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Unidade II- Problemas Emocionais com Enfoque Psicopatológico

Problemas emocionais

Repressão/bloqueio emocional.

Negação emocional.

Descontrolo emocional.

Desconexão emocional.

Conflito entre emoções contraditórias.

Ligações emocionais.

Busca por emoções prazerosas.

Repressão emocional

Ocorre quando bloqueamos uma emoção. Ou seja, estamos cientes do que nos
acontece, mas não queremos expressar a emoção ou não sabemos como expressá-la,
permanecendo, assim, uma emoção contida. De certa forma, essa falta de expressão
emocional também implica não saber lidar com as emoções.

A repressão emocional pode ir tão longe a ponto de impedir que a pessoa sinta
algumas emoções com base em uma convicção: ela não tem o direito de se sentir assim.
A repressão leva diretamente à falta de liberdade interior por causa dos axiomas nos quais
ela se baseia e da confusão que gera.

Quando as emoções desagradáveis, como a tristeza, não são expressadas, esse


desconforto aumenta. A princípio silenciosamente, depois com sofrimento, até que a
pessoa não aguenta mais e acaba explodindo. De acordo com Pablo Fernández Berrocal,
professor de Psicologia da Universidade de Málaga, reprimir as emoções pode levar a
distúrbios psicossomáticos.

Cada um de nós, possui uma maneira diferente de lidar com as emoções. A


repressão é uma delas. As pessoas reprimidas costumam tentar se desfazer de sentimentos
e emoções mais difíceis, colocando-as de lado e seguindo em frente. Tendem a jogar para
o lado, emoções e sentimentos que não querem enfrentar, porque são desconfortáveis,
incomodam.

Uma pessoa reprimida que não gosta do trabalho ou não suporta mais, pelo menos
inconscientemente um relacionamento, pode dizer: pelo menos tenho um trabalho ou pelo
menos não estou só, no caso do relacionamento. Ou pode estar enredado em uma situação
que precisa pisar em ovos, fingir para si mesmo ou para os outros, simplesmente para não
encará-la.

Em nossa sociedade, os homens tendem a reprimir-se bem mais que as mulheres.


Mulheres, em geral, tendem a ter mais contato com as próprias emoções e compreendê-
las. Os homens são mais ligados na ação, tendem a seguir em frente desenredando-se
rapidamente de suas emoções e sentimentos, ou seja, reprimindo-os.

O problema é que, desconsiderar emoções perturbadoras, nos impede de chegar à


sua origem e sendo assim, questões que devem ser olhadas com mais profundidade,
continuam incomodando. Pessoas reprimidas têm muita dificuldade de mudar de vida, de
abraçar novas situações, emprego, relacionamentos. Costumam manter-se infelizes,
fingindo a elas mesmas que são pessoas legais, mas na verdade, passam anos e anos sem
um contato mais profundo com emoções verdadeiras, que permitiria uma mudança
acompanhada de crescimento.

Uma maneira não muito eficiente de lidar com a repressão, é tentar apegar-se ao
pensamento positivo, empurrar os pensamentos negativos para longe. O que essas pessoas
não percebem é que desconsiderar ou minimizar pensamentos e emoções negativas, só
serve para aumentá-las. Quanto mais negamos, mais alimentamos essas emoções.

A maior ironia da repressão, é que ela nos dá a impressão de que está tudo sob
controlo, quando na verdade, estamos cada vez mais perdendo esse controle. Na
repressão, quem está sob controle, dominando sua vida, são as emoções e certamente,
você vai perceber isso, quando em uma situação corriqueira de seu dia a dia, você tiver
um chilique. Normalmente, emoções reprimidas vêm à tona involuntariamente, e acabam
vazando, sem nenhuma possibilidade de controlo.
Costumamos usar algumas frases para fingir que não somos tocados por nossos
medos, raivas ou frustração: "Pense positivo!""Vida que segue!" "Mãos à obra!""Deixa
pra lá e segue tua vida!" E por aí vai...

Sem mais nem menos, as emoções negativas parecem desaparecer, mas de


repente, às 3 da manhã, elas aparecem com uma força descomunal, que impede você de
descansar. Você precisa entender, que elas não sumiram, apenas submergiram para um
lugar mais escondido dentro de você. Elas, na verdade, estão prontas para ressurgirem em
uma mínima distração de sua parte.

