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Disposição de Sistemas Fotovoltaicos no


Sistema de Distribuição Brasileiro
Pacheco T. César, UFSM, Campus Cachoeira do Sul, e Scheid S. Dionathan, UFSM, Campus
Cachoeira do Sul e Steffen L. Gustavo, UFSM, Campus Cachoeira do Sul

Resumo — O presente trabalho busca realizar uma análise do


comportamento da inserção de fontes de geração solar distribuídas Tipo do Consumidor
em um sistema de distribuição. Com o crescente aumento de Hora
instalações de fontes de geração solares, é importante prever seu 1 2 3
impacto nas redes de distribuição. Ademais, busca-se determinar o 00:00 0,557 0,329 0,388
valor ideal de geração solar a ser inserido no sistema proposto, em
conjunto com a análise do comportamento da potência e corrente de 01:00 0,479 0,309 0,362
sistemas com determinados modelos de carga. 02:00 0,408 0,305 0,354
03:00 0,375 0,302 0,358
Palavras-chave — Geração Solar Distribuída; Sistema de 04:00 0,396 0,304 0,363
Distribuição; Comportamento da Potência e Corrente.
05:00 0,360 0,291 0,360
06:00 0,425 0,266 0,384
I. INTRODUÇÃO
07:00 0,416 0,394 0,455
O primeiro registro de Geração Distribuída (GD) junto a
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) ocorreu
08:00
09:00
0,485
0,418
0,676
0,783
0,692
0,884
no ano de 2007. O precursor, realizou a instalação de uma usina
solar fotovoltaica, na cidade de Campinas, com capacidade de 10:00 0,466 0,884 0,955
0,5 kW. 11:00 0,546 0,916 1,000
Desde esta primeira instalação, foram criadas diversas 12:00 0,729 0,654 0,932
resoluções normativas, de modo a regular o mercado de geração 13:00 0,589 0,706 0,932
distribuída no Brasil. O avanço da geração distribuída é tão 14:00 0,520 0,951 0,946
evidente que, apenas no primeiro semestre de 2022, foram 15:00 0,518 1,000 0,899
instalados 247 mil novos sistemas de energia solar. Dessa 16:00 0,571 0,861 0,917
forma, o conceito de geração distribuída, onde as fontes de
17:00 0,639 0,869 0,863
geração de energia se encontram próximas as cargas tem
18:00 0,860 0,691 0,795
ganhado cada vez mais importância no território brasileiro e
analisar os seus impactos na rede de distribuição é fundamental 19:00 1,000 0,486 0,700
para garantir a segurança e confiabilidade do sistema elétrico. 20:00 0,911 0,405 0,600
21:00 0,853 0,382 0,510
II. PROBLEMÁTICA 22:00 0,863 0,340 0,465
Com o avanço da geração distribuída no sistema elétrico 23:00 0,708 0,302 0,437
brasileiro, em que a geração ocorre próximo a carga, é Tab. 1. Valores de Potência Normalizados. Fonte: Os Autores, 2022.
fundamental prever os impactos que tal aplicação promove no Conforme o perfil das cargas, é possível classificá-las de
âmbito do funcionamento do sistema de distribuição. A geração acordo com três modelos de consumidores:
distribuída alcançou em julho, 12,2 GW de potência instalada • Tipo 1: Residencial - Possuem um consumo moderado
no Brasil, dos quais 11,9 GW são de instalações fotovoltaicas, durante o período diurno, com um pico de consumo
de acordo com dados da ANEEL. Com o avanço no cenário da ocorrendo entre 18 até 21 horas;
GD, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) projeta, até 2031, • Tipo 2: Comercial – Possuem um elevado consumo
um acréscimo de quase três milhões de novos consumidores no distribuídos durante o horário comercial, com picos
Brasil. Dessa forma, com o intuito de prever possíveis impactos durante a tarde, ocorrendo principalmente devido aos
da instalação de sistemas fotovoltaicos em um sistema de sistemas de refrigeração;
distribuição, foi simulado, através do software OpenDss um • Tipo 3 – Industrial – Possuem um consumo distribuído
sistema de distribuição em média tensão, 13,8 kV, contendo 23 durante o período diurno, com baixo consumo durante a
nós, onde, em cada um dos nós foram conectadas cargas, madrugada.
possuindo as mesmas uma potência unitária de 140 kVA, Outro fator importante levado em consideração com relação
podendo ser de três tipos, sendo seus valores de potência as cargas é sua variação de consumo ao longo do ano, assim as
normalizados segundo a tabela 1. cargas foram divididas em 4 fatores de sazonalidade,
representados pelas estações do ano conforme tabela 2.
2

