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1 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS

Neste capítulo, é apresentado a base referencial para o desenvolvimento deste


trabalho. A princípio, será feito um breve histórico do concreto reforçado com fibras
(CRF) e, na sequência, a definição e determinação das principais características do
concreto reforçado com fibras de aço (CRFA).

1.1 BREVE HISTÓRICO CRF

Historicamente, fibras têm sido utilizadas para melhorar o desempenho


mecânico de matérias frágeis. No Egito antigo, utilizava-se palha como reforço de
tijolos de barro, atualmente conhecidos tijolos de adobe, apresentado na figura 3, a
palha aumentava a vida útil e a capacidade de trabalho desses materiais (ROSSI, 2018).

Figura 2-1 - Produção de tijolos adobe, com utilização de palha como fibra.

Fonte: CARVALHO, VARUM E BERTINI (2010)

O primeiro material a ser amplamente produzido com a introdução de fibras foi


o asbesto-cimento ou fibrocimento, um composto de cimento com 10 a 15% de fibra de
amianto, desde então diversos tipos de fibras começaram a ser utilizadas em compostos
(BENTUR; MINDESS, 2007). Atualmente, existem vários tipos de fibras sendo produzidos:
epóxis, cerâmicos, cimentícios, etc. Dentre essas, será destacado a fibra de aço, enfoque
do presente trabalho.
O primeiro uso estrutural do CRFA foi em 1971 no Aeroporto Heathrow, em
Londres. Foram produzidos painéis desmontáveis utilizando concreto com 3,0 % de
fibra de aço formadas a frio de 0,25mm de diâmetro e 25mm de comprimento (MEHTA;
MONTEIRO, 2014).

1.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS

No concreto simples, representado na figura 4a, uma fissura altera o


encaminhamento da propagação das tensões, de modo que esse desvio implica numa
concentração de tensões na extremidade da fissura e no caso de essa tensão superar o
valor de tensão crítica ocorrerá a ruptura abrupta do material (FIGUEIREDO, 2011)

Quando é adicionado fibras de resistência, módulo de elasticidade e teor


adequados o concreto deixa de ter comportamento frágil e passa a ser pseudo-dúctil,
aumentando a tenacidade do concreto (FIGUEIREDO, 2011) Esse aumento de
resistência é verificado em um momento pós-pico do compósito, já no momento pré-
pico não mudanças significativas no comportamento do material, figura 4
(FIGUEIREDO, 2011). As curvas são influenciadas pelo volume de fibras, este conceito
será apresentado no tópico 2.3.2 que trata do teor de fibras no concreto.

Figura 2-2 - Curvas típicas de tensão x deformação para ausência, baixo e alto volume de
fibras.

Fonte: Adaptado de Bentur e Mindess (1990).


A mudança de comportamento no pós-pico do diagrama tensão-deformação
ocorre devido a fibra servir como uma ponte de transição das tensões, ilustrado na
figura 2.3 (b). Dessa forma, há redução na propagação da fissuração do compósito
(FIGUEIREDO, 2011).

Figura 2-3 - (a) Mecanismo de concentração de tensões na tração no extremo da fissura (b)
Mecanismo de reforço das fibras atuando como ponte de transferência de tensões.

Fonte: Adaptado de Figueiredo, Nunes e Tanesi (2000).

A distribuição aleatória das fibras no concreto reforça toda a peça, não somente
uma determinada região, como ocorre com as armaduras usualmente utilizadas. Essa
condição é interessante para estruturas contínuas (FIGUEIREDO, 2011).

1.3 FATORES QUE INFLUENCIAM O DESEMPENHO DO CRFA

O comportamento do CRFA pode ser explicado pela iteração entre a matriz


cimentícia e fibras de aço. Dessa forma, no presente trabalho serão destacados cinco
fatores que afetam diretamente o comportamento do compósito: teor de fibras,
comprimento crítico da fibra, geometria das fibras, resistência das fibras, e resistência
da matriz.
1.3.1 Iteração Matriz-Fibra

A zona de transição entre a fibra e a matriz é um importante fator a ser


estudado, essa zona determina como a matriz se comportará e como é dado o
arrancamento das fibras. Segundo (BENTUR; MINDESS, 2007), os mecanismos de
dissipação de tensões no CRF dependem de fatores como geometria da fibra e tipo de
ancoragem entre fibra e matriz. Nesse sentido, existem dois estágios a serem analisados
para a determinação da transferência de esforços: pré e pós-fissuração da matriz.

