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INSUBMISSO

INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL
E SOCIAL DO MACHO SIGMA
O HOMEM

TIOZÃO
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(Um bom bocado) SOBRE O AUTOR

Em 1966, lá pelas quinze pras dez da noite chuvosa de


uma terça-feira, eu lutava pra não vir pra cá, mas eles fizeram
um baita corte na barriga da minha mãe e me arrancaram lá
de dentro, mesmo com o meu veemente protesto de gritos e
de sangue. A paz tinha acabado.
Tendo como ponto de partida uma pacata cidadezinha pecu-
arista na Zona da Mata do estado de Minas Gerais, começava
a minha tribulação nesta colônia penal chamada Planeta Terra
e, numa situação desta, só lhe resta ser forte, ser perspicaz
e se ocupar em tornar a sua pena aqui o menos desconfor-
tável e o menos estressante que for humanamente possível.
Entretanto, ao chegar aqui, você não passa de uma criança,
totalmente ignorante, frágil, inocente e completamente depen-
dente daqueles que deveriam te proteger e te ajudar a florescer
saudavelmente, mas eles não se prepararam adequadamente
para receber você; eles nem sabiam que a situação requeria
tanta maturidade, clareza, sacrifícios e tanta dedicação. Então,
ao serem surpreendidos pela própria incompetência, eles cor-
rem e assinam um contrato em seu nome; um contrato com
o Estado e, tão cedo quanto possível, eles te enviam para a
pior das instituições desse tal de Estado: a escola, de onde
você só sai depois de, pelo menos, uns vinte anos.
Essa deveria representar a primeira etapa da sua sentença
aqui, mas atualmente, as coisas mudaram. Hoje, a populari-
zação da mentalidade feminista e a sexualização infanto-juve-
nil em massa fizeram com que não haja mais fases distintas
durante o cumprimento da pena nesta colônia; todas as fases
começam quase que ao mesmo tempo, já na adolescência. Não
é à toa que as mazelas sociais e o exército de mães adolescen-
tes, solteiras ou não, crescem com acelerações diretamente
proporcionais. Nesta maldita era positivista, Faustianamente
orquestrada pela televisão, o cara que sequer terminou o nível
secundário de adestramento estatal escolar já tem que traba-
lhar pra sustentar casa e criar filho, enquanto o Estado sorri
malevolamente, esfregando as mãos numa satisfação sórdida
e doentia.
Fui criado por homens rústicos. Meus dois avôs eram ope-
rários e o avô com o qual eu morei até os seis anos de idade,
além de torneiro mecânico, era caçador, pescador e armeiro.
Eles não dominavam as letras muito bem, falavam alto, cus-
piam no chão e arrotavam alto à mesa.
O meu pai era mais ou menos assim também, só que numa
versão “light”. Ele era contador, e muitas das pessoas com

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as quais ele lidava profissionalmente – e também quando era


estudante de contabilidade – eram bem mais refinadas.
Como a minha vida me proporcionou o contato com todo
tipo de gente, aprendi a me adaptar e encaixar em todo tipo
de ambiente. Isso facilitou muito a minha vida em todos
os aspectos.
Ao mormaço do sol da tarde, o respirar e o caminhar por
aquelas ruas com seu calçamento “pé-de-moleque” era uma
experiência tal qual a de um barco muito pequeno ingressando
em águas inexploradas. Todavia, o ar morno da tarde tornava
a minha experiência bem menos surreal.
Exceto pelo azul do céu, a minha percepção era de que
tudo à minha volta era um tanto quanto monocromático.
E é lógico que, como pelo menos vinte dos primeiros anos da
vida de uma pessoa são praticamente passados dentro da
escola, daquela época, a minha memória mais vívida era o
calçamento das ruas da pequena cidade do interior e a sen-
sação do sol na minha pele enquanto eu caminhava para a
escola... Como um garrote pro abatedouro, só que conduzido
pela mão de alguém em quem eu confiava.
Dentro da sala de aula, experienciando o fulgor do Estado
já exortado da mais vil das más intenções prussianas e, no
pátio, na hora do recreio, conhecendo as outras pequeninas
almas penadas, as minhas nem-tão-fiéis companheiras de
jornada. Bem, companheiras pelo menos naquele período,
pois no prazo de uma década, entre todos daquela geração,
eu seria o indivíduo cujo destino transportaria para as mais
longínquas paragens.
Com o tempo, aprendi que o “pátio” de toda área de recre-
ação desta colônia é, na verdade, um campo minado, e, com
isso, eu senti – e pude ver claramente – que, se eu fosse
mesmo dar conta do recado, se eu fosse mesmo cumprir essa
pena sem sacrificar a minha alma, ia ter que ser com muita
observação, pesquisa, estudo, e também com muita distância
de todas as distrações.
É lógico que, na época, eu não tinha essa lista tão clara e
objetiva na minha cabeça, mas eu sentia no âmago do meu
ser uma disposição que me impelia rumo à observação, à
pesquisa, e ao estudo alternativo, não oficial; e, muitas vezes,
o tópico do estudo permitia o inestimável acompanhamento da
prática. Mas é melhor não passar o carro na frente dos bois.
Vamos começar do início.

Em Minas Gerais, numa época em que uma cirurgia cesa-


riana só era mesmo relizada se a vida da mãe ou do bebê

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– ou de ambos – estivesse correndo sérios riscos, eu nasci


numa família de operários (tanto do lado paterno quanto do
lado materno) e, até os meus seis anos de idade, meus pais
moravam com os meus avós maternos porque o meu pai, um
contador recém formado, ainda não tinha meios de sustentar
uma casa sozinho.
Devido à minha natureza, o fato de o meu pai ser contador
– trabalhando em um pequeno banco de crédito rural – cola-
borou muito para o distanciamento entre mim e ele, e além
disso, o fato de morarmos com os meus avós me aproximou
muito do meu avô, pois ele era um homem muito simples que
trabalhava com as mãos e todo o seu tempo livre era dedicado
à atividades mateiras de caça e pesca, exatamente o tipo de
pessoa que eu sou.
Profissionalmente, o meu avô materno era torneiro mecâ-
nico e chefe da equipe de socorro e resgate da unidade de
manutenção de uma estação ferroviária da antiga Leopoldina
Railway, a EFL (Estrada de Ferro Leopoldina), inaugurada em
1874 e extinta em 1975, sendo então incorporada pela RFFSA
(Rede Ferroviária Federal S/A). Além disso, ele ainda era um
exímio alfaiate que também confeccionava tarrafas de pesca,
armeiro e fabricante de gaiolas de madeira com redes para
captura de pássaros, como o trinca-ferro, o azulão, o chau-
-baeta (também conhecido como “tiê-sangue”), o canário da
terra (também conhecido como “cabeça-de-fogo”) e o curió. Ele
era um homem alto, corpulento, espirituoso, divertido, muito
honesto, trabalhador, generoso e totalmente descrente das
religiões (ao contrário da minha avó, que era uma das beatas
católicas mais fervorosas daquela paróquia).
Até que duas tromboses cerebrais consecutivas entrevas-
sem o meu avô numa cama por oito anos antes de sua morte,
eu vivia na sombra refrescante da sua simplicidade e do seu
bom humor; rodeado por ferramentas de tornearia, serralheria,
marcenaria, armas de fogo, equipamentos de pesca, e ainda
desfrutava de uma rotina de frequentes jornadas ao mato com
meu avô e seus amigos nos fins de semana para pescar ou
caçar.
Nos primeiros acampamentos que fui na vida, nós dormía-
mos em barracas grandes montadas com bambus e lona de
caminhão. Lanternas com pilhas eram raras; as cambonas de
carbureto é que dominavam na atividade mateira da região, e
o meu avô fabricava suas próprias cambonas.
O meu pai, com seu mundo de burocracia e leis tributárias,
ficava cada vez mais distante da minha atenção e vice-versa,
e com a morte do meu avô, eu perderia o contato com tudo o

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que eu mais gostava e ansiava para mim como estilo de vida.


Parece que a minha grande provação aqui foi ser arrancado
de dentro do mundo real da vida simples junto à natureza e
então jogado no mundo artificial da vida urbana e todas as suas
armadilhas e lições; mas é assim mesmo que tem que ser,
pois somente desse jeito é que eu ia cruzar caminho com as
oportunidades de aprender com todas as experiências vividas
no mundo urbano, especialmente ao morar fora do Brasil por
alguns anos. No fim das contas, eu tenho mesmo é que ser
grato por todas as forçosas saídas da zona de conforto que
me foram impostas pela vida. Toda lâmina que sai da forja tem
que ser afiada adequadamente, caso contrário, é uma lâmina
inútil.
Somada à personalidade extremamente autoritária do meu
pai, as influências perniciosas da televisão e da música pop
nacional e estrangeira só serviram para acentuar a minha
indiferença a esse cenário que eu me via obrigado a pertencer.
Mais tarde, com a minha boa aparência física, a minha total
ingenuidade na rebeldia influenciada diretamente pelo tal rock
and roll e uma completa falta de orientação por parte dos meus
pais tornariam ainda mais fácil a minha crença nas falácias
e nas promessas libertinas – e também românticas – da vida
urbana, da vida artificial.
“Jamais desista dos seus sonhos!” No meu caso, esse
foi o pior conselho que alguém poderia seguir. Tenha você ou
não descoberto qual é ou quais são os seus talentos, é muito
importante estar alerta para o fato de que, além de satisfação
profissional, segurança financeira, conforto e fartura, também
podem haver motivos inconscientes te empurrando rumo a
uma – ou à outra – área profissional; e esses motivos incons-
cientes, em diferentes níveis, é claro, podem ser nobres ou
doentios. Então, muito cuidado e atenção para com a real
motivação por trás da sua labuta, principalmente se você for
uma pessoa que possui mais de um talento.
Se você é uma pessoa multitalentosa, não se apegue a um
desses seus talentos em detrimento dos outros que você pos-
sui. Os seus “sonhos” nada mais são do que possibilidades
que existem para conduzi-lo à essência de um objetivo intrín-
seco que você ainda não teve tempo de decifrar.
Aquilo que você realmente quer na vida pode estar oculto
por trás de diferentes nomes e fachadas; pode estar oculto por
trás de diferentes “sonhos”. No meu caso, no fundo, no fundo,
o que eu sempre quis foi liberdade e autonomia, mas não
percebi isso logo de início, pois sempre tive muitos talentos.

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A primeira oportunidade de tentar obter liberdade e autono-


mia veio bem cedo, através do meu talento vocal, na forma
de “frontman” de uma banda de rock, coisa que, em meados
dos anos 80, ainda era palpável.
Eu não podia simplesmente negligenciar e desperdiçar aquele
talento, então, achava que o meu objetivo final era artístico,
como vocalista na indústria musical. E, naquele caso, como eu
era muito jovem, os motivos inconscientes que me impulsio-
navam não eram nada nobres. No fundo, esses motivos gira-
vam quase todos em volta de fartura sexual, que eu desfrutei
mesmo sem terminar a jornada, mas foi exatamente aquela
fartura que me levou ao enfastiamento e, nesse enfastiamento,
com a ajuda da meditação, pude ver que estava indo para
o lado errado, especialmente porque a vida na indústria do
entretenimento requer muita viagem e, quanto mais o tempo
passava, menos vontade eu tinha de viajar, de ficar circulando
por aí. Fui acalmando dentro de mim mesmo. A areia do cami-
nhão foi se assentando.
No começo de tudo, eu não percebia que o núcleo essen-
cial do meu objetivo era apenas liberdade e autonomia, e
que eu poderia conseguir isso de várias formas, não apenas
através de um dos meus talentos – naquele caso, a música.
Para desvendar o âmago do meu real anseio, foi preciso
vivência com o passar dos anos para, como alguém que está
esculpindo um toco bruto de madeira, ir removendo a casca
e as camadas externas a fim de chegar ao resultado final da
escultura do meu ideal, finalmente revelando o real objetivo
motivador da minha busca.
Desde muito cedo, eu demonstrava um espírito altamente
artístico. Aos cinco anos de idade, nas festas de família, a
minha avó me colocava em cima de uma mesa e eu cantava
muito afinadamente a música “Férias na Índia”, que o cantor
Nilton César tinha lançado em setembro de 1968.
Naquela mesma época, eu já desenhava facilmente todos
os pássaros que o meu avô tinha em suas gaiolas, os peixes
que ele pescava e também os animais que ele caçava.
Aos doze anos, já tendo me mudado da casa dos meus
avós, comecei a estudar violão clássico; aos treze, escrevi,
produzi, dirigi e protagonizei três peças de teatro junto ao
Grêmio Literário da escola estadual que frequentava.
Aos quatorze anos, comecei a estudar canto lírico, mas em
1980, ao ser presenteado pela minha mãe com o disco do
Queen, intitulado “The Game”, fui definitivamente fisgado pelas
ilusões de estrelato musical, fama e muito sexo com belas
mulheres, tais quais as que eu via nuas nas capas da ‘EleEla’

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e da ‘Playboy’. Foi no que a minha mente se fixou pelos anos


seguintes e culminou em 1985, com o evento do primeiro – e,
na minha opinião, o único – ‘Rock in Rio Festival’, onde assisti
de perto Iron Maiden, Whitesnake, Ozzy Osbourne, AC/DC,
e Scorpions, duas vezes cada um, com exceção apenas do
Iron.
Dentro desse contexto, em 1981, meus pais tinham me
matriculado num colégio Jesuíta em uma cidade vizinha onde
eu co-fundei uma banda de heavy metal que fazia shows
pequenos em festinhas privadas em granjas, tocava em clubes,
bares e, ao vencer um concurso local, em agosto de 1985, pela
primeira vez, tocava na frente de 12.000 pessoas, num festi-
val de porte médio no qual também se apresentaram ‘Legião
Urbana’, ‘Celso Blues Boy’, ‘Dr. Silvana & Cia’, e ‘Robertinho
do Recife’ na sua fase metal.
E, assim, em 1986, na mais completa cegueira existencial,
depois de ter servido o exército num batalhão de infantaria,
eu inconscientemente tracei os meus primeiros objetivos de
vida, objetivos esses que, numa empreitada pra lá de louca,
me levaram a me mudar para os Estados Unidos por três anos
(1987, 1988 e 1989), na Califórnia do auge do “thrash metal”
e da massiva ilusão de uma fantástica vida urbana que até
hoje dita os rumos deste mundo.
De volta ao Brasil, foi muito difícil me livrar de toda aquela
programação nefasta, o que só foi possível depois de muita
confusão mental, muitas desilusões pessoais, muito estoicismo,
muita solitude e, principalmente, depois de muita meditação
na prática – em vez de teoria.
Foi uma época de muita “red pill” seguida por uma fase “black
pill” intensa e, finalmente, a “honk pill” chegou para amenizar
todo o quadro e estabelecer de vez uma serenidade que, até
então, vinha me protegendo muito discretamente ao longo de
toda a minha jornada. Vou falar mais detalhadamente sobre
todas essas “pills” no final do livro.
Agora, o que realmente me permitiu engajar em tantas
aventuras diferentes, sofrer quedas e realizar os consequentes
recomeços a partir do zero foi exatamente o fato de eu nunca
ter tido filhos nem ter me casado; e eu digo categoricamente
que a ausência de filhos – e de qualquer tipo de dependentes
– te permite experimentar e correr riscos em todas as áreas
da vida, cair e recomeçar de novo do zero e, mesmo assim,
ainda ter tempo suficiente para conquistar uma vida do jeito
que você quer, a fim de curtir a sua idade madura e a sua
velhice com conforto, tranquilidade, paz de espírito e o prazer
de viver dentro do paradigma que você escolher. Foi assim
comigo e, neste livro, eu vou te contar como isso aconteceu.
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Título Original:
O Homem Insubmisso.
Independência Emocional e Social
do Macho Sigma.

Copyright©️ 2021 por Tiozão


Todos os direitos reservados.

Vedada a produção, distribuição,


comercialização, ou cessão sem autorização
prévia dos autores.

Texto:
Tiozão

Projeto Gráfico e Diagramação:


Rafael Gatuzzo

Produção Executiva:
Emerson Viegas

2020
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ÍNDICE

(Um bom bocado) SOBRE O AUTOR 2


DEDICATÓRIA 11
INTRODUÇÃO 12
CAPÍTULO 1 18
O surgimento do homem artificial - a cultura ocidental
das futilidades - engenharia social (dialética hegeliana -
percepção da realidade - “teorias da conspiração”)

CAPÍTULO 2 33
Solitude - meditação & consciência
(pequenos hábitos e padrões inconscientes
– comportamento de manada) - o macho sigma

CAPÍTULO 3 46
A importância vital do espírito crítico
CAPÍTULO 4 55
A sina maldita das crianças
CAPÍTULO 5 74
Centros urbanos: hospícios a céu aberto
(sabedoria perdida: o “ritual de passagem”
– vida urbana, bebida & música)

CAPÍTULO 6 96
Compreendendo a decadência ocidental do início
do séc. XXI
CAPÍTULO 7 111
Hollywood e a indústria da cultura
CAPÍTULO 8 123
Independência emocional conduz à independência
social: invertendo o seu paradigma existencial
1- Meditação Ativa 127
2- O Método do Trivium 142
3- Estoicismo 149
CAPÍTULO 9 154
Raciocínio crítico: o pânico da ‘aids’ – agricultura,
o maior erro da humanidade

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CAPÍTULO 10 174
As duas maiores ilusões do homem blue pill
– Sentimentos x Emoções (diferença) –
“amor” romântico, amor real & amor cósmico

CAPÍTULO 11 180
A importância suprema do silêncio - aceitação versus
autenticidade
CAPÍTULO 12 188
Comece a partir de onde você está!

CAPÍTULO 13 192
Postura emocional: bom humor é vital (“honk pill”)

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DEDICATÓRIA

Dedico este livro a todos os homens que realmente querem


se desenvolver pessoalmente e querem, de verdade, ser inde-
pendentes emocionalmente.
A todos os homens que têm o mínimo de visão e coragem
suficiente para questionar o grande teatro armado à sua volta,
questionar tudo que tinham dado como certo, questionar todos
os seus heróis, todos os seus ídolos, todos os seus dogmas e
também questionar todas as suas certezas pretéritas.
A todos os homens que tiveram suas vidas destruídas pela
vigente hipocrisia – e insanidade – do ginocêntrico sistema judi-
cial moderno; que tiveram as suas vidas totalmente destruídas
pelas falsas acusações de predadoras dissimuladas, covardes,
arrogantes, mesquinhas, inescrupulosas, encardidas e infecta-
das pelo debilitante vírus do feminismo.
Aos homens que, apesar de todos os contratempos e injusti-
ças, conseguiram a guarda de seus filhos e os educam dentro
de um ambiente sadio, honesto e produtivo.
Esses homens são os verdadeiros heróis em um mundo
doente, decadente e insano, onde imperam a superficialidade,
a desonestidade e, especialmente, a mentalidade socialista
invejosa, hipócrita, ignorante e genocida.

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INTRODUÇÃO

Para simplificar tudo já no começo, antes de qualquer outra


coisa, não custa nada a gente dar uma olhadinha rápida na
palavra ‘independência’. É só jogá-la no Google:

- substantivo feminino

1. Estado, condição, caráter do que ou de quem goza de


autonomia, de liberdade com relação a alguém ou a alguma
coisa. “i. individual”

2. Caráter daquilo ou daquele que não se deixa influenciar,


que é imparcial; imparcialidade. “i. de uma crítica”

Com isso, quero deixar bem claro que, apesar da minha


preferência pessoal pela vida rural, pela solitude e pela priva-
cidade, esta aqui não é, de forma alguma, uma abordagem
que tenta promover a abdicação sumária à vida social nem à
vida urbana.
Ao contrário do que pode parecer, a abordagem deste livro
incentiva a formação e a boa manutenção de uma rede de
contatos, mas se desenrola sob o simples ponto de vista de,
primeiro, uma condição de vida onde você vai se tornando
dependente de cada vez menos pessoas e fatores em todas
as áreas da sua vida e, segundo, uma condição de vida onde
você usa o raciciocínio crítico e a imparcialidade empática
para lidar com as suas questões e com os seus problemas.
Nada além disso.
Cabe a cada leitor, individualmente, julgar o quão longe ele
quer levar a prática do que é exposto aqui, pois cada pes-
soa tem que se adequar à situação e ao ambiente nos quais
está inserida.
Conforme afirmei acima, esta não é uma abordagem que
tenta promover a abdicação à vida social nem à vida urbana,
mas explica porque, especialmente nos dias de hoje, se faz
tão necessário não ser dependente delas nem de qualquer
outra coisa.
A dependência é algo que as pessoas aceitam – e ao qual
se adaptam – tão facilmente porque a dependência apresenta
a tentadora conveniência de livrá-las de outra coisa que os
humanos evitam com muito mais vigor: a responsabilidade.
Essa tendência de barganha inerente à espécie humana é a
semente da qual brota todo sistema tirânico, tipicamente com-
posto por uma ou algumas poucas oligarquias que controlam

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as massas populares. Isso ocorre desde o início da história


das sociedades agrícolas e, em última análise, a verdade é
que a coerção, sob qualquer aspecto, é uma característica
doentia típica da condição humana, a característica que mais
causa desarmonia no mundo.
Eu, pessoalmente, estou empenhado em levar as ideias
expostas neste livro ao máximo que elas possam me pro-
porcionar, inclusive me retirando fisicamente do ambiente
urbano – o que não me obriga a viver muito longe dele se eu
não quiser.
Eu vivo constantemente empenhado em me capacitar para
me tornar independente no maior número de áreas possíveis
da minha vida e esse processo tem me transformado em um
homem muito mais consciente, alerta e mais saudável, des-
frutando de muito mais paz. A simples arte de cozinhar, por
exemplo, pode ensinar ao ser humano perspicaz como os
restaurantes – de todos os tipos e preços – servem câncer
em seus pratos com seus métodos de preparo da comida,
especialmente com a absoluta normalização do uso dos óleos
vegetais para cozinhar. Um total absurdo.
Quando é você mesmo quem prepara a sua comida, se
você tem uma inteligência acima da média, você passa por
uma curva de aprendizado muito importante e produtiva sobre
si mesmo e a sua relação com os alimentos. Viver é adquirir
novos talentos. A vida acaba quando você para de aprender.
O meu objetivo é viver no mesmo local onde eu possa
produzir os itens mais importantes que eu consumo de forma
básica: comida, água, energia, produtos de higiene e limpeza.
Tendo conquistado isso, não vou parar de aprender. Além
de todos os bichos essenciais ao sistema animal da minha
propriedade, penso em adicionar ovelhas, pela sua lã, a fim
de produzir os meus tecidos; para isso, vou aprender a tecer
e a costurar. Já tenho prática em lidar e construir com madeira
e, durante o início do desenrolar de todo esse processo de
mudança, vou fazer um curso de solda para gozar de uma
autonomia ainda maior.
Quem vive ativo, sempre engajado em projetos, não tem
tempo nem interesse de pensar em “aposentadoria” e, conse-
quentemente, não envelhece nem morre de forma tão indigna,
tão sofrida e tão humilhante quanto os homens artificiais enve-
lhecem e morrem em suas vidas de consumidores, sempre
estressados em suas “rodinhas de hamster”, sem saber a que
vieram, sem saber o que estão fazendo e, especialmente, sem
fazer a menor ideia de para onde estão indo com tanta pressa
e tanta convicção. A rodinha de hamster é realmente a melhor

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ilustração representativa do absurdo da vida urbana, a vida


totalmente dependente, estressante e entediante dos homens
artificiais.

Voltando ao contexto rural, também é importante ter


bons vizinhos de propriedade e manter um relacionamento
harmonioso e de ajuda mútua com eles. Esses relacionamen-
tos contribuem para a expansão da nossa rede de contatos e
podem servir também de base para algum tipo de escambo
e/ou comércio vantajoso para ambas as partes.
Você também pode muito bem querer ter uma vida mista,
concentrando uma porção das suas atividades na área rural
e outra porção na área urbana e, é claro, o tamanho dessas
porções vai variar de pessoa para pessoa. Além disso, você
pode realizar as mudanças de forma gradativa, sem atrope-
los, metodicamente. Cada um traça a sua própria trajetória,
de acordo com as suas necessidades e prioridades.

Bem, acima tivemos uma breve “introdução à introdução”


e, agora, vamos à introdução propriamente dita.

Nas páginas que seguem, eu compartilho com você o melhor


resumo que pude produzir sobre a minha experiência de vida,
a minha jornada neste planeta desde os meados dos anos
sessenta. Agora você vai conhecer as minhas origens, o meu

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trajeto, os meus interesses, as experiências mais marcantes


e mais importantes, a formação da minha visão, o meu pro-
cesso de autoconhecimento, os meus estudos, as minhas pes-
quisas, os meus experimentos, a conquista de mim mesmo,
enfim, todo o processo de construção da minha alma e, o mais
importante: o que isso tudo tem a ver com a ideia proposta no
conteúdo apresentado neste livro.

Eu já escrevi muita carta à mão para enviar pelo correio e


também acompanhei todo o processo que aboliu essa prática
com o surgimento da internet. Eu já usei telefone de manivela,
tendo que pedir para a telefonista me conectar com o outro
número e, com o passar dos anos, testemunhei esse aparelho
evoluir para a discagem direta, depois, para teclagem direta,
teclagem sem fio, para aparelhos portáteis do tamanho de um
tijolo (usados também em veículos), para aparelhos celulares
analógicos bem menores e, depois, para celulares digitais com
super câmeras e super memória, que podem fazer tudo que os
“fictícios” aparelhos de videocomunicação futurista da família
“Jetsons” faziam e muito, muito mais (“Jetsons” é o nome de
um seriado de desenho animado do começo da década de
1960, relançado em meados dos anos oitenta).
Também fui testemunha ocular de como a televisão che-
gou e, rapidamente, mudou de forma radical e irreversível
o ambiente e a dinâmica familiar e também social, roubando
dos pais o já pequeno poder de educadores que ainda tinham...
Vi todo o contexto social ocidental sofrer uma drástica trans-
formação a partir do dilúvio de cocaína que caiu sobre a nossa
sociedade nos anos 80; vi a sinistra ascenção das mães soltei-
ras, saindo do total ostracismo até chegar, graças aos progres-
sistas extorsores e genocidas, ao status de “heroínas santas
e empoderadas”. Vi como o embuste do HIV não conseguiu
segurar as rédeas da luxúria e da fornicação humanas nem
conseguiu afastar as pessoas umas das outras, culminando no
segundo grande experimento de geoengenharia com música
e drogas: as ‘raves’.
Assisti ao Estado se transformando, pouco a pouco, na maior
religião existente no planeta; testemunhei as diferentes etapas
da mais recente idiotização dos seres humanos e também da
progressiva emasculação dos homens ocidentais, que ocorre
paralelamente à escalada do feminismo, do veganismo e da
inserção da soja em tudo quanto é produto processado que
você possa imaginar e também em muitos produtos que você
jamais imaginaria.

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Neste exato momento, enquanto escrevo este livro, estou


assistindo de camarote ao teste global e embusteiro do coro-
navírus alcançando – e superando – os resultados tentados
pelas oligarquias nos anos oitenta, através das gangues da
OMS e do CDC (‘Center for Disease Control’), deliberada-
mente promovendo o pânico generalizado com o embuste do
HIV, um vírus supostamente sendo o responsável por uma
SÍNDROME. Essa premissa, por si só, já era algo absurdo o
suficiente para revirar o estômago de qualquer um.
É muito interessante estar vivo em um período que me
permite ser testemunha ocular de uma transição social cuja
última edição se deu há mais de dois mil anos, na fase inicial
da decadência de Roma. Por tudo isso e muito mais, sinto-me
privilegiado por ter nascido exatamente numa época que me
possibilitou observar de onde saímos e para onde estamos
indo coletivamente... De novo. Ficam em grande desvantagem
aqueles que perderam alguma parte do processo ou perde-
ram o processo todo. Os que perderam, caso queiram, só vão
conseguir ter alguma noção desse processo através de livros
e/ou em formato de vídeo. Um desses livros é exatamente este
aqui! Por isso, para otimizar a sua experiência nesta leitura,
vou tentar ser o mais objetivo, o mais didático e o mais claro
possível.

O meu objetivo com este livro não foi escrever uma gran-
diosa e requintada obra literária, como fizeram os brilhantes – e
famosos – autores da história da literatura brasileira e também
mundial. Eu não sei falar – ou escrever – bonito nem rebus-
cado. O grande ‘Bruxo do Cosme Velho’, mestre dos mestres,
Machado de Assis, por exemplo, não simplesmente “matava
a fome”; ele “acudia às urgências do estômago”. Magnífico!
Coisa de um verdadeiro mestre da escrita... Quem sabe um
dia, talvez, eu chego lá?! Entretanto, de uma coisa o leitor pode
ter certeza: toda palavra escrita aqui está imbuída de uma
sinceridade crua e, à vezes, ardida, que é fruto de décadas
de experiências vividas intensamente, tanto na porção urbana
quanto na porção rural desta esférica colônia penal; fruto de
décadas de leitura, de estudo; décadas de experimentos, erros
e retificações, de renascimento; décadas de pesquisas, refle-
xões e evolução.
Então, como eu ia dizendo, a minha intenção aqui neste livro
é disponibilizar um conteúdo que te ajude a visualizar, a com-
preender, a enfrentar e, finalmente, transcender a dependên-
cia que a maioria das pessoas tem deste paradigma urbano
insano e decadente no qual estamos inseridos atualmente;

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disponibilizar um conteúdo que, apesar de não ter nada de novo


(ao contrário do que muitos podem pensar), vai em direção
diametralmente oposta a todos os dogmas e falácias culturais,
sociais, emocionais, religiosos e também pessoais aos quais
a grande maioria das pessoas subscreve e se submete; dog-
mas e falácias que empacam e retardam o desenvolvimento
pessoal e a independência de todo homem, especialmente do
homem moderno.

Perfeição... No caso de alguns, é uma doentia ilusão de


grandeza e, no caso da maioria, a ideia de perfeição é mera
ilusão pueril, e é importante frisar que há tesouros preciosos
que são completa e rigorosamente desprezados pelas mas-
sas, porque a obtenção desses tesouros demanda desapego,
introspecção e estudo.
Então, finalizo essa introdução afirmando que adaptabili-
dade, vigilância e senso crítico são as palavras de ordem
para o homem que almeja liberdade, saúde e paz de espírito
nessa nossa colônia penal chamada “Planeta Terra”.

Este não é um livro que vai apresentando as questões


progressivamente, conduzindo você a um capítulo final com
a tão esperada solução. Não existe apenas uma solução,
postura ou dedução unidimensional para tudo que apresento
aqui. As soluções das questões são expostas à medida que
as respectivas questões são apresentadas, sem rodeios,
da maneira mais objetiva possível, didaticamente falando.

