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A igreja de Filadélfia

“Filadélfia” significa “amor fraternal”, é a igreja do amor fraternal. Apenas duas


igrejas não receberam repreensão do Senhor: Filadélfia e Esmirna. Elas têm pelo menos três
coisas em comum.

A igreja em Esmirna tinha um problema com os falsos judeus (Ap 2.9), a igreja em
Filadélfia também (Ap 3.9). As duas igrejas são provadas, e a promessa para ambas seria
receber a coroa (Ap 3.11). São duas igrejas muito semelhantes.

Cremos que as igrejas depois de Tiatira vão estar aqui por ocasião da volta do Senhor.
Qual é a base para essa afirmação? Porque em cada uma delas há uma menção da volta do
Senhor.
Na igreja em Tiatira, há a menção da Estrela da Manhã; na igreja em Sardes, o
Senhor vem como ladrão e na igreja em Filadélfia se menciona a hora da provação que há
de vir sobre todos que habitam sobre a terra, ou seja, a Grande Tribulação.

Essas três igrejas falam da volta do Senhor, portanto são igrejas que apontam para o
nosso tempo.

A igreja em Tiatira representa profeticamente a igreja da Idade Média que continua


até hoje. A Igreja de Sardes aponta para a igreja reformada que também continua até hoje.

A Igreja de Sardes saiu de Tiatira e a Igreja de Filadélfia sai de Sardes. Se a Igreja de


Sardes aponta para a Igreja reformada, para qual período aponta a de Filadélfia? Ela aponta
para o cristianismo dos séculos dezoito e dezenove, quando houve uma reação ao
formalismo e a frieza das igrejas protestantes reformadas.

Esse foi um movimento que enfatizava um relacionamento próximo, amoroso e


íntimo com Deus. A Igreja de Filadélfia profeticamente representa aquelas igrejas que
rejeitam o formalismo morto. Não existe um movimento único, são pequenas congregações
espalhadas por toda a terra.

1. A REVELAÇÃO DO SENHOR — 3.7


Estas coisas, diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e
ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá. (Ap 3.7)
Isso é maravilhoso! Ninguém pode fechar a porta que Ele abre. Se Deus nos colocou
numa posição, só sairemos dali quando Ele quiser. Mas não devemos pensar que toda porta
aberta por Ele significa que Deus deseje que fiquemos nela indefinidamente.
Naturalmente, a porta do casamento é para o resto da vida, mas portas de emprego
podem ser abertas hoje e fechadas depois. O Senhor fecha uma porta hoje, para amanhã
abrir uma maior ainda. Muitas se abrirão porque o Senhor nos conduz de glória em glória.

Não se deve desanimar se porventura uma porta se fechar. Conta-se que, certa vez,
um homem estava viajando num barco que naufragou, só ele escapou. Ele foi então parar
numa ilha deserta.

Ali, tentando sobreviver debaixo de chuva e sol, clamou a Deus, e pediu a graça de
poder construir uma choupana para se abrigar dos elementos da natureza. O Senhor o
capacitou e ele construiu uma choupana.

E lá vivia com tranqüilidade, mas o seu desejo era ir embora. Até que um dia ele orou
ao Senhor pedindo-O que enviasse alguém para resgatá-lo. Numa manhã, ele estava na
praia e começou a chover, quando de repente um raio caiu em cima da sua choupana
incendiando-a.

Aquilo o deixou desolado e chateado com Deus. Primeiro, o barco afundara e agora a
choupana tinha sido destruída. “Numa ilha tão grande o raio tinha que cair justamente em
cima da minha choupana?”, Lamentava ele.

Parado na praia, se martirizando vendo a choupana pegando fogo, percebeu que um


navio vinha em sua direção. Finalmente seria resgatado. Depois de subir no navio,
perguntou ao comandante: como é que vocês descobriram que eu estava perdido aqui? O
comandante respondeu: nós não sabíamos, mas de longe vimos uma choupana queimando e
imaginamos que fosse o sinal de alguém pedindo socorro.

Às vezes, para o barco da salvação chegar, Deus tem de queimar sua choupana. Esse
incêndio é só um sinal de que algo maior está vindo lá do mar. O Senhor tem as chaves.

2. MENSAGEM À IGREJA — 3.8-11

Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar. (Ap 3.8)
A igreja em Filadélfia tem prosperado e crescido. As igrejas que avançam nessa visão
de relacionamento intenso com Deus e de comunhão profunda são igrejas que crescem e
ninguém pode resisti-las.
a. Tem pouca força
Filadélfia, porém, é uma igreja de pouca força. Certamente, não se refere aqui à sua
força espiritual, mas à sua força política. Tiatira e Sardes são igrejas fortes, ambas são
mantidas por verbas de governos em muitos países europeus, mas as igrejas representadas
por Filadélfia são igrejas independentes, sem poder político.

b. Não negaste o meu nome.


No verso oito, o Senhor diz que Filadélfia guarda a Sua Palavra não negando o Seu
nome. É interessante que a Igreja de Sardes, que aponta para as Igrejas reformadas, valoriza
muito o nome.

Para elas, o nome vem antes de ser cristão. É comum ouvir as pessoas dizerem “eu
sou isso ou aquilo”, antes de se declararem cristãos. Mas Filadélfia não é assim. O nome
não importa, não faz diferença a placa que está na porta do prédio. Precisamos ter cuidado
para não negar o nome do Senhor amando o nome de uma denominação.

c. A Sinagoga de satanás
Alguns problemas são recorrentes entre as Igrejas. O primeiro foi a questão dos
nicolaítas que aparece nas Igrejas de Éfeso e Pérgamo. A segunda questão é o problema do
judaísmo.

