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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

MICHELLE FERNANDES FERREIRA LACERDA

A MULHER E O DIREITO DO TRABALHO

Ijuí (RS)
2017
MICHELLE FERNANDES FERREIRA LACERDA

A MULHER E O DIREITO DO TRABALHO

Trabalho de Conclusão do Curso de


Graduação em Direito objetivando a
aprovação no componente curricular
Trabalho de Curso - TC.
UNIJUÍ - Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul.
DCJS - Departamento de Ciências
Jurídicas e Sociais.

Orientadora: MSc. Luiz Raul Sartori

Ijuí (RS)
2017
Dedico este trabalho à minha família, pelo
incentivo, apoio e confiança em mim
depositados durante toda a minha
jornada.
AGRADECIMENTOS

À minha mãe Raquel e ao meu pai Jairo, que sempre estiveram presentes no
decorrer da graduação, me incentivando, confiando, investindo e apoiando minhas
decisões, instruindo-me a superar os desafios, pois estes, nada mais são do que
fortalecimento para a evolução e o desenvolvimento.

Aos meus irmãos Priscila, Jônatas e Davi, que de forma especial, me


apoiaram e incentivaram constantemente desde o início desta jornada.

Ao meu orientador Luiz Raul Sartori, com quem tive o privilégio de conviver e
contar com sua dedicação, me guiando pelos caminhos do conhecimento.

Em especial, a Maria Cristina, que esteve ao meu lado em todos os


momentos, me dando apoio e me impulsionando a nunca desistir.
“Justiça é consciência, não uma consciência
pessoal mas a consciência de toda a
humanidade. Aqueles que reconhecem
claramente a voz de suas próprias consciências
normalmente reconhecem também a voz da
justiça.” Alexander Solzhenitsyn
RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise das primeiras


noções de direito do trabalho, a fim de propiciar o conhecimento das conquistas em
busca da construção e garantia de direitos a mulher feita à legislação brasileira.
Analisa sua evolução histórica e o seu caráter transformador na sociedade. Aborda os
direitos trabalhistas da mulher como forma de solução dos conflitos e a crise
jurisdicional ocasionada pelo excesso de litigiosidade, com consequente aumento
vertiginoso de demandas e, com isso, uma morosidade processual que vem
provocando muitos questionamentos e busca de soluções. Estuda a igualdade de
direitos do trabalhador, tanto do homem quanto da mulher, como procedimento e
regra para a solução dos conflitos e não discriminação por motivo de sexo,
investigando seus fundamentos, características e princípios. Investiga o avanço das
conquistas da mulher até o presente momento, ante as dificuldades existentes na
sociedade que insiste, em determinados casos, permanecer inerte. Faz uma breve
análise das propostas legislativas e tece considerações sobre as mesmas. Finaliza
concluindo que há muito ainda que se discutir em matéria protetiva à mulher
trabalhadora e que o incentivo ao conhecimento das conquistas alcançadas até aqui
deverão continuar como legado em busca da igualdade.

Palavras-Chave: Noções sobre direito do trabalho. Igualdade de gênero.


Solução de conflitos. Incentivo ao conhecimento.
ABSTRACT

The present work of conclusion of course examines the first notions of labor
law, in order to provide knowledge of the achievements in search of the construction
and guarantee of women's rights made to Brazilian legislation. It analyzes its
historical evolution and its transforming character in society. It addresses women's
labor rights as a way of solving conflicts and the jurisdictional crisis caused by
excessive litigation, with a consequent rapid increase in demands, and with that, a
procedural delays that has been causing many questions and seeking solutions. It
studies the equality of the worker's rights, both men and women, as a procedure and
rule for the resolution of conflicts and non-discrimination on the basis of sex,
investigating its foundations, characteristics and principles. It investigates the
progress of women's achievements up to the present moment, given the difficulties in
society that insists, in certain cases, remain inert. It briefly reviews legislative
proposals and reviews them. She concludes by concluding that there is still much to
be discussed in the protection of working women, and that encouraging the
knowledge of the achievements to date should continue as a legacy in search of
equality.

Keywords: Notions about labor law; Gender equality; Conflict resolution.


Incentive to knowledge.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

1 DIREITO DO TRABALHO ..................................................................................... 10


1.1 Histórico ............................................................................................................. 10
1.2 A relação de emprego ........................................................................................12
1.3 Principais conceitos...........................................................................................13
1.3.1 a pessoa física .................................................................................................13
1.3.2 a pessoalidade.................................................................................................14
1.3.3 a não eventualidade ........................................................................................14
1.3.4 a onerosidade ..................................................................................................14
1.3.5 a subordinação ................................................................................................15
1.4 CLT: alguns apontamentos ..............................................................................15.