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CAPÍTULO 1

O SURGIMENTO DO HOMEM ARTIFICIAL


– A CULTURA OCIDENTAL DAS FUTILIDADES –
ENGENHARIA SOCIAL

(Dialética Hegeliana – Percepção da Realidade –


“Teorias da Conspiração”)

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Um homem totalmente artificial surge pela primeira vez em


toda a história do ocidente. Como isso se deu? O que levou
ao surgimento quase repentino de uma multidão de ‘cucks’,
‘soy boys’, escravocetas e de “manginas” por toda a parte no
mundo ocidental?
Em menos de apenas duas gerações, a masculinidade se
deteriorou de maneira trágica no ocidente, tornando-se quase
irreconhecível e virando motivo de chacota em todo o mundo.
E o detalhe sinistro é que muitos dos homens que fazem a
chacota também apresentam, em algum nível, traços que são
característicos dos ‘cucks’, ‘soy boys’, escravocetas e dos
“manginas”... Muitos dos próprios leitores deste livro aqui apre-
sentam alguma – ou algumas – dessas características e eles
estão conscientes de umas e inconscientes de outras. A triste
realidade é que a maioria das pessoas não se conhece e, o
que é ainda pior, nem sabe que precisa se conhecer.
Ficam então as perguntas: esse fenômeno ocorre orgânica
ou inorganicamente? Como ele se dá? E como sair desse
paradigma?
Este livro trata exatamente dessas questões tão importantes.

A maioria das pessoas desta sociedade moderna ainda não


consegue enxergar que, geopoliticamente, sempre esteve
caminhando rumo a um “Admirável Mundo Novo”, do Mr.
Huxley, rumo a um “1984”, do Mr. Orwell. Elas acham que a
vida sempre vai voltar ao normal depois de qualquer tipo de
crise; acham que as coisas nunca vão chegar a um ponto
tal que não haja retorno em um contexto ditatorial de total
ausência de liberdade em todas as áreas da vida do indivíduo.
Desde a crise de 1929, nos Estados Unidos, as pessoas não
enxergam que, imediatamente após – ou até mesmo durante –
cada uma dessas “crises” pré-fabricadas, o Estado consegue
adquirir mais poderes inapropriados sobre um número cada
vez maior das diferentes áreas da vida dos indivíduos.
O Estado faz isso por meio de medidas supostamente pro-
visórias e de projetos de leis que os parasitas estatistas decla-
ram ser necessárias para se garantir total segurança de que
a tal crise não se repita.
Esse estado de sonolência das massas e sua lerdeza pra
começar a acordar prova que a evolução humana não se dá
de forma coletiva, mas apenas de forma individual, tal qual
um fotógrafo bate duzentas fotos para delas escolher apenas
as três ou quatro melhores; tal qual quatro mil tartaruguinhas
eclodem de seus ovos na areia de uma praia tropical, mas
apenas meia dúzia delas sobrevive para retornar à mesma

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praia mais tarde e depositar os seus próprios ovos. Assim se


dá a evolução humana neste planeta, nesta colônia penal.
De cada geração de pessoas que nasce no mundo, apenas
um pequeno punhado delas são indivíduos realmente desper-
tos, perspicazes e criativos que, debaixo de pedradas, desco-
brem e anunciam os melhores rumos a seguir neste mundo de
provações. O resto das pessoas tende mesmo a servir apenas
como consumidores e massa de manobra.
Se Jesus realmente voltasse a este mundo, ele seria tra-
tado tão mal quanto – ou até mesmo mais maltratado do que
– da primeira vez e os perpetradores dos maus-tratos seriam
exatamente esses que têm esperado pela volta dele, esses
mesmos que andam com crucifixo pendurado no pescoço e
gritam o nome dele aos quatro ventos... Esses seriam os pri-
meiros a não reconhecê-lo, a rejeitá-lo e a condená-lo.

Depois da minha jornada e perambulação de algumas


décadas pelas avenidas iluminadas, pelos becos escuros,
pelos palácios de luxúrias e também pelos calabouços úmi-
dos do mundo urbano, consegui enxergar que a vida rural
de autossuficiência é a única possibilidade de uma vida sau-
dável, sem tédio, vícios, sedentarismo, estresse, arterios-
clerose, câncer, obesidade, doenças cardíacas, diabetes,
Alzheimer, Parkinson, psicoses, ansiedade e depressão;
a única possibilidade de uma vida sem parasitismo social,
sem sindicatos nem relativismo moral, socioconstrutivismo,
feminismo, hedonismo nem niilismo. Depois dessa minha
jornada, consegui enxergar que o contexto urbano é a pior
coisa que pode acontecer ao ser humano, o paradigma mais arti-
ficial e mais prejudicial ao ser humano sob todos os aspectos.
O ambiente urbano é literalmente a morte do corpo e do espí-
rito humano! O ser humano foi desenhado para pertencer a um
contexto rural e, de preferência, viver em uma propriedade de
pelo menos 100.000 m² (10 hectares), desfrutando de toda a
tecnologia possível, tendo por vizinhos propriedades do mesmo
tamanho ou maiores, cujos donos possuam uma visão e uma
abordagem de vida semelhantes, para convívio com eles de
maneira solidária, de ajuda mútua e de consenso para resolver
questões de interesse comum e também realizando comércio
e escambo de produtos e serviços entre si; cada qual vivendo
em sua propriedade de forma livre e, ao mesmo tempo, sem
incomodar seus vizinhos. Eu sei que isso pode parecer radi-
cal para a maioria das pessoas, então eu vou, a partir daqui,
elaborar o caso e esclarecer a minha visão desde a base da
minha abordagem. Vamos começar analisando como surgiu

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a dependência e, em muitos casos, o amor cego do homem


pelo ambiente urbano, um ambiente inteira e completamente
incompatível, além de nocivo à saúde física, mental e emo-
cional do ser humano.
Antes de começar, entretanto, é preciso esclarecer uma
questão semântica: eu rejeito e discordo totalmente da defini-
ção de ‘engenharia social’ que se encontra disponível por aí e
que foi idealizada por um hacker nos anos noventa. Se você
fizer uma busca online, vai se deparar com uma aberração
alegando que engenharia social é “uma técnica empregada
por criminosos cibernéticos a fim de induzir usuários incautos
a enviar dados confidenciais, infectar seus computadores com
malware ou abrir links para sites infectados”. Em primeiro lugar,
‘engenharia’ é um conceito que existe desde a antiguidade,
desde o momento em que o homem realizou invenções como
a roda, a alavanca, a polia. Já a palavra ‘engenharia’  tem ori-
gem bem mais recente, sendo derivada do termo ‘engenheiro’,
que surgiu na língua portuguesa no início do século XVI e que
se referia a alguém que sabia construir um engenho como
uma máquina de guerra qualquer, uma catapulta ou uma torre
de assalto, por exemplo. Engenharia nada mais é do que a
aplicação do conhecimento científico, econômico, social e
prático com o objetivo de inventar, criar, desenhar, construir, e
também de manter estruturas, máquinas, aparelhos, sistemas,
materiais e processos. Portanto, a definição ridícula de enge-
nharia social sendo “uma técnica empregada por criminosos
virtuais para obter dados confidenciais de usuários incautos”
está completamente errada. Os hackers que arrumem outro
nome para essa atividade.
Tendo em mente a definição correta da palavra e do con-
ceito de engenharia como apresentei e expliquei acima, a
expressão ‘engenharia social’ está diretamente ligada à geopo-
lítica e abrange os fenômenos históricos, políticos, científicos,
socioantropológicos e, através de métodos de investigação
científica, busca alterar as relações de poder nas estruturas
da sociedade por meio da interpretação e da ação direta e/ou
indireta na realidade global, envolvendo a análise de guerras,
conflitos, disputas ideológicas e territoriais, questões políticas,
acordos internacionais, etc. É isso que eu quero dizer toda vez
que uso a expressão ‘engenharia social’. Tendo deixado isso
bem claro, sigamos adiante.
Se você ainda não conhece, permita-me discorrer breve-
mente sobre a famosa “Dialética Hegeliana” de “problema (ou
a ilusão de um problema), reação e solução”. Friedrich Hegel
foi um filósofo alemão do século XIX que propôs uma dialética

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peculiar. A base dessa dialética propõe que a mente humana


mediana é simplista demais e, devido a isso, não consegue
entender nada a menos que possa ser apresentado em dois
polos opostos: bem e mal, esquerda e direita, certo e errado,
e assim por diante. Isso impede as mentes medianas de atu-
arem de forma mais profunda para que possam detectar as
reais causas e os reais motivos por trás de eventos que mudam
parcial ou totalmente a dinâmica social e econômica de um
país ou do mundo todo, e é por isso que fica tão fácil usar a
falácia da falsa dicotomia contra a mente mediana. A falsa
dicotomia é uma falácia lógica em que dois pontos de vista
distintos são apresentados como sendo as únicas opções pos-
síveis para abordar uma questão enquanto que, na realidade,
existem várias opções que cuidadosamente foram omitidas e
deixadas de lado.
Quase todos os grandes eventos que modificam radical-
mente a dinâmica social, jurídica e política na história da
humanidade envolvem a Dialética Hegeliana. Essa dialética
consiste em primeiro fabricar uma crise ou a ilusão de uma
crise, ou ainda, simplesmente tirar proveito de uma crise – ou
da ilusão de uma crise – já existente a fim de obter a reação
desejada da população, que vai exigir uma solução por parte
das ditas “autoridades”, só que a tal solução já tinha sido pre-
determinada desde o início pelos próprios criadores do pro-
blema – ou da ilusão desse problema.
Infelizmente, o estágio evolutivo das massas de manobra
desta colônia penal planetária em que vivemos ainda está
na fase em que as pessoas, em vez de assumirem a respon-
sabilidade e os riscos que estão envolvidos na vida de todo
ser humano realmente maduro, preferem ser administradas,
escravizadas e literalmente extorquidas por uma meia dúzia
de “autoridades” que, por sua vez, são marionetes de uma
meia dúzia de banqueiros e de outra meia dúzia de multibi-
lionários psicopatas disfarçados de altruístas benevolentes e
também disfarçados de homens santos. É uma situação muito
triste, mas as massas realmente gostam que tudo seja feito
por elas; gostam que terceiros assumam a responsabilidade
sobre elas; gostam de ser guiadas, gostam de ser manipula-
das, enganadas e subjugadas.
O homem artifical é o homem mais submisso que existe
na face da terra; pouco importa se ele é um alfa ou um beta.
O homem artifical, ou seja, o homem urbano, mesmo que
inconscientemente, é dependente e está sempre submisso às
validações sociais e também submisso ao Estado e depen-
dente dele. É por isso que não dou nenhum crédito ao status

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de macho alfa. O que mais tem por aí é macho alfa blue pill
escravoceta pagando pensão pra modernete. Em vista disso, a
minha abordagem é que, no que concerne à espécie humana,
para o homem contemporâneo, o melhor caminho a seguir é
o do macho sigma.
O homem artificial não tem a capacidade mental nem pre-
paro emocional para perceber que a grande maioria das coi-
sas que faz e que consome são tremendas futilidades que só
servem para mantê-lo distraído, desatento. Por exemplo: ele
não percebe que frequenta academia para artificialmente cul-
tivar um corpo musculoso apenas porque os centros urbanos,
especialmente as academias de musculação, estão repletos
de mulheres bonitas e gostosas e, como o homem artificial é
um escravo sexual, ele não enxerga que malha apenas para
obter a validação feminina e, com isso, aumentar suas opor-
tunidades de acesso a sexo. Uma forte evidência disso é que
esses marombeiros se preocupam apenas em adquirir mús-
culos cada vez maiores sem se preocupar tanto em aumen-
tar a sua força física. A vida na roça requer força física e não
músculos grandes e bem torneados. O cara que faz calistenia
ou que se exercita apenas na barra fixa e nas barras parale-
las não tem músculos tão grandes nem tão bem torneados,
mas tem muito mais força muscular e mais resistência do que
esses marombeiros que se enchem de carboidratos, de Whey
Protein, dos mais variados tipos de suplementos e, em muitos
casos, de esteroides. E digo mais... Se, num passe de mágica,
todas as mulheres do mundo desaparecessem hoje, aposto
a minha vida que nenhum desses marombeiros continuaria
malhando, e todas as academias do planeta seriam obriga-
das a fechar. Mesmo o cara que não malha em academia e
diz que detesta o ambiente de academia... Mesmo esse cara
malha sem perceber que a validação feminina e o sexo são
as únicas coisas que o estimulam e o impelem.
O homem artificial não está ciente do mar de futilidades no
qual ele está imerso, com o qual ele desperdiça enorme parte
do seu tempo, energia e dinheiro. O homem artificial não sabe
o que é realmente importante na vida; ele não sabe quais são

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as prioridades até que alguma greve ou algum evento de enge-


nharia social o esbofeteie sonoramente, mas mesmo assim,
ele não aprende.
Além de não saber o que está realmente acontecendo nos
bastidores do grande teatro social mundial, o homem artificial
também é incapaz de reconhecer que ele não sabe o que
está se passando. Ele vive na ilusão de que está por dentro
dos fatos. O homem artificial é a epítome da síndrome do
Efeito Dunning-Kruger e também do famoso chavão falacioso:
“a ignorância é uma benção”.
O Efeito Dunning-Kruger é o fenômeno no qual uma pes-
soa que possui pouco – ou nenhum – conhecimento real
sobre um determinado assunto acredita piamente conhe-
cer tudo sobre o tal assunto e também que está muito
bem-preparada para discuti-lo ou debatê-lo, e é exatamente
a incompetência intelectual dessa pessoa que lhe rouba
a capacidade de reconhecer a sua condição de ignorância.
Tais pessoas sofrem de superioridade ilusória. Trocando em
miúdos, a ignorância e a falta de humildade as transformam em
ignorantes arrogantes.
A ignorância arrogante é típica do homem urbano, do homem
artificial. É muito raro isso ocorrer com o homem do campo,
com a população rural. Isso se dá porque os centros urbanos
concentram a vanguarda da tecnologia eletrônica, das ben-
feitorias da engenharia civil, e também são o principal foco e
alvo da engenharia social. Contar com a vanguarda da tec-
nologia e das benfeitorias da engenharia civil faz com que o
homem urbano se sinta mais inteligente, mais avançado e
mais evoluído do que o homem rural. Apesar de 99,9% dos
homens urbanos não terem inventado, não terem criado e nem
terem participado da invenção e da criação de nenhuma des-
sas tecnologias, eles se acham superiores, pois a cultura da
vida rural é muito antiga; é a mais antiga do planeta. Como o
homem urbano vive na ilusão de que toda tecnologia é sempre
vantajosa e benéfica, ele se julga muito mais evoluído do que
o homem do campo e, somente quando há uma greve como
a dos caminhoneiros em 2018, que deixa os centros urbanos
sem ter o que comer, é que o homem artificial percebe o quanto
a população urbana depende totalmente do homem do campo,
pois, sem comida, de nada adianta nenhuma tecnologia ele-
trônica de ponta nem edifícios arrojados e modernos, mas a
arrogância, a ignorância e a ingenuidade do homem urbano
não permitem que ele aprenda as lições que estão diante dos
seus olhos mesmo quando essas lições são dolorosas.

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A Mente Mediana e sua Percepção da Realidade

Nessa imagem, a mente mediana vai enxergar apenas a


gaivota ou apenas o coelho, mas a mente que está acima da
média vai imediatamente perceber o truque que foi feito com
as duas imagens que compõem o mesmo desenho. Para as
massas de mente mediana, a percepção imediata é a realidade.
O comportamento das massas é baseado na interpretação que
fazem da realidade e não na própria realidade, ou seja, existe
um filtro entre a mente mediana e a realidade, que impede
as massas de enxergarem a realidade como ela verdadeira-
mente é. É exatamente por isso que os engenheiros sociais,
muitas vezes, nem mesmo precisam de uma crise real para
atingirem o seu objetivo; basta criarem uma percepção de
crise, uma ilusão de crise, ou simplesmente se aproveitarem
de uma percepção equivocada já existente na população.

“Teorias da Conspiração”

É importante saber que absolutamente tudo pode – e


deve – ser questionado, mas é muito mais importante saber
que não é sábio descartar todo o barril só porque ele con-
tém algumas maçãs podres. Só joga fora todo o barril quem
não consegue diferenciar as poucas maçãs podres das que
estão perfeitas.
Só a experiência pode ensinar que, na vida, existe a predo-
minância de diferentes combinações de cinza sobre o irreal
contraste perfeito do preto e do branco, especialmente no
que tange à interpretação da dinâmica histórica e social da
humanidade.

Uma característica marcante da mente medíocre é que sua


ignorância é sempre desdenhosa e, o pior de tudo: tem orgulho
disso. Incapaz de raciocinar criticamente, a mente medíocre

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sempre varia entre duas opções: age com desdém ou assume


a condição de portador da síndrome do Efeito Dunning-Kruger.

A expressão “teoria da conspiração” não foi cunhada pela


CIA, como muitos acreditam, mas é por causa da CIA que a
expressão foi imbuída da sua atual conotação negativa e isso
se deu durante o evento da “investigação” do assassinato do
presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, em 1963.
A estória que a mídia divulgou incansavelmente nos jornais,
no rádio e na televisão, baseava-se em um documento cha-
mado “Sobre as Críticas ao Relatório Warren”, um documento
da CIA que expressa preocupação com o considerável número
de pessoas que duvidavam da investigação oficial do assas-
sinato de Kennedy, a Comissão Warren, que concluiu que
Lee Harvey Oswald teria agido sozinho. Foi naquela época
que a expressão “teoria da conspiração” foi tão utilizada no
sentido pejorativo pela mídia, que a má fama pegou e ficou.
E, não satisfeitos, no fim dos anos noventa Hollywood lançou
o filme Teoria da Conspiração, estrelando ninguém menos do
que Mel Gibson e Julia Roberts, ambos no auge de suas car-
reiras; um filme que foi sucesso no mundo inteiro, com lucro
de 137 milhões de dólares, no qual Mel Gibson protagoniza
um lunático, estigmatizando ainda mais a expressão. Depois
do filme, sempre que a narrativa da grande mídia era posta
em cheque, eles se apressavam em usar a expressão “teoria
da conspiração”, na tentativa de descreditar seus opositores:
o mesmo fazem os conformistas ignorantes das massas em
seus blogs, vlogs e mídias sociais.
O interessante é ler os artigos online desses conformistas
sobre as supostas “falácias da lógica” cometidas em “todas”
as teorias da conspiração. Em um desses artigos, as mes-
mas pessoas que se esforçam tanto para depreciar as “teo-
rias” da conspiração alegam que fica evidente que há algum
tipo de trama (uma conspiração) por trás de tantas evidências
que os teoristas de conspiração conseguem apresentar, e os
conformistas definem esse fato como sendo uma “falácia da
escopeta”, por causa de tantas evidências que os teoristas
de conspirações conseguem jogar na cara deles, compa-
rando essa quantidade de evidências à quantidade grande
de projéteis de chumbo que uma escopeta libera em apenas
um disparo. Eu digo que fica evidente que os autores des-
ses artigos não têm muito mais do que quinze ou dezesseis
anos de idade. Se não possuem essa idade biologicamente, é
certo que a têm na mentalidade. A inaptidão e a ingenuidade
dos conformistas mostram que, além de estarem errados em

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todas as suas acusações de falácia, são eles é quem, na ver-


dade, usam apenas falácias em suas paupérrimas tentativas
de argumentação.
O que eu tenho a dizer aos detratores falaciosos, perpetua-
dores da má-fama da expressão “teoria da conspiração”, é que
as mais importantes lições que eu aprendi quando morei por
três anos nos Estados Unidos, no final da década de oitenta,
são frutos de conversas que tive com os avós e os pais dos
amigos de descendência europeia que fiz na Califórnia. Lá eu
pude ouvir diretamente da fonte os relatos de pessoas que,
antes da Segunda Guerra Mundial, nasceram e moraram na
Europa, mas não faziam parte do gado conformista europeu;
pessoas que preferiam usar as bibliotecas e os museus em
vez de buscar suas fontes de informação no rádio, nos jor-
nais e nas revistas; pessoas que mantinham correspondência
por carta e telegrama com amigos e familiares vivendo nos
países vizinhos. Essas pessoas com as quais eu tive o inco-
mensurável prazer e a honra de conversar eram considera-
dos os “teoristas da conspiração” daquela época na Europa.
No entanto, aquelas pessoas conseguiram visualizar as nuvems
negras da guerra e da opressão se acumulando no horizonte;
conseguiram fazer seus planos e suas economias antes que
a tempestade mortal da Segunda Guerra derramasse suas
enxurradas de sangue e de insanidade sobre o continente.
Antes que o martírio tivesse início, aqueles europeus se muda-
ram sãos e salvos com suas famílias para os Estados Unidos
e me contaram também o destino funesto daqueles que zom-
bavam de seus estudos e das informações que eles tentavam
transmitir, as tais “teorias da conspiração” que salvaram suas
vidas e suas famílias.
É por isso que eu digo e repito: é infinitamente preferível ser
um “teorista da conspiração” vivo do que um conformista morto.
Treine a sua habilidade de raciocínio crítico através do método
do Trivium e deixe que o gado fale o que quiser, pois, como
sabemos, o homem sábio se manifesta porque tem alguma
coisa para falar; já o idiota se manifesta porque sempre tem
que falar alguma coisa; ele não consegue ficar com a boca
fechada, não consegue manter sua inépcia apenas para si.

Este livro foi escrito em 2019/2020, e uma parte dele foi


escrita durante o embuste e a descabida histeria da quaren-
tena do coronavírus, um excelente exemplo de engenharia
social na prática, que veio dois anos após a greve dos cami-
nhoneiros no Brasil.

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Em 2018, aproveitando o ensejo dessa greve que deixou


os centros urbanos brasileiros sem comida, combustível, remé-
dios, gás de cozinha e também vários outros itens essen-
ciais para a população, eu já dizia que as pessoas tinham
que transcender o paradigma de consumidor e investir
seriamente na mudança para o paradigma de produtor das
coisas mais essenciais para sua vida e sua sobrevivência.
Não fiquei nem um pouco surpreso com o número de descul-
pas esfarrapadas para não admitir a minha visão e, principal-
mente, para nem mesmo contemplar a ideia de sair, mesmo
que gradativamente, da sua zona de conforto. Poucos con-
cordaram comigo, mas mesmo entre os que concordaram, um
número insignificante deles realmente se dispôs a engajar em
tal empreitada. A maioria se contentou em dizer que a minha
ideia era muito radical e que não havia justificativa para tal
abordagem; que as greves sempre aconteceriam, mas que a
vida sempre voltaria ao normal depois. E elas disseram isso
porque as consequências negativas daquele evento foram
irrelevantes e temporárias.
A greve dos caminhoneiros de 2018 não foi uma mano-
bra de engenharia social, entretanto, o ataque às torres
gêmeas do World Trade Center, nos Estados Unidos, na
manhã de 11 de setembro de 2001, foi um exemplo perfeito
disso e os resultados imediatos daquela manobra foram dois:
1- o aumento do poder do Estado com a extinção de vários
direitos e liberdades da população daquele país e também de
todo o resto do planeta, extinção essa que foi justificada por
meio do famoso discurso da “segurança dos cidadãos” com
relação ao “terrorismo internacional”; 2- o trauma psicológico
causado pela proporção e pela brutalidade do evento, trauma
esse que intensifica – e aumenta consideravelmente – o estado
de temor das pessoas, ao que elas passam, cada vez mais,
a vibrar na frequência mais baixa que existe em seu campo
magnético: o medo. Mas, mesmo esse evento tão nefasto não
teve maiores implicações no mercado financeiro, nos esta-
belecimentos comercias de qualquer porte, nem no emprego
ou no bolso de ninguém. O mesmo não pode ser dito sobre o
evento do coronavírus.
Está bem nítido, especialmente pela constante tentativa de
inflação descarada dos números apresentados pelos marione-
tes da mídia, que é totalmente descabida a insistência na qua-
rentena generalizada – que não passa de um eufemismo para
prisão domiciliar – e a consequente paralização e destruição
do sistema econômico mundial com a desculpa tragicômica

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de que “temos que proteger os idosos e os de saúde mais


debilitada”.
Se o evento fosse reportado como ele realmente se desen-
rola, não haveria essa vergonhosa preocupação em inflar os
dados sem provas concretas e objetivas, não haveria a preo-
cupação em manter a confusão do público com tanto sensa-
cionalismo, nem em focar a atenção de todos no medo. Se as
autoridades e os marionetes mercenários da mídia estivessem
realmente preocupados apenas com a saúde das pessoas,
bastaria focar os esforços somente na parcela da população
que é idosa e que tem a saúde debilitada, e essa parcela é
uma minoria. Um isolamento apenas desses indivíduos, feito
de forma humana e justa, seria muito mais fácil de realizar e
não quebraria o sistema econômico mundial.
O colapso do sistema econômico tem implicações muito
mais prejudiciais e muito mais duradouras do que os números
baixíssimos das ditas “vítimas fatais” do vírus, e essas implica-
ções devastadoras também vão desencadear graves consequ-
ências na saúde da população, especialmente da população
mais idosa, que as autoridades tanto insistem em “proteger”.
Foi só perceberem que as mentiras de sua “grande pande-
mia” não surtiram efeito na proporção desejada, que imedia-
tamente mudaram a estratégia para o velho golpe da guerra
racial forjada, patrocinando os provocadores e os agitadores
profissionais dos tumultos incendiários lá na Trumplândia do
Tio Sam. Nem mesmo originalidade se pode esperar desses
abomináveis banqueiros internacionais e desses “altruístas
filantrópicos” de araque no que tentam forçar a população a
implorar pela segurança que só obterão caso abdiquem de
sua liberdade individual e social.

Nada é mais falacioso – nem mais perigoso – do que a


errônea noção, cada vez mais comum tanto entre os líderes
intelectuais e políticos quanto entre a maioria esmagadora
das massas populacionais, de exaltar a segurança em detri-
mento da liberdade.  É de suma importância aprendermos
a encarar o fato de que a liberdade sempre tem o seu preço
e de que, como indivíduos, devemos estar prontos a fazer
grandes sacrifícios a fim de preservá-la.   Para isso, torna-
-se imprescindível recuperar a sanidade e o bom senso que
Thomas Jefferson expressou numa frase que serve tanto
para indivíduos quanto para todas as nações: “aqueles que
renunciam à liberdade em troca de segurança tem por conse-
quência a perda de ambos”.
A justificativa dentro da mente daqueles que não aceitam
a minha abordagem da troca do paradigma de consumidor
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para o de produtor é simplesmente o fato de que a vida em


uma propriedade rural dá muito trabalho. O engraçado é que
nove entre dez dessas pessoas trabalham no mínimo qua-
renta horas por semana – ou muito mais – em um emprego
que detestam e que as deixam deprimidas, entediadas ao
extremo e, por consequência, as deixam super insatisfeitas,
ou seja, trabalho árduo não é a questão de verdade. A ques-
tão real é que essas pessoas já estão cem por cento progra-
madas mentalmente para essa resposta e também já estão
totalmente viciadas nas futilidades da vida urbana e são delas
totalmente dependentes, tal qual um viciado é dependente de
drogas. Elas estão tão viciadas e dependentes que a simples
ideia da ausência do espaço urbano lhes choca o cérebro de
tal forma que elas nem mesmo têm a coragem de sequer con-
templar essa possibilidade.
Eu digo que, em um sítio ou em uma fazenda, os afazeres
do dia a dia são todos altamente benéficos à saúde do corpo
e da mente, especialmente se você tem consciência corporal
suficiente para não ferrar com a sua coluna ao realizar qualquer
tarefa ou para levantar qualquer tipo de peso. Na roça, não há
a menor possibilidade de sedentarismo. Quem cuida da sua
propriedade, dos seus animais e das suas plantas não tem a
menor necessidade de frequentar academias de musculação
que não passam de antros de superficialidade, de narcisismo
e também de contusões físicas de todos os tipos, muito mais
até do que qualquer trabalho na roça.
O dia a dia da vida de subsistência na roça não deixa sobrar
tempo para futilidades, especialmente as alienantes e narcisís-
ticas como mídias sociais, reality shows, sex shops, televisão,
videogames, baladas, passeios no shopping para compras des-
necessárias ou supérfluas, fofocas, etc; e também não deixa
sobrar tempo para atividades altamente prejudiciais como mas-
turbação, pornografia, bebedeira diária, consumo de drogas,
vício em jogatina, comer excessivamente, etc.
É apenas no substrato urbano que se encontra fertilidade
suficiente para a brotação de enfermidades físicas e men-
tais como tédio, psicoses, ansiedade, depressão, psicopatia,
veganismo, fenômeno do “soy boy”, arteriosclerose, cân-
cer, sedentarismo, obesidade, doenças cardíacas, diabetes,
Alzheimer, Parkinson e várias outras. E também é apenas no
substrato urbano que se encontra fertilidade suficiente para
a brotação de enfermidades sociais como Estado, socia-
lismo, comunismo, cronismo/corporatismo, parasitismo social
coletivista, sindicatos, relativismo moral, sócio-construtivismo,
feminismo, hedonismo, niilismo, vício em drogas pesadas e
em jogatina, prostituição e tráfico de crianças.
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Tanto os homens quanto as mulheres urbanas teriam que


sair totalmente de suas zonas de conforto, mesmo que gra-
dativamente, para se adaptarem ao estilo de vida na roça. As
mulheres urbanas, então, teriam que aprender a cozinhar, a
costurar e também a se embelezarem por conta própria, sem a
facilidade dos salões de beleza que infestam todas as cidades,
sejam elas cidades grandes ou pequenas. A situação chegou
tão perto do fundo do poço que as mulheres atualmente sequer
sabem cozinhar, e o pior: se orgulham disso. O feminismo
impregnado e já inerente à mulher moderna conseguiu fazê-
-la chegar ao cúmulo da sua superfluidade, ao ápice da sua
imprestabilidade, ao fundo do poço da desutilidade, da impro-
ficuidade, da inutilidade, da incapacidade, da infrutuosidade
e, para piorar todo esse quadro, o feminismo impregnado e já
inerente à mulher moderna conseguiu fazê-la chegar ao fundo
do poço da arrogância, petulância e pretensiosidade. Chega
a ser tragicômico e eu não sei se dou risada ou se vomito...
Acho que um quadro desse já é o suficiente pra dar risada e
vomitar ao mesmo tempo.
Os homens modernos também, com cegueira crônica, pre-
guiça mental, dieta à base de soja, escravocetismo, toda essa
viadagem sob o eufemismo de “metrossexualidade”, modis-
mos midiáticos, coquezinho combinando com sua barbichina
artificialmente “descuidada” e sobrancelhas feitas e perninhas
raspadas – ou pior, DEPILADAS – é o cúmulo da falta de tes-
tosterona, da falta de noção e da falta de colhões da atuali-
dade. Como estava programado, o “papai Estado” deixou a
zona de conforto urbana tão desprovida de responsabilidades
que os indivíduos que cronologicamente já são adultos, psi-
cologicamente, mesmo os mais velhos, jamais ultrapassam a
fase adolescente.
Essa relutância em abandonar a zona de conforto está
enraizada profundamente no pensamento de manada, men-
talidade essa que reflete o maior mal das grandes massas:
a tendência inconsciente de tentar se isentar de qualquer tipo
de responsabilidade. Ora, viver neste planeta implica exata-
mente em assumir a responsabilidade sobre todas as áreas
da sua vida, da área mais simples até a mais complexa, desde
a responsabilidade sobre a produção dos seus próprios ali-
mentos até a responsabilidade sobre a criação e a educação
dos seus filhos. Se os homens através da história desta colô-
nia penal houvessem mantido esse foco, eles só teriam tido
tempo para o que realmente é essencial na vida; não teria
havido tempo de sobra para eles criarem todas as futilidades
do mundo moderno. Consequentemente, não se afastariam

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tanto das coisas que são essenciais, de tal maneira que os


homens urbanos já se esqueceram e desconhecem por com-
pleto o que é realmente necessário na vida.
O maior bem do homem é a sua liberdade e o preço da
liberdade é a responsabilidade que a mesma exige e requer,
pois o indivíduo livre sempre tem que arcar com as implica-
ções e com as consequências de todos os seus atos e de
suas empreitadas, sejam de quaisquer natureza. O povão, o
verdadeiro gado, tem total pavor e uma forte alergia à palavra
‘responsabilidade’. Eles preferem delegar ao Estado – e ao
município – a tarefa de produzir e administrar tudo para eles.
Por quê? Muito simples. É porque, quando algo dá errado
ou vai mal das pernas, eles estariam isentos de culpa, isentos
de qualquer responsabilidade pelo evento, e ainda desfrutam
da oportunidade de apontar seus dedos isentos e de recla-
mar aos quatro ventos daqueles aos quais delegaram todas
as suas sagradas responsabilidades.
Bem, com o evento da pandemia de histeria no embuste
do coronavírus, as implicações e consequências se mostram
muito mais nefastas e duradouras. A queda da bolsa, a falên-
cia dos pequenos e médios negócios, todos os pacientes de
outras enfermidades e casos de emergência que acabaram
morrendo miseravelmente sem atendimento durante a duração
do embuste e também o desemprego em massa, com os con-
sequentes desespero e depressão, essas não são consequ-
ências temporárias, sem falar no trauma que essa situação vai
imprimir no subconsciente coletivo. E a fase de normalização
do absurdo pode ser verificada no que você, silenciosamente,
começa a observar as madames numa fila do caixa conver-
sando corriqueiramente sobre qual modelito mais charmoso
de máscara acharam para comprar. Engenharia social do mais
alto escalão, mas o homem artificial, com seu espírito de gado
nada crítico, além de não perceber o que está acontecendo, vai
ser o primeiro da fila na hora da implementação das soluções
confeccionadas bem antes do surgimento do problema (ou da
ilusão de problema). O homem artificial vai ser o primeiro na
fila da implantação de chips subcutâneos e de qualquer outra
medida absurda que tem como objetivo único a extinção de
liberdades individuais, oferecendo em troca uma segurança
ilusória, e essa barganha falaciosa só serve para aumentar o
poder do Estado e o alcance de seus tentáculos totalitários.
Como Thomas Jefferson já dizia: aqueles que abdicam da
liberdade em troca de segurança acabam perdendo AMBOS!