Verão Outono Primavera Inverno Estações do Ano


1,053 1,039 0,987 0,921 Hora
Verão Outono Inverno Primavera
Tab. 2. Fatores de Sazonalidade. Fonte: Os Autores, 2022.
No sistema de distribuição proposto, são utilizadas 3 00:00 0 0 0 0
espessuras diferentes de condutores, sendo representados na 01:00 0 0 0 0
figura 1 pelas distintas espessuras de linha, com seus 02:00 0 0 0 0
respectivos valores de impedância e limite de corrente.
03:00 0 0 0 0
04:00 0 0 0 0
05:00 0 0 0 0
06:00 0.002 0 0 0.001
07:00 0.064 0.004 0.01 0.069
08:00 0.212 0.035 0.1 0.268
09:00 0.382 0.086 0.328 0.474
10:00 0.545 0.085 0.611 0.637
11:00 0.65 0.107 0.711 0.749
Fig. 1. Sistema de Distribuição Proposto. Fonte: SCHEID, 2022.
12:00 0.683 0.11 0.724 0.809
Para representação da geração distribuída no sistema
13:00 0.668 0.101 0.685 0.822
proposto, foram inseridos 6 sistemas fotovoltaicos. Para o seu
14:00 0.668 0.062 0.583 0.789
projeto, os dados de geração foram obtidos através da
plataforma digital Renewables Ninja, sendo os sistemas 15:00 0.59 0.043 0.421 0.709
propostos localizados na cidade de Dois Irmãos – RS. A cidade 16:00 0.48 0.019 0.21 0.578
escolhida possui longitude de -51,09° e latitude de -29,58°. 17:00 0.342 0 0.008 0.381
O sistema solar projetado tem uma potência de 1 kW, sendo 18:00 0.182 0 0 0.171
ainda considerado um fator de perda de 10%. Para 19:00 0.046 0 0 0.038
determinação da inclinação dos módulos fotovoltaicos, 20:00 0 0 0 0
considerou-se sua inclinação igual a latitude do local a ser 21:00 0 0 0 0
instalado o sistema, ou seja, aproximadamente 29°, já que,
22:00 0 0 0 0
segundo CANAL SOLAR, uma boa regra a ser seguida é
23:00 0 0 0 0
inclinar os módulos com o mesmo ângulo de latitude do local
para garantir o melhor desempenho do sistema fotovoltaico, Tab. 3. Valores de Geração Normalizados. Fonte: Os Autores, 2022.
com uma produção de energia aproximadamente constante ao Foram instalados 6 sistemas de geração fotovoltaica ao longo
longo do ano, sem privilegiar nenhuma época em particular. da linha de distribuição. A figura 2 demonstra a carga instalada
Com relação a sua orientação, optou-se pela orientação em cada um dos nós bem como onde foram instalados os
Norte, sendo a orientação preferida pelos projetistas, pois a sistemas fotovoltaicos.
mesma é a de maior irradiação solar durante o ano. Assim,
como deseja-se simular o sistema para as quatro estações do
ano, foram selecionados dados de 4 dias ao longo do ano,
conforme exposto a seguir.
• 05/01/2019 – Verão: Produção diária de 5,51 kWh;
• 11/05/2019 – Outono: Produção diária de 0,65 kWh,
sendo a menor produção diária anual;
• 02/07/2019 – Inverno: Produção diária de 4,39 kWh,
sendo este valor a mediana dos valores de produção
anuais;
• 02/12/2019 – Primavera: Produção diária de 6,49 kWh,
Fig. 2. Sistema de Distribuição Proposto com 6 sistemas de geração
sendo a maior produção registrada durante o ano. fotovoltaico e os tipos de consumidores. Adaptado de: SCHEID, 2022.