(BRANDT, 2009) analisou as linhas de tensão no compósito reforçado com


fibras na fase elástica e apresentou que a partir de um carregamento inicial ocorre
aumento de tensões nas pontas da fibra, apresentado na figura 2.4.

Figura 2-4: Distribuição do campo de tensões pré (a) e pós solicitação (b).

Fonte: adaptado de Brandt (2009).

A partir do incremento das solicitações o campo de tensão passa a atuar de


maneira não linear na fibra, esse comportamento ocorre devido à diferença do módulo
de elasticidade da matriz e da fibra, onde a tensão de arrancamento se concentra nas
pontas da fibra e a tensão de tração se concentra no centro da fibra, como pode ser visto
na figura 7 (MATOS, 2021).
Figura 2.5 - Distribuição de tensões cisalhantes(a) e tração (b) pós solicitação.

Fonte: adaptado de Brandt (2009).

A primeira fissura se dá a partir do momento que a tensão de cisalhamento na


interface entre a fibra e a matriz súpera a resistência ao cisalhamento, dando início a
plastificação do concreto, neste estágio o mecanismo predominante de transferência de
carga se dá pelo atrito entre a fibra e matriz, ocasionando o arrancamento das fibras
(MATOS, 2021).
Cunha (2010) e Oliveira(2019) afirmam comportamento de arrancamento da
fibra em matrizes cimentícias envolve a ação combinada de mecanismos de aderência e
por vários fatores como: o tipo de fibra e de matriz cimentícia, o comprimento de
embutimento e a inclinação da fibra.
Para melhor entendimento, é ilustrado o processo de arrancamento de fibra de
aço lisa com (Figura X) e sem ganchos (Figura X+1).
Segundo Deng et al. (2018), o comportamento típico de arrancamento da fibra
de aço lisa e alinhada em uma matriz de concreto pode ser dividido em três fases.
 Primeira fase (região perfeitamente aderida): inicialmente há uma interface
intacta entre a matrix e a fibra, correspondendo a parte linear do gráfico
arrancamento-deslizamento. Nesta fase, há microfissuras próximas da
superficie da fibra causadas por reações químicas. A primeira fase reprenta
uma pequena parte do deslizamento total.
 Segunda fase (região parcialmente descolada): com o aumento da força de
arrancamento, a adesão ao longo da superficie da fibra com a matriz é
parcialmente danificada, provocando o descolamento da fibra e o surgimento
da tensão de atrito. Desse modo, a tensão de atrito da zona descolada
trabalha em conjunto com a tensão de adesão da zona intacta. A força de
arrancamento atinge o pico no momento em que a fibra ainda há uma parcela
mínima por adesão e máxima por atrito.
 Terceira fase (região totalmente descolada): uma vez que a força máxima de
arrancamento é atingida, ocorre o descolamento completo da fibra e, em sequência,
o seu arrancamento da matriz prevalecendo, assim, a aderência por atrito.

Figura X: Curva força de arrancamento-deslizamento e processo de arrancamento


da fibra lisa

Fonte: Adaptado de Deng et al. (2018)

