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FUNDAMENTOS DA
ENERGIA EÓLICA
EXPEDIENTE
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
AUTORES DO CONTEÚDO
Alexandro Vladno da Rocha - IFRN
Luanda Kilvia de Oliveira Rodrigues - IFBA
Odailson Cavalcante de Oliveira - IFRN
Rogério Vani Jacomini – IFSP
Coordenação do Material
Alexandro Vladno da Rocha – IFRN
Projeto Gráfico
Nádja Alves dos Reis
Revisores Técnicos
Clênio Renê Kurz Böhmer – IFSul
Manuel Rangel Borges Neto – IFSertãoPE
Colaboração Técnica
Marcos Alves Fontes – IFSP
Rodrigo Andreoli De Marchi – IFSP
Apoio Técnico
Cooperação Brasil-Alemanha para o
Desenvolvimento Sustentável, por meio da
Deutsche Gesellschaft für Internationale
Zusammenarbeit (GIZ) GmbH
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS 4 3.7 PÁS DE UMA TURBINA 46
3.8 AEROFÓLIOS E AERODINÂMICA 47
LISTA DE TABELAS 5
3.9 CONTROLE DE POTÊNCIA DE UMA TURBINA 48
INTRODUÇÃO 4 3.9.1 CONTROLE DE PASSO (PITCH) 48
3.9.2 CONTROLE POR ESTOL (STALL) 49
O VENTO 6
3.10 FATOR DE CAPACIDADE DE UMA TURBINA 49
1.1. A ATMOSFERA TERRESTRE 6
1.2 FONTES DO VENTO 7 EXERCÍCIOS 50
1.3 MOVIMENTO GERAL DA ATMOSFERA 7
1.4 FORÇAS ENVOLVIDAS NO VENTO 8 3.12 REFERÊNCIAS DO CAPÍTULO 50
1.5 VENTO GEOSTRÓFICO 10
1.6 VENTO DE GRADIENTE: CICLONES E ANTICICLONES 11 O AEROGERADOR 53
1.7 VENTOS PRÓXIMOS À SUPERFÍCIO 12
4.1 INTRODUÇÃO 53
1.8 EXERCÍCIOS 14 4.2 COMPONENTES DO AEROGERADOR 54
PARA PENSAR UM POUCO MAIS... 14 4.2.1 SISTEMA MECÂNICO E ESTRUTURAL 54
4.3 SISTEMA ELÉTRICO E DE CONTROLE 55
1.9 REFERÊNCIAS DO CAPÍTULO 14
4.4 GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 55
RECURSO EÓLICO 16 4.4.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO 55
4.4.1.1 GERADOR SÍNCRONO 56
2.1; INTRODUÇÃO: QUAL A QUANTIDADE DE 4.4.1.2 GERADORES SÍNCRONOS COM
ENERGIA CONTIDA NO VENTO? 16 ROTOR DE ÍMÃ PERMANENTES 57
2.2 RECURSO EÓLICO 16 4.4.1.3 GERADORES SÍNCRONOS COM ROTOR
2.3. A POTÊNCIA DO VENTO 19 DE BOBINAS DE EXCITAÇÃO
2.4. CORREÇÃO DA DENSIDADE ALIMENTADO COM TENSÃO CONTÍNUA 57
DO AR COM A TEMPERATURA 22 4.4.1.4 GERADOR ASSÍNCRONO 58
2.5 CORREÇÃO DA PRESSÃO DATMOSFÉRICA COM 4.4.1.5 GERADOR ASSÍNCRONO COM
A ALTITUDE 22 ROTOR GAIOLA DE ESQUILO 58
2.6 NATUREZA ESTATÍSTICA DO VENTO 24 4.4.1.6 GERADOR ASSÍNCRONO COM ROTOR BOBINADO 59
2.7 DIREÇÃO DO VENTO 29 4.4.1.7 CONDICIONAMENTO DE POTÊNCIA 60
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1 - CAMADAS ATMOSFÉRICAS DA TERRA 8 FIGURA 3.1 - EXEMPLOS DE TURBINAS DE
FIGURA 1.2 - FLUTUAÇÕES DA COMPONENTE HORIZONTAL EIXO HORIZONTAL E VERTICAL 38
VERTICAL (W) DA VELOCIDADE DO AR, COMPARADAS FIGURA 3.2- COMPONENTES DO AEROGERADOR 38
COM A VARIAÇÃO DA TEMPERATURA (T) 8 FIGURA 3.3- TURBINAS EÓLICA UPWIND E DOWNWINDM 41
FIGURA 1.3 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA FIGURA 3.4- PROCESSOS DE CONVERSÃO DE
CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA TERRESTRE ENERGIA EM UM AEROGERADOR 42
(CONSIDERANDO A SUPERFÍCIE TERRESTRE HOMOGÊNEA) 9 FIGURA 3.5- FLUXO DE AR FLUINDO ATRAVÉS
FIGURA 1.4 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO VENTO DE UMA TURBINA EÓLICA DE EIXO HORIZONTAL 42
GEOSTRÓFICO (VG) RESULTADO DO EQUILÍBRIO ENTRE A FIGURA 3.7- CURVA DO COEFICIENTE DE
FORÇA DE CORIOLIS (FCO) E A FORÇA DO GRADIENTE DE POTÊNCIA DE UMA TURBINA EÓLICA 45
PRESSÃO ATMOSFÉRICA (FGP) EM NÍVEIS FIGURA 3.8- CURVA DE POTÊNCIA DE
ATMOSFÉRICOS ELEVADOS 11 UMA TURBINA EÓLICA 46
FIGURA 1.5 – REPRESENTAÇÃO DE UM CICLONE NO FIGURA 3.9- FORÇAS DE ARRASTO E SUSTENTAÇÃO
HEMISFÉRIO SUL: ESQUEMA DE ATUAÇÃO DAS FORÇAS EM UMA PÁ DE TURBINA EÓLICA 47
DURANTE VENTO GRADIENTE (VGR) EM TORNO DE FIGURA 3.10- ÂNGULOS DE PASSO E DE ATAQUE 49
UMA REGIÃODE BAIXA PRESSÃO 12 FIGURA 3.11- CONTROLE DE PASSOS
FIGURA 1.6 – REPRESENTAÇÃO DE UM ANTICICLONE NO DE UMA TURBINA EÓLICA 50
HEMISFÉRIO SUL: ESQUEMA DE ATUAÇÃO DAS FORÇAS FIGURA 4.1- COMPONENTES E SUBSISTEMAS DE UM
DURANTE VENTO GRADIENTE (VGR) EM TORNO DE AEROGERADOR DE EIXO HORIZONTAL EM DETALHES 53
UMA REGIÃO DE ALTA PRESSÃO 13 FIGURA 4.2- ILUSTRAÇÃO DOS PRINCIPAIS
FIGURA 1.7 – ESQUEMAS DO COMPORTAMENTO DA COMPONENTES DE UM AEROGERADOR 54
VELOCIDADE DE UM FLUIDO NEWTONIANO 13 FIGURA 4.3- LIGAÇÃO DAS BOBINAS PARA GERAÇÃO
FIGURA 1.8 – ESQUEMAS DE ATUAÇÃO DAS FORÇAS EM DAS TENSÕES TRIFÁSICAS 56
VENTO DISTANTES DA SUPERFÍCIE (ESQUERDA) FIGURA 4.4- ROTOR DO GERADOR SÍNCRONO.
