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Revista Aplicativo
Artigo
Solo grampeado Edição Atual

Alberto Casati Zirlis Edições Anteriores

Edição 57 ­ Dezembro/2001
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Solo Grampeado é uma técnica de contenção de taludes feita por meio da execução de Mais Lidas Últimas Publicadas

chumbadores, concreto projetado e drenagem. Os chumbadores promovem a estabilização Projetos
Casas instantâneas
geral do maciço, o concreto projetado dá estabilidade local ao paramento e a drenagem age em

ambos os casos. Carreira
Abertas as inscrições para 52 vagas
temporárias para arquitetos ou engenheiros
no Iphan
Essa técnica pode ser aplicada em maciços a serem cortados ­ cuja geometria resultante não é

estável ­ a taludes existentes que não tenham estabilidade satisfatória e a taludes rompidos. Tecnologia
Novos maquinários permitem executar
Não existe norma específica da ABNT para a execução de solo grampeado. paredes diafragmas até em solo rochoso

Normas e legislação

Método Construtivo Publicação do Sinduscon­MG reúne as
principais normas técnicas de edificações
Como mostra a figura 5, o processo tem início com o corte do solo na geometria projetada,

excetuando­se o reforço de talude. A seguir é feita a primeira linha de chumbadores e aplicado
DESTAQUES DA LOJA PINI
o revestimento de concreto projetado. Caso o talude já esteja cortado, pode­se trabalhar de
Pavimentos Usuais de
forma ascendente ou descendente, utilizando­se sempre a maneira que for mais conveniente. Concreto para Cargas
Simples

Simultaneamente ao avanço dos trabalhos, são executados os drenos profundos de paramento

e as canaletas ou descidas d'água, conforme projeto.

Chumbadores

São peças moldadas no local por meio de operações de perfuração, usando­se equipamento NEWSLETTER
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mecânico ou manual, e instalação e fixação de armação metálica com injeção de calda de
as informações da revista Téchne

cimento sob pressão. Os chumbadores podem ser feitos com a cravação de barras,
APLICATIVOS
cantoneiras ou tubos de aço, utilizando­se martelos pneumáticos ou ferramentas manuais.

Perfurações

São executadas por equipamentos que pesam entre 25 e 500 kg, de fácil manuseio, instaláveis

sobre qualquer talude. Como fluido de perfuração pode­se usar água, ar ou lama. Se a opção

for por trados, não é necessário o uso de fluidos. Em geral, é adotado o sistema de lavagem

com água por meio de hastes dotadas de elementos cortantes na extremidade, do tipo tricones AGENDA VER MAIS

com vídea, com diâmetro de 3".
14/01/2014
Inscrições para o concurso Skyscraper
2014

22/01/2014
Dependendo da profundidade do furo, do diâmetro e da área de trabalho, pode­se optar por Fundamentos Fiscais sobre o ICMS,
IPI e ISS aplicados à Construção Civil
perfuratrizes do tipo sonda, crawlair, wagon drill ou até mesmo por perfuratrizes manuais.

Quando a condição de trabalho permite alta produtividade, são utilizadas carretas perfuratrizes de 21/01/2014 a 24/01/2014
World of Concrete (WOC)
sobre esteiras, cujo peso varia entre 2.000 e 4.000 kg. Os chumbadores têm sempre inclinação
de 28/01/2014 a 30/01/2014
abaixo da horizontal, variando de 5o a 30o e a escolha do método de perfuração deve ser feita
Green Building Expo 2014
de modo que a cavidade perfurada permaneça estável até a conclusão da injeção.
03/02/2014
Pós­graduação Geografia, Cidade e
Arquitetura
A bainha é a fase inicial de injeção, que visa recompor a cavidade escavada. É injetada pelo

tubo auxiliar removível, de forma ascendente, com calda de cimento ­ fator água/cimento

próximo de 0,5 (em peso) ­ proveniente de misturador de alta turbulência até extravasar pela Revista Téchne


Curtir
boca do furo. Como alternativa, pode­se preencher o furo com calda e então introduzir a

estrutura metálica.  3.789 pessoas curtiram Revista Téchne.

