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Coordenação

Reinhard Hirtler

Tradução
Daniel Soares

Revisão e edição de texto


Daniel Soares, André Matias

Capa
Priint Impressões Inteligentes

Projeto Gráfico e Diagramação


Priint Impressões Inteligentes

Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sem permissão por escrito,
exceto para breves citações, com indicação da fonte.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram
extraídas da Bíblia King James Atualizada, 2ª edição, da Sociedade Ibero-
Americana, ©. Todos os direitos reservados.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP-Brasil)
Hirtler, Reinhard
Amor / Reinhard Hirtler
Goiânia: Priint Impressões Inteligentes, 2016
ISBN (em suporte de papel): 978-85-5963-034-3
1. Vida Cristã. 2. Espiritualidade I. Título

Reinhard Hirtler Publicações ©


Primeira edição - 2015
Segunda edição - 2016
Terceira edição - 2018
Todos os direitos reservados por Reinhard Hirtler Publicações ©

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Sumário
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO
1. Andar em amor
2. O que é o amor?
3. Sem o amor ágape de Deus somos nada
4. O grande mandamento
5. Não somente amar a Deus
6. Amando nossos inimigos
7. Criados à imagem do amor
8. Conhecendo Deus
9. Entristecendo o Espírito Santo
10. A oração errada
11. O que é amor?
12. O que mais é amor
13. O amor é ação
14. Quando a fé não funciona
15. O problema do egoísmo
16. Fruto do espírito
17. Ciclo do amor
18. Quando Deus me ensinou sobre o amor
19. O espírito religioso
20. Olhando para Jesus
21. Compreendendo a adoção
CONCLUSÃO
NOTA DE TRADUÇÃO - Primeira Edição
No ano de 2014, Reinhard e Debi em viagem pelo nordeste do
Brasil se depararam com a realidade das crianças em situação de
vulnerabilidade social. Desde então, movidos pelo coração de Deus,
resolveram dedicar suas vidas para mudar essa realidade.
Fundaram a Brasilian Kids Kare, uma ONG que tem como missão,
transformar a vida de crianças carentes e abandonadas do Brasil,
dando a elas valor, esperança e futuro, através de um encontro com
o amor de Deus.
Temos o propósito de construir 100 abrigos e creches no Brasil,
com o intuito de contribuir na mudança do destino e futuro dessa
nação. Também queremos inspirar e auxiliar outros a fazerem o
mesmo; entregar suas vidas e recursos para mudar o futuro dessas
crianças. Reinhard destina 100% da renda arrecadada com a venda
de seus livros para a construção, manutenção e abertura de novos
projetos no Brasil. Hoje temos abrigos, creches e projetos sociais
em alguns estados do nordeste Brasileiro.
Você pode conhecer nossos projetos através do
site:www.braziliankidskare.org
AGRADECIMENTOS
Tenho sido abençoado com muitos amigos maravilhosos no corpo
de Cristo. Não tenho tempo nem espaço para mencionar cada um
aqui, mas quero agradecer a todas essas pessoas incríveis, em
diferentes países deste mundo, que têm andado comigo e querido
me amar, apesar de mim. Eles têm, verdadeiramente, demonstrado
amor incondicional.
Quero agradecer à minha família. Meus filhos, Daniel e
Christopher, têm me amado mesmo nos momentos mais difíceis da
minha vida. É fato que não tenho sido o pai perfeito, mas apesar dos
pesares, eles continuam me amando. Minha esposa Debi vive
comigo há 28 anos. Sou muito grato por seu encorajamento e por
seu amor em todos esses anos. Eu bem sei que sem ela, não
estaria onde hoje estou.
Sou muito grato ao Pastor Marcelo Almeida por demonstrar, ao
longo de anos, tanto amor por mim. Foi ele que me apresentou ao
Pastor Aluízio Silva e à sua esposa, Pastora Márcia, em 1999.
Desde então, tivemos vários encontros com eles e, em março de
2014, a convite do pastor Aluízio, minha esposa e eu nos mudamos
para Goiânia, Brasil. Fomos recebidos com muita alegria e eles,
continuamente, nos têm banhado com amor. Nós nos sentimos
profundamente em débito com eles por nos tratarem com caráter
santo e com tanto amor.
Finalmente, ninguém nunca me amou como o meu Jesus. Em
meus momentos de maior fraqueza, Ele tem sido a minha força.
Quando tudo mais estava desmoronando em minha vida, Ele estava
lá por mim. Quando fui infiel, Ele foi fiel. Ele curou meu coração
ferido e fez meu futuro seguro. Vou segui-lo até o dia em que deixar
esta terra.
INTRODUÇÃO
A Bíblia tem muito a dizer sobre o tema amor. Há muita má
compreensão sobre esse assunto no corpo de Cristo. Uma das
razões dessa má compreensão é que não entendemos o verdadeiro
significado bíblico da palavra “amor”. Eu, pessoalmente, conheci um
homem que morreu e foi ao céu por causa de uma artéria rompida.
Ao entrar no céu, a primeira coisa que Jesus lhe perguntou foi,
“Quando você viveu na terra, você aprendeu a amar?” Essa mesma
pergunta foi feita para três outras pessoas enquanto ele estava lá
com Jesus. Eles tentaram encontrar desculpas para justificar a
razão pela qual não foram capazes de aprender a andar em amor1,
e ficou muito claro que Jesus não aceitou nenhuma de suas
desculpas. A pergunta posta por Jesus não tinha nada a ver com a
salvação, mas, sim, com o galardão eterno dessas pessoas. Aquele
homem foi curado sobrenaturalmente, voltou à vida e viveu por mais
muitos anos. Todos aqueles que o conheceram de perto disseram a
mesma coisa sobre ele: “depois daquele incidente, seu maior alvo
na vida foi andar em amor”.
Andar em amor é um dos desejos mais profundos do meu
coração. Estou convencido de que o amor é o caminho para uma
vida cristã vitoriosa. Eu não ouso pensar que já alcancei esse alvo
ou que sou perfeito nisso. Faço o que o apóstolo Paulo disse que
fez, “Apresso-me em direção ao alvo” (Filipenses 3:14). Não
acredito que exista um caminho maior que o do amor capaz de im-
pactar a vida de qualquer pessoa.
Frequentemente, como cristãos, colocamos nosso foco nos dons,
na unção, no chamado e pouco nos focamos no amor que
deveríamos demonstrar através de vidas. Oro para que este livro
possa ajudar cada um de nós a crescer no amor por Jesus e por
todos. Afinal, estes três permanecem: a fé, a esperança e o amor.
Contudo, o maior deles é o amor. (I Coríntios 13:13)
1 Efésios 5:2 - A expressão “andar em amor” foi retirada desse
versículo que diz, “E andai em amor como Cristo, que também nos
amou e se entregou por nós a Deus como oferta e sacrifício com
aroma suave”. Essa expressão será usada durante todo esse texto.
1
A
Falar sobre o “amor” nos leva, inevitavelmente, à passagem mais
conhecida no Novo Testamento sobre esse assunto; falo do capítulo
13 de I Coríntios. Nesse capítulo, mais que em qualquer outra de
suas cartas, o apóstolo Paulo escreve sobre a importância do amor.
Vale ressaltar que a Bíblia não foi escrita em capítulos e versículos
e, portanto, temos que interpretá-la em seu contexto que nem
sempre segue essa divisão, fato frequentemente esquecido quando
se lê textos bíblicos.
Assim, cabe perguntar, “Qual é o contexto de I Coríntios 13?”
Para tanto, vamos incluir os últimos versículos do capítulo 12 e o
primeiro do capítulo 14, permitindo, assim, termos uma visão geral
desse contexto. I Coríntios 12:31 a I Coríntios 14:1 diz:
Contudo, buscai com zelo os melhores dons. E agora,
passo a vos mostrar um caminho ainda muito mais
excelente. Ainda que eu fale as línguas dos homens e
dos anjos, se não tiver amor, serei como sino que ressoa
ou como prato que retine. Mesmo que eu possua o dom
de profecia e conheça todos os mistérios e toda ciência,
e ainda tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não
tiver amor, nada serei. Mesmo que eu dê aos
necessitados tudo o que possuo e entregue o meu
próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor,
todas essas ações não me trarão qualquer benefício real.
O amor é paciente; o amor é bondoso. Não inveja, não
se vangloria, nem é arrogante. Não se porta de maneira
inconveniente, não age egoisticamente, não se enfurece
facilmente, não guarda ressentimentos. O amor não se
alegra com a injustiça, pois sua felicidade está na
verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais morre; todavia, as profecias deixarão de
existir, as línguas cessarão, o conhecimento
desaparecerá. Porquanto em parte conhecemos e em
parte profetizamos; quando, no entanto, chegar o que é
perfeito, o que é imperfeito será extinto. Quando eu era
criança, pensava como menino, sentia e falava como
menino. Quando cheguei à idade adulta deixei para trás
as atitudes próprias das crianças. Agora, portanto,
enxergamos apenas um reflexo obscuro, como em um
material polido; entretanto, haverá o dia em que veremos
face a face. Hoje, conheço em parte; então, conhecerei
perfeitamente, da mesma maneira como plenamente sou
conhecido. Sendo assim, permanecem até o momento
estes três: a fé, a esperança e o amor. Contudo, o maior
deles é o amor. Segui o caminho do amor e exercei com
zelo os dons espirituais; contudo, especialmente o dom
de profecia”.
Como dito, o apóstolo Paulo não escreveu a carta aos Coríntios
dividida em capítulos e versículos. Às vezes, cometemos o erro de
tentar entender e interpretar a Bíblia nos restringindo a essa divisão.
Até entendo o porquê de os tradutores da Bíblia dividirem-na dessa
forma. Isso é didático e nos ajuda a encontrar certas passagens
mais rapidamente e mais facilmente. Mas a Bíblia não foi escrita
assim; não foi dessa maneira que o apóstolo Paulo escreveu suas
cartas. A carta aos Coríntios foi simplesmente uma carta. Paulo a
escreveu sem divisão alguma; ele fez um texto único sem capítulos
e sem versículos. É importante compreendermos isso, pois, às
vezes, essa divisão não ajuda em sua compreensão.
Tendenciosamente, muitos recortam os versos do contexto e
acabam por compreender erroneamente o texto bíblico. Isso é um
grave problema, e a leitura descontextualizada de I Coríntios 13 é
um exemplo disso. Entendo a importância da divisão didática
bíblica, mas ressalto de que ela não nos é de muita serventia quanto
à compreensão e interpretação dos textos bíblicos.
Quero mostrar a importância do amor. Paulo ensinou à Igreja em
Corinto sobre dons espirituais. O capítulo 12 de I Coríntios ensina
sobre a vida no corpo de Cristo e sobre os dons do Espírito Santo.
Nele, Paulo concluiu seu ensino sobre os dons do Espírito Santo
nisto que temos como versículo 31. Ele diz, Buscai com zelo os
melhores dons. Essa foi uma afirmação muita clara feita por Paulo,
e nela está impressa o dever de cada cristão desejar intensamente
os dons espirituais. Neste capítulo, o apóstolo nos faz conhecer os
diferentes dons espirituais e o seu apelo para os buscarmos com
zelo é imperativo. Seria como se Paulo dissesse, Deseje-os, queira-
os seriamente e tenha um grande anseio de ser usado através dos
dons. Mas Paulo não para nesse “apelo”; ele vai além dos dons ao
dizer, Mas, ainda, eu vos mostro um caminho mais excelente. Tal
fala é intrigante, pois após mostrar tantas coisas maravilhosas
quanto os dons, ela revela algo ainda mais excelente. Então, resta-
nos perguntar: “qual é o caminho mais excelente? O que é mais
excelente e mais importante que ser usado nos dons espirituais?”
Por acharmos os dons espirituais excelentes o bastante,
geralmente, julgamos as pessoas pelos seus dons. Uma pessoa
muito usada é uma pessoa muito querida e respeitada. Esse tipo de
julgamento é um caminho normal e muito comum no meio cristão.
Seguimos os homens com maior unção; seguimos os homens com
“maiores” dons. Se alguém tem sido usado para profetizar
poderosamente, esse será seguido, buscado e sempre tido como “o
especial de Deus”. Pessoas usadas poderosamente através de um
dom espiritual são admiradas e colocadas em um pedestal. Isso é
muito perigoso e não é saudável para o corpo de Cristo. De fato, a
Bíblia nos adverte que o mais importante não é o quão
poderosamente somos usados nos dons, mas, sim, se andamos ou
não em amor.
Muitas vezes, Deus tem me usado muito no dom profético. Ele
tem me usado para profetizar acontecimentos ainda não previstos e
para compartilhar coisas muito diferentes. Aproximadamente dois
meses anteriores à Copa do Mundo de 2014, recebi uma profecia
sobre o Brasil. Foi claro para mim que o Brasil seria abalado e que
tal abalo iniciaria durante a Copa do Mundo. Aconteceu que o Brasil
perdeu de 7 a 1 para a Alemanha e isso realmente abalou a nação.
Fui usado por Deus para profetizar eventos dramáticos ainda não
previstos no mundo político dos Estados Unidos. Na época, todos
disseram, Isso é impossível; nunca poderá acontecer. Mas
aconteceu. Apesar de serem coisas aparentemente grandiosas,
nada disso é importante. Todavia, nós fazemos essas coisas se
tornarem importantes. Muitas pessoas olham para mim como se eu
fosse uma pessoa muito especial por causa dos dons. O apóstolo
Paulo deixou claro que devemos buscar com zelo os dons
espirituais, mas ao final desse seu maravilhoso ensino, ele concluiu
e afirmou: ...e ainda vos mostro um caminho mais excelente.

O CAMINHO MAIS EXCELENTE


Há algo muito mais excelente que os dons espirituais. Há algo
mais excelente que o modo como “carregamos” a unção. Há algo
muito mais excelente que o modo poderoso pelo qual Deus nos usa
e muito mais incrível que os dons e a unção fluindo de nossas vidas.
Qual é o caminho mais excelente? Paulo nos mostra um caminho
mais excelente em seu ensino sobre dons ao concluir I Coríntios
12:31. Ele fala, imediatamente, sobre a importância do amor e como
somos absolutamente nada sem o amor.
Então, o caminho mais excelente que os dons do Espírito; mais
excelente que o profeta mais dramático do mundo; mais excelente
que o apóstolo mais poderoso do mundo; mais excelente que o
evangelista mais incrível do mundo, poderosamente usado em
curas, ressurreição de mortos e em sinais e maravilhas é o caminho
excelente do amor.
Vejamos o que Paulo fala: Eu vos mostro um caminho mais
excelente. O caminho mais excelente é o mostrado no versículo
primeiro de I Coríntios 13.
Penso que o tema do “amor” em relação aos dons é,
provavelmente, um dos mais negligenciados no corpo de Cristo. Sou
cristão há muito tempo. De fato, fui ordenado 34 anos atrás. Sou
pastor há muitos e muitos anos; já ouvi incontáveis sermões sobre
vários temas, mas não ouço muitas pregações sobre a verdade e a
real importância de andar em absoluto e perfeito amor segundo os
padrões bíblicos. A verdade é que não temos nem o costume de
conversar uns com os outros sobre esse assunto. Alguns, porém,
possam não admitir sua negligência ao amor e dizer, Ei, pastor!
Espere um pouco. Isso não é verdade. Sabemos que precisamos
amar uns aos outros e falamos, sim, sobre isso. Mas o fato é que,
aos nossos olhos, os dons espirituais postos em I Coríntios 12
possuem maior relevância à nossa prática de vida cristã. Abramos o
nosso coração e vamos pensar mais um pouco sobre tudo isso.
2
O ?
Vamos ver o que a Bíblia fala sobre o amor! Temos um
entendimento sobre o amor que acredito não ser realmente o
bíblico. Muito disso que temos por nosso amor é, na verdade, uma
expressão de nosso egoísmo. O que geralmente acontece é que
amamos para sermos correspondidos. Mas não é isso o que a Bíblia
diz sobre o amor.
Primeiramente, precisamos compreender que o Novo Testamento
foi escrito em grego. Apesar de ter correspondência entre as
línguas, nem sempre haverá as mesmas palavras em uma e em
outra. Esse é o caso da palavra “amor”; em grego, há três palavras
diferentes com significados distintos para ela, mas em língua
portuguesa não. Por causa dessa falta de correspondência,
precisamos traduzir essas três palavras gregas simploriamente por
“amor”.
No contexto em que estamos (I Coríntios 13), o original grego
usou a palavra Ágape2, traduzida simplesmente como “amor”.
Todavia, o significado de Ágape se restringe ao tipo de amor de
Deus3 que é completo, sem egoísmo e que não espera nada em
troca. O significado dessa palavra ainda implica em um tipo de amor
que não tem, absolutamente, nenhum outro motivo além de amar,
podendo até sacrificar-se sem esperar correspondência e, ainda, ser
capaz de suportar rejeição.
Estou longe de ser um especialista em andar no perfeito amor e
não ouso dizer que já alcancei meu alvo, mas asseguro que tento
andar no amor Ágape. Não alcancei a perfeição, mas oro todos os
dias para andar nesse tipo de amor.
Andar em amor Ágape é o caminho mais excelente e, através da
Bíblia, podemos ver o quanto Deus espera que andemos nele;
andar em amor Ágape é amar sem esperar, absolutamente, nada
em troca. Andar em amor Ágape é continuar amando, mesmo sendo
rejeitado. O amor Ágape de Deus não tem motivos ulteriores nem
espera ser correspondido.
Recentemente, tive uma conversa com minha esposa que não a
deixou muito feliz, o que não foi a minha intensão. Minha esposa me
disse, Querido, você tem que ser cuidadoso com o jeito que você
fala sobre essas coisas, porque elas podem machucar muitas
pessoas. Tenho pensado muito sobre tudo isso e estou convicto do
amor Ágape de Deus. Alguns anos antes de escrever este livro,
morri por causa de uma parada cardíaca e fui para o céu. Ali tive
uma experiência com Jesus e com a maravilhosa realidade disso
tudo4; voltei para o meu corpo; voltei para a vida novamente. Então,
falei com a minha esposa, Querida, tenho que lhe falar uma coisa
que provavelmente você não irá concordar, mas, se eu amo você
com o amor que é completamente sem egoísmo, se amo você com
o amor que não é centrado em mim mesmo, mas em você, isso
significa que não quero nada de você, não quero que você me ame
em troca do meu amor, não preciso que você corresponda ao meu
amor; eu simplesmente quero amar você como Cristo ama a Igreja,
pois é assim que a Bíblia ordena aos maridos amarem suas
esposas. E continuei dizendo, Se você morrer antes de mim, for
para o céu e estiver no lugar mais glorioso e lindo com o amado
Jesus, para quem você foi criada em primeiro lugar, não vou chorar
por você, porque, de acordo com Colossenses 1:16, você foi criada
para Jesus, e não para mim.
A verdade é que Jesus já foi bom demais por tê-la emprestado
para mim por alguns anos na terra. Minha esposa disse, “Se você
me ama tanto, como ousa me dizer que não vai chorar quando eu
morrer? Isso não faz sentido algum. Você tem que chorar!”. Eu disse
para ela, “se eu chorar quando você morrer, significa que meu amor
por você, na verdade, é totalmente centrado em mim. Pobre de mim,
agora não tenho mais a minha esposa!” Acredito que o único jeito de
superar a dor da tristeza de se perder uma pessoa amada é se
retirarmos o nosso foco de nós mesmos e de nossa perda e o
colocarmos no maravilhoso ganho que essa pessoa que perdemos
teve ao entrar na presença de Jesus no céu.
Recentemente, fui a um acampamento de homens em uma
cidade do Brasil e disse acreditar que os maridos têm a culpa de
pelo menos 90%5 de todos os casamentos cristãos que não dão
certo ou que não são felizes, nem bons, nem maravilhosos. Aqueles
200 homens me olharam chocados, como se perguntassem, Como
esse pregador pode dizer isso? Então, expliquei a eles que a Bíblia,
claramente, nos diz, maridos, cada um de vós amai a vossa esposa,
assim como Cristo amou a sua Igreja e sacrificou-se por ela (Efésios
5:25). A Bíblia ordena que cada marido ame sua esposa, não
somente com palavras, dizendo estar disposto a morrer por ela, mas
que, de fato, se sacrifique em seu favor. Isso significa que, todas as
vezes que eu escolher fazer alguma coisa, preciso considerar,
também, o que minha esposa deseja fazer.
Por exemplo, eu não gosto de praia, na verdade, eu odeio praia!
Tamanha é minha aversão que faço uma brincadeirinha; digo que a
praia não é uma criação original de Deus, mas parte da maldição
recebida por causa do pecado. Da praia eu não gosto de nada; eu
não gosto da água salgada; eu não gosto da areia; eu não gosto da
atmosfera; eu não gosto do calor. eu não gosto do sol; eu
simplesmente não gosto de praia. Todavia, já passei muitas férias
na praia, porque minha esposa ama a praia. Ela não me obriga a ir à
praia, na verdade, minha esposa várias vezes me diz, Vamos para
um lugar em que você realmente quer ir e vai se divertir, como à
Islândia.
Apesar de odiar, fico muito feliz em ir à praia com minha esposa.
Por quê? Porque a Bíblia diz claramente, maridos, cada um de vós
amai a vossa esposa, assim como Cristo amou a sua Igreja e
sacrificou-se por ela. Quando o assunto é amar nossas esposas, as
coisas que desejamos ou as coisas que queremos perdem
completamente a importância; tudo o que queremos torna-se
totalmente sem relevância. Todas nossas vontades, nossos sonhos,
nossas esperanças e nossos desejos perdem a importância. O que
importa são os desejos dela, os sonhos dela e as esperanças dela.
Então, se o marido ama sua esposa como Cristo ama sua Igreja,
sacrificialmente, ele irá orar por ela todos os dias, uma vez que a
Bíblia diz, Cristo intercede por nós (Romanos 8:34). Jesus está
assentado ao lado direito de Deus e Ele ora por nós. Se o marido
amar sua esposa desse modo, garanto que todos os casamentos
irão florescer.
A Bíblia usa a palavra Ágape para falar tanto sobre amor quanto
sobre andar em amor. Ressalto que esse amor é completamente
altruísta e não espera nada para si mesmo. Ele nunca precisa ser
correspondido. Esse é o tipo de amor que ama para o benefício do
outro. Se amamos nossas esposas com o amor Ágape, elas serão o
foco e não nós. Se a Bíblia for a verdade, acredito que seja, então,
Filipenses 1:21 também é verdade, O viver é Cristo e o morrer é
lucro. Assim, se nossas esposas morrerem antes de nós, elas não
terão perda alguma, mas ganharão o grande prêmio, que é o próprio
Jesus Cristo para quem elas foram criadas.
Numa situação assim, se pensarmos em nossas esposas, na
felicidade em que elas estão na presença de Jesus naquele lugar
glorioso e permanecermos chorando, sem dúvida, o nosso choro
será por nós mesmos, e não por elas. Mas se amamos nossas
esposas com o amor Ágape, altruísta, caso elas morram antes de
nós, não ficaremos entristecidos, todavia, nos alegraremos por elas
estarem com Jesus.
Assim, todas as vezes que ficarmos tristes por nos sentirmos sós,
devemos, simplesmente, lembrar a nós mesmos que a vida não
deve ser centrada em nós, mas em Jesus; Ele pode chamar, a
qualquer hora, qualquer pessoa para sua maravilhosa presença, a
fim de ganharem seu grande galardão. Entendo que isso pode
chocar muitas pessoas, todavia, creio assim e estou convicto disso.
Precisamos nos lembrar de que, ao falar sobre o amor, a Bíblia não
se refere ao tipo de amor humano que conhecemos. Eu amo você e
você me ama; seremos ambos felizes. Como comentei, no original
grego há palavras diferentes para a nossa tradução da palavra
amor.
Não se esqueça de que, ao falarmos sobre o amor Ágape, nos
referimos ao amor de Deus que nos leva a amar as pessoas, a nós
mesmos e até mesmo os nossos inimigos. Sempre trataremos, ao
longo deste livro, sobre esse tipo de amor de Deus que é altruísta,
que não precisa ser correspondido e que tem o outro como o mais
importante.
Muitos cristãos desejam receber os dons do Espírito e, portanto,
os buscam com intensidade, o que é uma coisa boa. A Bíblia nos
encoraja a buscar os dons espirituais e, na verdade, nos recomenda
a desejá-los intensamente. Em, Todos podem profetizar6, explico
sobre a importância de se desejar os dons do Espírito. Contudo,
isso não é a coisa mais importante na vida cristã. Muitos podem até
acreditar que desejar os dons espirituais seja a coisa mais
excelente. Certamente, essas pessoas são as que querem ser
conhecidas pelos dons, pelas profecias poderosas, pelos milagres,
pelos sinais, pelas maravilhas e pelas “grandes coisas” que têm
feito. Querem ser conhecidas por quão poderosamente são usados
por Deus ou por quão ungidas são suas pregações e, ainda, pelas
multidões salvas, curadas e tocadas através de seus ministérios.
Todas essas coisas são maravilhosas, mas não são a mais
excelente.
O apóstolo Paulo falou em I Coríntios 12:31, E agora, posso a vos
mostrar um caminho muito mais excelente. Ainda fica a pergunta.
Qual é esse caminho ainda mais excelente? Ele continuou dizendo,
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se
não tiver amor, serei como sino que ressoa ou como o
prato que retine7.
Eis a resposta: o caminho mais excelente é o caminho do amor
Ágape, um estilo de vida segundo o tipo do amor de Deus. Isso é
mais excelente que qualquer dom que possamos ter.

2 Neste livro, sempre que falarmos do tipo de amor de Deus,


estaremos nos referindo à palavra Ágape. Como essa palavra não
faz sentido isoladamente em língua portuguesa, optamos por
escrever ora amor Ágape ora amor Ágape de Deus. No capítulo 12,
o autor trará uma explicação mais ampliada sobre os diferentes
vocábulos e seus significados no grego, simploriamente, traduzidos
como amor em português.

3 ao tipo de amor que Deus ama.


4 a maravilhosa verdade de viver e de andar no amor ágape de
Deus.