E EM VENTO PRÓXIMO À SUPERFÍCIE (DIREITA) 14 PÓLOS LISOS 56
FIGURA 1.9 – IMAGEM DA TERRA COM AS DIFERENTES FIGURA 4.5- ROTOR DO GERADOR DE INDUÇÃO 58
CONFIGURAÇÕES DE ESCOAMENTO DO AR 14 FIGURA 4.6- ROTOR DO GERADOR DE INDUÇÃO 59
FIGURA 2.1- PARTES DE UM AEROGERADOR. O GERADOR FIGURA 4.7- GERADOR ASSÍNCRONO COM
RECEBE A ROTAÇÃO DO MULTIPLICADOR DE ROTOR BOBINADO 60
VELOCIDADES DE BAIXAS ROTAÇÕES DO ROTOR FIGURA 4.8- TAREFAS REALIZADA PELOS CONVERSORES 60
PARA ALTAS ROTAÇÕES DO GERADOR 17 FIGURA 4.9-TURBINA EM VELOCIDADE FIXA 61
FIGURA 2.2- INFLUÊNCIA DA SUPERFÍCIE FIGURA 4.10- GERADOR SÍNCRONO DE EXCITAÇÃO NA
TERRESTRE NA TRAJETÓRIA DO VENTO BOBINA COM CONVERSOR ELETRÔNICO DE POTÊNCIA
E OCORRÊNCIA DE TURBULÊNCIAS 18 OPERANDO COM A POTÊNCIA TOTAL DO GERADOR 62
FIGURA 2.3- CARACTERÍSTICA DO VENTO FIGURA 4.11 – GERADOR SÍNCRONO DE IMÃ PERMANENTES
NA SUPERFÍCIE TERRESTRE 18 COM CONVERSOR ELETRÔNICO DE POTÊNCIA OPERANDO
FIGURA 2.4- GEOMETRIA G ATRAVESSADA PELA COM A POTÊNCIA TOTAL DO GERADOR 62
MASSA DE AR COM VELOCIDADE 21 FIGURA 4.12 – GERADOR INDUÇÃO GAIOLA DE ESQUILO
FIGURA 2.5- VARIAÇÃO DA POTÊNCIA COM COM CONVERSOR ELETRÔNICO DE POTÊNCIA
A VELOCIDADE DO VENTO 27 OPERANDO COM A POTÊNCIA TOTAL DO GERADOR 63
FIGURA 2.6 – DISTRIBUIÇÃO DA DURAÇÃO FIGURA 4.13- GERADOR DE INDUÇÃO DUPLAMENTE
EM HORAS ANUAIS DA VELOCIDADE DO VENTO 27 ALIMENTADO COM CONVERSOR ELETRÔNICO
FIGURA 2.7 – DISTRIBUIÇÃO DE WEIBULL 28 DE POTÊNCIA OPERANDO COM A POTÊNCIA
FIGURA 2.8 – ROSAS DOS VENTOS 34 PARCIAL DO GERADOR 63
FIGURA 2.9 – ROSAS DOS VENTOS/INMMET 34
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA
5
LISTA DE TABELAS
TABELA 1.1 ESCALAS DOS MOVIMENTOS ATMOSFÉRICOS 8
TABELA 2.1 COEFICIENTE DE FRICÇÃO PARA VÁRIOS TIPOS DE TERRENO 19
TABELA 2.2 COMPRIMENTO DE RUGOSIDADE PARA DIFERENTES TERRENOS 20
TABELA 2.3 DENSIDADE DO AR PARA DIFERENTES TEMPERATURAS 23
TABELA 2.4 DENSIDADE DO AR PARA DIFERENTES ALTITUDES 24
TABELA 2.5 DURAÇÃO ANUAL DE VELOCIDADES DE VENTO 27
TABELA 2.6 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DOS VENTOS 32
TABELA 2.7 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DOS VENTOS EM PERCENTUAL 33
TABELA 4.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS PRINCIPAIS
CONCEITOS DE AEROGERADOR EXISTENTE NO MERCADO 64
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 6
INTRODUÇÃO
A energia contida no vento é usada há mais O Proinfra estabeleceu os benefícios do
de três mil anos para aplicações diversas, co- programa sobre 5 esferas: social, tecnológico,
mo impulsionar barcos, moer grãos ou mesmo estratégico, meio ambiente e econômico. O so-
bombear água. Atualmente a aplicação que cial está relacionado a geração de empregos, cu-
mais possui destaque é o uso da energia contida ja meta do Proinfa foi de 150 mil novos empregos
no vento para geração de energia elétrica. A diretos e indiretos desde a implementação até
energia elétrica produzida a partir da energia a geração.
contida no vento é chamada de energia eólica. A geração de empregos pode ser agru-
A energia eólica é uma energia renovável, pada em três categorias: Operação e Manuten-
pois é produzida a partir de uma fonte que não se ção (O&M), Instalação e Descomissionamento e
esgota, além de ser uma energia limpa. A Oferta Desenvolvimento Tecnológico, de acordo com
Interna de Energia (OIE), também denominada volume, localização, natureza temporal e nível
matriz energética, do Brasil sempre foi, em sua de especialização. Verificou-se que o setor que
maioria, renovável já que era produzida a partir mais emprega pessoal local é O&M, mas também
da energia contida nas águas dos rios. Porém é o setor que menos gera emprego. Desta forma,
após a crise energética do país, em 2001, faz-se necessário investir em qualificação da
viu-se a necessidade de diversificar a matriz mão de obra local e que o treinamento de tra-
energética. balhadores era fundamental para o desenvol-
Em 26 de abril de 2002 foi sancionada a vimento do setor.
Lei nº. 10.438 que trata da expansão da oferta Por isso a Secretária de Educação Profis-
de energia elétrica emergencial, recomposição sional e Tecnológica do Ministério da Educação
tarifária extraordinária e criação o Programa de (SETEC/MEC), no âmbito do EnergIF – Progra-
Incentivo às Fontes Alternativas de Energia E- ma para Desenvolvimento em Energias Reno-
létrica (Proinfa). váveis e Eficiência Energética na Rede Federal,
O Proinfa foi instituído com o objetivo em parceria com a Deutsche Gesellschaft für
de diversificar a OIE produzida por empreendi- Internationale Zusammenarbeit (GIZ), incentivou
mentos concebidos com base em fontes: eólica, participantes do Grupo de Trabalho (GT) em E-
biomassa e Pequena Central Hidrelétrica (PCH). nergia Eólica a elaborar este material didático,
Como programa pioneiro ele impulsionou essas visando uma ampliação na multiplicação do co-
fontes, mas em especial a eólica fazendo o pa- nhecimento nas instituições da Rede Federal.
ís passar, em pouco mais de 3 anos, de apenas Docentes dos Institutos Federais da Bahia, Per-
cerca de 22 MW de energia eólica instalada, pa- nambuco, São Paulo, Rio Grande do Norte e
ra 414 MW instalados de acordo com o Ministério Rio Grande do Sul, participantes do referido GT,
de Minas e Energia. De acordo com o Banco de são os autores e colaboradores deste trabalho.
Informações de Geração da Agência Nacional O material intitulado Fundamentos da E-
de Energia Elétrica (ANEEL), atualizado em 23/ nergia Eólica foi elaborado para um curso in-
07/2018 está outorgado para operar 13.158,039 trodutório ofertado na modalidade de Educa-
MW. ção a Distância (EaD) e, portanto, vai abordar
7
Você já sabe que as coordenações geo- como por exemplo caraterísticas diferentes das
gráficas se baseiam em latitude e longitude. Ao superfícies, algumas são sólidas e outras fluí-
projetarmos a Terra em um plano podemos tra- das, tipos distintos de solo, de vegetação e ru-
balhar nos eixos cartesiano X e Y. Sendo as- gosidade que acabam interferindo no fluxo de
sim, os ventos que se dirigem dos polos para o calor absorvido.
equador mudam sua orientação em relação ao Custódio (2009, p.19) disse que "o aque-
eixo X. A componente que surge no eixo X é cimento diferenciado da atmosfera provoca gra-
devido à ação da força de Coriolis. dientes de pressão que são responsáveis por
De acordo com Pinto (2014) e Reboita movimentos da massa de ar" e a afirmação de
et al (2012) no Hemisfério Sul, devido à força de Custódio (2009) leva a conclusão estabelecida
Coriolis, o vento que sai do polo para o equador por Martins et al (2008) que afirmou que a ener-
sofre um deslocamento para o sentido negativo gia contida no vento é na verdade uma conver-
do eixo X. Enquanto que o vento que se move são da energia solar.
do equador para o polo, sofre o desvio para o
sentido positivo do eixo X, como pode ser visto
na Figura 1.3. 1.4 FORÇAS ENVOLVIDAS NO VENTO
(1.1)
Fgp= -1ΔP
rΔx
Figura 1.3 – Representação esquemática da circulação geral da
atmosfera terrestre (considerando a superfície terrestre homo-
gênea). Fonte: Autores, Adaptada de Reboita et al (2012) Onde:
[ ] [ ]
direção.
A Força de Coriolis, por unidade de mas-
V=24 km x
h
1
3600 s []
h x 1000 m =6,66 m/s
1 km
sa, é expressa pela Eq. 1.2
Você que está estudando por este mate- Custódio (2009), em seu livro, chamou
rial desde o início já sabe que existe a troposfera, a atenção para os fatores que podem alterar o
mas o que ainda não tinha sido falado aqui é equilíbrio dessas forças, como variação na for-
que existe também a tropopausa, que se trata ça FGP devido o ingresso de nova massa de ar,
de uma região de transição entre a troposfera ou uma alteração na força FCO causada por uma
e a mesosfera, sendo a tropopausa o nível mais mudança na latitude. Talaia e Fernandes (2009)
alto do ar troposférico. disseram que a aproximação do vento geos-
Nos níveis mais distantes da superfície trófico não é aplicável a regiões intertropicais,
as forças de atrito do ar são desprezíveis. Ao isso porque nas regiões próximas ao equador a
desprezar o atrito a força resultante do gradiente FCO tende a zero e, portanto, não há equilíbrio.
