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Reinhard Hirtler
Tradução
Daniel Soares
Capa
Priint Impressões Inteligentes
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sem permissão por escrito,
exceto para breves citações, com indicação da fonte.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram
extraídas da Bíblia King James Atualizada, 2ª edição, da Sociedade Ibero-
Americana, ©. Todos os direitos reservados.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP-Brasil)
Hirtler, Reinhard
Amor / Reinhard Hirtler
Goiânia: Priint Impressões Inteligentes, 2016
ISBN (em suporte de papel): 978-85-5963-034-3
1. Vida Cristã. 2. Espiritualidade I. Título
5 Esta é minha opinião pessoal, não estou dizendo que isso seja
biblicamente verdade.
CRISTÃOS OU DISCÍPULOS?
Como Jesus nos amou? Jesus somente nos disse que nos amava
ou Ele demonstrou seu amor para conosco através de suas ações?
Jesus provou para nós o quanto Ele nos amou ao morrer uma morte
de cruz brutal e dolorida. Isso nos salvou da morte eterna. E Jesus
nos ordenou a amar um ao outro do mesmo modo que Ele nos
amou. No versículo de João 13:35, Jesus continuou dizendo,
Através deste testemunho todos reconhecerão que sois
meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros.
Essa é a mensagem para evangelizarmos o perdido! Ela é a boa
mensagem para falar de Jesus para os nossos amigos e tentar
alcançar o perdido. As pessoas têm que ouvir o Evangelho, não há
dúvida sobre isso. Mas as pessoas também precisam saber que
somos discípulos de Cristo. Mas, como as pessoas irão saber isso
de nós? Como saberão se somos verdadeiros discípulos de Cristo?
Eles não irão saber através do que nós falamos para eles, mas eles
nos reconhecerão como discípulos pelo modo como amamos uns
aos outros. Assim, se verdadeiramente andarmos no amor Ágape
uns para com os outros, todos saberão que somos discípulos de
Jesus Cristo.
Jesus não disse, Por isso todos reconhecerão que sois cristãos.
Mas Ele disse, Por isso todos reconhecerão que sois meus
discípulos. Há uma diferença entre ser cristão e ser discípulo. Os
discípulos se sentam aos pés de seu Mestre, aprendem com Ele e
fazem o que Ele diz para fazerem. O termo discípulos era muito
comum nos tempos do Novo Testamento. Esse termo não era
aplicado para um relacionamento que houvesse mútuo aprendizado.
O mestre ensinava, e os discípulos aprendiam e obedeciam. O
ensino era unilateral. O verdadeiro discípulo não discutia nem
debatia com o seu mestre. Ele ouvia, aprendia e obedecia.
Se somos verdadeiros discípulos de Jesus, precisamos aprender
com Ele como andar no amor Ágape de Deus. Se vivermos assim,
todos homens saberão que verdadeiramente somos seus discípulos.
Se não amamos uns aos outros do mesmo modo como Jesus nos
amou, a ponto desejarmos morrer de modo altruísta pelo próximo,
podemos até ser cristãos, mas em hipótese alguma seremos
discípulos de Jesus. Os discípulos seguem o caminho de seu
Mestre.
O apóstolo Paulo advertiu severamente a Igreja em Corinto. Em I
Coríntios 6:1-9, Paulo diz,
Atreve-se alguém entre vós, quando há litígio de um
contra o outro, levar o caso para ser julgado por pessoas
pagãs e não pelos próprios santos? Ou desconheceis
que os santos julgaram todo mundo? E, se o mundo será
julgado por vós, como sois incompetentes para julgar
assuntos de tão menor importância? E mais, não sabeis
vós que iremos julgar inclusive os anjos? Quanto mais as
demandas triviais dessa vida! Será que, quando surgem
questões dessa vida para serem julgadas, constituís
como juizes as pessoas menos respeitáveis da Igreja? É
para vossa vergonha que me expresso dessa forma. Não
há, porventura, nem aos menos um sábio entre vós, que
possa julgar uma contenda entre irmãos? Contudo, ao
invés disso, um irmão recorre ao tribunal contra outro
irmão e apresenta tudo isso diante de incrédulos? Só o
fato de haver entre vós processos judiciais uns contra os
outros revela que já estais derrotados. Em vez disso,
porque não deis preferência a sofrerem a injustiça?
Porque não arqueis com o prejuízo? Entretanto, sois vós
mesmos que praticais a injustiça e cometeis fraudes, e
tudo isso contra os seus próprios irmãos! Não sabeis que
os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem
adúlteros, nem os que se entregam a práticas
homossexuais de qualquer espécie [...]
O que o apóstolo Paulo disse aqui? Ele disse que como cristãos
eles haviam tido um desentendimento. Não somos informados sobre
qual foi esse desentendimento ou problema, mas, independente do
que tenha acontecido, o fato é que eles levaram um ao outro à
justiça. Paulo disse que a Igreja deveria ter julgado esse problema,
resolvendo-o; mas não deveriam tê-lo levado à decisão do ímpio
juiz. Veja a indignação de Paulo pela afirmação que fez no versículo
7,
Só o fato de haver entre vós processo judiciais uns
contra os outros revela que já estais derrotados. Em vez
disso, por que não deis preferência a sofrerem a
injustiça? Por que não arqueis com o prejuízo?
Paulo disse que processar um irmão é uma extrema derrota. Veja
o que ele continuou dizendo, Por que não deis preferência a
sofrerem a injustiça? Por que não arqueis com o prejuízo?. Segundo
Paulo, é melhor sofrer o dano a processar o irmão. Por que ele
disse isso? Por que ele disse que é melhor sofrer o dano a lutar pelo
nosso direito? Será que não temos o direito de lutar pelos nossos
direitos?
Em I Coríntios 13 Paulo diz, Sem amor somos nada. Não importa
o que temos alcançado aos olhos do mundo ou aos olhos da Igreja,
se não andamos em amor Ágape, ou seja, em perfeito amor, não
somos nada. Nós até podemos ser famosos aos olhos do mundo ou
aos olhos da Igreja, mas se não andamos em perfeito amor, nada de
nossa fama será contada diante de Deus.
Por que Paulo disse que devemos preferir sofrer o dano a
processar o irmão? Justamente por aquilo que ele escreve sobre o
amor em I Coríntios 13; está escrito, O amor tudo sofre e tudo
suporta. Ele disse que o amor perfeito suporta todas as coisas, até
mesmo levar prejuízos. Se andamos nesse amor perfeito, andamos
no mais sublime chamado de Deus.