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CAPÍTULO 2

SOLITUDE – MEDITAÇÃO & CONSCIÊNCIA

(Pequenos Hábitos e Padrões Inconscientes


– Comportamento de Manada) - O MACHO SIGMA

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‘Marasmo’ é o nome da cor com a qual era pintado o inte-


rior daquela masmorra prussiana fria e retumbante, também
conhecida como ‘sala de aula’. E no soar da campainha que
anunciava o fim das tribulações escolares do dia, eu sentia a
vida voltar a me preencher tal qual se enchem os riachos no
prelúdio de uma enchente purificadora. E era exatamente para
a beira de um riacho descendo a serra, debaixo de um “túnel”
de árvores, que eu ia correndo logo depois que chegava em
casa, tirava o uniforme da escola e colocava um calção. Eu
ia descalço mesmo para a cabeça da serra onde o riacho, até
então não poluído, começava a sua descida mais íngreme, a
uns quinze minutos da minha casa a pé. Longe da visão, do
cheiro e dos ruídos urbanos, era ali que eu, desde que me lem-
bro por gente, ia me refugiar para tomar o meu banho diário
de anti-programação mental e de anti-marasmo. E marasmo,
na verdade, é a cor com a qual são pintadas as salas de todas
as escolas brasileiras, não apenas as salas daquela escola
em particular.
Minha forte atração pela solitude e pela natureza não se
extinguiu com a morte do meu avô. Na falta dele, eu mesmo
saía, explorava e encontrava lugares bucólicos para desfrutar,
sempre sozinho. Com o passar dos anos, quanto mais eu ia
me envolvendo com as coisas da vida na sociedade, mais eu
sentia a necessidade de doses cada vez maiores de proximi-
dade solitária com a natureza, a fim de equalizar o meu psi-
cossoma. Um sorriso me vem ao rosto agora ao lembrar que,
naquela época, com meus doze, treze anos, eu ainda não tinha
experienciado quase nada do lado negro e do estresse urbano
da vida em sociedade, mas mesmo assim, aquele pouco já
era significativamente relevante pra mim. Com a idade, pelo
fato de me aventurar cada vez mais profundamente nas águas
fétidas e decadentes do mundo urbano moderno, a intensidade
da atração que a solitude e a natureza exerciam sobre mim só
aumentava e eu jamais tentei fugir ou fechar os meus olhos
para essa atração. Sendo assim, encontrou solo fértil para flo-
rescer a minha maior virtude até então: adaptabilidade. E a
adaptabilidade é uma das mais importantes virtudes que você
pode possuir.
Os três assuntos do título deste capítulo são os mais impor-
tantes porque eles são os pilares sobre os quais eu desenvolvi
a minha independência emocional e social. Sendo assim, fiz
questão de abordá-los logo no primeiro capítulo. Vamos lá!
Atribuída a Socrátes, a seguinte máxima é verdadeira: “Uma
vida não examinada não vale a pena ser vivida”. Essa ver-
dade tão sutil germinou em mim desde muito cedo e, nesta

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minha jornada aqui na nossa colônia penal, descobri que as


respostas que você busca se encontram dentro de ti mesmo,
mas a maioria das pessoas tem um pavor enorme de voltar
o olhar para dentro de si e, para evitar tal possibilidade, elas
correm atrás de todos os tipos de distrações: festas, baladas,
viagens, videogames, vida social intensa, romances, substân-
cias viciantes, sexo, masturbação, vício em compras, vício em
comida, fanatismo por times de futebol, etc. Infelizmente, essa
é a situação da humanidade... mais uma vez. As pessoas bus-
cam vícios e todos os tipos de distrações porque morrem de
medo de ficar a sós consigo mesmas, com seu passado, com
seus pensamentos e com todas as suas aflições e angústias.
Entretanto, as distrações só servem para aumentar a ansie-
dade, a inquietação, a angústia, a frustração e os medos.
O único caminho rumo à paz de espírito é se voltar para den-
tro de si mesmo, com coragem e com honestidade, e a melhor
maneira é quando você está sozinho, mas a solitude apavora
e sufoca a mente mediana, rouba-lhe todo o ar.

“Cada pessoa vai suportar, vai amar, ou vai odiar a solidão


na proporção exata do valor da sua própria personalidade.
Na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesqui-
nhez, o grande espírito sente toda a sua grandeza. Quando
se está só, cada pessoa sente o que ela realmente é.”
- Arthur Schopenhauer

Sem a muleta de um vício ou de uma distração eletrônica,


física ou social qualquer, a maioria das pessoas tem verdadeiro
pavor de ficar a sós, mesmo que por apenas cinco minutos. As
pessoas não suportam a sua própria companhia e a genética
delas não apresenta uma faísca sequer de interesse para se
inteirar desse fenômeno deprimente nem de aprender como
superá-lo. A mente mediana, a mente medíocre carece de vida,
de coragem e de curiosidade científica, especialmente sobre
si mesma.
É por isso que a dor e o Mal existem: para produzir cons-
ciência nos habitantes do universo manifestado. Produzir
consciência sobre si mesmo e sobre tudo que te cerca de forma
imediata. A dor e o Mal são os mais poderosos catalisadores
que existem; são constrastes desagradáveis extremos na
rotina das pessoas que vivem num estado de ‘não alerta’, em
um estado de sonolência mental e espiritual, ou seja, a maioria
das pessoas. Esse contraste desagradável induz, provoca na
pessoa uma postura consciente. É como se fosse um ferrão
de boi especialmente feito para humanos: um pouquinho de

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dor é o suficiente pro cabra acordar e começar a prestar aten-


ção e a dar valor aos bens que vem negligenciando por não
estar consciente deles. A dor e o Mal são sinais de que algo
está errado. Interessantemente, a dor e o Mal são típicos do
ambiente urbano.
Apenas quando se experiencia o oposto de algo é que
nasce na pessoa a consciência deste algo; é no contraste que
a consciência brota. Ninguém daria qualquer valor à luz se não
fosse pela existência das trevas. O que seria do som sem o
silêncio? O mesmo que ocorre com o silêncio e o som numa
canção ocorre com a luz e as sombras num quadro: uma com-
posição musical de qualidade apresenta intervalos de silêncio;
num quadro bem pintado, todo elemento iluminado apresenta
suas respectivas sombras. O mesmo ocorre no campo das dife-
rentes cores. É só no contraste que a consciência/percepção
é produzida. Se o universo fosse todo branco ou todo preto,
não haveria a consciência nem mesmo do branco ou do preto;
se houvesse uma nota musical soando o tempo todo, ela não
seria percebida, as criaturas estariam inconscientes dela. É o
caso da necessidade da “perda do paraíso para Adão e Eva”.
No paraíso, só havia o bem; sendo assim, era impossível per-
ceber a existência do bem, era impossível estar consciente do
seu valor.
Como se você fosse um “músico existencial”, a sua mente,
as suas intuições e as suas emoções são as três partes que
constituem o seu “instrumento musical”. Se você não conhece
e não tem intimidade com o seu instrumento, a sua música
vai ser um verdadeiro caos. Pense num violonista do nível de
um Paco de Lucía, por exemplo, especialmente depois dele
incorporar a improvisação no seu currículo. De tão bem que
ele conhecia o seu instrumento, ele nem precisava olhar para
o violão enquanto tocava. O braço de um violão te proporciona
infinitas possibilidades e Paco de Lucía conhecia muito bem
cada casa e cada corda de seu violão. Ele estava tão cons-
ciente de cada corda e de cada casa do braço de seu instru-
mento que podia fechar os olhos enquanto tocava.
Você quer ter uma vida harmoniosa, prazerosa e farta como
uma execução musical de Paco de Lucía? Sim? Pois bem,
então trate de se tornar consciente do seu “instrumento”!

Pequenos Hábitos e Padrões Inconscientes

Muitas mudanças marcantes e/ou drásticas – positivas e


negativas – que ocorrem em nossa vida tiveram como ponto
de origem uma decisão trivial, corriqueira, como: ir de carro ou

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ir de ônibus, ir por essa rua ou por aquela, atender ou não a


esse telefonema, ficar quieto ou demonstrar o meu desapon-
tamento, retirar-me ou revidar o insulto, comprar ou não com-
prar, pagar à vista ou parcelar, etc. Às vezes, essas pequenas
decisões que tomamos rapidamente e, com frequência, sem
nem mesmo perceber, são os momentos-chave que acionam
toda uma sequência de eventos que pode ter proporções bem
maiores, de maneira vantajosa ou desastrosa. O problema é
que esses hábitos, padrões e tendências são realizados de
forma inconsciente; você não percebe o que está ocorrendo.
Entretanto, não é tão difícil identificar esses hábitos, padrões e
tendências inconscientes nas outras pessoas, especialmente
nas pessoas das quais você é mais próximo, com quem tem
maior intimidade. É sempre mais fácil enxergar as virtudes e
os defeitos alheios do que enxergá-los em si mesmo. Mas, por
quê? Isso se dá porque entre você e os seus próprios hábitos,
padrões e tendências inconscientes não há a mesma distân-
cia que existe entre você e os hábitos, padrões e tendências
inconscientes das outras pessoas. É exatamente a distância
que te permite analisar a situação de forma desapegada, do
lado de fora, sem qualquer envolvimento, sem qualquer apego
ou identificação que possa acionar o seu ego, ferir o seu orgu-
lho, que possa cutucar a sua vergonha. É exatamente pela
vantagem dessa distância que, em toda partida esportiva, há
um juiz que não faz parte de nenhum dos times; ele observa
tudo de fora, imparcialmente, sem qualquer identificação com
nenhum dos adversários; dentro do campo, mas sem fazer
parte dos times, observando cada jogada a partir de uma
certa distância, sem nenhum envolvimento. No entanto, nós
não conseguimos ser bons juízes de nós mesmos; não con-
seguimos ser bons observadores de nós mesmos e isso se dá
porque, aparentemente, não há qualquer distância entre nós
e os nossos corpos, entre nós e as nossas ações, entre nós
e os nossos pensamentos, entre nós e as nossas palavras;
parece que não há qualquer distância entre nós e as nossas
emoções. Não conseguimos ser tão imparciais devido ao fato
de não estarmos do lado de fora de nós mesmos e, quando
tentamos conseguir alguma distância entre nós e os nossos
hábitos, padrões e tendências inconscientes, o nosso ego e
o nosso orgulho agem como filtros impedindo que a nossa
percepção alcance o que ocorre inconscientemente dentro de
nós nesses momentos.
Quando você, em vez de controlar as suas emoções, é por
elas controlado; quando você, em vez de controlar o seu ego,
é por ele controlado, você está vivendo como um robô; um

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robô que repete obediente e fielmente sua programação toda


vez que uma situação-gatilho se apresenta. O robô tinha que
ser o seu servo, não o seu mestre. Esse robô que te domina e
que é o autor de tudo que você faz de maneira inconsciente,
às vezes, te ajuda... Por exemplo, quando você tem que fazer
duas coisas ao mesmo tempo, como falar ao celular enquanto
está comendo, ou quando tem que dar uma olhada no GPS ao
mesmo tempo que está dirigindo. Enquanto você realiza uma
das tarefas, o robô realiza a outra em seu lugar, entretanto,
essa mesma “ajuda” do robô, muitas vezes, vira desastre e
desastre sério com várias vítimas, especialmente no trânsito.
A realidade é que, no exato momento em que você fica
consciente de um hábito ou de um padrão indesejado que
até então vinha ocorrendo de modo inconsciente, você já
obteve sucesso em iniciar o processo de despadronização
do respectivo hábito, ou seja, para se livrar de um hábito ou
padrão negativo que se repete com frequência no seu dia a
dia, basta você se tornar consciente dele. Meditar não passa
de um treinamento para se tornar cada vez mais consciente
das coisas que você habitualmente realiza de maneira incons-
ciente, pouco importando se essas coisas estão na dimensão
física, na dimensão mental ou emocional. Pode acontecer
de, no exato momento em que você fica consciente de um
mau hábito ou de um padrão indesejado, você já se livra dele;
outras vezes, o surgimento dessa consciência é o momento
que marca o início do seu processo de autodesprogramação.
Alguns de nossos hábitos, padrões e tendências inconscien-
tes são bem óbvios e, por isso, muito mais fáceis de serem
identificados pela nossa consciência; outros já são bem mais
sutis e também podem se apresentar em camadas, tal como
as camadas de uma cebola.
Para se ver livre de um mau hábito ou de padrões inde-
sejáveis de pensamentos, basta você se tornar consciente
deles, especialmente na hora em que eles ocorrem. Não tente
expulsar pensamentos indesejáveis nem reprimir um mau
hábito. Apenas se torne cada vez mais consciente deles. Eles
vão acabar caindo por terra assim como folhas secas caem
do galho de uma árvore – sem qualquer interferência por
parte da árvore. Entretanto, não se esforce apenas para ficar
consciente dos maus hábitos e dos padrões negativos, mas
esteja sempre, ao mesmo tempo, receptivo e alerta a todos os
seus hábitos e padrões, sejam eles bons ou ruins, benéficos
ou nocivos, desejáveis ou não. A concentração te separa do

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resto da realidade enquanto que o desfoque – a desconcen-


tração – te devolve o acesso ao todo, dentro e fora de você,
simultaneamente.
No que diz respeito à sua mente, o estado meditativo é
um estado de entrega, de não ação; não um estado de
concentração.
‘Concentração’ significa concentrar a ação da mente em
um foco específico, mas meditação é uma não ação, é uma
entrega, um estado de relaxamento que não ocorre dentro da
mente e independe dela. Ao meditar, você não está querendo
se concentrar em apenas um ponto; você quer estar alerta a
todos os pontos possíveis, por isso é impossível estar con-
centrado enquanto se está meditando. Concentração é um
atributo da mente, não da consciência. É exatamente pelo
fato de não ocorrer na mente que a meditação é a ferramenta
cuja função é te permitir observar a sua própria mente a par-
tir de uma certa distância, sem envolvimento, como se você
fosse um árbitro esportivo imparcial, alerta a tudo o que está
acontecendo dentro do campo ou da quadra, porém sem estar
jogando. A meditação está para a sua mente assim como a
visão periférica está para os seus olhos, sem foco, relaxamento
absoluto, porém consciente, alerta.
‘Meditação’ é consciência pessoal. Em três palavras: cons-
ciência corporal, consciência emocional e a mais delicada
de todas, a consciência mental. Torne-se consciente do seu
corpo, das suas emoções e da sua mente... Você não é
nenhum dos três!
Meditar é gradativamente tornar-se consciente do que você
faz, do que você pensa e do que você sente todos os dias de
maneira inconsciente. Ao meu ver, a sua mente pertence a
você, mas a “sua” consciência não. Ao desfocar a visão, res-
pirar em Ujjayi e assumir a devida distância entre você e o seu
corpo, entre você e a sua mente e entre você e as suas emo-
ções, você está, na verdade, sintonizando a sua frequência
com a frequência do que eu chamo de “Consciência Absoluta”,
da consciência do Todo, do Logos, a consciência disso que
todos chamam de Deus...
Consciência é a parte do seu ser que está alerta para
a existência; alerta a tudo que existe à sua volta e também
alerta para tudo o que existe dentro de você. A consciência
não é um atributo da mente, como diz a Wikipédia. Tanto não
é, que você consegue observar a própria mente; pode se
tornar consciente da atividade da sua mente, se tornar cons-
ciente dos seus próprios processos mentais e emocionais.
A consciência é algo muito maior e está além da sua mente e

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além dos seus processos mentais e emocionais. Estar cons-


ciente é estar alerta, desperto; não importa se você está imó-
vel ou se movimentando. Estar desperto é estar presente e
consciente do seu corpo, consciente da sua mente e das suas
emoções. Estar consciente é estar em meditação.
A meditação está para a parte inconsciente da sua mente,
assim como a chama de uma vela está para um cômodo
totalmente escuro. A luz da vela vai, aos poucos, iluminando
pequenas partes do cômodo, às vezes revelando coisas
boas e, outras, revelando coisas ruins que sempre estiveram
ali escondidas. O despertar e o desenvolver da consciência
dentro de você é um processo sem fim; ele tem um início, mas
nunca alcança um fim; é infinito com relação ao futuro. Já a
nossa ignorância, a nossa inconsciência, essa sempre exis-
tiu; ela é infinita com relação ao passado, mas ela pode ter
fim, caso você não tenha uma mente medíocre, uma mente
que se conforma com o estado de ignorância a respeito de si
mesmo, a respeito da sua escravidão à sua biologia, ignorân-
cia a respeito da sua identificação com as emoções e identi-
ficação com os pensamentos.

Tudo que se manifesta na sua microrrealidade reflete


inexoravelmente na macrorrealidade (“Lei Hermética da
Correspondência”). Muitas vezes, os nossos hábitos, padrões
e tendências inconscientes são obstáculos sérios e, frequente-
mente, tomam a forma de autossabotagens ou de armadilhas
traiçoeiras. Na maior parte do tempo, esses hábitos, padrões
e tendências inconscientes não parecem representar ameaça
relevante, porém, na hora que temos que tomar uma decisão
importante, tenha ela que ser tomada rapidamente ou não; a
influência desses hábitos, padrões e tendências inconscientes
pode ter consequências catastróficas.
Logicamente, na primeira vez que você tenta dirigir um
automóvel, você ainda não possui nenhuma memória mental
nem muscular do ato de dirigir, memórias essas que ficam
impressas no psicossoma e sempre entram em ação toda vez
que você se põe a dirigir. É assim que a repetição de uma ati-
vidade nos possibilita realizá-la de forma mecânica, tal qual
um robô, e é por isso que não demora muito tempo até você
já estar dirigindo com o braço esquerdo apoiado na janela ou,
pior ainda, falando ao celular enquanto dirige. É o robô que
está realizando uma significativa porção de cada ação, ou está
realizando uma delas totalmente sozinho. Você não precisa
ser antagônico ao seu robô; precisa apenas saber que ele
existe, saber que ele está te controlando; conscientizar-se de

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que o seu robô está controlando-o em situações nas quais ele


deveria estar completamente ausente e, através dessa tomada
de consciência, reassumir o controle desse robô e passar a
usá-lo como um assistente, um ajudante; passar a usá-lo de
forma consciente a partir de então.
A jornada meditativa tem início, mas não tem fim. A per-
feição não existe e, se existisse, iria variar muito de pessoa
para pessoa, de cabeça pra cabeça. A meditação proporciona
crescimento ininterrupto, um novo desafio e um novo teste a
cada dia, a cada hora, a cada momento.
Não cobre perfeição de quem medita, pois a perfeição que
todos tendem a exigir do meditador não passa da sua projeção
pessoal, de uma ilusão. Mesmo os meditadores mais expe-
rientes continuam a ser desafiados e testados todos os dias,
de formas cada vez mais sutis. Essa é a beleza da meditação.
Meditação é uma jornada, não algum prêmio de perfeição
cósmica te esperando no final da viagem. Meditação é um fim
em si mesma; jornada e destino ao mesmo tempo, em apenas
uma “atividade”.
A sua mente é uma ferramenta tremendamente poderosa
e também é a ferramenta que mais vai te ajudar no dia a dia.
Ela é a ferramenta da qual você mais vai fazer uso durante as
atividades cotidianas e também durante toda a sua vida.
O seu instinto é uma ferramenta muito importante também,
mas a sua mente é significativamente mais acessada e mais
utilizada do que ele. É por isso que é tão importante educar e
administrar bem a sua mente, certificando-se de que a manu-
tenção dessa ferramenta esteja sempre em dia, a fim de que
ela continue realizando suas tarefas de forma segura e efetiva,
sem apresentar defeitos sérios. Isso é de suma importância
porque a mente é como uma ferramenta de corte, ou de
aquecimento intenso, ou até mesmo como uma arma qual-
quer: se mal utilizada, ela pode acabar te ferindo gravemente.
A mente possui, ao mesmo tempo, o poder de ser um extraor-
dinário aliado seu, mas ela também tem o poder de arruinar a
sua vida de forma contundente e irreversível. O extraordinário
poder produtivo da mente humana é diretamente proporcional
à sua fragilidade. A mente pode te guiar no rumo certo, mas
ela também pode se fragmentar em mil pedaços. Da mesma
forma que uma mente bem educada e bem administrada pode
proporcionar uma vida de paz de espírito, de serenidade e de
sabedoria – mesmo tendo você passado por abuso ou trauma
–, uma mente desatendida e negligenciada, mesmo nunca
tendo sofrido trauma ou abuso, pode desencadear um verda-
deiro inferno na sua vida ou, no mínimo, pode te proporcionar

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uma existência insípida, estressante, confusa, insatisfatória e


angustiante. No entanto, são raríssimas as pessoas que dedi-
cam alguma atenção ao desenvolvimento da mente; raríssi-
mas são as pessoas que dedicam algum tempo ao estudo e
à compreensão dos mecanismos dela.
Outro ponto importante a respeito da mente humana é que,
apesar da enorme importância do papel que ela exerce em
nossas vidas, saiba que a mente não tem lugar nos momen-
tos sublimes da nossa existência; momentos de relaxamento
prazeroso e de total entrega ao momento presente. É exata-
mente a intromissão da mente a todo instante que atrapalha
e obstrui o regozijo pleno em tais momentos. No inverno, a
satisfação e o prazer que você sente ao sentar-se na varanda
para se banhar nos últimos raios de sol do dia, fumando o seu
charuto ou o seu cachimbo enquanto ouve uma boa música
e toma o seu café, ou o seu chá, o seu vinho ou o seu melhor
whisky, só é plena se você não estiver se ocupando com os
seus pensamentos naqueles momentos; essa satisfação só
é completa se você não estiver se identificando com os seus
pensamentos. Os pensamentos vão estar passando pela sua
cabeça tal qual andorinhas voando dentro de uma igreja, mas
você, apesar de vê-los voando por ali, mantém a distância e
até mesmo ri silenciosamente quando uma dessas “andori-
nhas” dá um “vôo rasante mais perto” de você. É por causa
da falta de distância entre você e os seus pensamentos que
muitos momentos sublimes ou prazerosos da sua vida pas-
sam e você fica com aquela sensação de que não os desfru-
tou totalmente, uma sensação de satisfação interrompida, ou
seja, uma sensação de insatisfação.
A solitude e a meditação ativa são as chaves que abriram
as portas para o meu autoconhecimento, desenvolvimento
pessoal, desapego e paz de espírito. Eu nada seria sem essas
duas chaves. Atualmente, se eu quiser, eu posso até mesmo
me dar ao luxo de começar a dedicar interesse e tempo à
meditação passiva, tradicional, só por curiosidade.

O Comportamento de Manada

O famoso comportamento de manada baseia-se em ape-


nas um pilar: a necessidade vital que os seres humanos têm
de pertencerem a um grupo. Entretanto, essa necessidade
também é sinônimo de dependência e, para as mentes não
medianas, isso se torna um problema, além do fato de que o
nível de interação com qualquer grupo e de dependência dele
pode muito bem variar de um indivíduo para outro.

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Veja bem, a noção de “individualidade” (não confundir com


“individualismo”) está total e completamente ausente nos inte-
grantes de um formigueiro, de uma colmeia, de um cupinzeiro,
ou nos integrantes de uma manada de gnus nas grandes pla-
nícies africanas, e isso também ocorre com a grande maioria
das pessoas, especialmente depois de seis décadas de doutri-
nação marxista nas instituições de ensino e em toda a grande
mídia, só que nem todo ser humano é portador de uma mente
tão desprovida de autonomia e de bom senso. Há um número
cada vez maior de seres humanos que enxergam claramente
que são indivíduos e não apenas mais uma mera engrena-
gem nesse gigantesco engenho autoritariamente insano, frio
e caótico que é a nossa colônia penal chamada Terra, onde o
Estado se transformou na religião vigente, num tipo de culto
profano e subversivo que recompensa a cega obediência
dos seus adeptos com pão mofado, circo sem graça e muita
depravação sexual.

“Se quiser escravizar uma população, certifique-se de que


haja liberdade sexual em abundância... Para aliviar a tensão.”
- Aldous Huxley

“A nossa tendência de duvidar, o distanciamento que nos


permite racionalizar acaba quando nos reunimos em grupo.
O calor e o efeito contagiante do grupo vence o ceticismo do
indivíduo. Este é o poder que você conquista criando um
culto. Além disso, brincando com a sexualidade reprimida das
pessoas, você as leva a ver a exaltação dos seus sentimen-
tos como sinal da sua força mística. Você adquire um poder
imenso trabalhando com a insatisfação das pessoas no seu
desejo de uma espécie de unidade promíscua e pagã.”
[trecho da Lei #27 do livro ‘AS 48 LEIS DO PODER’]

O ‘Homem Sigma’

As flores ou folhas de algumas plantas nunca se molham


ou se sujam. A planta de lótus, por exemplo, tem superfí-
cies super-hidrofóbicas. Seja de chuva ou de orvalho, gotas
d’água que caem sobre ela se soltam e descem rolando.
Se você submergir uma flor de lótus dentro d’água e depois
retirá-la, ela já vai sair da água completamente seca. Debaixo
de chuva, a lótus não apenas permanece seca, mas as gotí-
culas rolando na sua superfície coletam pequenas partículas
de sujeira enquanto rolam, ou seja, a flor de lótus é tam-
bém autolimpante. Imaginando você como sendo uma lótus e

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imaginando a sociedade como sendo a água, tira-se a seguinte


moral dessa estória: dependendo da sua personalidade e das
suas necessidades, você (a “lótus”) pode escolher se retirar
fisicamente da sociedade (a “água”) e viver afastado do con-
tato social, ou você pode escolher permanecer fisicamente
na sociedade (como a lótus dentro d’água), envolvendo-se
apenas o suficiente para poder, honesta e educadamente,
usufruir das únicas interações sociais que proporcionam os
meios e os recursos que suprem as suas necessidades, e você
faz isso sem se tornar parte da sociedade, sem se identificar
com ela e o comportamento de manada. Você estará para a
sociedade assim como a lótus está para a água: totalmente
protegido e imune. Da mesma maneira que a lótus pode estar
na água sem se molhar, você pode viver fisicamente na socie-
dade sem se influenciar por ela, sem participar e sem ser
infectado pela ignorância ou pelo comportamento de manada
da sociedade. E se você optar por qualquer uma das duas
opções, aqui vai uma dica óbvia, mas preciosa para facilitar
a empreitada: nunca mais assista TV nem ouça rádio!
Esses dois meios de comunicação em massa são os maiores
perpetuadores da deplorável condição de massa de mano-
bra de toda a sociedade moderna. Elimine-os de sua vida
e, quando na internet, descarte toda e qualquer plataforma
e (des)informação que siga ou imite o modus operandi de TV
e rádio.
O termo “macho sigma” originou-se do estudo do com-
portamento dos lobos. O macho alfa é o lobo que tem todo
o trabalho de liderar a matilha, o que implica em tomar todas
as decisões para o bando, como, por exemplo, quando e
onde caçar; ele tem que rechaçar intrusos solitários ou lide-
rar a defesa contra um bando invasor do seu território; tem
que vigiar todas as jovens fêmeas do bando, pois como só
o casal alfa pode procriar, as outras fêmeas da matilha cos-
tumam dar suas escapadas quando estão no cio, causando
muito estresse ao macho alfa; já o lobo sigma, apesar de ter
todo o potencial para fazer tudo aquilo que o alfa faz, prefere
não lidar com tanta dor de cabeça. Ele vai ter mais trabalho
para se alimentar, mas julga ser um preço não muito alto a
pagar pela sua liberdade e, especialmente, pela ausência
de tanta tensão. Um lobo sigma é um animal que age inde-
pendentemente ou geralmente vive – ou passa um tempo –
sozinho, em vez de com uma matilha. Entretanto, depen-
dendo das circunstâncias, muitas vezes, esse lobo acaba por
formar sua própria matilha, tornando-se o macho alfa dela,
tendo então que liderar, prover, proteger e cuidar do bando.

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Já um homem sigma vai além do lobo sigma, pois esse tipo


de homem jamais, em nenhuma circunstância, vem a se inte-
ressar em ser um alfa. O homem sigma é um indivíduo que
age de forma independente e prefere fazer as coisas por conta
própria, preferindo a solidão, seguindo a sua jornada sozinho e,
muitas vezes, também trabalhando sozinho. O homem sigma
não abdica de sua individualidade; ele é um não conformista,
um espírito livre que não se submete aos padrões sociais de
comportamento aos quais se submetem o homem alfa, o beta
e ômega. O homem sigma é geralmente introspectivo e prefere
não interagir direta e significativamente com pessoas estra-
nhas ou com pessoas que não lhe são próximas; ele despreza
por completo os títulos e honrarias sociais, e também não dá
a mínima importância aos rótulos pejorativos que a sociedade
joga em sua direção. O homem sigma tem uma personalidade
distinta de todos os outros tipos de homens; ele é frequente-
mente taciturno e se distingue dos demais pela sua natureza
reservada.
Este aqui é um livro que apresenta a visão, o método de
raciocínio e também as experiências de um homem que é inde-
pendente emocional e socialmente, um homem insubmisso,
um macho sigma, um homem que não cede e não se submete
às falsas promessas de felicidade de uma vida superficial e
artificial: a vida urbana.