Figura 1.4 – Representação esquemática do vento geostrófico (VG) resultado do equilíbrio entre a força de Coriolis (FCO) e a força do
gradiente de pressão atmosférica (FGP) em níveis atmosféricos elevado. Fonte: Autores.
13
com o surgimento da Força Centrífuga (FC) que Esquema de atuação das forças durante Vento Gradiente (VGr)
em torno de uma região de baixa pressão. Fonte: Autores, baseado
atua sempre para fora do raio de curvatura. A
nos conceitos de Custódio (2009)
expressão matemática que representa o equi-
líbrio dessas forças é dada pela Eq. 1.4.
A expressão matemática para a confi-
(1.4) guração de movimento apresentada na Fig. 1.5
é dada pela Eq. 1.5.
V2
Fc =
r (1.5)
Onde:
-1ΔP V2
V= Velocidade do vento [m/s] = 2ωVsenϕ+ r
ρΔx
r = Raio de curvatura da rota [m]
A Equação 1.5 é conhecida como Equa-
Para melhor compreensão do assunto ção do Vento de Gradiente e modela o vento que
Custódio (2009), em seu livro, falou sobre um se movimenta no sentido horário, em torno na
centro de baixa pressão localizado no hemisfé- região de baixa pressão e paralelo às linhas iso-
rio sul. Para essa situação o autor disse que báricas, esse comportamento do vento é co-
a componente da força FGP atua no sentido nhecido como ciclone. Se vocês observarem a
do centro da circunferência enquanto a FCO Eq. 1.5 se baseia no princípio de equilíbrio das
e a FC atuam para fora da circunferência, esse forças, onde as forças que atuam no sentido
movimento é chamado de ciclone. A Figura 1.5 negativo do eixo X devem estar em equilíbrio
mostra um esquema da ação destas forças com aquelas que atuam no sentido positivo do
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 14
de proporcionalidade é o atrito existente entre 1.8 mostra o esquema de atuação das forças
uma camada e outra, que é mais conhecida como próximo à superfície, ou seja, com a influência
viscosidade. do atrito.
Não existe nenhum fluido perfeitamente Como pode ser visto na Figura 1.8 o vento
newtoniano, mas o ar é um dos que mais se a- deixa de escoar paralelo as linhas de pressão
proximam dessa idealização, no entanto esse constante, além de gerar uma componente do
modelo linear não é usado quando se trata aná- vento no mesmo sentido que atua da força de
lise de escoamento de vento devido a três fa- gradiente de pressão. Isso faz com que massa
tores. O primeiro é que no caso do ar que escoa de ar venha a convergir em direção a regiões de
pela superfície da terra a altura da camada de baixa pressão e a divergirem no caso de regiões
fluido não é limitada por um sólido, ou seja, e- de alta pressão. Essa convergência possibilita
xiste uma superfície que é livre. O segundo fa- a formação de nuvens enquanto a divergência
tor é que no caso da Figura 1.7 trata-se de um contribui para a não formação das nuvens.
escoamento laminar e o escoamento do ar é Os fenômenos físicos mencionados nes-
turbulento, isso quer dizer que o vetor velocidade te capítulo podem ser observados no site da Null
possui componente nos eixos x e y como já foi School onde você, caso tenham curiosidade, po-
dito no início deste material. E por último existe dem ver o escoamento do ar em tempo real. Nes-
obstáculos que interferem no perfil, assim como se site é possível ver a formação dos ciclones e
a rugosidade que é diferente para cada tipo de anticiclones, a convergência do vendo na ZITC.
superfície: areia, mar, vegetação. É possível também ter como informação a ve-
locidade e temperatura do vento ao clicar em
qualquer ponto do mapa que você desejar. A
Figura 1.9 mostra a imagem na Terra com as
diferentes configurações de escoamento do ar.
do em 20 set. 2020.
1.5 Quais fatores influenciam na magnitude 1.13 Determine a Força de Coriolis para um
da força de Coriolis? determinado ponto da cidade de Natal capital do
Rio Grande do Norte. Para isso faça uma pesqui-
1.6 O que são ventos geostróficos? E o que sa da latitude do ponto e a velocidade média do
são ventos gradientes? Faça a distinção dos dois vento no dia pesquisado.
1.7 Defina ciclone e anticiclone, diferencian 1.14 No tópico “Ventos próximos à superfície”
-do esses dois fenômenos. foi dito que a convergência da massa de ar pos-
sibilita a formação de nuvens enquanto a diver-
1.8 Fale sobre a interação das forças que mo- gência contribui para a não formação das nu-
delam ciclones e anticiclones. vens. Explique o motivo disso
1.9 Alguns autores dizem que a energia con- BRACKMANN, Rodrigo; MARTINS, Fernando
tida no vento é na verdade uma conversão da Ramos. Avaliação do potencial eólico do sul do
energia térmica proveniente do sol. Você con- brasil. Relatório final de projeto de iniciação cien-
corda com essa afirmação? Justifique sua res- tífica (PIBIC/INPE – CNPQ/MCT) Processo n°
posta. 109639/2008-1, Santa Maria, 2009. Disponível
17
em: < https://cutt.ly/BgsaSDs> acessado em: 21 Disponível em: < https://cutt.ly/0gssd5Q> Aces-
set. 2020. sado em: 20 set. 2020.
ÇENGEL, Yunus A; CIMBALA, John M. Mecânica SILVA, Mário Adelmo Varejão. Meteorologia e
dos fluidos: Fundamentos e aplicações. 7. ed. climatologia. 2. ed. Recife, 2006. Disponível
São Paulo: Mc Graw Hill, 2011. em: <https://cutt.ly/FgssivE> Acessado em: 20
set. 2020.
COSTA, Gabriel Brito; LYRA, Roberto Fernando
da Fonseca. Análise dos padrões do vento no TALAIA, Mário A.R; FERNANDES, Rui. Diagnós-
estado de Alagoas. Revista brasileira de me- tico de vento de uma região usando uma carta
teorologia, v. 27, n. 1, p. 31-38, 2012. Disponível meteorológica de superfície. I Congresso In-
em: < http://www.scielo.br/pdf/rbmet/v27n1/a04 ternacional de Riscos,1, 2009, Coimbra, Anais...
v27n1> Acessado em: 21 set. 2020. Coimbra: Universidade de Coimbra, p.63-68.
.
CUSTÓDIO, Ronaldo dos Santos. O vento. In:
CUSTÓDIO, Ronaldo dos Santos. Energia eólica
para produção de energia elétrica. 1. Ed. Rio de
Ja-neiro: Eletrobrás, 2009.p 17-39.
Captar energia a partir do vento de forma ou obstáculos, ou sobre o mar. Nestes tipos de
eficiente é um dos principais objetivos das pes- áreas a turbulência é mínima. A Figura 2.3 mos-
quisas em energia eólica. Sabe-se que o vento tra o fluxo do vento ao longo de uma superfície
ocorre devido as diferenças de temperatura e plana sem relevos e em uma com relevos. Na
pressão na atmosfera da Terra, o que ocasiona o primeira situação o vento apresenta uniformi-
movimento de massas de ar ao longo do globo. dade, e na segunda o vento perde a uniformida-
Embora seja possível converter a energia eólica de apresentando perturbações na sua veloci-
em energia elétrica através de um aerogerador, dade.
deve-se pensar em fatores que aumentam a
eficiência no processo. Alguns fatores combi-
nados influenciam diretamente na geração de e-
letricidade, por exemplo, ventos com alta tur-
bulência que ocorrem próximos a superfície ter-
restre. As turbulências são vórtices resultantes
de obstáculos presentes na superfície terrestre
como construções, vegetação, o próprio relevo
do local, etc (Figura 2.2). Elas produzem esforços
que afetam o aerogerador requisitando maiores
custos relacionados ao aumento da capacidade Figura 2.3- Característica do vento na superfície terrestre. A ve-
locidade do vento aumenta com a altura e em situação livre de
da estrutura mecânica e das fundações em re-
relevo; e o comportamento do vento com relevos no terreno.
sistirem às turbulências.
Fonte: Autores
Como regra um valor prático para a=0,14 para Outra expressão bastante utilizada para estimar
locais abertos, mas pode-se obter valores para velocidades de vento usando o logaritmo natural
o coeficiente de fricção escolhido conforme a (ln) é:
tabela seguinte:
(2.2)
h
Terreno a v =
( )
In z
v0 In h0
Terreno com relevo suave e superfície
de água calmas 0,1 z ( )
Grama baixa 0,14 Onde:
v é a velocidade do vento [m/s] que se deseja
Grama alta 0,15 estimar para a altura h;
v0 é a velocidade do vento medida na altura h0;
Vegetação rasteira (<0,3 m), árvores 0,16 ho é altura de referência onde sabe-se ou foi
isoladas medida a velocidade;
h é a altura onde se deseja estimar a velocidade;
Arbustos, árvores isoladas 0,20
z é o comprimento de rugosidade.
medições reais.