5 Esta é minha opinião pessoal, não estou dizendo que isso seja
biblicamente verdade.

6 Livro deste mesmo autor publicado pela Editora Vinha.

7 Usamos a tradução, em língua portuguesa, da Bíblia King


James Atualizada, por se aproximar com mais veemência à
tradução The New King James Bible, usada pelo autor (original em
inglês). Portanto, poderá haver diferenças quanto ao vocabulário em
relação a outras traduções em língua portuguesa da Bíblia.
3
S D

O apóstolo Paulo começou I Coríntios 13:1 com essa afirmação,


Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se
não tiver amor, serei como sino que ressoa ou como o
prato que retine.
E o que isso significa? É certo que muitas pessoas não entendem
essa frase. Portanto, vamos analisá-la para compreendermos seu
significado, o sino que ressoa ou como o prato que retine. Observe
que Paulo usou duas frases: uma foi sino que ressoa e a outra foi o
prato que retine. Ambas, por questões culturais, são difíceis para o
nosso entendimento, mas o apóstolo Paulo escreveu essas frases
para a Igreja em Corinto. Portanto, os coríntios entenderam, muito
bem, tais expressões, pois lhes eram muito comuns.
A palavra traduzida para o português como sino vem da palavra
grega Chalkos. Esta é uma palavra antiga que se refere a um
pedaço de metal feito pela mistura de bronze ou de cobre com uma
pequena parte de lata. Com esse metal, fazia-se sinos que, por
causa da lata, produzia um som muito oco. Veja que Paulo não está
dizendo, somente, se não tiver amor, serei como sino. Ele disse,
serei como um sino que ressoa. O significado da palavra ressoar é
produzir um som ecoante, constante e irritante. Então, dizer um sino
que ressoa seria o mesmo que falar um pedaço de metal que
produz um som ecoante, constante e irritante que continua fazendo
barulho sem parar. Os coríntios entenderam perfeitamente o que o
apóstolo Paulo disse ao escrever se não tiver amor, serei como sino
que ressoa, pois Corinto era uma cidade pagã, idólatra e o ressoar
do sino era uma parte de suas rotinas diárias nas celebrações
religiosas.
Paulo usou palavras dos rituais de idolatria, porque em Corinto
havia muitas pessoas religiosas que andavam pela cidade, o dia
inteiro, tocando esses sinos de metal, pois isso era uma expressão
de adoração aos deuses deles. O som desses sinos era constante e
muito irritante. Paulo disse que mesmo se tivéssemos todos os
dons, mas nos faltasse o amor altruísta, o amor Ágape de Deus,
seríamos pessoas ofensivamente irritantes. Os coríntios entenderam
claramente o que Paulo escreveu, porque na cidade de Corinto não
se podia escapar desse barulho. Em outras palavras Paulo dizia que
podemos até ser usados em todos os dons do Espírito; podemos até
ter uma poderosa unção em nossas vidas; podemos até ver
milagres fantásticos, mas, sem o tipo de amor Ágape de Deus,
somos nada mais que um som irritante.
A segunda frase que Paulo escreveu foi o prato que retine. O
significado em português da palavra grega usada por Paulo refere-
se a dois pratos batidos um contra o outro, produzindo juntos, um
barulho muito alto. Essa descrição nos permite compreender um
barulho constante, alto e agudo. Uma vez que entendemos o
significado dessa frase em português, compreendemos Paulo nos
seguintes termos: Não importa o quão espiritual pareçamos nem o
quão impressionante sejam os nossos dons, sem o amor Ágape de
Deus somos nada além de um barulho irritante.
No versículo 2 de I Coríntios 13, Paulo continuou dizendo,
Mesmo que eu possua o dom de profecia e conheça
todos os mistérios e toda ciência, e ainda tenha uma fé
capaz de mover as montanhas, se não tiver amor, nada
serei.
No versículo 3 está escrito,
Mesmo que eu dê aos necessitados tudo que possuo e
entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver
amor, todas essas ações não me trarão qualquer
benefício real.
Deus julga nossas vidas pelo modo como amamos. Caso não
andarmos no amor Ágape de Deus, tudo o que fazemos para
impressionar os homens, seja através de nossos dons ou de nossa
unção, seja através de nosso chamado ou de todas tantas grandes
coisas que fazemos, de nada servirá quando estivermos diante de
Jesus no dia do julgamento. Todas as nossas palavras serão
absolutamente nada se não aprendermos a amar. Paulo disse,
“todas essas ações não me trarão qualquer benefício real”.
Essa passagem tem me intrigado há muito tempo. O versículo 3
diz,
Mesmo que eu dê aos necessitados tudo que possuo e
entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver
amor, todas essas ações não me trarão qualquer
benefício real.
Noutra tradução, em vez da palavra necessitados, usou-se a
palavra pobres, o texto diz, E ainda que distribuísse todos os meus
bens para o sustento dos pobres,... Por causa desse texto,
frequentemente me pergunto, como não posso ter proveito algum,
mesmo se eu der todos os meus bens aos pobres? Imagine que
tenhamos uma casa e a vendamos; então, pegássemos todo o
dinheiro e o déssemos para os pobres. Ou, temos um carro, o
vendêssemos e déssemos todo dinheiro dessa venda aos pobres.
Imagine pegarmos toda nossa economia e distribuíssemos tudo
para os necessitados. Imagine se simplesmente abriríamos mão de
tudo o que pertence a nós e déssemos, centavo por centavo de
nossas posses, aos pobres. É certo que se fizéssemos isso, todo
mundo diria, Você viu o que essa pessoa acabou de fazer? Ela deu
tudo o que tinha para os pobres. Ela realmente amou os pobres;
mas é certo, também, que tudo isso pode ser feito sem amor. A
Bíblia diz que podemos dar tudo o que temos aos outros e, mesmo
assim, não ter amor. Como isso pode ser?
Segundo a Bíblia, não deveríamos julgar nada antes do tempo,
porque quando Jesus vier, Ele vai julgar tudo o que tivermos feito e
revelar os verda-deiros motivos de nossos corações. Todas as
nossas ações são guiadas por uma motivação. Deus não está muito
interessado em nossas ações, mas, sim, na razão pela qual
fazemos o que fazemos. Paulo disse que podemos dar aos outros
tudo o que temos e, ainda, fazer tudo isso sem amor. Não se
esqueça de que ao usarmos a palavra amor em português, nos
referimos à palavra grega Ágape, que se refere a um amor
completo, altruísta e que não espera nada em troca. Paulo disse
que podemos dar tudo o que temos com uma motivação diferente
da gerada pelo amor Ágape.
Ter as pessoas notando nossas boas ações e tecendo elogios
sobre o que fazemos poderia ser a motivação pela qual daríamos
aos pobres tudo o que temos, todavia, isso não é andar no amor
Ágape de Deus. É por isso que Jesus disse em Mateus 6:3: quando
deres uma esmola, não deixes tua mão esquerda saber o que faz a
direita. Jesus continuou dizendo, E teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará. O amor nem sempre é o motivo pelo qual damos.
Nós podemos dar para que os outros vejam o quão generosos nós
somos ou o quão bondosos parecemos ser.
Em meu espírito, estou sempre incomodado quando as pessoas
querem ser reconhecidas publicamente por causa de algum dinheiro
ofertado. Isso é típico daqueles que dão sem amor. Sempre que
damos sem amor, esperamos reconhecimento; mas se damos em
amor Ágape, de modo algum esperamos ser reconhecidos aqui na
terra. Como vimos, é muito possível dar sem amor e, nesse caso,
não teremos qualquer benefício real.
Continuando com a análise deste trecho da primeira carta de
Paulo aos Coríntios, percebemos que os capítulos 12 e 14 tratam,
especificamente, dos dons do Espírito, enquanto o capítulo 13,
aparentemente, traz um tema completamente diferente. Todavia,
lembrando de que a Bíblia não foi escrita em capítulos e versículos,
uma interrupção dessa ordem seria incoerência, mas a Bíblia não é
incoerente. A incoerência se dá em situações semelhantes aos
momentos em que, falando sobre certo assunto, saltamos para
outro completamente diferente em frações de segundos, sem
terminar nem um nem outro. Isso frequentemente acontece comigo
e, em momentos assim, minha esposa sempre diz. Por favor,
mantenha-se focado e volte para o planeta Terra. Não foi isso o que
aconteceu nesses capítulos de I Coríntios. É certo que toda
escritura é inspirada por Deus e, nessa inspiração, Paulo escreveu
sobre o amor justamente enquanto ensinava sobre os dons. Por que
ele fez assim?
Note que no capítulo 12, Paulo terminou seu ensino sobre os
dons com essa afirmação, E agora, passo a vos mostrar um
caminho ainda muito mais excelente. Nesse termos, ele introduz o
tema do amor Ágape e trata da importância de se viver o estilo de
vida nesse tipo de amor. Somente depois de fazer essa observação,
ele continou a falar sobre os dons espirituais no capítulo 14. Veja,
porém, a afirmação feita por Paulo no início do capítulo, Segui o
caminho do amor e exercei com zelo os dons espirituais. É
interessante observar que, antes de aconselhar o exercício dos
dons espirituais com zelo, Paulo ressaltou a importância de seguir,
primeiramente, o caminho do amor.
A palavra seguir, usada em português, vem de uma palavra grega
muito poderosa que significa, perseguir (ir em busca de) alguma
coisa com toda sua força e energia. Em outras palavras, Paulo
disse, use toda sua força e energia para viver em um estilo de vida
em amor Ágape. Sejamos atentos e não leiamos o que Paulo não
escreveu; não está escrito, eu quero que você ame seus irmãos
cristãos; tampouco, eu quero que você ame seus inimigos; mas o
que ele disse foi, segui o caminho do amor, que traduzido para o
português atual seria, eu quero que você use toda sua força, todo
seu esforço e toda sua energi a para certificar-se de que você vive o
estilo de vida em amor Ágape.
Há uma pergunta que me faço quase todos os dias e, creio, que
todos nós precisamos fazê-la também: Será que hoje estou
seguindo o estilo de vida em amor Ágape? Será que andar em amor
Ágape é a coisa mais importante para mim hoje? Confesso que nem
sempre consigo alcançar esse objetivo. Entretanto, em meu coração
há um profundo desejo em perseguir o amor Ágape com todas as
minhas forças. Portanto, acredito que a pergunta mais apropriada
para se fazer é, Quão desesperados estamos para vivermos o amor
Ágape hoje? Precisamos entender que naturalmente não nos é
possível compreender o que a Bíblia diz sobre o amor Ágape,
porque nossa consciência foi dessensibilizada espiritualmente.
Nós não somos chamados para amar de um modo natural, como
frequentemente as pessoas amam e acreditam ser a maneira devida
de se amar. A verdade é que somos chamados para amar com o
amor Ágape, ou seja, com o tipo de amor que Deus ama. Por isso,
nos é apropriado perguntar, Quão desesperadamente estamos para
viver o estilo de vida do amor Ágape?

O PERIGO DE NÃO ANDAR NO AMOR ÁGAPE DE DEUS


Em I Coríntios 11, o apóstolo Paulo escreveu sobre a Ceia do
Senhor. Ele fez uma afirmação muito forte ao dizer que muitos
cristãos estavam fracos, doentes e morriam por não estarem
andando em amor Ágape. No verso 17, Paulo diz que:
Apesar de tudo, não vos elogiarei quanto à instrução que
vos passo a dar agora, porquanto as vossas reuniões
produzem mal e não bem!
O problema foi que, na Igreja, eles não andavam em perfeito
amor. Paulo continuou, em I Coríntios 11:19, dizendo que:
Todavia, se faz necessário que haja divergências entre
vós, para que os aprovados se tornem conhecidos em
vosso meio.
Paulo explicou que, ao se reunirem para suas reuniões como
Igreja, os coríntios não andavam em amor uns para com os outros e
não discerniam o corpo do Senhor. O problema era que, durante a
Ceia, uns comiam demais porque tinham muito, enquanto outros
permaneciam famintos porque eram pobres. Os coríntios, apesar de
experimentarem o poder dos dons, desprezavam a Igreja de Deus
por não compartilharem, um com o outro, a comida e a bebida
durante a Ceia. A situação era tão caótica que Paulo chegou a lhes
perguntar se aqueles irmãos não tinham casas onde poderiam
comer antes de se encontrarem nas reuniões. Era fato o poder dos
dons sobre os coríntios, entretanto, também era verdade o desprezo
dessa Igreja quanto ao cuidar uns dos outros.
Gosto de celebrar a Santa Ceia e de expressar verbalmente
sobre a aliança que temos juntos no Senhor. Todavia, precisamos
entender que estar em aliança deve ir além das expressões verbais
e alcançar o amor altruísta uns aos outros. Paulo disse que os
coríntios desprezaram a Igreja e, ainda, continuou sua exortação em
I Coríntios 11:27-30, dizendo:
Por esse motivo, quem comer do pão ou beber do cálice
do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o
corpo e o sangue do Senhor. Examine, pois, cada
homem a si próprio, e dessa maneira coma do pão e
beba do cálice. Pois quem come e bebe sem ter
consciência do corpo do Senhor, come e bebe para sua
própria condenação. Por essa razão, há entre vós muitos
fracos e doentes e vários que dormem.
Paulo disse, claramente, que comemos e bebemos para nossa
própria condenação quando não temos consciência8 do corpo do
Senhor. Quem é o corpo do Senhor? Jesus é a cabeça da Igreja que
é o Seu corpo. Não podemos restringir nossa compreensão de
Igreja ao que chamamos de Igreja local somente; é certo que ela faz
parte do corpo, mas precisamos nos lembrar de que todo indivíduo
nascido de novo é, também, parte do corpo de Cristo. Através de
Jesus, estamos em aliança com todos cristãos e devemos andar em
amor Ágape para com todo irmão e irmã, independente se gostamos
deles ou não, se são nossos amigos ou não, pois Deus nos ordenou
que andássemos no tipo de amor que Ele ama. Não viver desse
modo pode trazer risco à nossa boa saúde ou, ainda, nos causar
morte prematura.
É muito interessante observar que a Bíblia estabelece uma
ligação direta entre doença e pecado. Tiago 5:16 diz,
Portanto, confessai vossos pecados uns aos outros e orai
uns pelos outros para serdes curados.
As epístolas do Novo Testamento ensinam muito pouco sobre
cura divina, mas tanto Tiago 5 quanto I Coríntios 11 falam sobre
essa relação existente entre a enfermidade e o pecado.
Se estivermos doentes, a atitude correta não seria a tentativa
desenfreada de vasculhar por pecados em nossas vidas. O que
deve ser feito, nesse caso, é crer-mos que Deus nos dará a cura.
No entanto, se a cura não se manifestar, devemos pedir ao Espírito
Santo que nos sonde e nos revele que área de nossas vidas não
estamos andando em amor Ágape, amando e perdoando a todos os
homens.
8 quando não discernimos o corpo do Senhor.
4
O
Amar é o maior de todos os mandamentos. Em Mateus 22:35, um
homem veio a Jesus e o perguntou qual era o maior de todos os
mandamentos. Jesus respondeu,
Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de
toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o
grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante
a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os
Profetas.
No versículo 40, Jesus disse, A estes dois mandamentos estão
sujeitos toda a lei e os profetas. Se andamos no amor Ágape,
cumprimos toda a Lei. Paulo repete isso em Romanos 13:8 ao dizer:
A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o
amor fraterno, com que deveis vos amar uns aos outros,
pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a Lei.
Se quisermos cumprir toda lei de Deus, a única coisa que
precisamos fazer é andar em amor Ágape. O apóstolo Paulo
continua dizendo,
Porquanto os mandamentos: Não adulterarás, não
matarás, não furtarás, não cobiçarás, bem como
qualquer outro preceito, todos se resumem neste
mandamento: Amarás o teu próximo com a ti mesmo. O
amor não faz o mal contra o próximo. Portanto, o amor é
o cumprimento da Lei.
As pessoas discutem entre si se deveríamos viver pelos 10
mandamentos ou não. Muitas vezes, quando estou pregando em um
culto e pergunto à Igreja se ainda precisamos obedecer aos 10
mandamentos, encontro pessoas que respondem sim. Então,
quando digo que não vivo pelos 10 mandamentos, normalmente as
deixo chocadas. Para provocar-lhes o pensamento, geralmente,
gosto de perguntar em seguida, Qual é o quarto mandamento? Via
de regra, as pessoas não sabem responder a essa pergunta. Daí,
volto a perguntar, Como vocês podem obedecer a um mandamento
que vocês nem sabem qual é?
Recentemente, preguei em uma pequena Igreja nos Estados
Unidos. Ao fazer essa pergunta, intriguei a muitos. Um homem,
posteriormente, me procurou em particular e insistiu que deveríamos
seguir os 10 mandamentos. Ele também não pôde me dizer qual era
o quarto mandamento. Eu disse a ele que não vivia pelos 10
mandamentos. Então, ele disse à minha esposa que se eu não vivia
pelos 10 mandamentos, certamente, eu cometia adultério. Minha
esposa falou para ele, Não, ele não vive pelos 10 mandamentos e
não comete adultério, porque ele, simplesmente, me ama. Isso é
fato em minha vida: eu não vivo pelos 10 mandamentos. Tento viver
por um único mandamento, o mandamento do amor, porque esse
cumpre toda a Lei. Se amo de modo altruísta, ninguém precisa me
dizer que não posso cometer adultério.
Se vivemos a lei do amor Ágape, de modo algum iremos fazer
mal para o nosso próximo, e é isso que nos garante a Bíblia. Caso
façamos qualquer tipo de mal a alguém, naquele momento, não
teremos andado em amor Ágape. Independente do que façamos,
precisamos nos perguntar, Isso irá causar mal a alguém? Se causar,
não façamos aquilo que havíamos proposto em nosso coração, pois
se fizermos, não estaremos andado em amor Ágape. Paulo disse a
mesma coisa em Gálatas 5:14,
Pois toda a Lei se resume num só mandamento, a saber:
Amarás o teu próximo com a ti mesmo.
Muitas pessoas falam sobre o quanto elas amam a Deus, mas
elas não andam em amor por outras pessoas. A verdade é que
muitos procuram guardar o primeiro mandamento, mas desprezam o
segundo; valorizam um mais que o outro. Todavia, Jesus nos mostra
que o segundo mandamento é tão importante quanto o primeiro.
Isso significa que amar o próximo é tão importante quanto amar a
Deus. Em João 13:34, Jesus disse,
Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros assim como Eu vos amei; que dessa maneira
tenhais amor uns para com os outros.
Veja nesse versículo que Jesus não somente fala do amar o
próximo, mas, também, propõe o modo como deve ser esse amor.
Para isso, Ele disse que dava aos seus discípulos um novo
mandamento. Qual era esse novo mandamento? Observe que o
novo mandamento não se restringiu ao amar um ao outro, mas foi
ampliado para como esse amor deve ser expresso. O novo
mandamento dado por Jesus era que amassem um ao outro do
mesmo modo que Jesus os amava, ou seja, através do amor Ágape
de Deus.

CRISTÃOS OU DISCÍPULOS?
Como Jesus nos amou? Jesus somente nos disse que nos amava
ou Ele demonstrou seu amor para conosco através de suas ações?
Jesus provou para nós o quanto Ele nos amou ao morrer uma morte
de cruz brutal e dolorida. Isso nos salvou da morte eterna. E Jesus
nos ordenou a amar um ao outro do mesmo modo que Ele nos
amou. No versículo de João 13:35, Jesus continuou dizendo,
Através deste testemunho todos reconhecerão que sois
meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros.
Essa é a mensagem para evangelizarmos o perdido! Ela é a boa
mensagem para falar de Jesus para os nossos amigos e tentar
alcançar o perdido. As pessoas têm que ouvir o Evangelho, não há
dúvida sobre isso. Mas as pessoas também precisam saber que
somos discípulos de Cristo. Mas, como as pessoas irão saber isso
de nós? Como saberão se somos verdadeiros discípulos de Cristo?
Eles não irão saber através do que nós falamos para eles, mas eles
nos reconhecerão como discípulos pelo modo como amamos uns
aos outros. Assim, se verdadeiramente andarmos no amor Ágape
uns para com os outros, todos saberão que somos discípulos de
Jesus Cristo.
Jesus não disse, Por isso todos reconhecerão que sois cristãos.
Mas Ele disse, Por isso todos reconhecerão que sois meus
discípulos. Há uma diferença entre ser cristão e ser discípulo. Os
discípulos se sentam aos pés de seu Mestre, aprendem com Ele e
fazem o que Ele diz para fazerem. O termo discípulos era muito
comum nos tempos do Novo Testamento. Esse termo não era
aplicado para um relacionamento que houvesse mútuo aprendizado.
O mestre ensinava, e os discípulos aprendiam e obedeciam. O
ensino era unilateral. O verdadeiro discípulo não discutia nem
debatia com o seu mestre. Ele ouvia, aprendia e obedecia.
Se somos verdadeiros discípulos de Jesus, precisamos aprender
com Ele como andar no amor Ágape de Deus. Se vivermos assim,
todos homens saberão que verdadeiramente somos seus discípulos.
Se não amamos uns aos outros do mesmo modo como Jesus nos
amou, a ponto desejarmos morrer de modo altruísta pelo próximo,
podemos até ser cristãos, mas em hipótese alguma seremos
discípulos de Jesus. Os discípulos seguem o caminho de seu
Mestre.
O apóstolo Paulo advertiu severamente a Igreja em Corinto. Em I
Coríntios 6:1-9, Paulo diz,
Atreve-se alguém entre vós, quando há litígio de um
contra o outro, levar o caso para ser julgado por pessoas
pagãs e não pelos próprios santos? Ou desconheceis
que os santos julgaram todo mundo? E, se o mundo será
julgado por vós, como sois incompetentes para julgar
assuntos de tão menor importância? E mais, não sabeis
vós que iremos julgar inclusive os anjos? Quanto mais as
demandas triviais dessa vida! Será que, quando surgem
questões dessa vida para serem julgadas, constituís
como juizes as pessoas menos respeitáveis da Igreja? É
para vossa vergonha que me expresso dessa forma. Não
há, porventura, nem aos menos um sábio entre vós, que
possa julgar uma contenda entre irmãos? Contudo, ao
invés disso, um irmão recorre ao tribunal contra outro
irmão e apresenta tudo isso diante de incrédulos? Só o
fato de haver entre vós processos judiciais uns contra os
outros revela que já estais derrotados. Em vez disso,
porque não deis preferência a sofrerem a injustiça?
Porque não arqueis com o prejuízo? Entretanto, sois vós
mesmos que praticais a injustiça e cometeis fraudes, e
tudo isso contra os seus próprios irmãos! Não sabeis que
os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem
adúlteros, nem os que se entregam a práticas
homossexuais de qualquer espécie [...]
O que o apóstolo Paulo disse aqui? Ele disse que como cristãos
eles haviam tido um desentendimento. Não somos informados sobre
qual foi esse desentendimento ou problema, mas, independente do
que tenha acontecido, o fato é que eles levaram um ao outro à
justiça. Paulo disse que a Igreja deveria ter julgado esse problema,
resolvendo-o; mas não deveriam tê-lo levado à decisão do ímpio
juiz. Veja a indignação de Paulo pela afirmação que fez no versículo
7,
Só o fato de haver entre vós processo judiciais uns
contra os outros revela que já estais derrotados. Em vez
disso, por que não deis preferência a sofrerem a
injustiça? Por que não arqueis com o prejuízo?
Paulo disse que processar um irmão é uma extrema derrota. Veja
o que ele continuou dizendo, Por que não deis preferência a
sofrerem a injustiça? Por que não arqueis com o prejuízo?. Segundo
Paulo, é melhor sofrer o dano a processar o irmão. Por que ele
disse isso? Por que ele disse que é melhor sofrer o dano a lutar pelo
nosso direito? Será que não temos o direito de lutar pelos nossos
direitos?
Em I Coríntios 13 Paulo diz, Sem amor somos nada. Não importa
o que temos alcançado aos olhos do mundo ou aos olhos da Igreja,
se não andamos em amor Ágape, ou seja, em perfeito amor, não
somos nada. Nós até podemos ser famosos aos olhos do mundo ou
aos olhos da Igreja, mas se não andamos em perfeito amor, nada de
nossa fama será contada diante de Deus.
Por que Paulo disse que devemos preferir sofrer o dano a
processar o irmão? Justamente por aquilo que ele escreve sobre o
amor em I Coríntios 13; está escrito, O amor tudo sofre e tudo
suporta. Ele disse que o amor perfeito suporta todas as coisas, até
mesmo levar prejuízos. Se andamos nesse amor perfeito, andamos
no mais sublime chamado de Deus.
Não podemos nos esquecer de que sempre colheremos o que
plantamos. Tiago 2:13 diz,
Pois será exercido um juízo sem misericórdia sobre
quem também não usou de compaixão. A graça triunfa
sobre o juízo!
Estou totalmente atento quanto ao fato de sempre precisar da
misericórdia de Deus. Sem a misericórdia de Deus, não tenho
nenhuma esperança e nenhum futuro. A misericórdia de Deus
triunfa sobre o julgamento que eu merecia. Tiago diz aos cristãos
que o julgamento é sem misericórdia para aqueles que não têm
misericórdia. E por eu estar numa constante necessidade
desesperadora da misericórdia de Deus, sempre serei
misericordioso com os outros. Eu decidi perdoar e perdoarei a todos
os que me maltratarem imediatamente após ser maltratado. Não
importa o que fazem ou quando fazem contra mim, eu perdôo todos
instantaneamente. Já assinei um cheque em branco de perdão. O
amor nunca falha.

O AMOR NUNCA FALHA


Quando estava na escola bíblica em 1982, tive um professor que
havia sido amigo pessoal de Smith Wigglesworth. Smith
Wigglesworth foi um dos mais poderosos evangelistas de seu
tempo. Ele ressuscitou pessoas da morte. Ele era chamado de
Apóstolo da Fé por tão ungido que era. Aconteceu, certo dia, que o
povo de São Francisco ouviu que ele estava na cidade e, por lá
estar, andaria por suas ruas. Então, aquele povo colocou seus
doentes nas calçadas e, por onde ele passou, todos foram curados.
Às vezes, ele entrava em uma sala cheia de ímpios e, mesmo sem
dizer uma palavra, pecadores se arrependiam de seus pecados e
eram salvos.
Mas como Wigglesworth foi salvo? Ele era um encanador, um
homem muito rude e com um temperamento forte. A esposa dele
era cristã e ele havia proibido que ela fosse às reuniões da Igreja.
Todavia, ela permaneceu firme com o Senhor e não deixou de
atender às reuniões, mesmo com o posicionamento do esposo. Uma
noite, ao voltar para casa, depois de uma reunião, ela percebeu que
ele a havia trancado fora de casa. Era uma noite de inverno e
estava frio. Ela bateu à porta e pediu que ele a abrisse, mas Smith
Wigglesworth recusou-se e não deixou que ela entrasse em casa.
Ela não retrucou, não debateu e, simplesmente, sentou-se no chão
frio, do lado de fora e, ali, passou a noite. Pela manhã, quando ele
abriu a porta, sua esposa entrou em casa sorrindo e o
cumprimentou com amor. Ela foi para a cozinha e preparou o café
da manhã que ele mais gostava. Ele foi tão tocado por esse gesto
de amor que rendeu sua vida a Jesus, o Salvador de sua esposa. O
amor nunca falha.
Se entendêssemos a verdade posta em I Coríntios 13, de que o
amor nunca falha, faríamos de tudo o que pudéssemos fazer para
alcançarmos esse amor do tipo de Deus. Quando aprendermos a
andar nesse tipo de amor, descobriremos que o amor sempre triunfa
e nunca pode falhar.
Deixe-me contar uma história que aconteceu comigo enquanto
escrevia este livro. Minha esposa e eu alugamos um apartamento
em Goiânia, interior do Brasil. O aluguel desse apartamento inclui
duas vagas de estacionamento. Quando nos mudamos, uma dessas
vagas era ocupada por outro morador do prédio. Como não a
iríamos utilizar, fui informado que poderia alugar essa vaga por R$
100,00. Era um preço justo e racional. Conversei com as pessoas
que já usavam essa vaga e eles concordaram com o preço.
No primeiro mês, eles me pagaram conforme havíamos acordado.
No segundo mês, me deram somente R$ 80,00. No terceiro mês,
pagaram R$ 70,00.
No mês seguinte, a senhora que alugava a minha vaga de
estacionamento veio ao meu apartamento para me pagar. Ela me
entregou o dinheiro e, ao contá-lo, vi que a quantia estava reduzida,
outra vez. Desta vez havia me pagado R$ 60,00 e, por isso, resolvi
perguntar àquela senhora que me pagava o aluguel da vaga a razão
pela qual eles me davam menos a cada mês. Aquela senhora ficou
enfurecida e começou a gritar comigo, à porta de meu apartamento.
Ela me disse que não era justo eu cobrar tanto dinheiro pela vaga.
Ela continuou gritando comigo como se me ameaçasse. Fiquei
muito confuso. Assim que ela saiu de meu apartamento, fui
imediatamente para meu quarto e orei por ela. Depois de orar,
pensei, Qual é a coisa certa a se fazer? O que Jesus nos ensinou a
fazer em situações assim? Jesus disse que deveríamos amar
nossos inimigos, fazer boas coisas àqueles que nos odeiam e,
impiedosamente, nos usa.
Decidi obedecer às palavras de Jesus e andar em perfeito amor.
Escrevi a eles uma carta, lhes dizendo o quanto eu os amava e
como gostaria de mostrar o meu amor por eles. Coloquei os R$
60,00 do último mês de volta ao envelope e lhes expliquei o quanto
queria que eles fossem abençoados, por isso lhes devolveria o valor
pago. Eu ainda lhes disse na carta que, a partir daquele dia, eles
poderiam usar o espaço do estacionamento de graça. Fiz tudo
assim, pois decidi não viver na carne, mas em perfeito amor. Um
amigo traduziu a carta do inglês para o português e eu a imprimi.
Coloquei-a no envelope com os R$ 60,00 do aluguel e, antes de
chegar à porta para ir ao apartamento deles, minha campanhia
tocou. Era o esposo daquela mulher. Eu pedi que ele entrasse e,
antes de lhe dizer qualquer coisa, aquele homem, que não era um
cristão, pediu-me um favor. Ele pediu que eu perdoasse sua esposa.
Eu disse que já a havia perdoado totalmente. Depois conversamos
um pouco, ele me disse que queria pagar os R$ 100,00 todos os
meses, como havia se comprometido a fazer.
Amar verdadeiramente nunca falha. Porque tomei a decisão de
andar no perfeito amor Ágape de Deus, o Espírito Santo tocou o
coração daquele homem. Ao deixar meu apartamento, ele me
abraçou e me disse o quão feliz estava por ter um espaço de
estacionamento por R$ 100,00 mensais. Depois desse fato, ele até
me convidou para dirigir a Harley Davidson de sua esposa, que é
uma das duas motos que usam minha vaga de estacionamento.
5
N D
Quando Jesus disse, Devemos amar nosso próximo como a nós
mesmos, alguém o perguntou, “quem é meu próximo?” Jesus
respondeu essa pergunta através de uma parábola, escrita em
Lucas 10:30. Ali, lemos a história do Bom Samaritano e, nela, Jesus
deixou muito claro que o nosso próximo não são somente aqueles a
quem amamos, mas, também, nossos inimigos. A parábola conta a
história de um homem que ficou muito ferido após ser surpreendido
por ladrões. Caído na rua, precisava de ajuda para se restabelecer.
O primeiro que passou próximo desse homem foi um sacerdote
que não lhe ofereceu ajuda. O segundo foi um levita que, também,
ignorou o ferido. O terceiro foi um samaritano que não somente
parou, mas, ainda, socorreu o homem que sofria no chão. Vale
salientar que os judeus e os samaritanos eram inimigos um do outro
e, por isso, não estabeleciam nenhuma relação entre eles. O mais
coerente dessa história é que o homem machucado, certamente um
judeu, seria socorrido pelo sacerdote ou pelo levita, por serem da
mesma nacionalidade.
Todavia, o que Jesus nos conta é que o inimigo foi quem parou
para socorrer o homem ferido. Veja que Jesus falou,
especificamente, um samaritano chegou. Interessante observar que
Jesus usou essa parábola como uma resposta à pergunta sobre
quem era o próximo que deveríamos amar. Com essa parábola,
Jesus nos ensinou que não devemos amar somente as pessoas que
eu gosto ou não somente as pessoas que vão à mesma Igreja que
eu; Ele nos ensinou que não devemos amar somente as pessoas
que são boas para mim ou as que me amam grandemente; com a
parábola do samaritano Jesus nos ensinou que devemos amar
todas as pessoas, mesmo aquelas que não gostamos. Somos
chamados para amar exatamente do modo como o samaritano
amou o judeu que havia apanhado dos ladrões. Ele,
sacrificialmente, amou aquele homem que era seu inimigo.
Precisamos nos certificar de que nossa caminhada em amor
Ágape não seja feita por demonstrações de um amor parcial. Não
devemos mostrar partidarismo quanto ao nosso amor ao próximo;
vale ler o que a Bíblia nos diz sobre isso em Tiago 2:1,
Caros irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor
Jesus Cristo, não façais acepção de pessoas, tratando-
as com preconceito ou parcialidade.
O verso 8 continua dizendo,
Se vós, entretanto, observais a lei do reino, como está
registrado na escritura e que ordena: “amarás o teu
próximo como a ti mesmo”, então, estaremos agindo
corretamente.
A Bíblia nos ensina que devemos amar todos os homens
altruisticamente. A Igreja precisa crescer para caminhar em um novo
nível de amor. Na Igreja primitiva, muitos cristãos foram
martirizados. Muitas vezes, ao caminharem para a morte, cantavam
hinos, oravam e abençoavam os inimigos que iriam matá-los. O
primeiro mártir, Estevão, deixou a sua vida com as palavras que
Jesus havia dito antes de morrer, Senhor, não lhes impute este
pecado. (Atos 7:60) Um dos mártires, ao ser levado à fornalha para
ser queimado, recebia críticas de seu perseguidor que dizia, O que
o seu Deus pode fazer por você agora? Nesse mesmo amor Ágape,
ele respondeu, Ele me dá forças para amar e perdoar você.
Uma das coisas que me preocupam em minhas viagens aos
vários países e às várias Igrejas que visito é o quanto os cristãos
preferem lutar por seus direitos a andar em perfeito amor Ágape.
Deixe-me mostrar algumas das escrituras que impactaram minha
vida fortemente, sempre que medito nelas nesses últimos anos.
Essas são as próprias palavras de Jesus em Mateus 5:44, Eu,
porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem. Aqui Jesus ordena aos seus discípulos amarem seus
inimigos. Quando a Bíblia fala de amor nessa passagem, ela fala
sobre o amor Ágape, o tipo de amor de Deus, o tipo que dá sem
desejar nada em troca.
Em Mateus 5:39 e 40 Jesus disse,
Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas se
alguém te ofender com um tapa na face direita, volta-lhe
também a outra. E se alguém quiser processar-te e tirar-
te a túnica, deixe que leve também a capa.
À luz dessas escrituras, pergunte-se, O que faço quando as
pessoas tentam tirar vantagem de mim? Jesus está falando aqui
sobre inimigos e pessoas que maldosamente nos usam. Nesta
semana, um pastor falou para mim, Eu não gosto de me sentir como
se estivesse sendo usado. Eu compreendo que este não é um
sentimento agradável. Mas, todavia, Jesus claramente disse que
deveríamos amar aqueles que maldosamente nos usam. Se
verdadeiramente compreendemos que amor nunca falha, iremos
compreender que esse é o único jeito de vencer nossos inimigos. O
ódio nunca pode ser vencido pelo ódio; o ódio só pode ser vencido
pelo amor.
Recentemente, um pastor egípcio nos contou histórias de que em
seu país os mulçumanos queimaram muitos prédios de Igrejas
cristãs. Os cristãos, ao verem os prédios queimados, colocaram
uma placa em cada um deles, e nelas se lia, Nós os perdoamos
porque os amamos. Encurtando a história, centenas de milhares de
mulçumanos foram salvos, porque o amor nunca falha.

