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A Arqueologia do saber – Michel Foucault

Pg 05 – As descrições históricas se ordenam necessariamente pela atualidade do saber,


se multiplicam com suas transformações e não deixam de romper com elas próprias.

Pg 07 – a história mudou sua opinião sbre o documento: ela considera como sua tarefa
primordial, não interpretá-lo, não determinar se dia a verdade nem qual é seu valor
expressivo, mas sim trabalha-lo no interior e elaborá-lo. A história procura definir, no
próprio tecido documental, unidades, conjuntos, séries, relações.

Pg 08 – A história é o que transforma documentos em monumentos e que desdobra,


onde se decifravam rastros deixados pelos homens, onde se tentava reconhecer em
profundidade o que tinham sido, uma massa de elementos que devem ser isolados,
agrupados, tornados pertinentes, inter-relacionados, organizados em conjuntos.

Pg 12 – Uma descrição global cinge todos os fenômenos em torno de um centro único –


princípio, significação, espírito, visão de mundo, forma de conjunto. Uma descrição
geral desdobraria, ao contrário, o espaço de uma dispersão.

Pg 31 – Eis a questão que a análise da língua coloca a propósito de qualquer fato de


discurso: segundo que regras um enunciado foi construído e, consequentemente,
segundo que regras outros enunciados semelhantes poderia ser construídos? A descrição
de acontecimentos do discurso coloca outra questão bem diferente: como apareceu um
determinado enunciado, e não outro em seu lugar?

Pg 31 – Análise do discurso: trata-se de compreender o enunciado na estreiteza e


singularidade de sua situação; de determinar as condições de sua existência, de fixar
seus limites da forma mais justa, de estabelecer suas correlações com os outros
enunciados a que pode estar ligado, de mostrar que outras formas de enunciação exclui.

Pg 51 – As condições para que apareça um objeto de discurso, as condições históricas


para que dele várias pessoas possam dizer coisas diferentes, as condições ara que ee se
inscreva em um domínio de parentesco com outros objetos, para que possa estabelecer
com eles relações de semelhança, de vizinhança, de afastamento, de diferença, de
transformação – essas condições, como se vê, são numerosas e importantes. Isto
significa que não se pode falar de qualquer coisa em qualquer época; não é fácil dizer
alguma coisa nova.

Pg 55 – Relacionar os objetos ao conjunto de regras que permitem formá-los como


objetos de um discurso e que constituem, assim, suas condições de aparecimento
histórico; fazer uma história dos objetos discursivos que não os enterre na profundidade
comum de um solo originário, mas que desenvolva o nexo das regularidades que regem
sua dispersão.
Pg 56 – As palavras e as coisas – consiste em não mais tratar os discursos como
conjuntos de signos (elementos significantes que remetem a conteúdos ou a
representações), mas como práticas que formam sistematicamente os objetos de que
falam. Certamente os discursos são feitos de signos; mas o que fazem é mais que utilizar
esses signos para designar coisas. É esse mais que os torna irredutíveis à língua e ao ato
da fala. É esse “mais” que é preciso fazer aparecer e que é preciso descrever.

Pg 89 – Interrogar o discurso sobre as suas regras de formação.

Pg 105 – não há signos sem alguém para proferi-los ou, de qualquer forma, sem alguma
coisa como elemento emissor. Para que uma série de signos exista, é preciso – segundo
o sistema das causalidades – um autor ou uma instância produtora.

Pg 124 – Discurso: conjunto de enunciados que se apoia em uma mesmo sistema de


formação; é assim que pode-se falar do discurso clínico, do discurso econômico, do
discurso da história natural, do discurso psiquiátrico.

Pg 135 – Chamaremos de discurso um conjunto de enunciados, na medida em que se


apoiem na mesma formação discursiva; ele não forma uma unidade retórica ou formal,
indefinidamente repetível e cujo aparecimento ou utilização poderíamos assinalar na
história; é constituído de um número limitado de enunciados para os quais podemos
definir um conjunto de condições de existência. O discurso, assim entendido, não é uma
forma ideal e intemporal que teria uma história; o problema não consiste em saber como
e por que ele pôde emergir e tomar corpo num determinado ponto do tempo; é, de parte
a parte, histórico – fragmento de história, unidade e descontinuidade na própria história,
que coloca o problema de seus próprios limites, de seus cortes, de suas transformações,
dos modos específicos de sua temporalidade, e não de seu surgimento abrupto em meio
às cumplicidades do tempo.

Pg 136 – Prática discursiva: é um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre


determinadas no tempo e no espaço, que definiram, em uma dada época e para uma
determinada área social, econômica, geográfica ou linguística, as condições de exercício
da função enunciativa.

Pg 148 - Arquivo: Não entendo por esse termo a soma de todos os textos que uma
cultura guardou em seu poder, como documentos de seu próprio passado, ou como
testemunho de sua identidade mantida; não entendo, tampouco, as instituições que, em
determinada sociedade, permitem registrar e conservar os discursos de que se quer ter
lembrança e manter a livre disposição. Trata-se antes, e ao contrário, do que faz com
que tantas coisas ditar por tantos homens, há milênios, não tenham surgido apenas
segundo as leis do pensamento, ou apenas segundo o jogo das circunstâncias, que não
sejam simplesmente a sinalização, no nível das performances verbais, do que se pôde
desenrolar na ordem do espírito ou na ordem das coisas; mas que tenham aparecido
graças a todo um jogo de relações que caracterizam particularmente o nível discursivo;
que em lugar de serem figuras adventícias e como que inseridas, um pouco ao acaso, em
processos mudos, nasçam segundo regularidades específicas; em suma, que se há coisas
ditas – e somente estas -, não é preciso perguntar sua razão imediata às coisas que aí se
encontram ditas ou aos homens que as disseram, mas ao sistema da discursividade, às
possibilidades e às impossibilidades enunciativas que ele conduz.

Pg 149 – O arquivo é de início, a lei do que pode ser dito, o sistema de aparecimento
dos enunciados como acontecimentos singulares. Mas o arquivo é, também, o que faz
com que todas as coisas ditas não se acumulem indefinidamente em uma massa amorfa,
não se inscrevam, tampouco em uma linearidade sem ruptura e não desapareçam ao
simples acaso de acidentes externos, mas que se agrupem em figuras distintas, se
componham umas com as outras segundo regularidades específicas.

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