Classe de
Terreno z [mm]
Rugosidade 2.3. A POTÊNCIA DO VENTO
(2.4)
E
P=
Δt
Onde:
P é a potência consumida;
E é a energia em qualquer forma: elétrica, tér-
mica, cinética, etc;
Δt é o intervalo de tempo considerado.
é equivalente a área circular do tubo. No tubo, o Exemplo 2.3: Se a velocidade do vento duplicar
ar se desloca de uma extremidade a outra com v'=2v, o que acontecerá com a potência?
velocidade v dada por
(2.7) Resposta:
v= Δs Tem-se que a nova potência P' será 8 ve-zes a
Δt potência P:
Onde:
v é a velocidade em m⁄s;
pAv'3 pA(2v)3 pAv3
Δs é a variação do deslocamento da massa de P'= = =8 = 8P
2 2 2
ar ao longo do comprimento do tubo G;
Δt é a variação de tempo;
O gráfico a seguir apresenta a curva
Dentro do tubo o ar ocupa o volume de- de potência em função da velocidade, o qual
pendente da área, da velocidade do ar e do tem- foi traçado fixando a área A=1 m² e densidade
po, sendo este volume determinado por: padrão p=1,225 kg/m³:
(2.8)
V=AΔs=AvΔt
Onde:
A é a área da secção do tubo em m2.
Como a velocidade do vento é v, escreve-se a
energia cinética do vento com base nas Eq.(2.5)
e (2.7)
(2.9)
mv2 pAv3Δt
Ec= =
2 2
10 1,247 1,02
(2.11)
PatmM 15 P15°C=1,225 1,00
p=
1000RT 20 1,204 0,98
Onde: 25 1,184 0,97
Patm é a pressão atmosférica em [atm];
30 1,165 0,95
M é a massa molecular do ar em [g/mol], no caso
do ar, que é uma mistura de diversos elementos 35 1,146 0,94
e moléculas, calcula-se que M=28,97 g/mol;
40 1,127 0,92
R=8,2056.10-5 m3.atm/K.mol é uma constante
definida para um gás ideal, que obedece per- Tabela 2.3 - Densidade do ar para diferentes temperaturas. KT=
p(T)
feitamente a relação entre pressão, volume e p(15 °C)
é a razão entre a densidade para a temperatura T e a
temperatura; densidade padrão p(T=15 °C). Fonte: (Masters, 2004)
T é a temperatura em [K] kelvin, sendo que 1
K=273,15+º C. 2.5 CORREÇÃO DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA COM
A ALTITUDE
Exemplo 2.4: Calcule a densidade do ar para uma
temperatura de 30 °C, e 1 atm. A pressão atmosférica é um fator que
modifica a densidade do ar conforme pode ser
Resposta: constado na Eq. (2.11). Sendo a densidade p pro-
Aplicando-se a Eq.(2.11), calcula-se porcional a pressão atmosférica Patm, e como a
pressão depende a altitude é importante utilizar
1 x 28,97 um fator de correção para pressão em altitudes
p= =1,165 kg/m3 acima do nível do mar, onde Patm=1 atm. Segue-se
1000 x 8,2056.10-5 x (273,15+30)
a fórmula:
(2.12)
Segue-se uma tabela com valores de den-
sidade para diferentes temperaturas: Patm = P0e-1,185.10 h = e-1,185.10
-4 -4
h
Resposta: p=1,125KTKA
Aplicando-se a equação (2.12) determina-se a
nova pressão: Onde:
KT e KAsão os fatores de correção de temperatu-
ra e altitude, respectivamente, obtidos na Tabela
Patm = P0e-1,185.10 X 2000 = 0,789 atm 2.3 e na Tabela 2.4.
Segue uma tabela com correções de den- p=1,125 x 1,04 x 0,789=1,00 kg/m3
sidade para diferentes altitudes h:
Vamos comparar a potência por metro
Altitude [m] Pressão [atm] Razão KA quadrado para uma velocidade de 10 m/s usan-
do-se a Eq. (2.10) para a densidade padrão p=
0 1 1
1,225 kg/m3 e a densidade calculada p=1,00 kg/
200 0,977 0,977 m3:
400 0,954 0,954
600 0,931 0,931 Para p=1,00 kg/m3:
800 0,910 0,910 P pv3 1,00x103
= = = 500 W/m²
1000 0,888 0,888 A 2 2
1200 0,868 0,868
1400 0,847 0,847 E para p=1,225 kg/m3
1600 0,827 0,827
P pv3 1,225x103
1800 0,808 0,808 = = = 612,5 W/m2
A 2 2
2000 0,789 0,789
2200 0,771 0,771 Comparando-se os resultados anteriores
Tabela 2.4- Densidade do ar para diferentes altitudes. KA=P/P0 é percebe-se a variação da potência do vento com
a razão entre a pressão P na altitude h e a pressão atmosférica
a densidade do ar, o que representa uma redução
ao nível do mar P0=1 atm e. Fonte: (Masters, 2004)
de 18% na potência do vento. A correção devido
a altitude e temperatura podem indicar um dado
A correção da densidade pode ser rea-
mais verdadeiro acerca da potência de vento
lizada simultaneamente para um nova tempe-
disponível em um dado local.
ratura e pressão através da fórmula:
26
96 medições de 3 m/s totalizando 8 horas; a variância será dada em m2/s2. A partir da va-
riância poder-se determinar o desvio padrão,
144 medições de 6 m/s um total de 12 horas; calculado como
(2.19)
36 medições de 8 m/s totalizando 3 horas; s=√(s )
2
12 medições de 10 m/s no total de 1 hora. cuja unidade é a mesma das medições, no caso
da velocidade m/s.
Resposta:
Neste caso o vento médio pode ser calculado Voltemos ao caso apresentado nos pa-
como rágrafos anteriores, o vento médio vmedio=5,41
(2.16) m/s, a variância pode ser determinada como:
3 x 96+6 x 144+8 x 36+10 x 12
vmedio = = 5,41
96+144+36+12 96 x (3-5,41)2+144 x (6-5,41)2+36 x
m/s
s2 = (8-5,41)2+12 x (10-5,41)2
(2.17) 288-1
Velocidade (m/s) Horas/ano vmedio , isso indica que a distribuição dos dados não
segue uma distribuição normal, em que a média
10 565
é exatamente igual ao valor de maior frequência
11 444 (também chamado de moda). Logo, precisamos
12 335 de outra representação que melhor parametrize
13 243 informações acerca dos dados eólicos da tabela.
14 170 Antes de entrarmos no mérito dessa questão e
vejamos um pouco mais sobre o gráfico.
15 114
16 74
17 46
18 28
19 16
20 9
21 5
22 3
23 1
24 1
25 0 Figura 2.6 – Distribuição da duração em horas anuais da velocidade
Dados perdidos ou 4 do vento. Gráfico mostrando a duração de cada velocidade de
incompletos vento ao longo de um ano. Fonte: Autores
no gráfico é comumente encontrado no com- Analisando-se a Figura 2.7, para k=1 po-
portamento de dados eólico, logo, podemos es- de conseguir uma função exponencial com de-
tudar esses padrões. caimento, para k=2 o gráfico é se assemelha a
Se alguém desejar medir a velocidade do uma onda assimétrica e k=5 o gráfico é seme-
vento em um dia aleatório do ano, qual seria o lhante a um sino. O valor de máximo nas curvas
valor mais provável da velocidade medida? De é o valor de velocidade de vento com maior pro-
acordo com o gráfico haveria maiores chances babilidade de ocorrência.
de ser 6 m/s, pois é a velocidade mais frequente
nos registros.
Como foi descrito no parágrafo prece-
dente, podemos voltar a discutir como melhorar
as análises dos dados eólicos. Então se o vento
apresenta padrões de comportamento que se
repete num período de tempo, por exemplo, a-
nualmente, como escrever uma função mate-
mática que represente com boa precisão?
A resposta está no uso das funções de
densidade de probabilidade. Uma função de den-
sidade de probabilidade é uma função contí-
nua e que permite calcular analiticamente a pro- Figura 2.7 – Distribuição de Weibull. A distribuição de Weibull para
k=1 ,2,5 e c=4. O eixo horizontal tem-se a velocidade do vento e
babilidade de uma variável aleatória com ba-
no eixo vertical a probabilidade. Fonte: Autores
se em poucos parâmetros. A variável aleató-
ria no caso é a velocidade do vento. Existem
inúmeras fórmulas de distribuições estatísticas, O objetivo é achar os valores de k, c de
mas no caso do vento a função de densidade modo que a curva de Weibull se aproxime do
de probabilidade que é bastante utilizada para histograma construído a partir das medições
representar os da-dos de velocidade de vento é em um período. Com uma boa aproximação pe-
a distribuição de Weibull, conforme apresentada la distribuição de Weibull é possível realizar es-
na Figura 2.7, e cuja fórmula segue-se: timativas de velocidades em um período futuro,
(2.20) calculando a probabilidade de duração de ve-
(v )
k
- c locidades de ventos para faixas estratégicas.