SERÁ QUE TODAS AS COISAS COOPERAM PARA O NOSSO


BEM?
Romanos 8:28 é frequentemente citado por pessoas que
atravessam momentos difíceis. Frequentemente dizem, Todas as
coisas cooperam para o meu bem, mas, na verdade, esta escritura
diz, Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus e que foram chamados segundo o seu propósito. A Bíblia não
diz simplesmente que todas as coisas cooperam para o nosso bem.
Ela coloca duas condições aqui. A primeira condição é ser chamado
de acordo com o propósito de Deus. Se somos cristãos,
obviamente, somos chamados de acordo com o propósito dEle. Mas
a outra condição posta aqui é amar a Deus. Como sabemos, a
palavra grega para amor é a palavra Ágape, que é o tipo de amor
altruísta de Deus. Se desejamos que todas as coisas cooperem
para o nosso bem, temos que cumprir ambas as condições.
Todavia, amar a Deus implica em amar o próximo, porque a Bíblia
diz que não podemos amar a Deus se não amarmos o nosso irmão
(I João 4:20). Se quisermos que todas as coisas cooperem para o
bem de nossa vida, então, temos que nos esforçar para aprender a
andar em perfeito amor.
Creio que a principal razão de muitos cristãos viverem em derrota
e de as coisas nunca cooperarem para o bem deles é o fato de não
andarem em amor. Se andamos em amor, Deus cumprirá suas
promessas para nós, pois todas as coisas cooperam para o nosso
bem. Até mesmo as coisas mais terríveis trabalham para o nosso
bem, porque a Bíblia diz, Todas as coisas cooperam para o meu
bem. Todos sabemos que a vida, por si mesma, traz muitos desafios
e dificuldades. Isso é algo natural. Essas coisas podem ser ruins,
mas podem cooperar para nosso bem. Se desejamos que todas as
dificuldades e problemas trabalhem para nosso bem, temos que
caminhar em perfeito amor para com todas as pessoas e para com
Deus.
Muitos cristãos também não compreendem promessas
condicionais. Se eu disser que vou doar mil reais para cada
brasileiro que vier ao meu apartamento, está claro que nessa
promessa há duas condições imprescindíveis para alguém receber
os mil reais. A primeira condição é que essa pessoa seja um
brasileiro. A segunda condição é que esse brasileiro venha até o
meu apartamento. Isso significa que o fato único de alguém ser
brasileiro não garante à pessoa o direito de receber os mil reais de
mim. Ser brasileiro atende a uma das duas condições estabelecidas.
Para receber os mil reais, a pessoa, além de ser brasileira, precisa
vir ao meu apartamento.
A minha promessa está intimamente ligada às duas condições
previamente postas por mim: 1) Todo brasileiro; 2) Que vier ao meu
apartamento. O que acontece na maioria das vezes é que muitos
acreditam que o cumprimento de uma condição isenta a outra, ou
seja, há muitos que acreditam que o simples fato de serem
brasileiros lhes darão o direito aos R$ 1000,00, o que não é
verdade. Se tal brasileiro não for ao meu apartamento, ele
continuará sem receber os R$ 1000,00.
Há muitas promessas bíblicas que são condicionais. Elas,
portanto, exigem que cumpramos as condições para podermos
recebê-las. Todavia, muitos pensam que o cumprimento de parte
das condições é o suficiente para alcançarem tais promessas para
suas vidas. Mas, como não atentem a todas as condições postas
pela promessa, acabam por não alcançá-la e, por isso, muitos caem
na dúvida e no questionamento da eficiência das escrituras em suas
vidas.
É bom deixarmos claro que Bíblia não funciona para aqueles que
a conhecem, mas para aqueles que a obedecem. As promessas de
Deus não são uma garantia, mas um oferecimento para nós
clamarmos por elas. Assim como não é todo brasileiro que recebe
os mil reais, mas apenas os brasileiros que vierem ao meu
apartamento, do mesmo modo, nem todas as coisas cooperam para
o bem na vida de todo cristão, mas somente para aqueles que
cumprem ambas as condições. Então, se não andarmos em amor,
mesmo que sejamos chamados de acordo com seu propósito, as
coisas não vão cooperar para o seu bem.
Mas, de outro modo, se formos cristãos andando em perfeito
amor para com Deus e para com o próximo, temos a garantia da
Palavra de Deus de que todas as coisas devem cooperar para o
nosso bem. Essa verdade é suficiente para andarmos em amor
Ágape. Jesus disse, Se vós me amais, obedecereis aos meus
mandamentos. ( João 14:15) O novo mandamento que Ele nos deu
é andar em amor. Não é uma escolha inteligente não andar em
amor. A vida por si já traz problemas o bastante. Se formos
espertos, nos certificaremos de que todas as dificuldades, todos os
problemas e todos os momentos difíceis de nossa vida trabalharão
para o nosso bem. Todavia, se formos tolos, escolheremos não
andar em perfeito amor, mas optaremos por viver a vida contra nós
mesmos.
6
A
Em Mateus 5:44, Jesus disse, Eu, porém, vos digo: Amai os
vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.Vamos olhar para
esse versículo atenciosamente. Essas palavras não são apenas
uma boa ideia de algum homem; elas são palavras de Jesus Cristo.
Jesus começou esse parágrafo dizendo, Eu, porém, vos digo:, esse
modo de começar uma fala nos mostra que as palavras ditas logo
em seguida são instruções próprias e diretas do Senhor para nós.
Quando Ele disse para amarmos nossos inimigos, Ele não quis dizer
que deveríamos amá-los com o tipo de amor humano, tampouco
disse que esse amor seria proveniente de um sentimento que
teríamos. O que Ele disse com essas palavras foi que devemos
amar nossos inimigos com o amor perfeito e incondicional, do
mesmo modo que Ele amou aqueles que não mereciam ser
amados; Jesus os amou sem expectativa alguma de ser
correspondido; veja o que Ele continuou dizendo, Abençoai os que
vos amaldiçoam.
Frequentemente, somos muito religiosos no modo como dizemos
as coisas. Ouço as pessoas dizerem, muitas vezes, Deus te
abençoe!, mesmo quando alguém lhes faz alguma coisa ruim. Mas
quando a Bíblia fala sobre abençoar, ela não se restringe apenas ao
fato de dizer boas palavras como Deus te abençoe! Abençoar, nos
termos bíblicos, inclui tanto falar coisas boas sobre a vida de alguém
quanto fazer boas coisas para esse alguém.
Quando Deus abençoa nossas vidas, Ele não apenas nos diz
coisas boas, mas Ele nos faz coisas boas. A bênção de Deus é uma
ação mensurável, como Jesus continua dizendo, em Mateus 5:45,
no contexto de amar os nossos inimigos,
Para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos
céus, pois Ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e
derrama chuva sobre justos e injustos.
Esta é uma ação, não apenas meras palavras; e nós devemos
agir da mesma maneira. Quando Jesus diz para abençoarmos
nossos inimigos, Ele não apenas diz que devemos fazer uma oração
religiosa para eles como, Deus te abençoe. Mas, pelo contrário,
deveríamos mostrar nossas bênçãos com nossas ações. Quando as
pessoas nos amaldiçoarem, não devemos apenas dizer, Ó, Deus,
por favor, os abençoe. Precisamos orar, especificamente, para que
coisas boas venham sobre suas vidas, e para Deus fazer coisas
boas e específicas para eles. Tenho aprendido a abençoar pessoas
com ações quando elas me amaldiçoam. Recentemente, um homem
me fez muito mal. Decidi, então, obedecer a essa escritura e escrevi
uma carta para ele dizendo que o amava e que orava para Deus
prosperar a sua vida. Ao postar essa carta, acrescentei-lhe um
cheque de R$1.200,00.
Jesus, posteriormente, nos instruiu, Orai por aqueles que vos
perseguem. A razão pela qual Jesus nos disse para agir assim é
pelo fato de o nosso caráter ser mais importante para Deus que as
boas coisas que nós temos em nossas vidas. Se mostrarmos esse
tipo de amor para as pessoas que são contra nós, mostraremos o
coração e o caráter de Deus. No verso 45, Jesus conclui, ande
nesse tipo de amor para que vos torneis filhos de vosso Pai que
está nos céus, pois que ele faz raiar o seu sol sobre os maus e bons
e derrama chuva sobre justos e injustos. Deus quer que mostremos
sua própria natureza ao mundo que nos rodeia. Deus quer que o
mundo veja através de nossas vidas que somos, de fato, filhos dEle.
E verdadeiros filhos mostram a natureza de seu pai. Deus nos amou
quando ainda éramos pecadores, ou seja, quando éramos contra
Ele. Ele quer que nós mostremos o mesmo caráter e coração que
Ele mostrou para com todas as pessoas.
Quando amamos ao máximo, especialmente a todos os que são
contra nós, os que nos odeiam e os que nos usam,
verdadeiramente, mostramos a natureza de nosso Pai que está no
céu. Às vezes, temos a ideia de que Deus ama aquelas pessoas
que merecem o amor dEle. Por causa desse entendimento errado,
muitos cristãos nunca têm a certeza de que são amados por Deus,
porque nunca sentem que merecem o amor dEle. São pessoas que
constantemente tentam fazer boas obras para receberem o amor do
Pai. Isso se torna um ciclo vicioso, porque todas as vezes que
falhamos, sentimos e cremos que, por causa de nossa falha, Deus
deixou de nos amar. Se nós temos essa atitude, também amaremos
somente as pessoas que julgamos merecem o nosso amor. Mas
Jesus nos advertiu para não sermos assim.
Recentemente, ao pregar em uma Igreja, senti que a unção e a
presença de Deus estavam muito fortes. As pessoas me diziam, Ó,
pastor Reinhard, eu te amo. Eu te amo tanto! Depois de dois dias
ministrando naquela Igreja, falei de púlpito; vocês continuam
dizendo a mim que me amam, e eu aprecio isso, mas vocês não
terão recompensa por isso. Porque Jesus disse em Mateus 5:46:
Porque se amardes os que vos amam, que recompensa
tendes? Não fazem os publicanos igualmente assim?
Se quisermos receber recompensa de nosso Pai que está no céu,
precisamos amar como Ele manda. Ele amou aqueles que não
mereciam o seu amor.
Há alguns anos morri, fui para o céu e, quando estava lá, Jesus
olhou dentro dos meus olhos; seu profundo amor por mim foi
completamente irresistível. Nessa experiência celestial, Cristo
deixou claro para mim que Ele ama cada pecador, independente de
quão maldosos eles sejam ou quão afundados estejam em seus
pecados; Ele os ama tão apaixonadamente quanto Ele nos ama. Ele
deseja que todos os homens sejam salvos e passem a eternidade
com Ele. Mas se acreditamos que Deus somente ama aqueles que
merecem seu amor, então, amaremos somente aqueles a quem
sentimos ou julgamos merecer o nosso amor, e não mostraremos,
assim, a verdadeira natureza do amor Ágape. No versículo 48,
Jesus continua dizendo, Assim sendo, seja vós perfeitos como
perfeito é o vosso Pai que está nos céus. O contexto desse
versículo não trata do viver a vida em perfeição e sem pecado, mas
fala sobre amar todas as pessoas, especialmente nossos inimigos,
porque Deus, em sua perfeição, ama todas as pessoas. Jesus disse
que deveríamos fazer de tudo para aprendermos a andar no perfeito
amor de Deus. Quando fizermos isso, refletiremos o perfeito caráter
do Pai. Se aprendermos a viver deste modo, não apenas nossa vida
na terra será muito melhor, mas colheremos uma grande e eterna
recompensa. Porque Jesus disse, em outras palavras, que se
amarmos aqueles que são contra nós, teremos recompensa do
nosso Pai que está no céu. Nós temos que mudar nossa mente para
não vivermos por uma recompensa terrena, mas por uma
recompensa eterna. Se nós somente amamos aqueles que nos
amam, nossa recompensa será o amor que receberemos das
pessoas, mas não iremos receber nenhuma recompensa eterna.
Nossa natureza humana sempre deseja amar aqueles que nos
amam, mas a natureza de Deus em nós irá amar todas as pessoas
que não são amáveis e que não merecem o nosso amor.
Recentemente, ouvi duas histórias sobre o amor Ágape. Ambas
as histórias aconteceram na Índia. Na primeira história, um homem
se converteu ao cristianismo e, por ter se tornado cristão, foi
perseguido pelo seu próprio povo. Esse homem era fazendeiro e os
hindus queimaram todas as suas plantações, que eram o seu
sustento. Alguns cristãos se mobilizaram, coletaram dinheiro e
ofertaram para esse homem a quantia arrecadada. Ainda, disseram-
lhe que tinham dinheiro suficiente para contratarem um advogado e
processarem as pessoas que lhe haviam feito mal, podendo, assim,
reaver os seus direitos legais. Esse homem, porém, respondeu, eu
me converti do hinduísmo para o cristianismo; agora, tenho
aprendido de Cristo a amar meus inimigos e os perdoar. Perdoei os
meus inimigos, como posso processá-los agora e lutar pelos meus
direitos? Foi então que ele devolveu o dinheiro àqueles cristãos.
Hoje, vemos muito ódio entre cristãos e muçulmanos em tantas
nações deste mundo. Eles continuam retaliando, em vez de amar e
perdoar um ao outro, dando continuidade ao ciclo de violência. São
os cristãos que têm o poder de quebrar esse ciclo vicioso de
violência, e isso acontecerá quando agirmos em amor e em perdão.
A segunda história que li tocou meu coração profundamente,
especialmente por causa do tempo em que vivemos. Essa história
aconteceu em uma escola na Índia. Um garoto foi à escola e seu
almoço foi roubado. Quando ele disse ao professor o que havia
acontecido, o professor investigou e encontrou o garoto que havia
pego o almoço do colega. Era um menino muito pobre que sofria por
causa de uma deficiência na coluna.
Naquela época, a região na Índia em que essa história aconteceu,
adotava punição física nas escolas, o que era prática normal e
aceitável. Por isso, o garoto que roubou o almoço receberia
chibatadas em suas costas nuas, e essas seriam dadas com uma
vara. O professor disse ao ladrão, retire seu casaco, mas o pobre
menino não queria retirá-lo, pois estava constrangido por causa de
sua deficiência. Então, o garoto que teve o almoço roubado fez a
seguinte pergunta ao professor, há uma regra que proíbe alguém
ser punido no lugar do outro? O professor respondeu, eu não sei se
existe essa regra. Surpreendentemente, o garoto que teve o almoço
roubado foi à frente da sala, retirou sua blusa e camiseta, e disse ao
professor, por favor, bata-me com essa vara. Eu quero tomar a
punição dele. Por causa dessa demonstração de amor, o garoto que
havia roubado o almoço se tornou um cristão e, posteriormente, um
pastor, pregador do Evangelho. Veja que o amor nunca falha.
Enquanto lia essa história, fui profundamente tocado e perguntei
a mim mesmo, quantos mais pregadores do Evangelho teríamos
hoje se todo cristão sempre tentasse andar em perfeito amor? Ainda
me fiz outra pergunta, Será que perdi oportunidades como essa?
Estou convencido de que quero ser conhecido pelo meu amor e não
pelos meus dons. Hoje, infelizmente, as pessoas me conhecem
somente pelos meus dons e pela minha unção. Graças a Deus por
isso, pois por causa do modo maravilhoso que Deus tem me usado,
tenho viajado para muitas nações. Todavia, muitas vezes oro ao
Senhor, quando eu estiver diante de ti, não quero ser conhecido
pelos meus dons, mas, sim pelo modo como tenho amado.
7
C
Em Gênesis 1:26, a Bíblia diz, Deus disse: façamos o homem à
nossa imagem e semelhança. Quando Deus criou o homem, Ele o
criou à sua própria imagem. Já ouvi várias discussões sobre o que
significa ser criado à imagem de Deus. Já ouvi muitas explicações
sobre essa escritura. Coisas do tipo, Deus é três em um: Pai, Filho,
e Espírito Santo; e nós, também, somos três em um: corpo, alma e
espírito; portanto somos criados à sua imagem. Mas minha
compreensão dessa escritura é muito clara. Simplesmente creio que
fomos criados à semelhança e à imagem de Deus. Se olhar para o
espelho, vejo minha própria imagem; vejo um homem aos seus 53
anos de idade, com cabelos cada vez mais ralos, os olhos azuis e
com 1 metro e 67 de altura. Por que vejo isso? Porque vejo minha
própria imagem.
Como fomos criados à imagem de Deus e cabe nos perguntar o
seguinte, com o que Deus se parece?. A Bíblia diz em I João 4:8
que Deus é amor. Então, uma vez que fomos criados à imagem de
Deus, fomos criados à imagem do amor.
Em Colossenses 1:15 está escrito que Jesus é a imagem perfeita
do Deus invisível. Se nós realmente quisermos ver a Deus,
devemos olhar para Jesus. Apenas em Cristo podemos ver a Deus,
porque Ele é a imagem do Deus invisível. Ele é a Palavra que se
transformou em carne. Jesus disse, Se vocês virem a mim, verão o
Pai.
Para que possamos entender, verdadeiramente, a natureza de
Deus, temos que olhar para Cristo. Tudo nEle era amor. Ele nos
ensinou a amar nossos inimigos. Ele superou a rejeição com perdão
e amor. Ele desafiou sua própria sociedade tratando mulheres e
crianças com respeito. Os pecadores e os perdidos eram
magicamente atraídos para Ele. Por quê? Porque Ele refletia a
imagem de Deus, seu Pai, que é amor. Sendo Deus amor, nós
também fomos criados à semelhança do amor. Então, para nós, não
amar seria ir contra nossa divina natureza criada. Se o amor é a
natureza de Deus e se fomos criados à sua imagem, logo, nossa
natureza, de igual modo, deve ser o amor.
Todavia, o pecado entrou na história e destruiu a nossa natureza
divina. Contudo, Jesus, através da cruz, restaurou em nós a
natureza de Deus. De acordo com 2 Coríntios 5:17, Todo aquele que
está em Cristo é uma nova criatura. Em Cristo, nosso DNA
espiritual, que é o amor, foi restaurado. Por essa razão, todas as
vezes que não andamos em perfeito amor, andamos contra nossa
própria natureza; por isso, muitas vezes, a vida não nos parece
agradável, porque estamos fora de equilíbrio com nós mesmos.
Todas as vezes que andamos na carne, ou seja, em nossa natureza
carnal, andamos contra nosso próprio DNA espiritual e, por isso,
ficamos em desequilíbrio. Por essa razão, as pessoas egoístas são
as mais miseráveis, pois estão em desequilíbrio com elas mesmas.
Minha experiência e observação são que as pessoas centradas em
si mesmas são as mais infelizes, diferente das pessoas que andam
no tipo de amor de Deus, pois elas estão profundamente satisfeitas.
Se compreendemos essa verdade, perceberemos que andar em
perfeito amor é a única coisa para o homem. Essa é a razão pela
qual a Bíblia diz, Persiga o amor.
Vamos usar toda nossa energia e foco para vivermos a vida do
amor. A relação entre a importância de se andar em amor e a vida
do homem deve ser compreendida na mesma simplicidade que
entendemos a relevância do ar para os pulmões. Se
constantemente respirarmos o ar ruim e poluído, nossos pulmões
serão envenenados, afetando todo o nosso corpo. Por quê? Porque
nossos pulmões foram criados para receberem um ar bom e limpo.
Nós fomos criados à imagem de Deus, e se Deus é amor, então,
fomos criados para amar. Se não amarmos com o amor Ágape de
Deus, viveremos miseravelmente, como se fôssemos pulmões
intoxicados.
No Jardim do Éden, quando Adão e Eva pecaram, a
desobediência não foi um problema isolado, houve coisas mais
profundas envolvidas. Adão e Eva foram criados à imagem do amor.
Portanto, qualquer uma de suas ações deveria ser motivada pelo
amor, qualquer outra motivação violaria o DNA espiritual deles.
Jesus disse em João 14:15, Se você me ama, guarda meus
mandamentos. No momento em que Adão e Eva desobedeceram a
Deus, eles já haviam parado de andar em amor; já haviam se
afastado da imagem na qual haviam sido criados. Isso foi o
problema raiz do pecado deles.
Uma vez que fomos restaurados em Cristo, temos em nós o amor
que é a essência de Deus. Isso significa que nossas ações devem
ser motivadas pelo amor. Precisamos compreender que não andar
no tipo do amor Ágape de Deus é algo completamente antinatural
para nós. Não andar no amor Ágape é caminhar contra o modo pelo
qual fomos criados e restaurados. Se nossos corações
compreenderem essa verdade, é certo que faremos o que pudermos
para andarmos no amor Ágape.
8
C D
Vamos voltar a I João 4:8 que diz, Aquele que não ama não
conhece a Deus porque Deus é amor. Há cristãos que não andam
em amor e ainda dizem que conhecem a Deus. Mas a Bíblia diz que
se nós não andamos em amor, não conhecemos a Deus. Se
tomássemos um cristão que anda na falta de perdão, na amargura e
no ressentimento e fizéssemos a seguinte pergunta para ele: você
conhece a Deus?, certamente, ele responderia, sim, eu conheço a
Deus. Eu sou um cristão. Essa resposta seria elaborada a partir
daquilo que geralmente julgamos ser o fundamento que justifica o
conhecimento de Deus, ou seja, as disciplinas devocionais cristãs.
Acredita-se que aqueles que são exímios leitores da Bíblia,
frequentes às reuniões da Igreja e fiéis à oração conhecem a Deus.
A fidelidade e intensidade em que as disciplinas religiosas são
realizadas tornaram o parâmetro que leva muitos cristãos a
afirmarem que conhecem a Deus.
Contudo, o padrão bíblico que determina se alguém conhece ou
não a Deus é o amor. A Bíblia diz, claramente, que se não amamos,
não conhecemos a Deus.
Deixe-me explicar os termos bíblicos de se conhecer a Deus.
Como acontece com a palavra amor, a língua grega também
expressa a ideia de conhecer através de diferentes palavras
distintas. O significado dessas palavras variam de acordo com o
contexto. Por exemplo, considerando esse versículo de I João 4:8,
veremos que a palavra grega empregada no original e traduzida por
conhecer não possui significado relativo a um conhecimento mental
ou cognitivo. No caso deste versículo, a palavra conhecer significa:
conhecer por experiência e, não por cognição. O que a Bíblia diz,
nesse texto, é que aqueles que não andam em amor não vivem o
conhecimento experimental de Deus. Se quisermos experimentar
Deus em toda sua plenitude, temos que andar em amor, pois este é
o único jeito de experimentarmos Deus! Isso é porque Deus é amor!
Se quisermos mais que uma vida superficial; se quisermos conhecer
Deus além de nosso intelecto; se quisermos viver uma experiência
regular e constante com Deus, o criador do Universo que é o Todo
Poderoso, temos que andar em amor. Aquele que não anda em
amor não conhece (experimenta) Deus verdadeiramente.
Odeio religião. Elas levam o homem ao conhecimento cognitivo
de Deus. Aquele que é religioso sabe tudo sobre Deus. Mas eu não
quero somente conhecer sobre Deus! Não quero viver uma vida
cristã teórica! Quero experimentar o próprio Deus diariamente.
Quero que Ele esteja envolvido em cada parte da minha vida. Quero
viver uma vida em que todas as minhas orações sejam respondidas.
Como podemos viver assim? Somente podemos viver assim se
andarmos em amor. Aqueles que andam em amor experimentarão
Deus. Cada um dos seus filhos podem experimentá-lo em toda sua
plenitude. O segredo é andar em amor. À medida que andarmos no
amor verdadeiro, cresceremos no conhecimento experimental de
Deus.
Fico triste sempre que vejo cristãos que não vivem um
relacionamento de experiência com Deus, mas que negociam o
cristianismo por religião. A chave para experimentar Deus, todos os
dias de nossa vida, é andar em amor. Se nos perguntassem, você
quer experimentar Deus todos os dias?, com certeza
responderíamos, sim, é claro. Então, digo, para isso precisamos
andar em amor Ágape. Aqueles que não amam com o amor de
Deus não conhecem ou não experimentam Deus. Não é através do
jejum, da oração e do sacrifício de tudo o que temos que nos leva
ao conhecimento experimental de Deus. Apesar de todas essas
disciplinas cristãs serem muito importantes, a chave para se ter o
verdadeiro conhecimento experimental do Pai é andar no perfeito
amor Ágape de Deus.