Através dos dias selecionados, buscou-se obter as


III. RESULTADOS
extremidades do comportamento do sistema de distribuição,
tendo em vista que serão analisados os dias de produção Na primeira etapa da simulação, não foram consideradas as
máxima e mínima. Além disso, o valor mediano também será fontes de geração solar. Desta forma, o sistema contou apenas
analisado, afim de se obter um parâmetro médio do com as cargas instaladas em cada um dos nós. Os principais
funcionamento do sistema. Dessa forma, os valores de geração valores identificados na barra 1 na simulação são expostos a
normalizados, para cada hora do dia são apresentados na tabela seguir.
3. • Consumo diário potência ativa: 40.202 kWh;
• Consumo diário potência reativa: 20.483 kVAr;
• Máxima potência ativa: 2289 kW;
3

• Perdas: 857 kWh. Para que os objetivos sejam atingidos, algumas ponderações
devem ser realizadas, de modo a garantir a operação segura e
O gráfico 1 demonstra o comportamento da magnitude da eficaz do sistema:
corrente ao longo de um dia. • A corrente máxima reversa dos sistemas fotovoltaicos
120
não deve ser superior a corrente máxima analisada no
100
trecho sem a geração distribuída, tendo em vista a
Corrente (A)

80
proteção do sistema, já que valores de corrente reversa
60
superiores a corrente máxima de carga podem acionar
40 indevidamente o sistema de proteção, como as chaves
20 fusíveis;
0 • Não deve haver, em nenhum momento, fluxo reverso na
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Hora (h) barra 1, tendo em conta que a barra 1 significa uma barra
Corrente infinita, neste caso um alimentador, e caso haja um fluxo
Gra. 1. Corrente ao longo de um dia. Fonte: Os Autores, 2022. reverso de potência, o mesmo pode causar um
O gráfico 2 demonstra o comportamento da potência ativa desbalanceamento do sistema.
ao longo de um dia.
900
800
De acordo com o sistema apresentado e as condições
700 impostas, serão analisados 3 cenários distintos com geração
distribuída.
Potência (kW)

