial de exploração, com destaque encontra-se voltada para fins de
para as fontes da bacia do Araripe, em conservação do patrimônio e gestão do
especial do aquífero Missão Velha. território, resultante de um crescente
Argilitos e siltitos, presentes na unidade amadurecimento da visão de proteção
DCMRsa, podem ser utilizados como do patrimônio geológico da Terra.
materiais de construção civil. Uma avaliação do meio físico
Aspectos ambientais e potencial partindo de uma escala de menor para
turístico/geoturístico maior detalhe, permite que os dados
As formas de relevo modeladas levantados possam ser comparáveis com
nas rochas da bacia sedimentar do outros estudos de mesma natureza. Esta
Araripe, como chapadas, escarpas e comparação é de suma importância
tabuleiros (mesetas), além de principalmente na quantificação do
afloramentos rochosos que exibem patrimônio e elaboração de índices da
interessantes feições ruiniformes, geodiversidade, dando maior
resultantes da ação erosiva em arenitos, confiabilidade e permitindo a
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Estudos Geológicos Vol. 28(1) 2018 www.ufpe.br/estudosgeologicos
comparação entre seus valores mesmo Anuário do Instituto de Geociências-
em diferentes estudos. Este tipo de UFRJ, v. 35-1. p. 28-33.
avaliação da geodiversidade tira a Andrade, M.C. 1964. O Cariri cearense.
subjetividade do valor intrínseco, e Revista Brasileira de Geografia, Rio
de Janeiro, v. 26, nº. 4, p.549-592.
ainda, torna-o mais confiável uma vez
Bacci, D. C., Piranha, J. M., Boggiani, P.
que é possível mensurá-lo com precisão C., Lama, E. A. 2009. GEOPARQUE
através de comparações com outras - Estratégia de Geoconservação e
unidades geológico ambientais. Projetos Educacionais GEOPARK -
Trabalhos em detalhe irão dar suporte a Strategy of Geoconservation and
outros de detalhe, partindo de uma Educational Projects. Revista do
individualização em escala regional do Instituto de Geociências – USP, Publ.
território, pode se aferir com grande espec., São Paulo, v. 5, p. 7-15.
porcentagem de certeza as Bandeira, I. C. N. (Org). 2013.
características do território a ser Geodiversidade do Estado do
estudado. Maranhão – Teresina: CPRM, 294 p.,
30 cm + 1 DVD-ROM.
Pode-se observar, também, que o
Beliani, E., Scheiner, T. 2012. A
geoturismo está intimamente ligado ao Contribuição da Museologia para a
conhecimento do povo sobre o Difusão do Patrimônio Geológico do
geopatrimônio e que não há turismo se Parque Nacional da Tijuca. The
não tiver o interesse, não há interesse se Contribution of Museology to the
não houver o conhecimento e não há o Diffusion of the Geological Heritage
conhecimento se não houver a of the National Park of Tijuca.
divulgação, e este turismo só será Anuário do Instituto de Geociências
“Geo” se o interesse for intrinsecamente – UFRJ, v. 35-1. p.68-79.
ligado à terra. Bento, L. C. M., Araujo, M. S., Rodrigues,
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