Papara refletir sobre a maneira que você tem lidado com emoções desagradáveis,
aquelas que você acha que não vai conseguir enfrentar. Reflita, escreva sobre elas. Isso
pode ajudá-lo a compreendê-las e transformá-las, com consciência, paciência e amor
próprio.

“Os sentimentos e as emoções são uma linguagem universal que deve ser
respeitada. Eles são a verdadeira expressão de quem somos”. -Judith Wright-

Negação emocional

A negação emocional é um mecanismo de defesa que consiste em enfrentar as


emoções negando a sua existência, a sua relação ou relevância para a pessoa. Ou seja, nos
opomos às nossas emoções e tentamos não senti-las.

Quando isto acontece, a emoção começa a ganhar mais destaque no nosso corpo,
provocando efeitos desagradáveis que, às vezes, não associamos a ela. É por isso que, às
vezes, as somatizamos, de forma que se manifestam em nosso corpo como tensão
muscular, por exemplo.

Às vezes, dentro da psicologia, costuma-se dizer que a dor é o melhor remédio. É


possível que esta afirmação o surpreenda e, inclusive, que você não a aceite. Mas não há
realidade mais evidente do que assumir que toda emoção vivida leve a um aprendizado.
O sofrimento, por exemplo, costuma ser o melhor cinzel de nosso conhecimento
vital. Ele que marca novos amigos e caminhos em vista de novos aprendizados obtidos
através das perdas, das derrotas ou das desilusões. Embora exista quem prefira não vê-
las, há quem se incline mais a esconder essa dor no abismo de seu ser e, simplesmente,
passa a chave nessa fechadura emocional.

E, finalmente, o que é que vai acontecer? A dor ainda persistirá, mas dessa vez,
adquirindo novas formas. Aparecerá a ira, o ressentimento… a raiva. Tudo o que resiste,
persiste. Falemos hoje sobre isso. Sobre a negação emocional.

Coloquemos um exemplo. Você mantém uma relação afetiva com uma pessoa.
Você a ama e tem uma vida sólida formada junto com seu parceiro. No entanto, algo
dentro de você diz que as coisas já não são como eram antes. Você percebe que essa
pessoa já não o ama. Como aceitar? Você nega. E, pela razão que for, a outra pessoa não
quer dar evidências de que isso está acontecendo.

O tempo passa e, apesar de saber perfeitamente que o que você mantém já não é
uma relação autêntica, você se nega a assumir, a enxergar. As pessoas ao seu redor dão
sinais do que está acontecendo, mas você se defende. Sua negação emocional persiste e
resiste diariamente.

O que vai acontecer é que, quanto mais que você esconder a verdade, mais ela
aumentará. Mais emergirá. Longe de deixá-la de lado e não pensar nisso, ela será um
pensamento constante e destrutivo. Porque a mente tem um mecanismo terrível sobre as
emoções negativas; elas podem se transformar em pensamentos quase obsessivos.

As emoções e sua função adaptável

Emoções como a tristeza, a raiva e o medo são um bom remédio. Damos, mais
uma vez, ênfase nessa ideia. São as mais difíceis de assumir, nós sabemos, mas cumprem
uma função adaptável. O medo nos obriga a correr e a escapar e, portanto, a sobreviver.
É algo instintivo que nós aprendemos como espécie.
No entanto, dentro da nossa evolução também aprendemos que, às vezes, a
solução não é correr ou fugir. Mas sim nos determos e conhecer esse inimigo que deseja
nos fazer mal. Negá-lo não vai nos ajudar. A tristeza, por sua vez, precisa ser assumida,
aceita, chorada e, depois, enfrentada. As emoções negativas permitem que sobrevivamos
porque nos obrigam a tomar, muitas vezes, o caminho contrário. O caminho oposto, onde
reside a autêntica realidade.

A negação emocional que opta por resistir persistirá até nossa própria destruição.
Até que não possamos mais. Por que resistir? Deixe-a ir. Como costumam dizer, se você
resistir a um inimigo, lhe dará mais força. Assim, os melhor é não oferecer resistência:
aceite a evidência, a dor, o terror. Assuma e, diariamente, eles irão sumindo.