600
500
• 1° - Cada usina solar fotovoltaica terá potência de 300
400
300 kW;
200 • 2° - Cada usina solar fotovoltaica terá potência de 400
100
0
kW;
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 • 3° - Cada usina solar fotovoltaica terá potência de 500
Hora (h)
Potência
kW.
Gra. 2. Potência ao longo de um dia. Fonte: Os Autores, 2022.
Através da simulação, é possível observar que o A. Usinas Solares de 300 kW
comportamento da corrente é similar ao comportamento da O primeiro sistema testado foi com a inserção de usinas de
potência ativa, o que era esperado, visto que a potência ativa 300 kW. Sendo a menor potência de usina testada, como
depende diretamente da corrente. O valor da corrente se mostra esperado, foi a simulação em que os resultados obtiveram
constante ao longo da madrugada, possuindo baixa magnitude, menor variação comparados ao sistema padrão. Seu resumo é
tendo em vista que esse é o período de menor carga no sistema. apresentado na tabela 5.
Durante o período comercial, até as 20 horas, é o período em
Resumo do Sistema com Usinas de 300 kW
que há uma maior demanda de potência ativa do alimentador,
sendo que seu pico ocorre as 11 horas. A tabela 4 demonstra um Consumo Consumo
Potência Perdas
comparativo entre o valor de corrente e potência máxima, e o Ativo Diário
Estação Máxima Diárias
Diário Reativo
horário em que ocorrem nas barras 1, 5 e 8. Tais barras foram (kWh) (kVAr)
(kW) (kWh)
escolhidas pelo fato de que nelas ocorre a mudança da bitola Verão 32142 21106 2101 636
dos condutores de distribuição e por consequência é onde existe Outono 40579 21260 2315 882
a maior corrente em cada um dos três condutores.
Inverno 28859 18403 2041 517
Corrente Máx. Potência Máx.
Barra Hora Primavera 27664 19647 1979 514
(A) (kW)
1 108 763 11:00 Tab. 5. Resumo do Sistema com Usinas de 300 kW. Fonte: Os Autores, 2022.
5 39,4 272 18:00
Foram analisados também os maiores valores de corrente nos
nós em que ocorrem mudanças de bitola dos condutores:
8 39 271 11:00
• Nó 1: 109 A;
Tab. 4. Comparativo entre a corrente e potência máximas nas barras de
mudança de bitola do condutor. Fonte: Os Autores, 2022.
• Nó 5: 38 A;
A partir de agora, serão analisados cenários onde são • Nó 8: 40,9 A.
inseridos 6 sistemas de geração fotovoltaica. A fim de
É possível observar que houve grande variação
simplificar o número de simulações, serão consideradas
principalmente no consumo ativo diário e no valor das perdas
idênticas as potências dos sistemas fotovoltaicos. Através dos
diárias. Essa variação se deve as diferentes condições de
cenários simulados com a inserção da geração distribuída,
irradiação simuladas, sendo no outono simulada a condição de
buscam-se alguns objetivos:
menor geração e na primavera a condição de maior geração. Os
• Diminuir as perdas totais do sistema;
gráficos 3 e 4 demonstram o comportamento da corrente e da
• Diminuir o pico de potência do sistema, tornando o potência no nó 1 nas quatro estações simuladas.
mesmo mais uniforme.
4

120 120

100 100

80 80
Corrente (A)

Corrente (A)
60 60

40 40

20 20

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Hora (h) Hora (h)
Verao Outono Inverno Primavera Verao Outono Inverno Primavera
Gra. 3. Corrente com GD´s de 300 kW. Fonte: Os Autores, 2022. Gra. 5. Corrente com GD´s de 400 kW. Fonte: Os Autores, 2022.
900 900
800 800
700 700
Potência (kW)