2 A MULHER E O DIREITO DO TRABALHO .......................................................... 18


2.1 Breve histórico .................................................................................................. 18
2.2 A inserção da mulher no mercado ................................................................... 19
2.3 A legislação ....................................................................................................... 19
2.4 As desigualdades .............................................................................................. 22
2.5 O assédio moral: breves considerações..........................................................23
2.6 Jurisprudências: algumas posições do TST ...................................................24

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 26

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 28
8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta um estudo acerca das primeiras noções sobre


o direito do trabalho, a fim de efetuar uma investigação da conquista da mulher ante
a legislação brasileira. Essa conquista foi e ainda é necessária face à crescente
insatisfação coletiva em relação à desigualdade e discriminação enfrentadas
diariamente em diversas situações do cotidiano.

Para a realização deste trabalho foram efetuadas pesquisas bibliográficas e


por meio eletrônico, analisando também as propostas legislativas em andamento, a
fim de enriquecer a coleta de informações e permitir um aprofundamento no estudo
da mulher e o direito do trabalho, revelando a importância da igualdade de gênero
na construção da paz social e apontar novas perspectivas para a problemática da
discriminação da mulher.

Inicialmente, no primeiro capítulo, foi feita uma abordagem da evolução


histórica do Direito do Trabalho através de alguns fatos importantes ocorridos nas
sociedades primitivas até os dias de hoje. Segue uma análise das principais
Constituições brasileiras, onde o Estado chama para si o poder/dever de decidir as
lides, as crises enfrentadas desde então por empregados e empregadores, e o
acesso à justiça como mais um agente da crise para dirimi-las. Também são
analisados alguns conceitos e fundamentos compositivos nesta relação de
sobrevivência entre o empregador e o empregado, introduzindo a legislação vigente
a solução dos conflitos, com a igualdade entre os gêneros em seus direitos
trabalhistas.
9

No segundo capítulo são analisadas mais profundamente as mudanças


realizadas na legislação brasileira vigente onde estabeleceu as responsabilidades
decorrentes da sociedade conjugal igualmente a ambos os cônjuges. Também são
analisadas as conquistas desta ruptura de ideologia patriarcal a qual regia a
estrutura jurídica anterior. A fim de demonstrar que há muito se vem buscando a
conscientização e conhecimento desta conquista decorrente de muita luta pelo
direito de trabalhar, preservando-a e permitindo avanços quanto à condição jurídica
e social da mulher.

A partir desse estudo se verifica que através desse marco jurídico e histórico,
deu início a uma nova estrutura ao ordenamento jurídico valorando uma composição
de coerência apresentando características essenciais para a contribuição dessa
construção, regulando especificamente a relação de emprego entre homens e
mulheres onde ambos são considerados iguais perante a lei face ás suas relações
de emprego, em busca da paz social.
10

1. DIREITO DO TRABALHO

O Direito do Trabalho destina-se à pacificação do conflito social entre os


detentores dos meios de produção e os trabalhadores (capital X trabalho).

A história do direito do trabalho identifica-se com a história de subordinação,


ou seja, do trabalho subordinado. Verifica-se que com o passar dos tempos sempre
houve uma preocupação com o hipossuficiente e com o emprego típico.

Podemos compreender com mais veemência os problemas atuais através da


narrativa de alguns fatos importantes ocorridos nesta trajetória dinâmica que é o
ramo do Direito do Trabalho.

1.1 Histórico

O trabalho é de fundamental importância na vida de todo ser humano, pois


dele se exige dedicação, responsabilidade, honestidade, excelência e
comprometimento onde quer que ele ocorra, seja em qualquer lugar do mundo.

Trabalho vem do latim tripalium, que era uma espécie de instrumento de


tortura de três paus ou uma canga que pesava sobre animais. Era um instrumento
usado pelos agricultores para bater, rasgar e esfiapar o trigo, espiga de milho e o
linho (MARTINS, 2015, p.4).

Sabe-se que o homem sempre trabalhou para obter seus alimentos.


Desenvolvia o seu trabalho de forma primitiva, com instrumentos de trabalho
simples, objetivando apenas a satisfação de suas necessidades imediatas para
sobreviver sem a intenção de acúmulo. Ele caça, pesca e luta contra o meio físico,
contra os animais e contra os seus semelhantes. Era, portanto, uma economia
apropriativa.

No entanto, não há que se falar sem antes apresentar o conceito de Direito de


Trabalho:
11

Direito do Trabalho é o conjunto de princípios, regras e instituições


atinentes à relação de trabalho subordinado e situações análogas,
visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao
trabalhador, de acordo com as medidas de proteção que lhes são
destinadas (MARTINS, 2015, p. 18).

A enciclopédia livre Wikipédia, também faz menção ao conceito de Direito do


Trabalho:

Direito do Trabalho, é o conjunto de normas jurídicas que regem as


relações entre empregados e empregadores, são os direitos
resultantes da condição jurídica dos trabalhadores. Estas normas, no
Brasil, estão regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
Constituição Federal de 1988 e várias leis esparsas (como a lei que
define o trabalho do estagiário, dentre outras).
Surge como autêntica expressão do humanismo jurídico e
instrumento de renovação social. Constitui atitude de intervenção
jurídica em busca de um melhor relacionamento entre o homem que
trabalha e aqueles para os quais o trabalho se destina. Visa também
a estabelecer uma plataforma de direitos básicos. Portanto, a
definição de direito do trabalho é o conjunto de normas e princípios
que regulamentam o relacionamento entre empregado e
empregadores.

