Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Lasch
O mínimo eu
Sobrevivência psíquica em tempos difíceis
Tradução:
João Roberto Martins Filho
William James
Indice
P re fác io ........................................................................ 9
Introdução: consumo, narcisismo e cultura de massa 15
A mentalidade da sobrevivência .............................. 51
O discurso sobre a morte em massa: as “lições” do
holocausto ........................................................... 89
A estética minimalista: arte e literatura em época
te rm in a l................................................................ 117
A história interna da individualidade..................... 149
A política da p s iq u e ................................................... 181
O assalto, ideológico ao ego .................................... 207
Agradecimentos e notas bibliográficas ................... 241
Copyright ® 1984 por Christopher Lasch, por contrato com W.W.
Norton & Company, Nova Iorque.
Título originai: The minimal self psychic survival in troubled times.
-
A Chris
L
Introdução:
consumo, narcisismo
©cultura d© massa
O declínio da autoridade
Á nova “personalidade”
L_
44 O MÍNIMO EU
“Egoísmo” ou sobrevivencialismo?
A normalização da crise
82 O MÍNIMO EU
88 O MÍNIMO EU
Um “ Holocausto” ou muitos?
98 O MÍNIMO EU
100 0 MÍNIMO eu
que a vida não mais pode ser vista como garantida, como res
salta Des Pres, mas também de sua solidariedade com os mortos.
O efeito Roth-Cunningham
Da auto-afirmação à autodestruição
(*) Doutrina luterana que afirmava ser a fé, e não os atos, a única
condição de salvação. (N.T.)
122 O MÍNIMO EU
A estética da exclusão
è A fusão do eu e do não-eu
•y
O impasse do modernismo
Unidade e separação
Às origens do superego
O ideal do ego
O partido do superego
l
200 O MÍNIMO EU
J
202 O MÍNIMO EU
O assalto
ideológico ao ego
&
l
ascensão do totalitarismo, os campos de extermínio, os bom
bardeios estratégicos aliados sobre a Alemanha, a utilização da
bomba atômica contra o Japão trouxeram à tona profundezas
ínsuspeitadas ou desconhecidas de destrutividade, mesmo na
queles que lutavam pela democracia e pela liberdade; a fé no
liberalismo viu abalados os seus fundamentos. Não se tratava
simplesmente de que tal ressurgimento da bárbarie em escala
global pusesse em questão as ingênuas concepções de progresso
histórico e perfectibilidade humana. O caráter autodestrutivo da
violência a ele associada parecia minar até mesmo a premissa
de que o egoísmo comum normalmente impede os homens de
@ntregarem-se aos seus impulsos agressivos com completo descaso
pelos interesses de outrem ou pelo medo de represálias. O
desejo de morte, fundamento aparente do reaparecimento do
assassinato em massa, ao lado da incapacidade das tradições
humanistas de antecipar-se ou iluminar esses eventos, levaram
a uma crescente convicção de que a “ teoria social contemporâ
nea, capitalista ou socialista, nada tem a dizer sobre o problema
208 O MÍNIMO EU
A esquerda neofreudiana
t
Qpenhem um papel menos importante no desenvolvimento da
ança que o concebido anteriormente por Freud. Todo o es-
ema conceituai que opõe prazer e realidade, equiparando o
meiro ao inconsciente e o último à adesão consciente à moral
terna, deve dar lugar a um modelo mental diferente.
O feminismo freudiano
I \s
228 O MÍNIMO EU
homem que agora está surrando a Ásia fêmea com sua arma
que faz jorrar balas” . A previsível qualidade de tais argumentos
mostra como os clichês psicopolíticos penetraram no pensamen
to popular, graças ao feminismo, à psiquiatria e à cultura do
esforço pessoal psíquico.
