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J o h n M ilton G r eg o ry
6a Im pressão
CBC
Rio de Janeiro
2015
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das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
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As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 1995, da
Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.
esta edição revisada da obra do Dr. Gregory, tudo foi feito para se con
G. C. B.
W. K. L.
SOBRE O AUTOR
autor deste livro, John Milton Gregory, foi um dos líderes em as
res que governam a arte do ensino, tem alcançado um grande êxito como
manual para os professores de escolas dominicais. Como reconhecimento ao
grande serviço prestado pelo Dr. Gregory à universidade de Illinois, dois
membros de sua escola de Pedagogia se ocuparam da revisão do livro, que
agora apresentaremos ao público.
SUMÁRIO
Prefácio............................................................................................................. 5
Sobre o Autor................................................................................................... 7
Introdução ........................................................................................................11
Conclusão ....................................................................................................... 85
Advertência.................................................................................................... 87
Questionário ....................................................................................................89
INTRODUÇÃO
1. O ensino tem suas leis naturais tão fixas como as leis que regem as
plantas ou outros organismos que são suscetíveis ao crescimento. É um pro
cesso em que se empregam forças definidas que produzem resultados tam
bém definidos. E estes se manifestam de forma tão regular e exata como o
dia que surge com o nascer do sol. O que o mestre faz, o faz por meios
naturais que conseqüentemente geram resultados naturais. O princípio de
causa e efeito é tão preciso — embora nem sempre tão óbvio e facilmente
compreendido — no desenvolvimento da mente como no da matéria. As
leis da mente são tão firmes quanto as da matéria.
2. A descoberta das leis de qualquer processo — seja da mente, seja da
matéria — torna possível colocá-lo sob o controle de quem conhece as leis
e domina as condições. O conhecimento das leis da corrente elétrica possi
bilitou enviar mensagens através dos oceanos. Da mesma forma, aquele que
tem domínio sobre as leis do ensino pode levar às mentes alheias as experi
ências da humanidade. Quem deseja obter uma boa colheita tem de obede
cer às leis da natureza no que se refere ao crescimento da semente, e quem
quer ensinar com êxito a uma criança tem de se submeter semelhantemente
às leis do ensino. Em nenhuma parte — nem no mundo da mente, nem no
da matéria — o homem pode alcançar bons resultados, a menos que empre
gue os meios de que dependem esses resultados.
3. O ensino, em seu sentido mais simples, é a comunicação da expe
riência. Esta pode consistir em fatos, verdades, doutrinas, idéias ou ideais,
ou ainda fundamentar-se em processos de habilidade em uma arte. Pode
ser ensinada por meio de palavras, sinais, objetos, ações ou exemplos. Mas
16 As Sete Leis do E nsino
Os Sete Fatores
4. Para descobrir a lei de um fenômeno qualquer, devemos submetê-lo
a uma análise científica e estudar suas distintas partes. Se fizermos de igual
modo com um ato completo do ensino, veremos que ele contém sete
elementos ou fatores distintos: (a) dois pessoais —o professor e o aluno; (b)
dois mentais —uma linguagem comum, ou meio de comunicação, e uma
lição, ou verdade, ou arte a ser comunicada; (c) três atos funcionais —o do
professor, o do aluno e um processo final para fixar o ensino e atestar o
resultado.
5. Esses elementos são essenciais em cada ação completa de ensinar. Seja
a lição um simples fato que pode ser explicado em três minutos, ou um
discurso que dure muitas horas, os sete fatores estarão presentes nela, se o
trabalho for eficaz. Nenhum deles pode ser omitido, e não é necessário acres
centar mais um. Se há uma verdadeira ciência do ensino, esta deve ser en
contrada nas leis e relações desses fatores.
6. Para descobrir suas leis, assinalemos novamente os sete fatores de ma
neira cuidadosa: (a) o professor; (b) o aluno; (c) uma linguagem comum ou
meio de comunicação; (d) uma lição ou verdade; (e) o trabalho do professor;
(f) o trabalho do aluno; (g) o trabalho de revisão, que organiza, aperfeiçoa,
aplica e fixa a atividade realizada. Cada um desses fatores se distingue dos
outros por alguma característica essencial; cada um deles é uma entidade
distinta ou fato natural.Visto que cada fato da natureza é o produto e a prova
de alguma lei natural, cada elemento aqui descrito tem sua grande lei de
função, e todas elas tomadas em conjunto constituem As Sete Leis do Ensino.
7. Pode parecer trivial insistir de tal maneira nisso. Alguém poderá
dizer: “Está mais do que claro que não pode haver ensino sem professor e
aluno, sem uma linguagem e uma lição, e sem que o professor ensine e o
aluno aprenda; ou, finalmente, sem uma adequada revisão, caso se queira
As Sete Leis do E nsino 17
ter a certeza de que o trabalho tem sido realizado com êxito. Tudo isso é
tão claro que não há necessidade de haver insistência”.Também está claro
que quando se tem sementes, terreno, calor, luz e umidade de forma pro
porcional, as plantas nascem e crescem até dar frutos. Porém o óbvio desses
fatos não impede que algumas verdades sobre as leis mais profundas e mis
teriosas da natureza estejam ocultas. Da mesma maneira, um simples ato de
ensino pode conter em seu cerne as leis mais poderosas e significativas da
vida mental.
As Leis Apresentadas
8. Tais leis não são obscuras e difíceis de serem entendidas. São tão com
preensíveis e naturais que quase se apresentam espontaneamente aos olhos
do observador cuidadoso. Elas se encontram inseridas nas descrições mais
simples que se possa fazer dos sete elementos já mencionados, como se suce
de abaixo:
a) O professor é aquele que conhece a lição, ou verdade, ou arte a ser ensi
nada.
b) O aluno é o que recebe com interesse a lição.
c) A linguagem usada como meio de comunicação entre o professor e o
aluno deve ser comum a ambos.
d) A lição a ser ensinada e aprendida deve ser explanada com termos que
o aluno já conheça: o desconhecido deve ser explicado pelo conhecido.
e) Ensinar é despertar e usar a mente do aluno para que ele apreenda o
pensamento que se deseja adquirir, ou domine a arte que se quer
aprender.
f) Aprender é entesourar na mente por meio do próprio pensamento (ou
pensar com o próprio entendimento) uma nova idéia ou verdade, ou
tornar em hábito uma nova arte ou habilidade.
g) A prova do ensino dado — o processo final e de fixação — deve ser a
revisão, a verificação, a reprodução e a aplicação do tema que foi ensinado,
dos conhecimentos ou ideais e artes que foram comunicados.
te que o real. Cada lei varia em sua aplicação às distintas mentes e pessoas,
muito embora permaneça a mesma; e cada uma está relacionada com outras,
até que chegue aos mais amplos limites na arte de ensinar. Nos capítulos
seguintes, faremos um cuidadoso estudo dessas sete leis, adquirindo em nos
sa discussão muitos e valiosos princípios com respeito à educação e às regras
práticas que podem ser usadas com eficiência no trabalho do professor.