( )
k v k-1 Por exemplo, quanto horas anuais teremos de
f(v)= e ventos superiores à média? Quantos horas a-
c c
nuais a velocidade do vento irá ultrapassar a ve-
Onde: locidade máxima permitida para operação de um
v é a velocidade do vento; aerogerador? Com relação a última pergunta,
e=2,7182 é o número de Euler; quantas horas de aerogerador fora de operação
k é o fator de forma da função, sendo adimensio- teremos devido a velocidades de vento não per-
nal e responsável por alterar o formato da curva; mitida?
c é um fator de escala dado em m/s e é res_ Vejamos algumas fórmulas utilizando a
ponsável por esticar ou encolher o gráfico ho- distribuição de Weibull:
rizontalmente.
Para se determinar a probabilidade de
30
Pv>a=e Resposta:
A velocidade média do vento é vmedio=6,99 m/s,
A probabilidade da velocidade do vento tem-se que c=1,128vmedio=1,128 x 6,99=7,8847
estar entre uma faixa de velocidade a≤v≤b é da- m/s e k=2.
da por:
(2.23) A Eq. (2.24) é dada por
(a )
- c
k
- c (b ) k
-( c )
Pa≤v≤b=e -e v
2
( )
2 v
f(v)= c e =0,0321v.e-0,0161v2
c
Um caso particular da distribuição de
Weibull é para k=2 e neste caso é chamada de Para a velocidade entre 6 e 7 m/s a pro-
distribuição de Rayleigh. Para a situação da Fi- babilidade é determinada conforme:
gura 2.6, a distribuição de Weibull com k=2 tam-
( a ) -e - ( bc )
K k
- c
bém é adequada ao histograma produzido, logo, P(a≤v≤b) =e
pode-se u-sar a Eq. (2.23) para estimar a pro- 2
babilidade do valor de velocidade estar em uma
- ( 6
)
2
- ( 7 )
faixa específica, mesmo para valores não me- =e 7,8847
-e 7,8847
(v )
k
(2.24) que nos leva a estimativa anual que pode ser
( )
k v k-1 - c
f(v)= e determinado pelo total de horas de registro das
c c
medidas, no caso excluindo-se as 4 horas per-
didas constante na tabela, tem-se que 8756 x
Para se determinar o valor do parâmetro 0,1057 =925,92 horas anuais de duração de ven-
c pode-se recorrer a seguinte equação: tos na faixa de 6 e 7 m/s.
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 31
Direção
Total
em graus 0,50 - 2,10 2,10 - 3,60 3,60 - 5,70 5,70 - 8,80 8,80 - 11,10 ≥11,10
(horas)
(°)
355 - 5 13 142 124 106 27 4 416
5-15 0 0 0 0 0 0 0
15 - 25 12 185 220 170 34 5 626
25 - 35 0 0 0 0 0 0 0
35 - 45 0 0 0 0 0 0 0
45 - 55 18 194 327 245 27 1 812
55 - 65 0 0 0 0 0 0 0
65 - 75 10 117 172 114 3 0 416
75 - 85 0 0 0 0 0 0 0
85 - 95 10 110 95 32 3 0 250
95 - 105 0 0 0 0 0 0 0
105 - 115 3 58 63 24 4 0 152
115 - 125 0 0 0 0 0 0 0
125 - 135 0 0 0 0 0 0 0
135 - 145 10 64 53 30 1 0 158
145 - 155 0 0 0 0 0 0 0
155 - 165 7 81 77 9 0 0 174
165 - 175 0 0 0 0 0 0 0
175 - 185 4 114 60 9 0 0 187
185 - 195 0 0 0 0 0 0 0
195 - 205 16 164 136 17 0 1 334
205 - 215 0 0 0 0 0 0 0
215 - 225 0 0 0 0 0 0 0
225 - 235 7 216 563 421 74 12 1293
235 - 245 0 0 0 0 0 0 0
245 - 255 5 128 379 1017 474 84 2087
255 - 265 0 0 0 0 0 0 0
265 - 275 3 59 85 108 37 15 307
275 - 285 0 0 0 0 0 0 0
285 - 295 5 44 87 169 90 40 435
295 - 305 0 0 0 0 0 0 0
305 - 315 0 0 0 0 0 0 0
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 33
Direção
Total
em graus 0,50 - 2,10 2,10 - 3,60 3,60 - 5,70 5,70 - 8,80 8,80 - 11,10 ≥11,10
(horas)
(°)
315 - 325 12 55 94 163 81 48 453
325 - 335 0 0 0 0 0 0 0
335 - 345 8 61 96 150 78 35 428
345 - 355 0 0 0 0 0 0 0
Sub-Total 143 1792 2631 2784 933 245 8528
Sem Ventos 229
Dados
perdidos 3
ou imcompletos
Total 8760
Tabela 2.6- Distribuição de frequência dos ventos. Distribuição de frequência dos ventos nas respectivas direções, velocidades do ano
de 1961, de uma estação meteorológica no Aeroporto Internacional Billings Logan Billing/Montana- EUA, elevação do nível do mar: 1091
m, altura do anemômetro 4,57 m. Fonte: Autores (utilizando o freeware WRPLOT View com dados do site: https://cutt.ly/qgpDaoT )
Tabela 2.7- Distribuição de frequência dos ventos em percentual. Distribuição de frequência dos ventos em percentual nas respectivas
direções, velocidades do ano de 1961, de uma estação meteorológica no Aeroporto Internacional Billings Logan Billing/Montana- EUA,
elevação do nível do mar: 1091 m, altura do anemômetro 4,57 m. Fonte: Autores (utilizando o freeware WRPLOT View com dados do
site: https://cutt.ly/QgpDrHD )
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 35
Figura 2.8 – Rosas dos Ventos. Distribuição dos dados eólicos na Rosas dos ventos, velocidades do ano de 1961, de uma estação
meteorológica no Aeroporto Internacional Billings Logan Billing/Montana- EUA, elevação do nível do mar: 1091 m, altura do anemômetro
4,57 m. Fonte: Autores (utilizando o freeware WRPLOT View com dados do site: https://cutt.ly/mgpDlRv )
Uma ferramenta online e gratuita para tar, além de outros tipos, os dados eólicos de
consulta de dados climáticos está no site http:// várias cidades brasileiras.
projeteee.mma.gov.br/, onde é possível consul-
Figura 2.9 – Rosas dos Ventos/INMMET. Distribuição dos dados eólicos na Rosas dos ventos do banco de dados do INMET 2016 para
a cidade de Natal-RN. Fonte: produzido utilizando o site: https://cutt.ly/AgpS0xk em 02/10/2020.
36
2.9 Qual seria o aumento percentual na po- GARCÍA, F. H. Análise Experimental e Simula-
tência de vento se a velocidade aumentar 20%? ção de Sistemas Híbridos Eólico-Fotovoltai-
cos. Porto Alegre: UFRGS, 2004. Disponivel
2.10 Suponha que em um período de 7 dias em: <https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/
(16 8 horas) de registros de dados eólicos obteve 4569>.
-se um total de 2016 medições realizadas a cada
5 minutos, ou seja, a cada hora realiza-se 12 me- LOPEZ, R. A. Energia Eólica. Artliber Editora, 2.
dições. Por simplicidade numérica, considere ed., 2012.
que a velocidade do vento varia apenas entre
as seguintes medições registradas: MASTERS, G. M. Renewable and Efficient
Electric Power Systems. In: MASTERS, G. M.
200 medições de 3 m/s; WIND POWER SYSTEMS. 1. ed. New Jersey:
306 medições de 4 m/s; Wiley-IEEE Press, 2004. Cap. 6, p. 306-323.
414 medições de 5 m/s; ISBN ISBN 0-471-28060-7.
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 37
vo das pás do rotor, turbinas eólicas modernas tema de freios sistema de controle e mecanis-
podem ser classificadas em turbinas de eixo ho- mos de giro da turbina estão contidos em um a-
rizontal e de eixo vertical (Fig. 3.1). A turbina eó- brigo chamado nacele. A energia gerada é então
lica de eixo horizontal domina a maior parte da transmitida torre abaixo até o transformador e
indústria eólica. Eixo horizontal significa que o deste para o ponto de conexão com a rede. A
eixo de rotação da turbina eólica é horizontal todo este conjunto turbina, nacele, torre e trans-
ou paralelo ao solo. Nas aplicações de grandes formador, chamamos de aerogerador que está
potências, são muito raros os casos de utilização ilustrado na Fig. 3.2 com seus principais com-
de turbinas de eixo vertical. No entanto, em pe- ponentes.
quenas aplicações eólicas e residenciais, as tur-
binas de eixo vertical têm seu lugar.