O doutrinador Sergio Pinto Martins faz referência à evolução mundial da


história do trabalho, com a afirmação:

Inicialmente, o trabalho foi considerado na Bíblia como castigo. Adão


teve de trabalhar para comer em razão de ter comido a maçã
proibida.
Posteriormente a primeira forma de trabalho foi a escravidão, em que
o escravo era considerado apenas uma coisa, não tendo qualquer
direito, muito menos trabalhista. O escravo, portanto, não era
considerado sujeito de direito, pois era propriedade do dominus.
Nesse período, constatamos que o trabalho do escravo continuava
no tempo, até de modo indefinido, ou mais precisamente até o
momento em que o escravo vivesse ou deixasse de ter essa
condição. Entretanto, não tinha nenhum direito, apenas o de
trabalhar.
Na Grécia, Platão e Aristóteles entendiam que o trabalho tinha
sentido pejorativo. Envolvia apenas força física. A dignidade do
homem consistia em participar dos negócios da cidade por meio da
palavra. Os escravos faziam o trabalho duro, enquanto os outros
poderiam ser livres [...].
12

Com o advento da Revolução Industrial, os operários prestavam


serviços em condições insalubres, sujeito a incêndios, explosões,
intoxicação por gases, inundações, desmoronamentos, prestando
serviços por baixos salários e sujeito a várias horas de trabalho, além
de oito.

Inicialmente, as Constituições brasileiras versavam apenas sobre a forma do


Estado, o sistema de governo. Posteriormente, passaram a tratar de todos os ramos
do Direito e, especialmente, do Direito de Trabalho, como ocorreu com nossa
Constituição atual.

1.2 A Relação de emprego

O surgimento da relação de emprego, ou o vínculo empregatício, advém da


prestação de serviço de uma pessoa a outra, física ou jurídica (empregador e
empregado), de forma subordinada, pessoal, não eventual e onerosa.

Empregado é conceituado no artigo 3º da CLT, afirmando que o empregado é


toda pessoa física que prestar serviço de natureza não eventual a empregador sob a
dependência deste e mediante salário.

O empregado é uma pessoa que recebe salários pela prestação de serviços


ao empregador (MARTINS, 2007, p. 135).

O empregador encontra-se conceituado no art.2º da CLT, “como a empresa,


individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite,
assalaria e dirige a prestação pessoal do serviço.” (BRASIL, 2015)

Todavia, para melhor entendimento da relação de emprego estudada em


nossa atual Constituição e, Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), vamos fazer
uso, em nossa abordagem, da classificação de Direito do Trabalho, onde este
“surgiu para limitar os abusos do empregador em explorar o trabalho e para
modificar condições de trabalho.” (MARTINS, 2015, p. 9)
13

Portanto, uma boa definição dos principais e fundamentais direitos


trabalhistas serão discorridos a seguir, pois foram conceituados através de um
“conjunto de princípios, visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais
ao trabalhador, de acordo com as medidas de proteção que lhe são destinadas.”
(MARTINS, 2015, p.18)

1.3 Principais conceitos

Neste tema, necessário trazer alguns conceitos básicos aplicáveis ao Direito


do Trabalho compreendendo aspectos subjetivos, em que se verificam os tipos de
trabalhadores, objetivos, considerando a matéria do Direito do Trabalho e não os
sujeitos envolvidos e, mistos, abrangendo pessoas e objeto.

Empregado é conceituado legalmente pelo art. 3º da CLT, afirmando que o


empregado é “[...] toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual
a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.” (BRASIL, 2015).

Entre o empregado e o empregador existe uma relação que engloba os


seguintes elementos: pessoa física, pessoalidade, onerosidade, não eventualidade,
subordinação e alteridade, que serão a seguir esclarecidos.

1.3.1 A pessoa física

Para Martins (2015, p. 148), “o primeiro requisito para ser empregado é ser
pessoa física. Não é possível o empregado ser pessoa jurídica ou animal.” Nesse
sentido, Delgado (2007, p. 291) esclarece que a prestação de serviços será sempre
por uma pessoa física ou natural, ou seja, a figura do trabalhador será sempre uma
pessoa natural, ao passo que, o empregador pode ser tanto pessoa física quanto
jurídica.

1.3.2 A pessoalidade
14

Trata-se de um elemento com certa vinculação ao anterior sendo:

Essencial à configuração da relação de emprego que a prestação do


trabalho, pela pessoa natural, tenha efetivo caráter de infungibilidade,
no que tange ao trabalhador. A relação jurídica pactuada [“...] deve
ser, desse modo, intuitu persona e com respeito ao prestador de
serviços, que não poderá, assim, fazer-se substituir
intermitentemente por outro trabalhador ao longo da concretização
dos serviços pactuados.” (DELGADO, 2007, p. 292)

O empregado não poderá ser substituído por outro, salvo hipóteses


autorizadas, a exemplo das férias, licença-gestante, afastamento para cumprir
mandato sindical, entre outros. São casos em que o contrato do trabalhador se
suspende ou se interrompe, podendo o empregador colocar um substituto em seu
lugar, sem, no entanto, qualquer descaracterização do elemento pessoalidade
(DELGADO, 2007, p. 292).