Não podemos nos esquecer de que sempre colheremos o que
plantamos. Tiago 2:13 diz,
Pois será exercido um juízo sem misericórdia sobre
quem também não usou de compaixão. A graça triunfa
sobre o juízo!
Estou totalmente atento quanto ao fato de sempre precisar da
misericórdia de Deus. Sem a misericórdia de Deus, não tenho
nenhuma esperança e nenhum futuro. A misericórdia de Deus
triunfa sobre o julgamento que eu merecia. Tiago diz aos cristãos
que o julgamento é sem misericórdia para aqueles que não têm
misericórdia. E por eu estar numa constante necessidade
desesperadora da misericórdia de Deus, sempre serei
misericordioso com os outros. Eu decidi perdoar e perdoarei a todos
os que me maltratarem imediatamente após ser maltratado. Não
importa o que fazem ou quando fazem contra mim, eu perdôo todos
instantaneamente. Já assinei um cheque em branco de perdão. O
amor nunca falha.
PERMANECENDO EM DEUS
A Bíblia fala muito sobre os benefícios de se permanecer em
Deus. Jesus disse em João 15:5, Aquele que permanece em mim, e
eu nele, esse dará muito fruto. Ele também disse em João 15:7 que,
Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permaneceres
em vós, pedireis o que desejardes, e vos será concedido.
O Salmo 91 fala sobre as maravilhosas promessas de proteção,
de saúde e de segurança quando permanecemos em Deus. Mas o
que significa permanecer em Deus? Como nós podemos
experimentar isso na prática? Em I João 4:16 diz,
Portanto, dessa forma conhecemos o amor que Deus
tem por nós e confiamos plenamente nesse amor. Deus é
amor, e aquele que permanece no amor permanece em
Deus, e Deus, nele.
Como Jesus nos garantiu em João 15, se nós permanecermos
nEle e Ele em nós, produziremos muito fruto. Este deve ser o desejo
de todo cristão: viver uma vida frutífera. Nesse versículo, Jesus não
somente nos prometeu uma vida frutífera, mas nos garantiu uma
vida de muito fruto.
Como podemos ter essa experiência de muito fruto em nossas
vidas? Somente podemos experimentá-la se permanecermos nEle e
Ele em nós. Em I João 4, Deus nos conta o segredo. Outra vez,
como em tantas outras escrituras, essa promessa tem uma
condição. Geralmente os cristãos querem que as promessas de
Deus sejam cumpridas em suas vidas, contudo, eles não desejam
(ou ignoram) cumprir as condições postas para se alcançar as
promessas.
A condição posta à promessa de se dar muito fruto é permanecer
no Senhor e Ele em nós. Permanecer significa ficar,
constantemente, em uma certa posição. Permanecer em Deus
significa permanecer em amor. O que Deus está dizendo aqui é que
devemos continuamente andar no tipo do amor de Deus. É assim
que permanecemos em Deus e Ele em nós.
A condição de viver uma vida frutífera é viver uma vida no amor
Ágape. Mas, frequentemente, em nossa vida diária, nós facilmente
escorregamos desse estilo de vida de amor. O que precisamos fazer
nessas horas? Precisamos, simplesmente, de nos arrepender de
qualquer desvio e voltar ao estilo de vida de amor. Se pedirmos a
Deus para nos perdoar sempre que abandonamos o estilo de vida
do amor Ágape e voltarmos a andar nesse amor, permaneceremos
em Deus e Ele em nós. Essa é a garantia de uma vida com muito
fruto.
Mas o oposto é também verdade. Se nós não andarmos em amor,
permanentemente, se esse não for nosso maior objetivo na vida,
então, de modo algum, permaneceremos em Deus e,
consequentemente, nossas vidas não serão frutíferas.
Precisamos compreender que Deus mensura a frutificação
diferentemente de nós. Para muitas pessoas, qualquer tipo de
sucesso pode significar frutificação, mas esse é um julgamento
humano. Não podemos nos esquecer de que o nosso juiz é Deus, e
o sucesso não faz parte de seus critérios para avaliar nossa
frutificação. Vale lembrar de que Ele é o único que pode julgar se
nossas vidas têm sido frutíferas ou não.
É triste observar as vidas das pessoas que não vivem em amor,
pois são inconstantes e vivem a vida como em um sobe e desce. As
circunstâncias controlam suas vidas. Eles têm momentos de
frutificação seguidos de momentos de derrota. Eles têm momentos
de alegria seguidos de momentos de frustração e irritação. Jesus
disse em João 15 que deveríamos produzir frutos que
permanecessem. Deus não quer que nossas vidas sejam de altos e
baixos, mas Ele deseja que sejamos frutíferos, independentemente
das circunstâncias. Como podemos alcançar isso? Isso somente
pode ser alcançado pela nossa permanência em Deus e pela
permanência de Deus em nós. Essa é a única garantia de uma vida
frutífera que irá permanecer. Por essa razão, andar em amor deve
ser nosso objetivo mais elevado. O arrependimento é a chave para
esse estilo de vida. Que possamos permanecer no caminho de
andar no amor Ágape de Deus, mas caso aconteça de nos
desviarmos dele, tenhamos uma atitude de arrependimento para,
rapidamente, voltarmos a viver e a andar no amor Ágape de Deus.
9
E E S
O Espírito Santo é a terceira pessoa da trindade. Nós precisamos
compreender que Ele é Deus e não somente um poder ou uma
influência em nossas vidas. Precisamos viver em pleno
relacionamento com o Espírito Santo. Sem Ele não viveremos uma
vida de vitória. Em Atos 10:38 diz,
Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder, e como
Ele caminhou por toda a parte realizando o bem e
salvado todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus era
com Ele.
Nesse texto, vemos o trabalho das três partes da trindade.
Quando Jesus começou seu ministério, Ele citou o livro de Isaías
(61:1)e disse, O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me ungiu ...
e, a partir de então, Jesus demonstrou o poder do Espírito Santo
curando os doentes e fazendo grandes milagres. O apóstolo Paulo
disse em I Coríntios 2:4,
Minha mensagem e minha proclamação não se formaram
de palavras persuasivas de conhecimento, mas
constituíram-se em demonstração do poder do Espírito.
Sem o Espírito Santo ativo em nossas vidas, não podemos viver
uma vida de poder. Em Efésios 4:29 diz,
Não saia da vossa boca nenhuma palavra que cause
destruição, mas somente a que seja útil para a
edificação, de acordo com a necessidade, a fim de que
comunique graça aos que a ouvem.