Deng et al. (2018) ainda explica o comportamento do arrancamento da fibra de


aço lisa com ancoragem em uma matriz de concreto, essa é dividida em cinco fases.
 Primeira fase (fase elástica e descolamento parcial): esta fase inclui a fase
linear da curva e uma parte não linear quando a ponta da fibra começa a se
deslocar na matriz. Os pontos C1 e C2 (presentes na figura Y) coincidem com
os segmentos de curvas i e ii do gancho da fibra. A primeira fase representa
uma pequena parte do processo de arrancamento das fibras com gancho.
 Segunda fase (primeira deformamação plástica): após a fibra estar
totalmente descolada, os segmentos de curva i e ii começam a passar pelas
faixas S2 e S3 e o segmento de reta de fibra que se encontravam nas partes S 1
e S2 começam a se transladar por regiões de curva. Logo, esses segmentos de
fibra são progressivamente submetidos a flexão e deformações plásticas,
levando a um substancial aumento da carga de tração. A carga máxima de
arrancamento usualmente é alcançada quando o deslizamento está na faixa
entre 0,5 mm e 1,5 mm.
 Terceira fase (segunda deformação plástica): após atingir o valor máxima, a
força de arrancamento diminui até o ponto em que o segmento i passa pelo
espaço original de ii, neste a fibra é forçada a se dobrar contrariamente a sua
forma original e, nesta fase, a carga de arrancamento atinge o segundo pico,
nesta a influência das fibras é semelhante a anterior.
 Quarta fase (deformação e deslizamento): ocorre uma diminuição moderada
na carga de arrancamento atribuída à entrada do segmento i no duto reto S3.
Dessa forma, a resistência ao arrancamento é composta pelo atrito ao longo
do duto S3 e pela diminuição da deformação plástica, cada um dos quais
contribui quase igualmente. Mais fibras adicionadas à matriz produzem uma
superfície de atrito maior, o que resulta em uma força maior aplicada à fibra.
 Quinta fase (deslizamento por atrito): Quando todas as partes curvadas
percorrem o duto S3, é precipitável uma resistência residual que é produzida
pela força de atrito sem mais deformação plástica da fibra de aço. Essa força
residual é sempre maior que a das fibras retas devido deformações do
gancho. Quando a parte deformada do gancho de fibra sai totalmente do duto
S3, a carga de extração se reduz rapidamente a zero.

Figura X: Curva força de arrancamento-deslizamento e processo de arrancamento


da fibra lisa com gancho.

Fonte: Adaptado de Deng et al (2018)


Deng et al. (2018) afima que quanto maior for o volume de fibras na matriz,
maior será a superficie de atrito, levando assim a uma força de arrancamento maior,
logo maior ductilidade do compósito.

Nesse sentido, Figueiredo (2011) nomeia como “volume crítico”, figura G,


qual concentração necessária de fibras para que o concreto apresente maior ductilidade,
tenacidade e resistência aos esforços pós-pico.

Figura - Volume Crítico de fibras.

Fonte: Adaptado de Figueiredo (2011).

Para que a fibra tenha seus efeitos positivos no concreto potencializados deve-
se utilizar uma taxa igual ou superior ao volume crítico (FIGUEIREDO, 2011).

Matos (2021) afirma que o concreto tem o comportamento de hardening


quando após a carga de pico ele continua aumentando a carga resistida sem falhar e
softening quando após a carga de pico o concreto apresenta redução na carga e com
possibilidade de falha frágil.

Figueiredo (2011) determina o volume crítico pela equação matemática:

ε mu∗E C (2.1)
V f ,crit =
f fu∗η1

Onde:
𝜀𝑚𝑢: deformação última à tração da matriz;
𝐸𝑐: módulo de elasticidade do compósito;
𝑓𝑓𝑢: tensão última das fibras.

O fator 𝜂1 é um coeficiente que leva em consideração o efeito da orientação


das fibras, esses valores são apresentados por Hannant (1979) na tabela K.

Tabela 2-1- Valores para o fator de eficiência n1 em função da orientação da fibra.

Orientação Valores de 𝜂1
Uma direção 1
Duas direções 0,375
Três direções 0,2
Fonte: adaptado de Hannant (1979).

Além da orientação das fibras, a inclinação em relação à força aplicada, além


dos mecanismos já apresentados na fibra alinhada, faz com que ocorra também os
efeitos pino e de fragmentação da matriz (LEE et al., 2010; DENG et al.,2018).

Lee et al. (2010) afirma que a fibra inclinada gera concentração de tensões na
sua saída, danificando pontualmente a matriz de suporte. Além disso, quando uma fibra
inclinada cruza uma fissura durante seu processo de arrancamento, as restrições
provocam o fenômeno de efeito pino.

Figura P: Mecanismos adicionais da fibra inclinada (a) efeito pino e (b)


fragmentação da matriz.