12. Tais regras e leis se aplicam ao ensino de qualquer assunto, em qual
quer grau, desde que sejam condições fundamentais por meio das quais uma
idéia pode passar de uma mente a outra. São tão válidas e úteis para o cate
drático de uma universidade como para o professor de curso primário, e
tanto para o ensino de uma lei lógica como para a instrução de aritmética.
13. Há muitos professores eficientes que jamais ouviram falar a respeito
dessas leis e que não as seguem conscientemente, assim como há pessoas que
caminham com segurança sem sequer saber o que são leis da gravidade, ou
que falam de modo inteligente sem ter estudado a gramática. Como o mú
sico que toca “de ouvido”, esses professores “naturais” aprenderam com a
prática as leis do ensino e lhes obedecem por hábito. E por isso, o êxito que
eles obtêm é em virtude da obediência à lei, e não apesar dela.
Habilidade e Entusiasmo
14. Ninguém deve temer que o estudo das leis do ensino possa substituir
por um trabalho mecânico e frio o ensino entusiástico e caloroso, que tanto
é desejado e muito admirado. A verdadeira habilidade acende e aviva o entu
siasmo, levando-o ao sucesso que de outro modo poderia vir a ser o fracasso.
O verdadeiro amor que o trabalhador sente por sua obra cresce com sua
habilidade em realizá-la bem. Portanto, o entusiasmo produzirá infmitamen-
te melhores resultados ao ser guiado pela habilidade.
15. Alguns diretores de escolas e mesmo juntas educacionais, não pou
cas vezes, irrefletidamente preferem mestres entusiastas a educadores que são
apenas bem instruídos e com experiências. Eles acreditam, com certa razão,
que o entusiasmo tem mais êxito — embora não possua muito conheci
mento e tenha pouca habilidade — que o professor bem preparado e bastan
te erudito, mas que peca por falta de zelo. No entanto, preferimos escolher
quem: o entusiasta ignorante ou o preguiçoso preparado? O entusiasmo não
é exclusividade dos despreparados e ignorantes, e nem todos os homens
calmos são ociosos. Há um entusiasmo que vem da habilidade — do prazer
de fazer bem o que se tem a fazer — , que é mais eficaz, quando se trata de
uma arte, que o entusiasmo que nasce de um sentimento. O lento, porém
20 As Sete Leis do E nsino
A LEI DO PROFESSOR
dicar seu trabalho mui sincero e cuidadoso com erros impensados. O verda
deiro professor comete poucos erros, e estes o ajudarão a ser mais cuidadoso.
a) A própria ignorância dos alunos pode tentar o professor a negligenciar
um cuidadoso preparo e estudo. Ele pode pensar que a qualquer tempo
conhece muito mais a lição do que os alunos, e imaginar que sempre
saberá o que dizer, ou que a sua falta de conhecimento passará desper
cebida. Este é um triste equívoco que, não poucas vezes, sai bem caro
para o professor. E quase certo o engano ser descoberto, e quando isso
acontece, o professor terá perdido toda a sua influência sobre a classe.
b) Alguns professores acreditam que é tarefa do aluno, e não sua, estudar a
lição; e que, com o livro em mão, verificará facilmente se os alunos
cumpriram ou não seu dever. E melhor não deixar que um aluno que
saiba a lição examine os colegas para que estes não se sintam
desencorajados em seu estudo por causa da indiferença e falta de prepa
ro do professor. Ensinar não é meramente “ouvir a citação da lição”.
c) Outros mestres examinam o conteúdo da lição tão rapidamente e
consideram esse proceder como algo indiscutível. Concluem que,
embora não a tenham aprendido de forma plena, ou talvez tenham
compreendido apenas uma parte dela, já reuniram material sufici
ente para preencher o período de aula, e podem, caso necessário,
suplementar o pouco que sabem com “conversa mole” ou historinhas.
Ou então, por falta de tempo ou de ânimo para se prepararem bem,
deixam de lado a idéia de ensinar e usam o tempo de aula com
exercícios que lhes ocorrem na hora. Pelo fato de a escola ser muito
boa ou famosa, esperam que os alunos recebam algum beneficio
somente por freqüentá-la.
d) Falta mais séria ainda é a dos professores que, não encontrando estí
mulo na lição, ou no magistério, fazem disso um fundamento para
embasar suas próprias idéias e opiniões.
e) Existe outro erro grave cometido por professores que buscam ocultar
sua ignorância com pomposas pretensões de sabedoria, escondendo sua
falta de conhecimento com frases altissonantes e muito além da com
preensão dos alunos. Eles lançam mão de solenes expressões feitas em
tons de erudição e demonstram ter feito um estudo bom e profundo,
porém não há tempo para exibir diante dos alunos tal conhecimento.
Quem já não viu alguém usar desses artifícios com os alunos?
Assim, muitos professores se atiram ao magistério preparados apenas em
parte ou inteiramente despreparados. São como mensageiros sem mensa
A Lei do P rofessor 29
Descrevendo a Atenção
3. Atenção significa direcionar a mente para um objeto. Este pode ser
externo — assim como alguém observa com cuidado o funcionamento de
uma máquina ou escuta intensamente uma composição musical — ou pode
ser interno, mental — quando alguém recorda uma experiência do passado
ou medita sobre o significado de alguma idéia. Os psicólogos definem essa
operação da mente como o ato de localizar de modo consciente um objeto.