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A IMPORTÂNCIA VITAL DO ESPÍRITO CRÍTICO
CAPÍTULO 3

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Sempre questionei tudo, inclusive – e particularmente –


as minhas próprias ideias, pensamentos e posicionamentos.
E eu nunca considerei essa postura como algo de difícil aqui-
sição. Essa atitude perante a vida sempre me foi natural e se
desenvolveu de forma serena e gradual, aos poucos, sempre
com tentativas, erros e suas superações. Ao meu ver, espe-
cialmente nos dias de hoje, a maior virtude que você pode ter
não é ser crítico apenas com relação as pessoas das quais
você desconfia, mas ser especialmente crítico com relação às
pessoas que você mais admira e nas quais você se espelha.
Dito isso, é imprescindível mencionar que a palavra “fanático”
veio do Latim “fanaticus”, significando “louco, entusiasta, exa-
gerado”, e a expressão “fã” é simplesmente o encurtamento
dessa mesma palavra.
Pois bem, era a noite de 10 de março de 1988, nos basti-
dores do ‘Kaiser Convention Center’, em Oakland, Califórnia,
Estados Unidos, e eu, então com 22 anos de idade, estava na
presença da minha maior referência masculina até então, o
vocalista de heavy metal, Ronnie James Dio, o qual, naquela
mesma noite, exceto como vocalista, iria perder toda a sua
moral comigo... E ele seria apenas o primeiro de várias des-
sas referências masculinas, ídolos e gurus que eu iria deixar
pra trás ao longo do tempo.
Numa louca empreitada aventureira compartilhada com
um baterista e um guitarrista brasileiros amigos meus, eu,
inconscientemente impelido pelo entusiasmo da fantástica
perspectiva de ganhar a vida como vocalista de metal, tendo
acesso às vulvas mais suculentas e mais rosadinhas da Costa
Oeste Americana, fui embora para San Francisco, nos Estados
Unidos, no início de 1987, em busca do ingênuo sonho ado-
lescente do estrelato nos palcos de heavy metal daquele país.
A minha vida lá se dividia entre os canteiros de obra da cons-
trução civil de dia e, de noite, os ensaios da minha banda que
agora contava com um baixista norte-americano de apenas
24 anos de idade, Eric Wong, por meio do qual eu iria entrar
para a mais cobiçada panelinha social e profissional do thrash
metal mundial da época, conhecendo e fazendo amizade com
figuras como David Godfrey e Lee Altus, respectivamente o
vocalista e o guitarrista do Heathen, sendo que, mais tarde,
Lee substituiria o guitarrista Rick Hunolt na banda de thrash
metal Exodus; com figuras como Rob McKillop, Gary Holt, Tom
Hunting, Paul Baloff e Steve ‘Zetro’ Souza, respectivamente
o baixista, o guitarrista, o ex-vocalista e o então vocalista do
Exodus; com Kirk Hammet, guitarrista do Metallica; e também

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com Chuck Billy e Alex Skolnick, respectivamente o vocalista


e o guitarrista do Testament.
Tendo conseguido um passe para os bastidores do show do
Dio no ‘Kaiser Convention Center’, em Oakland, cidade onde
eu então residia, após o término do show, eu e outros porta-
dores do passe nos direcionamos ao lado do palco de onde
fomos conduzidos através de uma escadaria até uma sala
grande, com mesas postas com comida e bebida bem ao lado
do camarim do Dio e seus músicos. Após mais ou menos meia
hora de espera, a banda adentrou a sala e então pudemos
interagir com todos os integrantes. Os bateristas ali presentes
foram conversar com o baterista do Dio, Vinnie Appice; os gui-
tarristas foram conversar com o guitarrista do Dio na época,
Craig Goldy; e os baixistas foram conversar com o baixista
dele, Jimmy Bain. Eu e os outros três ou quatro vocalistas, é
claro, rodeamos o Dio.

(Eu e Dio nos bastidores do ginásio do ‘Kaiser Convention Center’)

Apesar de, na época, o Dio ter sido a minha maior referência


como vocalista e também como pessoa, naquele momento, eu
estava muito sereno, como me é de praxe em toda situação
incomum, e uma fila informal se formou em volta dele, cada
um aguardando a sua vez de interagir com o astro por alguns
minutos.
Eu fui um dos primeiros a ter a chance de conversar com o
Dio e, sem perder tempo, pedi para ele dar conselhos e orien-
tação para um vocalista de metal iniciante, pois esse era o meu
caso. Ele foi muito objetivo e muito preciso em seu aconselha-
mento e também se mostrou muito humilde e gentil. Após me
responder, posamos juntos para uma foto. Entretanto, depois

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da nossa interação, eu não me afastei muito dali, pois queria


ouvir o que ele ia conversar com os outros que aguardavam
a sua vez, mas para a minha total decepção, o cara que veio
falar com ele logo em seguida fez uma pergunta sobre futebol,
e eu pude ver nitidamente um sorriso cheio de brilho brotar no
rosto do Dio, o qual se pôs a falar sobre futebol americano com
um entusiasmo e com uma descontração até então velados.
Vindo do Brasil, onde o fanatismo pelo futebol sempre me
causou extrema repulsa, eu sempre vi com maus olhos todo
tipo de fanático, especialmente os fãs de esporte, e mais espe-
cialmente ainda os fãs de esporte que são apenas espectado-
res, ou seja, que não praticam o esporte (do time ou do atleta)
do qual são fãs, e ao ver o Dio agir como um fanático por fute-
bol, tudo o que eu fantasiava sobre a personalidade dele caiu
por terra em apenas alguns segundos. A segunda esposa – e
empresária – dele, Wendy Dio, disse numa entrevista que, em
casa, ele costumava ficar sentado com um violão no colo assis-
tindo esportes na TV o tempo todo, vidrado no jogo, vidrado
na TV. Na minha visão crítica, aquela faceta dele colocou em
cheque absolutamente toda a liberdade e autonomia que ele
sempre pregou nas letras de suas músicas e, para mim, liber-
dade e autonomia devem ser de forma total, plena. Não me
importo se eu estava sendo severo demais naquela análise
sobre o Dio. Sou severo comigo mesmo, então mantenho a
coerência. No processo de desenvolver e cultivar a percepção
mais fiel possível da realidade, o que importa realmente é a
atitude de jamais baixar a guarda, nunca colocar ninguém em
um pedestal.
Outro exemplo muito didático e objetivo que posso dar dentro
deste tema envolve a figura polêmica do Bhagwan Rajneesh,
também conhecido como “Osho”. Antes de falar dele, entre-
tanto, para que você me entenda com mais clareza, faz-se
necessário elaborar um pouco sobre os conceitos “apolíneo”
versus “dionisíaco” da cultura greco-romana.
Na mitologia grega, Apolo representa raciocínio crítico e
ordem, e apela à lógica, à prudência e à pureza do homem.
Já Dionísio é o deus do vinho e da dança, da irracionalidade
e do caos, e apela à emoção e aos instintos mais baixos do
homem. Na cultura romana, Dionísio é representado por Baco,
de onde se originou o termo ‘bacanal’. Acho que não preciso
dizer mais nada. Mantenha esses conceitos em mente para
melhor entender a minha abordagem sobre o Rajneesh, ou
Osho, o guru do sexo.
Em 1998, fui apresentado a um livro dele intitulado “Além
das Fronteiras da Mente”. Esse livro foi a minha introdução

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à meditação, e eu não dei bola para o fato de Osho, durante


toda a obra, tentar denegrir totalmente os processos men-
tais em favor das emoções (termo que ele cuidadosamente
eufemiza utilizando a palavra ‘coração’ em seu lugar).
Mesmo assim, fiquei muito entusiasmado – e agradecido –
por finalmente poder compreender o que é meditação de ver-
dade e então, imediatamente, parti para a segunda obra dele:
“O Livro Orange”. Escolhi esse livro para ler em seguida porque
ele apresenta apenas exercícios de meditação, não deixando
espaço para os apelos falaciosos à emoção, tão constantes
no livro lido anteriormente. Entretanto, no Livro Orange, pude
perceber que eu podia descartar mais de trinta por cento dos
exercícios ali ensinados, pois tinham muito mais a ver com
uma imaginação fértil do que com tudo que o Osho, usando a
lógica, tinha explicado sobre meditação no livro anterior.
O primeiro choque veio no terceiro livro dele que li:
“Do Sexo à Supraconsciência”, em que ele te mantém fisgado
utilizando suas referências à meditação – que é o único conte-
údo dele que presta – ao mesmo tempo em que elabora sobre
como você deveria ser totalmente permissivo com relação aos
seus apetites sexuais a fim de conseguir transcendê-los, pois,
segundo a retórica dele, controlar é sinônimo de reprimir, o
que não é bom, então controlar os seus impulsos mais baixos
seria o mesmo que “reprimi-los”. Isso constitui uma contradi-
ção com relação a tudo o que ele mesmo ensina sobre medi-
tação, além de ser uma falácia que vai diametralmente contra
todos os princípios estoicos que o Osho, cuidadosamente,
jamais menciona em seus livros. E tendo ele sido professor
de filosofia na faculdade de Raipur Sanskrit e na Universidade
de Jabalpur, na Índia, é óbvio que ele tinha conhecimento da
filosofia estoica, mas jamais a mencionou em suas palestras.
Eu escolhi o livro “Do Sexo à Supraconsciência” para ler em
seguida exatamente pelo fato de já estar totalmente influen-
ciado por toda a falácia libertina propagada pela televisão,
pelo cinema e pelas músicas às quais eu havia sido exposto
desde tenra infância e, especialmente, durante a adolescên-
cia. A liberdade sexual era e continua sendo o principal cha-
marisco da figura do Osho e sua organização. Noventa e nove
por cento dos seguidores dele, muitos inconscientemente, só
estão interessados mesmo é na libertinagem que ele apoia,
defende e divulga; usam a desculpa da “meditação” para agi-
rem como agem e ainda por cima são passivamente arrogan-
tes em sua postura de uma suposta superioridade espiritual
devido ao fato de serem praticantes de meditação.

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A derradeira pá de cal no defunto foi quando li o último capí-


tulo, ‘A Look Into the Future’, da sua obra “O Livro da Cura:
da Medicação para a Meditação”, em que ele abertamente
condena como “nojento” e “animalesco” todo o processo da
reprodução humana, e encoraja a reprodução ‘in vitro’ (feita
em laboratório), na qual um óvulo perfeito e um esperma per-
feito são escolhidos em vez de utilizar o óvulo e o esperma
dos próprios pais da criança.
Os membros do culto Rajneesh, desprovidos de qualquer
senso crítico e totalmente movidos por suas emoções, ale-
gam que “é óbvio que esse capítulo não foi escrito por ele”;
que isso foi uma “manipulação do conteúdo do Osho após a
sua morte”. A minha resposta a essa alegação ridícula é que
Rajneesh (“Osho”) nunca escreveu nenhum livro. Todos os
livros dele são compilações de suas palestras gravadas ao vivo
para seus sannyasins. Sendo assim, como eu mesmo fiz, para
ler nas entrelinhas do conteúdo do Osho, é preciso primeiro
entender Uppaluri Gopala Krishnamurti (U.G. Krishnamurti),
cujo conteúdo vai te surrar até a humildade e a realidade nua
e crua. U.G. Krishnamurti vai te preparar para essa jornada.
Ele é um mestre de verdade e é muito severo.
Depois disso, estude os fatos por trás do nascimento do
movimento da ‘Nova Era’, da Sociedade Teosófica do ocultista
Charles Webster Leadbeater, sob a tutela da socialista e teo-
sofista britânica Annie Besant, e estude também como foi que
o próprio “messias” por eles eleito, preparado e programado
desde a infância, Jiddu Krishnamurti, teria, por “vontade pró-
pria”, dissolvido e abandonado a sua “Ordem da Estrela do
Oriente”, uma organização que havia sido estabelecida para
apoiar a ascensão de Jiddu como “mestre mundial” do movi-
mento da Nova Era para um novo mundo com apenas uma
religião, uma única soberania global; um novo mundo com
apenas um governo, e tudo isso rumo a uma Nova Ordem
Mundial, um mundo (socialista) de “paz” e “igualdade”, exa-
tamente como está descrito no argucioso hino comunista do
espancador de mulheres, John Lennon: “Imagine”.
Quando você terminar esse material, pesquise e estude
transhumanismo em paralelo com o conteúdo de Jan Irvin
sobre engenharia social e sobre o Projeto MK Ultra da CIA,
e também o que você puder encontrar sobre o ‘Instituto
Tavistock’ (Londres, Inglaterra) e sobre o ‘Instituto Esalen’
(em Big Sur, Califórnia). Se você conseguir digerir tudo isso,
então, e somente então, será capaz de começar a ter uma
noção sobre quem Rajneesh realmente era e o que ele repre-
sentava e ainda representa.

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Eu tenho dois amigos ex-sannyasins que moraram e traba-


lharam em uma boate de propriedade do Rajneesh, em Berlim,
nos anos 80. Ou seja, quando Rajneesh estava vivo, havia
drogas, dinheiro de venda de drogas, trabalho escravo e total
promiscuidade por todo o lugar. E esse era apenas um dos
pontos comerciais de angariação de fundos da Organização
Rajneesh na época. Portanto, considerando suas empreitadas
citadas aqui e tudo que ocorreu simultaneamente na cidade de
Antelope, no Oregon, por conta do culto, alimentando a uto-
pia de Rajneeshpuram nos Estados Unidos, não é tão óbvio
que o capítulo ‘A Look Into the Future’ não tenha sido “escrito”
pelo Osho.
As pessoas ingênuas não sabem que, como ocorre com todo
vigarista de primeira linha, para se tornar tão grande quanto
Rajneesh se tornou, é preciso fornecer realmente um conteúdo
muito bom, e oitenta por cento do material das publicações
dele é muito útil, mas tenha certeza de que sempre há algo
por trás. Não custa nada bancar o ‘advogado do diabo’ com
os seus próprios dogmas e com as suas próprias suposições
mais preciosas. É exatamente isso que significa coragem e
honestidade intelectual.
Resumindo: aprendi a meditar de verdade com o Osho, e
eu o admirava muito por essa parte do conteúdo que ele dis-
ponibilizava, mas devido ao meu senso crítico nato, nunca fui
vítima do resto do conteúdo falaciosamente dionisíaco – e
transhumanista – dele.
De acordo com o filósofo Arthur Schopenhauer e, neste
caso, de acordo com puro bom senso, devemos concentrar
nossos esforços em desenvolver as aptidões e os dons que
nos são inerentes, naturais. Entretanto, a nossa maestria –
ou, em alguns casos, a genialidade – em qualquer área deve
ser respeitada e vigiada atentamente. Por quê? A fim de não
cairmos no erro de extrapolar essa maestria – ou geniali-
dade – para além dos limites em que ela está comprovada.
Essa vigília nos tornará capazes de enxergar facilmente quando
alguém que temos como referência ou modelo a ser seguido
extrapola seus próprios limites, seja indeliberada ou proposital-
mente. O ego e também a má intenção podem ser os agentes
causadores dessas extrapolações. Se você está em vigília e
sempre alerta a essas extrapolações em si mesmo, fica muito
fácil observar essas extrapolações nas outras pessoas.
Além do caso do Osho, posso citar outro exemplo:
eu admiro muito a perspicácia incomum do Olavo de Carvalho
na política e na engenharia social, mas não dou ouvidos
a ele quando se trata de religião ou da simpatia dele pelo

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sionismo, não me importando se essas extrapolações dele


são indeliberadas ou mal-intencionadas.
Outra boa ilustração dessas extrapolações é a estória de
um exímio sapateiro que, em uma feira livre, ao observar um
pintor realista localmente famoso finalizando uma bela pintura
de um santo, não resiste à tentação de corrigir o pintor quanto
à impossibilidade das tiras das sandálias do santo estarem
dispostas como estavam nos pés dele. O pintor examina as
sandálias que tinha pintado nos pés do santo e imediatamente
faz as correções sugeridas pelo sapateiro, agradecendo-lhe
a importante ajuda. Surpreso e entusiasmado com o agrade-
cimento, o sapateiro então sugere ao pintor não usar tantas
sombras naquele quadro, no que o pintor dá uma gargalhada
e retruca bem-humorado ao sapateiro: “Agradeço a sua boa
vontade, amigo, mas você agora está se metendo em uma
área da qual você nada entende”.
Mas, agora, vamos voltar um pouco mais no tempo; aos
anos setenta. Em 1971, aos cinco anos de idade, é claro que
eu nem sabia ler ou escrever, mas a minha natureza curiosa
e muito prática me proporcionou uma façanha simples, porém
muito importante.
Nas noites de natal, eu mal conseguia dormir da tanta ansie-
dade por abrir os presentes na manhã seguinte, e no natal
daquele ano, eu tive a simples e brilhante ideia de, ali pras
quatro horas da manhã, esconder-me numa área da pequena
casa de onde eu, sem ser visto, pudesse observar o movimento
na copa e na sala, a fim de poder ver esse tal de Papai Noel
trazer um velocípede novo que eu tinha pedido de presente.
Apesar de estar sentado num cantinho confortável atrás de
uma cortininha de plástico debaixo de uma pia, eu mal podia
me conter em silêncio total. Na expectativa de finalmente ver
o meu querido Papai Noel, a cada mínimo ruído pela casa, o
meu coração parecia que ia pular pela boca. E não é que, lá
pelas cinco, cinco e pouca da manhã, para o meu total desa-
pontamento, eu vejo o meu pai e a minha avó carregando os
presentes para debaixo da árvore de natal na sala. Aquela foi
a primeiríssima “red pill” da minha vida. Inconscientemente, é
óbvio, ao mesmo tempo, eu aprendi a não criar expectativas
com relação a nada e também que o tal de “Papai Noel” não
existia. Mas aquela experiência ainda não havia terminado ali.
No ano seguinte, já no primeiro dia de aula na pré-escolinha,
os primeiros assuntos que a professora resolveu pôr em pauta
foram o período de férias que havia acabado de terminar e
o natal com os presentes que cada um ganhara, e eu caí na
asneira de relatar a minha pequena aventura “red pill” para

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toda a turma. A professora ficou vermelha na hora, arregalou


os olhos como se tivesse ouvido a declaração mais chocante
de sua vida e me disse que eu era muito novinho para pensar
daquela maneira, como um adulto, e que eu devia parar de agir
daquele jeito. É claro que o que ela me disse entrou por um
ouvido e saiu imediatamente pelo outro, pois, naquele exato
momento, eu senti e percebi na minha cabecinha de criança
que eu possuía algum tipo de vantagem sobre todos os cole-
guinhas de turma. É claro que eu ainda não sabia bem o que
era, mas o espírito crítico – e prático – fervia forte dentro de
mim.
Um espírito crítico, quando não é nato, pode ser cultivado
e treinado por meio do ‘Método do Trivium’, que é uma meto-
dologia para aprender a pensar e a raciocinar correta e criti-
camente. Vou abordar o Trivium no capítulo 8 deste livro.

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A SINA MALDITA DAS CRIANÇAS
CAPÍTULO 4

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Quero chamar a sua atenção para este capítulo em espe-


cial, pois foi na sua infância que tudo começou.
Se você é um cara que se apaixona com facilidade, ou um
romântico incurável, ou se é um cara mais emotivo do que
racional; ou se você é racional, mas se deixa dominar emo-
cionalmente em contextos afetivos, saiba que isso é resultado
de uma espécie de ‘treinamento’ involuntário ao qual você tem
sido submetido desde a sua mais tenra infância.
A televisão foi a pior “babá” cujos “serviços” a classe média
poderia ter usado... Uma total ingenuidade e negligência por
parte dos pais.
Até então, absolutamente NADA do tipo havia existido na
face da terra e, como se soubessem muito bem o que estavam
fazendo, os pais começaram a permitir que suas crianças fos-
sem expostas por períodos cada vez mais longos aos estados
mentais induzidos pelas transmissões televisivas. Mal sabiam
eles que esses são estados mentais completamente opostos
aos proporcionados pela leitura.

Televisão: Cavalo de Troia Satânico

No mundo todo, a televisão é a distração favorita das mas-


sas. É muito fácil enxergar porque, para um grande número
das pessoas, a televisão tem um efeito “relaxante”.
Observe a si mesmo e verá que, durante todo o tempo
que a sua atenção permanece focada na tela, a sua ati-
vidade cognitiva se mantém suspensa, neutralizada. Por
longos períodos de tempo, você fica assistindo a filmes, seria-
dos, programas de entrevistas, jogos, shows de variedades,
quadros de humor e até mesmo a reality shows e a anúncios
comerciais, isso tudo sem que quase nenhum pensamento
ou questionamento – muito menos qualquer crítica – passe
pela sua mente. Enquanto está ali, você deixa de pensar nos
seus problemas por um tempo e isso o relaxa momentanea-
mente, tal qual uma anestesia local, uma bebida ou outra droga
qualquer. Entretanto, embora a porção consciente da nossa
mente possa ficar cognitivamente inerte por um bom tempo,
a porção inconsciente dela permanece integralmente ativa e
absorvendo as mensagens explícitas – e também as mensa-
gens implícitas, o que é muito mais grave – da programação
exibida na tela – ênfase na palavra ‘programação’. Nessas
horas, você está completamente vulnerável, em um estado
passivo semelhante ao estado de um transe hipnótico, com
a suscetibilidade ampliada e o córtex pré-frontal literalmente
desligado.

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Inversamente, a leitura proporciona uma experiência con-


trária, induz a um estado oposto, que te faz processar as
informações, indagar e questionar. É por isso que a televisão
se tornou a ferramenta predileta na manipulação da opinião
pública pelos políticos, por grupos que defendem  interesses
específicos e por anunciantes que gastam fortunas para nos
prender nesse estado de inconsciência  receptiva, no estado
de entrenimento. Eles querem que suas mensagens se tor-
nem nossos pensamentos e, frequentemente, conseguem.
Isso é o que, por falta de melhor vocabulário, eu vou descre-
ver como “Magia Negra Faustiana”.
Assim como as drogas, a distração televisiva tem uma alta
capacidade de viciar. Agora, caso apresente alguma qua-
lidade, o conteúdo da programação pode, até certo ponto,
neutralizar e, algumas vezes, até mesmo desfazer o efeito
hipnótico e entorpecedor da TV, entretanto, mais de 99,9% do
que é exibido nas telas está nas mãos de psicopatas e seus
marionetes narcisistas. Sendo assim, pode-se afirmar muito
categoricamente que o real objetivo dos donos dessa meia
dúzia de grandes redes emissoras é nos controlar, nos colocar
para dormir, nos deixar cada vez mais inconscientes. As emis-
soras de menor porte nada mais fazem do que tentar seguir
o modelo de programação das grandes líderes de audiência,
ou seja, tudo farinha do mesmo saco.
O hábito de se expor à televisão com frequência e por lon-
gos períodos não só te deixa cronicamente inconsciente como
também te induz à passividade e drena toda a sua energia.
Essa drenagem diária te conduz a um estado de ‘depressão
latente’ e esse estado pode se apresentar de forma sutil em
algumas pessoas e copiosamente em outras. Experimente
ficar uma semana inteira sem assistir à televisão nem ouvir
rádio para você notar como a sua psique fica mais leve e reju-
venescida. O mesmo pode ser dito sobre as redes sociais,
especialmente a pior de todas elas: o “Fakebook”.
Lembre-se: todas as criações do homem surgem na mente,
em primeiro lugar! Tudo de bom e de ruim que existe teve
a mente como ponto inicial, como “Ground Zero”. E qual é a
importância disso?
Bem, a importância disso é que 99% da população do pla-
neta não só ainda está totalmente inconsciente de seus proces-
sos mentais e emocionais, mas também continua alimentando
esses processos cada vez mais intensa e cegamente, rece-
bendo um crescente fluxo diário de informação cuja qualidade
depende da frequência na qual vibra cada pessoa. Vou sim-
plificar com um exemplo.

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Nada melhor do que usar os dois maiores mecanismos de


busca da internet, o Google e o YouTube, para conseguir amos-
tras numéricas mais do que suficientes para concluir estatisti-
camente qual é o tipo de mentalidade predominante no Brasil
e no mundo. Os números não mentem, só que a maioria das
pessoas está distraída demais para perceber a gravidade da
situação de um país onde um cara como Felipe Neto – cuja
ascensão “pós-corona” não é nada orgânica – tem mais de
40 milhões de seguidores. Não importa quem esteja por trás
dessa manipulação política da imagem dele; o que importa
é que, no que eu escrevo este livro, 40 milhões de pessoas
seguem figuras como Felipe Neto e Whinderson Nunes. Isso
é sinal claríssimo de que estamos chegando cada vez mais
rápido ao fundo do poço.

Na China antiga, avaliava-se a saúde mental de uma popu-


lação simplesmente observando a música que ela produzia.
Esse método simples e milenar tem que ser usado hoje tam-
bém e, além dele, um método muito menos penoso: basta
usar os números dos mecanismos de busca da internet para
verificar o estado da mais completa insanidade da sociedade
moderna como um todo. E o escopo do problema não se
resume a isso; a coisa fica muito mais séria pelo fato de que
o público-alvo do Felipe Neto são CRIANÇAS. Não apenas
isso, mas percebe-se facilmente, pelos comentários deixados
nos vídeos dele, que as mães apoiam abertamente o canal
desse crápula que, agora, também está se vendendo às pio-
res oligarquias que atuam nos bastidores do fétido picadeiro
político tupiniquim; oligarquias essas que não iriam desperdi-
çar os 40 milhões de potenciais – e fiéis – votos fáceis dando
sopa num canal daquele tipo. Com 40 milhões de votos, você
vira qualquer eleição presidencial.
Agora, raciocine comigo... Se uma figura vulgar, rasa e tão
nova no cenário como Felipe Neto já exerce uma influência
dessa magnitude na população infanto-juvenil de um país
do porte do Brasil, o que dizer de algumas figuras icônicas
muito bem projetadas e firmemente impressas nas raízes da
infância de várias gerações através de uma tecnologia muito
mais elaborada e com alcance infinitamente maior do que o
alcance de um youtuber em um país de 3º mundo? O que
dizer de figuras que foram projetadas por especialistas para,
incontestadamente, cativar os olhos e as mentes de toda e
qualquer criança as quais fossem expostas, em qualquer parte
do mundo?

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Sim, estou falando dos personagens da “titia querida” de


tantas gerações ocidentais: a ‘Disney Company’.

“Get them while they’re young and bend their minds.”

Em português: “Pegue-os enquanto eles são jovens e


entorte a mente deles”.
Mesmo se o autor de uma declaração como essa não for
um iniciado, ela não deixa de ser uma citação satânica. Ela
é de autoria de Spencer Dryden, baterista da famosa banda
de rock californiana ‘Jefferson Airplane’, dos psicodélicos – e
inorgânicos – anos 60, década-marco oficial do início dos tra-
balhos satânicos sistemáticos e em larga escala no ocidente,
cuja peça-chave seria Hollywood, na Califórnia.
O solo já se encontrava fértil, receptivo e tecnologicamente
equipado para a empreitada traiçoeiramente camuflada como
“entretenimento”, do vocábulo ‘entreter’, palavra cujos três sig-
nificados, ignorados por todos, são: 1) manter o espectador –
ou a si mesmo – fixado em uma determinada ideia ou em um
determinado estado mental; 2) prender ou desviar a atenção,
distrair; 3) iludir; enganar com astúcia, com promessas, etc.
Contextualizando, se você quiser entender como os movi-
mentos “anti-guerra” (Vietnã) e da “contracultura” da década
de 1960 nos Estados Unidos foram infiltrados, sequestrados e
literalmente projetados pela inteligência militar americana com
o auxílio da CIA, basta ler “Weird Scenes Inside the Canyon:
Laurel Canyon, Covert Ops & The Dark Heart of the Hippie
Dream”, disponível em inglês, livro que custou a vida de seu
autor, David McGowan.
Nesse livro de McGowan, você vai observar que o eixo em
torno do qual girava o conjunto de atividades operacionais
com a inserção de psicodelismo na música, na televisão e no
cinema era constituído por experimentos aplicados na imple-
mentação de controle mental e de lavagem cerebral com
finalidades geopolíticas diversas, de curto, médio e longo prazo
e também utilizava técnicas já consagradas de guerra psico-
lógica. Aquele foi um projeto bem-sucedido, mas já havia um
esquema mais antigo – e da mesma natureza – se desenro-
lando efetivamente desde a Segunda Guerra Mundial.

“Eu abordo a mente de uma criança como se fosse um livro


em branco. Durante os primeiros anos de vida, muito será
escrito em suas páginas. A qualidade do que se escreve ali
vai afetar profundamente a vida dela.” – Walt Disney

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Num planeta como esta colônia penal aqui, o maior tesouro


de uma criança se transforma na sua maior tragédia: ino-
cência. A mente de uma criança é uma lousa em branco,
totalmente aberta e receptiva ao mundo exterior e, levando
em consideração o planeta em que vivemos, é fácil perce-
ber como, através de toda a nossa história, essa abertura
e receptividade infantil tem, na realidade, agido muito mais
contra as crianças do que em favor delas.
O plano mental é a principal esfera da metafísica, da magia.
O universo e o mundo que habitamos são fenômenos men-
tais e tudo que deliberadamente manipula e/ou limita o pro-
cesso e a capacidade mental das pessoas – especialmente
das crianças – faz parte efetiva do lado negro da magia.
Os incautos que passam horas assistindo à televisão todo dia,
se ainda tivessem alguma capacidade intelectual, deveriam
tentar ponderar sobre isso.
O mais grave é que, além de estarem viciados nessa sin-
tonia de baixíssima frequência, eles incentivam as crianças a
também passarem horas, todos os dias, com os olhos vidrados
na mesma tela insidiosa e infernal, usando a televisão como
babá.
É por isso que nem todo avanço tecnológico deveria ser
bem-vindo, pois essa nossa sociedade positivista e faustiana
desvinculou a ciência da filosofia e, com isso, só avançou na
área tecnológica enquanto regride cada vez mais rápida e con-
tundentemente na área espiritual, da razão e do bom senso.
A maioria das pessoas é completamente incapaz de conce-
ber os extremos de maldade e insânia que um número extre-
mamente significativo de crianças enfrenta por todo o globo,
sofrendo as piores consequências imagináveis – e também
inimagináveis.
O assunto sobre o qual a grande mídia nunca fala é que o
mercado mundial de tráfico de menores para fins de exploração
sexual e fins ainda mais sinistros chega a render cem bilhões
de dólares todo ano e, infelizmente, muitas dessas crianças
entram nesse sistema pelos próprios pais; não precisam ser
abduzidas.
De acordo com o ‘Centro Internacional Para Crianças
Desaparecidas e Exploradas’ e com o jornal Arab News de
maio de 2020, a cada ano, oito milhões de crianças desapa-
recem em todo o mundo e esse número representa apenas os
casos que foram denunciados/registrados. Apenas nos Estados
Unidos, 800.000 crianças desaparecem anualmente, incluindo
as que se perdem em aglomerações urbanas, as que fugiram
de casa ou as que são raptadas. Entretanto, os piores casos

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são das crianças que desaparecem sem haver qualquer pista.