Fonte: adaptado de Cunha (2010)


1.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO CRFA

No presente estudo, o concreto reforçado com fibras é definido em termos


macroscópicos como compósito bifásico formado por duas fases (concreto e fibras) com
uma interface entre ambas. Neste tipo de compósito, a interação que ocorre na interface
concreto - fibra é responsável na melhora do desempenho do material.
Dessa maneira, o objetivo deste capítulo é apresentar os mecanismos envolvido
na interação concreto - fibra, bem como as propriedades mecânicas do concreto
reforçado com fibras, tais como: resistência à compressão, à tração, à flexão e
resistência ao cisalhamento.

1.4.1 Comportamento à compressão

Garcez (2005) aponta que os incrementos de resistência à compressão podem


atingir níveis de 25%, entretanto essa não é considerada a mais importante contribuição
do reforço com fibras de aço.

A principal contribuição das fibras é o aumento significante da ductilidade pós-


fissuração do compósito, ou seja, o aumento da capacidade de absorção de energia do
material (Bentur e Mindess, 1990).

Nesse sentido, Mansur, Chin e Wee (1999) realizaram ensaios para caracterizar
a resistência à compressão do concreto de alto desempenho com diferentes volumes de
fibras (0.5, 1.0 e 1.5%), na tabela P é apresentado as propriedades da fibra com gancho
utilizada.

Tabela P: Propriedades da fibra utilizada

Geometria e propriedades Valores


Diâmetro (mm) 0.5
Comprimento da fibra (mm) 30
Tensão última σ fu (MPa) 1130
Módulo de elasticidade (GPa) 200
Fonte: Adaptado de Mansur, Chin e Wee (1999)
Foram realizados ensaios de compressão em três corpos de prova cilíndricos,
para cada concentração de fibras, com dimensões de 100 x 200 mm.

todos os corpos de prova foram mantidos em uma sala úmida a 28°C até o
vigésimo oitavo dia, quando foi realizado o rompimento, na figura L é apresentado o
gráfico tensão x deformação dos resultados.

Figura L: Propriedades da fibra utilizada

Fonte: Adaptado de Mansur, Chin e Wee (1999)

Mansur, Chin e Wee (1999) aponta que a fibra apresentou pouca melhora na
resistência a carga última à compressão, tabela P, porém se alcançou melhoras
significativas na ductilidade.

Tabela P: Propriedades da fibra utilizada

Volume de Fibras (%) Tensão de compressão (MPa) Variação


0.0 103.6 -
0.5 103.5 -0.09%
1.0 106.6 2,89%
1.5 104.0 0,38%
Fonte: Adaptado de Mansur, Chin e Wee (1999)

1.4.2 Comportamento à tração

O comportamento à tração do CRF depende principalmente do volume das


fibras que, dependendo do volume, pode aumentar a resistência à tração em até 60%
(Naaman et al., 1974).

Pasa (2007) afirma que o concreto convencional rompe de maneira frágil


quando atinge a tensão de falha, por outro lado o concreto reforçado continua
suportando cargas após atingir a tensão de falha.

Nesse sentido, Singh (2017) apresenta um comportamento típico de tensão-


deformação à tração do CRFA, figura H, neste consta três fases, primeiramente tem-se
somente a contribuição do concreto (fase 1), em seguida, há uma ação conjunta da
matriz com as fibras (fase 2) e por último a contribuição comente das fibras (fase 3).

Figura 2.3 - Comportamento tensão-deformação à tração típico do CRFA

Fonte: adaptado de Singh (2017)

Gopalaratnam e Shah (1987) realizaram ensaios de tração direta em corpos de


prova prismáticos com o intuito de avaliar a mudança do no comportamento do material
com a inserção de maiores volumes de fibras de aço, na figura P é apresentado os
resultados obtidos na pesquisa.

Figura 2.3: Resposta tensão-deformação na tração direta com diferentes volumes


de fibras.

Fonte: Adaptado de Gopalaratnam e Shah (1987)

Segundo Nanni (1988), além do ensaio de tração direto, é possível obter a


resistência à tração do concreto realizando o ensaio de compressão diametral através de
correlações, entretanto o ensaio de tração direta é o ensaio que melhor caracteriza o
comportamento a tração do concreto.

Kulla (1993) realizou o ensaio de compressão diametral com diversas


concentrações de fibras de nylon e através de correlações determinou as curvas de
tensão-deformação para cada concentração de fibra.