1.3.3 Não eventualidade

Conforme Martins (2015, p. 148), “o serviço prestado pelo empregado deve


ser de caráter não eventual, e o trabalho deve ser de natureza contínua, não
podendo ser episódico, ocasional.”

Assim, “para que haja relação empregatícia é necessário que o trabalho


prestado tenha caráter de permanência [...], não se qualificando como trabalho
esporádico.” (DELGADO, 2007, p. 294).

1.3.4 A onerosidade

Refere-se ao valor recebido pela prestação de serviços do trabalhador pessoa


física ao empregador, sendo, para (MARTIINS 2012, p. 144):

O contrato de trabalho possui natureza onerosa, ou seja, o(a)


empregado(a) presta serviços ao seu empregador, que, em
contrapartida, paga um valor pelos serviços prestados, inexistindo
contrato de trabalho gratuito.
15

Para BASILE (2009, p. 21), a definição de onerosidade, para fins trabalhistas,


derivará de “ônus”, fazendo-se presente sempre que o tomador dos serviços se
comprometer ao cumprimento de uma obrigação, seja de pagar (dinheiro ou
utilidade), de fazer ou de não fazer.

1.3.5 A subordinação

A subordinação, para o entendimento de BASILE (2009, p. 20), “advém da


evolução do antigo conceito de dependência e, sendo um requisito do vínculo
empregatício, não é econômica nem técnica, mas sim jurídica.”

O trabalhador cumpre as ordens que lhe são dirigidas pelo empregador em


respeito ao contrato de trabalho celebrado e para que possa reivindicar a
contraprestação pecuniária, bem como todos os direitos trabalhistas que o
instrumento normativo e a lei lhe conferem, pois, afinal, nem sempre possui condição
econômica inferior ou busca aperfeiçoar sua técnica.

1.4 CLT: alguns apontamentos

As discussões sobre direitos de trabalhadores e as formas de solução de


conflitos entre patrões e empregados no Brasil, tiveram início com o fim da
escravidão, em 1888.

No Brasil, desde a abolição da escravatura, a fase embrionária da


consolidação dos direitos trabalhistas perdurou por quatro décadas. As primeiras
normas de proteção ao trabalhador surgiram a partir da última década do século XIX.
Em 1891, o Decreto nº 1.313 regulamentou o trabalho de menores.

A primeira Constituição a tratar de normas de Direito do Trabalho foi a de


1934.
16

Tem o Direito do Trabalho inúmeras regras que versam sobre a matéria. A


maioria delas está contida na CLT (MARTINS, 2015, p. 18).

A enciclopédia livre Wikipédia, traz menção ao tema:

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é lei norma legislativa brasileira


referente ao Direito do trabalho e ao Direito processual do trabalho. Ela foi
criada através do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 e sancionada
pelo então presidente Getúlio Vargas junto com seu segundo filho Diego
Vargas, Getúlio Vargas durante o período do Estado Novo, entre 1937 e
1945, unificando toda legislação trabalhista então existente no Brasil.
Alguns analistas afirmam que ela tenha sido fortemente inspirada na Carta
del Lavoro do governo de Benito Mussolini na Itália , enquanto outros
consideram este fato como uma mistificação.A CLT surgiu como uma
necessidade constitucional após a criação da Justiça do Trabalho em 1939.
O país passava por um momento de desenvolvimento, mudando a
economia de agrária para industrial. Em janeiro de 1942 o presidente
Getúlio Vargas e o Ministro do Trabalho e Emprego Alexandre Marcondes
Filho trocaram as primeiras ideias sobre a necessidade de fazer uma
consolidação das leis do trabalho. A ideia primária foi de criar a
"Consolidação das Leis do Trabalho e da Previdência Social". Seu objetivo
principal é a regulamentação das relações individuais e coletivas do
trabalho, nela previstas.

Na Constituição Federal de 88, os direitos trabalhistas encontram-se


dispostos no Capítulo II, art. 7º:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa
causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização
compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo
coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
percebem remuneração variável [...].

Importante destacar que a Consolidação foi resultado de intensas lutas entre


formas de pensar e projetar seu conteúdo. Não têm sido poucos os embates que a
CLT tem enfrentado. Apesar deles e das transformações pelas quais tem passado,
17

ela resiste. E resiste porque construída em conexão com as necessidades sociais do


tempo histórico em que elaborada.
18

2 A MULHER E O DIREITO DO TRABALHO

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu pela primeira vez que os deveres


e responsabilidades decorrentes da sociedade conjugal cabem igualmente a ambos
os cônjuges, marcando a mudança do padrão do Direito do Trabalho que, antes,
destinava-se a proteger o lugar da mulher no lar e agora se destina a garantir a
possibilidade efetiva de trabalhar.