As vantagens apresentadas determinam Figura 3.3- Turbinas eólica upwind e downwind. Fonte: adaptado
a razão por que quase todas as turbinas eó- de Hemane, 2012.
beamento de água e residentes em áreas re- os síncronos, trabalham com rotações muito
motas. Microturbinas eólicas precisam relati- mais elevadas, geralmente entre 1.200 a 1.800
vamente de baixas velocidades de vento para rpm, tornando necessária a utilização de um
o arranque e operam em velocidades de vento mecanismo de multiplicação de velocidade entre
moderadas. Turbinas eólicas pequenas geral- dois eixos.
mente se referem às turbinas com potência de As vantagens do sistema de engrenagens
saída menores que 100 kW. As turbinas eóli- incluem menor custo e menor tamanho e peso do
cas mais comuns têm tamanhos médios com gerador. No entanto, a utilização de uma caixa de
potência nominal de 100 kW a 1 MW. Este tipo engrenagens pode diminuir significativamente a
de turbinas eólicas pode ser usado tanto na rede confiabilidade e aumentar o nível de velocidade
ou sistemas fora da rede, sistemas híbridos, ge- da turbina eólica, além de maiores perdas de
ração de energia em fazendas eólicas ou uni- energia mecânica.
dades únicas de minigeração de energia elétrica. Ao eliminar a caixa de engrenagens de
As turbinas eólicas de 1 MW até 10 MW podem ser múltiplos estágios de um sistema gerador, o eixo
classificadas como turbinas eólicas de gran- do gerador é conectado diretamente ao rotor
de porte. Nos últimos anos, as turbinas eó- da lâmina. Portanto, o conceito de acionamento
licas de múltiplos megawatts tornaram-se o direto é superior em termos de eficiência ener-
principal produto no mercado internacional de gética, confiabilidade e simplicidade, entretan-
energia eólica. A maioria dos parques eólicos to requer um gerador de maior custo, peso e
atualmente usa grandes turbinas eólicas, espe- volume.
cialmente em parques eólicos localizados no
mar (offshore). Turbinas eólicas ultragrandes
são referidas as que possuem capacidade aci- 3.2.5 TURBINAS TERRESTRES E MARÍTIMAS
ma de 10 MW.
Turbinas eólicas terrestres têm uma lon-
ga história em seu desenvolvimento . Há um
3.2.4 ROTOR DIRETO OU COM CAIXA DE EN- número de vantagens na implantação de fazen-
GRENAGENS das eólicas terrestres, incluindo menor custo de
fundações, facilidade de integração com a rede
De acordo com a condição da transmis- elétrica, menor custo na construção das torres
são em um sistema de gerador de energia eólica, e acesso mais conveniente para operação e
turbinas eólicas podem ser classificadas como manutenção. Fazendas eólicas marítimas (off-
grupos de acionamento direto ou acionamento shore) têm evoluído muito devido ao excelente
por engrenagem. Com o objetivo de adaptar a recurso eólico no mar, em termos de intensidade
velocidade do rotor à velocidade de rotação de energia eólia e continuidade. Uma turbina
mais elevada dos geradores convencionais que eólica instalada no mar pode produzir uma maior
necessitam de maiores velocidades, uma tur- potência e operar mais horas a cada ano em
bina eólica normalmente usa uma caixa de en- comparação com a mesma turbina instalada em
grenagens de vários estágios. A velocidade terra. Além disso, as restrições ambientais são
angular dos rotores geralmente varia na fai- mais flexíveis em locais offshore do que em sites
xa de 20 a 150 rpm (rotações por minuto), de- onshore. Por exemplo, o ruído da turbina não é
vido às restrições de velocidade na ponta da um problema para a energia eólica offshore.
pá. Todavia, os geradores elétricos, sobretudo
42
3.2.6 TURBINAS CONECTADAS À REDE E FORA geralmente são usadas de forma híbrida com
DA REDE baterias, geradores diesel, sistemas fotovoltai-
cos ou sistemas de bombeamento e geração
As turbinas eólicas podem ser usadas hídrica para melhorar a estabilidade de forne-
para aplicações conectadas à rede ongrid ou cimento de potência ativa.
isolada da rede elétrica offgrid. A maioria das
turbinas eólicas de tamanho médio e quase to-
das de grande porte são usadas em aplicações 3.3 CONVERSÃO DE ENERGIA
vinculadas à rede elétrica. Uma das vantagens
óbvias dos sistemas de turbinas eólicas na re- A produção de energia elétrica em um
de é de não necessitar de baterias para o ar- aerogerador depende de duas etapas de con-
mazenamento da energia elétrica produzida. Co- versão de energia. A primeira etapa é a interação
mo contraste, e antes da vigência da regula- das pás e rotor eólico (turbina) com o vento. Es-
mentação da microgeração de energia elétri- sa interação transforma a energia cinética do
ca no Brasil, a nível mundial, a maioria das pe- vento em energia mecânica no eixo do rotor.
quenas turbinas eólicas estão fora da rede para Na segunda etapa, o gerador recebe a energia
residências, fazendas, telecomunicações e ou- mecânica e a converte em energia elétrica que,
tras aplicações. No entanto, por se tratar de uma por conseguinte, é transmitida para a rede da
fonte intermitente, a energia elétrica produzida concessionária. A Figura 3.4 ilustra as etapas de
a partir de turbinas eólicas fora da rede pode va- transformação de energia, bem como os demais
riar drasticamente em um curto período de tem- sistemas envolvidos em todos o conjunto que
po. Consequentemente, as turbinas fora de rede compõe o aerogerador.
Figura 2.9 – Rosas dos Ventos/INMMET. Distribuição dos dados eólicos na Rosas dos ventos do banco de dados do INMET 2016 para
a cidade de Natal-RN. Fonte: produzido utilizando o site: https://cutt.ly/AgpS0xk em 02/10/2020.
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 43
Resposta:
Podemos considerar o tamanho da pá como o
raio da circunferência formada pelo movimento
das pás em torno do eixo da turbina eólica.
Portanto, a área desta circunferência é a área da
seção transversal a ser considerada no cálculo
Figura 3.5- Fluxo de ar fluindo através de uma turbina eólica de
da potência e que pode ser calculada por: eixo horizontal. Fonte: Autores.
(3.2)
A = p.r2 = 3,14 x 502 = 7.850 m2
Q=Av=A1 v1=A2 v2
Onde:
Logo, Q = fluxo de massa de ar [m3/s];
v = velocidade do vento na entrada da turbina
(3.1) [m/s];
A = área da seção transversal do tubo de vazão
pAv'3 1,225 x 7.850 x 63 do vento livre antes da turbina [m²];
P'= = = 1.038.555 W
2 2 v1 = velocidade do vento livre antes da turbina
=1,04 MW [m/s]; 1
A1 = área da seção transversal do tubo de vazão
A potência dada pela Eq. (3.1) é a disponí- do ar na entrada do rotor da turbina [m²];
44
v2 = velocidade do vento na saída da turbina [m/s]; Exemplo 3.2: A velocidade do vento medida an-
A2 = área da seção transversal do tubo de vazão tes e após passar por uma turbina eólica é de 8,0
do ar na saída do rotor da turbina [m²]. m/s e 6,0 m/s, respectivamente. Qual a potência
extraída pela turbina neste caso? Considere p e
Ao produzir a energia cinética mecânica A os mesmos do Exemplo 3.1.
por meio do aproveitamento de parte da energia
cinética do vento, a turbina eólica provocará a Resposta: A potência disponível no vento antes
redução da velocidade do vento na saída do ro- da turbina é:
tor, o que resultará no aumento do diâmetro do
tubo de vazões conforme pode ser observado na 1 3 1
Figura 5 e de acordo com a lei de conservação P1= p Av1 = x 1,225 x 7850 x 83= 2.461.760 W
2 2
do fluxo de massa dada pela Eq. (3.2). (3.5)
A potência do vento extraída pela turbina
eólica é a diferença entre a potência do vento A potência disponível no vento após a
na entrada e na saída da turbina eólica, como turbina é:
mostra a Eq. (3.3):
1 3 1
(3.3) P1= p Av2= x 1,225 x 7850 x 63= 1.038.555 W
2 2
P= P1-P2 (3.6)
Onde:
P = potência extraída do vento pela turbina eólica
Logo, a potência extraída pela turbina
[W];
é:
P1 = potência disponível no vento livre antes da
turbina eólica [W];
P2 = potência disponível no vento na saída da
P= P1-P2= 2.461.760-
turbina eólica [W];
1.038.555=1.423.205W=1,42MW
A potência extraída do vento pela turbina
eólica é dada pela Eq. (3.1), por analogia, as po-
tências disponíveis no vento antes e depois da 3.4 LIMITE DE BETZ
turbina, são dadas, respectivamente, pela Eq.