A crítica aos valores “patriarcais” não se volta apenas
contra os alvos óbvios (agressividade, militarismo, combativi
dade, o culto da dureza), como também contra a compulsão ao
trabalho, o “mito da consciência objetiva” (como o denomina
Roszak) e a busca da imortalidade vicária através das realiza
ções, todos os quais são vistos, nesta perspectiva, como ele
mentos de uma patologia específica do sexo masculino. De
acordo com Slater, os homens sofrem (e não as mulheres)
de uma compulsão a “ perpetuar-se por todo o meio ambiente” .
É por essa razão que as mulheres, em sua opinião, “estão em
melhor posição para libertar emocionalmente a nossa socieda
de” . Os homens são programados para a realização competiti
va, alienados de seus corpos e das emoções associadas com o
prazer corporal, enquanto opostos ao alívio orgasmico voltado
para uma meta. Eles invejam a força criativa das mulheres,
que traz sozinha uma nova vida ao mundo, e procuram apro-
priar-se dela inventando máquinas e lançando vastos empreen
dimentos que simulam a vida e tornam dispensáveis as mulhe
res. “ Esse esforço para deslocar o sexo feminino”, escreve
Thompson, “parece constituir o fundamento arquetípico da ci
vilização, pois a espécie humana está empenhada nele desde
então. Embora esteja desafiando a Mãe Natureza ao fugir dela
em foguetes ou ao modificá-la através da engenharia genética,
o homem não abandonou a tentativa de extrair da Grande Mãe
e da religião feminina conservadora os mistérios da vida” . Se
gundo Mary Daly, a “ destrutividade demoníaca dos homens”
se origina do sonho de dispensar totalmente as mulheres, de
criar a vida sem a colaboração das mulheres. Os projetos mas
culinos (a guerra em particular) proporcionam uma “máscara
para o vazio pessoal” e a inadequação pessoal. Como explica
Roszak, a guerra e a tecnologia militar nascem de uma “ psico
logia acossada pela castração” . O establishment político pro
clama estar preocupado com a “ alta política e a ideologia inte
ligente” , mas “ a sua competição de foguetes espaciais e mís-
O ASSALTO IDEOLÓGICO AO EGO 231
Cultura de massa
r*
Patrick Brantlinger apresenta uma introdução um tanto
jfcOnfusa quanto à controvérsia sobre a cultura de massa em
Bread and Circuses: Theories of Mass Culture as Social Decay
^Ithaca, Nova lorque, Cornell University Press, 1983) — con-
iusa porque ele dedica a maior parte do livro ao ataque à
“síndrome do juízo final’1 apenas para admitir, no último mo
mento, que nosso “ panorama social . . . merece em grande par
ti o falatório sobre o juízo final” proporcionado pelos críticos
da cultura de massa. Esses críticos incluem Max Horkheimer,
“ Art and Mass Culture"', Studies in Philosophy and Social
Science, 9 (1941): 290-304; Dwight Macdonald, “ A Theory of
Popular Culture” , Politics, 1 (fev. 1944): 20-33; Max Hor
kheimer e Theodor W. Adorno, “The Culture Industry:
'Enlightenment as Mass Deception” , em Dialelic of Enlighten
ment, originalmente publicado em 1944 (Nova lorque, Herder
and Herder, 1972), pp. 120-167; Irving Howe, “ Notes on mass
Culture”, Politics, 5 (Primavera 1948): 120-23; Leo Lowenthal,
“Historical Perspectives of Popular Culture”, American Journal
Sociology, 55 (1950): 323-32; Dwight Macdonald, “ Masscult
and Midcult”, Partisan Review, 27 (1960): 203-33, reimpresso
em Against the American Grain (Nova lorque, Random House,
1962), 3-75. Alguns desses ensaios foram editados junto com
muitos outros de ambos os lados do debate, por Bernard Ro-
lenberg e David Manning White em Mass Culture: The Popular
Arts in America (Glencoe, Illinois, Free Press, 1957).
Todos esses ataques à cultura de massa vêm da esquerda.