O presente estudo pretende resgatar aspectos da ideologia patriarcal que


regia a estrutura jurídica anterior para valorizar as conquista histórica que tal ruptura
representou. A ideia é promover a conscientização acerca desta conquista,
decorrente de muita luta pelo direito de trabalhar, para preservá-la e permitir
avanços quanto à condição jurídica e social da mulher.

2.1 Breve histórico

Através desse marco jurídico que foi a Constituição Federal de 1988, iniciou-
se um novo conjunto de valores direcionando a uma nova estrutura de coerência ao
ordenamento jurídico. Vale ressaltar que, trata-se de um processo em fase de
consolidação, pois, ainda existem perguntas sem respostas e espaços de
resistência.

No momento atual, há uma necessidade imperativa ante ao conhecimento do


significado dessas conquistas das gerações anteriores até os dias de hoje. A maioria
das pessoas ainda não se deu conta do que realmente significam tais conquistas as
quais representam os avanços sociais e jurídicos em relação à mulher e, por isso, as
põem em risco, pois, para defender uma conquista, é preciso conhecer mais do que
o conteúdo literal da norma jurídica, por exemplo, é certo que poucas pessoas
saberiam explicar quais as razões que justificariam os direitos das mulheres se
aposentarem com cinco anos a menos que a contribuição para a previdência social
que os homens.
19

2.2 A inserção da mulher no mercado

O trabalho da mulher foi muito utilizado, principalmente para operação de


máquinas, no decorrer da Revolução Industrial (século XIX). Neste período, os
empresários preferiam o trabalho da mulher nas indústrias porque elas aceitavam
salários inferiores aos dos homens, porém faziam os mesmos serviços que estes.

Segundo Martins (2015, p. 670), em razão disso, as mulheres sujeitavam-se a


jornadas de 14 a 16 horas por dia, salários baixos, trabalhando em condições
prejudiciais à saúde e cumprindo obrigações além das que lhes eram possíveis, só
para não perder o emprego.

A partir dessa problemática é que começou a surgir uma legislação


protecionista em favor da mulher.

2.3 A legislação

Em 29 de dezembro de 1917, na esfera estadual de São Paulo, surgiu a


primeira lei de cunho protecionista à mulher operária. Instituindo o Serviço Sanitário
do Estado, proibindo o trabalho de mulheres em estabelecimentos industriais no
último mês de gravidez e no primeiro puerpério (6 a 8 semanas após o parto).

Logo, a Organização Internacional do Trabalho, OIT, em 1919, criou as


convenções n.os 3 e 4, referentes à mulher trabalhadora, promovendo a igualdade
das criações de trabalho como forma de diminuir as diferenças socioeconômicas
existentes.

A primeira Constituição que versou sobre o tema foi a de 1934, como nos
esclarece MARTINS:

A Constituição de 1934 proibia a discriminação do trabalho da mulher


quanto a salários (art. 121, § 1º, a), vedava o trabalho em locais
insalubres (art. 121, § 1º, d), garantia o repouso antes e depois do
parto, sem prejuízo do salário e do emprego, assegurando instituição
20

de previdência a favor da maternidade (art. 121, § 1º, h). Previa os


serviços de amparo à maternidade (art. 121, § 3º) (MARTINS, 2015,
p. 672).

A Constituição de 1937, conforme MARTINS (2015, p. 672), proibia o


trabalho da mulher em indústrias insalubres (art. 137, k), além de assegurar
assistência médica e higiênica à gestante, prevendo um repouso antes e depois do
parto, sem prejuízo do salário.

Após, a Constituição de 1937, segundo MARTINS (2015, p. 672) proibia o


trabalho da mulher em indústrias insalubres (art. 137, k) além de assegurar
assistência médica e higiênica à gestante, prevendo um repouso antes e depois do
parto, sem prejuízo do salário (art. 137, l).

Em 1943, com a aprovação da CLT pelo Decreto-Lei n. 5.432, admitiu-se à


mulher o direito ao trabalho noturno, apenas se ela tivesse 18 anos e em algumas
atividades.

É importante que se contextualize o momento econômico e social em que a


CLT foi elaborada, segundo SOUZA (2017, p. 25), tempos de profundas
transformações, senão vejamos:

[...] com base tipicamente agrária e marcada herança escravocrata,


patriarcal e monocultora, o Brasil iniciou seu processo de
industrialização e ingressou no contexto do século XX como um país
moderno, ainda que de forma tardia, foi seu capitalismo. Dessa
forma, busca-se compreender: o papel do Estado na
institucionalização das regras sociais de proteção ao trabalho; e, as
razões de sua ação coordenadora. A ação coordenadora essa, aliás,
decisivas para que direitos já positivados fossem consolidados em
um texto e para que as instituições aptas a fiscalizar sua aplicação e
a concretizá-los fossem criadas, como é o caso do sistema de
fiscalização e da Justiça do Trabalho.