Nós precisamos de, permanentemente, nos relembrar de que a
Bíblia não foi escrita em capítulos e versículos. Paulo faz uma
conecção direta entre entristecer o Espírito Santo e falar coisas
ruins. É importante compreender que o Espírito Santo pode ser
entristecido, mas isso não significa que Deus não nos ama. Ele nos
ama incondicionalmente. Mas nós, pelas nossas escolhas erradas,
podemos nos distanciar de uma caminhada íntima com o Espírito
Santo. Então, em qualquer momento em que entristecemos o
Espírito Santo, precisamos, rapidamente, de nos arrepender e de
voltar ao relacionamento com Ele.
Como entristecemos o Espírito Santo? Precisamos ligar o
versículo 29 com o versículo 30. Nós entristecemos o Espírito Santo
com aquilo que falamos das outras pessoas. O versículo 29 é claro
ao dizer que podemos falar coisas que entristecem o Espírito Santo.
Está escrito para não falarmos qualquer coisa que seja torpe e que
cause destruição, mas de nossa boca deve sair somente o que
comunique graça aos que ouvem o que falamos. Se nós fofocarmos
de outras pessoas, especialmente de outros cristãos, entristecemos
o Espírito Santo, mesmo que tenhamos dito coisas que
verdadeiramente aconteceram. O problema não é se falamos coisas
que aconteceram ou não, o problema é falar coisas que não
comuniquem graça aos que as ouvem. Se ouvimos de alguém que
um irmão caiu em pecado e contamos isso para outro amigo cristão,
mesmo que seja verdade, certamente a pessoa que ouviu nossa
história não recebeu graça através de nossas palavras; isso é um
problema segundo o texto bíblico. A pessoa para quem contamos a
história tem, agora, uma opinião diferente sobre a pessoa de quem
falamos. Essa história contada não é uma opinião de graça e amor,
mas de julgamento; isso é mais sério do que pensamos ser.
Não devemos julgar ninguém, mas, pelo contrário, deveremos
guardar nossos irmãos e irmãs de todo e qualquer julgamento. Se
for preciso confrontar o pecado na vida de alguém, temos que
aprender a falar com os envolvidos diretamente e não fofocarmos
aos outros o fato.
Em Mateus 18:15-19, Jesus nos dá instruções claras sobre como
confrontar o pecado na vida do irmão. Confrontar o pecado não
significa criticar o irmão ou julgá-lo por qualquer uma de suas ações.
Confrontar o pecado é ajudar o irmão a enxergar o erro e, ainda,
prestar-lhe auxílio para a correção de possíveis falhas.
1) Jesus disse que quando nosso irmão pecar contra nós,
devemos ir e falar diretamente com ele, e não com outras pessoas.
O grande reformista alemão Martinho Lutero disse que se dermos
nossa língua ou nossos ouvidos à criticas contra nosso irmão, na
verdade, damos nossa língua ou nossos ouvidos ao diabo. A crítica
construtiva fala à pessoa que cometeu o pecado. A crítica destrutiva
fala da pessoa aos outros. Se ouvimos palavras destrutivas,
fazemos de nós mesmos latas de lixo para a escória dos outros. Se
falamos as palavras destrutivas que ouvimos aos outros, passando
para frente as críticas ouvidas, fazemos deles latas de lixo para a
nossa crítica.
2) Somente se nosso irmão se recusar a nos ouvir, pegaremos
duas ou três testemunhas para, juntos, confrontarmos o pecado
desse irmão.
3) Se nosso irmão continuar recusando a ouvir e resistir o
arrependimento, o levaremos à liderança da Igreja.
4) Em tudo isso, a motivação sempre deve ser a de restaurar o
irmão em amor, e nunca expor o seu pecado à vergonha.
5) Lembre-se de que Jesus não está falando dos pecados
cometidos contra outras pessoas, mas dos pecados cometidos
diretamente contra nós.
Se seguíssemos as instruções de Jesus, salvaríamos tanto a nós
mesmos quanto à Igreja de muitos problemas, sem contar que não
daríamos espaço ao diabo em nosso meio. É bom nos fazer essa
pergunta, Se eu disser essas coisas que quero dizer, elas trarão
graça à pessoa que vai ouvi-las? Sou muito grato a Deus por sua
graça e pelo seu perdão por cada vez que falhei nessa área no
passado.
Orei por revelação quanto às escrituras que tratam do entristecer
o Espírito Santo em Efésios 4 por muitos anos. Eu realmente quis
entender como entristecemos o Espírito Santo e como podemos
viver cheios do Espírito, em íntimo relacionamento com Ele. Quando
orava por essa compreensão, estava pregando em outro país.
Passei a noite na casa de alguns irmãos cristãos.
Ao sentarmos à noite depois da reunião, as pessoas com quem
eu estava começaram a criticar o estilo de vida de outros cristãos.
As coisas que diziam eram verdade, mas estavam sendo críticos
destrutivos e o que faziam era fofoca. Outros cristãos que passaram
a noite conosco entraram na conversa e concordaram com as
críticas. Eu me recordo de que me senti desconfortável entre eles e
meu espírito estava incomodado.
Naquela noite Deus falou comigo em um sonho. Eu sabia que o
sonho era de Deus. No sonho vi muitos balões, todos cheios de ar.
Aqueles balões tinham nomes escritos neles. Eles representavam
os diferentes cristãos que haviam se ajuntado naquela noite
criticando seus irmãos, também, cristãos. Num instante, notei que o
ar saía desses balões paulatinamente, foi então que percebi não se
tratar de ar propriamente, mas das críticas tecidas pelos meus
irmãos. A cada palavra de crítica falada, mais um pouco de ar saía
dos balões. As palavras eram ditas e os balões murchavam, até que
ficaram completamente sem ar e caíram inutilmente no chão.
A palavra grega para espírito é pneuma, que significa vento ou ar.
Isso significa que a cada palavra de crítica, o Espírito lentamente
saía dos balões. Foi assim que Deus falou comigo nesse sonho. O
inimigo, estrategicamente, planeja levar os cristãos a criticarem um
ao outro. Sempre que tecemos críticas destrutivas contra nossos
irmãos, concordamos com o inimigo e entristecemos o Espírito
Santo, até nossas vidas se tornarem inúteis no reino de Deus. Em
Efésios 4:30 diz, E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o
qual fostes selados para o dia da redenção. O mesmo Espírito
Santo que selou nossas vidas para a redenção, selou, também, a
vida de nossos irmãos e irmãs. Quando começamos fofocar, criticar
e falar palavras que não trazem graça às pessoas que as ouvem,
nós entristecemos o Espírito Santo que selou nossas vidas do
mesmo jeito que selou a deles.
