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Deep 

Web: o submundo do crime 
 
Você  pensa  que  conhece  a  World  Wide  Web,  mas  o  conteúdo  normalmente 
acessado pelas pessoas, tal como o das redes sociais (Facebook, Twitter, etc.) e 
dos demais sites como a Amazon ou do Canal Ciências Criminais, representam 
apenas  um  pequeno  pedaço  da  sua  superfície  (conhecida  como  Surface  Web). 
Há um mundo enorme e pouco explorado pela maioria: a Deep Web (também 
conhecida como Dark, Hidden e Invisible Web), que pode significar, em termos 
de  conteúdo,  algo  500  vezes  maior  do  que  geralmente  acessamos.  Não  à  toa, 
comumente a ilustração sobre a Surface/Deep Web é a de um iceberg.  
 
Para  explicar  a  Deep  Web  são  necessários  alguns  breves  esclarecimentos. 
Vamos a eles.  
 
Por  muitas  vezes  nos  utilizamos  indistintamente  das  expressões  “Internet”  e 
“World Wide Web” (ou somente “Web”) para designar o acesso à rede mundial 
de  computadores.  No  entanto,  são  palavras  com  significados  distintos  na 
medida  em  que  a  Internet  é  infraestrutura  de  redes,  servidores  e  canais  de 
comunicação  que  conecta  os  dispositivos  informáticos  pelo  mundo, 
constituindo,  portanto,  a  parte  física  e,  por  seu  turno,  a  Word  Wide  Web  é  a 
parte  virtual  do  acesso,  ou  seja,  a  Web  acontece  quando  se  navega  entre  as 
páginas (websites).  
 
Sob  a  ótica  do  internauta  o  acesso  à  Web  começa  em  nossos  computadores, 
tablets,  celulares  e  etc.  Toda  vez  que  desejamos  acessar  uma  página  (site), 
digitamos  um  endereço  no  navegador  que  passa  pela  rede,  chegando  a  um 
roteador  e,  de  lá,  é  enviado  (por  satélites  ou  fibra  óptica)  até  os  servidores 
(computadores capazes de realizar uma infinidade de tarefas ao mesmo tempo) 
da  companhia  que  nos  provê  acesso  à  Internet  (Vivo,  Oi,  GVT,  Net,  etc.).  É  a 
partir desse momento que o endereço digitado é utilizado para encontrar uma 
página. 
 
Os endereços dentro da Internet tem algo de similar com os da vida real, sendo 
que cada página tem uma localização único no mundo, que é formada por um 
conjunto de números. Ocorre que é muito mais fácil para as pessoas decorarem 
nomes  do  que  números.  Por  isso  digitamos,  por  exemplo, 
www.canalcienciascriminais.com.br  que,  depois,  é  convertido  para  a  forma  de 
número  por  um  sistema  chamado  DNS  (Domain  Name  System  –  Sistema  de 
Nomes de Domínios) e se transforma em algo como 177.12.172.111. Esses números 
formam o Internet Protocol, vulgarmente chamado de IP, que é o responsável 
por  mostrar  o  caminho  que  os  dados  precisam  percorrer  até  o  acesso  ao  sítio 
desejado.  Além  disso,  cada  página  na  Web  é  indexada  com  palavras  que 
facilitem que seja encontrada pelos buscadores (Google, Yahoo, Bing, etc.).  
 
Já na Deep Web as coisas são um tanto distintas. Ela não pode ser acessada por 
um navegador padrão como o Google Chrome, o Internet Explorer ou o Safari já 
que  ela  não  utiliza  o  DNS  (Domain  Name  System  –  Sistema  de  Nomes  de 
Domínios). Além disso, as páginas não são indexadas com palavras já que não 
serão  alvo  dos  buscadores.  Então,  para  encontrar  algo  na  Deep  Web  é 
necessário conhecer o endereço exato da máquina cujo acesso se pretende ter. 
 
Uma  das  formas  mais  comuns  de  se  navegar  em  parte  da  Deep  Web  é  com  a 
utilização  de  um  aplicativo  especial,  o  TOR  (The  Onion  Router),  que  é  uma 
rede  de  túneis  virtuais  que  dificulta  e  embaralha  a  identificação  dos 
equipamentos  ao  acessarem  determinado  conteúdo.  O  TOR  dificulta  o 
rastreamento  mas,  ao  contrário  do  que  alguns  dizem,  não  garante  a 
inviolabilidade  dos  dados  nem  a  identidade  da  máquina  porque  não  é 
criptografado. Além disso, uma análise de tráfego seria capaz de revelar muitas 
informações  sobre  o  que  uma  pessoa  faz  na  Deep  Web  vez  que  são 
monitoráveis a origem, o destino, o tamanho e o tempo dos dados transmitidos 
e, assim, se poderia inferir quem está falando com quem.  
 
Mas  o  TOR  não  é  a  única  forma  de  acesso  às  profundezas  da  Web,  havendo 
opções  como  o  Morphmix  /  Tarzan,  Mixminion  /  Mixmaster,  JAP,  MUTE  / 
AntsP2P, Haystack.  
 
Em  síntese,  a  Deep  Web  é  tudo  o  que  está  disponível  em  máquinas  que  não 
estão identificadas pelo DNS nem pelos motores de busca.  
 
Como em qualquer lugar, na Deep Web acontecem coisas boas e ruins, sendo 
que a preocupação das autoridades é o fato de não terem controle sobre isso em 
razão  da  maior  dificuldade  de  identificação  dos  que  por  lá  navegam.  E, 
evidentemente, há muita coisa bizarra e criminosa em suas profundezas.  
 
Dentre as bizarrices presentes na Deep Web há, por exemplo, bonecas sexuais 
humanas (geralmente são crianças compradas de famílias miseráveis pelos Doll 
Makers  e,  acredita‐se  que  são  levadas  à  centros  cirúrgicos  clandestinos  e 
transformadas em bonecas vivas que não apresentem resistência às perversões 
sexuais dos seus donos. Assim, seus membros são amputados e substituídos por 
próteses. Além disso, os dentes e as cordas vocais são retirados. Extremamente 
bizarro, criminoso e perturbador); conteúdo pornográfico infantil; anúncios de 
Hitman, (assassinos de aluguel); snuff Videos (vídeos com mortes reais); vídeos 
com experimentos científicos realizados em humanos; fóruns sobre canibalismo 
(muitos  descobertos  após  o  caso  do  “Canibal  de  Rotemburgo”);  comércio  de 
drogas (o mais famoso era o Silk Road, descoberto pelo FBI em 2013) e tutoriais 
para hacking e criação/disseminação de vírus entre vários outros.  
 
Registre‐se  que  a  Deep  Web  não  é  apenas  e  tão  somente  um  espaço  para  a 
prática de crimes e apresentação de imagens e vídeos repugnantes, embora haja 
muito  disso  por  lá.  A  grande  questão  é  como  investigar  nas  profundezas  da 
Web e combater a criminalidade que, lá praticada, tem maiores chances de se 
manter na clandestinidade. O tempo dirá.  
 
 

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