A Constituição de 1946 versou sobre a proibição ante a diferença salarial por


motivo de sexo em seu artigo 157, II. Conforme nos esclarece MARTINS (2015,
p.672) vedava o trabalho da mulher em indústrias insalubres (art. 157, IX);
21

assegurava o direito a gestante e descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do


emprego nem do salário (art. 157, X); reconhecia a assistência sanitária, inclusive
hospitalar e médica à gestante; previa a previdência em favor da maternidade (art.
157, XVI).

Nesse sentido, a Constituição de 1967 proibia diferença de salários e de


critérios de admissão por motivo de sexo (art. 158, III); vedava o trabalho da mulher
em indústrias insalubres, assegurava o descanso remunerado à gestante, antes e
depois do parto, sem prejuízo do emprego e do salário; previa a previdência social,
visando à proteção à maternidade. (MARTINS, 2015, p. 673).

Posteriormente, a Constituição de 1988, não proibiu o trabalho da mulher em


atividades insalubres, o que tornou permitido. Segundo MARTIS (2015, p. 673)
assegurou a licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a
duração de 120 dias (art. 7º, XVIII), quando anteriormente era de apenas 84 dias.

Até a Constituição de 1988, verificamos que o ordenamento jurídico brasileiro


tendia em proteger o trabalho da mulher, o que perpetuou a discriminação da mulher
no mercado de trabalho.

As medias de proteção, segundo MARTINS (2015, p. 674) “só se justificam


em relação ao período de gravidez e após o parto, de amamentação e a certas
situações peculiares à mulher, como se de sua impossibilidade física de levantar
pesos excessivos, que são condições inerentes à mulher.”

Nesse sentido, MARTINS (2015, p. 674) continua a nos elucidar, de que as


demais formas de discriminação à mulher deveriam ser abolidas, senão vejamos:

[...] há muitos preconceitos em relação à mulher, oriundos de uma


sociedade paternalista, que enxerga o pai como chefe de família e
que só ele deve trabalhar. As mulheres, assim, ficam marginalizadas,
aceitando salários inferiores aos homens, prestando serviços em
jornadas excessivas, apenas para conseguir o emprego e obter um
salário.
22

O fato é que, as normas de proteção vieram em momento oportuno, mas


ainda há muito que destinar à reversão da situação de opressão da mulher
trabalhadora.

Dessa forma, MARTINS (2015, p. 674) evidencia que “os motivos de proteção
ao trabalho da mulher são conservadores e, em vez de protegê-las, acabam
discriminando-a.”

2.4 As desigualdades

Verificamos até aqui que, para combater a prática discriminatória à mulher


trabalhadora, o direito do trabalho da mulher passou por fases com períodos
marcadamente protetivos, excluindo a mulher de diversas atividades,
transformações tecnológicas, econômicas e sociais culminando com a minimização,
mantendo-a apenas naqueles itens de real importância para a mulher trabalhadora.

Nesse sentido, CALIL nos esclarece que:

[...] hoje em dia fala-se em um caráter promocional do direito do


trabalho da mulher, em uma busca de promover a igualdade entre os
gêneros e que a proteção legal à mulher trabalhadora apenas se faça
presente onde diferenças, como biológicas e de tratamento assim o
exigirem.

Desta forma, a Lei 9.029/95, surgiu para combater uma prática discriminatória
que se tornou comum após a promulgação da Constituição de 1988, senão vejamos:

[...] após a promulgação da Constituição de 1988, a lei 9.029/95


surgiu para combater uma prática discriminatória, vez que a
estabilidade à gestante foi considerada uma ameaça ao direito do
empregador de demitir suas empregadas: a exigência de atestado
negativo de gravidez para as ingressantes no emprego ou da
comprovação de esterilização tanto das postulantes ao cargo quanto
das empregadas para a manutenção de seu posto. (CALIL, 2008).
23

Assim, conforme continua a nos esclarecer CALIL, a referida lei criminalizou a


conduta do empregador que exigisse teste, exame, perícia, laudo, declaração ou
qualquer outro procedimento relativo à esterilização ou ao estado gravídico.

Destarte, constatamos que a desigualdade de gênero ainda encontra-se


latente, prejudicando o desenvolvimento na formação de uma sociedade econômica
sólida e igualitária.

2.5 O assédio moral: breves considerações

O tema a tratar nesse tópico vem sendo objeto de estudo não somente no
mundo do Direito. Outras ciências vêm se dedicando à sua pesquisa, como a
psicoterapia, a medicina e a sociologia jurídica.

Com o desenvolvimento da civilização humana em busca de sobrevivência


através de trabalho, desde os primórdios, já vistos no primeiro capítulo, até o
momento atual, a realidade caracteriza-se cada dia mais pela competitividade
empresarial a qualquer custo, muitas vezes sem limites éticos, pelo excesso de
oferta de mão de obra e pela redução dos postos de trabalho, contribuindo assim, a
um cenário perfeito para a disseminação do assédio moral.

Mesmo com uma legislação existente propugnando a igualdade e impondo


punições ao seu desrespeito, o paradigma criado pela globalização do homem
produtivo fixou-se em ultrapassar suas metas alcançadas, mesmo que para isso
tenha que lutar contra sua própria condição humana, desprezando seu semelhante.