Mas se a crueldade contra a criatura humana mais indefesa e
mais inocente que existe pode chegar a tais números, o que
dizer então da quantidade dos casos menos severos e das
crianças que os sofrem dentro do próprio ambiente familiar,
sem jamais virem à tona? O que dizer dos casos que perma-
necem velados, os infames segredos que toda família oculta?
O que dizer desses casos?
O interessante é que a maioria das pessoas também já
passou por algum tipo de tormento ou abuso sórdido dentro
do próprio lar ou em ambientes que eram tidos como “segu-
ros” e “confiáveis”, mas o sistema de defesa da nossa mente
nos faz o favor de embaçar ou de apagar da porção cons-
ciente de si mesma essas memórias tétricas que tem todo o
potencial de nos fazer vibrar por anos a fio em frequências de
medo, culpa, desapontamento, ressentimento, raiva e depres-
são, ou disso tudo ao mesmo tempo, o que é péssimo para
o psicossoma, especialmente para o sistema imunológico.
Em casos extremos de abuso ou trauma, a mente pode se
estilhaçar como um espelho, criando um ou mais alter egos,
que também são mecanismos da mente para auxiliar a criança
a lidar com a perversidade extrema sofrida.
Com o passar dos anos, foi pra mim ficando cada vez mais
claro que o meu espírito crítico nato não era a regra, mas a
exceção... E o fato de mais de noventa e nove por cento da
população urbana ser fiel e religiosamente devota aos seus
aparelhos de televisão não deixou mais nenhuma dúvida
quanto a isso. Infelizmente, os meus pais não fugiam à regra
e isso me custou caro – como custa caro a todas as crianças
dessa nossa colônia penal.

“Por que ser um governador ou um senador quando você


pode ser o Rei da Disneylândia?” – Walt Disney

Com o obsceno e nefasto evento da Segunda Guerra Mundial,


através de uma das várias frestas deixadas pela tradicional
ignorância e negligência parental, a camufladíssima magia
negra de Walt Disney, tal como uma serpente peçonhenta,
deslizou irremissivelmente para dentro do inconsciente das
crianças.
A magia do mundo de Disney é um dos maiores culpados pelo
romantismo, pelo “manginismo” e pelo estado crônico de sono-
lência, obediência cega e inércia do homem contemporâneo
de intelecto mediano, sempre esperando pelo tão prometido
sonho se tornar realidade.

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Foi assim que, na época da segunda grande guerra, um


povo que acreditava ser livre caiu sob uma crescente sombra
de malícia e dependência enquanto seu mundo declinava ao
estado de guerras sem fim.
Mas, como num passe de mágica, de dentro do caos desse
mundo alanceado, surge uma figura despretensiosa, um homem
que buscava construir um mundo de um encantamento estra-
nho, uma terra que podia cativar todos que ansiavam por um
passado mais inocente, um refúgio supostamente seguro onde
a magia florescia e os ecos das risadas de alegria pudessem
abafar os sons das sirenes, bombas e tiros de mais uma guerra
mundial.
O reino desse homem se transformou rapidamente num
império que encoraja crianças a nunca crescerem e diz aos
adultos que eles jamais precisam sair dali.
Ao contrário dos reinos da literatura, esse território não exige
uma peregrinação árdua e perigosa para ter uma chance de
adentrar seus portões mágicos; esse império é acessado por
meio da grande mídia, especialmente pela televisão.
As décadas se passaram... As noites pareciam mais longas
enquanto as sombras eminentes envolviam gerações, socie-
dades e nações e, paralelamente, o reino de suposta felici-
dade e magia dos quadrinhos encontrou sua passagem rumo
à televisão, ao cinema, às paredes do quarto das crianças,
das creches e das salas de aula infantis.
A maioria não se preocupou com isso, mas quem poderia
culpá-los por sua cegueira? Eles mesmos nunca estiveram do
lado de fora daquele refúgio encantado, sempre distraídos e
entretidos desde a infância, tendo a própria natureza de sua
realidade moldada por maquinações capciosas.
Entretanto, algumas pessoas abandonaram o refúgio e
deixaram os portões escancarados para quem os quisesse
seguir, questionando as intenções de tão grandiosa ilusão.
Do que exatamente estariam eles sendo distraídos? Quais eram
os reais motivos pelos quais adultos estavam sendo constante-
mente encorajados a manterem sua mentalidade infantil para
sempre? E por que uma corporação, aparentemente de origem
orgânica e declarando pureza em seus propósitos, procuraria
tão acirradamente dominar todas as mídias de entretenimento
ao mesmo tempo que sempre andou de mãos dadas com os
ventríloquos e mestres de marionetes oligárquicos que, por
trás dos políticos e dessa mesma grande mídia, lucram com
suas crises pré-fabricadas, com suas guerras orquestradas,
com o terrorismo, com a extorsão institucionalizada e sempre
ditaram o status quo de todo o ocidente?

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Tudo aponta para o fato que todos nós tivemos o mesmo


tipo de infância, de uma forma ou de outra, sendo entretidos
por Walt Disney com seu império, cujas produções e serviços
se tornaram sinônimos de ‘bondade absoluta’.
Filho de um empreendedor fracassado e, não surpreen-
dentemente, um devoto socialista, Walt Disney nasceu em
1901 e abandonou a escola aos dezesseis anos por causa
de sua fixação em lutar na Primeira Guerra Mundial. Por ser
muito jovem para se alistar nas forças armadas, o máximo
que conseguiu foi um cargo de motorista de ambulância
da Cruz Vermelha, em Paris, mas ele não hesitava em se
gabar da suposta importância da sua participação na guerra.
Anos mais tarde, ele diria com toda seriedade:

“Se temos que mandar soldados para a guerra, deveríamos


enviá-los ainda mais jovens do que de costume”.

Depois da guerra, Disney conseguiu um emprego de ilustra-


dor artístico num jornal em Kansas City. Ele usou as conexões
que lá conseguiu para penetrar no cenário da produção de
animações para anúncios comerciais numa produtora publi-
citária chamada ‘Kansas City Film Ad Company’.
Em 1922, Disney, seguindo os passos de seu irmão, Roy,
começou sua escalada na hierarquia maçônica e a alusão
direta à maçonaria mereceria destaque especial na área VIP
de acesso exclusivo e super restrito do parque, no coração
da praça New Orleans: o ‘Clube 33’. A entrada do clube fica
próxima ao restaurante ‘Blue Bayou’ na Royal Street, nº 33
– identificado por um enorme e ornamentado número ‘33’ ao
lado da porta e também apresentando o tradicional assoalho
maçônico em xadrez preto e branco.
Disney se desligou da empresa publicitária para abrir uma
produtora de animações infantis, mas veio à falência não muito
tempo depois. Então, em 1923, do “nada”, ele e seu irmão
se mudaram para Hollywood e fundaram a ‘Disney Brothers
Studio’, que evoluiu para a ‘Disney Company’ que conhece-
mos hoje.
Na sequência, Walt se casou com uma das artistas funcio-
nárias da empresa, Lillian, com quem teve duas filhas, uma
natural e uma adotada.
Mickey Mouse, a galinha dos ovos de ouro de Disney, só
surgiria em 1928, e seu sucesso levaria os irmãos Disney em
uma turnê pela Europa mais tarde, começando com uma visita
à família “real britânica” e a oligarquias políticas.

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Em 1935, a infame e ardilosa ‘Liga das Nações’ – primeira


tentativa globalista frustrada de infectar o mundo com uma
instituição da mesma natureza abominável da ONU – con-
cede oficialmente a Walt Disney uma medalha prestigiando a
popularidade de Mickey Mouse e, poucos anos mais tarde, a
Disney Company lucraria tremendamente ao permitir que essa
popularidade do ratinho simpático e sorridente fosse usada
de forma pujante e ostensiva pela máquina de guerra como
uma massiva caiação em seu muro encardido de corrupção e
sangue. Mickey e Donald seriam as simpáticas e superfamo-
sas figuras-chave na manipulação da percepção do público
com relação à realidade da guerra e também na exortação da
população estadunidense a apoiar essa guerra e a encorajar
o alistamento em massa dos jovens americanos.
A psicologia por trás de toda essa jogada é que, no sub-
consciente das massas de manobra ocidentais, a imagem
icônica de Mickey Mouse impressa no subconsciente coletivo
tem o poder de invocar emoções específicas profundamente
conectadas à infância, emoções essas que funcionam como
um filtro que altera a percepção das pessoas a respeito do
real contexto em que a imagem desse ratinho está envolvida,
uma imagem profundamente marcante que se tornou um
símbolo poderoso e sempre foi o emblema ocidental de ino-
cência, alegria e esperança, três coisas que representam
exatamente o OPOSTO da realidade corrupta, degradante e
covarde da guerra, especialmente no caso da primeira e da
segunda guerras mundiais.
Aqui está a minha versão da citação de Franklin D. Roosevelt
definindo o que é a guerra:

“Guerra é uma multidão de jovens ingênuos morrendo e um


pequeno punhado de velhos ardilosos conversando.”

Além da enorme, funesta, intensa e repugnantemente bem-


-sucedida utilização publicitária de Mickey Mouse e do pato
Donald em toda a campanha de recrutamento militar e da
comercialização de ‘Títulos de Guerra’ (“War Bonds”) em
prol da Segunda Guerra Mundial, a partir do lançamento de
‘Branca de Neve e os Sete Anões’, em fevereiro de 1938, tam-
bém observa-se a tremenda predominância de personagens
femininos desprovidas de pai e mãe, sempre sendo criadas
por madrastas tóxicas, e sem contar com a presença de qual-
quer figura paterna. Além disso, todas elas são jovens prince-
sas cuja única virtude é a beleza física e que sempre contam
com o espírito de sacrifício e com a fidelidade à doutrinação

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da descartabilidade masculina de algum príncipe cegamente


apaixonado.
Essas são as mais perigosas mensagens subliminares...
Enquanto a porção consciente da sua mente está focada nas
imagens na tela e na sequência da estória, a parte inconsciente
dela está absorvendo tudo que não parece estar diretamente
relacionado à estória. O problema surge devido ao fato de
que a porção da sua mente que está inconsciente é tremen-
damente maior do que a parca porção que está consciente.
É por isso que o subconsciente é estupendamente mais pode-
roso do que o consciente e do que a força de vontade.
Sabendo muito bem disso, esses tipos de produções infan-
to-juvenis se aproveitam dessa total ingenuidade e também
da tremenda suscetibilidade de seu público-alvo, usam a pró-
pria natureza protetora masculina e a desequilibram delibe-
radamente, extrapolando-a para muito além dos limites de
segurança que o bom senso e os seus instintos poderiam te
proporcionar e, na conjuntura social e judicial contemporânea,
isso representa um enorme perigo na área afetiva, social e
profissional da vida do homem.

Essas produções são a primeira dose de programação men-


tal implantada na psique dos meninos que assistiram – e ainda
assistem – aos desenhos e filmes produzidos pela Disney
Company. É exatamente aí que começa a se desenvolver o
cisto do “amor” romântico e do sentimentalismo no inconsciente
dos garotos, ao mesmo tempo que, nas meninas, desenvolve-
-se a noção de que a única coisa que elas precisam fazer na
vida é se embelezarem fisicamente para atrair algum incauto
que sempre vai se sacrificar para salvá-la e protegê-la dos
perigos desse mundo cruel. Essas duas noções totalmente
distorcidas nascem como um cisto, mas se transformam em
uma bola de neve quando chega a adolescência na vida de
ambos os sexos.
Como eu já me manifestei anteriormente sobre a novidade
do evento da televisão, até então, absolutamente nada do tipo
havia existido na história das civilizações, mas os pais, sem
questionar nem aguardar por um período de testes, trouxeram
esse cavalo de troia para dentro de casa e começaram a per-
mitir que seus filhos fossem expostos por períodos cada vez
mais longos aos estados mentais induzidos pelas transmissões
televisivas. Isso mostra a fragilidade dos pais modernos. Como
assim? Pois bem, pense num “recall” automotivo. “Recall” é
um termo em inglês cuja tradução é “chamada de volta”. Essa
chamada é feita para informar ao público que um automóvel

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recém-lançado apresenta um defeito de fábrica e que os pro-


prietários devem retornar à concessionária a fim de submeter
o veículo à troca das peças defeituosas – ou para devolverem
o carro e serem ressarcidos. A chamada é feita como aviso
de que utilizar o carro naquele estado pode oferecer riscos à
segurança.
Além de mim mesmo, conheço muitas pessoas cautelosas
que, ao se interessar por uma nova tecnologia qualquer, seja
ela um carro, um outro produto ou um serviço, antes de ado-
tá-la ou comprá-la, aguardam pacientemente enquanto os
tradicionais “bois de piranha” apressadinhos testam o respec-
tivo produto ou serviço. Só depois que a qualidade e a efici-
ência do produto ficam realmente comprovadas é que essas
pessoas cautelosas se sentem seguras para realizar a aqui-
sição ou para adotar a nova tecnologia. Entretanto, devido à
aparente inocuidade de um aparelho de TV, os pais sequer
consideraram agir dessa maneira com relação à televisão.
Só agora podemos comprovar o resultado mais que cabuloso
e as sérias consequências dessa ingenuidade parental.
As reviravoltas na jornada de Disney até então, especial-
mente as falências nos negócios, encontrariam um fim com o
evento da Segunda Guerra.
Através de documentos reabertos pela ‘Lei da Liberdade de
Informação’ nos Estados Unidos (‘Freedom of Information Act’
- F.O.I.A.), constatou-se que Walt Disney foi realmente recru-
tado e contratado pelo F.B.I. para espionar Hollywood, e logo,
de recurso individual do Departamento Federal, Walt começou
a expandir rapidamente, criando e utilizando secretamente os
serviços de uma pequena rede de informantes subordinados
e, com muita satisfação, estabeleceu a ‘Walt Disney Company’
como um contratante estatal atuando também em outros seto-
res. Essa relação simbiótica entre Walt e a CIA foi vital para a
expansão da Disney rumo à costa leste, onde ele literalmente
conquistou e dominou o estado da Flórida, mas não por meios
éticos e benevolentes como se espera de uma entidade cuja
imagem foi cuidadosamente trabalhada ao nível de ‘sagrada’.
A partir de meados da década de 1960, quando a Disney
decidiu estabelecer o ‘Parque Temático Disney World’, eles
estavam determinados a conseguir terras abaixo dos preços
de mercado e os agentes da Disney se envolveram em uma
ampla movimentação para garantir que os vendedores não
soubessem quem compraria a propriedade na Flórida Central.
Ao recorrer a essas táticas, a Disney adquiriu mais de qua-
renta quilômetros quadrados de terra pagando menos de 400
dólares por hectare. Mas, como manter o controle depois que

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o império da Disney foi adquirido? A solução acabou sendo


simples, como nos desenhos animados, graças à CIA.
O contato principal da CIA com a Disney foi William “Wild
Bill” Donovan, o consagrado “Encarregado de Operações
Escusas” da CIA.
Às vezes chamado de «Pai da CIA», Wild Bill Donovan
também era o sócio fundador da ‘Donovan, Leisure, Newton
& Irvine’, um escritório de advocacia de Nova York cujo corpo
de advogados incluía um futuro diretor da CIA, William Casey.
Os advogados de Donovan não só forneceram identidades
falsas para os agentes da Disney, mas também criaram um
centro de comunicações secretas e orquestraram uma eficiente
campanha de desinformação.
Para manter o “controle sobre o desenvolvimento geral” do
projeto, Disney e seus consultores perceberam que “a empresa
teria que encontrar uma maneira de limitar o poder de voto
dos residentes privados”, embora eles reconhecessem que
seus esforços violassem a “Cláusula de Proteção Igualitária”
da Constituição dos EUA. Aqui, novamente, a CIA estava lá
para ajudar.
O principal estrategista jurídico da Disney na Flórida era
um agente clandestino sênior chamado Paul Helliwell. Em
1960, depois de ajudar a lançar a guerra secreta da CIA na
Indochina, Helliwell se mudou para Miami para coordenar
operações secretas contra Fidel Castro. Em um “seminário”
confidencial realizado pela Disney em maio de 1965, Helliwell
propôs uma abordagem que até hoje permite que a Disney
Company evite a tributação e a regulamentação ambiental,
além de manter sua imunidade da Constituição dos EUA. Foi a
mesma estratégia adotada pela CIA para estabelecer e manter
a influência direta em países estrangeiros de seu interesse:
crie um governo fantoche e use esse regime para realizar o
seu trabalho sujo.
Embora ninguém morasse lá, Helliwell aconselhou Walt
Disney a estabelecer pelo menos duas cidades fantasmas e,
depois, manipular esses governos fantoches para controlar o
uso da terra e garantir que 100% do dinheiro público gerado
pelo parque temático permanecesse nas mãos da Disney. No
papel, elas seriam duas cidades americanas como outra qual-
quer – exceto pelo fato de que seus únicos residentes oficiais
seriam o seleto grupo leal à Disney, escolhidos a dedo e que,
periodicamente, “elegiam” os funcionários que, por sua vez,
cediam “legalmente” o controle total aos executivos da Disney.
No início de 1967, a legislatura da Flórida criou as duas “cida-
des” de Hallowell, ambas recebendo os nomes dos reservatórios

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artificiais criados pelos engenheiros da Disney, obstruindo o


fluxo de água natural da área. Quando você visita o Magic
Kingdom da Disney, está visitando a cidade de Bay Lake, na
Flórida; a outra era a cidade de Lake Buena Vista. Nas duas
“cidades”, violando as Constituições dos EUA e da Flórida, a
legislação de engenharia da Disney estabeleceu uma qualifi-
cação de propriedade para ocupar cargos eletivos, exigindo
que todo candidato a qualquer cargo fosse proprietário – dire-
tamente ou através de um administrador – de imóveis situados
na cidade, para que pudessem ser elegíveis, especialmente
para ocupar o cargo de vereador.
Embora tendo sido promulgada pela legislatura, essa e
outras peças cruciais dessa legislação pró-Disney, que remo-
delaria a região central da Flórida e afetaria a vida de deze-
nas de milhões de pessoas, foram escritas por equipes de
advogados da Disney Company que trabalhavam em Nova
York, na empresa Donovan, e em Miami, nos escritórios de
Helliwell. Os advogados da Disney na Califórnia assinaram
o texto antes dele ser enviado para Tallahassee, onde, sem
mudar uma palavra, os legisladores da Flórida aprovaram a lei.
“Ninguém nem pensou em ler o texto”, comentou um ex-de-
putado ao ser entrevistado. Mais tarde, depois que as casas
foram vendidas, as legislaturas em conformidade excluíram do
domínio da Disney todos os moradores de Celebration a fim
de impedi-los de votar. Aqueles que estavam lá nunca esque-
ceram o dia em que a Disney inaugurou o que realmente seria
um “reino mágico” na Flórida: magicamente acima da lei.
O governador e seu gabinete vieram de Tallahassee; equi-
pes de TV estavam presentes juntamente com os líderes civis
mais eminentes da Flórida. No horário marcado, as cortinas se
abriram. Na tela, Walt Disney deu seu sorriso muito amado e
autodepreciativo; depois anunciou que, na Flórida, ele iria criar
um novo tipo de América, não apenas um parque temático.
Se podia-se dizer que a Flórida, entre todos os muitos melo-
dramas dos últimos 500 anos, teve apenas um momento deci-
sivo, foi porque naquele local, naquele momento específico, a
distinção entre realidade e fantasia desapareceu inteiramente.
Walt Disney fumava quase quatro maços de cigarro por dia e
já estava morto no dia dessa apresentação. Fumante crônico,
ele tinha morrido de câncer de pulmão sete semanas antes
do evento. Na tela, enquanto os lábios de Disney se moviam,
as pessoas na plateia murmuravam concordando; enquanto
as mãos dele gesticulavam, todos assentiam sorridentes em
aprovação.

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Um mês antes de morrer, Disney confirmou que tudo era


um truque: “Não haveria proprietários de terras e, portanto,
nenhum controle de eleitores”, respondeu Disney quando per-
guntado como ele planejava manter o controle do complexo.
Ao transformar o estado da Flórida e seus estatutos em
seus assistentes e facilitadores particulares, a Disney e seus
sucessores foram pioneiros de um modelo de negócio base-
ado no subsídio público do lucro privado associado à imuni-
dade corporativa das leis, regulamentos e tributação impostos
a pessoas reais que agora vem caracterizando cada vez
mais a economia dos Estados Unidos e do resto do mundo:
o maldito cronismo.
Ao longo das décadas, a Disney World mostrou que, uma
vez saboreada, a impunidade parcial nunca é demais ou sufi-
ciente. À medida que os poderes da Disney aumentavam,
seus lobistas garantiam que o estado da Flórida perdesse até
mesmo a autoridade para proteger o público de acidentes,
ferimentos ou até mesmo de morte em seu “reino mágico”.
Em junho de 2005, Rob Jacobs, na época chefe do ‘Bureau of
Fair Rides Inspection’ (“Departamento de Inspeção de Parques
de Diversão”), na Flórida, resumiu o significado dessa impuni-
dade: “Não temos autoridade para fechar o parque nem para
interditar os brinquedos”.
Durante a vida adulta e também depois da morte de Walt
Disney, os desenhos e outras produções da Disney Company
têm atuado como uma verdadeira máquina doutrinadora de
mentes jovens e também como um prolífico distribuidor global
de entretenimento, ou seja, uma potência cultural mundial
em forma de um monopólio que se espalha mundo afora e
mente adentro, incontestado e sutilmente, sem sofrer qualquer
crítica devido a sua incansável e bem-sucedida campanha de
glorificação de sua própria imagem, estabelecendo-se como
modelo de suposta virtude e interação humana em todos os
níveis e áreas. Com isso, as crianças que crescem sob a men-
toria dos desenhos e produções da Disney vão carregar para
dentro de sua juventude e de sua vida adulta os conceitos e
princípios questionáveis transmitidos pela empresa em suas
produções fantásticas... E o pior de tudo: vão transmiti-los aos
seus filhos e netos.
Na mente ingênua dos pais, já que a marca Disney é “sinô-
nimo de virtude e esperança”, não há qualquer problema em
deixar seus filhos pequenos na sala sob a tutela da “babá”
mais sinistra e traiçoeira que o mundo já viu.
Nos bastidores exclusivos do mundo da Disney, a transfor-
mação de crianças famosas em jovens depravados e vulgares

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não é “mera coincidência”. Veja os casos de mega estrelas


da “música” pop como Britney Spears, Hannah Montana/Miley
Cyrus e Christina Aguillera. O verdadeiro cego é aquele que
não quer enxergar.
Agora, depois de ficar ciente disso tudo, já vamos ler a cita-
ção seguinte com outros olhos:

“O nosso maior tesouro nacional é a mente das nossas


crianças.” – Walt Disney

Em 2009, uma pesquisa nos Estados Unidos revelou que


crianças de dois a cinco anos de idade já assistiam à televisão
numa média de 32 horas por semana; quase que a mesma
carga horária semanal de trabalho de seus pais. Atualmente,
42% das crianças americanas têm seu próprio tablet ou um
aparelho celular e a Disney Company continua sua empreitada
sombria, ensinando às crianças o que é importante na vida, o
que é ser homem e o que é ser mulher.
Para citar apenas os maiores nomes, a Disney é dona
majoritária da ESPN, da Touchstone Pictures, da Marvel,
da Lucasfilm, da A&E, da Fox Studios, do History Channel,
da Lifetime, da ABC (American Broadcasting Company) e da
Pixar. Aqui estão também algumas das principais marcas e
franquias da Disney: Star Wars, Os Muppets, Princesas da
Disney, Piratas do Caribe, o Ursinho Puff e Indiana Jones.

A televisão é o monstro traiçoeiro, subversivo e infernal de


aparência mais inofensiva e mais trivial que já existiu na his-
tória da humanidade... Um monstro que domina as famílias e
corrompe as crianças desde muito cedo e, agora, o mesmo
conteúdo nojento da televisão pode ser encontrado nos tele-
fones celulares que a grande maioria dos pais gostam de pre-
sentear aos seus filhos mesmo antes dos dez anos de idade.
Não é à toa que eu digo e repito: neste mundo, não existe
nenhum casal que tenha estrutura intelectual nem emocional
para ter filhos.
Pare e reflita comigo: quando alguém quer adquirir seu pri-
meiro carro, aprende a dirigir antes de comprá-lo; quando quer
confeccionar roupas, antes de mais nada, aprende a costurar;
se deseja cuidar da saúde alheia, faz faculdade de medicina
ou de enfermagem; se almeja ser um bom cozinheiro, antes,
aprende a cozinhar; se quer jogar xadrez, primeiro, aprende
a jogar, etc. Entretanto, quando as pessoas decidem ter um
filho, que é a decisão mais séria que alguém pode tomar na
vida, ninguém se preocupa em se preparar adequadamente

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de alguma forma, fazer uma faculdade de psicologia, ou de


psicopedagogia, ou de terapia ocupacional, ou qualquer outra
coisa. Quando o assunto é pôr um filho no mundo, ninguém
se preocupa em se preparar seriamente para o evento; agem
a partir de puro romantismo, de tradicionalismo cego e escra-
vidão à sua própria biologia. Antes de ter filhos, as pessoas
não se preocupam em aprender absolutamente nada sobre o
mundo da criança e sobre como educar uma criança! Quando
muito, algumas mães se informam um pouco – ou leem alguma
coisa – sobre o período da gestação e sobre o primeiro ano de
vida do bebê; só isso. Todo débil mental – ou seja, a maioria
das pessoas – pensa que já está apto e preparado para trazer
uma criança ao mundo e para educar essa criança de forma
satisfatória. Isso é bem mais trágico do que cômico.

A Substância Mais Perigosa do Mundo

Aqui vai apenas mais um exemplo simples e gravíssimo do


total despreparo dos pais e pretendentes a esse cargo.
A coisa mais perigosa e mais prejudicial para a nossa saúde
é o açúcar em todas as suas formas e, no entanto, todos os
casais viciam seus filhos em açúcar desde a mais tenra idade.
Se você quer ter filhos, mas ainda segue a pirâmide alimen-
tar estipulada pela insidiosa OMS (‘Organização Mundial da
Saúde’), você é parte do problema, pois já está mais do que
provado que as doenças inflamatórias são TODAS relacio-
nadas ao consumo de carboidratos, não de gordura nem de
proteína, muito menos de qualquer tipo de colesterol.
Gordura, colesterol e proteína não são apenas benéficos,
mas são também essenciais para o bom funcionamento do
seu corpo. Os causadores e/ou agravadores de quadros de
câncer, doenças cardíacas, diabetes, Alzheimer, Parkinson,
dentre outras doenças, são os carboidratos.
Repare bem que há aminoácidos essenciais (proteína) e
ácidos graxos essenciais (gordura), mas simplesmente não
existe nenhum “carboidrato essencial”. Isso se dá porque o
seu corpo consegue produzir todo o carboidrato que necessita,
mas não consegue produzir os aminoácidos nem os ácidos
graxos essenciais.
Ninguém está dizendo que o nosso corpo não precisa de
carboidratos, mas ele produz perfeitamente todo o estoque de
que precisa. Sendo assim, a porcentagem de carboidratos a
ser incluída na sua alimentação diária é ZERO.
Eu reverti o meu quadro de pré-diabetes e me mantenho
protegido dela e de outras doenças inflamatórias simplesmente

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adotando hábitos alimentares com um baixíssimo consumo de


carboidratos e, frequentemente, eliminando os carboidratos
por completo do cardápio. Além disso, conheço pessoalmente
vários casos de pacientes com diabetes tipos 1 e 2 que pude-
ram cessar completa e permanentemente o uso de insulina e
dos outros remédios depois de apenas seis meses seguindo
a dieta cetogênica/”low carb”, a dieta “zero carb” e/ou a dieta
carnívora.

Por que a questão da saúde tem sido o maior centro das


atenções nos últimos 60 anos? Por que os homens pré-his-
tóricos não tinham essa preocupação? Por que o homem
civilizado fica cada vez mais doente? Seriam as nossas enfer-
midades físicas e psicológicas mesmo necessárias e real-
mente fariam parte da natureza das coisas? Fariam parte do
plano divino? Teriam sido a intenção da natureza? Ou teria o
homem as criado com sua ignorância e falta de humildade ao
tentar implantar uma microautocracia humana dentro de uma
já estabelecida autocracia cósmica eterna? Teria o homem
criado essas enfermidades ao tentar se impor sobre a Natureza
em vez de compreender os ensinamentos Dela e obedecê-los
desde os primeiros momentos da nossa história?
Essas enfermidades ocorrem não devido à maneira que a
Natureza organiza as coisas, mas devido à tentativa atrapa-
lhada e confusa do homem de reajustar e burlar as Leis da
Natureza, rejeitando os ensinamentos das escrituras sagra-
das e a sabedoria dos anciãos da antiguidade. Com um início
falso, não podemos esperar uma conclusão saudável.
No capítulo 9, com a ajuda de alguns cientistas indepen-
dentes e também da ilustração bíblica da parábola de Caim e
Abel, vou elaborar sobre como o evento da agricultura não só
foi o maior divisor de águas na história da espécie humana,
mas foi também o nosso pior erro... E o preço: fome, guerra,
tirania, escravidão e doenças inflamatórias.

A situação da saúde já é caótica no nosso planeta...


Até hoje, os pais ainda não aprenderam sequer a ALIMENTAR
a si mesmos, muito menos aos seus filhos.
No que diz respeito aos hábitos alimentares, tudo o que os
médicos e os nutricionistas recomendam não passa de dogmas
perigosíssimos sem qualquer embasamento científico, dogmas
confeccionados por décadas de corrupção entre a indústria
farmacêutica e a indústria de alimentos processados e açu-
careira. A coisa mais perigosa para a nossa saúde física é a
pirâmide alimentar da OMS.

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Já a coisa mais perigosa para a nossa saúde mental e


emocional é a televisão, e no entanto, todos os pais não ape-
nas assistem, mas também incentivam os filhos a assistirem
à TV. Só isso já é prova suficiente de que ninguém está pre-
parado para ter filhos.
As crianças são as criaturas mais desafortunadas deste
planeta, pois todas, sem exceção, têm pai e mãe totalmente
despreparados e, na grande maioria dos casos, pai e mãe que
são verdadeiros doentes mentais cuja existência é dedicada
única e exclusivamente a arruinar qualquer chance de sanidade
mental e física de suas crianças, e, ainda por cima, exigem
respeito e consideração por parte dos filhos e da sociedade.
Absurdo em cima de absurdo!

O alarmante número de divórcios é outra prova incon-


testável de que as pessoas não estão preparadas sequer
para estar em um relacionamento afetivo com outra pessoa.
Os ditos “adultos” deste planeta não são maduros o suficiente
nem mesmo para isso, mas querem incluir crianças no cenário
miserável e deprimente em que se meteram e isso também é
culpa da televisão, que sempre romantizou tudo que põe no ar
e, já por um bom tempo, desde a época do execrável ‘Show
da Xuxa’, também vulgariza e sexualiza o comportamento das
crianças.
Este mundo só poderá se julgar curado no dia em que todas
as pessoas, sem exceção, se recusarem a adquirir e a assistir
à televisão, seja ela em canal aberto ou pago e seja ela em
qualquer formato que for.

Tendo dito isso, fica clara a minha profecia: a situação ainda


vai piorar muitíssimo antes de querer começar a dar sinal de
que, talvez, possa começar a melhorar.
Mas, quando vai melhorar?
Momento “black pill”... Sem ser pessimista, te digo que nem
os seus filhos, nem os seus netos, nem os seus bisnetos ou
tataranetos estarão vivos para testemunhar e desfrutar desse
dia extraordinariamente glorioso.