PERMANECENDO EM DEUS
A Bíblia fala muito sobre os benefícios de se permanecer em
Deus. Jesus disse em João 15:5, Aquele que permanece em mim, e
eu nele, esse dará muito fruto. Ele também disse em João 15:7 que,
Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permaneceres
em vós, pedireis o que desejardes, e vos será concedido.
O Salmo 91 fala sobre as maravilhosas promessas de proteção,
de saúde e de segurança quando permanecemos em Deus. Mas o
que significa permanecer em Deus? Como nós podemos
experimentar isso na prática? Em I João 4:16 diz,
Portanto, dessa forma conhecemos o amor que Deus
tem por nós e confiamos plenamente nesse amor. Deus é
amor, e aquele que permanece no amor permanece em
Deus, e Deus, nele.
Como Jesus nos garantiu em João 15, se nós permanecermos
nEle e Ele em nós, produziremos muito fruto. Este deve ser o desejo
de todo cristão: viver uma vida frutífera. Nesse versículo, Jesus não
somente nos prometeu uma vida frutífera, mas nos garantiu uma
vida de muito fruto.
Como podemos ter essa experiência de muito fruto em nossas
vidas? Somente podemos experimentá-la se permanecermos nEle e
Ele em nós. Em I João 4, Deus nos conta o segredo. Outra vez,
como em tantas outras escrituras, essa promessa tem uma
condição. Geralmente os cristãos querem que as promessas de
Deus sejam cumpridas em suas vidas, contudo, eles não desejam
(ou ignoram) cumprir as condições postas para se alcançar as
promessas.
A condição posta à promessa de se dar muito fruto é permanecer
no Senhor e Ele em nós. Permanecer significa ficar,
constantemente, em uma certa posição. Permanecer em Deus
significa permanecer em amor. O que Deus está dizendo aqui é que
devemos continuamente andar no tipo do amor de Deus. É assim
que permanecemos em Deus e Ele em nós.
A condição de viver uma vida frutífera é viver uma vida no amor
Ágape. Mas, frequentemente, em nossa vida diária, nós facilmente
escorregamos desse estilo de vida de amor. O que precisamos fazer
nessas horas? Precisamos, simplesmente, de nos arrepender de
qualquer desvio e voltar ao estilo de vida de amor. Se pedirmos a
Deus para nos perdoar sempre que abandonamos o estilo de vida
do amor Ágape e voltarmos a andar nesse amor, permaneceremos
em Deus e Ele em nós. Essa é a garantia de uma vida com muito
fruto.
Mas o oposto é também verdade. Se nós não andarmos em amor,
permanentemente, se esse não for nosso maior objetivo na vida,
então, de modo algum, permaneceremos em Deus e,
consequentemente, nossas vidas não serão frutíferas.
Precisamos compreender que Deus mensura a frutificação
diferentemente de nós. Para muitas pessoas, qualquer tipo de
sucesso pode significar frutificação, mas esse é um julgamento
humano. Não podemos nos esquecer de que o nosso juiz é Deus, e
o sucesso não faz parte de seus critérios para avaliar nossa
frutificação. Vale lembrar de que Ele é o único que pode julgar se
nossas vidas têm sido frutíferas ou não.
É triste observar as vidas das pessoas que não vivem em amor,
pois são inconstantes e vivem a vida como em um sobe e desce. As
circunstâncias controlam suas vidas. Eles têm momentos de
frutificação seguidos de momentos de derrota. Eles têm momentos
de alegria seguidos de momentos de frustração e irritação. Jesus
disse em João 15 que deveríamos produzir frutos que
permanecessem. Deus não quer que nossas vidas sejam de altos e
baixos, mas Ele deseja que sejamos frutíferos, independentemente
das circunstâncias. Como podemos alcançar isso? Isso somente
pode ser alcançado pela nossa permanência em Deus e pela
permanência de Deus em nós. Essa é a única garantia de uma vida
frutífera que irá permanecer. Por essa razão, andar em amor deve
ser nosso objetivo mais elevado. O arrependimento é a chave para
esse estilo de vida. Que possamos permanecer no caminho de
andar no amor Ágape de Deus, mas caso aconteça de nos
desviarmos dele, tenhamos uma atitude de arrependimento para,
rapidamente, voltarmos a viver e a andar no amor Ágape de Deus.
9
E E S
O Espírito Santo é a terceira pessoa da trindade. Nós precisamos
compreender que Ele é Deus e não somente um poder ou uma
influência em nossas vidas. Precisamos viver em pleno
relacionamento com o Espírito Santo. Sem Ele não viveremos uma
vida de vitória. Em Atos 10:38 diz,
Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder, e como
Ele caminhou por toda a parte realizando o bem e
salvado todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus era
com Ele.
Nesse texto, vemos o trabalho das três partes da trindade.
Quando Jesus começou seu ministério, Ele citou o livro de Isaías
(61:1)e disse, O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me ungiu ...
e, a partir de então, Jesus demonstrou o poder do Espírito Santo
curando os doentes e fazendo grandes milagres. O apóstolo Paulo
disse em I Coríntios 2:4,
Minha mensagem e minha proclamação não se formaram
de palavras persuasivas de conhecimento, mas
constituíram-se em demonstração do poder do Espírito.
Sem o Espírito Santo ativo em nossas vidas, não podemos viver
uma vida de poder. Em Efésios 4:29 diz,
Não saia da vossa boca nenhuma palavra que cause
destruição, mas somente a que seja útil para a
edificação, de acordo com a necessidade, a fim de que
comunique graça aos que a ouvem.
Nós precisamos de, permanentemente, nos relembrar de que a
Bíblia não foi escrita em capítulos e versículos. Paulo faz uma
conecção direta entre entristecer o Espírito Santo e falar coisas
ruins. É importante compreender que o Espírito Santo pode ser
entristecido, mas isso não significa que Deus não nos ama. Ele nos
ama incondicionalmente. Mas nós, pelas nossas escolhas erradas,
podemos nos distanciar de uma caminhada íntima com o Espírito
Santo. Então, em qualquer momento em que entristecemos o
Espírito Santo, precisamos, rapidamente, de nos arrepender e de
voltar ao relacionamento com Ele.
Como entristecemos o Espírito Santo? Precisamos ligar o
versículo 29 com o versículo 30. Nós entristecemos o Espírito Santo
com aquilo que falamos das outras pessoas. O versículo 29 é claro
ao dizer que podemos falar coisas que entristecem o Espírito Santo.
Está escrito para não falarmos qualquer coisa que seja torpe e que
cause destruição, mas de nossa boca deve sair somente o que
comunique graça aos que ouvem o que falamos. Se nós fofocarmos
de outras pessoas, especialmente de outros cristãos, entristecemos
o Espírito Santo, mesmo que tenhamos dito coisas que
verdadeiramente aconteceram. O problema não é se falamos coisas
que aconteceram ou não, o problema é falar coisas que não
comuniquem graça aos que as ouvem. Se ouvimos de alguém que
um irmão caiu em pecado e contamos isso para outro amigo cristão,
mesmo que seja verdade, certamente a pessoa que ouviu nossa
história não recebeu graça através de nossas palavras; isso é um
problema segundo o texto bíblico. A pessoa para quem contamos a
história tem, agora, uma opinião diferente sobre a pessoa de quem
falamos. Essa história contada não é uma opinião de graça e amor,
mas de julgamento; isso é mais sério do que pensamos ser.
Não devemos julgar ninguém, mas, pelo contrário, deveremos
guardar nossos irmãos e irmãs de todo e qualquer julgamento. Se
for preciso confrontar o pecado na vida de alguém, temos que
aprender a falar com os envolvidos diretamente e não fofocarmos
aos outros o fato.
Em Mateus 18:15-19, Jesus nos dá instruções claras sobre como
confrontar o pecado na vida do irmão. Confrontar o pecado não
significa criticar o irmão ou julgá-lo por qualquer uma de suas ações.
Confrontar o pecado é ajudar o irmão a enxergar o erro e, ainda,
prestar-lhe auxílio para a correção de possíveis falhas.
1) Jesus disse que quando nosso irmão pecar contra nós,
devemos ir e falar diretamente com ele, e não com outras pessoas.
O grande reformista alemão Martinho Lutero disse que se dermos
nossa língua ou nossos ouvidos à criticas contra nosso irmão, na
verdade, damos nossa língua ou nossos ouvidos ao diabo. A crítica
construtiva fala à pessoa que cometeu o pecado. A crítica destrutiva
fala da pessoa aos outros. Se ouvimos palavras destrutivas,
fazemos de nós mesmos latas de lixo para a escória dos outros. Se
falamos as palavras destrutivas que ouvimos aos outros, passando
para frente as críticas ouvidas, fazemos deles latas de lixo para a
nossa crítica.
2) Somente se nosso irmão se recusar a nos ouvir, pegaremos
duas ou três testemunhas para, juntos, confrontarmos o pecado
desse irmão.
3) Se nosso irmão continuar recusando a ouvir e resistir o
arrependimento, o levaremos à liderança da Igreja.
4) Em tudo isso, a motivação sempre deve ser a de restaurar o
irmão em amor, e nunca expor o seu pecado à vergonha.
5) Lembre-se de que Jesus não está falando dos pecados
cometidos contra outras pessoas, mas dos pecados cometidos
diretamente contra nós.
Se seguíssemos as instruções de Jesus, salvaríamos tanto a nós
mesmos quanto à Igreja de muitos problemas, sem contar que não
daríamos espaço ao diabo em nosso meio. É bom nos fazer essa
pergunta, Se eu disser essas coisas que quero dizer, elas trarão
graça à pessoa que vai ouvi-las? Sou muito grato a Deus por sua
graça e pelo seu perdão por cada vez que falhei nessa área no
passado.
Orei por revelação quanto às escrituras que tratam do entristecer
o Espírito Santo em Efésios 4 por muitos anos. Eu realmente quis
entender como entristecemos o Espírito Santo e como podemos
viver cheios do Espírito, em íntimo relacionamento com Ele. Quando
orava por essa compreensão, estava pregando em outro país.
Passei a noite na casa de alguns irmãos cristãos.
Ao sentarmos à noite depois da reunião, as pessoas com quem
eu estava começaram a criticar o estilo de vida de outros cristãos.
As coisas que diziam eram verdade, mas estavam sendo críticos
destrutivos e o que faziam era fofoca. Outros cristãos que passaram
a noite conosco entraram na conversa e concordaram com as
críticas. Eu me recordo de que me senti desconfortável entre eles e
meu espírito estava incomodado.
Naquela noite Deus falou comigo em um sonho. Eu sabia que o
sonho era de Deus. No sonho vi muitos balões, todos cheios de ar.
Aqueles balões tinham nomes escritos neles. Eles representavam
os diferentes cristãos que haviam se ajuntado naquela noite
criticando seus irmãos, também, cristãos. Num instante, notei que o
ar saía desses balões paulatinamente, foi então que percebi não se
tratar de ar propriamente, mas das críticas tecidas pelos meus
irmãos. A cada palavra de crítica falada, mais um pouco de ar saía
dos balões. As palavras eram ditas e os balões murchavam, até que
ficaram completamente sem ar e caíram inutilmente no chão.
A palavra grega para espírito é pneuma, que significa vento ou ar.
Isso significa que a cada palavra de crítica, o Espírito lentamente
saía dos balões. Foi assim que Deus falou comigo nesse sonho. O
inimigo, estrategicamente, planeja levar os cristãos a criticarem um
ao outro. Sempre que tecemos críticas destrutivas contra nossos
irmãos, concordamos com o inimigo e entristecemos o Espírito
Santo, até nossas vidas se tornarem inúteis no reino de Deus. Em
Efésios 4:30 diz, E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o
qual fostes selados para o dia da redenção. O mesmo Espírito
Santo que selou nossas vidas para a redenção, selou, também, a
vida de nossos irmãos e irmãs. Quando começamos fofocar, criticar
e falar palavras que não trazem graça às pessoas que as ouvem,
nós entristecemos o Espírito Santo que selou nossas vidas do
mesmo jeito que selou a deles.
O versículo 29 não diz somente, não saia de vossa boca
nenhuma palavra que cause destruição mas diz, somente a que seja
útil para a edificação. A Bíblia não nos deixa livres para definir o que
são as palavras que causam destruição, pois ela as define
claramente para nós ao dizer mas somente a que seja útil para a
edificação e comunique graça aos que a ouvem. Cada palavra
falada por nós que não seja útil para a edificação e não comunique
graça aos que a ouvem é, obviamente, uma palavra que causa
destruição; afirmo isso de acordo com a definição de Deus.
Deus sempre quer edificar seu povo! A edificação da Igreja é
razão pela qual a Bíblia diz que o dom de profetizar é mais
importante que o dom de falar em línguas, porque quando falo em
línguas, edifico a mim mesmo e quando profetizo, edifico os meus
irmãos e minhas irmãs em Cristo.
Se olharmos mais adiante o contexto de Efésios 4:30, que é
entristecer o Espírito Santo, chegaremos ao versículo 31 que diz,
Toda amargura, cólera, ira, gritaria e blasfêmia sejam
eliminadas do meio de vós, bem como toda a maldade!
Veja que o entristecer o Espírito Santo está no mesmo contexto
do falar coisas ruins, do não perdoar e do não andar em amor.
É bom deixar claro que há dois ministérios diante do trono de
Deus: um é o ministério do diabo e o outro é o ministério de Jesus
Cristo. O diabo é o acusador dos irmãos. Ele constantemente nos
acusa diante de Deus e sempre tenta levar os cristãos a se unirem
com ele nesse ministério. Mas o segundo ministério é o de Jesus,
que constantemente intercede por nós. Ele é o nosso bom Sumo
Sacerdote e está diante de Deus intercedendo por nós. Ele,
também, nos convida a estar com Ele nesse ministério intercedendo
pelos nossos irmãos. A diferença entre esses ministérios é simples,
um intercede e o outro acusa. Precisamos decidir a que ministério
servimos. Precisamos nos perguntar: Quem prefiro ter ao meu lado
quando falho? Prefiro o diabo acusando-me de minhas falhas ou
Jesus Cristo intercedendo por mim e orando por mim?. Eu creio que
o inimigo tem uma grande vitória quando leva os cristãos a
exercerem seu ministério de crítica e de acusação contra o outro.
Se retirarmos as divisões dos versículos e capítulos de Efésios
4:29 - 5:2, e colocarmos esse texto na linguagem de hoje,
poderíamos dizer, não critique; não fofoque; não fale qualquer coisa
ruim; mas somente diga o que edifica e constrói a pessoa com quem
você está falando, de outra forma você entristece o Espírito Santo.
Não fique com raiva nem amargos uns com os outros. Perdoe cada
um do mesmo jeito que Deus perdoou você, que escolheu não mais
se lembrar dos seus pecados. Ame todos do mesmo modo que
Deus ama você.
Agora, se a fofoca e a critica entristecem o Espírito Santo, o
oposto é, também, verdade. Quando falamos bem um do outro e
nos recusamos a ouvir críticas ou a criticar um ao outro, atraímos a
presença do Espírito Santo em nossas vidas. Em I Pedro 3:10- 12
diz,
Portanto, quem quiser amar a vida e viver dias felizes,
refreie sua língua do mal e seus lábios da falsidade;
afasta-se do mal e pratique o bem; busque a paz e nela
persevere. Porque os olhos do Senhor estão sobre os
justos e seus ouvidos estão atentos às suas orações,
entretanto, a face do Senhor volta-se contra os que
praticam o mal.
Frequentemente, em minha própria vida, tenho entristecido o
Espírito Santo por não andar em amor com meus irmãos e irmãs;
mas, muitas vezes, tenho criticado e ouvindo críticas a respeito
deles. Quero viver em um íntimo relacionamento com o Espírito
Santo. Não quero entristecê-lo, mas, pelo contrário, desejo atrair
sua presença. Se aprendêssemos a transformar cada desejo de
criticar alguém em oração por tal pessoa, a Igreja estaria em um
estado muito melhor. Se nós, verdadeiramente, quisermos ver bons
dias e ter uma vida longa, precisamos parar de falar mal de nossos
irmãos. Romanos 5:5 também faz uma conexão direta entre o amor
e o Espírito Santo.
E a confiança não nos decepciona, porque Deus
derramou seu amor em nossos corações, por meio do
Espírito Santo que Ele mesmo nos outorgou.
10
A
Já ouvi muitos cristãos orarem essa oração. Confesso que eu
mesmo a orei no passado; creio ser uma oração errada: Deus me
dê do seu amor para eu amar essa e aquela pessoa. Acabamos de
ver em Romanos 5:5 que o amor de Deus foi derramado em nossos
corações. Deus não nos pode dar algo que Ele já nos deu. Todo
cristão nascido de novo tem o amor de Deus, que é o amor perfeito,
o tipo de amor não egoísta e que não precisa ser correspondido.
Esse tipo de amor ainda é capaz de amar os inimigos do fundo do
coração. O que precisamos fazer é andar no Espírito e não de
acordo com a nossa carne. Precisamos aprender a caminhar
ativando o amor que já temos como cristãos e não ficarmos orando
pedindo que Deus nos dê esse tipo de amor.
Em 1982, eu estudava numa Escola Bíblica com 52 alunos de 22
nações na Inglaterra. Todos vivíamos juntos em um pequeno lugar.
Havia uma jovem moça da Itália. Ela não gostava de mim de jeito
nenhum e deixava isso muito claro. Vivíamos em constante conflito.
Todas as manhãs, lia minha Bíblia e orava clamando a Deus para
que Ele me desse de seu amor Ágape por aquela jovem. Continuei
orando e orando, mas nada mudou.
Então, ao orar a mesma oração em uma daquelas manhãs, ouvi
Deus falando ao meu espírito. Ele disse, eu não vou dar a você do
meu amor Ágape por essa garota. Isso me deixou confuso. Então,
pensei como Deus pode pedir que eu ame todas as pessoas e, ao
pedi-lO amor por essa pessoa que não consigo amar, Ele diz que
não?. Quando tentei entender Deus, tive uma visão. Na visão vi um
grande tubo9. Esse grande tubo tinha meu nome escrito nele. Em
seu topo, Deus derramava seu amor. Então, vi que muitos pequenos
tubos saiam desse tubo maior, que representava minha vida. Esses
pequenos tubos tinham nomes diferentes escritos neles; eram os
nomes dos meus amigos, dos membros de minha família e das
pessoas que eu amava.
O amor de Deus fluía livremente através desses pequenos tubos.
Então, vi escrito em um deles o nome daquela jovem italiana.
Aproximei-me desse pequeno tubo e vi que estava completamente
bloqueado. Naquele estado, o amor de Deus não podia fluir
livremente por ele. Vi que esse pequeno tubo era bloqueado por
pequenas coisas como orgulho, egoísmo, falta de perdão,
amargura, etc.
De repente, entendi que já tinha o amor de Deus em meu
coração. Esse amor perfeito fluía somente para as pessoas que eu
o permitia fluir, mas por causa do meu próprio pecado, o canal que
me ligava àquela jovem estava bloqueado. Eu me arrependi, pedi a
Deus que me perdoasse e permiti que o amor dEle fluísse de mim
para ela. Ao permitir que o amor fluísse e ao praticar o andar em
amor em relação a ela, rapidamente, pouco tempo depois, nós nos
tornamos grandes amigos em Cristo.
Não podemos nos esquecer de que já temos o amor Ágape de
Deus em nossos corações; ele já está em nós. A única coisa que
precisamos fazer é decidir andar nesse amor. Que possamos nos
arrepender de tudo aquilo que impede o amor Ágape de Deus de
fluir através de nossas vidas para todas as pessoas.
Eu me lembro desse momento muito claramente, porque ao me
arrepender e ao decidir andar no amor Ágape de Deus em relação
àquela jovem, agindo e expressando esse amor, nos tornamos
amigos e andamos em paz um com outro. É preciso entender que o
amor não é um sentimento, mas, sim, uma escolha e, portanto, ao
decidir amá-la com o amor Ágape de Deus, meus sentimentos em
relação a ela também mudaram.
Pessoas que sofrem com o ressentimento e com a amargura,
geralmente, ao ouvirem sobre a necessidade do perdão, pedem a
Deus para dar-lhes amor pelas pessoas que lhes feriram. Então, via
de regra, ficam esperando que um sentimento seja primeiramente
gerado em seu coração para, posteriormente, amar e perdoar.
Lembro que o amor não é um sentimento, e sim uma escolha que
fazemos.
Quando Jesus demonstrou seu amor por nós do jeito mais
incrível, dando sua vida por mim e por você, Ele estava em um
grande tormento. No jardim do Getsêmani, Ele gritou ao Pai, Pai, se
possível passa de mim esse cálice. Ele viu a dor e o tormento da
cruz. Foi óbvio que seus sentimentos não queriam ir para a cruz,
mas Jesus demonstrou que o amor não é um sentimento, e sim uma
escolha. Ele reafirmou isso quando disse ao Pai, Pai, se queres,
passa de mim este cálice; todavia, não se faça a minha vontade,
mas a tua.

COMPREENDENDO O ARREPENDIMENTO
Precisamos nos arrepender de estarmos, constantemente,
centrados em nós mesmos. Precisamos nos arrepender por não
andarmos em amor e não permitirmos que o amor de Deus flua
através de nossas vidas. Frequentemente, as pessoas pensam que
arrepender significa simplesmente dizer desculpa, mas esse não é o
significado Bíblico do arrependimento. O arrependimento é uma
ação, e isso significa mudar o jeito que pensamos sobre alguma
coisa para agirmos segundo o novo modo de pensar. João Batista,
ao falar com os Fariseus e Saduceus, disse que eles deveriam
mostrar frutos dignos de arrependimento.
O arrependimento é uma mensagem importante da Bíblia. Ela é
tão importante que foi a primeira mensagem que João Batista
pregou. O primeiro sermão de Jesus foi sobre o arrependimento e,
quando a Igreja começou em Atos do apóstolos, em seu primeiro
sermão, Pedro chamou as pessoas ao arrependimento. No último
livro da Bíblia, o livro de Apocalipse, Jesus enviou fortes mensagens
para as 7 Igrejas da Ásia. Nessas mensagens, a palavra
arrependimento é encontrada várias vezes, e isso nos faz
compreender o quanto o arrependimento é fundamental na vida de
todos que desejamos andar no amor Ágape de Deus. Portanto,
quando não andamos no perfeito amor Ágape de Deus, devemos
nos arrepender em vez de ficar pedindo que Ele nos dê de seu
amor. É justamente o arrependimento que irá desobstruir os canais
bloqueados para que o amor de Deus, já presente em nós, possa
fluir livremente e alcançar todas as pessoas outra vez.
9 A palavra usada no original em inglês é “pipe”. Essa palavra
tem diferentes traduções para o português. Poderíamos usar tanto a
palavra “tubo” quanto a palavra “cano” para traduzi-la, mas optamos
por “tubo” por definir melhor a imagem proposta em inglês. Ainda, a
palavra “tubo” estaria mais próxima ao estilo do autor.
11
O ?
Se eu saísse às ruas e perguntasse aleatoriamente para 100
pessoas o que elas pensam ser o amor, eu receberia, certamente,
inúmeras respostas diferentes. Isso aconteceria porque nossa
compreensão de amor tem sido influenciada por muitas coisas
diferentes como: nossa criação, nossas amizades, Hollywood, nossa
cultura, o país em que crescemos e etc. Para entendermos o que é
o amor, verdadeiramente, temos que olhar para a Bíblia e para
nenhum outro lugar. Quando a Bíblia nos pede para andarmos em
amor, ela usa, como já mencionamos, a palavra grega Ágape.
Para respondermos a questão posta no título desse capítulo,
primeiramente, é necessário entendermos que o amor deve sofrer
dor voluntariamente. Posso ouvir as pessoas gritando, pastor, não
me diga isso, pois eu não quero sofrer! Ninguém gosta de sofrer dor.
Por que escolheríamos sofrer? Se amar significa escolher sofrer dor
voluntariamente e a nós foi ordenado andar em amor, então, isso
significa que precisamos escolher sofrer dor voluntariamente. Isso
caminha diretamente contra nossa natureza carnal. João 3:16 diz,
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que enviou
seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê,
não pereça, mas tenha a vida eterna.
Para Deus expressar seu amor por nós, Ele teve que sofrer
voluntariamente. O amor expresso somente em palavras não é o
amor verdadeiro. O amor tem que ser expresso em ações que,
geralmente, nos fará sofrer pelo bem de outros. Se Deus somente
tivesse expresso seu amor por nós em palavras e não através de
seu sofrimento, nós ainda estaríamos perdidos em nossos pecados.
Imagine Deus dizendo constantemente, Eu amo você. Eu quero que
você esteja no céu comigo. Eu quero que você passe a eternidade
comigo, mas não estou disposto a sofrer por isso. Descubra você
mesmo um jeito de chegar ao céu, caso isso tivesse acontecido,
estaríamos eternamente perdidos. Deus expressou o seu amor por
nós sofrendo dor voluntariamente. Se verdadeiramente quisermos
andar em amor, temos que abraçar nossa cruz por amor a outras
pessoas; teremos que, frequentemente, abraçar o sofrimento para
mostrar o amor de Deus a outros.
Enquanto escrevia este capítulo, uma amiga minha contou-me
uma experiência vivida por ela no início de seu casamento. Nos
momentos de intimidade com seu esposo, em sua mente ela dizia a
si mesma, Oh! Eu amo tanto o meu esposo. De repente, ela ouviu a
voz de Deus dizendo, Isso não é amor, é prazer. Chegará o tempo
quando você terá que provar o seu amor por ele. O tempo passou e
trouxe consigo várias circunstâncias adversas. Foi justamente
nessas circunstâncias que ela teve de mostrar que, de fato, amava
seu esposo; ela precisou mostrar que o amava não somente nos
momentos de prazer. Ela teve que amá-lo quando ele a deixava
nervosa e quando ela não queria se submeter a ele. Ela teve que
decidir abandonar seus próprios prazeres e sofrer pelo amor desse
que ela dizia tanto amar. Nessa conversa, ela ainda nos disse, O
amor não é um sentimento, mas é uma decisão que precisamos
tomar.
E na vida prática diária, o que isso significa para nós? Isso
significa que em momentos de dificuldades e crises enfrentados em
nossos relacionamentos, se amamos com amor Ágape de Deus,
não buscaremos uma saída fácil para resolver nossos conflitos, mas
permaneceremos com a pessoa que amamos independente da
circunstância. O tipo do amor de Deus, em se tratando de
casamento, nunca terá o divórcio como uma possível solução.
Pessoas frequentemente discordam de mim em relação à minha
visão quanto ao divórcio. Elas pensam que não compreendo as
dificuldades enfrentadas por eles porque tenho uma vida
maravilhosa e um casamento feliz. Elas não compreendem que o
meu posicionamento é baseado da Bíblia, e não em meu
casamento. A Bíblia é o padrão que devemos seguir e o tipo de
amor que ela nos ensina ter é o amor Ágape de Deus, o tipo de
amor que sempre está disposto a sofrer voluntariamente. A razão
pela qual, mesmo depois de 28 anos de casado, minha esposa e eu
somos muitos felizes e satisfeitos juntos é que tomamos a decisão
de sempre ficarmos juntos independente daquilo que aconteça
conosco.
No início do nosso casamento, passamos por momentos muito
difíceis, mas, durante esses momentos, nos agarrávamos à nossa
decisão, pois compreendíamos que o amor sofre voluntariamente a
dor para amar o outro. Nós poderíamos facilmente fazer o que
muitos de nossos amigos cristãos fizeram; em vez de sofrer
voluntariamente, eles desistiram de seus relacionamentos e
escolheram o caminho mais fácil.
Deus tem honrado nossa decisão de escolher amar um ao outro.
Não podemos dizer que amamos alguém sem provar isso com
nossas ações. De fato, dizer que amamos alguém sem demonstrar
esse amor através de ações e sem estar dispostos a sofrer por esse
alguém faz de nós hipócritas. Recentemente, publiquei um livro
chamado O Fugitivo de Deus10. Neste livro, conto uma experiência
que vivi sob a tirania dos comunistas. Eis uma parte:
“Um amigo meu da Áustria, local onde nasci e vivia naquela
época, ouviu uma clara direção de Deus. Pedro11 era um
missionário secreto nos países da Europa Ocidental, comumente
regidos pelo regime comunista. Ele foi à Romênia várias vezes. Um
dia, Deus disse a Pedro claramente que Seausescu12 tentava matar
os cristãos de fome na Romênia. Somente um número restrito de
pessoas que estava fora da Romênia teve uma ideia clara a respeito
dessa situação naquela época. Deus havia dado a Pedro direções
precisas sobre como ajudar aqueles cristãos perseguidos e,
também, a quem ele deveria trazer alívio.
Poucos dias depois, Pedro me ligou e me contou o que Deus o
havia instruído para fazer; foi, então, que ele me perguntou se eu
tinha disposição para ir à Romênia com ele. Ele me explicou que se
fôssemos pegos, seríamos presos, torturados e, talvez, nunca
veríamos nossas famílias novamente. Eu estava noivo e a data do
casamento estava marcada para pouco tempo depois da data da
viagem. Eu disse que iria orar e entrar em contato com ele
posteriormente.
Fui para uma cabana em uma montanha aproximadamente a 112
quilômetros de minha casa; ela pertencia a um querido amigo que
me deixava usá-la sempre que precisava. A cabana não tinha
eletricidade, não tinha água, nem mesmo banheiro (havia uma
espécie de privada do lado de fora).
Retirei-me para lá a fim de ficar só, de orar e de buscar a Deus.
Eu queria saber dEle se deveria aceitar ou não o convite de Pedro.
Na ocasião, eu já era cristão há 17 anos. Eu me ocupava servindo a
Deus na Áustria e, espiritualmente falando, estava confortável com
aquela situação. A verdade era que eu não queria ir a um país
comunista e correr o risco de ser preso ou sofrer coisa pior. Eu só
tinha 24 anos de idade e havia muitas coisas que queria fazer para
Deus. Eu o amava muito, pensava.
Na cabana, jejuando e orando por uma direção, continuei falando
para Deus a mesma coisa: “Óh!, Senhor, eu te amo muito”. Eu me
lembro de que disse isso repetidas vezes. De repente, Deus
interrompeu meus pensamentos e me disse, “pare de mentir para
mim”. Primeiramente, eu me assustei com essa afirmação. Depois
eu disse, “mas eu verdadeiramente te amo”. Em seguida, Ele disse,
“Leia I João 4:20”. Foi quando abri a Bíblia e li, “Se alguém declarar:
Eu amo a Deus!, porém, odiar a seu irmão, é mentiroso, porquanto
quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a
quem não enxerga”. Então, Ele disse, “você não está disposto a
morrer pelos seus irmãos na Romênia e isso deixa claro que você
não os ama; portanto você está mentindo quando você diz que me
ama, por não amar os seus irmãos”. E Ele continuou dizendo, “Abra
sua Bíblia em I João 3:16”. Ao abri-la, li, “Nisto conhecemos todo o
significado do amor: Cristo deu a sua vida por nós e devemos dar a
nossa vida pelos nossos irmãos”. Depois que li me convenci e disse,
“Está certo, Senhor, eu irei à Romênia”. Voltei para casa em Graz13,
cidade onde morei com minha irmã por algum tempo e, de lá, liguei
para Pedro dizendo que aceitava o convite de ir com ele para
Romênia, aconteça o que acontecer14”.

10 Livro publicado pela editora AMPELOS.

11 Esse não é o nome real de meu amigo. Resolvi chamá-lo de


Pedro para resguardar sua identidade..
12 Ditador romeno que perseguiu muitos cristãos durante seu
governo.