O versículo 29 não diz somente, não saia de vossa boca
nenhuma palavra que cause destruição mas diz, somente a que seja
útil para a edificação. A Bíblia não nos deixa livres para definir o que
são as palavras que causam destruição, pois ela as define
claramente para nós ao dizer mas somente a que seja útil para a
edificação e comunique graça aos que a ouvem. Cada palavra
falada por nós que não seja útil para a edificação e não comunique
graça aos que a ouvem é, obviamente, uma palavra que causa
destruição; afirmo isso de acordo com a definição de Deus.
Deus sempre quer edificar seu povo! A edificação da Igreja é
razão pela qual a Bíblia diz que o dom de profetizar é mais
importante que o dom de falar em línguas, porque quando falo em
línguas, edifico a mim mesmo e quando profetizo, edifico os meus
irmãos e minhas irmãs em Cristo.
Se olharmos mais adiante o contexto de Efésios 4:30, que é
entristecer o Espírito Santo, chegaremos ao versículo 31 que diz,
Toda amargura, cólera, ira, gritaria e blasfêmia sejam
eliminadas do meio de vós, bem como toda a maldade!
Veja que o entristecer o Espírito Santo está no mesmo contexto
do falar coisas ruins, do não perdoar e do não andar em amor.
É bom deixar claro que há dois ministérios diante do trono de
Deus: um é o ministério do diabo e o outro é o ministério de Jesus
Cristo. O diabo é o acusador dos irmãos. Ele constantemente nos
acusa diante de Deus e sempre tenta levar os cristãos a se unirem
com ele nesse ministério. Mas o segundo ministério é o de Jesus,
que constantemente intercede por nós. Ele é o nosso bom Sumo
Sacerdote e está diante de Deus intercedendo por nós. Ele,
também, nos convida a estar com Ele nesse ministério intercedendo
pelos nossos irmãos. A diferença entre esses ministérios é simples,
um intercede e o outro acusa. Precisamos decidir a que ministério
servimos. Precisamos nos perguntar: Quem prefiro ter ao meu lado
quando falho? Prefiro o diabo acusando-me de minhas falhas ou
Jesus Cristo intercedendo por mim e orando por mim?. Eu creio que
o inimigo tem uma grande vitória quando leva os cristãos a
exercerem seu ministério de crítica e de acusação contra o outro.
Se retirarmos as divisões dos versículos e capítulos de Efésios
4:29 - 5:2, e colocarmos esse texto na linguagem de hoje,
poderíamos dizer, não critique; não fofoque; não fale qualquer coisa
ruim; mas somente diga o que edifica e constrói a pessoa com quem
você está falando, de outra forma você entristece o Espírito Santo.
Não fique com raiva nem amargos uns com os outros. Perdoe cada
um do mesmo jeito que Deus perdoou você, que escolheu não mais
se lembrar dos seus pecados. Ame todos do mesmo modo que
Deus ama você.
Agora, se a fofoca e a critica entristecem o Espírito Santo, o
oposto é, também, verdade. Quando falamos bem um do outro e
nos recusamos a ouvir críticas ou a criticar um ao outro, atraímos a
presença do Espírito Santo em nossas vidas. Em I Pedro 3:10- 12
diz,
Portanto, quem quiser amar a vida e viver dias felizes,
refreie sua língua do mal e seus lábios da falsidade;
afasta-se do mal e pratique o bem; busque a paz e nela
persevere. Porque os olhos do Senhor estão sobre os
justos e seus ouvidos estão atentos às suas orações,
entretanto, a face do Senhor volta-se contra os que
praticam o mal.
Frequentemente, em minha própria vida, tenho entristecido o
Espírito Santo por não andar em amor com meus irmãos e irmãs;
mas, muitas vezes, tenho criticado e ouvindo críticas a respeito
deles. Quero viver em um íntimo relacionamento com o Espírito
Santo. Não quero entristecê-lo, mas, pelo contrário, desejo atrair
sua presença. Se aprendêssemos a transformar cada desejo de
criticar alguém em oração por tal pessoa, a Igreja estaria em um
estado muito melhor. Se nós, verdadeiramente, quisermos ver bons
dias e ter uma vida longa, precisamos parar de falar mal de nossos
irmãos. Romanos 5:5 também faz uma conexão direta entre o amor
e o Espírito Santo.
E a confiança não nos decepciona, porque Deus
derramou seu amor em nossos corações, por meio do
Espírito Santo que Ele mesmo nos outorgou.
10
A
Já ouvi muitos cristãos orarem essa oração. Confesso que eu
mesmo a orei no passado; creio ser uma oração errada: Deus me
dê do seu amor para eu amar essa e aquela pessoa. Acabamos de
ver em Romanos 5:5 que o amor de Deus foi derramado em nossos
corações. Deus não nos pode dar algo que Ele já nos deu. Todo
cristão nascido de novo tem o amor de Deus, que é o amor perfeito,
o tipo de amor não egoísta e que não precisa ser correspondido.
Esse tipo de amor ainda é capaz de amar os inimigos do fundo do
coração. O que precisamos fazer é andar no Espírito e não de
acordo com a nossa carne. Precisamos aprender a caminhar
ativando o amor que já temos como cristãos e não ficarmos orando
pedindo que Deus nos dê esse tipo de amor.
Em 1982, eu estudava numa Escola Bíblica com 52 alunos de 22
nações na Inglaterra. Todos vivíamos juntos em um pequeno lugar.
Havia uma jovem moça da Itália. Ela não gostava de mim de jeito
nenhum e deixava isso muito claro. Vivíamos em constante conflito.
Todas as manhãs, lia minha Bíblia e orava clamando a Deus para
que Ele me desse de seu amor Ágape por aquela jovem. Continuei
orando e orando, mas nada mudou.
Então, ao orar a mesma oração em uma daquelas manhãs, ouvi
Deus falando ao meu espírito. Ele disse, eu não vou dar a você do
meu amor Ágape por essa garota. Isso me deixou confuso. Então,
pensei como Deus pode pedir que eu ame todas as pessoas e, ao
pedi-lO amor por essa pessoa que não consigo amar, Ele diz que
não?. Quando tentei entender Deus, tive uma visão. Na visão vi um
grande tubo9. Esse grande tubo tinha meu nome escrito nele. Em
seu topo, Deus derramava seu amor. Então, vi que muitos pequenos
tubos saiam desse tubo maior, que representava minha vida. Esses
pequenos tubos tinham nomes diferentes escritos neles; eram os
nomes dos meus amigos, dos membros de minha família e das
pessoas que eu amava.