Tanto no ensaio experimental apresentado por Kulla (1993) e Gopalaratnam e


Shah (1987), é possível perceber semelhança com o o comportamento típico de Singh
(2017) apresentado na figura 2.3.

Além disso, no ensaio de Kulla (1993) é possível, através dos resultados,


afirmar que o volume crítico de fibras gira em torno de 5.0%, pois a partir desse volume
o concreto apresentou hardening.
Figura 2.3:Curva tensão-deformação na tração direta com diferentes volumes de
fibras

Fonte: adaptado de Kulla (1993)

É perceptível a melhora no desempenho pós-pico do concreto na tração com a


inserção de fibras.

1.4.3 Comportamento à flexão

Zia et al (1996) apresenta um comportamento típico de carga-deflexão de


corpos de prova prismáticos de concreto reforçado com fibra, submetidos à flexão.

Nesta curva são observados três estágios diferentes, o primeiro é determinado


pela resposta linear até o ponto 1, até atingir a resistência inicial de fissuração na flexão
da matriz que é conhecida como “limite de proporcionalidade”,

Em seguida, tem-se inicio do segundo estágio onde ocorre a transferência


progressiva da tensão da matriz para a fibra e com o aumento de carga ocorre o processo
de arrancamento das fibras da matriz, nesta etapa as fibras auxiliam a resistência do
compósito por atrito fibra-matriz.

Por último, no terceiro estágio, que começa a partir do ponto 2, as fibras


deslizam da matriz e o compósito perde resistência até chegar à ruptura.
Figura 2.3: Diagrama esquemático de carga-flexão, típica do CRF

Fonte: adaptado de Zia et al. (1996)

Zia et al. (1996) realizou o ensaio de quatro pontos para diferentes


concentrações de fibras com a finalidade de verificar é a mudança do comportamento
com a inserção de fibras, os resultados da pesquisa são apresentados na figura L.

Figura L: Diagrama esquemático de carga-flexão, típica do CRF

Fonte: adaptado de Zia et al. (1996)


Nota-se um aumento significante na resistência inicial de fissuração na flexão
com o aumento do volume de fibras. Nesse sentido Johnston (1974) afirma que as a
resistência à flexão pode ser aumentada em até 150% dependendo do aumento do
volume de fibras.

Para obter os dados referentes ao comportamento do CRF pode-se realizar o


ensaio de três pontos com entalhe ou o ensaio de quatro pontos a flexão, em seguida
será apresentado rapidamente o ensaio de flexão a quatro pontos, figura Ç, por ser
semelhante ao experimento de Maués (2019).

Figura Ç – Ensaio de quatro pontos a flexão.

Fonte: Sant'ana (2005)

O ensaio de quatro pontos foi um dos primeiros métodos para avaliar a


tenacidade de prismas em CRF, a norma japonesa JSCE-SF4 de 1984 é considerada a
primeira e a base de regulamentação para as demais normas vigentes.

Sant'ana (2005) afirma que a tenacidade é uma determinada carga necessária


para flexionar a viga em uma determinada flecha, em outras palavras, é a área abaixo da
curva carga-deflexão obtida no ensaio, figura D.

Figura D: Curva carga x deflexão


Fonte: Autor (2023)

1.4.4 Comportamento ao cisalhamento

Em estruturas de concreto procura-se evitar a ruptura por cisalhamento por ser


repentina e catastrófica. Para tal, utiliza-se armadura transversal, estribos, que absorvem
a maior parte dos esforços cisalhantes atuando na estrutura.

Entretanto, há situações que a aplicação de estribos é onerosa e complexa


devido a elevada densidade de armadura, nessas situações as fibras poderiam substituir
parcialmente as armaduras que resistem ao cisalhamento (Pasa, 2007)

Sant'ana (2005) aponta que a aleatoriedade de distribuição e orientação das


fibras proporcionam um reforço de espaçamento pequeno, o que é impossível de ser
obtido por qualquer armadura convencional.

Desta forma, as fibras atravessam e fazem ligação das fissuras formadas em


todas as direções, aumentando o atrito nas superfícies destas fissuras, o que explica um
aumento no efeito de engrenamento dos agregados (Simões, 1998).

Na tabela E e figura I, é apresentado diversos estudos que apresentam melhora


no desempenho ao cisalhamento do concreto quando adicionado fibras.