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CAPÍTULO 5

CENTROS URBANOS: HOSPÍCIOS A CÉU ABERTO

(Sabedoria Perdida: O “Ritual de Passagem”


– Vida Urbana, Bebida & Música)

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Antes de apresentar a minha lógica fria e objetiva, quero


deixar bem claro – aos seres mais emotivos – que eu compre-
endo perfeitamente e simpatizo com todos vocês que ainda
se encontram – e por muito tempo vão se encontrar – vicia-
dos em asfalto, concreto, muvuca e poluição. Saiba que eu
os entendo muito bem porque eu também já fui assim durante
alguns anos, quando eu era bem jovem. Eu também já senti
o “rush” que todo ‘Homo sapiens urbanus’ sente ao pisar pela
primeira vez em uma metrópole como, por exemplo, a pro-
missora cidade do Rio de Janeiro entre 1901 e 1906, na era
dos primeiros grandes saltos tecnológicos no campo da ele-
tricidade, dos transportes aéreos e automobilístico. A minha
própria experiência na cidade ainda maravilhosa nos anos 70,
80 e começo dos anos 90 fazem parte das minhas melhores
e mais vivas memórias. Era acabar de descer a serra, cruzar
a baixada, entrar na Avenida Brasil e sentir o cheiro do Rio de
Janeiro numa época em que ainda se era permitido um pouco
de inocência e que ainda não havia coliforme fecal nas águas
da Princesinha do Mar carioca; época em que o Bob’s era o
Bob’s e você podia ir a qualquer lugar sem medo nas noites
cariocas... Do Bar do Oswaldo, no largo da Barra da Tijuca,
ao Mama África, ao Pão de Açúcar, e também, dez anos antes
disso, nos três ônibus que eu pegava pra ir de Olaria ao Leblon
encontrar um brother e então cair pra Campo Grande de fusca,
desfrutar da melhor pista de skate da região na época: uma
piscina vazia.
Era uma época em que o futuro ainda prometia e é muito
fácil se deixar levar pela magia de um contexto como esse. Era
sobrepujantemente elétrica a magia que eu sentia ao passar
pelos lugares na noite em que eu, esse e mais outro amigo
fomos ao cinema do Shopping da Gávea assistir à esperada
animação em longa-metragem à la Moebius: “Heavy Metal –
Universo em Fantasia”. A mesma magia eu sentia no início
dos anos 90 ao dirigir beirando a orla do mar rumo ao Pizza
Palace no fim da noite ao som de Queensrÿche e Billy Idol,
e depois voltar pra Tijuca pelo Alto da Boa Vista, estacionar
o carro na rua sem problemas e sem medo e então ir dormir.
Uma magia ainda mais forte percorria o meu ser toda noite e
todo dia que passei na Califórnia do final dos frenéticos anos
80. Quando o assunto é vida urbana, o vício e a dependên-
cia desse estilo de vida e também o total afastamento da vida
rural e até mesmo uma repulsa pela vida rural, pela vida no
campo, seja ela de qual forma for, eu falo com tanta autoridade
e conhecimento de causa quanto qualquer criatura urbana.

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Então, tendo deixado isso bem claro, vamos analisar a traje-


tória histórica dos grandes centros urbanos.
Entre aproximadamente 3.600 e 2.600 a.C., numa área entre
os rios Tigre e Eufrates, na fértil região da Mesopotâmia, sur-
giu a primeira grande cidade do mundo: Uruk.
Sabe-se muito sobre Uruk por causa das escavações arque-
ológicas que começaram em 1850. Datados de cerca de 3.500
a.C., os textos mais antigos do mundo vieram de lá.
Os escribas de Uruk escreviam com hastes de junco usadas
como “canetas”, em tabletes de argila ainda fresca que cabiam
na palma da mão, mais ou menos do tamanho de um telefone
celular. Esse tipo de escrita é chamada de “cuneiforme” por
causa do formato de cunha da ponta da haste de junco que os
escritores pressionavam na argila úmida para escrever. Como
os tabletes de argila são mais duráveis do​​ que a seda, a casca
de árvore, o bambu ou o papiro usado por outros povos para
escrever, muitos dos tabletes de Uruk sobreviveram e agora
são mantidos em museus em todo o mundo.
Pelos textos e inscrições encontrados em Uruk, sabemos que
seu povo construiu um templo para um deus do céu chamado
An e outro para sua filha, Inanna, deusa do amor e da guerra
(mais tarde conhecida como Ishtar – ‘East Star’ ou “Estrela
do Leste”). Inanna foi nomeada a deusa padroeira de Uruk.
Os habitantes acreditavam que a atraíam para a cidade cons-
truindo um templo especial para ela, com sacerdotes e servos.
Os sacerdotes administravam as contribuições do povo e, gra-
dualmente, aumentavam seu poder, também usando o templo
como centro para a redistribuição de alimentos excedentes.
Hoje, com o nome de Warka, a 260 km ao Sul de Bagdá, no
Iraque, a cidade sumeriana de Uruk é considerada a primeira
metrópole da história da humanidade.
Essa cidade na Mesopotâmia foi, durante dois mil anos, o
centro da civilização e já dominava todas as inovações carac-
terísticas dos centros urbanos a partir de então, incluindo pla-
nejamento urbano.
Foi um dos reis dessa primeira cidade-estado que, por
uma urgente necessidade administrativa, inventou a escrita.
Há mais de 5.000 anos atrás, Uruk já possuía escrita, hierar-
quia social, ocupações especializadas, estruturas políticas
complexas e coercitivas; música e notação musical, literatura,
religião, arquitetura refinada e monumental, com técnicas de
construção de arranha-céus; administração de cobrança de
impostos, uma complexa rede de canais e também produzia
mais de trinta variedades de cerveja, incluindo a cerveja ado-
cicada com mel.

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Algumas fontes informam que a área urbana de Uruk ocupava


aproximadamente 2,5 quilômetros quadrados, onde viviam de
40 a 50 mil habitantes; outras fontes falam de 5,5 quilômetros
quadrados e em até 85 mil habitantes. Uma muralha com 9,5
km de extensão cercava toda a cidade e teria sido construída
pelo rei mitológico Gilgamesh, governante da primeira dinastia
de Uruk. Os bairros de Uruk eram comerciais, residenciais ou
mistos. Nos bairros residenciais, os moradores eram agrupados
de acordo com a profissão deles e, tipicamente, suas casas
tinham dois pavimentos e eram construídas com pequenos
tijolos de barro cozidos e secados ao sol. Um canal artificial
chamado ‘Nil’ ligava Uruk ao rio Eufrates e dividia a cidade
em dois distritos: ‘Anu’ e ‘Eanna’. No distrito de Eanna, várias
construções eram enfeitadas com mosaicos coloridos e enta-
lhes que são os primeiros sinais de preocupação estética na
arquitetura. O ‘Templo Branco’, no topo de um zigurate dedi-
cado ao deus ‘Na’, tinha 22 metros de altura e era coberto com
uma argamassa que brilhava ao sol. O templo simbolizava o
poder hegemônico exercido pela cidade.

Aqueles eram os tempos do “Iraque Pós-degelo Glacial”,


em que o nível das águas da última grande inundação do vale
do Eufrates e do Tigre finalmente se estabilizou... E aqueles
também já eram tempos de parasitismo estatal centralizado
e com ambições de expansão territorial; tempos de extorsão
institucionalizada e de legislação em benefício próprio, garan-
tidas pela força bruta militarizada. Bem no estilo que observa-
mos até hoje, meu caro leitor. Nada novo sob o sol...
Por serem totalmente ignorantes sobre a história da própria
espécie, as massas pressupõem ingenuamente que a cultura
oligárquica, a propaganda política, a expansão imperialista,
a complexidade dos sistemas burocráticos de administração,
os palácios suntuosos, a arte refinada, as riquezas extraor-
dinárias, as luxúrias fantásticas e a corrupção social e espiri-
tual são “privilégios” dos nossos tempos Pós-Grécia Antiga.
Tremendo engano!
Desde o início, o grande erro do homem foi a sua ingenui-
dade em pensar que a civilização seria sinônimo de evolução.
Foi um baita erro achar que a civilização é um ambiente de
contenção de impulsos irracionais e antissociais e de elimina-
ção gradual da violência e da selvageria; que ela é um sistema
de instituições sociais que salvaguardam a paz e a segurança
individual. Foi um erro fatal achar que a civilização é uma força
moral, que ela produz um estatuto comportamental em que
os seres humanos se preocupam e cuidam de sua espécie;

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que se trata de respeitar e ajudar uns aos outros. Foi um erro


extremamente infeliz achar que na sociedade supostamente
civilizada do ambiente urbano, as pessoas são valorizadas
porque são seres humanos, que os homens “civilizados” che-
gariam a uma fase em que evitariam a violência e resolveriam
seus problemas por meio do diálogo e do bom senso.
Se continuarmos aplicando esses critérios à civilização,
vamos continuar sendo reprovados no teste, pois, no que tange
às interações humanas e à evolução espiritual do homem,
após mais de 5.000 anos de vida urbana, absolutamente NADA
mudou para melhor; muito pelo contrário: o processo de deca-
dência do coração e do espírito humanos é diretamente pro-
porcional à velocidade do avanço tecnológico faustiano que
infecta a mentalidade urbana e nos corrói profundamente até
hoje.
Desde a história antiga até o momento presente, os seres
humanos estiveram em guerra uns com os outros, mas em
nenhum momento estivemos tão prontos para explorar e des-
truir uns aos outros como na era da “civilização” urbana.

Coerção e Parasitismo Estatais

No que um único governante autoritário emergiu para


liderar Uruk e também as fazendas e aldeias vizinhas, os
historiadores dizem que o primeiro Estado surgiu quase
simultaneamente com a primeira cidade. O Estado consistia
em oligarquias poderosas que conseguiam coagir trabalho
e tributo, do mesmo jeito que ocorre até hoje. Mas, por que a
maioria das pessoas permitia que um pequeno grupo tivesse
tanto poder?
Por um lado, há evidências de que as oligarquias assu-
miram gradativamente o poder total, à medida que foram
centralizando mais recursos que iam se tornando disponíveis.
Por outro lado, também há evidências de que os cidadãos se
submeteram a esse poder em troca de organização, o que
permitiu projetos de larga escala, como a irrigação, e também
se submeteram à extorsão em troca de supostas segurança
e proteção... Mas segurança e proteção contra o quê, já que
Uruk tinha o poder hegemônico em toda a região? Simples,
proteção contra os próprios governantes que, desde então,
agiam como todos os mafiosos da história, ou seja, você paga
para que eles mesmos não te tomem tudo, exatamente como
as máfias modernas continuam fazendo. O que parece ter
começado como poder consensual pode ter evoluído para o
poder coercitivo à medida que as oligarquias acumulavam e

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centralizavam mais recursos, ou seja, não é de hoje que as


massas têm se conformado com a extorsão e o controle, e
também têm abdicado de suas liberdades em troca de uma
suposta segurança e uma suposta proteção.

Declínio Inevitável

Do mesmo modo que muitas atividades econômicas supe-


ram as suas escalas de produção, os centros urbanos crescem
desmesuradamente e acabam por exceder o tamanho ideal e,
a partir daí, passam a impor problemas econômicos e logísti-
cos de alta escala a grande parte dos estabelecimentos indus-
triais, comerciais e de saúde ali instalados. Esses problemas
refletem nos custos de produção, na saturação dos sistemas
de abastecimento de água e energia, no elevado tempo de
viagem imposto aos trabalhadores, nos problemas de abas-
tecimento causados por dificuldades no trânsito, problemas
de restrições com saneamento básico, e assim por diante. No
Brasil, metade da população urbana (mais de 200 milhões de
habitantes) reside atualmente em municípios com menos de
500 mil habitantes e cerca de 14% moram nas metrópoles.
Os serviços urbanos relativos à água potável, esgoto e outros
serviços essenciais tornam as cidades de porte médio mais
atrativas e, apesar da desaceleração do crescimento demo-
gráfico verificado desde 2012, as áreas edificadas continuam
em expansão. As cidades continuam aumentando de tamanho
com a construção de novos complexos residenciais, centros
comerciais, zonas industriais e com o surgimento de novos
bairros, sendo alguns de forma planejada e outros não.
Em vista disso, outro fato muito relevante sobre Uruk – que
pode ser observado até hoje – é o notável declínio progres-
sivo na qualidade dos produtos manufaturados à medida que
começam a ser produzidos em maior escala.
O produto de maior demanda em Uruk e região eram os
utensílios de cerâmica. Esses utensílios eram produzidos na
mesa de oleiro e, no início, ela era conhecida como “mesa
lenta”. No que o aumento da população criou demandas cada
vez maiores, através de algumas adaptações na mesa lenta,
criaram a “mesa rápida” e, assim, surgiram as primeiras ‘linhas
de produção’ e também os primeiros “sweatshops” da história
da humanidade, exatamente como ocorre até hoje nos ciclos
de ascenção e declínio de toda civilização.

No momento em que um centro urbano entra na curva de


perda das vantagens inicialmente oferecidas pelo processo de

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urbanização, a solução lógica seria iniciar a descentralização


das atividades, buscando outras localidades mais vantajosas,
mas não é isso que ocorre. As cidades continuam crescendo
e inchando; assistindo inertes à degradação de seu ambiente
urbano e de sua qualidade de vida, como alguém que, de forma
totalmente apática, é torturado e morto sem qualquer reação.
O processo de urbanização raramente é induzido por uma
política governamental de forma ordenada. Ele se processa
de modo descontrolado, forçando as cidades a abrigarem um
número de pessoas superior à sua capacidade, o que dá ori-
gem às habitações subnormais, aos “sem-teto”, à violência,
à poluição e às periferias desassistidas que existem mesmo
nas cidades mais ricas do mundo.

‘O Número de Dunbar’

O  ‘Número de Dunbar’ estipula o limite cognitivo para


o número de pessoas com as quais um indivíduo pode man-
ter relações sociais estáveis, ou seja, uma relação em que o
indivíduo conhece cada membro do grupo e sabe identificar
em que relação cada indivíduo se encontra com os outros
integrantes do grupo.
Proposto pelo antropólogo Robin Dunbar, esse número
varia de 100 a 230 pessoas e tem sido constantemente citado
em pesquisas de antropologia e sociologia, chamando a aten-
ção para o fato de que o tamanho de pequenas comunida-
des, tribos, aldeias, e grupos de interesse comum, costuma
se manter dentro dessa faixa. O estudo de Dunbar também
afirma que ninguém é capaz de manter uma interação signi-
ficativa com mais do que 150 pessoas. O limite de expansão
do nosso círculo social não ultrapassa essa marca. Mas, por
quê? A explicação é simples: o nosso cérebro não consegue
processar a existência próxima de mais do que 150 pessoas.
Esse é o número de pessoas com quem podemos manter
um relacionamento significativo. O poder de análise da repu-
tação de outras pessoas só funciona dentro de um grupo no
qual os integrantes se conhecem. Uma vez que o tamanho do
grupo ultrapassa 150 indivíduos, os laços entre as pessoas
se enfraquecem consideravelmente e a reputação de cada
um passa a não adiantar de muita coisa. A maneira pela qual
o nosso território social é construído reflete as nossas heran-
ças biológica e histórica que são muito antigas. Todas as pes-
soas se encaixam em algum tipo de padrão, interagindo em
círculos sociais que se desenvolvem em camadas dentro de
um agrupamento natural com cerca de 150 membros. É óbvio

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que nós podemos conhecer muito mais do que 150 pessoas


durante a vida, mas o estudo de Dunbar mostra que este é
o limite do número de pessoas com quem você pode ter um
relacionamento em que existe uma real proximidade.
O professor de Ecologia Humana, Garrett Hardin, entre
várias outras obras sobre dinâmicas populacionais, escreveu
os livros “O Fator Avestruz – Nossa Miopia Populacional”
e “Tragédia dos Bens Comuns”, e ele se interessou primor-
dial e especialmente pelo problema do crescimento da popu-
lação humana. Ao analisar o estudo do Prof. Hardin acerca
da “Tragédia dos Bens Comuns”, o psicólogo Julian Edney
também afirmou que o limite máximo para uma comunidade
sustentável, contida e funcional, não ultrapassa o número
de 150 pessoas. Alguns anos mais tarde, Dunbar escreveu:
“Os Huteritas, um grupo de fundamentalistas religiosos
estadunidenses, vivem em comunidades que nunca ultrapas-
sam o número de 150 pessoas e a razão deles para isso é
que eles constataram que é impossível fazer uso da pressão
social para manter sob controle o comportamento dos inte-
grantes da comunidade caso ela ultrapasse o número de 150
indivíduos.”
Ainda acerca dos Huteritas, o Prof. Hardin sugeriu que
uma comunidade de apenas 150 membros é gerenciada de
forma natural, apenas pela própria consciência de seus mem-
bros. Não é à toa que na Roma Antiga, uma unidade mili-
tar profissional era composta por 150 membros em média.
Mesmo sendo compostas por um número consideravelmente
maior de indivíduos, as instituições militares tendem a ser
divididas em unidades menores com o intuito de melhorar a
administração, a comunicação e o relacionamento entre seus
integrantes. É por isso que um batalhão militar apresenta, nor-
malmente, um efetivo médio de 500 militares que se divide em
companhias com cerca de 100 militares. Essas divisões forta-
lecem a coesão entre os integrantes da unidade e facilitam a
organização e o comando. O ‘Número de Dunbar’ também é
usado para analisar os problemas que surgem em localidades
com grande concentração de pessoas. Segundo a teoria do
antropólogo, qualquer sistema social composto por mais de
150 pessoas fica infinitamente mais suscetível a sofrer con-
flitos internos, como discriminação, criminalidade e violência.
É claro que, por motivos óbvios, não é possível reduzir as
populações das cidades modernas a apenas 150 indivíduos,
contudo, quanto menos integrantes houver em uma comuni-
dade, muitíssimo menor será o número de problemas expe-
rienciados por ela.

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Os Estados Unidos, por exemplo, começaram como uma


nação amplamente rural, com a maioria das pessoas vivendo
de forma autossuficiente em fazendas ou em pequenas cida-
des e vilas. Enquanto a sua população rural continuava a
crescer no final dos anos 1800, a população urbana estava
crescendo muito mais rapidamente, mas ainda assim, até o
ano de 1900, a maioria dos americanos vivia em áreas rurais.
Naquele período, novas máquinas para uso agrícola foram
inventadas, mas cavalos, bois e pessoas ainda forneciam a
maior parte da energia que impulsionava aquele sistema de
produção. Embora os agricultores, a partir de então, também
produzissem colheitas comerciais (cultivadas exclusivamente
para venda), eles ainda se mantinham notavelmente autossu-
ficientes, produzindo ou negociando entre si quase tudo que
as suas famílias necessitavam e, até bem pouco tempo atrás,
isso se dava também em pequena escala. Em 1945, em seus
quintais, os americanos ainda produziam 40% de todos os
seus produtos alimentícios. Atualmente, esse número desceu
para apenas 1%.
Agora, olhe para o caso do tradicionalismo na mesa do bra-
sileiro. Além de exigir muito trabalho, o arroz e o feijão não
são produtos cujo cultivo pode ser feito em qualquer lugar,
especialmente o arroz, que requer condições especiais de
plantio. Com isso, a tradição que os brasileiros têm de arroz e
feijão todos os dias no seu prato não nos permite sequer vis-
lumbrar o quadro onde pudéssemos produzir com facilidade
o que comemos, principalmente depois que o feminismo tirou
as mães de dentro do ambiente familiar com promessas de
uma vida “fantástica” fora do lar como funcionárias públicas, de
empresas, ou pior ainda: na vida política, mar de lama fétida
na qual nem os homens deviam ter um dia se metido.
A humanidade iniciou um processo de suicídio em câmera
lenta ao se exilar nas cidades, afastando-se por completo do
status de produtor de seus alimentos e delegando a terceiros
– e ao Estado – a responsabilidade de lhe fornecer tudo que
é essencial para uma vida digna e saudável. Não é de hoje
que a agricultura tradicional em larga escala tem destruído o
meio ambiente com muito mais intensidade do que a pecuá-
ria em qualquer escala. Pegue, por exemplo, a situação nos
planaltos da Grã-Bretanha no auge da Idade do Bronze, a
1200 anos a.C. e, como o desmatamento anormal gerado pela
agricultura em larga escala – possibilitada pelos machados de
bronze – tornou impraticável a utilização das áreas desmata-
das as quais se transformaram em enormes alagados devido
às constantes chuvas, típicas daquela parte do globo e, por

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causa disso, houve um aumento extraordinariamente anormal


das ondas de calor, impossibilitando a utilização das planícies
para a produção de alimentos. A Idade do Bronze não demo-
rou muito até o seu colapso e o seu fim depois desses even-
tos. Especialmente quando comparadas à permacultura de
subsistência, tanto a agricultura quanto a pecuária tradicionais
em larga escala são bastante prejudicais ao meio ambiente,
mas, até hoje, as maiores áreas de florestas são devastadas
pelos cultivos de soja, milho, trigo e cana-de-açúcar, não pela
criação de gado, suínos e frangos.
No ambiente rural de subsistência, quem segue uma dieta à
base de carne, ovos, queijo, yogurte, nata e manteiga não vai
ter qualquer problema para produzir o que consome. Agora,
vai se ver em sérios apuros aquele que não quer abrir mão de
comer arroz, feijão, pão e similares, verduras e frutas todos os
dias. Sendo assim, o que dizer então daqueles que adoram o
seu tofu, a sua granolinha e dependem totalmente de suple-
mentação de B12 , de ferro e da sua amada spirulina?

A Vida Rural nos EUA na Década de 1870

Os americanos rurais nos últimos trinta anos do século XIX


precisavam ser muito mais autossuficientes do que a popula-
ção rural de hoje. A senhora Nettie Spencer cresceu no Oregon
rural, na década de 1870. Em 1938, ao ser entrevistada por
um escritor, ela relembrou aqueles dias:
“Todos os nossos sapatos eram feitos por um sapateiro ambu-
lante que aparecia de vez em quando e fazia medições dos
nossos pés usando palha de fazer vassouras, que ele cortava
e etiquetava para o comprimento dos pés de cada membro da
família. A largura não fazia diferença e você podia usar qual-
quer um dos sapatos nos dois pés; e usava por muito tempo
também, pois os sapatos duravam muito. A mãe cardava sua
própria lã e a lavava com sabão que ela mesma fazia. Ela fabri-
cava até mesmo a sua própria água sanitária com cinzas de
madeira e, quando os tecidos desbotavam demais, ela fazia
sua própria tintura. A tintura preta era feita de toras queimadas,
e a cor marrom, feita de nozes pretas. Eu acho que ela conse-
guia a cor verde do cobre, e as folhas de pêssego fabricavam
a tintura amarela. O corante vermelho era feito de umas folhas
que ela comprava ou trocava com fazendas vizinhas. Os vesti-
dos eram cheios e duravam muito tempo. Uma das coisas que
mais me lembro quando menina eram os vendedores ambu-
lantes que apareciam. Eles vendiam pacotes fechados e você
os comprava como estavam por um preço fixo. Lembro que

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alguns eram vendidos por até US$150,00. Nesses pacotes,


havia todos os tipos de coisas que você não conseguia encon-
trar no país com muita frequência; xales de fantasia e artigos
impressos; sedas e outros luxos.
A nossa comida era bastante simples na maior parte do
tempo e não comíamos salada. O cardápio para um bom jantar
era: ensopado de frango com bolinhos, purê de batata, canjica,
biscoitos e conservas de pêssego. Plantávamos cenouras para
alimentar os animais, mas nunca pensávamos em comê-las.
Não tínhamos jarras de vidro como tem agora para colocar as
conservas, mas usávamos vasos de barro. A fruta a ser pre-
servada era fervida em água com açúcar mascavo – nunca
víamos açúcar branco – e depois, colocávamos dentro dos
vasos que cobríamos com um pano que tinha sido revestido
com cera de abelha. Outra boa cobertura para esses jarros era
uma bexiga de porco – elas eram bem melhores. Às vezes,
tínhamos melaço puxento, e isso era um luxo. A maioria dos
nossos remédios também era caseira.
Não havia muita vida social na fazenda e eu não pres-
tava atenção a isso até ficar mais velha e me mudar para
Salem e Corvallis. As igrejas não tinham nenhum jovem,
apenas adultos e crianças. Os sermões duravam horas e
nunca tínhamos jantares na igreja ou algo parecido até então.
Os únicos eventos sociais da igreja eram os encontros
religiosos. Era ali que a maior parte dos namoros começavam.
Quando um rapaz tinha idade suficiente para se casar, o seu
pai deixava ele usar o cavalo e a charrete para ir até um des-
ses encontros para tentar conseguir uma esposa.
A maioria das pessoas ia à igreja a pé pelas estradas lama-
centas. Os que iam de carroça usavam feno como forro; mãe
e pai sentavam-se em uma cadeira na dianteira da carroça,
enquanto as crianças se ajeitavam na palha esparramada
no fundo da carroça. Depois que o longo culto terminava, os
vizinhos faziam uma grande festa de apertos de mão e, em
seguida, as famílias frequentemente convidavam umas as
outras para jantar. Essa igreja rudimentar, localizada onde
a Estação Alfred está agora, na Southern Pacific Railway, a
alguns quilômetros ao norte de Harrisburg, que era então uma
pequena vila, era o único local de encontro público, exceto, tal-
vez, no dia 4 de julho, quando as famílias iam em massa para
a comemoração em Corvallis, com a melhor roupa e sapatos
novos e brilhando.”
Apenas trinta anos depois, na Europa da virada do século,
especialmente na Inglaterra e na França, o vírus político da
decadência encontraria hospedagem certa e aconchegante

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no entusiasmo inocente das massas de manobra atraídas e


aprisionadas nos centros urbanos do continente, e esse vírus
viajaria e encontraria porto seguro no Mundo Novo, do outro
lado do Atlântico.
Em dezembro de 1913, com o ardil da fundação criminosa
do Banco Central dos Estados Unidos, o ‘Federal Reserve
Bank’, que de “federal” não tem absolutamente nada, pois é
um banco privado, foi que a situação dos proprietários rurais
começou a degenerar rápida e significativamente, e o evento
que iria definitivamente modificar toda a cultura e o modo de
vida dos americanos foi a Primeira Guerra Mundial.
A década de 1920 nos Estados Unidos foi um período de
divisão acentuada entre as sociedades rurais e urbanas.
A principal causa das grandes mudanças sociais, econômi-
cas e políticas que ocorreram naquela década foi a Primeira
Guerra Mundial. Foi então que os Estados Unidos entraram
no cenário global quando enviaram bilhões de dólares em
suprimentos e dinheiro aos aliados e, eventualmente, jun-
taram-se militarmente a eles na guerra, em abril de 1917.
A mudança cultural gigantesca proporcionada pelo evento da
guerra empurrou novos ideais nada saudáveis para a socie-
dade americana. Em sua arrogância e ignorância, mostrando-
-se muito progressista, muito liberal com os imigrantes, com
os vícios, com os jogos de azar e com as roupas femininas,
a população urbana abraçou aquelas mudanças e desprezou
por completo a tradição do país.
As áreas rurais eram o oposto. Eles tinham uma visão
negativa dos imigrantes na sociedade americana; eles man-
tinham as tradições e tentavam preservar os antigos valores;
eles eram religiosos e valorizavam o trabalho duro e a família.
Aquele ambiente familiar rural era um ambiente dinâmico e
de aprendizado constante, onde o conhecimento e a prática
eram passados de pai para filho e de mãe para filha.
Por sua vez, a vida urbana, exonerando o indivíduo da res-
ponsabilidade de produzir seus próprios alimentos e privando as
pessoas do contato com a natureza, transformou o meio fami-
liar em um ambiente estagnado, entediante, doentio e esqui-
zofrenizante, onde cada um fica em seu mundinho à parte, no
seu quarto, e toda essa distância entre os membros de uma
família diminui cada vez mais a possibilidade da passagem do
conhecimento de pai para filho, especialmente porque os pais
urbanos nada têm de substancial para ensinar aos seus filhos,
já que, por sua vez, seus próprios pais nada lhes ensinaram, e
esse círculo vicioso se propaga através dos tempos.

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Sabedoria Perdida: O “Ritual de Passagem”

No que diz respeito aos adolescentes, a falta de provações


e de privações é a grande destruidora da fibra e da moral
masculina nos tempos que marcam o prelúdio da decadência
generalizada de toda civilização através da história. Não sou
de glorificar cegamente tudo que as culturas indígenas apre-
sentam e, tendo deixado isso bem claro, afirmo que há itens
dessas culturas que são de importância suprema – e vital –
para a saúde de toda comunidade e todo tipo de civilização.
Um desses itens é o Ritual de Passagem ao qual os jovens
aspirantes a guerreiro da tribo tem que ser submetidos; um
período de atividades que configuram um ritual de iniciação
visando a passagem da vida infantil para a vida adulta. Durante
esse período, não raro de forma individual, o jovem se prepara
para deixar de ser criança e se tornar homem. 
Os três eventos mais significativos pelos quais passa todo
ser humano em sua efêmera existência neste planeta são
o nascimento, a entrada na vida adulta e a morte, e a
entrada na vida adulta é especialmente importante para nós
homens, porque a saída da casa dos pais sempre foi parte
intrínseca da vida dos homens, não das mulheres. E quando
eu digo que o evento da saída da casa dos pais sempre
foi parte intrínseca da vida dos homens, não é meramente
como consequência de cobranças sociais, mas principalmente
como uma inerente característica bio-psicológica masculina.
Mesmo se não houvesse cobranças sociais nesse sentido sobre
os homens, nós continuaríamos apresentando o impulso nato
de exploração e aventura longe do lar paterno. Desde garoto
pequeno, na hora de preparar o almoço, eu sempre seguia a
minha mãe pela cozinha, observava tudo que ela fazia e inda-
gava sobre o preparo dos pratos. Ela me perguntava porque
eu estava tão interessado, e eu respondia que estava apren-
dendo a cozinhar porque ia precisar saber cozinhar quando
eu saísse de casa.
Sempre foi uma característica tipicamente masculina aban-
donar a casa dos pais em busca de construir seu próprio lar
e ter sua própria vida; é assim que a biologia consegue fazer
com que os machos saiam e espalhem suas sementes pela
maior área geográfica possível. Por outro lado, nunca houve
qualquer urgência biológica nem comportamental, muito menos
qualquer cobrança social ou pessoal pairando sobre a mulher
que opta por permanecer morando com os pais indefinida-
mente e jamais se muda da casa deles.