13 Cidade no interior da Áustria.

14 Talvez poderia ter traduzido essa expressão por:


“independentemente do que nos acontecesse”. Todavia, ter mantido
a expressão original ao pé da letra trouxe mais verossimilhança ao
texto original em inglês.
12
O
I Coríntios 13 é conhecido como o grande capítulo do amor. Neste
capítulo, o amor é descrito em 15 diferentes atribuições.
Dependendo da tradução da Bíblia que usarmos, essas atribuições
podem parecer um pouco diferentes, mas dizem a mesma coisa em
sua essência. Nele, Paulo nos fala que o mais importante é o amor
e que o amor nunca falha. Paulo nos mostra, ainda, com o que o
amor se parece, não nos deixando às cegas em relação às suas
atribuições.
Dos versículos 4 a 7, Paulo descreve, claramente, como o amor
age e como se comporta. Eu, diariamente, paro muitas vezes ao
longo do dia para orar e meditar sobre essas 15 atribuições. Eu as
memorizei há muito tempo, pois acredito que a palavra de Deus é
suficientemente poderosa para mudar nossas vidas. Todavia, temos
que digeri-la para sentimos o seu efeito. Podemos dizer que a
palavra de Deus é como a comida que depende do bom
funcionamento do sistema digestivo para o corpo receber os seus
nutrientes liberados na digestão. Podemos até comer a melhor e a
mais saudável comida disponível, mas se nosso sistema digestivo
não estiver funcionando adequadamente, morreremos por
desnutrição. Esse processo não é diferente quanto ao nosso
alimento espiritual, precisamos digeri-lo para recebermos a força
proveniente dele.
Como funciona a digestão de nossa comida espiritual? A Bíblia é
essa comida; o ato de lê-la se as semelha ao ato de comer, e a
meditação seria o pro-cesso de digestão. Meditar significa que
mastigamos em nossa mente aquilo que lemos vagarosamente e
continuamente. Eu faço exatamente isso com os 15 atributos do
amor várias vezes ao dia. Vamos olhar para esses 15 atributos
individualmente?
O primeiro atributo é: o amor é paciente. Diferentes traduções
expressam esse atributo usando outras palavras; digo, eles
constroem a frase em português com sinônimos buscando alcançar
o significado daquilo que foi escrito em grego mais
apropriadamente. Mas se olharmos para a palavra grega usada
nesse versículo, veremos que ela vem de uma raiz com o
significado de: perseverar pacientemente e corajosamente,
suportando problemas e infortúnios, sendo paciente para tolerar
ofensas e injúrias dos outros. Isso não poderia ser mais claro.
A primeira coisa que se diz neste texto, então, é que o amor deve
suportar os problemas dos outros e aguentar suas ofensas e
infortúnios pacientemente. Em Mateus 18:21-22, Jesus expressou
tal ideia da seguinte maneira,
Então, Pedro chegou perto de Jesus e lhe perguntou:
Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra
mim, e eu lhe perdoarei? Até sete vezes? E Jesus lhe
respondeu: Não te direi até 7 vezes; mas, sim, até
setenta vezes sete.
Muitos cristãos me disseram que não desejam ser pisados por
outras pessoas. Eles não querem que outras pessoas tirem
vantagens sobre eles. Eu até os entendo, se considerar essa queixa
a partir de um ponto de vista natural. Contudo, não é isso que a
Bíblia nos ensina. A Bíblia diz que precisamos morrer para os
nossos desejos egoístas; tomar as nossas cruzes todos os dias e,
pacientemente, suportar as injustiças das outras pessoas. Essa é a
primeira atribuição dada ao amor em I Coríntios 13.
Quando penso sobre a minha própria vida, e o quão
frequentemente ofendo a Deus, e quão pacientemente Ele perdoa
todas as minhas ofensas, então, me pergunto, como posso tratar os
outros diferentemente? O amor que Deus expressa por mim, que o
faz aguentar pacientemente minhas injustiças, tem que ser
transferido às outras pessoas através de mim. Eu decidi que não me
sentirei ofendido por ninguém, mas, pacientemente, suportarei
qualquer coisa que as pessoas fizerem contra mim. Esse atributo é,
também, uma expressão do fruto do Espírito.
O segundo atributo do amor é: o amor é bondoso. Eu
continuamente me faço a seguinte pergunta quando me interajo com
outras pessoas, Como posso ser bondoso com eles? Isso não
significa que o amor é bondoso com aqueles que merecem. A Bíblia
simplesmente diz, o amor é bondoso. Mesmo pessoas não cristãs
são bondosas com aqueles que são bondosos com eles. Nós
precisamos aprender como andar nesse tipo de amor de Deus e ser
bondoso com todos com quem nos interagimos.
Eu gosto de fazer as pessoas felizes. Eu acredito que se
sorrirmos para alguém, sempre receberemos um sorriso, pois as
pessoas sempre respondem à bondade. Porque o amor é bom e o
amor nunca falha, ser bondoso, portanto, nunca vai falhar. Sempre
que vejo uma pessoa com uma aparência miserável ou triste,
procuro ir até ela com um sorriso e, por vezes, falo uma coisa
agradável. Até mesmo pessoas ranzinzas respondem positivamente
e sorriem de volta para mim. A Bíblia nos ordena ser bondosos e
compassivos uns para com os outros.
O terceiro atributo do amor é: o amor não inveja. Será que já
olhamos para outras pessoas e desejamos ter aquilo que elas têm?
Será que desejamos fortemente ter relacionamentos que outros
irmãos têm com pessoas aparentemente proeminentes? A inveja
não se limita a bens materiais. Podemos invejar relacionamentos,
empregos, ministério, etc. Nunca deveríamos ser invejosos com o
que as outras pessoas têm ou fazem; deveríamos nos alegrar
porque elas são abençoadas. Esse é o verdadeiro amor.
Quando percebo que sinto inveja daquilo que as outras pessoas
têm, começo a orar por elas; tenho feito disso um hábito. Oro para
que Deus os abençoe e os prospere ainda mais. Eu costumava
invejar pessoas que tinham maior dom espiritual e maiores talentos
que eu. Eu percebi que pecava com tais pensamentos, por eles não
concordarem com o andar em amor Ágape; tive que me arrepender
disso e mudar o modo de sentir. Hoje posso me alegrar quando as
pessoas têm mais e são mais abundantemente abençoadas que eu.
Nós temos que guardar nossos corações da inveja, porque o amor
não inveja, e amar é a coisa mais importante da vida.
I Coríntios 13 é um capítulo tão maravilhoso, porque ele não
somente nos fala da importância do amor, mas, também, nos
descreve exatamente como amar e não nos deixa perdidos,
tentando descobrir o que o amor realmente é. Portanto, não temos
nenhuma desculpa para não andarmos em amor. É muito fácil testar
as nossas vidas e perceber se realmente amamos ou não. Basta
olharmos e vermos se temos inveja de alguém. Se tivermos; isso
significa que não estamos andando em amor e corremos o risco de
pensarmos que amamos quando, na verdade, não amamos.
O quarto atributo é: o amor não se vangloria. O que isso significa?
De acordo com o grego, isso significa: exaltar a si próprio ou
colocar-se em foco, ou seja, quando alguém faz dele mesmo,
constante-mente, se parecer melhor que qualquer outra pessoa. Se
tivermos que nos colocar em um pedestal para autoexaltação, isso
significa que não estamos andando em amor.
Sempre sinto desconfortável quando as pessoas tentam me
colocar em um pedestal. A carne gosta disso, porque essas coisas
alimentam nossa natureza carnal, mas isso não é andar em amor.
Essa é uma das razões pela qual nunca comecei “o ministério
Reinhard Hirtler”, que é uma coisa muito comum nos Estados
Unidos, onde vivi por 10 anos; ali muitas pessoas sugeriram que eu
começasse algo assim. Se andamos em amor Ágape e confiamos
em Deus, Ele mesmo vai nos levantar e nos promover.
O quinto atributo é: o amor não é arrogante. O significado original
aqui é: estar empanturrado e cheio15 de si. Essas são expressões
usadas para falar de orgulho e arrogância. O amor nunca é
orgulhoso, pois caminha em humildade.
A Bíblia usa uma linguagem muito forte para nos advertir contra o
orgulho. Ela diz que Deus resiste os orgulhosos. Jesus é o nosso
maior exemplo de humildade. Ele, voluntariamente, se fez servo do
homem. Por si mesmo, Jesus abandonou sua alta posição no céu e
se humilhou em forma de homem. Humildade é uma expressão do
verdadeiro amor. Nunca vai falhar. Uma das coisas mais
desprezíveis é o orgulho; ele é como o mal hálito: todos a sua volta
percebem o mal cheiro de sua boca, exceto você. Por isso
precisamos meditar nos atributos do amor postos em I Coríntios 13,
para que a Palavra de Deus possa mudar nosso comportamento.
O sexto atributo do amor é: o amor nunca age rudemente. A
palavra grega empregada para esse atributo é usada somente duas
vezes em todo o Novo Testamento, e uma delas está neste
versículo. O seu significado é: não comportar inapropriadamente,
mas agir com o devido respeito. É bom nos perguntar esta questão
em todas as situações de nossas vidas diárias, será que agimos
respeitosamente com todas as pessoas com quem nos
encontramos? Será que honramos nosso chefe e as pessoas com
quem trabalhamos? Será que agimos de modo que edificamos
pessoas? Será que as pessoas gostam de ficar ao nosso redor ou
elas nos evitam por causa do nosso comportamento inapropriado?.
O sétimo atributo é: o amor não age egoisticamente. O egoísmo é
um sinal da falta de amor. A Bíblia nos adverte que nos últimos dias
as pessoas seriam egoístas. Se nós nos lembrássemos, todos os
dias, de que o amor não busca seu próprio interesse, mas antes o
dos outros, nossos relacionamentos seriam muito mais
significativos. Muitas vezes, interagindo com os outros, nos
momentos em que estou cansado, percebo que não quero mais
ouvi-los; então, digo para mim mesmo que o amor não busca seu
próprio interesse. Se cada cristão vivesse livre do egoísmo e
servisse a Deus e aos outros nesse caminho, creio que a Igreja
seria o sal e a luz da Terra e, outra vez, seria conhecida como
deveria.
O oitavo atributo é: o amor não se enfurece facilmente. Se
verdadeiramente andarmos no tipo do amor Ágape de Deus, nada
nem ninguém poderá nos provocar. Eu creio que essa seja a chave
para a vitória em todo relacionamento. A violência gera violência, o
ódio gera ódio, mas só o amor supera essas coisas. Precisamos
aprender, de todas as maneiras, a andar no tipo de amor de Deus
em todos os relacionamentos de nossas vidas. Isso resolveria todos
os conflitos em nossos relacionamentos.
Imagine, por um momento, se nada pudesse nos provocar;
imagine que ninguém pudesse nos tirar do sério, somente assim
poderíamos dizer que estaríamos andando em amor Ágape. Se nos
sentimos provocados, isso significa que o comportamento e as
ações de outras pessoas ditam o modo com reagimos. Caso nossa
vida seja uma reação às ações dos outros, não passamos de um
eco. Vale ressaltar que o amor é uma voz e não andamos em amor
quando nos posicionamos como eco.
O nono atributo é: o amor não pensa o mal. O amor nunca irá
julgar outras pessoas. Ele se recusa a pensar qualquer coisa ruim
sobre os outros. Eu fre-quentemente falhava nessa área quebrando
esse atributo do amor. Hoje, sempre que sou tentado a julgar ou a
pensar alguma coisa ruim sobre alguém, transformo esse
pensamento em oração por tal pessoa, porque o amor não pensa o
mal; tenho feito disso um hábito. Muitas vezes, acontece que vejo
coisas aparentemente muito ruins nas vidas de muitas das pessoas
e, em momentos assim, não permito que maus pensamentos sobre
essas pessoas fiquem em minha mente. Constantemente recordo-
me de que o amor não pensa o mal, por essa razão, não tenho
maus pensamentos a respeito de ninguém.
Ouvi, certa vez, que um grupo de mulheres se ajuntava
regularmente para orar. Todavia, todas as vezes que se
encontravam para orar, começavam a fofocar. Sempre falavam mal
de muitas outras pessoas. Mas, entre elas, havia uma mulher que
andava em amor Ágape. Cada vez que as outras mulheres
começavam a falar coisas ruins sobre os outros, essa mulher dizia
alguma coisa boa sobre a mesma pessoa, porque ela se recusava a
pensar mal sobre qualquer um. Uma dessas fofoqueiras decidiu
criticar o diabo para ver a reação daquela mulher que sempre tinha
boas coisas para falar dos outros. Aconteceu que, ao falarem mal do
diabo, perguntaram-na o que pensava sobre ele. Ela respondeu:
Com certeza, o diabo trabalha muito.
O décimo e o décimo primeiro atributos estão conectados entre si
e são: o amor não se alegra na iniquidade, mas se alegra na
verdade. O significado aqui é que o amor não irá se alegrar quando
os outros receberem algo negativo ou alguma punição que julgamos
serem merecidas a eles. O amor não faz isso, pois o amor é
misericordioso. Se andarmos em amor, situações assim nos
machucarão e, de modo algum, nos alegraremos quando vermos as
outras pessoas sofrerem consequências trágicas de suas más
escolhas.
O amor não se regozijará em casos como esse, mas preferirá
sentir a dor daqueles que estão envolvidos. O amor se regozijará
com a verdade. Diferentes comentaristas têm diferentes
entendimentos sobre esse versículo. Eu acredito que essas duas
frases estão conectadas. O amor verdadeiro não irá se regozijar
com o sofrimento nem com as consequências ruins sofridas por
outras pessoas, mas se alegrará com o bem estar de todos.
O décimo segundo atributo, é: o amor suporta todas as coisas. O
verdadeiro significado dessa sentença é: cobrir ou guardar segredo.
O verdadeiro amor nunca expõe, mas cobre ou protege seus irmãos
em todas as circunstâncias. É muito simples entender essa
afirmação. Simplesmente aplique-se à regra de ouro posta por
Jesus: como quereis que as pessoas vos tratem, assim fazei a elas
da mesma maneira (Lucas 6:31). Não façamos como a maioria das
pessoas falam, faça com os outros do mesmo modo que fizeram
com você. Imagine você falhando ou sendo pego em pecado. Você
gostaria de ser exposto ou protegido e perdoado? O amor suporta
todas as coisas.
O décimo terceiro atributo é: o amor crê em todas as coisas. Isso
não significa que quando andamos em amor acreditamos em todas
as coisas loucas que as pessoas nos contam. O amor crê em todas
as coisas significa que nós não acreditamos que as pessoas têm
más motivações quando se trata daquilo que fazem ou fizeram
conosco; mesmo que tais ações nos machuquem de certa forma,
quando andamos no amor Ágape de Deus, permanecemos crendo
que tais pessoas agiram fundamentadas em boas motivações. Em
outras palavras, o amor não julga as motivações que estimulam as
ações das pessoas. O amor sempre acredita no melhor de cada um.
O décimo quarto atributo é: o amor espera todas as coisas. O
amor nunca desiste de alguém. Nós sempre iremos esperar o
melhor das pessoas. Quando não houver alguma razão para
acreditar em algo bom de uma pessoa, então, o amor vem com sua
esperança.
Precisamos entender que cada pecador tem um futuro e cada
santo tem um passado. Assim como o passado de cada santo foi
removido pelo sangue de Jesus Cristo, o passado de cada pecador
ainda pode ser removido pelo mesmo sangue, dando a ele um
futuro. É o amor que recusa desistir. É o amor que continuamente
dá outra chance. É o amor que recusa acreditar que não há mais
esperança para uma pessoa particularmente envolvida.
Finalmente, o décimo quinto atributo é: o amor suporta todas as
coisas. Está é uma palavra muito poderosa. Ele significa sofrer
pacientemente ou suportar o infortúnio com calma e bravura. Se
andamos em amor, não haverá nada que as pessoas possam fazer
a nós que não sejamos capazes de suportar. Cristo foi o nosso melh
or exemplo disso. Sofrendo da forma mais cruel, Ele suportou com
coragem e força, pois foi motivado pelo amor Ágape. O significado
de o amor suporta todas as coisas, não se restringe a tolerar o
sofrimento, mas se estende ao suportá-lo com bravura e coragem
como Cristo fez. É assim que os mártires da Igreja primitiva
caminharam em vitória. Eles não somente toleraram seu sofrimento,
mas, com bravura, suportaram-no e amaram seus inimigos. Quando
olhamos para esses 15 tributos em I Coríntios 13, podemos ver que
eles têm uma coisa em comum: todos mostram que o amor sofre
voluntariamente.

15 Em inglês, as palavras utilizadas foram “bloated” e “puffed up”


que podem significar, em português, tanto “empanturrados” quanto
“inchados”. São palavras que expressam bem o sentimento de estar
cheio de algo. Ainda podem ser traduzidas como “ensoberbecer”,
dependendo do contexto em que são empregadas.
13
O
Em I João 3:18 diz, Filhinhos, não amemos de palavras nem de
boca, mas sim de atitudes e em verdade. Nesse versículo, a Bíblia
faz uma afirmação muito clara: o amor sem ação não é
suficientemente bom. É muito barato dizer, eu te amo. Isso não nos
custa muito.
Eu me lembro de que, no início de nosso casamento, passamos
por momentos difíceis em nosso relacionamento. Um dia, eu disse à
minha esposa que a amava. Então, ela me falou, pare de dizer que
me ama, a menos que você mostre isso para mim. Nunca me
esqueci daquelas palavras. O que ela me disse era muito bíblico,
porque João disse para não amarmos somente em palavras, mas,
também, em ações. Eu precisava ouvir aquilo. Foi uma boa alerta
para mim. Meu amor era focado e expresso principalmente em
palavras, e não em ações. Desde então, procuro mostrar meu amor
por minha esposa em ações, e não somente em palavras vazias.
Este é o tipo de amor que nunca falha: o amor em ação. I Pedro 3:8
diz:
Concluindo, tende todos vós o mesmo modo de pensar,
demonstrai compaixão e amor fraternal, sede
misericordiosos e humildes.
Você e eu fomos chamados para herdarmos uma bênção de
Deus. Para herdarmos essa benção, precisamos amar até mesmo
aqueles que tenham feito mal contra nós. Isso significa que temos o
direito de receber a bênção de Deus, pois cumprimos as condições
postas pela promessa. Jesus pagou por todas as bênçãos que
pertencem a nós, e nós as recebemos pela fé. Entretanto, a lei
espiritual de plantar e colher é uma realidade. Se plantamos o mal,
colheremos o mal. Se plantarmos compaixão, colheremos
compaixão.
Abençoamos as pessoas não somente com nossas palavras, mas
com aquilo que fazemos por elas. Somente dizer Deus te abençoe
para a pessoa que nos machuca ou nos faz o mal pode soar nada
mais que mera religiosidade. Se, de fato, queremos abençoá-los,
temos que mostrar nosso amor com ações de bondade. I João 3:17
diz,
Se alguém possuir recursos materiais e, observando seu
irmão passando necessidade, não se compadecer dele,
como é possível permanecer nele o amor de Deus?
Mais uma vez, as escrituras claramente nos mostram que o amor
Ágape não é constituído somente por meras palavras, mas por
ação. Se nosso irmão tem necessidade e temos muitos bens
materiais, as palavras: Deus te abençoe, eu te amo, não serão
suficientes para, de fato, expressarmos o verdadeiro amor Ágape de
Deus.
A Bíblia diz que se fecharmos os nossos corações aos nossos
irmãos que têm necessidade material, o amor de Deus não
permanecerá em nós. O amor é ação e não palavras. Como vimos
anteriormente, Deus não nos disse que nos ama simplesmente, mas
Ele mostrou o seu amor por nós através de ações e, portanto,
devemos fazer o mesmo. O amor não é um sentimento, mas é uma
escolha e deve ser colocada em ação como a Bíblia nos pede para
fazer.

A FORTE ADVERTÊNCIA
Em I João 2:15 está escrito, Não ameis o mundo nem o que nele
existe. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Essa
é uma escritura sóbria. Não quero entrar em profundos detalhes
sobre ela. Precisamos, desesperadamente, do amor do Pai
permanecendo em nós, porque há em nós mesmos o tipo do amor
Ágape de Deus. Deus nos adverte nesse versículo que se amamos
o mundo ou as coisas que nele há, não podemos ter o amor do Pai
em nós. É urgente entendermos que as escrituras nos ensinam que
Deus nos dá todas as coisas para nossa alegria. O ponto central
não está naquilo que possuímos, mas naquilo que nos possui.
Nenhuma coisa material deve agarrar nossos corações16.
Essa advertência não condena ter coisas neste mundo, mas, sim,
em amar as coisas deste mundo. Há uma grande diferença entre
usufruir com alegria as bênçãos materiais dadas por Deus e amar
essas coisas a ponto de deixá-las dominar nossos corações. É
muito fácil testarmos a nós mesmos quanto ao nos alegrar ou ao
amar profundamente as coisas desse mundo; para isso, basta
observarmos o modo como reagimos quando não as temos ou
quando elas são retiradas de nós. Se nossa reação ao perder coisas
materiais manifesta ira, agressão, chateação ou perdermos o sono
pensando nessa perda, precisamos nos perguntar porque reagimos
assim. Certamente, tudo isso só revela que não temos usufruído das
coisas materiais somente, mas as temos amado.
Fui pregar em uma Igreja por vários dias, aqui no Brasil. Em uma
manhã, meu tradutor ligou para mim no hotel onde minha esposa e
eu nos hospedávamos. Ele perguntou se poderia ir ao hotel para
levar uma amiga que havia machucado sua coluna, pois queria que
eu orasse por ela, e eu disse que sim. Minha esposa e eu
esperamos por eles, mas não apareceram nem justificaram o motivo
pelo qual não foram até lá.
Naquela noite, fui para o culto e preguei sobre a importância de
ser livre do amor às coisas deste mundo. Durante a pregação,
apresentei a seguinte situação: Como sabemos se nosso carro está
em nossa garagem ou em nosso coração? A resposta é simples,
disse: imagine se alguém ao tomá-lo emprestado sofre um acidente
e estraga o carro, como reagiríamos nessa situação? Certamente,
nossa reação mostraria se nosso carro está em nosso coração ou
apenas em nossa garagem. Se a ira se manifestar, provamos que
amamos as coisas desse mundo e não somente usufruímos delas.
Mas se dissermos, Ah! bem, é apenas um carro. Deus irá prover
todas as coisas. Se agirmos assim, sem ira ou arrependimento por
ter emprestado o carro que estragou, provamos que o carro está na
garagem, e não em nosso coração. Depois do culto, meu tradutor
contou-me a seguinte história: ele me disse que não tinha carro até
o momento e, por isso, havia pedido a um membro da Igreja para
levar sua amiga e ele até o hotel para que eu pudesse orar com a
moça. No caminho ao hotel, eles se envolveram em um acidente
com uma motocicleta, amassando o carro do irmão. O dono do carro
ficou tão nervoso que se recusou a chegar ao hotel para a moça
receber a oração; ele preferiu deixá-la num hospital público.
Eu só soube dessa situação após o culto, mas inspirado pelo
Espírito Santo, usei o exemplo do carro em meu sermão. O dono
daquele carro foi tão movido pela mensagem naquela noite que
tomou uma decisão radical; ele imediatamente pegou as chaves de
seu carro e as entregou para outro membro da Igreja que precisava
de um carro desesperadamente.
Algo poderoso aconteceu depois daquilo. O homem que deu o
carro era um jogador semi-profissional de vôlei e havia machucado
o seu joelho 6 meses antes desse incidente. Os médicos não
podiam ajudá-lo e ele vivia constantemente com dor, o que o
impedia de continuar jogando vôlei.
Depois dessa decisão radical, seguida por sua ação naquela
noite, Deus curou o seu joelho sobrenaturalmente. Ele corria e
pulava para mostrar o milagre de Deus. Veja quão poderosa é a
Palavra e quão grande é o amor de Deus. Enquanto aquele irmão
amava as coisas deste mundo, o amor do Pai não estava nele,
assim como está escrito I João 2:15. Todavia, uma vez que ele se
arrependeu e mostrou o fruto de seu arrependimento pelas suas
ações, o amor do Pai curou o seu joelho.

16 O assunto sobre questões materiais em nossos corações é


tratado mais amplamente em outro livro do mesmo autor. Esse livro
traz a questão do dinheiro mais profundamente e mais claramente à
luz da Palavra de Deus.
14
Q
Todos querem saber como podemos andar no poder de Deus. É
importante para nós andarmos no poder de Deus, porque a Bíblia
diz que o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder de
Deus. (I Coríntios 4:20). Jesus nos ensinou a orar, Venha o Teu
reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. (Mateus
6:10). É óbvio que o desejo de Deus é que seu poder seja manifesto
na terra através de seus filhos. Esse deveria ser nosso desejo
também.
Mas, como o poder de Deus pode ser ativado e expresso em
nossas vidas? Gálatas 5:6 diz, Porquanto em Cristo Jesus, nem a
circuncisão nem a incircuncisão têm qualquer valor; mas sim a fé
que opera pelo amor. Essa é uma escritura poderosa! A palavra
“operar” significa energizar. Em outras palavras, a fé recebe sua
energia através do amor. Isso significa que sem o amor Ágape,
nossa fé não tem uma energia divina.
Imagine-se comprando uma BMW zero quilômetro com um
poderoso motor V-8. Você orgulhosamente me convida para ver seu
carro. Então, você abre o capô e me mostra o motor. Quando sento-
me no banco do motorista e peço para dirigir seu carro, você com
alegria me passa a chave. Tento ligar o carro, mas nada acontece.
O carro não liga. O que há de errado? Um pequeno detalhe
importante: não há gasolina no tanque!
Este é o significado da escritura em Gálatas 5:6. O amor é a
gasolina para nossa fé. Se nossa vida de fé não traz resultados,
precisamos checar nossa vida no amor Ágape, pois a fé recebe o
seu combustível pelo andar no amor de Deus em nossas vidas. Se
não tivermos gasolna, a única opção que nos resta é empurrar o
carro. Isso vai dar certo ladeira abaixo e, talvez, com muito esforço
numa estrada reta; mas assim que houver uma pequena inclinação,
estaremos com problemas.
É assim que funciona a fé de muitos cristãos. É como empurrar
um carro. Enquanto tudo vai bem, eles vão bem. Mas assim que há
o mais singelo obs-táculo ou se eles enfrentam uma crise, a fé deles
não funciona mais. Isso acontece porque vivem a vida empurrando
carros, o que não funciona quando se tem que subir uma ladeira. É
na crise da vida que veremos se nossa fé tem energia ou não. Se
nós verdadeiramente caminhamos em amor, nossa fé terá energia e
poder para gerar resultados em qualquer crise que atravessarmos.
Deixe-me dar um exemplo prático: vários meses atrás minha
esposa e eu fomos ao estado mais pobre do Brasil. Fomos tocados
pela terrível necessidade das crianças que moram nas ruas de lá.
Ouvimos que garotas de sete anos de idade se prostituem por um
real e, assim, conseguem dinheiro para comprarem comida.
Ouvimos sobre um irmão da Igreja que é motorista de caminhão.
Um dia, ele parou em um posto de gasolina para um breve
descanso, quando uma garotinha se aproximou dele e se ofereceu
para prostituir em troca de comida. Ele se compadeceu dela e
adotou-a como filha, retirando aquela pequena criança de uma vida
miserável na prostituição.
Ao voltamos para a casa, choramos por semanas, pois fomos
profundamente tocados pela necessidade e carência daquelas
crianças. Então, decidimos ir além das lágrimas e fazer alguma
coisa para ajudar aqueles meninos e meninas. Os pastores de lá
têm um coração aberto para prestar-lhes socorro, mas não têm
recurso necessário para isso. Conversamos com eles e resolvemos
ajudá-los na construção de um orfanato. Orçamos o projeto que
ficou em aproximadamente R$ 700.000,00.
O fato é que temos muito pouco em recurso, mas temos a fé em
Deus que Ele proverá o dinheiro necessário para salvar essas
crianças. De onde nossa fé recebe energia? Ela recebe do amor,
porque a fé é energizada pelo amor. Se tentarmos viver uma vida de
poder e de vitória em Deus pela fé, mas sem amor, certamente a fé
irá falhar. Mesmo se tivermos fé para mover montanhas, se não
tivermos amor, de nada será. O amor nunca falha.
Se quisermos outra prova do quanto a fé e o amor são
claramente conectados nas escrituras, basta olharmos para um dos
ensinos mais poderosos dado por Jesus em Marcos 11:23 e 24,
E, com toda a certeza eu vos asseguro, que se qualquer
pessoa ordenar a este monte: “Levanta-te e lança-te no
mar, e não houver dúvida em seu coração, mas crer que
se realizará o que pede, assim lhe será feito. Portanto,
vos afirmo: tudo quanto em oração pedirdes, tenhais fé
que já o recebestes, e assim vos sucederá.
Neste texto, vale assinalar algumas palavras chaves como as
presentes no versículo 24: ore, acredite, receba. Jesus explica como
as nossas orações têm poder quando acreditamos. Seu ensino aqui
é todo sobre fé. Note que Jesus não falou em capítulos e versículos,
Ele simplesmente apresentou esses fatos. Ele continuou seu ensino
sobre oração e fé no versículo 25 quando disse,
Mas, quando estiverdes orando, tiverdes algum
ressentimento contra alguma pessoa, perdoai-a, para
que, igualmente, vosso Pai celestial vos perdoe as
vossas ofensas.
Por que Jesus fez uma clara ligação entre fé e perdão? Porque o
amor perdoa. A Bíblia diz que o amor não se recorda do mal (I
Coríntios 13:5 - tradução da Nova Versão Internacional).
No entanto, as coisas que as pessoas fizeram contra nós não
serão apagadas de nossa memória, mas ainda temos que escolher
se vamos ou não perdoar como Deus perdoa.
A Bíblia diz em Hebreus 8:12, Deus não se recorda dos nossos
pecados. Deus não é esquecido, mas Ele escolhe não se lembrar
mais dos nossos pecados. É assim que também temos de perdoar,
para que nossa fé funcione verdadeiramente. Temos que escolher
não mais nos lembrar dos pecados que as pessoas cometeram
contra nós. Jesus também liga fé ao amor em I João 3:21 quando
diz, Portanto, amados, se o nosso coração não nos condena, temos
coragem diante de Deus. Nesse versículo, outra vez, a Bíblia faz
uma conexão entre oração, receber e amar. Não podemos andar na
fé bíblica que traz resultados sobrenaturais, sem andarmos no tipo
de amor Ágape de Deus, porque sem ele a nossa fé não terá
energia.
Uma vez, pregava em uma Igreja na Europa. Depois da reunião,
fui orar com os doentes. Uma senhora, que estava com muita dor,
pediu que eu orasse por ela. Ela me apresentou três problemas: um
ombro machucado que não podia mover, úlceras no estômago e a
coluna fraturada. Quando coloquei minhas mãos sobre ela, o
Espírito de Deus falou comigo, A razão pela qual ela está doente é
porque ela não anda em amor com seu irmão e não o perdoou. Eu
não queria falar isso com ela, porque pensei que se eu tivesse
ouvido Deus errado, soaria como se estivesse julgando-a. Contudo,
o Espírito de Deus insistiu que eu falasse. Ele ainda acrescentou
que quando eu falasse com ela, Ele curaria o seu ombro como um
sinal de seu amor por aquela mulher. Mas ela tinha que perdoar o
irmão e andar em amor para com ele e, caso isso não acontecesse,
seu ombro voltaria a doer; ainda, nem o estômago nem a coluna
seriam curados.
Ao falar isso para ela, percebi o quanto havia ficado nervosa.
Então, orei por ela, e seu ombro foi imediatamente curado. Ela saiu
chorando por ter experimentado o milagre; pegou o celular e ligou
para o seu irmão. Ela pediu perdão para ele, disse que o perdoava e
que o amava. Havia 16 anos que eles não se falavam. Depois que
ela o perdoou, a coluna e o estômago daquela mulher foram,
também, curados.