Após 12 horas, no mínimo, o chumbador deve ser reinjetado através do tubo de injeção perdido,

anotando­se a pressão máxima de injeção e o volume de calda absorvida. A reinjeção não deve

ser executada, a não ser que haja dois ou mais tubos de injeção perdidos. Plug-in social do Facebook

Equipamentos

Os equipamentos e acessórios mínimos necessários para aplicar o concreto projetado por via

seca, conforme figura 7, são os seguintes:

Bomba de projeção: recebe o concreto seco adequadamente misturado e o disponibiliza para

aplicação. Os equipamentos devem estar em perfeitas condições de trabalho. Peças de

consumo com desgaste aceitável e a máquina sempre bem ajustada.

Compressor de ar: acoplado à bomba de projeção. Fornece energia em vazão e pressão

corretas para conduzir o concreto até o local da aplicação. No Brasil, para qualquer diâmetro de
mangueira ou vazão de trabalho, a pressão característica do compressor deve ser de 0,7 MPa.

Quando da projeção do concreto, esse valor não pode ser menor que 0,3 MPa. Assim, para

distâncias de até 50 m, temos, como condição mínima, os valores constantes na tabela 1.

Bomba de água: fornece água em vão e pressão junto ao bico de projeção. Pode ser

substituída pela rede pública de fornecimento de água. A projeção da água junto ao bico deve

ser, pelo menos, 0,1 MPa superior à dos materiais em fluxo.

Mangote: duto por onde o concreto é conduzido da bomba ao ponto da aplicação. Pode ser de

borracha ou metálico.

Bico de projeção: peça instalada na extremidade de saída do mangote junto à aplicação.

Anel de água: acoplado entre o final do mangote e o bico de projeção, adiciona água ao

concreto.

Pré­umidificador: instalado a cerca de 3 m do bico de projeção, visa fornecer água ao concreto

seco antes do ponto de aplicação. Pode ou não ser utilizado.

As condições dos acessórios, como mangotes, bicos, anéis d'água, pré­umidificadores e

discos devem ser as especificadas por fabricantes e fornecedores.

O concreto

Normalmente, a resistência solicitada em projeto é de 15 MPa. O concreto seco pode ser

fornecido usinado, em caminhões­betoneiras, ou preparado no canteiro de obras.

Agregados

O pedrisco ou pedra zero e areia média devem ter umidade mínima. Para o pedrisco é

suficiente a umidade de 2% e para a areia, em torno de 5% (nunca inferior a 3%, pois a baixa

umidade causa muita poeira, e nunca superior a 7%, pois causaria entupimentos no mangote e

início de hidratação do cimento). A areia média não pode ter mais de 5% de grãos finos: pode

ser composta por 60% de grãos médios e até 35% de grãos grossos.

Cimento

Pode ser de qualquer tipo: comum, composto, pozolânico, alto­forno, ARI ou ARI­RS,

dependendo das especificações do projeto. Pode­se utilizar aditivos de pega, secos ou
líquidos, conforme a necessidade da obra.

Água

Deve estar de acordo com a recomendação da tecnologia do concreto. A dosagem é feita pelo

mangoteiro, por meio do registro localizado junto ao anel d'água.

Controle

O controle de qualidade do concreto é feito pela extração de corpos­de prova de placas

moldadas em obra. Existem algumas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas

Técnicas), cujo desenvolvimento foi impulsionado pela execução de Túneis NATM.

NBR 13044 ­ Concreto Projetado ­ reconstituição da mistura recém­projetada.

NBR 13069 ­ Concreto Projetado ­ determinação dos tempos de pega em pasta de cimento

Portland, com ou sem a utilização de aditivo acelerador de pega.

NBR 13070 ­ Moldagem de placas para ensaio de argamassa de concreto projetado.

NBR 13371 ­ Concreto Projetado ­ determinação do índice de reflexão por medição direta.

NBR 13354 ­ Concreto Projetado ­ determinação do índice de reflexão em placas.