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O esquecimento e a perda da tradição do ritual de inicia-


ção e passagem é um dos fatores decisivos no declínio de
toda civilização urbana. Esses rituais também têm a fun-
ção de fortalecer os laços entre pai e filho além dos laços
entre o jovem guerreiro e a autoridade dos anciãos da aldeia.
Esses laços são o maior tesouro da tribo, são a base de fun-
cionalidade da dinâmica dela em todas as áreas. Uma comu-
nidade sem essa base é como uma casa construída sobre a
areia. É exatamente nesse período de provações e privações
que o jovem toma consciência do valor de tudo que seus
ancestrais passaram e tiveram que suportar para que a abun-
dância e a harmonia reinasse na comunidade deles.
Se o homem urbano quisesse acompanhar o ritmo natural
de desenvolvimento pessoal sadio, ele ia ter que experien-
ciar um período de provações e privações urbanas e tam-
bém um período de provações e privações rurais, pois, como
as pessoas inteligentes puderam aprender com a greve dos
caminhoneiros em 2018 e com a ditadura histérica durante o
embuste do coronavírus, é de suma importância estar prepa-
rado para a súbita falta da logística e da liberdade nos cen-
tros urbanos. Os homens rurais não precisam se preocupar
em fazer o seu rito de passagem urbano, mas todo homem
urbano que tenha dois neurônios para esfregar um no outro
deveria buscar passar por um rito de iniciação e passagem
rural também. Eu mesmo tive que buscar os meus rituais sem
orientação paterna e sem o apoio e a assistência da “tribo”,
mas realizei os dois. O meu rito rural foi no ano do exército
(1985) e o meu rito urbano foram três anos por conta própria
nos Estados Unidos, sustentando-me e também progredindo
profissionalmente na selva urbana da área de San Francisco,
Califórnia (1987, 1988 e 1989). Em 2013, eu adicionei a per-
macultura ao meu “know-how” rural.

‘Vida Urbana’

Eu quero voar pra longe


dessa alegria ignorante,
desse risinho constante...
Pra longe desse gado,
Longe da sociedade e
desse ar impregnado
de tanta futilidade.

Eu quero voar pra longe


dessa vida utilitária,
pra longe de onde a justiça

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é tardia e sempre falha.


Quero cortar o estopim
no começo e também no fim
e voar pra me livrar
desse tédio dentro de mim...

Eu quero voar pra longe


deste mundo de labuta
onde cada máscara esconde
o verme em cada fruta,
onde homens mais mulheres
mais percepção diminuta
geram machos com mentes medíocres
e fêmeas com dom de puta.

-o-

Uma das maiores evidências que encontrei sobre a inerente


– e inexorável – preponderância da vida natural sobre a vida
urbana na psique do ser humano foi a triste saga do escritor
Oscar Wilde, autor da obra “O Retrato de Dorian Gray” (‘The
Picture of Dorian Gray’).
Mr. Wilde nasceu em 1854, em Dublin, na Irlanda. Ele era
extremamente perspicaz, espirituoso, humorístico e muito bem
articulado. Oscar conheceu o apogeu da fama, da fortuna e
da luxúria; viveu um declínio devastador, conheceu a miséria,
conheceu a doença e faleceu com apenas 46 anos de idade,
em 1900, na cidade de Paris, França. O que me chamou
atenção na história de Oscar Wilde é que ele, se não o maior,
foi um dos maiores “bon vivants” da Europa naquela época.
Ele amava profundamente todas as coisas que a vida urbana
proporcionava, especialmente os excessos. Ele se conduzia
de forma tal que desenvolveu um semblante, uma postura
de embaixador, de porta-voz da vida urbana, por assim dizer.
No entanto, em 1882, Mr. Wilde faz uma viagem ao ‘Mundo
Novo’ para, durante um ano, visitar os ainda rurais Estados
Unidos da América. O objetivo da viagem dele era fazer uma
turnê de workshops pelo país ensinando estética, o que ele fez
com muito sucesso, mas ao respirar o ar e conviver dia a dia
com os mineiros e rancheiros americanos e seus costumes,
Oscar Wilde passou de professor a aluno e se encantou com
o país daquela época. Ele não era esnobe, arrogante e cheio
de frescuras típicas dos seres urbanos ricos quando estão
na zona rural. Oscar tinha um enorme coração e uma curiosi-
dade tão genuína quanto sincera e, por isso, se embrenhava
entre desfiladeiros e coiotes; se misturava diariamente com

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os mineiros e rancheiros, bebia e fumava com eles durante


longas prosas. Assim, Oscar desenvolveu uma enorme admi-
ração e um grande respeito pelo povo americano e justificou
isso explicando que os Estados Unidos eram o único lugar
conhecido por ele onde não existia a hipocrisia que reinava
absoluta na sociedade britânica. Oscar dizia que os america-
nos não tinham qualquer preconceito com a ideia de ambição
e simplesmente trabalhavam pelas coisas que queriam e iam
subindo na vida da melhor forma possível para cada um indi-
vidualmente, sem se preocupar com as opiniões alheias. Ele
levou essa lição com ele de volta para a Europa.
Aqueles eram os Estados Unidos numa época na qual
o país ainda era quase totalmente rural e autossuficiente.
Até mesmo o maior e mais perspicaz ‘bon vivant’ da Europa;
mesmo ele que não teve uma figura paterna digna nem pre-
sente; ele que tinha sido extremamente influenciado por uma
mãe excêntrica, curvou-se e mostrou a sua reverência perante
um estilo de vida natural, no qual as pessoas são produtoras
e, portanto, cuidam apenas de suas próprias vidas, em vez
de serem consumidoras que, tipicamente, cuidam apenas da
vida dos outros.
Cada vez mais distantes da admiração e da valorização de
uma figura paterna de verdade, como na família rural, figura
essa cuja labuta diária proporcionava, diretamente do curral
e da terra, tudo do bom e do melhor para a saúde física e
mental de toda a família, os meninos, os adolescentes e os
jovens rapazes urbanos, no tédio de suas casas, inconscien-
temente, passaram então a buscar suas referências masculi-
nas nas revistas, nos programas de rádio (ênfase na palavra
“programa” e sua relação direta com o termo “programação”)
e, pouco tempo mais tarde, passaram a buscar seus modelos
e suas referências masculinas na maldita televisão, nos prín-
cipes manginas das princesas encantadas das produções do
infame Walt Disney e também nos pérfidos e rasos filmes de
Hollywood. O mesmo se deu com as meninas, e hoje, todos
se encontram zumbificados pelos seus telefones celulares.
Especialmente devido à falta de provações e de privações,
a vida urbana domesticou e idiotizou o indivíduo, que então
perdeu todo o contato com a noção de suas reais prioridades
e também a noção do valor das coisas mais importantes da
vida: a liberdade, a paz de espírito e a saúde física e mental; e
no que tange à saúde física, estou falando da qualidade do ar
que se respira, da qualidade da água que se bebe e da comida
que se come. O indivíduo urbano, domesticado e idiotizado,
em sua grande maioria, por falta de opção, mora em locais

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que não aprecia nem um pouco, trabalha em ocupações que


odeia, bebe água com cloro e consome os piores produtos
industrializados que existem. Já os indivíduos domesticados e
idiotizados que, por terem mais recursos, desfrutam de algu-
mas poucas opções, tem como vantagem sobre os demais
apenas o luxo de morarem em locais que apreciam e de se
locomoverem de forma mais confortável e mais rápida, pois a
maioria deles também trabalha em ocupações que odeiam e o
fazem apenas porque a remuneração financeira é bem maior,
ou seja, não passam de um tipo de mercenários que bebem
água com cloro e consomem produtos industrializados mais
caros, o que lhes dá a perigosa ilusão de que esses produtos
não são péssimos para a sua saúde.

Vida Urbana, Bebida & Música

As mesmas substâncias químicas que proporcionam o pra-


zer gerado pelo sexo, pelas drogas recreativas e pela comida
são ativadas no cérebro pela música. Essa é a conclusão de
um estudo que foi publicado por pesquisadores da Universidade
McGill no Scientific Reports, jornal da ‘Nature’.
Conduzido pelo psicólogo cognitivista e neurocientista,  Daniel
Levitin, o estudo descobriu que o mesmo sistema neuroquímico
mediador das sensações de prazer sexual, do uso recreativo de
drogas e da comida é também efetivamente influente na experi-
ência musical, ou seja, as três atividades estão ligadas à mesma
região cerebral que a música está.
Já mencionamos anteriormente as grandes produções cine-
matográficas como sendo uma poderosíssima ferramenta
utilizada no manejo do gado humano, mas a música também
exerce uma influência tão grande quanto as telas, especial-
mente porque a música tem um poder particular sobre o cére-
bro e o corpo humano, um poder que os vídeos não dispõem;
não só em termos de vibração e ritmo com a respectiva capa-
cidade de induzir diferentes níveis de transe, mas também
porque alguns tipos de música induzem naturalmente ao con-
sumo de álcool e outras substâncias e, no contexto contem-
porâneo, essa verdade fica muito bem ilustrada pelo bordão:
“sexo, drogas e rock and roll”.
Apesar de um dos componentes da fórmula que originou
o rock ter sido a country music americana da época, o ‘rock
and roll’ – e todas as suas vertentes – é tipicamente urbano
e, apesar de eu ter estudado violão clássico, canto lírico e de
preferir música clássica e folclórica/tradicional, o rock é o estilo
com o qual eu estive diretamente envolvido por mais tempo

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e muito mais profundamente, por isso, posso falar com muita


propriedade sobre o assunto.
Desde o início da história humana, as pessoas, em sua
maioria, apresentam uma inclinação acentuada a se intoxi-
car, gostam de se inebriar de alguma forma quase que diaria-
mente e, além de ser a substância intoxicante mais antiga, e
que, através da história, sempre foi legalmente produzida e
comercializada (exceto recentemente, no período da ‘Lei Seca’
nos Estados Unidos, de 1920 a 1933), a forma predileta de
intoxicação das massas também é a de mais fácil produção e
acesso: a bebida. Mas o que isso tem a ver com música?
Quanto mais refinado e complexo o estilo musical, mais
seletivo ele fica e mais atraente ele é para o público sóbrio;
quanto mais simples e popular o estilo, menos seletivo ele fica
e mais atraente ele é ao público que bebe, que é um público
bem menos exigente. É por isso que se mostra tão pequeno o
número de pessoas que realmente aprecia a música clássica e
abomina os ambientes de inebriação e algazarra quando este
número é comparado ao de pessoas que adoram os locais
onde podem beber e ficar gritando umas com as outras, ten-
tando conversar em meio ao som super alto dos amplificado-
res de um show num bar ou numa casa noturna. Você jamais
verá alguém bebendo ou conversando durante uma apresen-
tação de música clássica. Essa realidade é diametralmente
oposta em qualquer apresentação de música popular, seja
numa casa de shows, num bar ou num festival a céu aberto,
coisas tremendamente abundantes no mundo urbano, pois
a artificialidade da vida urbana é o terreno mais fértil para o
vício em qualquer substância que ajude a lidar com tamanho
tédio, estresse e ansiedade.
Um público pouco exigente tem origem na educação defi-
ciente ou na total ausência de qualquer tipo de educação.
Quanto mais deficiente é a educação e quanto mais ignorante
a pessoa é, menos exigente ela se torna em todas as áreas
da vida, especialmente no que se refere à música que ouve e
aos lugares que frequenta.
O álcool é um depressor do sistema nervoso central, ou
seja, faz você esquecer os problemas enquanto você está sob
seu efeito e, apesar do desconhecimento por parte da maio-
ria das pessoas, o álcool é considerado uma droga psicotró-
pica, pois ele atua no sistema nervoso central e provoca uma
mudança no comportamento de quem o consome, além de ter
um enorme potencial para o desenvolvimento da dependência
química.

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Na década de 1940, a música popular explodiu como uma


poderisíssima nova influência e mudou radicalmente o con-
texto do mundo ocidental como um todo. As indústrias musicais
britânica e americana têm ditado todas as tendências desde
então e os “paisinhos” do terceiro mundo sempre copiam tudo
entusiasmadamente.
A cultura urbana contemporânea continua sendo movida
pela música pop. Uma grande parcela da identidade de um
jovem é baseada no tipo de música que ele ouve, no sentido
de que, na adolescência e na juventude, a música geralmente
é o fator determinante entre pertencer a este ou a aquele grupo
social, as famosas “tribos” urbanas.
Outra implicação disso é que, diferente da música erudita, a
música popular – especialmente dos estilos mais agressivos –
disponibiliza uma plataforma para letras com mensagens que
apelam explícita e implicitamente aos anseios das massas
inconscientes, e isso sempre foi muito explorado pela política.
É por isso que Platão, na sua obra A República, propôs que
a música e a pintura fossem severamente censuradas, além
de querer excluir os poetas e os dramaturgos de sua repú-
blica ideal, ou então, pelo menos censurar rigorosamente o
que eles escrevessem. Platão argumentava que as artes são
poderosas formadoras de caráter e, por isso, muito perigosas.
A música nos leva a diferentes níveis de euforia e provoca
uma resposta condicionada: o condicionamento associativo
dos neurônios. A música é uma forma de expressão extrema-
mente influente, pois combina palavras e sons para transmitir
uma mensagem, e essa combinação pode desencadear uma
resposta condicionada. Usamos drogas e álcool combinados
para aumentar esse poder, pois as drogas e o álcool tam-
bém produzem euforia... Combine música, álcool e drogas e
o resultado é uma impressão muito poderosa e duradoura no
cérebro.
Quando somos jovens ou adolescentes, a música popular
nos leva a usar esse empoderamento conectando-o à nossa
identidade social. Usamos a música para reforçar nosso sen-
timento de pertencer a um determinado grupo social, por isso
é muito comum testemunhar viciados em drogas e alcoólatras
afirmando: “a música é a única coisa que me entende”.
A música tem o poder de reforçar o processo da degenera-
ção humana e também o poder de reforçar o processo de cura.
Quanto mais elaborada, mais regeneradora; quanto menos
elaborada, mais prejudicial é a música. Vemos isso nitidamente
no desastre que o romantismo na música popular moderna
causa na mente dos homens inexperientes e até mesmo na

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mente de muitos experientes também. Saiba que a música


romântica, seja em qualquer estilo, é um dos principais moti-
vos para vários dos traços românticos e nostálgicos na sua
psique e a confusão causada por eles fez você ter sentido a
necessidade de ler este livro aqui, a fim de aprender como se
livrar dessas influências externas que o controlam fortemente.
Vou fechar esse assunto discordando retumbantemente do
Brian Johnson, vocalista do AC/DC: Rock and roll is NOT “just”
rock and roll não, meu chapa! O buraco é BEM mais embaixo.
Se formos realmente colocar tudo na balança, não fica difícil
constatar que o único benefício real que a vida urbana trouxe foi
a aceleração do progresso da tecnologia nas áreas da comu-
nicação individual, da odontologia, da medicina emergencial
– especialmente no campo da traumatologia – e na área dos
transportes. Todo o resto não passa de tecnologias supérfluas,
sem as quais a vida rural de autossuficiência nada perderia.
E é importante ressaltar que todas as grandes invenções e
avanços tecnológicos nada mais são do que imitações e adap-
tações feitas a partir da observação da natureza, não da vida
urbana. Desde o momento em que o homem de outrora olhou
para um cogumelo e projetou o primeiro guarda-chuva, até o
momento em que, mais tarde, o homem contemporâneo con-
cebeu a internet inspirado nas redes micorrízicas dos fungos
viajando dentro do solo, conectando as raízes das plantas em
uma área, até mesmo espécies distintas, permitindo que elas
se comuniquem e muitas outras coisas mais. Durante todo
esse tempo, é a natureza que tem sido a fonte, a inspiração e
a origem de tudo, e é por isso que a tentativa de viver fisica-
mente distante dela só pode gerar consequências desastro-
sas para o homem. Insistir nessa tentativa não passa de um
suicídio em massa cometido em câmera lenta.

A invenção do termo “adolescente”

Como pudemos observar por meio do depoimento da


senhora Nettie Spencer, até o final dos anos 1800, a socie-
dade americana era formada apenas por adultos e crianças.
Não existia a noção do “adolescente” que, supostamente, seria
uma fase intermediária entre a infância e a vida adulta.
No século XIX, a maioria dos americanos se esforçava ao
máximo para permitir que suas crianças desfrutassem de sua
infância ao mesmo tempo que elas eram lentamente prepara-
das para as provações e tribulações da vida adulta, e embora
ainda existissem práticas de trabalho infantil, mais e mais esta-
dos americanos aprovavam restrições legislativas contra essa

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prática. A média de anos passados na escola para as crianças


e jovens americanos aumentou, ou seja, eles passavam mais
tempo sob a influência do Estado do que dos pais, jogada
típica de engenharia social. Os pais passaram então a espe-
rar mais tempo para verem seus filhos casados. Em resumo,
logo se tornou aparente que uma nova etapa da vida – a fase
“adolescente” – estava surgindo na América e esses tais “ado-
lescentes” apresentavam características desconhecidas pelas
crianças e pelos adultos. Os adolescentes gozavam de uma
isenção de supervisão dos pais que era totalmente inexistente
nas gerações anteriores e o principal fator que proporcionou
essa maior autonomia ao adolescente foi o aprimoramento
da tecnologia automobilística.
A partir de então, no que tangia ao casamento, o tradicional
cortejo supervisionado pelos pais da moça foi rapidamente
substituído por um tal de “namoro”. E foi exatamente aí que
a vaca foi pro brejo, meu brother! Foi aí que a disgrama toda
começou a desandar.
Anteriormente, o jovem casal realizava seus primeiros encon-
tros na casa dos pais da moça. O rapaz era apresentado aos
pais dela e eles se sentavam na sala para um bate-papo
seguido de um jantar com toda a família. Após o jantar, o
casal poderia passar alguns momentos sozinhos na varanda
da frente, com a luz acesa e com os pais ainda na sala, de
ouvido em pé. Após vários desses eventos, o jovem casal tal-
vez conseguiria conquistar a permissão para uma caminhada
sem acompanhamento pela cidade.
O acesso super facilitado ao automóvel simplesmente extin-
guiu essas tradições que passaram a ser vistas como “antiqua-
das”. Com isso, o namoro possibilitou a evasão da supervisão
atenta dos pais e proporcionou aos adolescentes a conquista
de uma privacidade jamais observada antes, uma privacidade
desmerecida e totalmente irresponsável e, como consequên-
cia disso, uma revolução sexual velada, altamente infecciosa
e extremamente nociva começou a varrer a América.
A partir de então, o comportamento sexual antes do casa-
mento tornou-se cada vez mais comum e gradativamente mais
pernicioso. Com o automóvel, os jovens americanos conse-
guiam transpor os limites de suas próprias cidades em busca
de um leque mais amplo de possibilidades de encontros com
o sexo oposto.
A tecnologia automotiva levou diretamente a outro fator
importante que promoveu a cultura adolescente nos Estados
Unidos: o ensino médio, a famosa High School. Os ônibus
agora podiam transportar os estudantes para mais longe de

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suas casas. Além disso, os estados estavam adicionando mais


anos letivos às suas leis de escolaridade obrigatória. Como
resultado, um número cada vez maior de adolescentes era
jogado em um espaço comum e cada vez mais longe do lar dos
pais das moças. Em pouco tempo, as escolas desenvolveram
seus próprios padrões culturais, completamente diferentes da
experiência da infância ou do mundo adulto. O atletismo esco-
lar e as atividades extracurriculares apenas aprimoraram essa
nova cultura que surgia. Nascia o adolescente americano.
Atualmente, é muito fácil observar o que aprontam as jovens
estudantes provenientes de cidadezinhas interioranas que se
mudam para grandes centros urbanos a fim de “estudar” e de
“fazer faculdade”. Com toda essa cultura feminista e livre da
supervisão dos pais, a bandalheira desenfreada está formada.
Embora a palavra ‘adolescente’ não tenha sido usada até
décadas depois, a mentalidade dos adolescentes surgiu na
década de 1920. Sendo assim, vamos agora, no próximo capí-
tulo, aprender um pouco sobre a década de 1920, também
conhecida como “Os Anos Loucos”.

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CAPÍTULO 6
COMPREENDENDO A DECADÊNCIA OCIDENTAL
DO INÍCIO DO SÉC. XXI

“Se você quiser escravizar uma população,


certifique-se de que haja liberdade sexual em abundância...
Para aliviar a tensão.” – Aldous Huxley

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E se você quiser entender a galopante decadência ocidental


facilmente observável em 2020, basta subir comigo à bordo da
carruagem do tempo e viajar de volta na História. E, sim, nós
poderíamos muito bem comparar a situação atual com a deca-
dência das grandes civilizações da distante Era do Bronze, ou
compará-la com a não tão distante decadência greco-romana,
mas não é preciso voltar tanto assim no tempo. Para enxergar
e compreender os rumos uliginosos sendo tomados contem-
poraneamente aqui no ocidente, você precisa apenas conhe-
cer mais a fundo como foi a década de 1920, especialmente
porque agora em 2020 a França comemora o centenário dos
“Les Année Foules” (Anos Loucos). E o mais belo dessa curta
viagem no tempo é a sensação nítida – e nova – de estarmos
testemunhando e fazendo parte da História enquanto ela acon-
tece, ou seria melhor dizer: enquanto ela se repete.
Na Europa, a virada do século XIX para o século XX foi tão
celebrada quanto – ou até mesmo mais celebrada do que – a
virada do milênio cem anos depois, na passagem do século
XX para o século XXI. A chegada dos anos 1900 foi marcada
pelo progressismo e pela palavra “new” (novo, em português):
um novo começo, um novo mundo, uma nova era, novas tec-
nologias, uma nova visão política, uma nova arte, uma nova
moral e uma nova mulher. Era o mundo urbano rumo a sua
decadência, deslumbrado em sua ignorante arrogância pro-
gressista, tal qual cegos progredindo em alta velocidade rumo
a um abismo.

Apresentando a mais numerosa coleção de avanços em tec-


nologia e em produção da história moderna, foi no século XIX
que se deram as invenções da lâmpada elétrica, do dínamo

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elétrico, da locomotiva a vapor, do carro, da motocicleta, dos


pneumáticos, do radar, do sismógrafo, da fotografia, da fil-
madora, do telégrafo, do telefone, da calculadora mecânica,
da máquina de escrever, da prensa gráfica, da geladeira, da
bicicleta, do elevador, da escada rolante, da anestesia, dos
antissépticos, do papel higiênico, do plástico, da máquina de
lavar, do aspirador de pó, do freio a ar, da turbina a vapor e
também da corrente alternada (por Nikola Tesla).
Na Inglaterra, Cosmo Gordon Lang, um sacerdote anglicano
escocês que era amigo íntimo e conselheiro do Rei George VI,
previu correta e implacavelmente: “Estamos saindo do século
da produção e entrando no século da redistribuição”.
Aquilo soou como um sinistro alerta anunciando o caos que
a ideologia progressista/socialista/comunista iria desencadear
no planeta, na nossa colônia penal.
Dito e feito! Ainda em meados da década de 1920, o prêmio
Nobel de Literatura foi dado a um ativista político eugenista e
genocida; um socialista fabiano feminista e extremamente nar-
cisista que se comparava a Aristóteles, a Leonardo Da Vinci
e a Shakespeare; um hedonista que, assim como o nosso
contemporâneo Noam Chomsky, teve casos de amor com os
maiores ditadores sob o sol e até tinha porta-retratos exibindo
fotos de Stalin e Lenin na prateleira acima de sua lareira.
Esse ativista político abjeto era George Bernard Shaw com
sua retórica falaciosa que trabalhava para aumentar cada
vez mais a intromissão estatal em todas as áreas da vida do
indivíduo. Ainda bem que tinha um bitelo de um Gilbert Keith
Chesterton do lado oposto que, apesar do seu notado fana-
tismo católico, usava de absoluta clareza e lógica na sua lite-
ratura para destruir por completo as falácias do Bernardão, o
socialista falastrão.
Em 1900, o Império Britânico vivia seu apogeu. Em cada
cinco habitantes do planeta, um era súdito da Rainha Vitória.
Naquela época, a Grã-Bretanha contava com pouco mais de
38 milhões de habitantes e, para eles, a virada do século sig-
nificava claramente que seria uma virada rumo a uma era de
melhorias, de progresso, e os socialistas souberam muito bem
tirar proveito desse entusiasmo ingênuo das massas urbanas
daquela época.
Uma virada de século muito diferente veio cem anos depois,
em 1999, quando não só as famosas profecias apocalípticas,
mas também a própria realidade anunciavam a chegada de
um período de grande confusão e de decadência acelerada,
decadência essa que pode ser comparada a um incêndio cuja
alimentação mais significativa de combustível inflamável foi

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feita na década de 1960 e que teve suas labaredas alcançando


as altitudes hedonistas mais elevadas durante a década de
1980, a década da disseminação da cocaína e da normalização
efetiva da promiscuidade sexual, um quadro cuja agravação
progressiva testemunhamos até hoje, com a única diferença
sendo o surgimento da influência do lado podre da internet.
Então, não é difícil enxergar que essa situação de aviltamento
generalizado e a glorificação do sexo que observamos hoje não
teve início com os filmes de Hollywood nem com as insidiosas
novelas da TV Globo. Isso começou na década de 1920, após
a Primeira Guerra Mundial.
Não é à toa que a década de 1920 ficou conhecida como
os “Anos Loucos” e também não é mera coincidência que
essa mesma década assistisse, na Itália, ao auge das prá-
ticas comunais de “sex magic” do bruxo conjurador, Aleister
Crowley, já totalmente viciado em heroína, cocaína e ópio,
vivendo com duas esposas, filhos pequenos e alguns discí-
pulos na sua ignominiosa comuna da ‘Abadia de Telema’, em
Cefalu, próximo a Palermo, na região norte da Sicília.
No ocidente, a década de 1920 foi um período de cresci-
mento econômico, especialmente nos Estados Unidos e na
Europa, particularmente em grandes centros urbanos como
Berlim, Chicago, Londres, Los Angeles, Nova York, Paris, e
Sydney. Nos Estados Unidos, a década de 1920 foi apeli-
dada de “The Roaring Twenties” e, na França, ficou conhe-
cida como “Les Années Folles”, que em português significa
“Os Anos Loucos”, enfatizando as radicais mudanças sociais
e culturais da época.
O mundo ocidental daquela época testemunhou o surgi-
mento e o uso em larga escala de automóveis, telefones, fil-
mes, rádio, aparelhos elétricos e também da aviação comercial.
Os países do ocidente conquistaram um rápido crescimento
industrial e econômico, o que acelerou a demanda dos consu-
midores, introduzindo mudanças extremas no estilo de vida e
na cultura ocidental. Não é de se surpreender que, na sequ-
ência, em muitos dos principais países democráticos, foi con-
cedido às mulheres o direito de votar e, se a política, por si
só, já não fosse algo suficientemente torpe e repugnante, o
direito de voto feminino só serviu para agravar uma situação
que já estava podre e fedorenta; só serviu para aumentar o
poder e os tentáculos do Estado sobre mais áreas da vida dos
indivíduos.
Financiada pela nova indústria de publicidade de mer-
cado de massa que instigava a demanda do consumidor, a
grande mídia, tal qual faz até os dias de hoje, concentrou-se

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nas celebridades, especialmente nos heróis do esporte e


nas estrelas de cinema. As populações das cidades gran-
des torciam por seus times e enchiam os gigantescos novos
estádios esportivos e também os novos cinemas palacianos.
Qualquer semelhança com a cultura do “pão e circo” da Roma
antiga e com os aviltantes “reality shows” da TV contempo-
rânea não é mera coincidência. A única diferença é que, hoje,
os heróis das telas servindo de referência e modelo mascu-
lino para garotos são verdadeiros tumores sociais, como  Jax
Teller de ‘Sons of Anarchy’, o Pablo Escobar de ‘Narcos’ e o
Thomas Shelby do ‘Peaky Blinders’... E a pressão subversiva
em cima das massas incautas, tanto explícita quanto sublimi-
nar, só vai aumentando.
Como resultado do evento da Primeira Guerra Mundial, as
novas características socioculturais que surgiram na década
de 1920 tiveram início nos principais centros urbanos e se
espalharam amplamente pelo ocidente. Foi também naquela
época que os Estados Unidos ganharam domínio nas finan-
ças mundiais. Aquela década foi marcada por um sentimento
geral de novidade e de ruptura com a tradição. Parecia que
tudo era possível com as novas tecnologias, e essas novas
tecnologias, especialmente os automóveis, o cinema e o rádio,
trouxeram a tal “modernidade” a uma grande parte da popu-
lação urbana. Assim, totalmente embriagados e entorpecidos
pelo hedonismo que uma época próspera normalmente pro-
duz nas massas cegas e ignorantes, as populações urbanas
da década de 1920 não perceberam que se iniciava, em ritmo
bastante acelerado, a sua própria idiotização e a sua subse-
quente domesticação suprema. Vamos dar uma olhada nas
três ferramentas mais eficazes usadas contra as massas
urbanas no processo de sua domesticação definitiva.
O rádio se tornou o primeiro meio de comunicação em
massa e eles eram caros, mas seu modo de entretenimento
– ou seja, de distração – se mostrou muito eficaz. A publicidade
no rádio tornou-se uma plataforma poderosa para o marketing
de massa e a sua importância econômica conduziu à cultura
de massa que dominou a sociedade desde aquele período.
Durante a “Era de Ouro do Rádio”, a programação (mental)
radialística era tão variada quanto a programação televisiva
do século XXI e não deixava nada a desejar se comparada à
mesma.
O cinema, apesar de ainda ser mudo, foi um enorme sucesso,
produzindo uma nova forma de entretenimento que pratica-
mente acabou com o velho gênero teatral conhecido como
“vaudeville”. O ingresso para um filme era muito barato e

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multidões lotavam os novos palácios do cinema no centro


da cidade e também nos cinemas dos bairros. Muitos artistas
de vaudeville e outras personalidades teatrais foram recru-
tados pela indústria cinematográfica, atraídos por maiores
salários e condições de trabalho menos árduas. No final
da década de 1920, a introdução do filme sonoro foi a última
pá de cal no corpo moribundo do estilo vaudeville. O público
foi à loucura com os filmes sonoros e todos os estúdios de
cinema convergiram para os filmes sonoros quase da noite
para o dia.
Em 1928, a Warner lançou “Lights of New York”, o primeiro
longa-metragem totalmente sonoro e, no mesmo ano, o pri-
meiro desenho animado sonoro, “Dinner Time”, foi lançado.
A televisão também começou a se desenvolver na década
de 1920, mas os programas de TV só chegaram efetivamente
ao grande público nas vésperas da Segunda Guerra Mundial e
poucas pessoas assistiram televisão antes do final da década
de 1940. Em julho de 1928, John Logie Baird demonstrou a
primeira transmissão televisiva em cores do mundo.

As primeiras “baladas”

Antes de qualquer coisa, eu quero declarar aqui o meu total


desprezo e a minha completa ojeriza em relação aos zumbis
narcisistas que, da mesma forma como as baratas sempre
buscam os locais escuros e úmidos, nos finais de semana,
procuram religiosamente as casas noturnas, os clubes e as
festas onde se embriagam e se exibem freneticamente na pista
de dança, especialmente o público drogado das “raves”, os
piores e mais alienados de todas as espécies de zumbis que
compõem o zoológico baladeiro moderno.
Diferente da dança artística e da dança como fonte de renda
(direta ou indireta), a dança narcisista inebriada, especialmente
a “dança” de catarse impulsionada pelo álcool, pela cocaína,
pelo ácido (LSD) e pelo ecstasy, vem servindo como válvula
de escape do gado urbano em sua cegueira insana, tentando
inconscientemente se livrar do visgo pegajoso do tédio, da
superficialidade e da insignificância que reveste sua vida desde
a década de 1920, especialmente durante a década de 1980,
com as discotecas.
Mais nojo ainda me causam os homens que se entregam
a esse tipo de atividade, pois a dança narcisista e exibicionista
é uma característica exclusiva – e bem antiga – de prostitutas
e “strippers” (dançarinas de “striptease”). As cenas envolvendo
“homens” nessas micaretas pelo país afora seriam cômicas se

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não fossem deprimentes, e se tornam cada vez mais comuns.