A cultura de massa tem sido atacada também pela direita, mas
a crítica conservadora é menos interessante que a radical, em
244 O M ÍNIM O EU
Pluralismo
A teoria do pluralismo, subjacente à defesa da cultura de
massa desenvolvida por Çans e Clecak, tem uma ascendência
intelectual tão complicada que me limitarei a citar algumas das
AGRADECIMENTOS E NOTAS BIBLIOGRÁFICAS 245
g
Ournal of Politics, 32 (1970): 501-530; Peter Bachrach e
Norton S. Baratz, “ Two Faces of Power” , em American Poli
tical Science Review, 56 (1962): 947-952; e Peter Bachrach,
fh e Theory of Democratic Elitism: A Critique (Washington,
D.C., University Press of America, 1980).
Identidade
A MENTALIDADE DA SOBREVIVÊNCIA
Sobrevivência cotidiana
Í
mology: A New Approach in the Social Sciences”, em Theore
tical Issues in Victimology (vol. 1 de Victimology: A New
Focus Lexington, Massachusetts, Lexington Books, 1974), ed.
I de Israel Drápkin e Emilio Vianoa. Sobre “ genocídio” ver
Mary Daly, Oyn/Ecology: The Metaethics of Radical Feminism
(Boston, Beacon Press, 1978), Sobre a elevação moral da víti
ma, ver Jacques Ellul, The Betrayal of the West, trad, de Ma-
P thew J. O’Connell (Nova Iorque, Seabury, 1978), cap. 2; Ri
chard Senett, Authority (Nova Iorque, Alfred A. Knopf, 1980):
142-154; e Warner Berthoff, A Literature without Qualities,
f caP- 3-
Não há necessidade de documentar a evidência jornalística
que utilizei para mostrar como a retórica da sobrevivência per
Í meia atualmente a discussão da vida cotidiana. Citarei apenas
’alguns títulos de obras que tratam de grandes organizações e
' “ instituições totais” , iniciando por Asylums: Essays on the So
cial Situation of Mental Patients and Other Inmates (Garden
City, Nova Iorque, Doubleday, 1961) de Erving Goffman, bem
como sua Presentation of Self in Eveyday Life (Garden City,
f Nova Iorque, Doubieday, 1959), que muito contribuíram para
I dar forma a este discurso. Sobre instituições totais ver também
Stanley. Cohem e Laurie Taylor, Psychological Survival: The
Experience 'of Long-Term Imprisonment (Nova Iorque, Vintage
254 O M ÍNIM O EU
O holocausto
Totalitarismo
A ESTÉTICA MINIMALISTA
John Cage
I
268 O MÍNJMO EU
O ideal do ego
A POLÍTICA DA PSIQUE
O partido do superego
O partido do ego
O comentário de Parsons sobre a “produção de personali
dade” vem de seu ensaio “The Link between Character and
Society” (1961), em Social Structure and Personality (Nova
Iorque, Free Press, 1964). A idéia de John Dewey sobre a rela
ção entre “método científico” e educação liberal é exposta sus-
cintamente num ensaio antigo, “Science as Subject-Matter and
as Method”, em Science, 31 (28.1.1910): 121-127. Para argu
mentos similares, ver Thorstein Veblen, “The Place of Science
in Modern Civilization”, em American Journal of Sociology, 11
(1906): 585-609, e Karl Mannhein, “The Democratization of
Culture” (1933), em From Karl Mannhein, ed. de Kurt H. Wolff
(Nova Iorque, Oxford University Press, 1971): 271-346. O tra
balho de Lawrence Kohlberg oferece um exemplo mais recente
da filosofia liberal de educação: ver seu “Development of Moral
Character and Moral Ideology”, em Review of Child Develop
ment Research, ed. de Martin L. Hoffman e Louis W. Hoffman
(Nova Iorque, Russel Sage, 1964), 1: 383-431, “The Adolescent
as a Philosopher: The Discovery of the Self in a Postconven-
tional World”, em Twelve to Sixteen: Early Adolescence, ed.
de Jerome Kagan e Robert Coles (Nova Iorque, W. W. Norton,
1973); e “Moral Development and the Education of Adolescents”,
em Adolescents and the American High Shcool, ed. de R. F.
