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A IGREJA DE LAODICÉIA

A Igreja de Tiatira sai de Pérgamo, a de Sardes sai de Tiatira, a de Filadélfia, por sua vez, sai de
Sardes, mas a Igreja de Laodicéia sai da Igreja de Filadélfia. Do mesmo modo que a Igreja
Protestante saiu da Igreja Católica, também as Igrejas Evangélicas Livres saíram das
Protestantes. A palavra "Laodicéia" origina-se de outras duas palavras gregas: "laus" e "dicéia".
"Laus" vem de "laicos" que significa "povo comum". "Dicéia" significa "costume, opinião,
conselho". "Laodicéia" significa, então, "o governo das tradições do povo" ou "o governo da
opinião do povo". É o contrário dos Nicolaítas. Para o nicolaíta, o povo não tem autoridade,
quem decide e ordena é o clero. E o que é Laodicéia? O clero não manda em nada – quem
manda é o povo. É a Igreja da democracia. Se o clericalismo não é de Deus, a democracia
dentro da Igreja também não é. A palavra de um novo convertido, não pode ter o mesmo valor
que a palavra de ancião cheio do Espírito. É preciso buscar revelação do padrão celestial para o
governo da Igreja. O clericalismo nicolaíta não é o padrão de Deus, muito menos a democracia
laodicense. O desejo do coração de Deus é que na Igreja existam homens capazes de ouvi-lO.
Que eles possam ser como os anjos das Igrejas, que numa posição celestial possam governar
por meio da unanimidade do corpo. O anjo de cada igreja deve governar, mas não com
clericalismo tentando abafar a função dos membros do corpo, nem tampouco ignorando o
clamor e as percepções dos demais irmãos. Profeticamente, Laodicéia representa a Igreja dos
últimos dias. Historicamente, Laodicéia são todas aquelas Igrejas que um dia provaram o
mover de Deus, mas, que, infelizmente, esfriaram. Laodicéia é uma igreja que um dia foi
Filadélfia.

1. A REVELAÇÃO DO SENHOR — 3.14 Para Laudicéia, o Senhor se apresenta como “o Amém, a


testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus”. Como o Amém, a testemunha
fiel e verdadeira, o Senhor está declarando que tudo aquilo que Ele disse se cumprirá. Alguns
imaginam que o “princípio da criação de Deus”, mencionado aqui, significa que Jesus foi criado
ou teve início. A palavra princípio no grego tem também o sentido de fonte e origem. Assim o
texto seria mais bem traduzido como a “fonte da criação de Deus, a origem de toda a criação”.
Esta igreja, mais que todas as outras, precisa reconhecer quem é a fonte e o sustentador de
todas as coisas.