Potência (kW)
600 600
500 500
400 400
300 300
200 200
100 100
0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Hora (h) Hora (h)
Verao Outono Inverno Primavera Verao Outono Inverno Primavera
Gra. 4. Potência com GD´s de 300 kW. Fonte: Os Autores, 2022. Gra. 6. Potência com GD´s de 400 kW. Fonte: Os Autores, 2022.
É possível visualizar graficamente a variação exposta Com o aumento da geração de energia, é eminente a redução
anteriormente. A corrente por exemplo, durante o outono, as 12 da potência demandada pelo sistema do alimentador,
horas, chegou próximo a 100 A, já na primavera, no mesmo principalmente no período compreendido entre as 10 e 15 horas,
horário, seu valor ficou próximo de 50 A. momento de maior irradiação solar. Com relação ao fluxo
Com relação a potência, é possível notar que não houve fluxo reverso, é importante observar que na primavera, as 12 horas, a
reverso em nenhuma estação simulada, tendo inclusive seu potência ativa demandada do sistema de distribuição do
menor valor próximo a 200 kW, o que indica que a potência alimentador ficou em 20 kW, bem mais próxima de zero,
instalada de geração fotovoltaica pode ser aumentada sem que comparada ao sistema de geração de 300 kW. Este é um
haja fluxo reverso. indicativo que a máxima potência instalada de geração
fotovoltaica foi atingida.
B. Usinas Solares de 400 kW
Conforme observado na simulação anterior, elevou-se a C. Usinas Solares de 500 kW
potência dos sistemas fotovoltaicos afim de verificar o O último sistema analisado contempla usinas solares de 500
comportamento do sistema. A tabela 6 demonstra os principais kW. Como esperado, com o aumento da potência de geração
resultados obtidos. instalada, houve a diminuição do consumo diário das cargas
através do alimentador, com redução das perdas. A tabela 7
Resumo do Sistema com Usinas de 400 kW
demonstra os principais resultados obtidos.
Consumo Consumo
Potência Perdas Resumo do Sistema com Usinas de 500 kW
Ativo Diário
Estação Máxima Diárias
Diário Reativo
(kW) (kWh) Consumo Consumo
(kWh) (kVAr) Potência Perdas
Ativo Diário
Verão 28770 20994 2072 571 Estação Máxima Diárias
Diário Reativo
(kW) (kWh)
Outono 40175 21236 2315 868 (kWh) (kVAr)
Inverno 26189 18342 2041 481 Verão 25418 20916 2044 525
Primavera 23717 19560 1955 463 Outono 39770 21212 2315 854
Inverno 23535 18309 2042 462
Tab. 6. Resumo do Sistema com Usinas de 400 kW. Fonte: Os Autores, 2022.
Foram analisados também os maiores valores de corrente nos Primavera 19796 19519 1932 439
nós em que ocorrem mudanças de bitola dos condutores: Tab. 7. Resumo do Sistema com Usinas de 500 kW. Fonte: Os Autores, 2022.
• Nó 1: 109 A; Foram analisados também os maiores valores de corrente nos
• Nó 5: 37,4 A; nós em que ocorrem mudanças de bitola dos condutores:
• Nó 8: 40,9 A. • Nó 1: 109A;
• Nó 5: 37,1A;
Ao comparar-se com a simulação anterior, é notável a • Nó 8: 40,8A.
diminuição, tanto de consumo, como de perdas no sistema de
distribuição, embora no outono os resultados tenham se Novamente, a redução de consumo e perdas diárias foi
mantido estáveis, devido à baixa geração considerada. Os significativa, apresentando resultados satisfatórios. Porém, ao
gráficos 5 e 6 demonstram o comportamento da corrente e da analisar-se os gráficos 7 e 8 é demonstrado um entrave desta
potência no nó 1 nas quatro estações simuladas. solução.
5

120
consumo da carga, a potência ativa máxima instantânea sofre
100 uma pequena redução. Sem GD o pico de potência das cargas
80 era de 498 kW, já com a instalação de GD, seu pico reduziu-se
Corrente (A)

60
para 484 kW, não sendo considerada significativa esta redução,
embora o consumo, que sem GD era de 6996 kWh diários,
40
reduziu-se para 4399 kWh.
20 Outra análise de interesse é da inserção do sistema
0 fotovoltaico na barra 16, que contém a jusante três barras onde
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Hora (h)
foram alocadas cargas do tipo 3, consideradas industriais. Neste
Verao Outono Inverno Primavera caso, o pico de geração do sistema corresponde ao pico de
Gra. 7. Corrente com GD´s de 500 kW. Fonte: Os Autores, 2022. consumo da carga, conforme demonstra o gráfico 10.
1000
200

Potência (kW)
800
150
600
100
Potência (kW)