Descontrolo emocional

É um ataque ao corpo. Uma série de emoções alimentadas por imagens mentais


provocam dor na pessoa, levando-a a agir de maneira equivocada e a tomar decisões que,
com a cabeça fria, não teria tomado.

Quando há um descontrole emocional, é normal que as emoções assumam o


controlo da nossa maneira de pensar e agir. Uma perda de controlo que pode nos levar a
ações com consequências negativas importantes.

Desconexão emocional

É um mecanismo de defesa que impede que nos conectemos emocionalmente. É


como se houvesse uma interrupção do ciclo emocional.

Esse mecanismo tenta evitar a repetição de sofrimentos passados e afastar a


possibilidade de danos, mas não permite uma participação saudável na vida. Às vezes,
viver com o “piloto automático” sempre ligado faz com que não tenhamos consciência
das emoções que realmente sentimos.

“Como as emoções são estados mentais, o método para lidar com elas deve vir de
dentro. Não há outra alternativa. Elas não podem ser liberadas por técnicas externas”.-
Dalai Lama-
Conflito entre emoções contraditórias

Um conflito emocional mostra um nó interno que provoca um desconforto que a


pessoa deve resolver. É um emaranhado que produz um ponto de bloqueio. Os conflitos
emocionais podem ser mais difíceis de identificar, uma vez que não são observados de
forma visível, apenas sentidos.

Nós nos movemos em extremos e acreditamos que as coisas são brancas ou pretas,
quando na realidade elas podem existir em uma escala de cinza. O mesmo acontece com
as emoções. Acreditamos que não podemos experimentar mais de uma emoção por vez.
Na realidade, podemos sim, podemos até misturar as emoções.

Ligações emocionais

Às vezes, não conseguimos nos livrar de alguns estados emocionais, isto é,


estamos ancorados em uma emoção associada a um evento do passado. A causa mais
provável pode ser um trauma não resolvido ou uma emoção não processada corretamente.

A prática de “deixar ir” ou a meditação da atenção plena poderá proporcionar bons


benefícios quando se trata de se conectar com as emoções presentes, em vez de estar
ligada a emoções associadas a eventos passados.

Busca por emoções prazerosas

O problema aparece quando a pessoa não é capaz de tolerar a frustração. Isso pode
ocorrer porque ela nunca se permitiu sentir emoções desagradáveis. São pessoas que só
procuram emoções prazerosas ou agradáveis.

Da mesma forma que aprendemos padrões de comportamentos que nos causam


desconforto, também podem aprender comportamentos mais adequados e adaptativos.
Trata-se, portanto, de “desaprender” as respostas que estão nos causando dor e aprender
outras que nos façam sentir melhor. É hora de treinar a nossa inteligência emocional.

SÍNDROME ANSIOSA
Preocupação, apreensão, temor e, até mesmo, ansiedade são termos
freqüentemente utilizados por pacientes e que representam sintomas psiquiátricos
inespecíficos.

Entretanto, precisamos diferenciar a ansiedade normal da ansiedade patológica.


Consideramos normal quando a ansiedade é uma resposta adaptativa do ser humano frente
a situações ameaçadoras, preparando o indivíduo para evitar a ameaça ou atenuar suas
conseqüências.

Um bom exemplo disto é a ansiedade apresentada frente a uma prova (ameaça),


que poderá levar o indivíduo a estudar mais (atenuar as conseqüências). Falamos de
ansiedade patológica quando o grau de sofrimento é intenso o suficiente para levar a uma
desadaptação do indivíduo.

A ansiedade patológica caracteriza-se por uma "sensação difusa", semelhante ao


medo, mas em resposta a um perigo vago, não concreto. Surge, portanto, quando a
resposta a determinado estímulo é inadequada, seja por sua duração e/ou intensidade
exageradas. Assim, a intensidade, duração ou frequência da ansiedade são claramente
desproporcionais ao estímulo (ameaça), causando sofrimento ao paciente e levando-o a
apresentar prejuízo social e/ou ocupacional.

Frequentemente, essa sensação desagradável de apreensão, vem acompanhada por


sintomas autonômicos, entre eles:

sudorese tremores náuseas

taquicardia agitação psicomotora vômitos

palpitações desconforto abdominal diarréia

Ver classificação segundo o DSM-V:

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