2. MENSAGEM À IGREJA — 3.15-20 A principal característica de Laodicéia é ser morna. O que


leva a Igreja a não ser quente nem fria? Antes de tudo é um desejo mórbido de agradar a
todos. Quando queremos agradar os frios e também os quentes, o resultado é a mornidão.
Mornidão é, portanto, desejo de agradar a homens antes de agradar a Deus. Um outro aspecto
da mornidão é o desejo de ser equilibrado. Esta é uma exortação que ouvimos
freqüentemente: “seja equilibrado”. Naturalmente, todo extremismo é perigoso, porém, a
mornidão não é senão um equilíbrio térmico. Certa vez, encontrei um pastor que reclamava de
rejeição em sua cidade, tanto pelos tradicionais como pelos pentecostais. Em sua opinião isso
acontecia porque ele era equilibrado, na verdade, o que ele considerava sua qualidade era sua
mornidão. Por ser morno, não se adaptava a lugar algum. Para o tradicional, ele era quente;
para o pentecostal, muito frio. Em outras palavras, era morno. A intenção do morno é não
desagradar ninguém. Quando se é frio ou quente, isso incomoda. O desejo de agradar os
outros parece muito bonito e até muito espiritual, mas não agrada a Deus. A pior maldição que
existe no meio evangélico é querer ser simpático sempre. A Igreja de Laodicéia é assim: uma
igreja simpática, todo mundo gosta dela, menos o Senhor, que está a ponto de vomitá-la da
boca. O Senhor não suporta esse meio termo: nunca é de mais, nunca é de menos; nunca
ataca, nunca defende; não cheira nem fede; não é fria nem quente. Além disso, Laodicéia se
acha rica e abastada. Isto não se refere à riqueza material, ainda que essa igreja seja também
rica materialmente, mas à riqueza espiritual. Quantas igrejas estão fechadas para o mover de
Deus porque julgam já possuí-lo. Outras pensam que não necessitam aprender coisa alguma
com mais ninguém. Afinal possuem os melhores teólogos e mestres. Quem pode ensiná-los? O
diagnóstico do Senhor é duro: você não percebe, mas é miserável, pobre, cego e nu (v. 17).
Como pode alguém se achar rico e Deus taxá-lo de miserável? Certamente, é porque o que
julgam ter não possui valor espiritual genuíno. Talvez possua muita erudição, mas nenhuma
revelação; muita música, mas nenhuma adoração; muito trabalho, mas nenhum fruto; muito
barulho, mas nenhuma unção; muito patrimônio, mas nenhuma riqueza celestial. Às vezes, o
que supomos ser riqueza não passa de tecidos rotos aos olhos divinos, o pior é quando nos
julgamos entendidos e na avaliação celestial somos tidos como cegos. Os laodicenses tinham o
mesmo problema dos fariseus: tinham olhos, mas não viam, tinham ouvidos, mas não ouviam.
Todo conhecimento verdadeiramente espiritual é fruto de revelação. Ter revelação não
significa ver algo que ninguém nunca viu, ao contrário, é ver sob a ótica de Deus, é ver como
Ele vê. Revelação é ter o coração incendiado por Sua luz que traz a palavra rhema. Para esta
Igreja, a Palavra de Deus está selada. Ela não enxerga coisa alguma porque seu coração não
está voltado para Deus. O mero conhecimento intelectual da Bíblia é destituído de valor. Se
tudo o que temos é isto, então não possuímos coisa alguma. Este tipo de conhecimento não
muda a vida de ninguém antes é considerado por Deus como cegueira. Além de pobres e
cegos, os laodicenses estão nus aos olhos divinos. Sabese que as vestes espirituais nos falam
de relacionamento com Deus. Todo crente as recebeu, contudo, o Senhor diz que Laodicéia
está nua. Certamente, essa nudez se refere às vestes nupciais porque Ele diz que essa igreja
precisa comprar as vestiduras brancas. As vestes de salvação não podem ser compradas, pelo
contrário, são recebidas pela graça. Por outro lado, têm um preço: os atos de justiça (Ap 19.8).
Apesar da situação lamentável de Laodicéia, ela não deixa de ser igreja. Todavia, ela precisa
pagar o preço para adquirir as coisas genuinamente espirituais. A indisposição para pagar o
preço é que nos leva a sermos mornos. Para sermos quentes temos de pagar o preço de
incomodar os frios. Para sermos ricos em Deus, precisamos pagar o preço. Paulo nos adverte
que alguns edificam com materiais baratos como madeira, palha e feno porque não querem
pagar o preço pelo ouro, pela prata e pelas pedras preciosas (1 Co 3.12). O primeiro item que
eles precisam comprar é o ouro. Na Bíblia, o ouro refinado aponta para a glória, para a
presença e a natureza do próprio Deus. Todas as vezes que o Senhor fala, sua Palavra é ouro;
sempre que o Espírito flui, sua unção é ouro. É por isso que, muitas vezes, os irmãos têm visão
de ouro chovendo em nossas reuniões. Sempre que Deus se move, isso é ouro. A riqueza que
possuímos é só uma: Sua unção em nossas vidas. Quem não tem unção é pobre, não tem nada.
O pobre é aquele que nunca tem nada para compartilhar, nada para dizer da parte de Deus —
esse é pobre. Esse ouro de Deus, porém, não pode ser distribuído gratuitamente — ele tem
um preço. É preciso pagá-lo. O Senhor aconselhou a Igreja a comprá-lo. Unção não acontece