A LIÇÃO DA CEIA DO SENHOR


Vamos olhar o que a Bíblia nos diz em I Coríntios 11:17-34,
Apesar de tudo, não vos elogiarei quanto a instrução que
passo a vos dar agora, porquanto as vossas reuniões
produzem mal e não bem! Em primeiro lugar, porque
ouço dizer que há divisões entre vós quando vos reunis
como Igreja; e até certo ponto acredito que isso esteja
ocorrendo. Todavia, se faz necessário que haja
divergências entre vós, para que os aprovados se tornem
conhecidos em vosso meio. Pois, quando vos reunis
como Igreja, não é para comer a ceia do Senhor. Porque,
quando comeis, cada um toma antes a sua própria ceia
sem esperar pelos outros. E, dessa maneira, enquanto
um fica com fome, outro se embriaga. Será que não
tendes casas onde podeis comer e beber? Ou, de fato,
desprezais a Igreja de Deus, humilhando os que nada
possuem? Que vos direi? Acaso vos elogiarei por isso?
Certamente que não vos elogio por essas atitudes! Pois
eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o
Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e,
logo após haver dado graças, o partiu e disse: isto é o
meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em memória de
mim. Do mesmo modo, depois de comer, Ele tomou o
cálice e declarou: “Este cálice é a nova aliança no meu
sangue. Fazei isto todas as vezes que o beberdes, em
memória de mim”. Portanto, todas as vezes que
comerdes deste pão e beberdes deste cálice proclamais
a morte do Senhor até que Ele venha. Por esse motivo,
quem comer do pão ou beber do cálice do Senhor
indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o
sangue do Senhor. Examine, pois, cada um a si próprio,
e dessa maneira coma do pão e beba do cálice. Pois
quem come e bebe sem ter consciência do corpo do
Senhor, come e bebe para sua própria condenação. E
por essa razão, há entre vós muitos fracos e doentes e
vários que já dormem. Contudo, se nós tivermos a
cautela de julgar a nós mesmos, não seríamos
condenados. No entanto, quando somos julgados pelo
Senhor, estamos sendo corrigidos a fim de que não
sejamos condenados juntamente com o mundo. Portanto,
meus caros irmãos, quando vos reunirdes para comer da
Ceia, aguardai uns pelos outros. Se alguém tiver fome,
coma em casa, para que, quando vos reunirdes, isso não
seja para a vossa própria condenação. Quanto às demais
orientações, pessoalmente vos instruirei, assim que
puder visitar-vos.
Nesse texto, o apóstolo Paulo nos dá claras instruções como
também sérias advertências. Essa verdade quase não é falada na
Igreja hoje. Geralmente, não se fala das advertências ou não se
explica nada sobre elas. Precisamos, entretanto, observar tanto as
instruções quanto as advertências da Bíblia seriamente. O versículo
17 diz,
Apesar de tudo, não vos elogiarei quanto a instrução que
passo a vos dar agora, porquanto as vossas reuniões
produzem mal e não bem!
Paulo expressa uma verdade importante nesse versículo. Ele
disse que quando as pessoas na Igreja em Corinto se reuniam não
era para o melhor, mas para o pior. Quando nos reunimos como
cristãos, deveríamos ser edificados e fortalecidos, mas nunca
enfraquecidos. A Igreja em Corinto sofreu algumas sérias
consequências por causa do modo como se reuniam. Como isso
pode ser?
As escrituras dizem claramente nos versículos 30 e 32 que havia
pessoas na Igreja que estavam doentes e alguns até haviam
morrido17 prematuramente por causa do modo como se reuniam. É
importante destacarmos que essa Igreja é a mesma que usava os
dons do Espírito abundantemente, como os dons de cura e os dons
de milagres. Vamos ler, cuidadosamente, os versos 29 a 32 outra
vez:
Pois quem come e bebe sem ter consciência do corpo do
Senhor, come e bebe para sua própria condenação. Por
essa razão, há entre vós muitos fracos e doentes e vários
que já dormem. Contudo, se nós tivemos a cautela de
julgar a nós mesmos, não seríamos condenados. No
entanto, quando somos julgados pelo Senhor, estamos
sendo corrigidos a fim de que não sejamos condenados
juntamente com o mundo.
Para entendermos essa passagem, precisamos fazer algumas
perguntas e olhar para o contexto. A razão pela qual as pessoas
estavam doentes e morriam prematuramente era porque caíam
debaixo do julgamento de Deus. Mas, por que o julgamento de Deus
veio aos cristãos de Corinto? Essa Igreja tinha muitos problemas e
comportamentos pecaminosos, incluindo imoralidade sexual
(capítulo 5), um processo judicial contra um irmão (capítulo 6),
divórcio (capítulo 7) e idolatria (capítulos 8 a 10). Na verdade,
nenhum desses sérios pecados trouxe o julgamento de Deus para
eles.
O julgamento ou punição que estava sobre os coríntios era
porque esses irmãos tomavam a Ceia do Senhor de um modo não
digno (Versículo 29). Alguns pregadores dizem que isso significa
que havia incrédulos participando da Ceia sem serem salvos. O
contexto claramente nos mostra que isso não era verdade. O
versículo 32 diz que quando somos julgados somos corrigidos pelo
Senhor, para não sermos condenados com o mundo. Está claro,
nesse texto, que Paulo está falando com a Igreja, e não com
pessoas do mundo.
É interessante, ainda, observar aquilo que Paulo disse no
versículo 29, Pois quem come e bebe sem ter consciência do corpo
do Senhor, come e bebe para sua própria condenação. A palavra
original grega traduzida como maneira indigna não é um adjetivo
descrevendo uma condição da pessoa que participou erroneamente
da Ceia do Senhor, mas essa palavra é um advérbio que descreve a
maneira como eles participavam da Ceia. Logo, é incoerente,
segundo esse texto, pensarmos que Paulo escreveu para não
cristãos.
O problema em Corinto foi que eles não discerniam o corpo do
Senhor. É isso que Paulo disse ao escrever sobre tomar a Ceia do
Senhor de modo indigno, como escrito no versículo 29. Assim
sendo, vale perguntar, Quem é o corpo de Cristo? O que é o corpo
de Cristo? Todo cristão deveria saber a resposta: a Igreja é o corpo
de Cristo. Efésios 1:22 e 23 diz,
Também sujeitou tudo o que existe debaixo de seus pés
e o designou cabeça sobre absolutamente tudo que há, e
o concedeu à Igreja, que é o seu corpo, a plenitude
daquele que satisfaz tudo quanto existe, em toda e
qualquer circunstância.
O corpo de Cristo é a Igreja. A razão pela qual as pessoas da
Igreja de Corinto estavam doentes e alguns morriam
prematuramente era porque não discerniam uns aos outros como
Igreja. Cada pessoa que aceitou Cristo como seu salvador é parte
da Igreja, o corpo de Cristo. Do modo como apresento, discernir o
corpo de Cristo no contexto do I Coríntios 11 significa andar em
amor com seus irmãos e com suas irmãs. Essas pessoas, como
vemos no capítulo 12, tinham dons de cura, de milagres e de fé
entre eles e, ainda assim, muitos estavam doentes. Paulo não diz
que algumas pessoas ficaram doentes ou morreram, mas ele diz
muitos (versículo 30). Eu me pergunto: por que muitos cristãos
estão doentes na Igreja hoje, mesmo aqueles que em outras áreas
de sua vida vivem uma vida de fé e de certa prosperidade? Por que
pessoas recebem tantas outras coisas e não a cura divina? Creio
que há certas coisas em relação à cura divina que nós nunca
entenderemos até chegarmos ao céu. Sempre haverá a pergunta:
por que algumas pessoas não foram curadas? Precisamos entregar
essas questões nas mãos de Deus.
Quero deixar muito claro que não penso que todas enfermidades
dos cristão estão sempre ligadas a pecados em suas vidas. No
entanto, não quero ignorar a advertência das escrituras em relação
às consequências de não se andar em amor para com o corpo de
Cristo. Mas, o que significa exatamente não discernir o corpo?
Vejamos os versículos 21 e 22.
Porque, quando comeis, cada um toma antes a sua
própria ceia sem esperar pelos outros. E, dessa maneira,
enquanto um fica com fome, outro se embriaga. Será que
não tendes casas onde podeis comer e beber? Ou, de
fato, desprezais a Igreja de Deus, humilhando os que
nada possuem? Que vos direi? Acaso vos elogiarei por
isso? Certamente que não vos elogio por essas atitudes!
Como eles não discerniram o corpo de Cristo? Eles fizeram isso
por desprezarem a Igreja de Deus. Eles não discerniram que
estavam em aliança com seus irmãos e irmãs, não andando no tipo
do amor de Deus em relação aos outros; mas viviam
dissolutamente, cada um considerando sua própria vontade.
Como era a Ceia do Senhor na Igreja de Corinto? Não era nos
modos como a celebramos hoje. Eles não comiam somente um
pedaço de pão e tomavam um pouco de vinho. Eles faziam uma
refeição, o que era muito comum naqueles dias.
Quando Jesus celebrou a última Ceia com os discípulos,
instruindo-os sobre como realizá-la, Ele fez isso em uma refeição.
As refeições eram muito importantes naquela cultura e, ainda hoje,
continuam importantes na maioria das culturas do mundo. Os
irmãos da Igreja de Corinto se reuniam para essa refeição. Alguns
entre eles eram ricos e tinham muito, enquanto outros, que eram
pobres, não tinham nada. Mas eles pertenciam à mesma Igreja e
tinham uma aliança um com o outro.
Todavia, o que acontecia frequentemente era que, enquanto
alguns comiam até se encherem e ficarem bêbados, outros
passavam fome. Isso mostra o quanto eles não andavam em amor.
Mas, por que isso era tão ofensivo para o Senhor a ponto de punilos
na forma de doença? Porque a ação daqueles irmãos desprezou o
trabalho da cruz. Enquanto Cristo unificou todas as pessoas de
todas as classes e de todas as raças diante do seu criador, a Igreja
de Corinto separava os ricos dos pobres.
Tiago faz uma severa advertência contra o sistema de classe na
Igreja e contra o não andar em amor. Isso era exatamente o que os
Coríntios faziam. Vejamos o texto em Tiago 2:1 a 13,
Caros irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor
Jesus Cristo, não façais acepção de pessoas, tratando-
as com preconceito e parcialidade. Se, por assim dizer,
entrar na vossa Sinagoga, algum homem com anéis de
ouro nos dedos, trajando roupas caras e, ao mesmo
tempo, entrar uma pessoa pobre, vestindo roupas velhas
e sujas, e tratardes com atenção especial ao homem
bem trajado e o honrardes dizendo: “Eis aqui um lugar
digno da tua pessoa. Assenta, pois”, mas disserdes ao
pobre: “Tu, podes ficar ali em pé!” Ou “assenta-te no
chão, próximo ao estrado onde ponho os meus pés”, não
fizestes discriminação preconceituosa e vos tornastes
como juízes que usam critérios perversos? Ouvi, meus
amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o
mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros
do reino que Ele prometeu aos que o amam? Contudo,
vós tendes menosprezado o pobre. E não são os ricos
que vos oprimem? Não são eles que vos arrastam para
os tribunais? Não são os ricos que blasfemam o bom
nome que sobre vós foi invocado? Se vós, entretanto,
observais a Lei do Reino, como está registrado na
escritura que ordena: “Amarás o teu próximo como a ti
mesmo”, então estareis agindo corretamente; se, todavia,
tratais as pessoas com parcialidade, estareis incorrendo
em pecado e sereis condenados pela Lei como
transgressores. Porquanto, quem obedece a toda a Lei,
mas tropeça em apenas uma das suas ordenanças,
torna-se culpado de quebrá-la integralmente. Pois Aquele
que proclamou: “Não adulteraras”, também orde-nou:
“Não matarás”. Ora, se não adulteras, porém cometes
um assassinato, te tornaste da mesma forma,
transgressor da Lei. Falai e procedei com todos, como
quem haverá de ser julgado pela Lei da liberdade; pois
será exercido um juízo sem misericórdia sobre quem
também não usou de compaixão. A graça triunfa sobre o
juízo!
Tiago fala sobre o fato de algumas pessoas serem tratadas com
mais importância que outras na Igreja, o que era exatamente o que
os Coríntios faziam. No versículo 9, ele nos fala a razão de isso ser
tão terrível, Se, todavia, tratais as pessoas com parcialidade,
estareis incorrendo em pecado e sereis condenados pela Lei como
transgressores, então estareis agindo corretamente.
Não importar com nosso irmão ou irmã é pecado, um pecado
muito sério, porque estamos em aliança um com o outro. A Igreja de
Corinto participava da Ceia, que é uma celebração da aliança com
Deus e com todos os seus filhos. Essa é uma celebração de amor.
Todavia, o comportamento dos Coríntios desafiava essa aliança,
pois eles não andavam em amor. Não estamos falando sobre
perfeição, ou seja, uma vida sem pecado, mas falamos sobre pecar
e não se arrepender, sobre o não andar em amor em relação ao
corpo de Cristo e acreditar que Deus não se importa com isso.
Por que Deus traz o julgamento sobre os seus filhos em forma de
doença quando eles não andam em amor? Em I Coríntios 11:32,
encontramos a resposta:
No entanto, quando somos julgados pelo Senhor,
estamos sendo corrigidos a fim de que não sejamos
condenados juntamente com o mundo.
Será que Deus quer que seus filhos fiquem doentes?
Absolutamente, não! Jesus morreu para sarar nossas enfermidades;
Ele quer que vivamos com saúde. A palavra grega traduzida como
corrigidos significa, em sua raiz, ser treinado. Podemos então
compreender que Deus quer nos treinar para andarmos em seu
perfeito amor Ágape.
Como mencionado anteriormente, quando nossa fé não funciona,
precisamos checar nossa caminhada de amor. Volto a dizer que
nem toda doença é causada pelo pecado propriamente, o que nos
leva a compreender que precisamos checar nossa caminhada de
amor. Como checamos nossa caminhada de amor? Paulo nos diz
que em I Coríntios 11:28, Examine, pois, cada um a si próprio, e
dessa maneira coma do pão e beba do cálice. Precisamos examinar
nossas próprias vidas para ver se andamos em amor em relação ao
corpo de Cristo. Quando examinamos nossas vidas, precisamos
pedir ao Espírito Santo sondar nossos corações e nos revelar se
andamos em amor ou não. Não devemos permitir que o diabo traga
condenação para nós através deste ensino. Precisamos, portanto,
de ter o coração aberto para o Espírito Santo nos revelar o que Ele
quer que seja mudado em nós; se Ele não revelar tudo, devemos
ficar em paz com aquilo que Ele revelou.
Há pouco ensino sobre doenças e enfermidades nas epístolas do
Novo Testamento. Dentre esses, dois relacionam a doença ao
pecado. Essa relação nos é apresentada tanto em I Coríntios 11
quanto em Tiago 5:16,
E a oração, feita com fé, curará o doente, e o Senhor o
levantará. E se houver cometido pecados, será
perdoado. Portanto, confessai vossos pecados uns aos
outros e orai uns pelos outros para serdes curados. A
súplica de uma pessoa justa é muito poderosa e eficaz.
Veja que o versículo 16 fala, claramente, que somos curados
quando confessamos nossos pecados e oramos uns com os outros.
Kenneth Hagin, que foi usado poderosamente por Deus para
fazer milagres maravilhosos, escreveu o seguinte testemunho em
seu livro O amor, o caminho para a vitória:
Eu pastoreei por aproximadamente 12 anos e, em 12 de
pastorado, apenas 2 ou 3 dos membros de minha Igreja
foram instantaneamente curados. Antes de a maioria das
pessoas receberem a cura, eu tinha que descobrir a
causa de suas enfermidades em primeiro lugar. Isso não
significa que acusava as pessoas que estavam doentes
de terem cometido um erro ou pecado. Eu simplesmente
orava para que o Espírito Santo me mostrasse se havia
alguma coisa oculta. E orava para Ele revelar à essas
pessoas os ajustes que precisavam fazer. Em cada caso
que lidei, as pessoas foram curadas assim que
retificavam a causa e faziam ajustes em seus corações.
Muitos daqueles que não faziam os ajustes necessários
morriam por causa da condição em que estavam.
Quando plantei minha primeira Igreja, fomos para as ruas
evangelizar e orar pelos doentes. Deus fez muitos milagres e curou
muitos doentes. Quando a Igreja tinha aproximadamente um ano,
havia uma mulher que era membro de nossa Igreja que, de repente,
sofreu inflamações no seu ombro. Isso se tornou muito dolorido a
ponto de ela não mais poder usar o ombro. Oramos muito por ela,
mas nada mudou. Um dia, um evangelista muito usado em curas e
milagres, de outro país, veio a uma cidade próxima da nossa. A
maioria das pessoas de nossa Igreja foi ao evento, inclusive a
membro doente. Aquele homem não sabia nada sobre aquela
mulher, entretanto, ele teve uma palavra de conhecimento
descrevendo-a detalhadamente, incluindo sua idade e exata
enfermidade. Fiquei emocionado e pensei, finalmente, Deus vai
curá-la.
Naquele instante, Deus falou claramente ao meu coração, assista
cuidadosamente tudo o que vai acontecer. Vou ensinar a você uma
lição muito importante. Quando a mulher foi à frente para receber a
oração, o evangelista orou por ela e, imediatamente, o poder de
Deus a jogou ao chão. Todavia, ao se levantar, aquela irmã
permanecia doente; nada havia mudado. Então, Deus falou ao meu
coração, ela está doente porque não perdoou a irmã dela. Quero
que você aprenda a destruir a raiz das enfermidades, e não remover
os sintomas, somente.
Se quisermos andar em aliança de amor, precisamos fazer esta
oração:
Pai, eu agradeço pelo seu maravilhoso amor para comigo
demonstrado na cruz. Espírito Santo, oro para o Senhor sondar o
meu coração, mostrando-me se há alguém que preciso perdoar.
Sonde toda parte do meu ser, incluindo minha subconsciência e
cada célula da minha memória; deixe-me livre de qualquer
ressentimento ou falta de perdão. Mostre-me minhas falhas quanto
ao não estar andando em amor em relação ao corpo de Cristo. Eu
me arrependo de todas as vezes que não andei em amor Ágape e, a
partir de hoje, escolho caminhar em amor para com meus
companheiros cristãos. Escolho cuidar de meus irmãos e de minhas
irmãs; serei um canal de bênçãos para eles. Eu agradeço o Senhor
por querer o meu bem estar. Não vou mais abrir a porta para o
inimigo por não caminhar em amor Ágape. Perdoa-me por toda
crítica e por todo julgamento que cometi. Ajude-me a arrepender,
rapidamente, sempre que não estiver caminhando em amor.
Escolho, portanto, caminhar em amor e, assim, posso receber
minha cura, pois minha fé irá funcionar. Diabo, retire suas mãos de
meu corpo. Retire toda doença do meu corpo, pois Jesus pagou por
cada uma delas ao ter o seu corpo moído na cruz. Oro em nome de
Jesus, Amém.

17 No Novo Testamento “dormir” era usado quando se falava de


morte. Ver João 11:11-14.
15
O
Vamos observar o que está escrito em II Timóteo 3:1
Sabe, entretanto, disto: nos último dias sobrevirão
tempos terríveis. Os homens amarão a si mesmos, serão
ainda mais gananciosos, arrogantes, presunçosos,
blasfemos, desrespeitosos aos pais, ingratos, ímpios,
sem amor, incapazes de perdoar, caluniadores, sem
domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores,
inconsequentes, orgulhos, mais amigos dos prazeres que
amigos de Deus, com aparência de piedade, todavia
negando o seu real poder. Afasta-te, portanto, desses
também.
A primeira coisa mencionada por Paulo neste texto é que os
homens serão amantes deles mesmos. Tal dado nos é passado
como um sinal dos últimos dias. Parece-me que, à medida que viajo
pelo mundo, em todos os lugares onde vou, o egoísmo está
aumentando. Com o egoísmo em alta, nos torna impossível andar
em amor Ágape. Deus disse para Abraão em Gênesis 12:2, Eis que
farei de ti um grande povo: Eu te abençoarei, engrandecerei o teu
nome; serás tu uma benção! Os livros mais vendidos hoje são os
livros que alimentam o egoísmo nas pessoas: eles tratam sobre
como podemos ser melhores, como podemos ter mais sucesso,
como podemos ser mais saudáveis, como podemos alcançar
nossos sonhos, etc. Livros como esse têm o foco centrado no
egoísmo, pois tudo está voltado para nós, nós e nós.
A maioria das pessoas vive uma vida de mediocridade. Vivem
assim por causa do egoísmo. Todavia, essa condição pode ser
alterada caso esse egoísmo seja abandonado. Jesus disse em
Mateus 10:39, Quem encontra sua vida a perderá. Mas quem perde
a vida por minha causa a achará. No reino de Deus, a vida só vem
através da morte. Madre Tereza de Calcutá foi um grande exemplo
disso. O egoísmo e o andar em amor não caminham juntos.
Pessoalmente, acredito que o amor vence e supera todas as
coisas, porque a Bíblia diz que o amor nunca falha. Isso significa
que o amor sempre alcançará a vitória. Estou certo de que quase
todos os problemas da humanidade estão enraizados no egoísmo.
Se nós amamos, vamos considerar os outros mais importantes que
nós. Se amamos, nunca podemos nos sentir ofendidos. Se
amamos, sempre iremos perdoar. Se amamos, iremos vencer todos
os problemas humanos de interação e de relacionamento.
Precisamos nos atentar quanto às nossas motivações e nos
certificar de que verdadeiramente andamos em amor Ágape.
Eu me lembro de uma grande conferência em Viena, Áustria.
Uma mulher veio a mim e me pediu para orar pela salvação de seu
esposo. Quando coloquei as mãos sobre ela, o Espírito Santo pediu-
me para não orar por aquela causa. Fiquei confuso e perguntei por
que não deveria orar. Então, o Espírito Santo me disse que o pedido
dela estava enraizado no egoísmo, porque ela era infeliz em seu
casamento. Ela não se importava, de fato, com a salvação de seu
esposo; a única coisa que queria era um esposo cristão para viver
um casamento mais feliz. Quando falei isso, ela foi-se embora com
muita raiva.
No dia seguinte, ela voltou à reunião e veio a mim com lágrimas
de arrependimento; ela disse que o Espírito Santo a havia
convencido de seu egoísmo e que não caminhava em amor Ágape
para com seu esposo. Entretanto, ela havia se arrependido e,
portanto, queria a salvação de seu esposo por amor a ele e não por
amor a ela mesma. Filipenses 2:3 diz,
Nada façais por rivalidade nem por vaidade; pelo
contrário, cada um considere, com toda a humildade, as
demais pessoas superiores a si mesmos.
Se andarmos em amor Ágape, não haverá ambição egoísta em
nós. Então, o Espírito Santo me disse que eu poderia orar pelo
pedido dela.
Vamos voltar a Filipenses 2:3. Nada façais por rivalidade nem por
vaidade; pelo contrário, cada um considere, com toda a humildade,
as demais pessoas superiores a si mesmos. Um bom teste para
fazermos a fim de descobrimos se somos egoístas ou não é este:
pegar uma folha de papel e escrever todas as coisas que gostamos
de fazer. Por exemplo: pastorear; viajar e pregar muito; escrever; ser
esposo e ser pai; ser generoso etc. Enquanto estivermos
escrevendo todas essas coisas num pedaço de papel, deveremos,
em oração, pensar sobre o que nos motiva a fazer cada uma delas.
Foi quando me fiz esta pergunta, Por que escrevo livros? Eu os
escrevo para me gerar renda ou por que quero abençoar outras
pessoas?. As escrituras dizem, não deixe que nada seja feito pela
ambição egoísta. O amor não pensa nele mesmo, mas considera o
outro mais importante. Jesus viveu assim. Quando João Batista foi
morto, Jesus queria se retirar para um lugar quieto. João Batista era
seu primo e o preparador de seu caminho. Mas quando as multidões
viram Jesus entrar no barco para se retirar a um lugar quieto, elas
foram para lá também. Jesus escolheu não ser egoísta, mas
considerar os outros mais importantes que Ele. Em vez de mandá-
los embora e dizer que não poderia ministrar a eles porque Ele
precisava de tempo para lamentar, Jesus se esqueceu de si mesmo
e curou todos os que estavam doentes. Ao viajar para ministrar,
muitas vezes, acabo por dormir tarde e muito cansado. É costume
ter pessoas procurando o pregador após o culto para receberem
oração ou algum outro direcionamento. Por causa do cansaço,
muitas vezes, minha carne quer falar, mas sempre digo a mim
mesmo não deixe que nada seja feito através de sua ambição
egoísta, mas estime os outros superiores a você. Quando interajo
com outras pessoas, sempre me lembro de que as pessoas com
quem converso são mais importantes que eu.
Quando plantamos nossa primeira Igreja na Áustria, Deus moveu
poderosamente ali e muitos jovens foram salvos. Eram rapazes e
moças que haviam tido um passado marcado pelas drogas,
alcoolismo e imoralidade sexual. Eles não tinham nenhuma
compreensão cristã. A Igreja era nova, sem uma liderança treinada,
e essas pessoas precisavam ser discipuladas.
Por muitos meses, eles vieram à nossa casa 7 dias por semana,
e nós os discipulamos e os ensinamos a Palavra de Deus. Entre
esses, cuidamos de uma jovem de 25 anos que havia tido muitos
relacionamentos sexuais com homens. Ela aceitou Jesus e, depois
que ela foi salva, seu comportamento pecaminoso parou
imediatamente. Ela amava cozinhar e era muito boa nisso. Como
nos encontrávamos noite após noite, ela amava trazer bolos
especiais que fazia em casa e, às vezes, trazia consigo deliciosos
strudels18 austríacos. Sua cooperação com a célula parecia tão livre
de egoísmo, pois tudo o que fazia parecia um gesto muito amoroso.
Mas, em pouco tempo, revelou-se que a motivação de suas
ações não eram fundamentadas no amor Ágape, mas no egoísmo.
Ela queria impressionar os rapazes e fazer com que um deles se
apaixonasse por ela. Por causa de sua motivação, o amor não era
puro e o oposto aconteceu: os garotos não eram atraídos, mas
repelidos por esse tipo de falsidade. No fundo de nossos corações,
sempre percebemos se os outros agem ou não no tipo de amor
Ágape de Deus, que é sem egoísmo, sacrificial e não espera nada
troca.
Certa vez, aquela jovem nos contou que o Espírito Santo havia
lhe revelado as motivações de seu coração e, rendida, se
arrependeu. Então, nos disse que como ato de arrependimento, ela
não iria mais assar qualquer bolo ou strudels para a célula.
Imediatamente dissemos: O Espírito Santo revelou suas
motivações; não há nada errado com suas ações; o que precisa ser
mudado é somente o motivo que leva você a cozinhar para a célula.
Não pare de assar aqueles bolos maravilhosos, simplesmente, se
arrependa de sua motivação errada e passe a cozinhar para nós por
causa do amor Ágape em você para conosco. É exatamente isso
que I Coríntios 13:3 diz, Mesmo que eu dê aos necessitados tudo o
que possuo (...), Se não tiver amor (...)”.
Podemos fazer as coisas certas por uma motivação além do
amor, mas isso, aos olhos de Deus, é algo sem valor. Quando ela se
arrependeu e fez um ajuste em seu coração, pôde continuar
fazendo aqueles bolos maravilhosos sem problema algum. Por
causa de sua motivação correta, fomos todos abençoados e,
tempos depois, Deus deu a essa moça um marido; um jovem
abençoado que também participava daquela célula. Depois de sua
atitude de ajuste, aquele jovem rapaz foi atraído por sua atitude de
amor. O porquê de fazermos as coisas que fazemos é muito
importante. Cada ação nossa deve ser motivada pelo amor Ágape
de Deus e, como cristãos, nos é urgente aprender a amar nesse tipo
de amor de Deus.
Em Gálatas 5:22 o apóstolo Paulo nos fala sobre o fruto do
Espírito, está escrito:
Entretanto, o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz,
paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio. Contra essas virtudes não há lei.