Figura D: Curva carga x deflexão

Estudo Viga fc Vf (%) Tensão de Variação


cisalhamento
A2 24,2 0,0 0,84 -
Mansur et al. (1986) B2 29,1 0,5 1,73 106%
C2 29,9 0,75 2,02 142%
4/0.0/3.5 34 0 1,05 -
Lim et al. (1987) 4/0.5/3.5 34 0,5 1,46 39%
4/1.0/3.5 34 1 1,98 89%
1 Type A 68,9 0 5,89 -
Noghabai (2000) 5 Type A 68,9 0,5 6,97 18%
6 Type A 68,9 0,75 7,30 24%
A00 41,2 0 1,22 -
Cuchiara et al (2004) A10 40,9 1 2,94 141%
A20 43,2 2 3,15 159%
B18-0a 42,8 0 1,11 -
Dinh, Parra-Montesinos e Wight
B18-2c 38,1 1 3,46 211%
(2010)
B18-3c 44,9 1,5 3,28 195%
Fonte: Autor (2023)

As vigas apresentadas na tabela E apresentam dimensões diferentes em cada estudo,


pontualmente em cada estudo as vigas apresentadas tem as mesmas dimensões variando
somente o volume de fibras.

Figura D: Curva carga x deflexão

Fonte: Autor (2023)


No estudo de Dinh; Parra-Montesinos; Wight (2010) verifica-se que com a adição do
volume de 1% de fibras chegou-se no aumento de 211% quando comparado ao mesmo ensaio
do concreto comum.

No próximo capítulo será explorado os mecanismos de cisalhamento no concreto,


apresentando os efeitos da fibra em cada mecanismo.

2 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CISALHAMENTO

Neste cápitulo serão apresentados conceitos e mecanismos para a propagação


do esforço cortante de vigas em estado limite último, serão apresentados: analogia a
treliça, efeito pino, intertravamento de agregados e efeito de arco.

2.1 ANALOGIA A TRELIÇA

No início do século 20, Ritter e Mörsch introduziram “Analogia de Treliça”


para a utilização modelos de vigas de concreto armado para o dimensionamento das
armaduras.

Mörsch comparou o processo de fissurações de uma viga isostática submetida a


esforços cisalhantes e de flexão ao de uma treliça de banzos paralelos, com barras
diagonais comprimidas a 45º e diagonais de tração com ângulo  qualquer entre 45º e
90º, esse modelo é ilustrado na figura D. (LEONHARDT, MÖNNIG, 1977).

Figura D: Analogia a treliça de Mörsch


Fonte: adaptado de Walraven (1980)

2.2 EFEITO PINO

De acordo com (SINGH; CHINTAKINDI, 2013a) o efeito pino é conceitualmente


definido como a capacidade que a armadura longitudinal tem de transferir esforços
perpendiculares ao seu eixo, dependendo das localizações dos esforços e momentos o
efeito pino se apresenta com diferentes deformações, conforme ilustrado na figura 3.2.

Figura 3-6 - Efeito Pino e Mecanismos do efeito pino.

Fonte: Autor (2023) e adaptado de (SINGH; CHINTAKINDI, 2013b)

Segundo (FUSCO, 2008) o efeito pino depende da qualidade do concreto na


região de envolvimento das barras de aço, pois a eficiência do efeito pino fica
dependente da aderência entre o concreto e a armadura longitudinal.

No CRFA as propriedades de aderência são melhoradas quando comparados ao


concreto com, resultando num efeito de pino mais resistente(NARAYANAN R.;
DARWISH I. Y. S., 1987). A propagação de fissuras é mais lenta no CRFA, logo a
resistência por efeito pino é maior (NARAYAM R; JONES R; CHIAM A.T. P., 1993)

Zarrinpour & Chao (2017) aponta que o efeito pino contribui com 10-35% da
resistência ao cisalhamento no CRFA.

2.3 INTERTRAVAMENTO DOS AGREGADOS

Walraven (1980) afirma a partir de uma fissura ocorre do travamento das


partículas de agregados com a matriz cimentícia, transferindo os esforços de uma face
da fissura para a outra. Semelhante ao efeito de ponte oferecido pelas fibras.

Figura L: Intertravamento dos agregados.