Assim, acredita-se que a consciência tem um foco e uma margem. O foco é
ocupado pela nossa percepção do objeto que está sendo considerado; a mar
32 As Sete L eis do E nsino
Fontes de Interesse
8. As fontes de interesse, que são as vias de acesso para se chegar à aten
ção, são muitas. Cada órgão sensorial é uma porta de acesso à mente da
criança. Os bebês mostram-se atraídos por um pedaço de fita branca, e dei
xarão de chorar ao ver um objeto estranho balançando diante dos olhos. O
movimento da mão do pregador, seu sorriso ou gesto entusiasmado e a to
nalidade de sua voz muitas vezes fazem mais para prender a atenção dos
ouvintes do que o significado e profundidade do discurso. A mente atende
àquilo que apela de modo muito forte aos sentidos.
9. O professor pode não ter a oportunidade que o preletor tem de ges
ticular livremente e de usar a voz; porém, dentro dos limites mais estreitos,
tem a seu alcance a oportunidade de fazer bom uso do rosto, da voz e das
mãos. Uma pausa repentina, com a mão erguida, pode afugentar o barulho e
a confusão, e fazer com que os alunos ouçam e deem atenção. O mostrar um
quadro, ou outro material ilustrativo, atrai o discípulo mais desatento e des
perta o mais apático. O baixar ou erguer a voz repentinamente provoca nova
atenção. Tudo isso tem importância e valor.
No entanto, deve-se lembrar de que tudo isso são recursos a serem empre
gados quando necessários. O esforço do professor, em todo tempo, deve ser no
sentido de tornar a apresentação tão interessante a ponto de atrair a concentra
ção dos alunos. Ensinando-os a se concentrar, logo passarão pelo estágio de
atenção ativa e alcançarão o efetivo da atenção secundária passiva. O educador
deve lançar mão de estímulos artificiais somente para obter a atenção.
10. Fonte de genuíno interesse pode ser encontrada na relação da lição
com alguma coisa do passado do aluno, e mais ainda quanto ao futuro de sua
vida. A isso podemos acrescentar o interesse simpático, inspirado pelo gosto
do professor para com o tema e pelo estímulo dos condiscípulos ou colegas.
Todas essas coisas tocam o aluno pessoalmente, pois com elas há um apelo
próprio bem esclarecido.
Empecilhos à Atenção
13. Os dois maiores inimigos da atenção são a apatia e a distração. O
primeiro pode ser por não considerar o tema em questão agradável, ou por
cansaço, ou outra condição física. O segundo é a atenção dividida e voltada
para vários objetos. É terrível inimigo de todo aprendizado. Se a apatia ou a
distração provêm de fadiga ou enfermidade, o professor sábio não insistirá
muito tempo na lição.
A LEI DA LINGUAGEM
esperançoso no futuro do homem. Já para uma pessoa que ainda não reco
nheceu em Cristo seu Salvador, religião significa um amontoado de cerimô
nias mais ou menos desagradáveis, ou deveres indesejáveis. Para o ateu, o
vocábulo religião sugere somente superstição e credos. Até certo grau, tais
variações de significado podem ser vistas em centenas de nossas palavras
mais comuns. O professor, para bem realizar sua tarefa, deve escolher sabia
mente suas palavras, projetando as imagens mais claras possíveis na mente
dos seus alunos.
8. No entanto, ainda há muito mais. No ensino eficiente, o pensamento
corre em duas direções — de aluno para o professor, e deste para aquele. E
preciso que o professor compreenda muito bem a criança e que ela entenda
bem o professor. As vezes, os alunos conferem às palavras significados falsos e
estranhos, e esses erros de interpretação podem durar muitos anos, se o pro
fessor não os corrigir. Não poucas vezes, as crianças se veem compelidas pela
pobreza de sua linguagem a usar palavras com significados diferentes do
usual, do correto. O educador precisa conhecer as necessidades intelectuais
de seus alunos por suas próprias palavras.
O Instrumento do Pensamento
9. Mas a linguagem é tanto o instrumento como o veículo do pensa
mento. As palavras são as ferramentas com que a mente fabrica da massa
crua de suas impressões os conceitos claros e válidos. Assim as idéias se
encarnam nas palavras, tomam forma na linguagem e se apresentam pron
tas para serem estudadas e conhecidas, para serem arrumadas no mecanis
mo do pensamento inteligível. Enquanto não se lhes dá expressão, perma
necem como fantasmas, indistintos e inatingíveis. Uma das funções mais
importantes do ensino é ajudar as crianças a chegar a uma expressão clara
e exata daquilo que na realidade já conheçam de modo imperfeito. N e
nhum ensino é completo se deixar de ser expresso de maneira clara e
inteligente. Isso quer dizer que devemos falar na linguagem da criança, e
não empregarmos mera repetição de definições já feitas por outras pessoas,
as que, em muitos casos, usam vocábulos que as crianças desconhecem
completamente.
10. Podemos avançar mais e dizer que conversar é pensar, visto que as
idéias devem, em tudo, anteceder às palavras, a não ser quando há uma repe
tição desvinculada do sentido. Os mais úteis processos de pensamento, e
algumas vezes os mais difíceis, são aqueles nos quais adaptamos as palavras às
idéias. A declaração completa e clara de um problema muitas vezes é a me
44 As S e t e L e is do E n sin o
A LEI DO PROCESSO
DE ENSINO
instrutor que possa ensiná-lo. Então, se podemos aprender sem sermos ensi
nados, é correto afirmar que a verdadeira função do professor é criar as
condições mais favoráveis para que o aluno possa aprender por si mesmo. Na
essência, a aquisição de conhecimentos deve ser efetuada pelas mesmas agências
e usando os mesmos métodos, seja com professor, seja sem ele.