Aplicação 

Os aplicadores de concreto têm extrema importância na qualidade do serviço. É bom contar

com dois especialistas na obra: o mangoteiro e o bombeiro. O bombeiro está sempre junto à

bomba de projeção, ajustando­a conforme ocorrem os desgastes e verificando o correto

fornecimento do compressor. O mangoteiro aplica o concreto, em movimentos contínuos,

usualmente circulares, dirigidos ortogonalmente à superfície, a uma distância de 1 m. Esse

profissional também regula a água e deve ter sensibilidade para perceber qualquer oscilação

nas características de vazão e pressão do ar.

Armação

As telas eletrossoldadas são a armação convencional do concreto projetado. A instalação deve

ser feita em uma ou duas camadas, conforme o projeto. A primeira camada é aplicada com a

primeira tela. A segunda, com a segunda tela e, depois, vem o concreto final. É preciso, porém,

tomar cuidados especiais para evitar que a tela funcione como anteparo e cause vazios na

parte posterior.
Desde 1992, como alternativa às telas, são utilizadas fibras metálicas de aço, adicionadas

diretamente na betoneira ou no caminhão­betoneira, obtendo­se uma mistura perfeitamente

homogênea. Isto não implica mudanças nos equipamentos e promove redução na equipe de

trabalho, pois elimina mão­de­obra para preparo das telas. As fibras se ajustam perfeitamente

ao corte realizado no talude, inclusive em superfícies irregulares, mantendo sua espessura.

O resultado é um concreto extremamente tenaz. A presença das fibras produz concreto de

baixa permeabilidade, pois age homogeneamente em todas as regiões da peça no combate às

tensões de tração durante o início da cura. Não há cuidado especial com a cobertura da

armadura, pois uma corrosão eventual limita­se à fibra em contato com a atmosfera, não se

estendendo às outras, imersas no concreto.

A despeito do custo das fibras ser maior que o das telas, há uma economia entre 20 e 40% por

metro quadrado aplicado no produto final. 

Drenagem

Usualmente, é recomendada a execução de serviços de drenagem profunda e de superfície.

Para drenagem profunda, usa­se o DHP (Dreno Suborizontal Profundo). Os drenos de

superfície são de paramento ou canaletas. Durante a execução, devem ser avaliados e

determinados as posições e fluxos do lençol freático, dificilmente feitos na fase de projeto.

Assim, haverá um correto ajuste no sistema de drenagem.

Dreno Profundo

São elementos que captam as águas distantes da face do talude antes que nela aflorem. Ao

captá­las, conduzem­nas ao paramentos e as despejam em canaletas. Os DHPs, resultam da

instalação de tubos plásticos drenantes de 1 ¼" a 2", em perfurações no solo de 2 ½" a 4".

Os tubos são perfurados e recobertos por manta geotêxtil ou por telas de náilon. São drenos

lineares embutidos no maciço, cujos comprimentos situam­se, normalmente, entre 6 e 18 m.

Dreno Paramento

São peças que promovem o fluxo adequado das águas provenientes do talude, que chegam ao

paramento.

Para os drenos de superfície, ou os que estão atrás e adjacentes ao revestimento de concreto,
temos o dreno linear contínuo e o barbacã. O dreno tipo barbacã resulta da escavação de uma

cavidade com cerca de 40 x 40 x 40 cm preenchida com material arenoso e tendo como saída

um tubo de PVC drenante, que parte do seu interior para fora do revestimento, com inclinação

descendente. Trata­se de uma drenagem pontual.

O dreno linear contínuo é o resultado da instalação, em uma escavação, de calha plástica

drenante revestida ou por manta geotêxtil ou por dreno fibroquímico. Estende­se verticalmente

em direção à crista do talude e aflora na canaleta de pé. É uma opção eficiente, recomendável

para o projeto.

As canaletas de crista e pé, bem como as de descida d'água, são moldadas no local e

revestidas por concreto projetado. Em cada caso, deve­se analisar o eventual efeito erosivo no

despejo produzido por essa forma de captação e condução das águas.