Purnell (Nova Iorque, Holt, Rinehart, and Wiston, 1970). Kohl
berg e seus seguidores, notadamente Carol Gilligan, assumem a
posição de que o pensamento claro sobre questões morais é mais
importante do que nunca numa sociedade onde os reforços con
vencionais de conduta moral se relaxaram. Em tal sociedade, eles
argumentam, a família e a escola tém que assumir a tarefa de
formar personalidades saudáveis e bem ajustadas bem. como per
sonalidades moralmente esclarecidas. Eles supõem que a “matu
ridade moral” — uma compreensão intelectual de questões mo
rais, uma passagem bem-sucedida através dos vários “ estágios
do desenvolvimento moral” — leva à boa conduta. Esta suposi
ção é, obviamente, o elo mais fraco da corrente de argumentação
liberal. Conforme sempre mostraram os conservadores, distin
guir o bem do mal não significa necessariamente fazer o bem.
Esta é exatamente a razão porque o conhecimento moral deve,
na visão deles, ser reforçado pelas sanções emocionais de ver
gonha e culpa. Para os liberais, no entanto, vergonha e culpa
272 O MÍNIMO EU
Í
Van Nostrand, 1962); Rollo May, Existencial Psychology (Nova
Iorque, Random House, 1961) e Love and Will (Nova Iorque,
W. W. Norton, 1969); George Alexander Kelly, The Psychology
of Personal Constructs (Nova Iorque, W. W. Norton, 1955);
A. J. Sutich e M. A. Vich, Readings in Humanistic Psychology
(Nova Iorque, Free Press* 1969); George R. Bach e Peter Wyden,
The Intimate Enemy: How to Fight Fair in Love and Marriage
(Nova Iorque, William Morrow, 1969); George R. Bach e Herb
Goldberg, Creative Aggression (Garden City, Nova Iorque, Dou-
274 O MÍNIMO EU
A esquerda neofreudiana
As principais exposições sobre a “escola cultural” dc revi
sionismo psicanalítico são: Wilhelm Reich, Character-Analysis,
3.a ed., trad, de Theodore P. Wolfe (Nova Iorque, Farrar, Straus,
1949) e The Sexual Revolution, trad, de Theodore P. Wolfe
(Nova Iorque, Farrar, Straus, and Cudahy, 1962); Erich Fromm,
The Crisis of Psychoanalysis (Nova Iorque, Holt, Rinehart and
Winston, 1970), que inclui seu importante ensaio “The Method
and Function of an Analytic Social Psychology” (1932), uma
das primeiras tentativas de conciliar Marx e Freud, e o ponto
de partida para muitas tentativas subseqtientes; Karen Horney,
The Neurotic Personality of Our Time (Nova Iorque, W. W.
Norton, 1937), e Feminine Psychology (Nova Iorque, W. W.
Norton, 1967), uma coletânea que inclui algumas das primeiras
278 O MÍNIMO EU
O partido de Narciso
Livros recentes sobre a “liberação masculina” incluem Jack
Nichols, Men’s Liberation: A New Definition of Masculinity
(Nova Iorque, Penguin Books, 1975); Marck Gerzon, A Choice
of Heroes: the Changing Faces of American Manhood (Boston,
Noughton Mifflin, 1982); Herb Goldberg, The New Man: From
Self-Destruction to Self-Care (Nova Iorque, William Morrow,
284 O M ÍN IM O EU
\ f
i . s; ' * -
* 5* t
f-n
-r
->
■
's # & i , 1
á" ”.!!U
■f f?
-:P-
S l -
%
M m-1 w m