Identificamos por esse viés a figura do assédio moral, pressupondo a pressão


realizada pelo superior hierárquico em relação ao seu subordinado e entre pessoas
de mesma hierarquia nas relações de emprego.

Sobre o tema, GUEDES (2003) ensina que:


24

O assédio moral manifesta-se de maneira diferenciada em relação ao


sexo masculino e feminino. Tal fato decorre de componentes
culturais que podem ser explicados sociologicamente. Em relação às
mulheres, pode ocorrer em forma de intimidação, submissão, piadas
grosseiras, comentários acerca de sua aparência física ou do
vestuário. Quanto aos homens, é comum o seu isolamento e
comentários maldosos sobre sua virilidade e capacidade de trabalho
e de manter a família. Nos casos em que se caracteriza o assédio
moral, identifica-se o propósito de demonstrar à vítima que se trata
efetivamente de uma perseguição, de terror psicológico, com o
objetivo de destruí-la, sendo que as atitudes do assediador são
sempre temidas, mormente em face das dificuldades de se obter e
de se manter no emprego [...].

Muitas causas têm sido apontadas para que o assunto desperte o interesse
de todos, uma vez que a promulgação de leis em favor da igualdade de
oportunidades tem conduzido ao avanço da legitimidade do direito ameaçado ou a
injustiça do sacrifício a que a vítima deva suportar por não ceder ao assédio.

2.6 Jurisprudência: algumas posições do TST

Diversas são as discussões sobre o tema de assédio moral. Senão vejamos:

Ementa: RECURSO DE REVISTA. TRATAMENTO


GROSSEIRO E HUMILHANTE DISPENSADO PELO SUPERIOR
HIERÁRQUICO. CONFIGURAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL. ÔNUS
DA PROVA. O assédio moral fica configurado quando há atos
reiterados e abusivos, um processo discriminatório de situações
humilhantes e constrangedoras. No caso concreto, conforme
consignado no acórdão do Regional, a testemunha indicada pela
reclamante informou que a reclamante era sobrecarregada de
trabalho em detrimento dos demais empregados, que dois superiores
hierárquicos imediatos chamavam a recorrida de incompetente e
burra na frente de outros colegas de trabalho e debochavam muito
da recorrida em reuniões em que participavam todos os empregados
da agência e ainda diziam que quem não estivesse satisfeito deveria
vender picolé na praia. Tratando-se de assédio moral, o que se exige
é a prova dos fatos que ensejam o pedido de indenização pelos
danos à honra subjetiva (consideração da dignidade do ofendido
perante si mesmo) e/ou à honra objetiva (consideração da dignidade
do ofendido perante terceiros). A reclamante se desincumbiu de
provar os fatos alegados, os quais configuram o inequívoco assédio
moral, mas o Regional exigiu da empregada desnecessariamente
prova superior à que foi robustamente apresentada, ultrapassando
de maneira flagrante as regras da distribuição do ônus da prova (arts.
25

818 da CLT e 333, I, do CPC) . Montante da condenação fixado em


R$ 50.000,00. Recurso de revista a que se dá provimento.
TRANSPORTE DE VALORES. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO.
Depreende-se do acórdão do Regional que a reclamante era
bancária, mas transportava valores. Nos termos da Lei nº 7.102/83,
verifica-se que a atividade relativa a transporte de valores só pode
ser desempenhada por profissional habilitado, de modo que o
reclamado, ao descumprir a lei (e, portanto, praticar ato ilícito),
expunha a reclamante a risco, sendo cabível o ressarcimento pelo
dano causado, mediante indenização, ante o que dispõe o art. 927
do Código Civil. Ressalte...

TST - RECURSO DE REVISTA RR 11655420135090001 (TST)


Data de publicação: 06/03/2015 Ementa: RECURSO DE REVISTA -
ASSÉDIO MORAL - CONFIGURAÇÃO O Eg. TRT concluiu pela
ocorrência de assédio moral, entendendo que a Reclamante fora
submetida a situações constrangedoras e excessivas quanto ao
atingimento de metas , com cobranças patronais feitas de maneira
desarrazoada, dentro da sistemática da empresa , e utilização de
palavras de baixo calão nas reuniões diárias que realizava,
ofendendo a honra da trabalhadora . A alteração do julgado
implicaria o revolvimento do conjunto fático-probatório, vedado nesta
instância, nos termos da Súmula nº 126. HORAS EXTRAS -
REGISTROS DE FREQUÊNCIA - ÔNUS DA PROVA A Eg. Corte de
origem consignou que as horas extras foram deferidas com base na
jornada revelada pelas provas testemunhais. Assim, ainda que
fossem acolhidos os argumentos da Reclamada quanto ao ônus da
prova, persistiria o fundamento mencionado, suficiente para manter
incólume o desfecho da controvérsia. Recurso de Revista não
conhecido

TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA


AIRR 13664220125030100 (TST) Data de publicação: 07/08/2015
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
- ASSÉDIO MORAL. O Tribunal Regional, soberano no exame do
conjunto fático-probatório dos autos, concluiu, com base na prova
testemunhal, que o reclamante foi vítima de assédio moral por seu
superior hierárquico, o qual lhe direcionava tratamento diferenciado,
humilhante, com piadas sobre a sua sexualidade, submetendo-o a
constrangimentos e situações ofensivas. Na forma como posto, as
alegações da reclamada de que tais fatos jamais ocorreram vão de
encontro à conclusão exarada pela Corte de origem, remetendo a
solução da controvérsia ao reexame dos fatos e provas dos autos,
procedimento vedado em sede recursal extraordinária, nos termos da
Súmula nº 126 do TST. Agravo de instrumento desprovido.