Instalação dos chumbadores

Aceita­se um erro de deslocamento local dos chumbadores de até 15%, na distância horizontal

ou vertical, no posicionamento do chumbador. Porém, deve ser mantida a quantidade de

chumbadores prevista em projeto para a área contida. Não é necessário qualquer controle

rigoroso quanto à tolerância de inclinação, aceitando­se, pelo menos, uma variação em torno de

5°.

A ferragem deve estar centrada e com recobrimento totalmente seguro. Deve­se garantir que

não tenha havido perda de calda ou resina, observando­se, minutos após a injeção junto à boca

do chumbador, se não houve decantação.

A calda de injeção deve atender ao projeto, e não conter cimentos agressivos à armação do

chumbador. O fator água/cimento é ajustado em campo, em função das condições da

estabilidade da cavidade perfurada e sua permeabilidade. Sugere­se que todo chumbador

receba, pelo menos, uma fase de injeção além da bainha. Esta técnica é a mais segura, pois

minimiza erros operacionais, permite um adensamento adequado e, portanto, uma melhor

fixação de barra ao solo. A injeção, além de promover a melhor ancoragem do chumbador, trata

o maciço, adensando­o e preenchendo fissuras.

Quando os elementos cravados são de aço, é desnecessária a aplicação de proteção contra

corrosão. Neste caso, deve­se adotar uma espessura de aço adicional. Se o elemento cravado

for tubular, é possível a injeção posterior, desde que se crave com ponteiras.
A proteção anticorrosiva, com tinta polimérica, pintura eletrolítica ou qualquer processo de

inibição da corrosão, deve ser eficiente, mesmo com o manejo das barras. Como sugestão de

proteção anticorrosiva, pode­se adotar a proposta da NBR 5629 ­ Tirantes Ancorados no

Terreno ­, publicada em 1996 pela ABNT, considerando o grampo como o trecho ancorado de

um tirante, conforme a tabela 2.

O ensaio de tracionamento do chumbador pode ser realizado para se obter dados para o

projeto. Porém, não há normalização para isso. Sugere­se a execução de ensaios num mínimo

de 10% das ancoragens ou em quantidade tal que permita haver representatividade do

resultado. Durante a perfuração devem ser observadas as posições estruturais das camadas

do solo em função do corte, ajustando, se necessário, o posicionamento dos chumbadores.

Concreto projetado

Para a execução do solo grampeado utiliza­se concreto projetado obtido por via seca. O

concreto deve ter sua espessura controlada por meio de marcos aplicados a cada 4 m². Devem

ser seguidas as Normas Brasileiras de concreto projetado. É necessário especial atenção para

a utilização de via seca em condições corretas de pressão e vazão, o cálculo correto do

volume de aplicação da água e a cura. Como a exposição atmosférica do concreto é muito

grande, cuidados especiais de umidificação devem ser tomados durante a cura. A utilização do

pré­umidificador de linha deve ser objetivada, obtendo­se um concreto com menor reflexão,

maior resistência, menor permeabilidade e menos poeira.

Para se avançar na aplicação da técnica de solo grampeado, bem como para a otimização, é

fundamental a medida de deformação do maciço. Sugere­se que sejam tomadas deformações

da forma mais simples e prática possível. Considera­se, no mínimo, leitura de deformações de

pinos, por estação total, em três faixas verticais do muro, de tal forma que sejam

representativas da obra. As propostas acima visam a compilação de informações quando não

há recomendações específicas do projeto em execução.

Tabela 1: Condição de preparo do compressor
Vazão de de ar Compressor (pcm) (mangote ou Diâmetro do Pressão de ar necessária
tubulação) condutor (mpa)
350 11/2" 0,7
600 2" 0,7
700 21/2" 0,7
Tabela 2: Proteção anticorrosiva
Classe Tipo de Chumbador Proteção

Permanentes em meio não agressivo, ou Dupla com emprego de pintura
1
provisórios em meio muito agressivo anticorrosiva e calda de cimento
Permanentes em meio não agressivo, ou Proteção simples com o uso de
2
provisórios em meio medianamente agressivo calda de cimento injetada
3 Provisórios em meio não agressivo _

A definição de agressividade é subjetiva e pode­se adotar aquela proposta na NBR 5629

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