6. Sendo assim, para que servem as escolas e os professores? Essa pergun
ta é pertinente, porém a resposta é muito simples. O conhecimento, em seu
estado natural, encontra-se divulgado e confuso. Está ligado, é certo, a gran
des sistemas, porém tais conexões são leis e revelações desconhecidas ao
principiante, e são aprendidas pelos homens somente através de anos de
observação e cuidadoso estudo. A escola seleciona para seus currículos aqui
lo que considera ser mais útil às experiências da humanidade, organiza-o e
oferece aos alunos através das facilidades do ensino. Também proporciona a
seus alunos tempo apropriado e sossegado para o estudo, e, por meio de
livros e outros materiais de educação, o resultado dos trabalhos de outras
pessoas, que servem como roteiros dos territórios a serem explorados e como
trilhas dos campos do conhecimento. O verdadeiro ensino, portanto, não é
aquele que dá conhecimento, mas sim aquele que estimula os alunos a adqui
ri-lo. Pode-se dizer que ensina melhor o que ensina menos. Ou ensina melhor
aquele cujos alunos aprendem mais sem serem diretamente ensinados.Toda
via, devemos reter em nossa mente que nessas afirmativas epigramáticas es
tão contidos dois significados do vocábulo “ensino”: o primeiro, o de sim
ples falar; o segundo, o de criar as condições do verdadeiro aprendizado.
7. O professor é um bom guia, cujo conhecimento dos assuntos a serem
estudados o habilita apropriadamente a dirigir os esforços de seus alunos, a
fim de poupá-los de gastar tempo e energias, e livrá-los de dificuldades des
necessárias. Entretanto, nenhuma ajuda da escola ou do professor pode mu
dar as operações da mente, ou impedir o aluno de sentir necessidade de
aprender por si mesmo. Os olhos têm que ver por si mesmos, e o ouvido,
escutar; a mente deve pensar qualquer coisa que seja o que se faça para
fornecer objetos à visão, sons ao ouvido e estímulos à inteligência. As capa
cidades inatas da criança produzem o crescimento do corpo e da mente.
Certa vez, Agostinho afirmou: “Se a infância é educada conforme a medida
dos seus poderes, crescerá e aumentará de contínuo, mas, uma vez forçada
além dos seus poderes, decrescerá em vez de crescer”. Quanto mais cedo o
professor abandonar a idéia de que pode deixar os seus discípulos inteligen
tes mediante árduo trabalho sobre sua receptividade passiva, mais depressa se
revelará um bom professor e dominará a arte, como disse Sócrates, de auxi
liar a mente em seu trabalho de modelar e guardar suas concepções. Foi
62 As S e t e L e is do E n sin o
justamente por sua habilidade nisso que o grande ateniense se fez poderoso
e notável entre seus contemporâneos. E foi isso que fez dele um dos mais
abalizados mestres da humanidade. E este “processo estimulante” no ensino é
que diferencia o aprendizado de papaguear e superficial do verdadeiro saber.
A um rapaz que se mostrou surpreso com a forma da Terra, quando lhe
mostraram um globo terrestre, perguntou-se: “Você não aprendeu isso na
escola?” Ele respondeu: “Sim, aprendi, mas nunca soube disso”.
8. Os grandes propósitos da educação são adquirir conhecimentos e
idéias, bem como desenvolver habilidades e competência. Nossa lei do pro
cesso de ensino deriva o seu significado desses dois alvos. O aluno precisa
conhecer por si mesmo, pois do contrário o seu conhecimento será apenas
de nome. O verdadeiro esforço exigido no ato de aprender e conhecer pode
fazer muito no sentido de aumentar a capacidade de aprender. O aluno a
quem se ensina sem que nada faça por si mesmo é como alguém a quem se
dá alimento sem dele exigir exercício. Qual o resultado? Perderá seu apetite
e também suas forças.
9. A confiança nos nossos poderes individuais é condição essencial ao
emprego vitorioso deles. E tal confiança só se ganha com o uso voluntário e
independente dessas capacidades. Aprendemos a caminhar, caminhando, e
não vendo os outros fazerem isso. O mesmo se sucede quanto às habilidades
mentais.
10. As atividades ou poderes mentais não se põem a trabalhar sem um
motivo ou estímulo que os leve a isso. Na infância, os estímulos externos são
mais fortes, e nos anos de maturidade estamos mais dispostos a responder aos
estímulos internos. Para a criança, os objetos de sentido — cores berrantes,
os animais vivos e as coisas em movimento — são os que mais atraem e
empolgam. Na fase adulta, os fatos dos pensamentos e sentimentos prendem
mais. A vida mental da criança tem em si um excesso de sensação; a do
adulto apresenta maior dose de reflexão.
11. Seja, porém, qual for o estímulo, os processos de cognição são geral
mente os mesmos. Há a comparação do novo com o antigo, e alternada
análise e síntese das partes, do todo, das classes, das causas e dos efeitos; a ação
da memória e imaginação, o uso do julgamento e da razão, e os efeitos do
pensamento, nos gostos e preconceitos segundo o que se encontra no co
nhecimento e experiências prévias do estudante. Se não se chega a pensar,
em vão o professor fez uso dos estímulos. Talvez se maravilhe de que seus
alunos não tenham entendido, e poderá mesmo interpretar que são incom
petentes e sem inteligência, e quem sabe preguiçosos. Entretanto, a verdade
é que desafortunadamente muitas vezes a incompetência está no professor, e
A L ei do P r o c e sso de E n sin o 63
este peca contra a lei do ensino ao pensar que pode fazer o aluno aprender,
à força de uma linguagem vigorosa, ou ensinando como ele julga certo,
quando o verdadeiro ensino apenas faz com que o aluno tenha em mente
certos estímulos ou empolgações naturais. Se alguns desses estímulos falham,
deve o mestre procurar outros, e jamais descansar enquanto não tiver obtido
o resultado desejado e não vir a atividade da criança trabalhando na lição.
12. Há mais de dois mil anos, Comenius fez a seguinte declaração: “Muitos
professores semeiam plantas em vez de sementes; em vez de partirem dos
princípios mais simples, introduzem os alunos repentinamente em um caos
de livros e estudos miscelâneos”. A figura da semente é muito boa, porém é
bem mais velha que Comenius. Jesus Cristo, o maior dos mestres, disse: “A
semente é a palavra”. O verdadeiro mestre revolve a terra e lança a semente.
É obra do solo, por suas próprias forças, desenvolver o crescimento e amadu
recer o fruto.