O amor de Deus fluía livremente através desses pequenos tubos.
Então, vi escrito em um deles o nome daquela jovem italiana.
Aproximei-me desse pequeno tubo e vi que estava completamente
bloqueado. Naquele estado, o amor de Deus não podia fluir
livremente por ele. Vi que esse pequeno tubo era bloqueado por
pequenas coisas como orgulho, egoísmo, falta de perdão,
amargura, etc.
De repente, entendi que já tinha o amor de Deus em meu
coração. Esse amor perfeito fluía somente para as pessoas que eu
o permitia fluir, mas por causa do meu próprio pecado, o canal que
me ligava àquela jovem estava bloqueado. Eu me arrependi, pedi a
Deus que me perdoasse e permiti que o amor dEle fluísse de mim
para ela. Ao permitir que o amor fluísse e ao praticar o andar em
amor em relação a ela, rapidamente, pouco tempo depois, nós nos
tornamos grandes amigos em Cristo.
Não podemos nos esquecer de que já temos o amor Ágape de
Deus em nossos corações; ele já está em nós. A única coisa que
precisamos fazer é decidir andar nesse amor. Que possamos nos
arrepender de tudo aquilo que impede o amor Ágape de Deus de
fluir através de nossas vidas para todas as pessoas.
Eu me lembro desse momento muito claramente, porque ao me
arrepender e ao decidir andar no amor Ágape de Deus em relação
àquela jovem, agindo e expressando esse amor, nos tornamos
amigos e andamos em paz um com outro. É preciso entender que o
amor não é um sentimento, mas, sim, uma escolha e, portanto, ao
decidir amá-la com o amor Ágape de Deus, meus sentimentos em
relação a ela também mudaram.
Pessoas que sofrem com o ressentimento e com a amargura,
geralmente, ao ouvirem sobre a necessidade do perdão, pedem a
Deus para dar-lhes amor pelas pessoas que lhes feriram. Então, via
de regra, ficam esperando que um sentimento seja primeiramente
gerado em seu coração para, posteriormente, amar e perdoar.
Lembro que o amor não é um sentimento, e sim uma escolha que
fazemos.
Quando Jesus demonstrou seu amor por nós do jeito mais
incrível, dando sua vida por mim e por você, Ele estava em um
grande tormento. No jardim do Getsêmani, Ele gritou ao Pai, Pai, se
possível passa de mim esse cálice. Ele viu a dor e o tormento da
cruz. Foi óbvio que seus sentimentos não queriam ir para a cruz,
mas Jesus demonstrou que o amor não é um sentimento, e sim uma
escolha. Ele reafirmou isso quando disse ao Pai, Pai, se queres,
passa de mim este cálice; todavia, não se faça a minha vontade,
mas a tua.
COMPREENDENDO O ARREPENDIMENTO
Precisamos nos arrepender de estarmos, constantemente,
centrados em nós mesmos. Precisamos nos arrepender por não
andarmos em amor e não permitirmos que o amor de Deus flua
através de nossas vidas. Frequentemente, as pessoas pensam que
arrepender significa simplesmente dizer desculpa, mas esse não é o
significado Bíblico do arrependimento. O arrependimento é uma
ação, e isso significa mudar o jeito que pensamos sobre alguma
coisa para agirmos segundo o novo modo de pensar. João Batista,
ao falar com os Fariseus e Saduceus, disse que eles deveriam
mostrar frutos dignos de arrependimento.
O arrependimento é uma mensagem importante da Bíblia. Ela é
tão importante que foi a primeira mensagem que João Batista
pregou. O primeiro sermão de Jesus foi sobre o arrependimento e,
quando a Igreja começou em Atos do apóstolos, em seu primeiro
sermão, Pedro chamou as pessoas ao arrependimento. No último
livro da Bíblia, o livro de Apocalipse, Jesus enviou fortes mensagens
para as 7 Igrejas da Ásia. Nessas mensagens, a palavra
arrependimento é encontrada várias vezes, e isso nos faz
compreender o quanto o arrependimento é fundamental na vida de
todos que desejamos andar no amor Ágape de Deus. Portanto,
quando não andamos no perfeito amor Ágape de Deus, devemos
nos arrepender em vez de ficar pedindo que Ele nos dê de seu
amor. É justamente o arrependimento que irá desobstruir os canais
bloqueados para que o amor de Deus, já presente em nós, possa
fluir livremente e alcançar todas as pessoas outra vez.
9 A palavra usada no original em inglês é “pipe”. Essa palavra
tem diferentes traduções para o português. Poderíamos usar tanto a
palavra “tubo” quanto a palavra “cano” para traduzi-la, mas optamos
por “tubo” por definir melhor a imagem proposta em inglês. Ainda, a
palavra “tubo” estaria mais próxima ao estilo do autor.
11
O ?
Se eu saísse às ruas e perguntasse aleatoriamente para 100
pessoas o que elas pensam ser o amor, eu receberia, certamente,
inúmeras respostas diferentes. Isso aconteceria porque nossa
compreensão de amor tem sido influenciada por muitas coisas
diferentes como: nossa criação, nossas amizades, Hollywood, nossa
cultura, o país em que crescemos e etc. Para entendermos o que é
o amor, verdadeiramente, temos que olhar para a Bíblia e para
nenhum outro lugar. Quando a Bíblia nos pede para andarmos em
amor, ela usa, como já mencionamos, a palavra grega Ágape.
Para respondermos a questão posta no título desse capítulo,
primeiramente, é necessário entendermos que o amor deve sofrer
dor voluntariamente. Posso ouvir as pessoas gritando, pastor, não
me diga isso, pois eu não quero sofrer! Ninguém gosta de sofrer dor.
Por que escolheríamos sofrer? Se amar significa escolher sofrer dor
voluntariamente e a nós foi ordenado andar em amor, então, isso
significa que precisamos escolher sofrer dor voluntariamente. Isso
caminha diretamente contra nossa natureza carnal. João 3:16 diz,
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que enviou
seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê,
não pereça, mas tenha a vida eterna.
Para Deus expressar seu amor por nós, Ele teve que sofrer
voluntariamente. O amor expresso somente em palavras não é o
amor verdadeiro. O amor tem que ser expresso em ações que,
geralmente, nos fará sofrer pelo bem de outros. Se Deus somente
tivesse expresso seu amor por nós em palavras e não através de
seu sofrimento, nós ainda estaríamos perdidos em nossos pecados.