400 50
200 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
0 Hora (h)
Sem GD Com GD
-200
Gra. 10. GD com Carga do Tipo 13. Fonte: Os Autores, 2022.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
-400 Neste caso, é possível observar que a inserção da geração
Hora (h)
Verao Outono Inverno Primavera distribuída é benéfica ao sistema, pois reduz consideravelmente
Gra. 8. Potência com GD´s de 500 kW. Fonte: Os Autores, 2022. a demanda máxima, que era de 500 kW sem a usina solar, e
Ao longo de duas estações analisadas, houve o fluxo reverso passou para 334 kW com a inserção da GD. Seu consumo,
de potência ativa, ou seja, além de suprir a demanda de energia assim como na análise anterior também diminuiu, passando de
ativa das cargas, o conjunto de sistemas fotovoltaicos enviou 7749 kWh diário para 5144 kWh.
energia ativa ao alimentador, o que segundo critério pré-
estabelecido anteriormente não deveria ocorrer. Dessa forma, IV. CONCLUSÃO
sistemas com 500 kW não são os mais adequados ao sistema de Através do sistema proposto, e das análises realizadas, pode-
distribuição analisado. se concluir que sistemas de geração fotovoltaica de 400 kW
Através dos resultados obtidos, e dos parâmetros pré- demonstraram o melhor desempenho ao longo do ano, sendo os
definidos para a inserção dos sistemas de geração distribuída, recomendados para o sistema.
constata-se que a potência mais adequada de geração é de 400 Um fato que merece atenção no sistema analisado é o
kW por usina, pois, apesar de não ser a solução em que foram consumo de energia reativa. Como o sistema fotovoltaico foi
encontrados os menores valores de perda, é a solução em que projeto para injetar apenas potência ativa no sistema, ou seja,
não há, em nenhuma estação do ano, fluxo reverso em direção fator de potência unitário, embora o consumo de energia ativa
ao alimentador. Além disso, os valores de corrente máxima não diminua no sistema analisado, o consumo de energia reativa
excederam os limites permitidos, garantindo assim que não permanece praticamente constante, dessa forma o fator de
haverá a atuação indevida do sistema de proteção. potência é prejudicado. Assim, seria interessante se projetar
Outra análise de interesse é verificar como se comportam as banco de capacitores de modo a corrigir o fator de potência, ou
variáveis onde foram instalados sistemas de geração distribuída realizar o ajuste do fator de potência das usinas geradoras.
próximo aos finais de linha. Com o avanço da geração distribuída, estudos que analisem
É possível observar a instalação de uma usina na barra 20, os parâmetros das linhas de distribuição para que permaneçam
tendo a jusante três barras em que foram alocadas cargas do tipo dentro dos valores permitidos são fundamentais para garantir o
1, com características residenciais. correto funcionamento do sistema, garantindo o fornecimento
Através da análise da sua potência, é possível observar que o de energia para as cargas.
pico de geração solar ocorre em um momento em que o
consumo das cargas é considerado baixo, dessa forma, neste
V. REFERÊNCIAS
momento, que contempla as horas próximas ao meio dia, há um
fluxo reverso de potência ativa, ou seja, além de alimentar as • GERAÇÃO DISTRIBUÍDA ALCANÇA 12 GW NO
cargas a jusante, o sistema fotovoltaico envia ainda potência BRASIL. Disponível em: <https://epbr.com.br/geracao-
ativa a montante, conforme apresentado no gráfico 9. distribuida-alcanca-12-gw-no-
200
brasil/#:~:text=A%20gera%C3%A7%C3%A3o%20dist
Potência (kW)

150
100 ribu%C3%ADda%20alcan%C3%A7ou%20em>.
50 Acesso em: 15 out. 2022.
0 • O QUE É GERAÇÃO DISTRIBUÍDA. Disponível
-50
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 em:
Sem GD
Hora (h)
Com GD
<http://www.inee.org.br/forum_ger_distrib.asp#:~:text
Gra. 9. GD com Carga do Tipo 1. Fonte: Os Autores, 2022. =Gera%C3%A7%C3%A3o%20Distribu%C3%ADda%
Com relação a corrente, seu comportamento é similar. Além 20(GD)%20%C3%A9%20uma>. Acesso em: 14 out.
disso, como o pico de geração não coincide com o pico de 2022. Brasília: Aneel 2008.

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