13. A diferença entre o aluno que trabalha por si mesmo e aquele que
opera apenas quando guiado é tão clara que dispensa explanação. Um é
agente livre; o outro, uma máquina. O primeiro é atraído pelo seu trabalho e
predisposto pelo seu interesse; trabalha até encontrar uma dificuldade
invencível ou até alcançar o objetivo do seu esforço. Já o segundo se movi
menta somente quando dele se exige isso.Vê o que se lhe mostra e ouve o
que se lhe diz; avança quando o mestre o guia, e pára quando ele pára. Um
movimenta-se por suas próprias energias, mas o outro por impulso empres
tado. O primeiro é como uma torrente das montanhas, alimentadas por
mananciais vivos; o segundo, um fosso que recebe água de uma bomba ma
nejada por mãos alheias.
monstre o mesmo interesse por uma nova pedra ou uma nova estrela. O
médico estuda ansiosamente as novas doenças, e o advogado, as recentes leis;
o fazendeiro, os novos produtos, e o mecânico, as novas máquinas.
15. A criança conhece pouco, e o seu interesse é breve e superficial. O
adulto conhece muitas coisas e tem interesse maior, mais profundo e persis
tente. A reflexão aprofunda-se e cresce mais intensamente quando aumenta
o conhecimento. Quem estuda matemática por muito tempo e de modo
diligente nunca encontra nesse campo nada pesado ou cansativo; aquele que
sabiamente estuda a Bíblia, por mais que a conheça, sempre encontra em
suas páginas o maior deleite. Todas essas ilustrações mostram os princípios
que contém esta nossa lei e provam o seu valor.
16. As duas principais fontes de interesse pelos quais a mente pode ser des
pertada são: o amor ao conhecimento pelo que ele significa, isto é,pelo seu valor
cultural; e o desejo de adquirir saber para usá-lo como instrumento na solução
de problemas, ou obter outros conhecimentos. No primeiro acham-se mistura
das a satisfação da inata curiosidade — que aspira conhecer a natureza real e as
causas reais dos fenômenos que nos cercam — , a resposta das perguntas que
muitas vezes nos perturbam a mente, a libertação das apreensões que a ignorân
cia faz sentir na presença de mistérios da natureza, o senso de poder e liberdade
que o conhecimento quase sempre traz, o sentimento de elevação propiciado
por mais esta e aquela nova descoberta de conhecimentos, e o “regozijo na
verdade”, por causa de sua beleza e sublimidade, ou por seu encanto e doçura
moral, seus apelos ao nosso gosto pela justiça e equilíbrio, e pelo que é maravi-
lhoso.Tudo isso, de forma separada ou unida, faz parte do apetite intelectual para
o qual apelam as várias formas de conhecimento, e que emprestam à leitura e ao
estudo a sua maior atração. Cada um desses sentimentos abre uma avenida por
meio da qual o professor hábil pode chegar à mente e despertá-la.
17. E evidente que esse múltiplo apetite mental deve variar em caráter e
intensidade conforme os gostos e conquistas dos alunos. Alguns amam estudar a
natureza e as suas ciências de observação e experimento; outros gostam da ma
temática e se deliciam com os seus problemas difíceis; outros preferem o estudo
da língua e literatura; outros, ainda, a história e as ciências que tratam dos pode
res, feitos e destinos dos homens. Cada preferência especial cresce quando fo
mentada, e se torna absorvente à medida que as aquisições são maiores. Os
grandes êxitos na arte, na literatura e nas ciências provieram desses gostos ou
tendências inatas, e em tudo isso “a criança é o pai do adulto”.
Em cada aluno existe o germe dessas preferências — os mananciais de
semelhantes poderes — aguardando a arte do professor para regar tais ger
mes e fazer brotar esses mananciais.
A L ei do P r o c e sso de E n sin o 65
18. O respeito que se sente pelo conhecimento por causa do seu valor
como instrumento inclui o anseio da educação como meio de vida ou fonte
de melhor condição social; a necessidade antecipada de possuir alguma habi
lidade como artista, advogado, escritor, etc.; ou qualquer outro estudo com o
propósito de ganhar algum prêmio ou evitar punições. Esse desejo indireto
de aprender varia com o caráter e objetivos do aluno, mas não aumenta com
o saber, a menos que amadureça, algo que é possível, como o verdadeiro
amor ao conhecimento já acima descrito. Sua força depende da natureza e
magnitude da necessidade que impele ao estudo. As atividades que se des
pertam para semelhante estudo chegam a considerar esse mesmo estudo
como tarefa imposta, e é bem provável que esse trabalho não continue de
pois de terminada a tarefa. Recompensas e castigos usados na escola visando
a promover o interesse pelo estudo das lições têm justamente essa força, e
nada além. Não inspiram nenhuma atividade generosa que beneficie o amor
à obra e que não cesse quando se aprendeu a lição dada. Testemunha isso o
espírito que reina em cada escola onde assim se ensina e assim é dirigida. Por
outro lado, se o professor sempre aponta para as verdadeiras finalidades e uso
do saber, e isso é reconhecido pelo aluno, pode chegar o tempo em que o
respeito pelo conhecimento, por causa de sua utilidade, se torne real amor ao
saber por causa do seu valor.
O Conhecimento e os Sentimentos
19. Em nossa discussão admite-se como concedida a íntima e indissolúvel
ligação do intelecto com os sentimentos, a inseparável união do pensamento
com a efetividade. Pensar sem sentir é pensar com total indiferença para com o
objeto do pensamento, o que seria absurdo. E sentir sem pensar é quase impos
sível. Como a maior parte dos objetos do pensamento é constituída de objetos
também de desejo ou de repulsa, e, portanto, de escolha, segue-se que toda
ação importante do intelecto tem um lado moral. Isso é o que temos dado por
certo em toda nossa discussão. O amor ao conhecimento por causa do seu
valor, ou pelos benefícios que nos proporciona, é, na realidade, fato moral, e
implica poderes e propósitos morais para o bem ou para o mal. Todos os mo
tivos de estudo têm caráter ou conexão moral em seus princípios. Por isso,
nenhuma educação ou ensino pode estar absolutamente divorciada da moral.
Os afetos vêm para a escola juntamente com o intelecto.