(3.4) e Eq. (3.5): A lei de Betz indica um limite máximo pa-
ra uma potência máxima que pode ser extraída
(3.4) do vento por uma turbina eólica, pois se houver
muita perda na velocidade do vento o ar irá fluir
1
P1= p Av3 em volta da área do rotor da turbina eólica, em
2
vez de atravessá-la. A lei é derivada dos princí-
(3.5) pios de conservação de massa e momento do
fluxo de ar que flui através de um "disco atuador"
1 (a área varrida pelas pás da turbina) idealizado
P 2= p Av32
2 que extrai energia do fluxo de vento, conforme
ilustra a Figura 3.6.
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 45
Assim,
(3.8)
( 32 pAv ) = 27 P =0,593P
16 3
16
Pmáx= 1
27 1 1
A = área varrida pelo rotor da turbina [m²]; 0,5 x 1.038.555 = 519.278W= 519 kW
p = massa específica do ar [Kg/m3];
O coeficiente de potência varia de acordo
Exemplo 3.3: Considerando a potência do vento com a velocidade do vento, como mostra o grá-
calculada no exemplo 3.1, qual a potência que fico da Figura 3.7 de uma turbina eólica real. Esta
a turbina está extraindo do vento se para esta variação deve-se ao fato das pás do rotor da
velocidade o coeficiente de potência é de 0,5? turbina alterarem suas eficiências aerodinâmi-
cas em função da variação da velocidade do
Resposta: vento incidente. O ponto de máximo da curva Cp
Considerando, Cp=0,5 e Pvento=1.038.555W, te- x v representa a máxima eficiência da turbina
mos e é obtida em uma determinada velocidade do
vento.
P
Cp= => P=Cp x Pvento=
Pvento
Figura 3.7- Curva do coeficiente de potência de uma turbina eólica. Fonte: Autores, baseado nos dados do aerogerador Enercon E44
– 910kW.
Figura 3.8- Curva de potência de uma turbina eólica. Fonte: Woben, aerogerador E44 – 910kW.
Qualquer objeto imerso em um fluído em de da forma do objeto, sua orientação com re-
movimento, como o vento por exemplo, está su- lação ao fluxo de ar e a velocidade desse fluxo.
jeito a uma força provocada pelo impacto do A força de arrasto em uma turbina eólica é
fluxo de ar sobre ele. Pode-se considerar que a que empurra as pás na mesma direção do fluxo
essa força possui duas componentes agindo em de ar. A força de sustentação experimentada
direção perpendicular uma em relação a outra, pela pá que está perpendicular a direção formada
conhecidas como força de arrasto e força de pelo fluxo de ar.
sustentação. A magnitude dessas forças depen-
48
Figura 3.9- Forças de arrasto e sustentação em uma pá de turbina eólica. Fonte: Autores
(3.10)
A linha tracejada na Figura 3.9, que une
as duas extremidades da pá (borda de fuga e de Fa
Ca=
ataque), comprimento da seção transversal da 1 pAv2
pá, é conhecida como linha de corda. A face ou 2 (3.11)
lado superior é conhecido como zona de pressão
negativa ou sucção e a face inferior como zona Fs
Cs=
de pressão positiva. Na Figura 3.9, a representa 1 pAv2
o ângulo de ataque, formado entre a direção do 2
vento resultante e a linha de referência (linha de
corda).
3.7 PÁS DE UMA TURBINA
As características de sustentação e ar-
rasto das várias formas de aerofólios, para uma
As pás são os componentes que intera-
faixa de ataque, são determinadas por meio de
gem com o vento e são projetados com um
medição realizadas em testes em túnel de vento.
aerofólio para maximizar a eficiência aerodi-
As características de arrasto e sustentação me-
nâmica.
didas e determinadas para cada ângulo de a-
A forma típica de uma lâmina e suas se-
taque do vento podem ser descritas usando os
ções transversais mostram que a lâmina acaba
coeficientes adimensionais de arrasto e sus-
e o ângulo total entre a raiz e a ponta é de cerca
tentação (Ca e Cs) ou a razão entre esses dois
de 25°. A área da seção transversal da lâmina
coeficientes (Cs/Ca). O conhecimento destes é
é bastante grande para obter a alta rigidez ne-
essencial na seleção adequada das seções de
cessária para suportar as cargas mecânicas va-
aerofólio para o projeto das pás de uma turbina
riáveis sob operação normal. De fato, o vento
eólica. Os coeficientes de arrasto e sustentação
exerce uma força instável, tanto pelas flutuações
podem ser calculados de acordo com as Eq.
devido à turbulência, quanto pela maior velo-
(3.10) e (3.11), respectivamente:
cidade em função da altitude. Essas forças são
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 49
o desgaste das pás da turbina eólica. é desejável; assim, seu valor deve ser o menor
Durante a rotação, uma lâmina em posi- possível. Pelo contrário, sustentação é a força
ção alta fica sujeita a uma ação mais forte do que mantém o avião no ar; então, é desejável
vento em comparação com a intensidade do ven- que sua magnitude seja grande.
to em uma posição mais baixa. Finalmente, a É muito importante notar que muitos
força centrífuga devido à rotação exerce tração tamanhos diferentes de aerofólios podem ser
nas diferentes seções da lâmina e o peso da feitos a partir de um perfil de aerofólio. Em
própria lâmina cria um momento de flexão na outras palavras, se os tamanhos relativos de
raiz que se alterna em cada rotação. As lâminas várias partes de um aerofólio forem mantidos os
são feitas de materiais leves, como materiais mesmos, podemos ter muitas escalas diferentes
plásticos reforçados com fibra, que têm boas do mesmo aerofólio. Para todos os tamanhos
propriedades de resistência ao desgaste. diferentes, os coeficientes de sustentação e de
arrasto serão os mesmos, mas as forças de sus-
tentação e de arrasto aumentarão com a área
3.8 AEROFÓLIOS E AERODINÂMICA do aerofólio. Se a área dobra, o mesmo acontece
com a força aerodinâmica; e, assim, as forças de
A importância das forças de sustentação sustentação e de arrasto dobram (sob a mesma
e arrasto é sua contribuição para a ação ativa na temperatura, pressão barométrica e velocidade
operação de uma turbina eólica. Aprendemos na do ar).
seção anterior que a força aerodinâmica depen- A propriedade importante de um aerofó-
de da forma e do tamanho de um objeto e que, se lio é que ele possui valores maiores de força
em qualquer ângulo de ataque, os coeficientes de sustentação e valores menores da força
de sustentação e arrasto são conhecidos, é de arrasto para a maioria dos ângulos de
possível determinar as forças de sustentação ataque que surgem na prática. Essa proprieda-
e arrasto no objeto. de é geralmente representada pelos coeficientes
Em uma turbina eólica, desejamos de ter de sustentação e de arrasto e pela razão de
a potência máxima retirada do vento. Por essa sustentação para arrastar, que é a razão entre
razão, se a turbina funciona com base na força o coeficiente de sustentação e o coeficiente de
de sustentação, pretende-se que a força de arrasto. Com uma placa plana o valor máximo
sustentação seja muito maior do que a força de possível para esta relação pode ser um número
arrasto. Se, por outro lado, uma turbina funciona pequeno, enquanto com aerofólios esta relação
com base na força de arrasto, gostamos que a pode alcançar valores acima de 20.
força de arrasto seja maior que a sustentação. Devido à desejável propriedade aerodi-
Você verá mais tarde que as turbinas que fun- nâmica dos aerofólios, em todas as turbinas para
cionam com base na força de sustentação são as quais a força ativa é “elevar” a estrutura das
mais eficientes e preferidas para aquelas ba- pás tem o perfil de um aerofólio selecionado.
seadas na força de arrasto. Vale a pena mencio- Um bom aerofólio é necessário para ter
nar aqui que os aviões funcionam com base as seguintes propriedades:
na força de sustentação de suas asas. Quan-
do um avião se move, ele se comporta como se • Curvas graduais.
estivesse parado e flui ao redor, como um objeto • Borda de fuga acentuada.
no fluxo de vento. No caso de um avião, a força • Borda de ponta redonda.
de arrasto é oposta ao movimento do avião e não • Baixa espessura para relação de cordas.