por acaso, alguém a adquiriu. O segundo item a ser adquirido são vestiduras brancas. Elas nos
falam das vestes nupciais e devem ser compradas. Depois da veste de salvação, precisamos da
veste nupcial tipificada pelas roupas bordadas do Salmo 45.14 e também pelo linho finíssimo
de Apocalipse 19.8. A veste nupcial é feita de nossos atos de justiça, ela nos qualifica a
participar do reino e da festa das bodas. Todos devemos ter as duas vestes: as de salvação —
que é o próprio Cristo (Rm 13.14; Gl 3.27), e as nupciais — que são os nossos atos de justiça (Is
61.10). Quanto às nupciais, devem ser compradas, o preço é tecê-las com os nossos atos de
justiça, porque o linho finíssimo simboliza os atos de justiça dos santos (Ap 19.8). Por fim, o
Senhor aconselha a Igreja de Laodicéia a comprar colírio para que possa ver (v. 18). Esse “ver”
é algo inerente ao espírito. Colocar colírio nos olhos significa buscar um coração receptível. A
Igreja de Laodicéia era arrogante e julgava que não precisava aprender nada com mais
ninguém. Quem não se dispõe a aprender com os outros também não vai aprender
diretamente com o Senhor. Não devemos tentar aprender sozinhos, por orgulho, aquilo que
nosso irmão sabe. Deus vai nos resistir. Entretanto, se nos dispomos a aprender com o irmão,
a luz de Deus virá através dele. Se em nossa cidade, o Senhor está se movendo em algum
lugar, devemos ir até lá para aprender; se não o fizermos e tentarmos aprender sozinhos, Deus
poderá nos resistir, porque Ele não se agrada do soberbo. A situação dramática dessa Igreja
pode ser percebida no verso 20: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e
abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. (Ap 3.20) Que igreja é esta
que o Senhor está de fora batendo? Que condição miserável é esta que coloca Jesus do lado
de fora chamando? Os comentaristas concordam que esta porta que o Senhor está batendo é
a porta do coração. Laodicéia é, portanto, uma igreja que não possui Jesus no coração. Talvez
o tenha na doutrina, ou na liturgia, nunca no coração. Ainda assim, o Senhor reafirma: ainda
há tempo para você, “eu disciplino a quem amo e eu estou batendo na sua porta agora”. A
entrada do Senhor no coração dessa igreja não é para salvá-la, pois eles são salvos, caso
contrário não seriam Igreja. O Senhor quer cear com eles. Cear é uma questão de comunhão,
de querer estar com Ele e amá-lo. Na Bíblia, comer junto é algo muito sério compartilhar o pão
é só para amigos. Os judeus, por exemplo, jamais comiam com os gentios. Laudicéia é uma
igreja que não tem uma comunhão com o Senhor porque não tem amizade com Ele. Jesus
disse que os seus amigos são aqueles que fazem a sua vontade. A Igreja de Laodicéia não
conhece e nem tampouco pratica a vontade do Senhor. É difícil abrir a porta quando a casa
está cheia e não há mais espaço. Certa vez, um professor chegou diante de sua sala de aula
com uma jarra de vidro. Queria ensinar algo profundo aos seus alunos. Diante deles colocou
uma grande pedra dentro da jarra e perguntou: esta jarra está cheia? Todos concordaram que
sim. Ele então pegou cascalho e colocou dentro da jarra. Os cascalhos penetraram nos espaços
vazios. Ele então perguntou pela segunda vez: está cheia? Os alunos ficaram um pouco
encabulados, mas concordaram que estava cheia. Mas ele saiu ainda e trouxe uma areia bem
fina e despejou na jarra. A areia penetrou nos espaços que havia entre os cascalhos e a pedra.
Pela terceira vez ele perguntou: está cheia? Agora ninguém ousava responder, porque nem
imaginavam o que poderia vir a seguir. O professor então disse: agora eu vou de fato encher a
jarra. Ele veio, colocou água dentro da jarra que preencheu todos os espaços vazios. Depois de
tudo isso ele perguntou: que lição vocês aprenderam com esta experiência? Eles responderam
rapidamente: isto é fácil. Não importa o quão ocupados estejamos, sempre há espaço para
mais algum compromisso. O professor retrucou. Esta lição é boa, mas há uma mais profunda
ainda: se vocês não colocarem a pedra primeiro, depois não tem mais jeito. Se não formos
criteriosos, poderemos encher nossas vidas de outras coisas até o ponto de não haver mais
espaço para a Pedra.

3. A RECOMPENSA DO VENCEDOR — 3.21,22 O que é ser um vencedor? As pessoas pensam


que o vencedor é alguém fora do comum, vivendo num padrão superior ao dos demais.
Entretanto o vencedor é aquele que não abandona o primeiro amor. Vencedor é aquele que
rejeita as obras dos nicolaítas, a doutrina de Balaão e as profecias de Jezabel. O vencedor é um
Antipas, que não apenas tem o nome de que vive, mas está vivo realmente. Vencedor é aquele
que conserva o que tem, que não é morno, mas quente. Enfim, é aquele que não tem medo de
ser radical em Deus, nem de abrir a porta para o Senhor entrar e cear. A ele, o Senhor promete
uma maravilhosa recompensa: Dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como
também eu venci, e me sentei com meu Pai no seu trono. (Ap 3.21

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