20. Essa consciência moral encontra sua esfera maior no reconhecido
campo do dever — o reino mais elevado dos afetos e das outras qualidades
morais. Delas vêm os maiores e mais fortes incentivos ao estudo e também
66 As S e t e L e is do E n sin o
A Mente Ativa
22. De tudo o que foi abordado, afirma-se que só quando os poderes
mentais atuam livremente é que o resultado pode ser considerado seguro e
permanente. Ninguém pode saber ao certo o que a mente contém, ou como
funciona, a não ser quando imperfeitamente ela o revela por palavras ou
ações, ou quando o concebemos ao refletir sobre nossa própria experiência
consciente. Assim como os órgãos digestivos devem realizar sua tarefa, mas
tigando e digerindo qualquer alimento que recebem, selecionando, secretando,
assimilando, e assim fortalecendo ossos, músculos, nervos e todos os vários
tecidos e órgãos do corpo, deve a mente também realizar suas funções, sem
ajuda de fora, construindo, como pode, conceitos, fé, propósitos e todas as
formas de inteligência e caráter. “A mente tem o seu lugar próprio, e por si
mesma pode fazer do inferno um céu, e do céu um inferno.”
23. Se assim se enfatiza o fato da autocracia da mente, não é com
propósito de diminuir o trabalho do professor, mas apenas para apresentar de
maneira mais clara a lei que dá a essa obra toda a sua força e dignidade. E
missão do mestre ficar nos portais espirituais da mente de seus alunos, ser
vindo como um arauto da ciência, como um guia através da natureza, para
chamar a mente ao trabalho, e colocar diante dela os fatos a serem observa
dos e estudados, e guiá-la nas veredas certas que devem seguir. Pela simpatia
e exemplo, e por todos os meios de influência — bem como por meio de
objetos para os sentidos e fatos para a inteligência — , é dever e mérito do
professor despertar a mente dos alunos e estimular seus pensamentos.
24. A cláusula admoestatória de nossa lei que proíbe prestar demasiada
ajuda aos alunos, não é algo necessário para que o professor conheça seu
poder. Como o hábil operário que conhece a força de sua máquina, e
prefere contemplar seu esplêndido funcionamento e maravilhar-se da des
treza e vigor dos seus movimentos, o professor deve ficar junto de seu
A L ei do P r o c e sso de E n sin o 67
h) Observe bem cada aluno para certificar-se de que sua mente não está
“vagueando”, e para que possa, assim, ter todas as suas atividades pre
sas à lição.
i) Tenha em mente que o seu dever principal é despertar a mente dos
alunos, e não descansar enquanto cada criança não revelar a sua ativi
dade mental, fazendo perguntas.
j) Controle o desejo de dizer tudo que você sabe ou pensa sobre a lição
ou assunto. Se disser algo em forma de ilustração ou explanação, que
isso provoque no aluno vontade de fazer perguntas.
l) Dê ao aluno tempo para pensar depois de estar certo de que a mente
dele está trabalhando ativamente, e animá-lo a perguntar o que quer.
m) Não responda prontamente às perguntas feitas, mas espere um mo
mento, para lhes dar maior força, e sempre que for possível responder
a novas indagações, a fim de levar os alunos a pensar de modo mais
profundo.
n) Ensine os alunos a perguntar o quê, por quê e como — a natureza, a
causa e o método — de cada fato ou princípio ensinado. E também:
“Onde?”,“Quando?”,“Por quem?” e “Qual o resultado?” — o lugar,
o tempo, os agentes e as conseqüências dos acontecimentos.
o) As aulas não devem esgotar um assunto, mas deixar tarefa adicional
que estimule o pensamento e os esforços dos alunos.
pergunta na classe, não dar tempo aos alunos para pensar. Se o aluno
hesita ou pára por ainda não haver pensado em nada, ou por aparente
falta de lembrança, a falta se encontra no ensino de ontem que está
revelando hoje a sua conseqüência. Contudo, se essa dúvida provém
do pensamento vagaroso do aluno, ou da real dificuldade do assunto,
deve-se, então, dar tempo para pensar mais. E, se o período de aula
não o permite, que a resposta fique adiada para a aula seguinte.
E justamente a esse modo de dar lições apressadamente, ou sem se dar
tempo para pensar, que se deve o caráter superficial e nada prático de grande
parte de nosso ensino. Em vez de aprender de maneira completa a matéria
de nossas lições, esforçamo-nos por aprendê-las apenas para recitá-las pron
tamente. Se faltas desta natureza prevalecem em nossas escolas públicas, quanto
mais sérias não serão nas escolas dominicais? Se as lições dessa escola devem
influenciar a vida dos alunos purificando e elevando seus pensamentos, e
tornando-os sábios nas verdades bíblicas a eles ensinadas, é claro que essa
ilustração não pode constar de mero palavreado, mas deve ser acompanhada
dos melhores métodos empregados nas escolas seculares.
Quão diferentes são os resultados quando se segue conscientemente essa
grande lei do ensino! Então, as próprias atividades quando são estimuladas
operam de maneira correta, e a sala de aula se transforma sob esse poder em
um laboratório extremamente dinâmico. Os alunos tornam-se pensadores e
descobridores. Aprendem a utilizar as grandes verdades, e aplicá-las aos mag
nos problemas da vida; invadem novos campos do saber. Cada reconheci
mento feito pelos alunos torna-se uma conquista. A habilidade e o poder
crescem com seus exercícios. Por meio desse processo, os alunos encontram
o que suas mentes buscam e se tornam verdadeiros e incansáveis estudantes.
A LEI DO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
Aquele que pode fazer isso avançou para além da obra do mero aprendizado,
colocando-se na posição ou atitude de um descobridor. Já aprendeu a lidar
com seus próprios pensamentos tão bem como com os dos outros. O profes
sor capaz reconhecerá tal fato e perdoará possíveis imperfeições da expressão
de seus alunos, ao passo que os encorajará a pensar de forma muito mais
apropriada qual o caminho real para adquirir uma linguagem mais apurada.