Imagine Deus dizendo constantemente, Eu amo você. Eu quero que
você esteja no céu comigo. Eu quero que você passe a eternidade
comigo, mas não estou disposto a sofrer por isso. Descubra você
mesmo um jeito de chegar ao céu, caso isso tivesse acontecido,
estaríamos eternamente perdidos. Deus expressou o seu amor por
nós sofrendo dor voluntariamente. Se verdadeiramente quisermos
andar em amor, temos que abraçar nossa cruz por amor a outras
pessoas; teremos que, frequentemente, abraçar o sofrimento para
mostrar o amor de Deus a outros.
Enquanto escrevia este capítulo, uma amiga minha contou-me
uma experiência vivida por ela no início de seu casamento. Nos
momentos de intimidade com seu esposo, em sua mente ela dizia a
si mesma, Oh! Eu amo tanto o meu esposo. De repente, ela ouviu a
voz de Deus dizendo, Isso não é amor, é prazer. Chegará o tempo
quando você terá que provar o seu amor por ele. O tempo passou e
trouxe consigo várias circunstâncias adversas. Foi justamente
nessas circunstâncias que ela teve de mostrar que, de fato, amava
seu esposo; ela precisou mostrar que o amava não somente nos
momentos de prazer. Ela teve que amá-lo quando ele a deixava
nervosa e quando ela não queria se submeter a ele. Ela teve que
decidir abandonar seus próprios prazeres e sofrer pelo amor desse
que ela dizia tanto amar. Nessa conversa, ela ainda nos disse, O
amor não é um sentimento, mas é uma decisão que precisamos
tomar.
E na vida prática diária, o que isso significa para nós? Isso
significa que em momentos de dificuldades e crises enfrentados em
nossos relacionamentos, se amamos com amor Ágape de Deus,
não buscaremos uma saída fácil para resolver nossos conflitos, mas
permaneceremos com a pessoa que amamos independente da
circunstância. O tipo do amor de Deus, em se tratando de
casamento, nunca terá o divórcio como uma possível solução.
Pessoas frequentemente discordam de mim em relação à minha
visão quanto ao divórcio. Elas pensam que não compreendo as
dificuldades enfrentadas por eles porque tenho uma vida
maravilhosa e um casamento feliz. Elas não compreendem que o
meu posicionamento é baseado da Bíblia, e não em meu
casamento. A Bíblia é o padrão que devemos seguir e o tipo de
amor que ela nos ensina ter é o amor Ágape de Deus, o tipo de
amor que sempre está disposto a sofrer voluntariamente. A razão
pela qual, mesmo depois de 28 anos de casado, minha esposa e eu
somos muitos felizes e satisfeitos juntos é que tomamos a decisão
de sempre ficarmos juntos independente daquilo que aconteça
conosco.
No início do nosso casamento, passamos por momentos muito
difíceis, mas, durante esses momentos, nos agarrávamos à nossa
decisão, pois compreendíamos que o amor sofre voluntariamente a
dor para amar o outro. Nós poderíamos facilmente fazer o que
muitos de nossos amigos cristãos fizeram; em vez de sofrer
voluntariamente, eles desistiram de seus relacionamentos e
escolheram o caminho mais fácil.
Deus tem honrado nossa decisão de escolher amar um ao outro.
Não podemos dizer que amamos alguém sem provar isso com
nossas ações. De fato, dizer que amamos alguém sem demonstrar
esse amor através de ações e sem estar dispostos a sofrer por esse
alguém faz de nós hipócritas. Recentemente, publiquei um livro
chamado O Fugitivo de Deus10. Neste livro, conto uma experiência
que vivi sob a tirania dos comunistas. Eis uma parte:
“Um amigo meu da Áustria, local onde nasci e vivia naquela
época, ouviu uma clara direção de Deus. Pedro11 era um
missionário secreto nos países da Europa Ocidental, comumente
regidos pelo regime comunista. Ele foi à Romênia várias vezes. Um
dia, Deus disse a Pedro claramente que Seausescu12 tentava matar
os cristãos de fome na Romênia. Somente um número restrito de
pessoas que estava fora da Romênia teve uma ideia clara a respeito
dessa situação naquela época. Deus havia dado a Pedro direções
precisas sobre como ajudar aqueles cristãos perseguidos e,
também, a quem ele deveria trazer alívio.
Poucos dias depois, Pedro me ligou e me contou o que Deus o
havia instruído para fazer; foi, então, que ele me perguntou se eu
tinha disposição para ir à Romênia com ele. Ele me explicou que se
fôssemos pegos, seríamos presos, torturados e, talvez, nunca
veríamos nossas famílias novamente. Eu estava noivo e a data do
casamento estava marcada para pouco tempo depois da data da
viagem. Eu disse que iria orar e entrar em contato com ele
posteriormente.
Fui para uma cabana em uma montanha aproximadamente a 112
quilômetros de minha casa; ela pertencia a um querido amigo que
me deixava usá-la sempre que precisava. A cabana não tinha
eletricidade, não tinha água, nem mesmo banheiro (havia uma
espécie de privada do lado de fora).
Retirei-me para lá a fim de ficar só, de orar e de buscar a Deus.
Eu queria saber dEle se deveria aceitar ou não o convite de Pedro.
Na ocasião, eu já era cristão há 17 anos. Eu me ocupava servindo a
Deus na Áustria e, espiritualmente falando, estava confortável com
aquela situação. A verdade era que eu não queria ir a um país
comunista e correr o risco de ser preso ou sofrer coisa pior. Eu só
tinha 24 anos de idade e havia muitas coisas que queria fazer para
Deus. Eu o amava muito, pensava.
Na cabana, jejuando e orando por uma direção, continuei falando
para Deus a mesma coisa: “Óh!, Senhor, eu te amo muito”. Eu me
lembro de que disse isso repetidas vezes. De repente, Deus
interrompeu meus pensamentos e me disse, “pare de mentir para
mim”. Primeiramente, eu me assustei com essa afirmação. Depois
eu disse, “mas eu verdadeiramente te amo”. Em seguida, Ele disse,
“Leia I João 4:20”. Foi quando abri a Bíblia e li, “Se alguém declarar:
Eu amo a Deus!, porém, odiar a seu irmão, é mentiroso, porquanto
quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a
quem não enxerga”. Então, Ele disse, “você não está disposto a
morrer pelos seus irmãos na Romênia e isso deixa claro que você
não os ama; portanto você está mentindo quando você diz que me
ama, por não amar os seus irmãos”. E Ele continuou dizendo, “Abra
sua Bíblia em I João 3:16”. Ao abri-la, li, “Nisto conhecemos todo o
significado do amor: Cristo deu a sua vida por nós e devemos dar a
nossa vida pelos nossos irmãos”. Depois que li me convenci e disse,
“Está certo, Senhor, eu irei à Romênia”. Voltei para casa em Graz13,
cidade onde morei com minha irmã por algum tempo e, de lá, liguei
para Pedro dizendo que aceitava o convite de ir com ele para
Romênia, aconteça o que acontecer14”.