Assim, o assédio moral, atenta contra a dignidade psíquica ou física do


trabalhador, de modo que é indenizável, no plano patrimonial e moral.
26

CONCLUSÃO

A busca da proteção à procura da igualdade tem sido um tema relevante e


desafiador na conjectura do século em que vivemos. Com base na realização de
leituras e aspectos constitucionais e infraconstitucionais referentes aos direitos das
mulheres foi possível entender melhor a realidade em que estas enfrentam no seu
dia a dia.

Em que pese às leis garantam os direitos da mulher, colocando-a em pé de


igualdade perante o homem, infelizmente, a realidade no contexto atual não condiz
com o estabelecido nas normas legais.

Apesar das leis e de algumas mudanças sociais positivas, constata-se que as


condições estabelecidas para acabar com a desvalorização da mulher ainda são um
problema sério que enfrentamos. Por todo o mundo, elas enfrentam o dilema da
identidade e lutam para alcançar o delicado equilíbrio entre a atenção às
necessidades da família e da carreira, a competição profissional com os homens,
oscilações emocionais, dificuldades financeiras, criação dos filhos e os conflitos
resultantes de mudanças culturais na maneira como se relacionam com os homens.

No entanto, necessário reconhecer que as medidas protetivas até então


elaboradas visando à melhoria nas condições sociais enfrentadas pela mulher são
inegavelmente merecedoras de reconhecimento, pois estão atentas a questões que,
de fato, são as mais alarmantes. Porém, o maior desafio é a busca de uma
27

consciência social de que os direitos são para todos, sem distinção de cor, sexo,
raça ou convicção religiosa.

Nesse sentido, devido a complexidade enfrentada pelos direitos humanos, em


especial aos direitos das mulheres, é imprescindível que haja o empenho dos
poderes públicos, bem como da sociedade em geral, a fim de proporcionar a
igualdade e os mecanismos de implementação do tratamento isonômico a partir das
várias medidas protetivas conquistadas até aqui.

Assim, partindo do pressuposto que se consiga a promoção da igualdade de


oportunidades entre homens e mulheres, se pode acreditar na ponderação, onde
entendemos que essa luta não implica renúncia à diferença, e sim, o
reconhecimento das especificidades da condição feminina, ou seja, a mulher deverá
ter direito em fazer suas escolhas. O Direito deve continuar a buscar aproximar-se
deste objetivo: a tão sonhada igualdade.
28

REFERÊNCIAS

A história da CLT. Direito do Trabalho. Disponível em:


< https://trt-24.jusbrasil.com.br/noticias/100474551/historia-a-criacao-da-clt> Acesso
em 10 abr 2017.

Conceito de Direito do Trabalho, ou direito laboral. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_do_trabalho> Acesso em: 28 abr 2017

MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho, 2015.

Origem e conceito da Consolidação das Leis Trabalhistas. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Consolida%C3%A7%C3%A3o_das_Leis_do_Trabalho>
Acesso em: 28 abr 2017.

SILVA, Hilton. Artigos sobre Direito do Trabalho. Disponível em:


< https://sabermaisdireito.wordpress.com/2011/09/25/direito-do-trabalho/> Acesso em
10 maio 2017. .

BASILE, César Reinaldo Offa. Direito do Trabalho : teoria geral a segurança e


saúde, 2. Ed. Reform. São Paulo: Saraiva, 2009.

CLT comentada: pelos juízes do trabalho da 4ª região / Rodrigo Trindade de Souza,


organizador; Marcio Lima do Amaral, Rubens Fernando Clamer dos Santos Júnior,
Valdete Souto Severo, coordenadores. – 2. ed. – São Paulo: LTr, 2017

CALIL, Léa Elisa Silingowschi. Direito do Trabalho da Mulher: a legislação


promocional. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XI, n. 52, abr 2008.

Tribunal Superior do Trabalho. Disponível em:


<http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/tst-julgou-diversos-
casos-de-assedio-moral-e-sexual-em-2012> Acesso em 25 maio 2017.

Jus Brasil. Disponível em:


29

<https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=CONFIGURA%C3%87%C3%83
O+DE+ASS%C3%89DIO+MORAL> Acesso em 28 maio 2017

LIMA, Maria da Glória Malta Rodrigues Neiva de. Tribunal Regional do Trabalho.
Rev. TRT – 9ª R. Curitiba a. 35, n 65, Jul. Dez. 2010.

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