Quarta: O aluno revelará progresso maior quando começar a buscar as
evidências do assunto que está estudando. Aquele que pode explicar a razão
por que acredita nestas ou naquelas coisas é melhor estudante, bem como
crente mais forte, do que o aluno que crê, mas não sabe por quê. O verdadei
ro pesquisador busca as provas de suas descobertas. O pesquisador da Bíblia
deve buscar para seu próprio bem a prova de que é verdade a mensagem que
ela comunica. Até os alunos mais imaturos firmarão bem sua posição na
verdade, se vir a compreender sua razão. Ao buscar evidências, o estudante
encontra muito conhecimento pelo caminho, assim como o alpinista desfru
ta de panoramas cada vez mais vastos à medida que sobe montanhas mais
elevadas.
Quinta: Um estágio ainda mais elevado e frutífero do aprendizado está
no estudo do uso e aplicações do conhecimento. Nunca se aprende de for
ma completa uma lição se não puder traçar claramente suas conexões com a
grande máquina operadora da natureza e da vida. Cada fato tem sua relação
com a vida; cada princípio, suas aplicações, e se não forem conhecidas, os
fatos e princípios de nada valerão, serão inúteis Jamais entenderemos as rela
ções práticas da verdade e as forças que subjazem a todos os fatos, enquanto
não aplicarmos o nosso saber a um dos propósitos da vida e do pensamento.
O rapaz que encontra a aplicação daquilo que aprendeu na lição torna-se
interessado e bem-sucedido em suas tarefas escolares. Então, o que dantes era
conhecimento inútil transforma-se agora em sabedoria prática.
7. O processo de aprendizagem não se completa enquanto não se atinge
essa última fase. Os outros passos ajudam a iluminar o entendimento dos
alunos à medida que progridem em seu trabalho; mas nossa lei requer um
estágio final, e, para este propósito, devem estar continuamente dirigidos os
esforços do mestre e dos alunos.
8. Por meio desses estágios, o estudante sincero ficará habilitado a vigiar
seu próprio progresso no aprendizado. Pode-se fazer estas perguntas: Qual a
mensagem desta lição? Qual o seu significado? Como posso expressar o seu
significado em minha linguagem? Posso acreditar no que a lição me diz? Por
quê? Qual o beneficio que ela me traz? Como posso aplicar e usar o conhe
cimento que a lição apresenta?
74 As S e t e L e is do E n sin o
9. É certo que muitas lições não são aprendidas dessa maneira tão com
pleta e compreensiva, mas isso não altera o fato de que nenhuma lição será
verdadeiramente aprendida até que seja entendida e dominada.
A LEI DA REVISÃO E
APLICAÇÃO
mem um tal domínio do assunto nele tratado, que fez dele um especialista
em seu campo predileto. Isso revela o poder que se obtém através das
freqüentes revisões.
13. As repetições feitas com certa freqüência são valiosas para corrigir
a memorização e melhorar a faculdade de recordar. A memória depende
da associação de idéias — pois a idéia que está na mente relembra as idéias
com as quais esteve ligada mediante uma associação passada. Cada revisão
estabelece novas associações ao mesmo tempo, tornando familiar e mais
forte a relação anterior. A lição que é estudada somente uma vez com toda
probabilidade será aprendida apenas para ser esquecida. O que é revisto de
modo inteiro e repetido fica entretecido na estrutura de nossos pensamen
tos, e torna-se uma parte do nosso saber. A medida real dos conhecimentos
do aluno não é o que ele uma vez aprendeu e expressou, mas sim aquilo
que permanentemente se lembra e usa.
14. O propósito do verdadeiro estudo não é apenas conhecer, porém ter
conhecimento para usá-lo, possuí-lo de modo completo, como o dinheiro
para os gastos diários, ou as ferramentas e matérias para o trabalho do dia-a-
dia. Somente revisões freqüentes e completas podem propiciar essa firme
aquisição e livre manejo da verdade. Há uma habilidade no saber, a mesma
que há na arte, e em ambos os casos tal destreza depende dos hábitos, e o
hábito é filho da repetição.
1 5 .0 poder prático da verdade, ao moldar a conduta e modelar o cará
ter, pertence unicamente às verdades que se tornaram familiares mediante
repetições. Não é no andar cambaleado, como o de uma criança, mas no
repetido palmilhar de ir e vir que se formam os caminhos da nossa vida
diária. Se queremos que uma grande verdade nos alimente e controle, urge
voltarmos a ela tantas e tantas vezes até que por fim se torne para nós um
imperativo da consciência, e lance sua luz sobre cada ato e propósito do
nosso viver.
16. A bem conhecida influência dos provérbios e máximas provém da
prontidão com que são lembrados e recomendados, e do poder que adqui
rem pela repetição. Os trechos bíblicos que mais nos influenciam são justa
mente aqueles que se tornaram mais familiares pelo uso, e que surgem na
mente quando a ocasião o exige.
17. De tudo isso podemos concluir que recapitular não é simplesmente
algo excelente acrescentado ao ensino e que passa a ser dispensado quando
nos falta tempo para essa parte. Revisar é, sim, uma das condições essenciais
a todo verdadeiro ensino. Não rever é deixar o trabalho pela metade. A lei da
revisão repousa sobre as leis da nossa mente. A recapitulação nem sempre
A L ei da R e v isã o e A p l ic a ç ã o 81
pode ser feita formalmente e com claro objetivo, mas nenhum ensino bem-
sucedido pode prosseguir sem uma revisão feita pelo professor ou livre inici
ativa do aluno; urge sempre fazer nova visita à lição já aprendida, e repeti-la.
O princípio bíblico de “regra sobre regra, regra e mais regra” (Is 28.10) é um
claro reconhecimento dessa verdade.
18. Os processos da revisão necessariamente devem variar conforme o
assunto do estudo, e também de acordo com a idade e conhecimentos dos
alunos. Quando se trata de alunos mais novos, revisar pode ser pouco mais
que a simples repetição. Com alunos mais maduros, será um reestudo bem
pensado do terreno, para se adquirir um saber mais profundo.
Um princípio de matemática pode ser revisto mediante novas aplicações
e novos problemas. Um científico pode ser fixado pelo estudo ou análise de
um novo exemplo, ou mediante fatos adicionais em defesa do mesmo prin
cípio. Pode-se reestudar um capítulo de História por meio de novas questões
que propiciem outra opinião, ou comparando-o com novas declarações de
outro autor. Uma verdade das Escrituras pode ser revista com novas aplica
ções ao coração e à consciência, ou ao julgamento dos deveres e aconteci
mentos da vida.