A FORTE ADVERTÊNCIA
Em I João 2:15 está escrito, Não ameis o mundo nem o que nele
existe. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Essa
é uma escritura sóbria. Não quero entrar em profundos detalhes
sobre ela. Precisamos, desesperadamente, do amor do Pai
permanecendo em nós, porque há em nós mesmos o tipo do amor
Ágape de Deus. Deus nos adverte nesse versículo que se amamos
o mundo ou as coisas que nele há, não podemos ter o amor do Pai
em nós. É urgente entendermos que as escrituras nos ensinam que
Deus nos dá todas as coisas para nossa alegria. O ponto central
não está naquilo que possuímos, mas naquilo que nos possui.
Nenhuma coisa material deve agarrar nossos corações16.
Essa advertência não condena ter coisas neste mundo, mas, sim,
em amar as coisas deste mundo. Há uma grande diferença entre
usufruir com alegria as bênçãos materiais dadas por Deus e amar
essas coisas a ponto de deixá-las dominar nossos corações. É
muito fácil testarmos a nós mesmos quanto ao nos alegrar ou ao
amar profundamente as coisas desse mundo; para isso, basta
observarmos o modo como reagimos quando não as temos ou
quando elas são retiradas de nós. Se nossa reação ao perder coisas
materiais manifesta ira, agressão, chateação ou perdermos o sono
pensando nessa perda, precisamos nos perguntar porque reagimos
assim. Certamente, tudo isso só revela que não temos usufruído das
coisas materiais somente, mas as temos amado.
Fui pregar em uma Igreja por vários dias, aqui no Brasil. Em uma
manhã, meu tradutor ligou para mim no hotel onde minha esposa e
eu nos hospedávamos. Ele perguntou se poderia ir ao hotel para
levar uma amiga que havia machucado sua coluna, pois queria que
eu orasse por ela, e eu disse que sim. Minha esposa e eu
esperamos por eles, mas não apareceram nem justificaram o motivo
pelo qual não foram até lá.
Naquela noite, fui para o culto e preguei sobre a importância de
ser livre do amor às coisas deste mundo. Durante a pregação,
apresentei a seguinte situação: Como sabemos se nosso carro está
em nossa garagem ou em nosso coração? A resposta é simples,
disse: imagine se alguém ao tomá-lo emprestado sofre um acidente
e estraga o carro, como reagiríamos nessa situação? Certamente,
nossa reação mostraria se nosso carro está em nosso coração ou
apenas em nossa garagem. Se a ira se manifestar, provamos que
amamos as coisas desse mundo e não somente usufruímos delas.
Mas se dissermos, Ah! bem, é apenas um carro. Deus irá prover
todas as coisas. Se agirmos assim, sem ira ou arrependimento por
ter emprestado o carro que estragou, provamos que o carro está na
garagem, e não em nosso coração. Depois do culto, meu tradutor
contou-me a seguinte história: ele me disse que não tinha carro até
o momento e, por isso, havia pedido a um membro da Igreja para
levar sua amiga e ele até o hotel para que eu pudesse orar com a
moça. No caminho ao hotel, eles se envolveram em um acidente
com uma motocicleta, amassando o carro do irmão. O dono do carro
ficou tão nervoso que se recusou a chegar ao hotel para a moça
receber a oração; ele preferiu deixá-la num hospital público.
Eu só soube dessa situação após o culto, mas inspirado pelo
Espírito Santo, usei o exemplo do carro em meu sermão. O dono
daquele carro foi tão movido pela mensagem naquela noite que
tomou uma decisão radical; ele imediatamente pegou as chaves de
seu carro e as entregou para outro membro da Igreja que precisava
de um carro desesperadamente.
Algo poderoso aconteceu depois daquilo. O homem que deu o
carro era um jogador semi-profissional de vôlei e havia machucado
o seu joelho 6 meses antes desse incidente. Os médicos não
podiam ajudá-lo e ele vivia constantemente com dor, o que o
impedia de continuar jogando vôlei.
Depois dessa decisão radical, seguida por sua ação naquela
noite, Deus curou o seu joelho sobrenaturalmente. Ele corria e
pulava para mostrar o milagre de Deus. Veja quão poderosa é a
Palavra e quão grande é o amor de Deus. Enquanto aquele irmão
amava as coisas deste mundo, o amor do Pai não estava nele,
assim como está escrito I João 2:15. Todavia, uma vez que ele se
arrependeu e mostrou o fruto de seu arrependimento pelas suas
ações, o amor do Pai curou o seu joelho.
Ela é uma gravura de uma pintura real chamada Mulher III20. Foi
pintada por um expressionista Holandês. Ele a terminou em 1953.
Este foi um dos quadros de maior valor já vendidos até hoje. Eu
pessoalmente não gosto deste quadro, na minha opinião ele é muito
feio; no entanto, pagaram por ele a quantia equivalente a R$ 370
milhões. Mas antes de continuarmos a leitura do livro, analise-o
cuidadosamente e responda sinceramente: “Você acha que este
quadro vale 370 milhões de reais?”
Em 2006, David Jeffen vendeu este quadro pelos 370 milhões de
reais a um bilionário chamado Steven Cohen. Sempre que olho para
esse quadro e penso nessa grande quantia em dinheiro, me
pergunto, Quantos orfanatos poderiam ser construídos e quantos
famintos poderiam ser alimentados com esses R$ 370 milhões?
Espero que você já tenha respondido a pergunta quanto ao valor do
quadro: Será que ele vale 370 milhões de reais? A maioria das
pessoas são convictas de que o valor desse quadro não se
aproxima, de maneira alguma, dessa quantidade de dinheiro.
Contudo, o fato é que este quadro vale 370 milhões de reais.
Talvez, informações como essas nos choquem e nos faz pensar:
Isso é completamente ridículo! Esse quadro nunca vale essa quantia
de dinheiro! Sim, ele vale. Por que este quadro vale tanto? Para
respondermos a essa pergunta temos que, primeiramente, fazer
outra: quem determina o valor de qualquer coisa? O valor é
determinado pela pessoa que paga o preço; sem exceção.
