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Os deputados estaduais do Rio de Janeiro aprovaram o projeto nº 1313/2008 que

altera o Estatuto do Policial Militar, modificando o tempo máximo de permanência no


serviço ativo dos Coronéis de seis para quatro anos e aumenta o número de funções na
Polícia Militar onde este limite máximo de permanência não existe.
A maioria das notícias da mídia ao longo da tramitação do projeto na ALERJ
sinalizaram que o projeto teria por objetivo oxigenar a Polícia Militar permitindo
uma renovação no quadro de Coronéis ao promover a transferência para a
inatividade dos que completassem quatro anos no posto, gerando vagas para
promoção de novos Coronéis.
Uma ou outra notícia relacionou o projeto diretamente a uma resposta do governo
contra a mobilização cívica dos Policiais Militares e dos Bombeiros Militares por
melhores salários e por adequadas condições de trabalho, que teve a participação dos
“Coronéis Barbonos” (Coronéis da PM).
Oxigenação ou não o que importa é que o projeto foi aprovado pela ALERJ e segue
para a sanção do Governador, que deve ocorrer naturalmente.
Os insatisfeitos terão que recorrer ao Poder Judiciário, um direito constitucional de
todo cidadão brasileiro.
Só nos resta tentar entender alguns aspectos:
Por que a Polícia Militar precisa ser oxigenada transferindo Coronéis para a
inatividade e o Corpo de Bombeiros Militar não precisa, considerando que embora
tenha um efetivo muito menor o Corpo de Bombeiros Militar tem um número muito
maior de Coronéis?
Por que os Coronéis da Polícia Militar precisam ser transferidos para a inatividade
quando completarem quatro anos no posto para melhorar o fluxo de carreira,
considerando que atualmente ao atingir quatro anos no posto o Coronel já gera vaga
para promoção passando a condição de não numerado, ou seja, já agiliza o fluxo de
carreira e permite a promoção de um Tenente Coronel?
Por que o projeto que tem por finalidade oxigenar a Polícia Militar aumenta o número
de funções onde essa regra não será aplicada, tendo em vista que após essa alteração o
Chefe do Gabinete do Comandante Geral, o Corregedor Interno, e os Comandantes
dos quatro Comandos de Policiamento de Área poderão permanecer além desse prazo
no serviço ativo, o que não ocorre atualmente, pois na Polícia Militar só o
Comandante Geral e o Chefe do Estado podem permanecer além dos seis anos?
Por que o projeto não “protegeu” também os Coronéis que são Diretores Gerais da
Polícia Militar, assessores diretos do Comandante Geral e que serão transferidos para
a inatividade quando completarem quatro anos no posto, enquanto os ocupantes das
funções citadas anteriormente poderão permanecer muito além desse limite, inclusive
além do limite atual de seis anos?
Talvez os órgãos de direção geral não sejam “imprescindíveis ao cumprimento das
missões constitucionais da corporação”.
O mais interessante ocorre se absurdamente considerarmos o projeto de lei como uma
resposta contra os Coronéis da PM que participaram da mobilização cívica.
Interpretando dessa forma teremos o inusitado, pois Coronéis que compareceram na
AME/RJ, votaram e participaram da “marcha democrática” poderão ultrapassar o
tempo de permanência no serviço ativo e Coronéis que nunca participaram de
nenhuma atividade da mobilização serão alcançados pelo tempo máximo de quatro
anos, abreviando suas carreiras.
Pior é a situação dos jovens Coronéis que foram promovidos recentemente e que serão
compulsoriamente inativados aos cinqüenta anos.
Resta o judiciário!

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