50
“Pense nos seus sonhos e nas suas ideias como a conversão da energia eólica em energia elé-
pequenas máquinas milagrosas dentro de você trica devido aos vastos trabalhos de pesquisa
que ninguém mais pode tocar. Quanto mais fé finalizados e em andamento, associada com o
você deposita nelas, mais altas elas ficam, até aumento anual do uso de energia elétrica em
que um dia elas se erguerão e levarão você complexos industriais e nas expansões das áreas
junto.” (O menino que descobriu o vento) urbanas, direciona este tipo de geração de ener-
gia elétrica para uma das principais alternativas
para a estabilidade do sistema elétrico brasileiro.
4.1 INTRODUÇÃO O equipamento responsável pela trans-
formação da energia do vento em energia me-
Para uma melhor compreensão do fun- cânica rotativa e posterior conversão em energia
cionamento de um aerogerador, primeiramente, elétrica é o aerogerador. Destaca-se o conjunto
precisamos saber que um aerogerador é um e- denominado turbina eólica e o gerador de ener-
quipamento utilizado para converter a energia gia elétrica como sendo os componentes de
cinética do vento em energia elétrica. Essa con- maior destaque. Além destes, há outros com-
versão se dá pela movimentação da turbina, pro- ponentes e subsistemas essenciais para a con-
duzindo energia mecânica que é transmitida ao cepção de um aerogerador, conforme ilustrado
gerador, que por sua vez converte em energia na Figura 4.1.
elétrica. Os aerogeradores têm-se tornado po-
pulares rapidamente por ser uma fonte de ener-
gia renovável e não poluente.
Neste capítulo os estudantes terão co-
nhecimentos: dos principais componentes de
um aerogerador utilizado em fazendas eólicas;
do princípio de funcionamento de geradores e-
létricos e dos principais geradores utilizado em
um aerogerador; de como é adequada a frequê-
ncia da tensão gerada com a frequência da rede
de energia elétrica com o uso de conversores
eletrônicos de frequência; e por fim, o estudante
Figura 4.1- Componentes e subsistemas de um aerogerador de
conhecerá as principais classificações de um
eixo horizontal em detalhes. Fonte: Macedo (2002).
aerogerador segundo a operação de velocidade,
tipos de gerador elétrico e conversor eletrônico
de potência.
Conforme mencionado, há outros com-
O conceito e a necessidade de descen-
ponentes essenciais para a montagem de um
tralização na geração de energia elétrica, deno-
aerogerador, veja ilustração da Figura 4.2. Com
minada geração distribuída, tem motivado as
o intuito de sistematizar o conteúdo descritivo
pesquisas para novas soluções de geração com
desses componentes, na seção seguinte é sub-
ênfase para as energias limpas e renováveis,
dividida em dois temas: o sistema mecânico e
como é o caso da geração de energia elétrica a
estrutural, e o sistema elétrico e de controle.
partir da energia eólica.
A evolução das técnicas utilizadas para
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 55
4.3 SISTEMA ELÉTRICO E DE CONTROLE patibiliza ou ajusta o valor da tensão gerada com
a rede elétrica de conexão do aerogerador e,
• Gerador – atua na conversão da energia neste caso, é aplicado o transformador elevador
mecânica em energia elétrica. Os geradores mais de tensão.
comuns nas aplicações para o aproveitamento
da energia eólica são: a máquina síncrona e a
de rotor bobinado (conhecida como máquina 4.4 GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
duplamente alimentada). No caso de aplicações
isoladas a máquina síncrona (gerador síncrono) é Os geradores são máquinas utilizadas pa-
a mais comum e para aplicações com conexões ra gerar eletricidade a partir da conversão da
na rede elétrica a máquina de indução assíncrona energia mecânica da turbina eólica em energia
(gerador com rotor bobinado) é a mais comum. elétrica. O princípio físico de funcionamento de
• Medidores de vento – constituído de qualquer gerador elétrico (ou máquinas elétricas)
instrumentos que medem a direção e a velocida- é a força eletromotriz produzida pela variação de
de do vento como, por exemplo, o anemômetro um campo magnético, conforme explicado pela
e a biruta. A montagem desses instrumentos é lei de indução de Faraday. Em aerogeradores,
sobre a nacele e além de realimentar o controla- o eixo do gerador elétrico pode ser acoplado
dor tais informações também são utilizadas para diretamente ao rotor do aerogerador ou na saí-
acompanhar o desempenho do aerogerador. da da caixa de engrenagem, caso seja neces-
• Controle – a supervisão de todas as va- sário aumentar a velocidade. Na maioria das tec-
riáveis envolvidas no procedimento de aprovei- nologias é necessário o uso da caixa de trans-
tamento da energia eólica é realizada pelo sis- missão para adequação da velocidade entre o
tema de controle. As leituras das variáveis tais eixo da turbina, que gira em baixa velocidade e
como a carga da bateria, o vento e rotação do o eixo do gerador que necessita de uma rotação
motor são realizadas por sensores específicos. maior. No entanto, as tecnologias baseadas em
Além de simplesmente prevenir o excesso de aerogeradores com geradores síncronos de imãs
velocidade (acima de 29 m/s) e de vibração quan- permanentes podem eliminar a necessidade da
do ocorrem rajadas de ventos muito fortes, os utilização de uma caixa de transmissão, pois per-
controladores atuais têm a capacidade de aper- mite uma construção com maiores números de
feiçoar a operação do aerogerador no que diz polos, e com isso necessita de uma rotação me-
respeito à potência gerada, desgastes, vida útil e nor no seu eixo.
segurança, ao analisar constantemente as con-
dições de operação do aerogerador.
• Orientação (yaw) – atuador responsável 4.4.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
em manter a máxima incidência de vento na fron-
te do cubo. O sistema de controle verifica o senti- O princípio de funcionamento da geração
do do vento e aciona o motor que gira a nacele. de energia elétrica está na interação entre o cam-
Este movimento rotacional, na ausência de con- po magnético variável produzido pelo rotor com
tatos deslizantes, deve ser lento, monitorado as bobinas do estator. Ao girar o rotor do ge-
e limitado para que os cabos de alimentação e rador, a intensidade do campo magnético, que
de sinais não se danifiquem, ou seja, a nacele inicialmente é estacionário, irá variar no tempo
pode ser acionada para girar nos dois sentidos. entre os enrolamentos do estator, que por sua
• Transformador – dispositivo que com- vez induz tensão alternada aos seus terminais.
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 57
Nr
1800 900 600 300 150 100
(rpm) 4.4.1.3 GERADORES SÍNCRONOS COM ROTOR
DE BOBINAS DE EXCITAÇÃO ALIMENTADO COM
TENSÃO CONTÍNUA
Portanto, antes de fazer a conexão à re-
de é necessário gerar uma tensão de mesma O Gerador síncrono possui um estator
amplitude da rede e com mesma frequência. com enrolamento trifásico, denominado enro-
Para isso, como já são conhecidos o número de lamento de armadura. O rotor é construído por
pares de polos e a frequência da rede que o bobinas de excitação e de anéis coletores usados
gerador irá se conectar, é fundamental controlar para permitir a passagem da corrente elétrica
a velocidade do rotor para gerar uma frequência que é fornecida por um excitador polifásico, es-
de sincronismo. se tipo de gerador é muito aplicado em usinas
hidroelétricas.
Pelo fato de controlar a corrente elétrica
4.4.1.2 GERADORES SÍNCRONOS COM ROTOR DE que flui pelo enrolamento do rotor é possível gerar
ÍMÃS PERMANENTES um campo excitador que gira com velocidade
síncrona, permitindo assim um controle do fator
FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA 59
(ωs-ωN )
f= . 100
ωs
Onde:
ωs: é a velocidade do campo girante em rpm
ωN: é a velocidade de rotação do eixo do rotor
em rpm
conversores:
4.4.1.7 CONDICIONAMENTO DE POTÊNCIA Figura 4.8- Tarefas realizada pelos conversores Fonte: Autores
- Baixo aproveitamento de
energia;
- Fácil de projetar; - Sem controle das potências ativa
- Operação robusta; e reativa;
I
- Baixo custo. - Alto stresse mecânico;
- Alta perda mecânica nas
engrenagens.
Tabela 4.1- Vantagens e desvantagens dos principais conceitos de aerogerador existente no mercado.
66
4.9 Qual é a faixa de escorregamento que V = 15 m/s, velocidade nominal do vento, admitida
um gerador de indução gaiola de esquilo produz constante
torque/potência? N = 32,8 rpm, velocidade nominal da turbina do
aerogerador
4.10 Qual a necessidade da utilização de con- p=1,225 kg/m^3, densidade do ar
versores eletrônicos de potências? Cite quais Cp = 0,27, coeficiente aerodinâmico
as configurações de conversores. R = 21,7 m, raio das pás