18 Um Strudel é um tipo de pastel feito com massa folheada,


suavemente doce. Não existe correspondência desta palavra alemã
por outra em português, portanto, a deixamos no original.
16
F
Quando pergunto aos cristãos qual é o fruto do Espírito, eles
geralmente citam os 9 tributos postos nesse versículo. Entretanto,
eu não creio que haja nove frutos do Espírito. Estejamos atentos ao
fato de que a Bíblia não usa a palavra “frutos”, no plural, mas, sim, a
palavra “fruto”, no singular, e isso significa que há apenas um fruto.
O único fruto do Espírito Santo é o amor. Esse não é qualquer
tipo de amor, mas é o amor Ágape de Deus. Todos os outros oito
atributos são uma expressão desse amor. Ao final da menção dos
atributos do fruto do Espírito, o texto diz: Contra essas virtudes não
há lei. Vejamos que em Romanos 13:8 diz,
A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o
amor fraterno, com que deveis amar uns aos outros, pois
aquele que ama a seu próximo tem cumprido a lei.
Então, o amor é o único fruto do Espírito e, se andarmos em amor
Ágape, não há lei contra nós. Não creio que deveríamos viver pelos
10 mandamentos. Muitos cristãos gostam de debater isso comigo, o
que é completamente desnecessário. Por que acredito nisso?
Porque não estamos debaixo da lei, mas vivemos pelo Espírito.
Pelo Espírito Santo, o amor de Deus foi derramado em nossos
corações. O amor é o fruto que o Espírito já produziu em nós.
Quando aprendemos a andar nesse fruto, sem nos entregarmos à
nossa natureza egoísta, não precisamos de regras, de
regulamentações nem de leis; cada lei é cumprida em um único
mandamento: ame a Deus e o seu próximo.
Se olharmos para esses atributos individualmente, descobriremos
que, à medida que andamos em amor, os outros atributos se
manifestarão em nossas vidas. Se andamos em amor, temos
alegria. Jesus disse que nossa alegria seria completa se
obedecêssemos seus mandamentos. Seu mandamento é amarmos
uns aos outros. Então, quando andarmos no amor Ágape de Deus,
teremos uma alegria completa e perfeita. Viveremos em paz quando
andarmos em amor. O amor vence a confusão, a intriga e a ruptura
de relacionamentos.
Outro atributo do amor é a paciência. Vamos nos lembrar de I
Coríntios 13. Nessa passagem, ao falar sobre o amor, a primeira
coisa que Paulo diz é, o amor é paciente. Além da paciência, outra
palavra mencionada é bondade, o amor é paciente, o amor é
bondoso. Quando passamos por esses oito atributos, veremos que
são todos expressão do amor.
Imagine uma laranja: o fruto do Espírito pode ser comparado a
uma laranja. Quando descascamos essa laranja, vemos que ela é
formada por muitos gomos individualmente. Mas, apesar de tantos
gomos, temos somente uma laranja. Isso é do mesmo jeito com o
fruto do Espírito. O amor é o fruto constituído por outras partes
individuais, que aqui chamo de atributos.
Nós temos que fazer uma escolha diária de nos arrepender de
nosso egoísmo e aprender a andar em amor Ágape. Quando
fazemos isso, continuamente crescemos em amor. Creio que andar
e praticar o amor Ágape é a coisa mais importante para qualquer
cristão aprender. Quanto fazemos isso e meditamos continuamente
nos 15 atributos de I Coríntios 13, cresceremos em nossa
caminhada de amor. Se vivemos pela Lei, produziremos nada além
da religião, da hipocrisia e da frustração. Se escolhemos viver
somente por uma Lei, a Lei do amor, toda frustração deixará nossas
vidas.
17
C
Compreender o ciclo do amor é crucial para tentar andar em amor.
Quando entendi isso, minha vida foi completamente revolucionada,
pois, como já disse anteriormente neste livro, o mandamento de
Deus é muito claro: devemos amar o Senhor nosso Deus de todo o
nosso coração, de toda nossa alma e de toda nossa mente. Deus
não quer um coração dividido. Ele não somente nos pede para amá-
lO, mas nos pede para amá-lO de todo o coração. Ele quer o nosso
amor completo e total.
Eu costumava acreditar que Deus precisava ocupar o primeiro
lugar em nosso coração e as outras coisas ocupariam prioridades
menores. Eu não mais acredito nisso. Eu creio que precisamos ter
as prioridades corretas em nosso coração, mas ele deve pertencer a
Deus somente, sem estar dividido entre qualquer outra coisa. Se
Deus ocupa o primeiro lugar em nosso coração, sempre haverá uma
constante competição entre Deus e as outras coisas, todas elas
tentando ocupar meu coração.
Precisamos entender a diferença entre as coisas que estão em
nossos corações e as coisas que tentam dominar as nossas vidas.
Se não entendermos isso, não seremos capazes de obedecer ao
mandamento de Jesus de abandonar tudo e segui-lO. Ele disse
coisas muito duras, por exemplo, que se não aborrecermos pai e
mãe, esposa e filhos, irmãos e irmãs, e até mesmo as nossas vidas,
não poderemos ser seus discípulos. (Lucas 14:26)
Como Jesus pôde falar palavras tão duras? Porque Ele não
deseja compartilhar os nossos corações com nada e nem ninguém.
Nós existimos para Ele; Ele não existe para nós. Se
compreendermos que essa questão de amar a Deus é uma questão
do coração, então, as palavras de Jesus fazem sentido. Eu amo
meu pai e minha mãe, meus irmãos e irmãs e, também, minha
esposa; eles são parte da minha vida. Contudo, a rendição do meu
coração pertence somente a Deus.
Somente se vivermos nessa completa rendição de nossos
corações a Deus, seremos capazes de cumprir o outro mandamento
de amar nosso próximo e nos-sos inimigos. Como pode alguém
viver desse modo? Como alguém pode viver o que temos estudado
neste livro? Como alguém pode amar, sem interesse, a pessoa que
o odeia? Não importa como sentimos sobre essa verdade, ela é um
mandamento claro da Bíblia.
Deixe-me dar um exemplo sobre andar em amor com uma
história. Creio que foi durante a guerra civil iugoslava que essa
história aconteceu. Uma jovem caminhava para a casa à noite com
seu irmão, quando um grupo de soldados inimigos os parou. Eles
começaram a torturar o irmão daquela moça diante dos olhos dela e
forçaram-na a assistir o tormento brutal pelo qual o seu irmão
passou. Depois eles forçaram o rapaz assistir a irmã ser violentada
sexualmente por um soldado após o outro. Depois, eles mataram o
irmão diante dos olhos daquela moça e a deixaram ir.
Muitos meses mais tarde, o soldado que liderou aquela ação
brutal foi ferido em guerra e levado ao hospital. Ele estava
inconsciente quando chegou ao hospital. Houve uma enfermeira em
particular que cuidou muito bem dele. Ela, com amor, o conduziu de
volta à saúde. Quando ele acordou de seu coma, ele olhou
profundamente nos olhos da enfermeira, de repente, percebeu que
a conhecia. Ela era a jovem moça que eles haviam violentado
sexualmente e, também, irmã do rapaz que haviam torturado e
matado. Quando ele percebeu isso, disse para ela, Por que você
salvou minha vida e, simplesmente, não me deixou morrer? Com
olhos cheios de amor, respondeu, Eu fiz isso por causa de Jesus.
Ela, verdadeiramente, cumpriu o mandamento de amar aqueles que
com maldade abusam de nós e de abençoar aqueles que nos
amaldiçoaram, em outras palavras, ela literalmente amou o inimigo
dela.
É assim que cada cristão deve viver. Primeiro, temos que
entender o que a Bíblia diz quando fala de amor. Vale lembrar que
no grego há diferentes palavras com significados distintos que são
traduzidas, em português, pela palavra amor. Isso acontece porque
em nossa língua não temos palavras diferentes para abranger cada
um desses significados. Por essa razão, precisamos voltar ao
original e entender os diferentes significados que as palavras
traduzidas por amor têm no grego.
Se perguntássemos a cada leitor deste livro o que significa amar,
teríamos muitas respostas diferentes, porque todos fomos criados e
ensinados diferentemente e temos sido influenciados por diversos
fatores em nossas vidas. Entretanto, temos que olhar para a
definição bíblica de amor, e não para a nossa própria.

A DEFINIÇÃO BÍBLICA DE AMOR


A primeira palavra grega para amor é a palavra eros. Esse é o
amor físico, o amor sexual entre um marido e sua esposa. Esse não
é o amor do qual temos falado neste livro. Entretanto, é descrito por
muitas pessoas como sendo o único tipo de amor, até mesmo
Hollywood mostra isso dessa forma; na verdade, isso é prazer, e
não o tipo de amor do qual temos falado. Esse é o amor
mencionado anteriormente no testemunho da mulher recém casada
que continuamente dizia o quanto amava seu esposo. Ela
experimentava somente o amor eros, e não o tipo de amor de Deus.
O amor eros, quando praticado fora da aliança do casamento, deixa
as pessoas machucadas, feridas e confusas sobre o amor.
A segunda palavra é phileo. Este é o amor da amizade. Todos
nós experimentamos esse amor em diferentes ocasiões. É um amor
maravilhoso, mas não é o tipo do amor de Deus. É o amor que a
maioria dos amigos e familiares conhecem ou vivem. O amor phileo
e o amor eros são os tipos de amor que o mundo também tem.
Mesmo que seja maravilhoso ser amado com o amor phileo, ele não
é suficiente para o homem. De fato, creio que as Igrejas são
divididas, os casamentos são destruídos e as amizades são
deterioradas por se basearem nesse tipo de amor. Qual é o
problema do amor phileo? O problema desse tipo de amor é que ele
exige ser correspondido. Se esse amor for recíproco, ou seja,
enquanto formos amados por quem amamos, tudo vai continuar
funcionando bem. Enquanto amarmos nossos amigos e eles nos
amarem, continuaremos a usufruir de um relacionamento
maravilhoso; mas se o amor não for correspondido, tudo o que foi
um bom relacionamento não passará de um árduo e dolorido fim.
Considero que sou abençoado por ter muitos amigos
maravilhosos em diferentes partes do mundo. Por anos, tenho
usufruído da amizade deles, mas, procuro me certificar de que não
fundamento o relacionamento com meus amigos no amor phileo. Se
eu fizer assim, haverá um grande risco de essas amizades
terminarem e em profundos desapontamentos.
Como pastor, há aproximadamente 35 anos, vejo trágicos
resultados de relacionamentos falidos e destruídos porque foram
fundamentados no amor phileo. Eu mesmo já andei no amor phileo
quando deveria ter andando no amor Ágape de Deus. Este amor
phileo vai durar pouco tempo se não houver reciprocidade.
Vamos imaginar que eu pregue em uma Igreja durante um final de
semana e, nesse, o pastor se torne meu amigo. Gostamos um da
companhia do outro, gostamos de estar juntos um com outro e
falamos sobre coisas que ambos concordamos. Ele é abençoado
por meu ministério e me abençoa com o seu. Continuamente,
falamos o quanto amamos um ao outro. Mas, imaginem o que
aconteceria se eu voltasse à minha cidade e começasse a espalhar
rumores de que isso fosse uma mentira completa? Imaginem se eu
postasse na Internet e enviasse um e-mail para todos os meus
amigos, além de contar para todos os que eu encontrasse que, de
modo algum, tivesse gostado daquele pastor. Ainda mais, imaginem
se eu espalhasse pra todo mundo que aquele pastor tivesse
cometido adultério, roubasse dinheiro da Igreja e abusasse das
pessoas. Imaginem que todo mundo acreditasse em mim, que o
rumor se espalhasse rapidamente, e que a reputação daquele
homem fosse destruída. Imaginem ainda que as pessoas da Igreja
ficassem sabendo de toda minha mentira e, acreditando nela,
abandonassem seus encargos, levando o pastor a sofrer sérias
consequências com aquilo que eu tivesse inventado.
Então, pergunto, O que aconteceria com a nossa amizade?
Certamente seria destruída por se fundamentar no amor phileo
somente, pois esse tipo de amor precisa ser positivamente
correspondido e ter reciprocidade. Se esse pastor me contactasse e
me confrontasse quanto às minhas mentiras e, se eu recusasse
ouvi-lo e dissesse que continuaria espalhando tais mentiras, será
que continuaria me amando? Com certeza não, caso me amasse
somente com o amor phileo. Nesse ponto, nossa amizade seria
completamente destruída. Manter nossos relacionamentos
fundamentados no amor phileo pode provocar destruição de famílias
e divisão de Igrejas. Por razões assim, casamentos terminam em
divórcio, pessoas deixam as Igrejas e muitos perdem o propósito de
Deus para suas vidas. Em situações assim, somente o amor Ágape
será capaz de amar.
Muitos cristãos não compreendem esses três tipos de amor e,
portanto, sempre tentam caminhar no amor phileo. Isso acontece
porque, frequentemente, somos ensinados por nossos
responsáveis, por nossa família e pelo ambiente social a vivermos
fundamentados somente no amor phileo.
Quando tentamos caminhar neste tipo de amor, somos
completamente incapazes de obedecer ao mandamento bíblico de
amar. Regularmente, ouço cristãos maravilhosos e bem quistos
dizerem que nos é impossível amar do modo como a Bíblia nos
manda. Isso acontece porque eles andam no amor phileo, e não
compreendem que esse tipo de amor precisa ser correspondido. É
bom que fique claro que nossos inimigos nunca corresponderão ao
nosso amor. Muitas vezes, nem nossos amigos nem os membros de
nossa família corresponderão com o amor que esperamos receber.
Por essa razão, os que vivem fundamentados no amor phileo
somente, nunca serão capazes de viverem uma vida de amor como
a Bíblia nos orienta.
Agora, vamos falar da terceira palavra grega para amor. Essa é a
palavra Ágape. Deixe-me explicar o significado desse tipo de amor.
Primeiramente, nenhum ser humano nasce com o tipo de amor
Ágape. Ele é o tipo de amor que somente Deus e aqueles para
quem Ele o dá possuem. A natureza deste amor é claramente
mostrada na Bíblia. Romanos 5:8 diz, Porém, Deus comprova seu
amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido em nosso
benefício quando ainda estávamos em pecado. Esse amor está
muito além de qualquer tipo de amor humano. Esse é o amor que
descreve Deus quando a Bíblia diz que Ele nos amou com amor
eterno. Esse amor não precisa ser correspondido. É um amor que
continua sendo bom, gentil, compassivo, sem interesse, mesmo
quando rejeitado.
Já vimos esse amor claramente demonstrado por Jesus na cruz,
como, também, demonstrado pela vida do primeiro mártir, Estevão.
Ambos pediram a Deus que perdoasse seus inimigos; ambos
pediram que o Senhor perdoasse as pessoas que os mataram. Este
tipo de amor diz, Escolhi amar você, se aceitar ou não o meu amor.
Escolhi amar você, mesmo se me odiar; escolhi amar você, mesmo
se mentir contra mim; escolhi amar você, mesmo se me machucar.
É humanamente impossível amar desse modo, sem o tipo do amor
Ágape de Deus.
Jesus disse em Mateus capítulo 22 que a coisa mais importante é
amar o Senhor nosso Deus de todo o nosso coração e amar o
nosso próximo como a nós mesmos. Ao dizer isso, Jesus usou a
palavra Ágape; esse é o amor da nova aliança.
Todavia, muitos ainda estão debaixo da velha aliança, e não da
nova; por tal razão, tentam amar a Deus e o próximo com o amor
phileo. Lemos na Bíblia o mandamento de que precisamos amar a
Deus de todo nosso coração; assim, tentamos obedecê-lO em
nossa força, amando-O em nosso próprio amor. Entretanto, isso
nunca funcionará, mas resultará em frustração. O problema de amar
com o amor phileo é que ele não é o tipo de amor de Deus. Jesus
nunca usou a palavra phileo ao se referir sobre o amor. Ele usou a
palavra Ágape. Sempre que Jesus disse que deveríamos amar, Ele
usou a palavra Ágape. Ao dizer sobre amar a Deus, Jesus disse, em
outros termos que a coisa mais importante para o homem é amar ao
Senhor Deus com todo o amor que nem mesmo os homens têm
neles mesmos. Essa é a razão pela qual a Velha Aliança não
funciona, porque ela depende das pessoas em vez de depender do
trabalho consumado da cruz.
Na Nova Aliança tudo mudou. Deus não quer que o amemos com
nosso amor natural, que constantemente pede para ser
correspondido. Quando as pessoas tentam amar a Deus com amor
phileo, próprio do homem, elas ficam desapontadas. Quando não
entendem certas circunstâncias e situações que Deus permitiu
passarem, sentem-se como se Deus não as amasse, e o ciclo do
amor é quebrado. A única solução é viver na Nova Aliança e no
trabalho consumado da cruz.
Isso significa que precisamos amar com o amor Ágape de Deus.
Mas, como não temos esse amor em nós mesmos, como podemos
amar a Deus com amor Ágape do modo como Jesus nos pediu?
Basta pensarmos nas criancinhas. Será que elas têm o amor
Ágape? Será que elas nascem com um amor sem interesse, que
não precisa ser correspondido? Logicamente, não. É natural que as
crianças sejam egoístas e centradas nelas mesmas. Justamente por
essa razão que Romanos 5:5 entra na história,
E a confiança não nos decepciona, porque Deus
derramou do seu amor em nossos corações por meio do
Espírito Santo que Ele mesmo nos outorgou.
Então, podemos compreender que Deus nos pede para amá-lo
com o amor que vem dEle próprio. Essa é uma verdade maravilhosa
da Nova Aliança. Tudo o que Deus nos pede para fazer, Ele já nos
capacitou pelo trabalho consumado da Cruz.
Todo ensino que trago neste livro sobre andar em amor e sobre
os atributos do amor escritos em I Coríntios 13 usa, no grego, a
palavra Ágape que é traduzida, simploriamente, pela palavra amor.
Essa palavra única em português não permite que tenhamos a
dimensão completa da importante verdade in-trínseca aos diferentes
tipo de amor. Por essa falta de conhecimento, muitas vezes,
entramos em confusões por tentarmos amar a Deus com nosso tipo
do amor phileo e não com o tipo de amor Ágape de Deus. Por isso,
não é de se assustar quando encontramos pessoas com
dificuldades gigantescas em manter um relacionamento sólido e
saudável com o Senhor. Há muitos relacionamentos com Deus que
tendem a terminar em um desastre terrível.
Durante essa semana, alguém me perguntou se é verdade que
devemos amar nosso esposo mais que nossas crianças. Minha
resposta foi: não, não acho que isso seja verdade; creio que esse é
o jeito humano de pensar, capaz de colocar o amor em hierarquias.
Creio, portanto, no amor Ágape, que ama a todos com igualdade,
inclusive aqueles que nos odeiam. O amor Ágape de Deus é
incondicional e nunca pede para ser correspondido. Deus nos ama
com esse amor. Para amarmos com o amor Ágape de Deus, temos
que, primeiramente, recebê-lo. Não podemos dar o que não temos.
Precisamos abrir nosso coração ativamente para recebermos,
constantemente, desse amor.
O Novo Testamento faz uma diferença entre viver e andar. Andar
significa experimentar, constantemente, tudo aquilo que a salvação
e o trabalho consumado da cruz providenciou para nós. Não é
suficiente para nós conhecermos, em nossa mente, que o amor
incondicional de Deus foi derramado em nossos corações. Por ser
uma verdade bíblica, precisamos caminhar nela experimentalmente.
Não podemos dar aquilo que não recebemos. Se não andarmos no
amor de Deus por experiência, como seremos capazes de transmitir
esse amor incondicional para os outros?
18
Q D

Muitos anos atrás, Deus começou a me ensinar sobre esse tipo de


amor. Desde que era uma pequena criança, sempre desejei
caminhar com Deus e amá-lO.
Em 1968, aceitei Jesus como meu Salvador. Desde então, um
dos meus maiores desejos tem sido amá-lO de todo o meu coração.
Eu não entendia que amava a Deus com amor phileo, enquanto
deveria amá-lO como o amor Ágape. Deus começou a me ensinar,
em sua graça, através de uma série de experiências divinamente
orquestradas. Eu havia desenvolvido certos hábitos em minha vida.
Um desses hábitos era o que eu fazia quando acordava todas as
manhãs. Assim que acordava, dizia a Deus: eu te amo, tanto,
Senhor! Por vários minutos, permanecia deitado em minha cama
falando para Deus o quanto o amava.
Em uma manhã, ao fazer isso, Deus interrompeu minha oração.
Ele disse que não queria que eu começasse minhas manhãs
daquele modo. Fiquei confuso, pois o que Ele me falava não fazia
sentido para minha mente religiosa. Eu havia memorizado muitos
versículos ao longo dos anos, incluindo a passagem sobre amará o
Senhor seu Deus de todo o seu coração. Mas mesmo tendo
memorizado este versículo, não o havia compreendido
completamente. Estava focado somente em minha habilidade de
amar, e não no amor de Deus que Ele mesmo havia dado para mim.
Então, quando eu perguntei para Deus, Como você quer que eu
comece o meu dia?, Seu Espírito falou ao meu coração. Eu não
quero que você comesse o seu dia me dizendo o quanto você me
ama. Quero que você comesse o seu dia me dando graças pelo
quanto Eu amo você. Isso foi muito difícil para mim, por várias
razões. Minha mentalidade era muito religiosa; eu era mais focado
em meu trabalho ao trabalho consumado da cruz. Em nossa língua,
não temos três palavras distintas para amor, por isso não entendia
que deveria amá-lo com o amor Ágape de Deus. Foi então que
Deus me ensinou que devo amá-lO com o amor que vem dEle, e
não com o amor tenho em mim ou que seja de mim mesmo.
Isso me deixou com apenas duas opções: ou eu amo o Senhor
com o tipo de amor humano, que não cumpre as escrituras; ou eu
posso, constantemente e experimentalmente, receber o amor
incondicional de Deus e deixá-lo fluir de volta para Ele e, também,
para outras pessoas. Se amamos a Deus com as nossas fontes de
amor, acabaremos secos e frustrados.
Então, em obediência a Deus, mudei o modo como começo os
meus dias. Por muitas manhãs depois que acordava, permanecia
em minha cama e passei a gastar um bom tempo agradecendo a
Deus pelo quanto Ele me amava. Eu não mais me focava no meu
amor por Ele, mas começava a me focar no amor dEle por mim. Eu
me lembro de estar deitado em minha cama e repetindo várias
vezes Senhor, obrigado pelo quanto o Senhor me ama; obrigado
pelo seu amor incondicional, apaixonado e profundo por mim. Eu
continuei agradecendo a Ele pelo seu amor e me focando em nada
mais que isso. Esse foi um processo difícil, porque o que me haviam
ensinado era que eu deveria amar condicionalmente e, não,
incondicionalmente. O amor que eu recebi até aquele momento era
fundamentado em obras. Eu, continuamente, me focava naquilo que
eu fazia para Deus e para os outros, em vez de me focar naquilo
que Deus havia feito por mim; e fazia tudo isso esperando em troca
o amor deles.
Mas eu estava determinado em mudar o modo como vivia minha
vida. À medida em que mudava meu posicionamento, o amor Ágape
de Deus, continuamente, enchia o meu coração e a minha mente. I
João 4:16 diz,
Portanto, dessa forma conhecemos o amor que Deus
tem por nós e confiamos plenamente em seu amor. Deus
é amor, e aquele que permanece no amor permanece em
Deus, e Deus nele.
Precisamos compreender sobre a importância de acreditar no
amor que Deus tem por nós. É nossa escolha decidir em que
acreditamos. Precisamos, constantemente, de escolher acreditar, de
declarar e de confessar o amor que Deus tem por nós para mudar
nossos corações. Somente conheceremos e experimentaremos o
amor Ágape de Deus depois que escolhermos acreditar nesse amor.
Em vez de sermos a fonte do amor, agora somos nada mais que
o canal do amor de Deus. Deus deseja que o mundo todo veja o seu
tipo de amor; Ele o derrama em nossos corações no momento em
que somos salvos. Por causa disso, é tão importante abrirmos
nossos corações e recebermos o seu amor em todos os momentos
de cada dia.
Nesse processo completo de Deus em ensinar-me sobre receber
seu amor, uma coisa interessante aconteceu. Não comuniquei a
ninguém sobre esse profundo trabalho que Deus estava fazendo em
meu coração. Eu queria que isso fosse completamente de Deus e
nada do homem.
Um dia, recebi um pacote de uma amiga que vivia 3.500 km
distante. Ela não tinha ideia daquilo que Deus estava fazendo em
meu coração. Com o pacote, veio um bilhete que dizia, Reinhard,
entrei em uma livraria cristã hoje e vi essa plaquinha. Quando a vi,
Deus pediu que a comprasse para você. Ela era uma placa de se
pendurar na parede. Estava escrito: Jesus ama todos, mas eu sou o
seu favorito. Eu imediatamente pendurei essa plaquinha na parede
em que minha escrivaninha estava, assim, poderia lê-la sempre,
pois estaria diante dos meus olhos permanentemente. Meu coração
ficou transbordante de alegria. Todos os dias eu olhava para essa
plaquinha e repetia, Eu sou o favorito do Senhor. Minha amiga não
tinha ideia do processo maravilhoso que Deus estava fazendo em
meu coração. A partir daquele dia, acordo todas as manhãs
agradecendo a Deus o quanto Ele me ama e recebo o seu amor.
Repetindo e confessando que eu sou o seu favorito, faço essa
oração, Ó Senhor, quanto à receber o seu amor e ser amado pelo
Senhor, quero ser a pessoa mais egoísta do mundo. Isso pode soar
como uma contradição, mas em meu coração eu sabia que o único
jeito para obedecer à escritura e andar no perfeito amor Ágape de
Deus era ser cheio com esse tipo de amor que somente vem de
Deus.
Minha oração em me tornar a pessoa mais egoísta em receber
seu amor Ágape foi motivada por um desejo de viver uma vida de
amor sem interesses. Comecei a compreender que quanto mais
aprendo a receber do amor de Deus, o mais serei capaz de amar.
Foi quando desejei ser tão cheio do amor de Deus a ponto de esse
fluir de mim e voltar para Deus, como, também, para todos ao meu
redor. O dia inteiro, digo, repetidas vezes, para mim mesmo: eu sou
o favorito de Deus. Ele me ama tanto. Obrigado Senhor pelo tanto
que o Senhor me ama. O amor de Deus foi derramado em meu
coração e pude andar em amor experimentalmente.
Eu enfrentava uma batalha diária entre minha mente e meu
coração. Em minha mente e pela escolha de minha vontade, eu cria
e confessava que era amado em obediência à Palavra de Deus.
Mesmo que meu coração ainda não tivesse agarrado a essa
verdade totalmente, estava disposto a me auto-disciplinar,
confessando e declarando a verdade de Deus em minha vida até
saturar cada fibra de meu coração. Eu me lembro do momento
agradável quando o meu coração concordou com minha mente e, a
partir de então, eu sabia, sem dúvida alguma, que era o favorito de
Deus.
Nesse processo de Deus em me ensinar sobre o seu amor,
aconteceu que, um dia, acordei no meio da noite. Ao olhar no
relógio, vi que eram 3:19 da manhã. Eu queria dormir porque estava
cansado, mas o Espírito de Deus falou ao meu coração que eu
deveria levantar e ler Efésios 3:19. Eu conhecia aquele versículo
porque o havia memorizado. Eu o sabia em minha mente, mas não
em meu coração. Então, no meio da noite, pela graça de Deus, Ele
começou a me ensinar. E, assim, entender o amor de Cristo que
excede todo entendimento para que sejais preenchidos de toda
plenitude de Deus.
À medida que Deus começou a me ensinar sobre o seu amor
incondicional, meu coração começou a mudar. Deus não nos ama
porque somos bons; Ele nos ama porque Ele é bom. Compreender
essa revelação transforma nossas vidas. Se cremos que Deus nos
ama porque somos bons, temos um problema, pois sabemos,
exatamente, que não somos sempre bons. Entretanto,
profundamente em nossos corações, cremos que o amor de Deus é
condicional.
Essa crença precisa ser mudada em nossos corações. Oro para
que, através deste livro, possamos alcançar uma profunda
convicção em nossos corações de que cada um de nós somos o
favorito de Deus. Meu desejo é que todos nós possamos andar no
conhecimento e no incrível amor Ágape de Deus por nós.
Naquela noite, sentado no sofá, meditando em Efésios 3:19, as
palavras desse versículo se tornaram vivas em meu coração. A
revelação do conhecimento do amor de Cristo deve ser cheia de
toda plenitude de Deus. Se eu perguntar, Você quer ser cheio de
toda a plenitude de Deus?, tenho a certeza de que todos
responderiam “sim”.
Enquanto meditava nessa escritura, orei: Deus, desejo,
desesperadamente, ser cheio de sua plenitude. Comecei a imaginar
que, se cada cristão fosse cheio da plenitude de Deus, poderíamos
alcançar o mundo inteiro. Creio que cada pastor deve desejar que
sua Igreja seja cheia da plenitude de Deus. Imagine o quanto Deus
é grande! Imagine o quão incrível é o seu poder! Nada é impossível
para Deus. Ele oferece a cada um de nós a oportunidade de sermos
cheios com sua mesma e exata plenitude. O mundo seria
transformado se fôssemos cheios da plenitude de Deus.
Meditando e orando sobre ser cheio de toda a plenitude de Deus,
comecei a perceber uma condição existente para essa promessa.
Essa condição é: conhecer o amor de Cristo que ultrapassa o
conhecimento.
Continuei pensando e orando, Deus, como posso conhecer algo
que ultrapassa o conhecimento? Como Deus pode me dizer que o
modo para ser cheio de toda a sua plenitude é conhecer algo que eu
não possa conhecer, porque ultrapassa o meu conhecimento? Isso
soou como a hilária imagem de um burro tentando comer uma
cenoura posta na ponta de seu nariz; como se tentasse alcançar o
inalcansável.
Deus, como posso conhecer alguma coisa se isso ultrapassa o
conhecimento? Lembro-me daquela noite muito claramente; insisti
pedindo a Deus para abrir meu coração e mente, pois desejava
compreender aquele versículo completamente. Deus, eu sou o seu
favorito; obrigado pelo quanto o Senhor me ama. Mas agora, sinto
como se tivesse sendo trapaceado. O Senhor me diz que preciso
conhecer o amor de Cristo, mas, depois, me diz que Ele ultrapassa
meu conhecimento. Sentado ali, no meio da noite, sozinho com
Deus, de repente compreendi. Quando a Bíblia fala sobre o
conhecimento do amor de Cristo, ela não fala sobre compreender
alguma coisa em minha mente. Na cultura ocidental, enfatizamos o
conhecimento acima da experiência. Essa não é a cultura Hebraica
nem o modo como eles pensam; lembre-se de que o Novo
Testamento foi escrito nesse padrão de pensamento. A palavra
grega usada para conhecimento do amor de Cristo, nesse versículo
de Efésios, tem o significado de conhecer através da experiência. É
a mesma palavra que os judeus usavam quando falavam de
intercurso sexual. Podemos saber tudo sobre o sexo, mas isso não
trará bebês para o mundo. Se casarmos e quisermos começar uma
família, nosso mero conhecimento teórico sobre como ter filhos não
produzirá nada. Somente a experiência de intimidade entre o
esposo e a esposa, de fato, trará filhos.
Nesse versículo, a Palavra de Deus diz que, para sermos cheios
de toda a plenitude de Deus, precisamos alcançar o conhecimento
experimental do amor de Cristo. Esse foi o choro do coração do
apóstolo Paulo pela Igreja para que ela andasse na experiência do
amor do Senhor. Paulo compreendeu a importância dessa verdade.
Em Romanos 8:38, Paulo nos diz que não há absolutamente
nada que possa nos separar do amor de Deus. Diz o texto:
No entanto, estou seguro de que nem morte nem vida,
nem anjos nem demônios, nem presente nem futuro,
nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade,
nem qualquer outra criatura poderá nos afastar do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Nossa mente nunca será capaz de compreender a profundidade
do amor de Deus por nós. Um dos problemas na Igreja hoje é que
temos tentado compreender o amor de Deus com a nossa mente.
Como podemos entender que alguém nos ama quando merecemos
rejeição? Como podemos entender que Ele nos ama enquanto
temos sido falhos com Ele? Como podemos entender que Deus nos
ama enquanto o temos desapontado? As nossas mentes não são
capazes de compreender essas verdades maravilhosas. Portanto,
precisamos, sinceramente, desejar andar na experiência do amor
Ágape de Deus.
Tudo isso veio, repentinamente, na minha vida, desde a
plaquinha que ganhei de presente, que até hoje está pendurada em
meu escritório, até o exato momento em Deus me acordou as 3:19
da manhã pedindo que eu levantasse e lesse Efésios 3:19, percebi
e sei o quão desesperado Ele estava para me ensinar essa lição tão
importante para minha vida.
Fiquei desesperado para experimentar o amor Ágape de Deus.
Quanto mais experimento desse amor tanto mais desejo transmiti-lo
às outras pessoas. Agora, posso amar a Deus do modo como Ele
queria que eu o amasse, não com o meu próprio amor phileo, mas
como o amor que Ele, primeiramente, havia me mostrado e
colocado em meu coração.
19
O
Eu renuncio o espírito religioso. O apóstolo Paulo sofreu muita
perseguição, porque recusou-se comprometer a verdade do
Evangelho e a verdade da cruz com a religião. O espírito religioso
tentará destruir nossas vidas e nossas Igrejas. Muitas pessoas são
contra o cristianismo por causa do espírito religioso que infiltrou na
Igreja. Uma das manifestações desse espírito é convencer as
pessoas de que elas têm que receber o amor de Deus por
merecimento. Esse espírito quer nos convencer de que, quanto mais
lemos nossas Bíblias, quanto mais oramos e jejuamos e quanto
mais trabalhamos para tentarmos agradar a Deus, tanto mais Ele
nos amará verdadeiramente. Esse pensamento religioso é inspirado
por demônios. É completamente impossível receber o amor de Deus
como recompensa de um trabalho feito. Somente podemos recebê-
lo e experimentá-lo pela fé gratuitamente.
Ler nossas Bíblias, orar, jejuar, servir a Deus são coisas
importantes, mas nenhuma delas fará Deus nos amar mais
intensamente. Se simplesmente expe-rimentássemos o amor de
Deus, servi-lO-íamos com gratidão e sacrificaríamos nossas vidas
para Ele. Estou convencido de que se nossas Igrejas estivessem
cheias de membros que tivessem alcançado, por experiência, o
conhecimento bíblico do amor do Senhor por nós, os líderes não
teriam de gastar tanto tempo tentando convencer as pessoas para
servirem ao Senhor. Eles não precisariam gastar seu tempo
tentando convencer as pessoas de ofertarem no reino de Deus. Na
hora da coleta, as pessoas simplesmente correriam para
entregarem, alegremente, uma oferta sacrificial ao Senhor. Se
tivessem o amor de Deus experimentado e compreendido,
verdadeiramente, teriam, em si, o maior motivador para a rendição
completa de qualquer pessoa ao serviço a Deus.
Quero encorajar e desafiar cada leitor deste livro a mudar o modo
como vivem. Procuremos meditar na verdade do amor de Deus.
Pela manhã, antes de fazer qualquer coisa, sugiro encontrarmos um
lugar quieto em casa para orarmos e seremos encharcados com o
amor de Deus. Simplesmente, vamos abrir nossos lábios e
agradecer ao Senhor pelo quanto Ele ama cada um de nós.
Falemos ao Senhor o quão aberto nossos corações estão para
receberem o amor Ágape de Deus. Diga a Ele o quão desesperados
e famintos estamos para experimentarmos o seu amor.

