Você está na página 1de 1

Cuidado com autossuficiência

Gn. 3.1-6

A serpente começou a conversa com uma expressão de surpresa: Não


comereis de toda árvore do jardim?, e passou a citar erroneamente a ordem
original de Deus, tornando-a absurda. A proibição original estava relacionada só com
uma árvore, mas a serpente disse de toda árvore, frase que em 2.16 é encontrada
na ordem permissiva e não na ordem negativa (2.17). A serpente pôs em dúvida a
bondade de Deus: Ele foi muito restritivo, retendo desnecessariamente benefícios de
grande valor.
Esta primeira pergunta era aparentemente inocente, mas enganou a mulher,
fazendo com que ela também citasse erroneamente a ordem. Ela tornou a proibição
muito mais forte do que realmente era. Deus não dissera: Nem nele tocareis . Mas
Ele fizera a ameaça de castigo muito mais forte do que para que não morrais.
Ela tornou, sem perceber, a ordem irracional e o castigo mera possibilidade, em vez
de ser um resultado inevitável. A mulher perdeu a oportunidade de ouro de derrotar a
sugestão da serpente. Tivesse ela citado a ordem corretamente e se aferrado a ela, o
inimigo não teria podido prosseguir com seu intento.
A serpente percebeu a vantagem e passou a negar categoricamente a verdade
da declaração punitiva de Deus, declarando positivamente: Certamente não
morrereis . Ele concentrou seu ataque incitando ressentimento contra a restrição e
suscitando desejo de poder. Deus não estava usando a finalidade da morte como
dispositivo para sonegar ao gênero humano a descoberta de algo — se abrirão os
vossos olhos? Ele não estava impedindo o homem de possuir um bem que o homem
tinha o direito de ter? A serpente estava acusando Deus de motivo impróprio, de
egoisticamente manter o homem em nível de existência inferior. O verdadeiro destino
do homem, a serpente indicou, era ser como Deus. A característica principal do ser
divino era o poder de saber o bem e o mal. Este saber não era conhecimento
abstrato, mas a habilidade prática de saber todas as coisas, inclusive a inteligência de
inventar e estabelecer seus próprios padrões éticos.
Engenhosamente, a serpente sugerira que desobedecer a ordem de Deus
ocasionaria, não a morte, mas uma vida completa e rica para o homem. Não foram
feitas promessas positivas, só a sugestão de possibilidades que eram fascinantes e
misteriosas. Este é o apelo do secularismo, a crença de que grandes realizações,
pensamento profundo e conhecimento levará a humanidade todas as respostas da sua
existência. Este também é o pecado básico do homem, alcançar o estado de ser
absolutamente livre e auto-suficiente.

Você também pode gostar