Se escolhemos, por exemplo, abrir uma loja para vender tênis da
Nike por R$ 30 reais o par, quem realmente determinou o valor
desses calçados: nós, os que abrimos a loja ou os consumidores?
Se as pessoas que vierem à loja, olhar os calçados e decidirem
que não valem os R$ 30 reais e, portanto, se recusarem a comprá-
los, iremos falir. Não faz diferença se os sapatos são bons ou ruins.
Não faz diferença o preço que colocamos nesses tênis. Não
determinamos os valores, mesmo achando que somos nós quem os
determinamos. Por outro lado, se outra pessoa abrisse uma loja do
outro lado da rua de nosso estabelecimento e decidisse vender tênis
Adidas, com qualidade similar aos nossos Nikes, por R$ 300,00
reais o par, e os consumidores gostassem dos sapatos e pagassem
o valor pedido, então, o dono dessa loja ficaria rico e nós iríamos à
falência. Por quê? Porque o valor das coisas é determinado pelas
pessoas que pagam por elas. Essa é uma verdade que muitos não
desejam aceitar.
Por essa razão, o quadro representado por aquela gravura vale
370 milhões de reais. Um dia, Steven Cohen olhou para aquele
quadro e disse, Desejo pagar os R$ 370 milhões de reais pedidos.
Assim, ele determinou o valor. Não importa qual loja vamos, o preço
nunca é realmente determinado pelo dono da loja, mas pelas
pessoas que desejam pagar pelas mercadorias. Se ninguém
comprar os produtos, eles são completamente sem valor. Essa é a
razão pela qual os comerciais e propagandas tentam nos convencer
de que precisamos de seus produtos, gerando em nós o desejo de
pagar por eles. Dessa forma, determinamos os valores.
O que isso tem a ver com o amor de Deus por nós? Isso tem tudo
a ver conosco e com Seu amor para conosco. Quem pagou o preço
por você e por mim? E que preço Ele pagou? Fomos nós quem nos
salvamos? Fomos nós quem nos redimimos? Obviamente, não. Foi
Jesus Cristo quem nos redimiu e nos comprou. O preço que Deus
pagou por nós foi a vida de seu único filho. E porque Deus foi o
único que pagou um preço por nós, Ele é o único que pode
determinar nosso valor. I Pedro 1:18 diz,
Porquanto, estais cientes de que não foi mediante
valores perecíveis como a prata e o ouro que fostes
resgatados do vosso modo de vida vazio e sem sentido,
legado por nossos antepassados.
Nós temos uma etiqueta com um preço pregado em nossas vidas
determinando nosso valor. Que valor é esse? Nosso valor é mais
alto que o valor de qualquer outra coisa no Universo!
Eis o que Jesus pagou por nós: Ele pensou que éramos tão
valorosos que desejou ser torturado, sofrer açoites e até mesmo ser
separado de seu Pai no céu. Quando a coroa de espinhos foi
colocada em sua cabeça, quando os pregos foram postos em suas
mãos e pés, quando Ele sofreu a agonia da tortura brutal, Ele
determinou o seu e o meu valor. Ninguém realmente matou Jesus.
Vejamos o que Ele disse em João 10:17-18:
Por esse motivo o Pai me ama; Porque eu entrego a
minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim; antes
eu a entrego de espontânea vontade. Tenho poder para
entregá-la, e poder para retomá-la. Esse é o
mandamento que recebi de meu Pai.
Antes da crucificação, conforme nos diz o texto de Mateus 26:53,
Jesus disse:
Ou imaginas tu que Eu, neste momento não poderia orar
ao meu Pai e Ele colocaria à minha disposição mais de
doze legiões de anjos?
Ele também disse em Lucas 23:46:
Então, Jesus bradou com voz forte: Pai! Em tuas mãos
entrego o meu espírito. E havendo dito isto, expirou.
A vida de Jesus não foi tirada dEle; Ele, voluntariamente, a
entregou. Ele sofreu tudo isso para determinar o nosso valor. Tenho
uma etiqueta com um preço determinado posto em minha vida; esse
preço mostra o meu valor. Não foram meus pais quem
determinaram meu valor, tampouco meus amigos. Bom ou ruim, o
meu passado, também, não determinou o meu valor, pois nada
disso pagou um preço por mim.
Não faz diferença nenhuma aquilo que o diabo fala para nós. Não
faz diferença o quanto de condenação ele tenta colocar sobre nós.
Com confiança podemos ordenar que ele cale. Podemos fazer isso,
porque temos muito valor aos olhos de Deus. Enquanto crescia, eu
não acreditava que tinha algum valor. Aos 12 anos, tentei suicídio
pela primeira vez. As pessoas me disseram que não havia
esperança ou futuro para mim. Por muito tempo, acreditei nessas
mentiras. Sou eternamente grato a Deus pelo fato de Ele ter
determinado meu valor pelo preço que Ele quis pagar.
Do mesmo modo que aquele quadro vale 370 milhões de reais
porque alguém desejou pagar por ele aquele valor, também temos o
maior valor possível porque Deus desejou pagar tamanho preço por
nós.
Isaías 53 fala sobre o sofrimento de Cristo na cruz. O versículo 10
impactou minha vida profundamente. O capítulo inteiro descreve o
profundo sofrimento de Jesus Cristo por nós, para determinar o
nosso valor. Diz,
Contudo, foi do propósito de Deus, torturá-lo e fazê-lo
passar por toda dor. E, embora o Senhor o tenha feito
com oferta pelo pecado da humanidade, Ele verá sua
posteridade, prolongará seus dias para sempre, e a
vontade de Deus prosperará em suas mãos.
Por que o Senhor se agradou em sacrificar seu próprio filho?
Esse foi o único modo pelo qual Deus pôde nos mostrar nosso valor.
Minha esposa e eu temos dois filhos. É inimaginável para mim
torturar meus próprios filhos brutalmente para salvar a vida de
alguém, especialmente alguém que seja meu inimigo. Em Romanos
5:10 está escrito:
Ora, se quando éramos inimigos de Deus fomos
reconciliados com Ele mediante a morte de seu filho,
quanto mais no presente, havendo sido feitos amigos de
Deus, seremos salvos por sua vida.
De fato, a Bíblia diz que Deus se agradou em fazer isso por você
e por mim. É assim que Ele colocou uma etiqueta de preço em
nossas vidas. Se compreendemos essa verdade, podemos superar
qualquer rejeição que sofremos na vida.