O CICLO VÍCIOSO DA LINHA DO FAVOR


As pessoas vivem com uma espécie de linha de favor imaginária
em suas mentes. Isso é uma coisa terrível! À medida que
crescemos, temos diferentes experiências em relação ao amor.
Essas experiências dão forma às nossas vidas, especialmente
quando se envolve o modo que as pessoas que exercem autoridade
sobre nós nos tratam enquanto crescemos. Tais pessoas criaram
uma linha de favor imaginária em nossas mentes. Eles implantaram
em nós a crença de que quando agimos de modo agradável a eles,
somos por eles recompensados e, portanto, merecemos o amor
deles.
Criamos em nossas mentes o que chamo de linha de favor. Se
quisermos ter o favor das pessoas, nosso comportamento tem de
ser, de certo modo, prazeroso para eles. A repetição desse
comportamento favorável nos faz desenhar uma linha imaginária em
nossas mentes. Quando nosso comportamento é bom e está acima
dessa linha, então, merecemos o favor de alguém. Mas, se nosso
comportamento é ruim e cai abaixo da linha imaginária, acreditamos
que não merecemos nem o favor nem o amor de ninguém.
Essa linha imaginária é reforçada por afirmações como: Oh, que
bom menino você é! O papai está tão orgulhoso de você. Quando
nos comportamos de acordo com as expectativas de outros,
geralmente, recebemos elogios ressaltando o quanto somos bons,
em vez de realçarem o quão nossas ações são boas. Isso nos faz
acreditar que receberemos a atenção e o amor das pessoas se nos
comportarmos de acordo com determinados padrões estabelecidos
para nós.
No final das contas, acabamos projetando isso para Deus. A
religião reforça esse pensamento e fortalece a linha do favor. Ela diz
que quando agimos corretamente somos bons e Deus fica
orgulhoso de nós, por isso, Ele nos dá o seu favor e o seu amor.
Todavia, isso é completamente o oposto àquilo que Deus
realmente é. Lembre-se de que Deus nos ama porque Ele é bom, e
não porque somos bons. Não há linha do favor no coração de Deus;
já temos o favor ilimitado dEle para nossas vidas. Deus é amor e
ponto final!
Frequentemente, essa linha de favor está enterrada e
profundamente guardada em nosso subconsciente. Infelizmente,
trazemos isso para o nosso relacionamento com Deus. Existe uma
grande, porém, sutil diferença entre fazer alguma coisa para Deus
porque Ele me ama ou porque quero receber seu amor em troca.
Sirvo a Deus, leio a Bíblia, oro e jejuo porque Deus me ama
incondicionalmente, e não por causa de uma linha de favor
imaginária em minha mente. Conheço a realidade dessa linha de
favor em minha própria experiência; eu costumava viver com ela.
Acho que viver assim, refém da linha de favor, é muito cansativo.
I João 4:19 diz que o amamos porque Ele nos amou primeiro. A
palavra amor usada nesse texto é a palavra Ágape. Somos
completamente incapazes de amarmos a Deus com esse tipo de
amor a menos que o recebamos dEle. Temos que nos tornar
viciados em receber o amor de Deus. Temos que,
permanentemente, viver na experiência, no conhecimento e na
alerta de se viver no amor incondicional dEle. Sem sombra de
dúvidas, temos que crer e compreender que, ao sermos salvos, o
amor incondicional de Deus foi derramado em nossos corações.
Então, temos que caminhar na experiência diária desse amor até
nossos corações ficarem convictos de que somos amados e de que
somos os favoritos de Deus.
Se percebermos essa linha de favor imaginária em nosso
subconsciente, devemos fazer a seguinte oração: Senhor Jesus, eu
agradeço muito pelo quanto o Senhor me ama. Eu percebo que meu
coração não está completamente convencido de seu amor por mim.
Tentei receber seu amor por mérito, mas reconheço que esse não é
o caminho. Oro para o Senhor sondar meu coração e apagar toda
memória consciente e inconsciente que acredita que seu amor seja
condicional; apague essa mentira até mesmo em minhas memórias
celulares. Oro para o Senhor remover cada linha de favor imaginário
em meu coração. Eu perdôo todos aqueles que me feriram e
contribuíram para o meu crescimento em aceitar que o seu amor
seja condicional. Não vou mais tentar receber seu amor por
merecimento. Preencha cada fibra do meu ser com a experiência do
seu perfeito e incondicional amor, até que meu coração e toda
minha memória celular se convença disso. Eu agradeço pelo
trabalho consumado da cruz de Jesus Cristo que me faz aceito e
amado, independente de qualquer coisa que eu faça. Eu recebo seu
amor; eu desejo seu amor; eu abro meu coração para seu amor. No
nome poderoso de Jesus. Amém.
20
O J
A nova aliança é algo complexo para os cristãos compreenderem.
Não deveria ser, mas, creio que os cristãos sofrem para entenderem
o amor de Deus porque não podem conciliar o Velho Testamento
com o Novo. Muitos querem compreender Deus a partir do Velho
Testamento. Muitos acham que o Senhor é um Deus de ira por
causa das histórias lidas no Antigo Testamento. Entretanto, se
quisermos entender a Deus, temos que olhar para Jesus e, além
disso, compreender que tudo no Antigo Testamento aponta para
Cristo.
Em Colossenses 1:15 diz, Ele é a imagem do Deus invisível, o
primogênito sobre toda a criação. Se verdadeiramente quisermos
ver Deus como Ele é, temos que ler os Evangelhos e olhar para
Jesus. Os textos do Novo Testamento nos dão uma clara ilustração
de como Ele é, mesmo não podendo vê-lO com nosso olhos
naturais. Jesus é a imagem perfeita do Deus que não podemos ver.
Ao estudarmos os Evangelhos, lendo os ensinos de Jesus e
olhando para suas ações, rapidamente descobriremos que Ele era a
expressão do perfeito e incondicional amor Ágape de Deus. Ele era
compassivo, cheio de graça e verdade. Mateus 9 diz que Jesus foi
movido de compaixão. Jesus se importava com as necessidades
das pessoas. Desafiando sua própria cultura, Ele tratava as
mulheres com honra e respeito. Ele amava as criancinhas e os
pecadores eram atraídos a Ele. Seu confronto foi com os líderes
religiosos de seu tempo que tornavam impossível às pessoas
experimentarem o amor incondicional de Deus.
Se estudarmos a parábola do filho pródigo de Lucas 15, veremos
o amor apaixonado de Deus. Esta parábola, na verdade, não é
sobre o filho perdido que gastou a herança do pai, mas é sobre o
amor apaixonado e incondicional de Deus. Vemos muitas coisas
nessa parábola que são confrontos diretos com o modo de pensar
religioso dos fariseus e saduceus. O filho gastou toda herança que o
pai lhe deu e decidiu, com remorso, voltar para a casa dele. Sua
atitude foi remorso, sendo que estava convencido de que merecia a
rejeição do pai. No versículo 18 o filho disse, Levantar-me-ei,
tomarei o caminho de volta para meu pai, e ao chegar lhe
confessarei: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Ele esperava que o
pai lhe desse o que pensava merecer: viver como um escravo. O
versículo 20 diz,
E, logo em seguida, levantou-se e saiu na direção do pai.
Vinha caminhando ele ainda distante, quando seu pai o
viu e, pleno de compaixão, correu ao encontro de seu
filho, e muito o abençoou e o beijou.
Eis aqui algumas coisas para se tomar nota:
1) O pai o viu quando ele ainda estava distante. Como o pai
poderia tê-lo visto se não estivesse ativamente procurando pelo
filho? Isso mostra o coração de nosso Pai que está no céu,
desejando que cada um de seus filhos estejam em sua presença,
independentemente do que fizeram.
2) Ele teve compaixão. Não importa o quanto falhamos, não
importa o quão terrivelmente nos sentimos, sempre desapontamos a
Deus, mas seu coração por nós permanece compassivo e amoroso.
Qualquer coisa que cremos contrariando isso é mentira. Não há ira
no coração de Deus para conosco, somente compaixão. A ira de
Deus foi colocada no seu próprio filho, Jesus Cristo, para que
pudéssemos experimentar essa compaixão.
3) O pai correu em direção ao filho. Lembremo-nos de que os
judeus não usavam calças como em nossa cultura, eles usavam
túnicas. Há diferentes palavras gregas traduzidas por “correr” no
Novo Testamento. Uma delas significa ir depressa até um lugar
firme. A outra significa sprint19. Nesse texto, a palavra usada é a
que significa “sprint”. Um homem não poderia correr em um “sprint”
a menos que levantasse sua túnica, o que era uma completa
desgraça na cultura deles. O pai estava disposto a se envergonhar
para mostrar seu amor ao seu filho.
4) O pai beijou o filho apaixonadamente. A Bíblia diz que o pai se
jogou no pescoço do filho e o beijou. Essa expressão tem um
significado interessante, que poderíamos traduzir como: um abraço
tenro e longo, e um beijo apaixonado. O que eu amo especialmente
nessa parábola são os versículos 21 e 22 Então, o filho lhe
declarou: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno
de ser chamado seu filho! Entretanto, o pai ordenou aos seu servos:
Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o com distinção, ponde-lhe o
anel de autoridade e as sandálias de filho. O filho estava cheio de
culpa, vergonha e condenação. O pai, em vez de ouvi-lo e
concordar com ele, ignorou completamente suas afirmações. Ele
silenciou seus sentimentos de culpa e de condenação mostrando ao
filho o seu amor. Essa parábola demonstra o amor do nosso Pai do
modo mais maravilhoso possível. Tudo o que vemos nos
Evangelhos sobre Jesus expressa o amor apaixonado de Deus por
nós. Não entenderemos Deus através das escrituras do Velho
Testamento sem olharmos para Jesus. Temos que olhar para Jesus.
Ele é a expressão perfeita do Deus que, apaixonadamente, nos
ama.
Tenho uma pergunta que gostaria de fazer. Por favor, pare sua
leitura por um instante, coloque o livro ao seu lado e responda:
Como Deus, o Pai, ama seu próprio filho Jesus Cristo? Pense sobre
isso e dê uma resposta honesta. Eu vou esperar ...
... todos aos que fiz essa pergunta responderam de modo similar;
todos acreditam, é claro, que Deus ama Jesus com o perfeito amor,
pois afinal de contas, Jesus é seu único filho perfeito e que obedece
o Pai em todas as coisas. Ele é Deus e viveu na terra para agradar
a Deus no céu. Então, é óbvio que Deus o ama perfeitamente. E é
verdade que Deus ama Jesus com amor perfeito. Não temos
problema em acreditar nisso. Agora deixe me mostrar um versículo
poderoso. Olhe em João 15:9. São as palavras do próprio Jesus
falando aos seus discípulos: Assim como o Pai me amou, eu da
mesma forma vos amei. Permanecei no meu amor. Se sua resposta
à pergunta sobre como Deus ama Jesus é: é claro, Ele o ama
perfeitamente, então, precisamos acreditar que Jesus nos ama
perfeitamente. Veja que suas palavras são claras. Jesus nos ama do
mesmo jeito que o Pai amou Jesus. Ele é a expressão do Deus
invisível, e esse é o modo como Deus nos ama.
Antes de Jesus começar seu ministério, antes de Ele fazer um
único milagre ou qualquer coisa para servir o Pai, Ele foi ao rio
Jordão para ser batizado. Após o batismo, os céus foram abertos e
uma voz falou dizendo, Em seguida, uma voz do céu disse: Este é o
meu filho amado, em quem muito me agrado. (Mateus 3:17). Deus o
amava extravagantemente. Lembre-se de que Jesus nos ama
exatamente do mesmo modo. Independentemente de qualquer
coisa que façamos, Ele continua nos amando e nos diz, você é meu
filho amado em quem muito me agrado você é minha filha amada
em quem muito me agrado.
Talvez alguém pense, Como Jesus pode estar feliz comigo?
Talvez alguém ainda pense, Pastor, você não tem ideia sobre como
é minha vida. Tenho falhado e desapontado a Deus. Essa é uma
ideia estranha: como podemos desapontar a Deus? Somente
podemos desapontar as pessoas que têm alguma expectativa em
relação a nós. Mas Deus sabe o futuro e não tem expectativa
alguma em relação a qualquer coisa. Ele sabe de tudo! Quando
Deus escolheu nos amar, Ele conhecia cada pecado, cada falha e
cada erro de nossa vida passada, presente e futura. Portanto, Ele
não pode ficar desapontado conosco.
Jesus não somente diz que Ele nos ama como o Pai o amou, mas
ainda diz que precisamos permanecer em seu amor. Nós temos
que, continuamente, viver no amor de Jesus por nós. Não há
absolutamente nenhuma diferença entre como Deus Pai ama seu
Filho Jesus Cristo e como Ele nos ama. Temos que permanecer no
conhecimento e na experiência desse amor perfeito para nós.
Somos tentados, constantemente, pelo espírito religioso; eles nos
faz pensar e acreditar que recebemos o amor de Deus por
merecimento.
Crer no amor de Deus é um sinal de humildade. Rejeitá-lo é
orgulho. Acreditar que se recebe o amor de Deus por mérito e
trabalhar arduamente por ele, não é sinal de humildade, mas, sim,
de orgulho. Por quê? Porque acreditando nisso, dizemos que a
verdade não é aquilo que a Bíblia diz, mas aquilo que acreditamos
ser. A verdadeira humildade é receber tudo o que Deus tem para
nós, inclusive seu amor. Precisamos ir ao espelho todos os dias,
sorrir e dizer: Aqui está o favorito de Deus. Jesus Cristo pagou um
preço muito alto para provar seu amor por nós. Rejeitar esse dom
gratuito é uma coisa terrível. Temos que nos lembrar,
constantemente, de que se não recebermos o tipo de amor de Deus,
não temos nada a dar às outras pessoas. Nosso amor não é bom o
suficiente, precisamos, pois, do amor de Deus.

19 A palavra “sprint” não tem outra correspondente em língua


portuguesa. Ela significa correr uma pequena distância a toda
velocidade. Por falta de uma correspondente em português,
apropriamos da palavra inglesa em nossa língua. Nota-se que ela é
comumente usada em esportes, como por exemplo, em atletismo na
corrida de 100 metros.
21
C
Vejamos o que a Bíblia nos diz em Romanos 8:15 diz,
Pois vós não recebestes um espírito que vos escravize
para andardes, uma vez mais, atemorizados, mas
recebestes o espírito que os adota como filhos, por
intermédio do qual podemos clamar: “Abba Pai!”
Ainda, em Efésios 1:5 diz,
E, em seu amor, nos predestinou para sermos adotados
como filhos, por intermédio de Jesus Cristo, segundo a
benevolência da sua vontade.
Essas são verdades poderosas. Não nascemos na família de
Deus, fomos adotados nela. Não escolhemos a família em que
nascemos. Não escolhemos nossos pais nem nossos pais nos
escolheram. As crianças simplesmente nascem em uma família;
elas têm que viver e crescer na família em que nasceram. A Bíblia
diz que fomos adotados de acordo com o bom prazer da vontade de
Deus. Adotar-nos em sua família trouxe uma grande alegria para
Deus. A adoção é um processo e os pais que decidem adotar uma
criança o consideram bem. A escolha pela adoção acontece
motivada pelo desejo de os pais expressarem seu amor por uma
criança que precisa de um futuro.
Deus olhou para nós e nos viu sem esperança e sem futuro. Ele
escolheu nos escolher e nos adotar em sua família para que
tivéssemos, portanto, a esperança de um futuro. Muitos temos a
ideia de que escolhemos Deus, mas essa não é a verdade. Foi
Deus quem nos escolheu a nós; somente respondemos ao seu
chamado. Jesus disse aos seus discípulos em João 15:16:
Não fostes vós que me escolhestes; ao contrário, eu vos
escolhi a vós e designei para irdes e dardes fruto, e fruto
que permaneça. Sendo assim, seja o que for que
pedirdes ao Pai em meu nome, Ele o concederá a vós.
Talvez nossa família tenha nos rejeitado; talvez não recebemos
amor de ninguém, e isso tem nos deixado inseguros. Se
compreendermos isso, que não somos cristãos por acaso, teremos
toda insegurança destruída em nossas vidas, pois a verdade que
Deus nos escolheu a dedo para nos adotar em sua família é
poderosa.

COMO O VALOR É DETERMINADO?


Olhe esta gravura cuidadosamente.

Ela é uma gravura de uma pintura real chamada Mulher III20. Foi
pintada por um expressionista Holandês. Ele a terminou em 1953.
Este foi um dos quadros de maior valor já vendidos até hoje. Eu
pessoalmente não gosto deste quadro, na minha opinião ele é muito
feio; no entanto, pagaram por ele a quantia equivalente a R$ 370
milhões. Mas antes de continuarmos a leitura do livro, analise-o
cuidadosamente e responda sinceramente: “Você acha que este
quadro vale 370 milhões de reais?”
Em 2006, David Jeffen vendeu este quadro pelos 370 milhões de
reais a um bilionário chamado Steven Cohen. Sempre que olho para
esse quadro e penso nessa grande quantia em dinheiro, me
pergunto, Quantos orfanatos poderiam ser construídos e quantos
famintos poderiam ser alimentados com esses R$ 370 milhões?
Espero que você já tenha respondido a pergunta quanto ao valor do
quadro: Será que ele vale 370 milhões de reais? A maioria das
pessoas são convictas de que o valor desse quadro não se
aproxima, de maneira alguma, dessa quantidade de dinheiro.
Contudo, o fato é que este quadro vale 370 milhões de reais.
Talvez, informações como essas nos choquem e nos faz pensar:
Isso é completamente ridículo! Esse quadro nunca vale essa quantia
de dinheiro! Sim, ele vale. Por que este quadro vale tanto? Para
respondermos a essa pergunta temos que, primeiramente, fazer
outra: quem determina o valor de qualquer coisa? O valor é
determinado pela pessoa que paga o preço; sem exceção.
Se escolhemos, por exemplo, abrir uma loja para vender tênis da
Nike por R$ 30 reais o par, quem realmente determinou o valor
desses calçados: nós, os que abrimos a loja ou os consumidores?
Se as pessoas que vierem à loja, olhar os calçados e decidirem
que não valem os R$ 30 reais e, portanto, se recusarem a comprá-
los, iremos falir. Não faz diferença se os sapatos são bons ou ruins.
Não faz diferença o preço que colocamos nesses tênis. Não
determinamos os valores, mesmo achando que somos nós quem os
determinamos. Por outro lado, se outra pessoa abrisse uma loja do
outro lado da rua de nosso estabelecimento e decidisse vender tênis
Adidas, com qualidade similar aos nossos Nikes, por R$ 300,00
reais o par, e os consumidores gostassem dos sapatos e pagassem
o valor pedido, então, o dono dessa loja ficaria rico e nós iríamos à
falência. Por quê? Porque o valor das coisas é determinado pelas
pessoas que pagam por elas. Essa é uma verdade que muitos não
desejam aceitar.
Por essa razão, o quadro representado por aquela gravura vale
370 milhões de reais. Um dia, Steven Cohen olhou para aquele
quadro e disse, Desejo pagar os R$ 370 milhões de reais pedidos.
Assim, ele determinou o valor. Não importa qual loja vamos, o preço
nunca é realmente determinado pelo dono da loja, mas pelas
pessoas que desejam pagar pelas mercadorias. Se ninguém
comprar os produtos, eles são completamente sem valor. Essa é a
razão pela qual os comerciais e propagandas tentam nos convencer
de que precisamos de seus produtos, gerando em nós o desejo de
pagar por eles. Dessa forma, determinamos os valores.
O que isso tem a ver com o amor de Deus por nós? Isso tem tudo
a ver conosco e com Seu amor para conosco. Quem pagou o preço
por você e por mim? E que preço Ele pagou? Fomos nós quem nos
salvamos? Fomos nós quem nos redimimos? Obviamente, não. Foi
Jesus Cristo quem nos redimiu e nos comprou. O preço que Deus
pagou por nós foi a vida de seu único filho. E porque Deus foi o
único que pagou um preço por nós, Ele é o único que pode
determinar nosso valor. I Pedro 1:18 diz,
Porquanto, estais cientes de que não foi mediante
valores perecíveis como a prata e o ouro que fostes
resgatados do vosso modo de vida vazio e sem sentido,
legado por nossos antepassados.
Nós temos uma etiqueta com um preço pregado em nossas vidas
determinando nosso valor. Que valor é esse? Nosso valor é mais
alto que o valor de qualquer outra coisa no Universo!
Eis o que Jesus pagou por nós: Ele pensou que éramos tão
valorosos que desejou ser torturado, sofrer açoites e até mesmo ser
separado de seu Pai no céu. Quando a coroa de espinhos foi
colocada em sua cabeça, quando os pregos foram postos em suas
mãos e pés, quando Ele sofreu a agonia da tortura brutal, Ele
determinou o seu e o meu valor. Ninguém realmente matou Jesus.
Vejamos o que Ele disse em João 10:17-18:
Por esse motivo o Pai me ama; Porque eu entrego a
minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim; antes
eu a entrego de espontânea vontade. Tenho poder para
entregá-la, e poder para retomá-la. Esse é o
mandamento que recebi de meu Pai.
Antes da crucificação, conforme nos diz o texto de Mateus 26:53,
Jesus disse:
Ou imaginas tu que Eu, neste momento não poderia orar
ao meu Pai e Ele colocaria à minha disposição mais de
doze legiões de anjos?
Ele também disse em Lucas 23:46:
Então, Jesus bradou com voz forte: Pai! Em tuas mãos
entrego o meu espírito. E havendo dito isto, expirou.
A vida de Jesus não foi tirada dEle; Ele, voluntariamente, a
entregou. Ele sofreu tudo isso para determinar o nosso valor. Tenho
uma etiqueta com um preço determinado posto em minha vida; esse
preço mostra o meu valor. Não foram meus pais quem
determinaram meu valor, tampouco meus amigos. Bom ou ruim, o
meu passado, também, não determinou o meu valor, pois nada
disso pagou um preço por mim.
Não faz diferença nenhuma aquilo que o diabo fala para nós. Não
faz diferença o quanto de condenação ele tenta colocar sobre nós.
Com confiança podemos ordenar que ele cale. Podemos fazer isso,
porque temos muito valor aos olhos de Deus. Enquanto crescia, eu
não acreditava que tinha algum valor. Aos 12 anos, tentei suicídio
pela primeira vez. As pessoas me disseram que não havia
esperança ou futuro para mim. Por muito tempo, acreditei nessas
mentiras. Sou eternamente grato a Deus pelo fato de Ele ter
determinado meu valor pelo preço que Ele quis pagar.
Do mesmo modo que aquele quadro vale 370 milhões de reais
porque alguém desejou pagar por ele aquele valor, também temos o
maior valor possível porque Deus desejou pagar tamanho preço por
nós.
Isaías 53 fala sobre o sofrimento de Cristo na cruz. O versículo 10
impactou minha vida profundamente. O capítulo inteiro descreve o
profundo sofrimento de Jesus Cristo por nós, para determinar o
nosso valor. Diz,
Contudo, foi do propósito de Deus, torturá-lo e fazê-lo
passar por toda dor. E, embora o Senhor o tenha feito
com oferta pelo pecado da humanidade, Ele verá sua
posteridade, prolongará seus dias para sempre, e a
vontade de Deus prosperará em suas mãos.
Por que o Senhor se agradou em sacrificar seu próprio filho?
Esse foi o único modo pelo qual Deus pôde nos mostrar nosso valor.
Minha esposa e eu temos dois filhos. É inimaginável para mim
torturar meus próprios filhos brutalmente para salvar a vida de
alguém, especialmente alguém que seja meu inimigo. Em Romanos
5:10 está escrito:
Ora, se quando éramos inimigos de Deus fomos
reconciliados com Ele mediante a morte de seu filho,
quanto mais no presente, havendo sido feitos amigos de
Deus, seremos salvos por sua vida.
De fato, a Bíblia diz que Deus se agradou em fazer isso por você
e por mim. É assim que Ele colocou uma etiqueta de preço em
nossas vidas. Se compreendemos essa verdade, podemos superar
qualquer rejeição que sofremos na vida.

20 Mulher III foi terminada em 1953. É uma pintura a óleo do


artista Willem de Kooning. Este quadro pertence à coleção privada
de Steven A. Cohen.
CONCLUSÃO
Como estudamos a importância do amor Ágape de Deus, oro para
que cada leitor deste livro seja impactado para viver uma vida de
amor. O meu desejo é que este livro não seja mais um entre vários
que há no mercado. Não há algo mais elevado para nós que
alcançarmos a graça de andar no tipo do amor Ágape de Deus.
Podemos ter toda fé do mundo, podemos profetizar, podemos ter
um ministério muito poderoso, podemos ter uma família maravilhosa
e até mesmo o negócio de maior sucesso; e, ainda assim, não
termos amor.
A definição bíblica de uma vida de sucesso é andar no perfeito
amor Ágape de Deus. Sabemos que para Deus, não é importante o
quanto de sucesso tenhamos, pois sem o tipo de amor Ágape de
Deus, não somos nada. O Senhor nos garante que o seu amor
nunca falha. Será que queremos, de fato, ter uma vida que nunca
fracassa, com a garantia de sermos prósperos aos olhos de Deus?
Então, andemos no tipo do amor Ágape de Deus.
Recebamos do amor de Deus em cada dia de nossas vidas.
Comecemos nosso dia corretamente, recebendo e focando-nos no
quanto Deus nos ama. Aprendamos como andar em seu amor e,
caso fracassemos, não há razão para nos desesperar; precisamos
somente de nos arrepender e de pedir perdão para Deus. Basta,
então, continuarmos a prática de andar no amor Ágape de Deus. A
única maneira que podemos crescer nessa verdade é meditando e
praticando todos os dias o amor ágape de Deus. Rendamo-nos a
Cristo e vivamos uma vida no amor Ágape, porque... o amor nunca
falha!
NOTA DE TRADUÇÃO - Primeira Edição
Não há tradução que não seja um desafio. Ela sempre habitará
um espaço de “entre”. De um lado há o autor e a língua do original;
do outro há o leitor e a língua de chegada. A luta à fidelidade
sempre será complexa, pois ou um ou outro receberão privilégios.
Essa tradução do texto do Pr. Reinhard Hirtler não deixou de ser
um desafio. Todavia, esse foi atenuado frente a um pedido do autor;
foi um desejo expresso do Pr. Reinhard que o texto em português
deixasse os meandros da complexidade e se tornasse o mais
“brasileiro” possível para o leitor não perceber as nuanças da
tradução.
Durante todo o processo do ato de traduzir, tivemos acesso direto
ao autor, e isso nos auxiliou na condução das melhores escolhas
linguísticas para não perdermos o sentido e, ainda, mantivéssemos
uma leitura fluida.
Por essa razão, essa tradução contém notas de rodapé ao longo
do texto, pois elas esclarecem questões que, porventura, podem
deixar problemas quanto ao entendimento.
Procuramos ser o mais fiel possível ao estilo do autor, mantendo,
sempre que possível, sua pontuação peculiar, mesmo tangendo as
regras da língua portuguesa, procurando não infringilas. Contudo, a
pedido do autor, mudamos a pessoa do verbo na construção desta
tradução. Enquanto o texto em português usa a primeira pessoa do
plural para a sua construção discursiva, o texto em inglês foi escrito
na segunda pessoa do singular. Essa mudança não traz prejuízos
semânticos; ela somente gera uma característica de estilo que pode
destoar com outros textos traduzidos do autor.
Usamos os textos bíblicos, em português, da Bíblia King James
Atualizada, por ser o mais semelhante à versão que o Pr. Reinhard
usa em inglês (The New King James Version). A paragrafação desta
tradução, também, não obedece à organização dos parágrafos no
original. Em português, para mantermos um padrão textual e
gramatical compreensível para o leitor, tivemos de quebrar os
longos parágrafos do original em inglês. Essa “quebra” não alterou o
sentido nem a disposição das ideias.
Como dito, o foco deste trabalho foi o leitor, pois a preocupação
do autor foi que essa mensagem de Deus pudesse chegar ao
coração de cada um com o mínimo de interferência humana
possível; seja em sua escritura no original, seja em sua tradução
para o português.
D A S 21

21 Pastor da Videira Inhumas e professor doutor em educação,


crítica literária e tradução.

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