Fonte: adaptado de Walraven (1980)

Walraven (1980) ainda afirma que a dimensão da fissura influência na


contribuição do intertravamento, onde quanto maior for a largura da abertura menor
será a probabilidade que o engrenamento.
(LANTSOGHT, 2019) aponta que estudos do engrenamento dos agregados no
CRFA não foi muito estudado em experimentos, porém baseado nos conceitos teóricos
o engrenamento dos agregados tem capacidade de proporcionar mais resistência no
CRFA do que no concreto comum, pois, com o mesmo carregamento, o CRFA
apresenta fissuras menores.

2.4 EFEITO DE ARCO

(ABBASNIA; NAV, 2016a) afirma que o efeito de arco é a ação resistente ao


cisalhamento através do banzo comprimido na direção dos apoios transferindo as cargas
diretamente ao apoio, figura Ç.

Figura L: Efeito de arco

Fonte: adaptado de (ABBASNIA; NAV, 2016b)

De acordo com (NARAYANAN R.; DARWISH I. Y. S., 1987) a adição de


fibras de aço melhora o desempenho do concreto ao cisalhamento, este efeito é atribuído
à compressão adicional fornecida pelas fibras, auxiliando a transferência de
cisalhamento através da fissura crítica.

Além disso, no CRFA o efeito de softtening da diagonal crítica é reduzido se


comparado ao concreto comum (MANSUR M. A.; ONG K. C. G., 1991).
3 ESTADO DA ARTE

Neste capítulo serão apresentadas pesquisas recentes semelhantes a


desenvolvida no presente trabalho, que comtemplam simulações numéricas de vigas de
concreto reforçado com fibras de aço.

3.1 CAROLINE OLIVEIRA E OLIVEIRA(2019)

3.2 MATOS (2021)

3.3 (TAHENNI et al., 2021)


No artigo de Tahenni et al. (2021) realizados ensaios experimentais e
simulações numéricas, utilizando o ANSYS© mechanical APDL, do efeito das fibras
de aço no comportamento à flexão e na contribuição para a rigidez do concreto
tracionado de vigas de CFRA sem estribos, realizando o ensaio à flexão em quatro
pontos. Na parte numérica, foi dado ênfase na influência da orientação das fibras

Para o ensaio utilizou-se dois tipos de fibras com gancho, ambas com
resistência à tração de 1100 MPa e um módulo de elasticidade de 210 GPa, a primeira
tem 35mm de comprimento e 0.54 de diâmetro, a segunda 60mm de comprimento e
0.75mm de diâmetro. Além disso, foram utilizados dois tipos de concreto: comum e alto
desempenho.

Na tabela L é apresentado as combinações de concretos com fibras e as


propriedades desses.

Figura L: Propriedadas mecânicas dos diferetes concretos.

Concreto Fc (MPa) Ft (MPa) Ec (GPa) Vf(%)


CC-1-35 36.5 4.4 37.8 1
CAD-1-35 64 6.6 43.6 1
CAD-1-60 60 6.7 42.7 1
Fonte: Adaptado de Tahenni et al. (2021)

Onde:

CC-1-35: Concreto Comum com 1% de fibras de 35mm de diâmetro

CAD-1-35: Concreto de alto desempenho com 1% de fibras de 35mm de


diâmetro;

CAD-1-60: Concreto de alto desempenho com 1% de fibras de 60mm de


diâmetro.

No estudo foram realizados mais ensaios experimentais, entretanto


experimental e numérico foram somente as três variações abordadas na tabela L.
Para realizar a modelagem numérica do CRFA existem duas opções, utilizar o
fibrous concrete’s mechanical properties, pacote incluído no software ANSYS, este
considera as propriedades da fibra inseridas no concreto como um material homogêneo.

A outra maneira é modelar separadamente o concreto e as fibras, em seguida


modelar o compósito como se a viga fosse um elemento sólido dentro do concreto, onde
é necessário estabelecer critérios de aderência.

No estudo de Tahenni et al. (2021) foi utilizado o segundo método e adotado


três orientações diferentes para as fibras:

1 direção: Nesta situação, todas as fibras estão alinhadas em uma direção.