Analisamos a questão do judaísmo quando falamos da Igreja de Esmirna. O que é o


judaísmo? O judaísmo possui quatro condições que o caracterizam. A primeira é o templo.
O templo era o lugar onde Deus morava, mas hoje Deus não habita em casa feita por mãos
humanas (At 7.48). A Igreja do Senhor é a habitação de Deus.

O segundo elemento que caracteriza o judaísmo é a Lei. Essa lei era exterior, escrita
em tábuas de pedras. Hoje a lei do Espírito está escrita na tábua do nosso coração. Essa é
uma grande diferença.

Em terceiro lugar, no judaísmo existia a figura do sacerdote responsável pela


mediação entre Deus e os homens. No cristianismo, nós somos feitos sacerdócio real e
nação santa (1Pe 2.9). Não se precisa mais da mediação do homem, nem precisamos que
outro ouça a Deus e nos transmita. Cada um de nós, do menor ao maior, pode conhecer a
Deus e ouvi-lo.

O quarto elemento que caracteriza o judaísmo são as promessas. Hebreus 8.6 afirma
que as promessas da nova aliança são muito superiores.

No verso nove, o Senhor diz que fará com que alguns dos que são da sinagoga de
satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, venham e prostrem-se aos
pés da Igreja e conheçam que o Senhor tem amado Filadélfia. A Igreja não tem nada a ver
com o judaísmo. Não temos que voltar para as práticas judaicas, devemos antes seguir as
práticas apostólicas.

d. Guardaste a Palavra da perseverança


“Porque guardaste a palavra da minha perseverança, disse Jesus, também eu te
guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os
que habitam sobre a terra” (v. 10). Qual é a provação que há de vir sobre toda terra? É a
Grande Tribulação.

A promessa é que os irmãos de Filadélfia serão guardados dela. Porque serão


guardados? Porque guardaram a palavra da perseverança.

A Igreja que será arrebatada é a de Filadélfia. A Igreja que ama o Senhor, que ama
uns aos outros, a Igreja do amor fraternal. Ela será guardada da hora da tribulação.
Nosso encargo é ser Filadélfia. Nosso anseio é ser qualificado como ela diante de
Deus.

3. A RECOMPENSA DO VENCEDOR — 3.12,13

A promessa é de ser guardado da hora da tribulação. A hora da provação, nesse


contexto de Apocalipse, refere-se à Grande Tribulação. O que eles tinham era a Palavra e o
testemunho. O Senhor manda que conservem o que têm para que ninguém roube a coroa deles.

Venho sem demora. Conserva o que tens para que ninguém tome a tua coroa. (Ap 3.11)
Esses irmãos de Filadélfia já possuem a coroa, todavia ela pode ser tomada. Por isso o
Senhor adverte: conserva o que tens, porque pode ser perdido.

A salvação é algo que já está definido na nossa vida. É eterna e ninguém poderá
tomá-la. A coroa, porém, é algo que pode ser tomado. A coroa ou o prêmio depende de
como nós terminamos a corrida.

Um atleta pode começar mal a corrida, mas no meio do trajeto pode se recuperar e até
vencê-la. O que importa é a maneira como ele finaliza. Algumas pessoas começam bem e
terminam mal, outros, porém, começam mal e terminam bem. Para Deus o que interessa é o
fim da carreira.

Por isso não podemos ficar acomodados pensando que a questão da recompensa já
está resolvida. A recompensa está em aberto. Salomão foi alguém que começou bem. Um
dia, o Senhor apareceu-lhe e disse: Salomão peça o que quiser, meu filho, eu lhe darei.
Salomão começou bem, pediu sabedoria. Mas como terminou? A Bíblia registra que ele se
casou com setecentas mulheres e se envolveu com idolatria por causa delas.
Jacó, por outro lado, começou mal, enganando o pai e o irmão, mas teve um fim
diferente. Depois de lutar com Deus, foi transformado em Israel — Aquele que lutou com
Deus e prevaleceu.

A nossa trajetória pode ter iniciado mal, mas o importante é o final da história. Não
devemos nos acomodar por causa de um bom começo, o que interessa é como concluiremos
diante de Deus a nossa carreira.

É por isso que Ele adverte sobre conservar o que temos (Ap 3.11). A coroa que você
tem pode ser passada para outro se você parar ou desviar-se do alvo no meio do caminho.

A coroa nos fala de uma posição que esta igreja já possui, mas que pode ser perdida.
Perde-se a coroa quando delega-se a outros o que não poderia ser delegado. Saul perdeu
definitivamente a coroa no dia em que delegou a Davi a responsabilidade de lutar com
Golias.

Quantos pastores têm perdido suas igrejas porque delegaram a direção a outros.
Quantas esposas delegaram para secretárias a sua responsabilidade para com o marido.
Quantos pais delegaram a educação dos filhos a outros. Todos eles perderam a sua posição,
porque passaram a coroa. Na verdade, a coroa não é forçosamente tomada, simplesmente a
entregamos.

Ao vencedor fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá. (Ap 3.12)
Ser coluna é uma grande glória. É ser sustentação e ornamento. Será coluna no futuro
aquele que já é coluna hoje na igreja. Deus nos deu um testemunho para sustentarmos.
Aquele que resiste é coluna.

Ser considerado coluna é ter primazia, posição de muito maior honra. Retire a coluna
e o prédio cairá. Uma coisa é ser parede, outra é ser coluna. Alguns são pedras de
edificação, outros são colunas de sustentação (1Pe 2.4,5). Sem coluna não há prédio.
Ninguém pode tocá-la indevidamente, ninguém pode furá-la inadvertidamente. É posição
de honra.

A cada igreja, o Senhor dá uma promessa para o vencedor. Seu propósito é a nossa vitória.
Ser um vencedor é responder em cada uma das advertências que o Senhor faz a cada uma
das igrejas.

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