19. As revisões são bem mais necessárias e valiosas à Bíblia que a outros
livros. A Palavra de Deus não só requer e recompensa bastante o seu repeti
do estudo, mas é verdade que todos devemos tornar o conhecimento da
Bíblia bastante familiar. Suas palavras e preceitos devem repousar de modo
claro e preciso em nosso pensamento, como os ditames do dever.
20. Qualquer exercício pode servir para revisar a fim de nos lembrar o
material a ser revisto. Uma das melhores e mais práticas formas de recapitu
lação é recordar uma verdade ou fato aprendido e aplicá-lo de algum modo.
Nada como isso para fixá-lo na mente e firmá-lo no entendimento. Assim
pode-se aprender a tabuada de multiplicar mediante ordenadas repetições e
sucessivos fatores e produtos. Mas só a sua freqüente repetição e uso nas
operações do dia-a-dia é que nos pode dar o perfeito domínio dela, o que
então se fará sem grande esforço. O mesmo sucede com a maior, mais per
feita e maravilhosa das aquisições da mente humana — a habilidade de ar
mazenar palavras, signos e modismos da língua materna. Nada, a não ser as
incessantes repetições e revisões do seu emprego diário, poderá melhor in
cuti-las em nossa memória e então fazer delas hábitos mentais que vêm com
as idéias que simbolizam e com as quais se movimentam, como parte natural
do processo do pensamento.
21. A notável habilidade dos artífices e profissionais em recordar instan
taneamente os princípios e processos de suas artes e profissões é o produto
82 As S e t e L e is do E n sin o
C apítulo 1
C apítulo 2
11. Qual é a lei do professor?
12. Qual é a filosofia da lei do professor?
13. O que é conhecimento e por que ele é necessário?
14. Deve-se ensinar uma verdade isolada, ou é preciso observá-la dentro
do contexto em que está inserida? Por quê?
90 A s S e t e L e is do E n sin o
15. Quem são os que sentem verdadeiro entusiasmo no estudo? Por quê?
16. Como o conhecimento do professor pode inspirar confiança no aluno?
17. Mencione algumas regras para os professores com respeito à lei do
professor.
18. Por que o professor deve preparar com cuidado a lição que vai mi
nistrar?
19. Como o professor pode formar o seu plano de estudo?
20. Cite alguns equívocos da lei do professor.
C apítulo 3
21. Qual é a lei do aluno?
22. Descreva a atenção.
23. Quantas classes de atenção existem e quais são?
24. O que se pode dizer sobre o “método de problemas”?
25. Q ual é a filosofia da lei do aluno?
26. Mencione algumas “fontes de interesse” para o aluno.
27. Como varia o interesse de acordo com a idade?
28. Quais são os dois principais empecilhos à atenção?
29. Mencione algumas regras para os professores com respeito à lei do
aluno.
30. Descreva alguns dos equívocos que se cometem acerca da lei do
aluno.
C apítulo 4
31. Qual é a lei da linguagem?
32. Qual é a filosofia da lei da linguagem?
33. Por que é necessário prestar atenção ao vocabulário que se emprega
no ensino?
34. Como percebemos que a linguagem é o “instrumento do pensa
mento”?
35. Por que se afirma que a linguagem é o “armazém do nosso conhe
cimento”?
36. Que valor tem a linguagem dos objetos?
Q u e st io n á r io 91
C apítulo 5
41. Qual é a lei da lição?
42. Qual é a filosofia da lei da lição?
43. Como a aprendizagem deve ser efetuada?
44. Em que consiste a explicação?
45. Os alunos podem pensar ou não? O que isso tem a ver com a lei
da lição?
46. O que pode ser dito do conhecimento como arquivo de problemas
resolvidos?
47. Que uso pode ser feito do conhecimento e da experiência dos
alunos?
48. Quais classes de ilustração devem ser escolhidas?
49. Até que ponto se deve estimular os alunos a empregar seu conheci
mento na aprendizagem da lição?
50. Mencione alguns erros cometidos nessa lei.
C apítulo 6
51. Qual é a lei do ensino?
52. Que máximas familiares estão compreendidas nessa lei do ensino?
53. Diga qual é a filosofia da lei do ensino.
54. O que pode ser dito a respeito dos estímulos para o ensino?
55. C o m o o conhecim ento é necessário ao pensam ento?
56. O que se pode dizer sobre o conhecimento e os sentimentos.
57. O que é um a “m ente ativa” e com o se consegue a atividade mental?
58. Por que é im portante a pergunta para o ensino?
59. C ite algumas regras para os professores com respeito ao ensino.
60. M encione alguns erros que os professores com etem na lei do
ensino.
92 A s S e t e L e is do E n sin o
C apítulo 7
61. Qual é a lei do processo de aprendizagem?
62. Qual é a filosofia da lei da aprendizagem?
63. Qual é a diferença entre o ato de descobrir primeiramente uma
verdade e aprendê-la de outra pessoa?
64. Diga quais são as cinco fases da lei do processo de aprendizagem.
65. Mencione algumas limitações da lei do processo de aprendizagem.
66. O que se deve fazer para ajudar os alunos a formar uma idéia clara
do que tem de ser feito?
67. Como os alunos devem expressar suas idéias?
68. Qual o valor da pergunta “por quê?” na aprendizagem?
69. O que os alunos devem aprender sobre fingimento e sofismas?
70. Mencione alguns erros que são cometidos nas escolas com respeito
à aprendizagem.
C apítulo 8
71. Qual é a lei da revisão?
72. Explique o que significa essa lei.
73. Qual a filosofia da lei da revisão?
74. Por que se deve repassar com freqüência o que se trata no ensino?
75. Que vantagem há em estudar vários livros do que apenas um?
76. Qual é o verdadeiro propósito do estudo?
77. Como fazer uma revisão que ofereça melhores resultados?
78. Mencione algumas regras para a revisão.
79. Mencione alguns erros que os professores cometem ao fazer a revisão.
80. Qual é a conclusão de toda a discussão?