Existem dois valores: se o fator de orientação da fibra igual a 0, nenhuma das fibras são
orientados perpendicularmente à seção transversal. Se o fator de orientação da fibra for
igual a 1, todos os SFs são orientados perpendicularmente à seção transversal.

2 direções: Neste caso, as fibras estão todas alinhadas em planos paralelos. Em


teoria, dois dos três planos ortogonais contêm exatamente o mesmo número de fibras,
enquanto o terceiro não. Seu valor em esta situação é 0,637.

3 direções: a orientação das fibras é livre de qualquer restrição. O valor varia


de 0,405 a 0,5. No estudo utilizou-se o valor 0,45.

Para o concreto utilizou-se o elemento sólido SOLID185, para as fibras SOLID


65 e para a armadura de aço utilizou-se o elemento 3-D LINK180. A malha utilizada
para a simulação foi de 25mm, devido ao alto custo computacional, figura Q.

Figura Q: (a) Modelagem do concreto; (b) modelagem das armaduras


longitudinais.
Fonte: adaptado de Tahenni et al. (2021).

Em seguida é apresentado na figura J os resultados alcançados a partir das simulações


numéricas e dos ensaios:

Figura Q: comparação dos modelos experimentais e numéricos com diferentes


orientações de fibras.
Fonte: adaptado de Tahenni et al. (2021).

A partir dos resultados apresentados, o comportamento à flexão de vigas é


examinado no contexto do efeito do fator de orientação da fibra no comportamento das
vigas. Fica claro que aumentar o fator de orientação da fibra tende a aumentar a
capacidade da viga. Em resumo, pode-se dizer que o fator de orientação das fibras
influencia significativamente a resposta não linear das vigas.

3.4 (RHEE, 2022)

No estudo de Rhee (2022) foi realizado a simulação numérica do ensaio


experimental feito por Barros (2020). Na análise numérica foi utilizado o software
ABAQUS.

O experimento realizado foi um ensaio de três pontos à flexão com a aplicação


da carga deslocada para a esquerda sob uma viga em T, com volume de 0.76% de fibras
no concreto e armadura transversal parcial, figura M.

Figura Q: Viga ensaiada por Barros (2020)


Fonte: adaptado de Rhee (2022).

Para a simulação numérica foi utilizado, na fase elástica as constantes: fc = 67.1


MPa, Ec = 40.552 MPa, e υ = 0.2.

Na fase plástica, utilizou-se o concrete damaged plasticity modelo para o


concreto presente no pacote do ABAQUS, neste foi introduzido os meridianos de
comportamento: ângulo de dilatância (52°), excentricidade (0.1), a razão da compressão
equi-biaxial (1.16) e tensão de escoamento para o limite de escoamento inicial uniaxial
(2/3).

As curvas inseridas no comportamento plástico do compósito são apresentadas


na figura T.

Figura Q: (a) Comportamento à compressão e (b) comportamento a tração do


compósito.

Fonte: adaptado de Rhee (2022).


Para o dano do CRFA utiliza-se o modelo Lee e Fenves (1998), estes
consideram duas variáveis de dano que evoluem independentemente uma da outra,
sendo uma relacionada ao esmagamento (compressão) e outra à fissuração (tração).

Para o aço na fase elástica foi utilizado E=210 GPa e υ = 0.3, o escoamento e a
resistência última dos estribos 538 MPa e 696 MPa, para armaduras longitudinais de 10
mm 557 MPa e 678 MPa e para a armadura longitudinal de 25 mm e 527 MPa e 700
MPa, para a plastificação da armadura foi assumido o comportamento plástico perfeito.

Para simulação foram utilizados 9910 elementos (T3D) para a armadura, 3432
(C3D20) e 90321 (C3D8) elementos para o concreto. Na figura Q é apresentado o
comportamento da viga após o deslocamento de 25mm.

Figura Q: Comportamento da simulação após o ensaio.

Fonte: adaptado de Rhee (2022).

Rhee (2022) aponta que o comportamento das fissuras com o ensaio


experimental ficaram semelhantes ao experimental, a concentração de tensões no
concreto se deu na alma onde não há armadura transversal, a armadura longitudinal não
chegou a tensão de escoamento, logo a falha ocorreu no concreto por cisalhamento.
3.5 (SMITH; XU, 2022)
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