Muito diferente do cara que está no palco ganhando dinheiro,
os homens que você vê rebolando e se contorcendo embeve-
cidamente nas boates e nas micaretas são os escravocetas
mais inconscientes e mais irremediáveis da história humana
deste planeta.
As danceterias – ou “clubes de dança” – se tornaram muito
populares na década de 1920. Essa popularidade atingiu o pico
no final da década e chegou ao início da década de 1930. A
música para dançar veio a dominar todas as formas de música
popular no final da década de vinte. Absurdamente, as peças
clássicas, as operetas, a música folclórica, etc., foram trans-
formadas em melodias populares de dança, versões criadas
meramente para saciar a mania de dançar que se apode-
rou das massas urbanas. Assim, a febre da dança teve uma
grande influência na enorme produção de música de baixa
qualidade, também conhecida como “música popular”.
Após a Primeira Guerra Mundial, a enxurrada de propaganda
hedonisticamente alienadora e totalmente irresponsável por
parte da grande mídia teve como resultado uma diminuição
acentuada das inibições dos jovens, que agora exigiam mais
liberdade a fim de testar novas experiências. O problema é que
os jovens queriam mais liberdade sem estarem dispostos nem
prontos para arcar com as consequências e assumir a devida
responsabilidade necessária para desfrutar dessa liberdade.
Exatamente como ocorre hoje, os adolescentes daquela época
queriam tudo de mão beijada, sem ter que sacrificar absoluta-
mente nada para tal e sabiam muito bem que, se uma aventura
deles incorresse em crime, seriam os pais ou responsáveis
que teriam que enfrentar as consequências. Na verdade, isso
não é liberdade; é apenas libertinagem e caos.
Assim, dentro daquele contexto irresponsável e confuso, as
tradicionais “damas de companhia” (em inglês: “chaperones”)
que sempre saíam junto das jovens solteiras para vigiá-las
foram diminuindo em número até desaparecerem por com-
pleto, à medida que o “vale tudo” se tornou o slogan da alie-
nada e ignorante juventude urbana. Para o prejuízo de todos,
e especialmente delas mesmas, surgia uma nova mulher na
sociedade ocidental; a famosa “melindrosa”, que dançava,
bebia, fumava e votava. Essa nova mulher que vivia apenas
para o momento: cortava o cabelo, usava maquiagem, ado-
rava as baladas da época e usava saias bem mais curtas para
facilitar a prática da dança. Ela era famosa por ser leviana e
por gostar de se arriscar desnecessariamente.

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No mesmo ritmo, em escritórios e escolas, novas carreiras


surgiram para as mulheres solteiras, com salários que as aju-
davam a serem mais independentes. Secretárias e professori-
nhas, para variar. Note bem que ser “mais” independente não
é sinônimo de ser totalmente independente e as mulheres de
então – e de agora em especial – sempre votaram de forma
a aumentar o poder e o tamanho do Estado, principalmente
porque essas novas “grandes” carreiras que apareceram para
elas não pagavam o suficiente para uma mulher solteira ban-
car, ao mesmo tempo, uma residência decente, um carro, ali-
mentação de primeira linha, roupas da última moda da Coco
Chanel, vícios, baladas, maquiagem, etc.
Como todo jovem, sem a menor visão de futuro e totalmente
desprovida de senso crítico, aquela nova mulher estava com-
pletamente alheia às misérias que aquele novo estilo de vida
raso e irresponsável traria em curto, médio e também em longo
prazo.

Propaganda

Edward Bernays, sobrinho de Sigmund Freud, é considerado


o fundador da expressão eufemística, “relações públicas”
– ou “consentimento de engenharia”, como ele descrevia.
Essa jogada semântica foi um esforço para evitar usar a pala-
vra “propaganda” devido à conotação negativa que a politi-
cagem por trás da Primeira Guerra Mundial tinha conferido a
ela. Edward Bernays foi o primeiro marketeiro a teorizar que
as pessoas poderiam ser levadas a querer coisas que não
precisam se você apelar para os seus desejos inconscientes,
como o desejo de ser especial, ou o de ser livre, bem-suce-
dido, importante, famoso, etc.
Mr. Bernays e o teórico da propaganda, Walter Lippman,
eram membros do então ‘Comitê de Informações Públicas’ do
governo dos EUA, responsável por manipular e manobrar a
opinião pública acerca de assuntos sensíveis. Esse comitê foi,
por exemplo, muito bem sucedido em convencer americanos
isolacionistas a apoiar a entrada do país na Primeira Guerra
Mundial.
Em 1929, essa mesma técnica de programação mental foi
empregada pela ‘American Tobacco Company’ (“Companhia
Americana de Tabaco”), que contratou Edward Bernays com
o objetivo de instigar as mulheres a começarem a fumar,
pois os homens fumavam, mas não era culturalmente acei-
tável que as mulheres fumassem e elas representavam pelo
menos cinquenta por cento dos consumidores em potencial de

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cigarros, ou seja, um enorme desperdício de lucro. Com isso,


Bernays, pagando algumas feministas que já tinham começado
a fumar, orquestrou uma dramática exibição pública de mulhe-
res fumando durante o ‘Desfile do Dia da Páscoa’, em Nova
York. Na sequência, ele “deixou vazar” para os seus contatos
na imprensa que ficara sabendo que as mulheres sufragistas
iam acender suas “tochas da liberdade” durante o desfile a
fim de mostrar que podiam fazer tudo que os homens faziam
e, assim, aquela jogada publicitária transformou em lucro
gigantesco o ridículo desejo feminista, já latente em todas as
mulheres, de serem consideradas iguais aos homens.

Feminismo e a Absurda Glorificação do Sexo

Esse tipo de jogada de marketing já tinha sido usada pelas


oligarquias e seu plantel de formadores de narrativas políticas
através da 19ª Emenda à Constituição dos EUA, ratificada
em 18 de agosto de 1920, concedendo às mulheres ameri-
canas o direito de voto, um direito conhecido como sufrágio
feminino e, com aquela meta já conquistada, as feministas
então redirecionaram seus esforços rumo a outros objetivos.
Grupos como o “Partido Nacional da Mulher” continuaram
a luta política, mas muitas feministas abandonaram o foco
na política a fim de desafiar as tradições de feminilidade.
Foi assim que teve início o monte de sandices femininas que
observamos até hoje, das quais os políticos, marionetes das
oligarquias, fizeram uso imediato com o objetivo de passarem
leis que serviam apenas para ampliar o poder do Estado sobre
os cidadãos, coisa que acontece até hoje em ritmo cada vez
mais acelerado. Foi então que as mulheres, em especial as
mais jovens, sob a justificativa de “reivindicar seus próprios
corpos”, começaram a alimentar o movimento da liberação
sexual feminina daquela geração. Muitas das ideias que leva-
ram a essa mudança no pensamento sexual já estavam flutu-
ando nos círculos intelectuais de Nova York antes da Primeira
Guerra Mundial, com os textos de Sigmund Freud, Havelock
Ellis e Ellen Key, que alegavam falaciosamente que o sexo não
era apenas central para a experiência humana, mas também
que as mulheres eram seres sexuais com impulsos e desejos
“humanos” e, segundo eles, restringir esses impulsos era auto-
destrutivo e contraproducente, ou seja, não estaríamos aqui
para transcender o nosso componente animal, e sim para nos
entregarmos a ele. É a velha falácia do “se é natural é bom
e desejável”. Essa falácia vai diretamente contra a sabedoria
do estoicismo que alerta tanto homens quanto mulheres para

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a importância suprema da moderação em tudo na vida e tam-


bém para importância suprema do autocontrole.
“Feminismo” é um termo francês derivado da palavra ‘femina’
do Latin, que significa ‘mulher’. As palavras ‘feminismo’ e ‘femi-
nista’ foram usadas pela primeira vez em 1872, numa carta
de uma pioneira feminista holandesa, Mina Kruseman, ao
escritor francês Alexandre Dumas, e no final do século XIX,
‘feminismo’ tornou-se um termo usado oficialmente no mundo
ocidental. A primeira onda feminista – também conhecida como
“movimento sufragista” – durou de 1850 a 1940. Aquela onda
foi, inicialmente, caracterizada pela busca de direitos legais
iguais aos dos homens. A ênfase estava no direito à educa-
ção e ao trabalho remunerado, mas de 1890 a 1920, o ponto
alto da primeira onda feminista, o foco do movimento foi dire-
cionado aos direitos políticos das mulheres. Foi exatamente
esse fato que preocupava a autora da edição americana do
livro ‘O Trivium’ (1937), a irmã Miriam Joseph, que, em 1919,
com apenas 21 anos de idade, em seu ensaio ‘As Mulheres e
o Jornalismo’, soou o alarme e emitiu um chamado para que
as mulheres se envolvessem no jornalismo:
“Não se pode avaliar o perigo, o prejuízo que vem da pro-
paganda insidiosa, a qual, escondida sob o manto de movi-
mentos novos e sonoros, ameaça solapar os princípios mais
fundamentais da vida social e familiar. Se essa propaganda
tiver êxito em ganhar o apoio das mulheres de nosso país, terá
assegurado uma fortaleza, pois um povo inteiro deriva seus
ideais a partir das mães. O meio mais eficiente para combater
esse perigo é virar contra os inimigos as suas próprias armas
e encher as revistas e jornais com artigos baseados em prin-
cípios retos.”
Na década de 1920, as ridículas teorias experimentais femi-
nistas permeavam o “mainstream’ – a grande mídia – e tinha
então início uma enorme e absurda campanha de glorifica-
ção do sexo no mundo ocidental que culminou na década de
1960 e, na década de 1980, aqui mesmo no Brasil, já se podia
observar nitidamente o início da normalização cultural – e da
crescente trivialização – do sexo antes do casamento e das
‘mães solteiras’ e, no que concerne ao aumento do poder do
Estado, o maior mal infligido pelo feminismo e sua falácia da
liberação sexual são as mães solteiras.
Nos Estados Unidos, as provisões para mães soltei-
ras pobres foram projetadas não por políticos do sexo
masculino, mas por mulheres especialistas em benefícios
sociais estatais as quais surgiram no cenário americano
como reformadoras progressistas e que construíram bases

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institucionais na profissão de assistente social, especialmente


na ‘Escola de Administração de Serviço Social de Chicago’
e no ‘Departamento de Menores da Secretaria de Trabalho’
dos EUA.
Graças aos avanços tecnológicos proporcionados pelos
homens, após a Segunda Guerra Mundial, a tecnologia
doméstica diminuiu tremendamente os encargos das tarefas
domésticas, aumentou drasticamente a expectativa de vida
e o crescimento do setor de serviços abriu milhares de empre-
gos que não dependiam de força física. Entretanto, apesar
de todas essas transformações socioeconômicas e tecno-
lógicas tão vantajosas, a narrativa da agenda progressista
da época foi de que a atitude cultural e supostos preceden-
tes legais ainda reforçavam as desigualdades sexuais entre
homens e mulheres.
Um relato desses supostos “efeitos opressivos das noções
predominantes de feminilidade da época” apareceu em
1949, no livro ‘The Second Sex’ (“O Segundo Sexo”), da
infame escritora feminista francesa, Simone de Beauvoir,
e graças à natureza emotiva das mulheres, o livro da fran-
cesa tornou-se um best-seller mundial, aumentando o
embuste feminista de que “enfatizar a liberação sexual
para as mulheres também representava uma liberação para
os homens”. Não surpreendentemente, já quase que irreme-
diavelmente infectados pela idiotização, pela domesticação e,
principalmente, pelo hedonismo diabólico disseminado incan-
savelmente por toda a mídia, a grande maioria dos homens
urbanos acreditou naquele engodo ridículo e falacioso da
suposta necessidade de uma liberação sexual generalizada
e ampla.
Além daquela publicação, como se o tédio, a insatisfação, o
marasmo e a monotonia não fossem uma consequência ine-
rente e inexorável na vida de todos os membros das famí-
lias urbanas, em 1963, no livro da feminista Betty Friedan,
‘The Feminine Mystique’ (“A Mística Feminina”), encontra-se a
narrativa falaciosa de um suposto “problema que estava enter-
rado, não manifestado” na mente da dona de casa urbana e
esse problema era o tédio e a insatisfação. No livro, a femi-
nista declara que “as mulheres que haviam sido informadas
de que tinham tudo – casa agradável, filhos adoráveis, marido
responsável – ​​ foram aniquiladas pela domesticidade e, social-
mente, já estavam condicionadas demais para reconhecer seu
próprio estado de miséria”, ou seja, caberia então à feminista,
uma mulher que tinha acusado falsamente seu ex-marido de

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espancá-la, a “nobre” tarefa de conscientizar todas as donas


de casa da suposta miséria delas.
É claro que, dentro daquele contexto de total alienação
orquestrada e dirigida pelos marionetes da grande mídia, o
livro da feminista se tornou um best-seller imediato.
É importante ressaltar que a palavra ‘domesticidade’ signi-
fica vida privada, antônimo da palavra ‘publicidade’, que signi-
fica vida pública. Sendo assim, nas entrelinhas da abordagem
subversiva feminista, pode-se observar que, para elas, não
bastava ter consciência política; tinha-se que ser efetivamente
ativa na vida política, ou seja, não bastava apenas os homens
se rebaixarem ao nível parasítico de retórica patogênica da
política; agora as mulheres também estavam sendo, pouco a
pouco, convocadas ao mergulho no mar de esgoto estagnado
da vida pública.
Foi assim que a mulherada iludida pelo livro de Friedan se
uniu a políticos, líderes governamentais e sindicais na pressão
sobre o governo federal por salários iguais, proteção contra a
discriminação no emprego, etc. Algumas dessas reivindicações
são justas, é claro, mas esse não é o foco da minha aborda-
gem. O ponto-chave da questão é a rotina da tropa feminista
sempre – e cada vez mais frequentemente – correndo pro
‘Papai Estado’ em busca de novas leis de proteção, privilégios
e direitos especiais. O Estado não é amigo de ninguém, apenas
de si mesmo; ele não se preocupa com as mulheres, apenas
com a cumplicidade e com os votos delas. O Estado se pre-
ocupa apenas em crescer e se perpetuar, e quanto mais leis
são criadas, maior se torna o poder do Estado em detrimento
dos indivíduos. Seguindo a cadência dessa batida, em junho
de 1966, ano declarado por Anton LaVey como sendo o ‘I Anno
Satanas’ (“Ano I da Era Satãnica”), nasceu a “Organização
Nacional das Mulheres” (‘National Organization for Women’:
N.O.W.), uma organização ativista americana que é o maior
grupo feminista dos Estados Unidos (contando com cerca de
meio milhão de afiliadas no início do século XXI). E quem era
a “presidenta” dessa organização política em 1966? É óbvio:
a madame Betty Friedan, cujo verdadeiro nome era Betty
Goldstein.

‘Mea Culpa’

A partir da década de 1960, os homens de todo o ocidente,


totalmente hipnotizados pela repentina facilidade de conseguir
sexo jamais vista antes, não conseguiam enxergar as tene-
brosas consequências daquela revolução sexual inorgânica e

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orquestrada. Os homens viram aquilo tudo como uma grande


vantagem e a imensa maioria ainda vê esse aviltamento gene-
ralizado como sendo um maravilhoso parque de diversões.
A inteligência mediana não alcança o entendimento de que
o homem cuja energia não encontra ocupação nobre vai
se ocupar com vícios mundanos. O autoconhecimento e
o desenvolvimento pessoal são as únicas coisas que podem
resolver esse tipo de problema, uma questão fundamental que
vem sendo negligenciada desde que o homem surgiu na face
deste planeta-prisão. Foi preciso o feminismo infectar a mente
das mulheres de tal maneira que a gravidade do prejuízo, pela
primeira vez, fez os homens começarem a se retirar do jogo
de maneira ampla.
Atualmente, os homens estão pagando o preço pela per-
missividade, indulgência e negligência. Eu sei que é um preço
muito alto para aqueles que chegaram ao suicído, na mais
completa ruína criada por um divórcio litigioso envolvendo
alienação parental e acusações falsas de abuso sexual dos
próprios filhos, entretanto, os homens tem a sua grande par-
cela de culpa e conivência nessa história. Na euforia da pro-
paganda sexual feminista da década de sessenta, os homens
praticamente assinaram uma procuração dando ampla e total
autoridade e autonomia à cabeça de baixo e literalmente amor-
daçaram e exilaram a cabeça de cima. Para quem tem uma
vida entediante, superficial, estressante e insatisfatória, como
é a vida urbana, o apelo do alívio por meio do sexo fácil é tão
forte que os homens se acostumaram a operar com o córtex
pré-frontal desligado durante as vinte e quatro horas do dia,
inclusive eu mesmo, na minha fase mais sexualmente ativa,
do final dos anos oitenta até o fim da década de dois mil. Com
aquela rápida normalização da promiscuidade, já no começo
dos anos oitenta, mesmo quando o objetivo era o casamento,
a maioria dos homens não aceitava continuar um relaciona-
mento se a mulher se recusasse a fazer sexo, mesmo – ou
especialmente – se ela fosse virgem. Ninguém deu importân-
cia para essa mudança tão rápida, tão irracional e tão radical
de paradigma, um dos erros mais graves cometidos por toda
a civilização que, no passado, já enfrentou a decadência que
estamos vivendo nos dias de hoje.
Enquanto o homem e a mulher viviam uma vida de produ-
tores, uma vida sem a presença sempre autoritária, extorsora
e corrupta do Estado, eles viviam uma vida plena e saudável,
com fartura e sem tédio. Bastou entrar em cena a vida urbana
que o jogo imundo do poder rapidamente destruiu aquilo tudo
em nome de um suposto progresso. O círculo parece estar se

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completando agora que um número considerável de homens


está simplesmente virando as costas para toda essa palhaçada
na qual se transformou a instituição do casamento, virando as
costas para os joguinhos de sedução e abundância de sexo
supostamente gratuito e fácil. Não é a primeira vez que isso
acontece na História moderna, mas sob todos os aspectos,
em tempos de Marxismo cultural galopante, estamos teste-
munhando o nível mais acentuado que o evento já assumiu.
Resta torcer para que os homens estejam finalmente come-
çando a acordar para si mesmos e, com isso, se tornem mais
introspectos, mais racionais, mais responsáveis e mais madu-
ros espiritualmente. É imperativo que os homens introspectos,
racionais, responsáveis e espiritualmente maduros deixem
de constituir a exceção e se tornem a regra. Esse é o obje-
tivo supremo de todos aqui nessa colônia penal: conhecer a
si mesmo, dominar a si mesmo para, finalmente, transformar
a si mesmo. Essa é a verdadeira máxima alquímica que foi
disfarçada pela lenda de “transformar chumbo em ouro” numa
época na qual falar em transmutação espiritual podia te fazer
virar churrasco numa fogueira inquisitória. A jornada rumo ao
autoconhecimento, ao autodomínio e à transmutação é uma
longa jornada, eu sei, mas o primeiro passo foi dado – ou
melhor, foi forçado a ser dado. Essa é a grande importância do
papel da dor na vida das criaturas que habitam este planeta.
Atualmente, a parábola de Adão e Eva com a perda do
“paraíso” em conjunto com a parábola do filho pródigo que
retorna ao “lar do pai” ainda resumem muito bem a jornada
do homem que, para aprender a lição, precisa abandonar a
natureza se isolando dela nas cidades e, no processo, volun-
tariamente perdendo o contato consigo mesmo e se viciando
em uma vida de consumidor, uma vida utilitária e cibernética
que o entedia, estressa e responde apenas aos seus instintos
mais baixos, mantendo-o ignorante e distraído do que é real-
mente importante e precioso na vida. Alguns homens raros
finalmente caem na real e retornam à vida rural, completando
assim o ciclo, mas agora eles voltam acompanhados de toda
a tecnologia possível e de um senso de suprema humildade
proveniente do reconhecimento, da consideração e do respeito
pelo tesouro que um dia abandonaram por terem se acostu-
mado tanto a ele que já não mais o enxergavam, já não mais
lhe percebiam o valor. É por isso que é tão difícil para o homem
urbano enxergar o ponto de origem desse vazio na alma que o
assombra em todos os momentos em que ele está sozinho e
fecha os olhos em reflexão, enxergar que o seu exílio voluntá-
rio na selva de concreto é o ponto de origem de todas as suas

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inseguranças, aflições e ansiedades. Esse ambiente volátil


e confuso favorece o florescimento das mazelas humanas –
que são tipicamente urbanas. Mais uma vez, vale lembrar da
importância da dor na vida de uma população planetária que,
em termos de evolução, encontra-se em uma fase estagnada
e até mesmo retrógrada.
É verdade... Tempos difíceis geram homens de valor,
pois a escassez e a miséria os impelem a se erguerem para
combatê-las e cada uma das inúmeras dificuldades do com-
bate os fortalece tremendamente. A labuta e a determinação
dos homens de valor geram tempos prósperos, porém,
a abundância e a prosperidade advindas dos tempos prós-
peros geram homens fracos porque a abundância e a falta
de desafios de uma vida fácil faz as gerações seguintes bai-
xarem a guarda por caírem na ilusão de que a prosperidade
– que não foi criada por eles – jamais se extinguirá e, com
isso, tempos prósperos tendem a facilitar significativamente
o surgimento de bens e serviços frívolos quando não total-
mente supérfluos, bens e serviços esses que intensificam e
aceleram consideravelmente esse enfraquecimento e ajudam
a aumentar ainda mais a displicência, a ingratidão, a indi-
ferença, a devassidão e a frivolidade das gerações fracas.
Por sua vez, homens fracos geram tempos difíceis porque
a sua ignorância em época de vida fácil cria neles ingratidão e
arrogância, o que não os permite enxergar nem aceitar que a
prosperidade da qual usufruíram, sem nenhum merecimento,
diga-se de passagem, foi conquistada com muito suor e san-
gue dos homens de valor da outrora desconhecida por eles.

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HOLLYWOOD E A INDÚSTRIA DA CULTURA
CAPÍTULO 7

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Indústria da Cultura

No que concerne a extrapolação romântica da sua psique e


as suas tendências “manginistas” e “escravocéticas” incons-
cientes, os filmes de Hollywood vão dar sequência ao trabalho
que fora iniciado pelas produções Disney ainda bem cedo na
sua infância.
Os filmes são um dos meios de propaganda mais podero-
sos já utilizados pelas oligarquias; eles nunca foram apenas
“ingênuas fontes de entretenimento e diversão”.
Além de mestres em divulgar propaganda de guerra, as
produções de Hollywood também preparam as pessoas para
as próximas mudanças que as oligarquias planejam.
Por ‘indústria cultural’, estou me referindo a todo o quadro
responsável pelos diversos formatos de entretenimento utili-
zados para formar uma cultura dominante: o uso de música,
filmes, moda, videogames, artes plásticas, revistas e similares
como ferramentas de manipulação cultural... Não apenas os
filmes, mas a indústria cultural como um todo.
O termo ‘indústria cultural’ foi cunhado pelos filósofos da
Escola de Frankfurt, Theodor Adorno (1903-1969) e Max
Horkheimer (1895-1973), e foi apresentado como vocabulá-
rio crítico no capítulo “A Indústria Cultural: Iluminação Como
Cilada em Massa”, do livro ‘Dialectic of Enlightenment’ (1944),
em que eles propuseram que a cultura popular é semelhante
a uma linha de montagem em uma fábrica, só que, em vez de
produtos físicos, produz bens culturais padronizados: filmes,
músicas, programas de rádio, revistas, etc. – que são usados
para, em larga escala, manipular a sociedade à passividade.

Hollywood: Uma Indústria Cinematográfica Global

Os filmes de Hollywood são assistidos em todo o mundo


e os cineastas locais copiam o que está sendo produzido
por Hollywood.
Hollywood é disparada a mais poderosa ferramenta de
manipulação da cultura global. Apenas seis grandes estúdios
de cinema, nomeadamente: Universal Pictures, Paramount
Pictures, Warner Bros. Pictures, Walt Disney Pictures, Columbia
Pictures, e a 20th Century Fox (que foi comprada pela Disney).
Esses estúdios compõem seis conglomerados diversificados
de mídia que dominam Hollywood. Suas várias subsidiárias
de produção e distribuição de filmes comandam coletivamente
85% da receita de bilheteria nos EUA.

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O setor poderia ser definido como um oligopólio, com seis


grandes players (até 2020), todas as unidades de conglome-
rados de mídia e entretenimento negociados publicamente,
respondendo pela maioria do produto distribuído nos Estados
Unidos e no mundo. Os estúdios de Hollywood, tanto nacional
quanto internacionalmente, detêm a liderança nas bilheterias.

O Poder dos Filmes

Os filmes podem inspirar, motivar ou desmoralizar as pes-


soas em larga escala. Pense na última vez em que você se
perdeu mentalmente enquanto assistia a um filme, enfeitiçado,
olhando para a tela, perdendo todo o senso de tempo e lugar,
tal como acontece em um estado hipnótico, esquecendo por
completo que é tudo apenas ficção e roteiro.
Nesse estado de transe hipnótico, embora sabendo que
está assistindo a personagens totalmente fictícios sendo inter-
pretados por atores pagos, você sente todas as emoções
como se aquilo tudo fosse real. Emocionalmente falando,
o cérebro é incapaz de diferenciar uma cena real de uma
cena projetada numa tela, ele computa tudo como sendo real.
É por isso que, sentado diante da tela do cinema, você se
sente alegre, zangado, triste, com medo, excitado, ansioso e
horrorizado, e essas cenas e ideias permanecem impressas
na sua mente, seguem você de volta para casa.
Fazer filmes para consumo em massa é uma arte à parte; a
história é escrita com um cuidado especial, todos os conceitos
complicados ou mais complexos são simplificados e expos-
tos em sincronia com a exibição de imagens que são endere-
çadas especificamente tanto para a parte consciente da sua
mente quanto para a parte inconsciente dela, e a mensagem
subjacente é muito bem transmitida. Muito pouco resta para
o espectador refletir durante o filme e ele assiste fascinado a
todas as cenas. Ele não precisa parar para pensar em nada
porque tudo foi apresentado prontinho, já muito bem masti-
gado; o espectador apenas engole, com anzol e tudo.

A utilização das artes cênicas e de outras formas de arte


como arma de manipulação é muito antiga, tem sido usada
desde a antiguidade. Em seu livro ‘A República’, Platão falou
sobre o uso das artes e do vegetarianismo para domar e mol-
dar a mente das pessoas. Platão aconselhava a censura rígida
da literatura para as escolas e defendia o controle da poesia,
da música, da pintura, da escultura e da arquitetura.

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A arte é poderosa e, portanto, perigosa. Poesia, teatro,


música, pintura, dança, tudo desperta nossas emoções. Todas
as artes movem as pessoas poderosamente. Elas podem
influenciar fortemente nosso comportamento e até mesmo
o nosso caráter. Por esse motivo, Platão insistia que a música
(em especial), juntamente com a poesia, o teatro e as outras
artes, deveria fazer parte da educação dos jovens cidadãos em
sua república ideal, mas deveria ser rigorosamente censurada.

‘Programação Preditiva’

De acordo com a resumida definição da Wikipédia:


“A programação preditiva, um método teorizado de controle
mental em larga escala, propõe que as pessoas sejam condi-
cionadas, através de obras de ficção, a aceitar cenários futu-
ros previamente planejados.”
‘Programação Preditiva’ é um método usado para auxiliar
no processo de normalizar antecipadamente uma ideia na
mente das massas populacionais.
Através da ficção, seja na literatura ou nos filmes, a popu-
lação é preparada ou programada com antecedência para
as próximas mudanças planejadas pelas oligarquias. É uma
manobra de engenharia psicológica das massas, pois, em
condições normais, essas mudanças radicais seriam rejeita-
das pelas pessoas, então, é necessário um processo de con-
dicionamento para torná-las aceitáveis.
Esse condicionamento é feito indiretamente, usando fontes
fictícias como filmes, programas de TV, música popular, livros,
etc. Dessa maneira, as pessoas são expostas às ideias e aos
conceitos das mudanças desejadas à medida que assistem às
tramas de filmes, programas de TV, videoclipes musicais, tra-
mas de livros, etc. Depois que isso é feito por um longo período
de tempo, lentamente, as mudanças vão sendo implementadas
na prática e se tornam a nova norma, o “new normal”.
Esse processo de engenharia psicológica das pessoas,
antecipando o futuro com a ajuda de filmes e outras formas de
entretenimento é chamado de programação preditiva. Sem
perceberem, através da ficção, as pessoas são sutilmente trei-
nadas a aceitarem as próximas mudanças. É uma das várias
formas de controle mental utilizadas pelas oligarquias. A pro-
gramação preditiva é usada porque é muito difícil mudar os
hábitos e costumes das massas.
A maioria das pessoas vive sob uma séria tensão interna, vivem
divididas internamente: ao mesmo tempo que anseiam cons-
tantemente por novidades e aventura, elas são extremamente

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relutantes quanto a abrir mão de familiaridade e de rotina.


Você não pode simplesmente pedir que as pessoas aceitem
um sistema ditatorial transhumanista tecnocrata; não do dia
pra noite. Você tem que manipular as pessoas de uma forma
que elas desejem essa mudança.
Os conceitos e ideias desejados para o futuro, como, por
exemplo, o transhumanismo estatal, estão presentes em toda
parte na cultura popular – os incautos e ignorantes cyber-
punks socialistas que o digam. Todas essas ideias e conceitos
estão incorporados na psique coletiva através da ficção. Eles
já estavam presentes no subconsciente público antes de se
tornarem realidade.
A programação preditiva ocorre da seguinte forma:

- Dessensibilização: exposição sistemática do público aos


novos padrões e conceitos;
- Repetição: condicionamento sistemático do público atra-
vés das várias plataformas usadas para transmitir as men-
sagens e o conteúdo (filmes, música, moda, artes plásticas,
livros, etc.);
- Normalização: lenta e sistematicamente, os novos concei-
tos e as mudanças desejadas pelas oligarquias são normaliza-
dos, o que sinaliza que o condicionamento foi bem-sucedido;
- Aceitação: as pessoas aceitam e incorporam as mudan-
ças radicais em suas vidas como normais e naturais (resultado
desejado).

Vale a pena elaborar um pouco sobre os dois primeiros itens:


a dessensibilização e a repetição.
Como é realizada a dessensibilização do público?
Especialmente através de filmes, videoclipes e videogames, é
possível dessensibilizar o ser humano a respeito de qualquer
tema. Por exemplo, quanto mais expostas à violência e sangue
nas telas, menos chocadas as pessoas ficam com violência
e sangue na vida real. Não que as pessoas vão necessaria-
mente se tornar violentas e sanguinárias, mas elas vão acei-
tar com muito mais passividade e naturalidade a ocorrência
de violência e sangue a sua volta na vida real, até mesmo de
forma rotineira.
Sendo assim, exponha o público a uma nova ideia ou con-
ceito, como, por exemplo, humanos e robôs se fundindo.
Como ficção, as pessoas não se opõem a nenhuma suges-
tão absurda e a consideram uma mera fantasia divertida.
Nos filmes, você pode mostrar ao público qualquer conte-
údo grotesco, bizarro, absurdo e distorcido porque, afinal, é

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tudo “ficção”. Por isso, as pessoas não reagem fortemente e


continuam assistindo enquanto seus censores psicológicos
de julgar bizarrices, absurdos e distorções vão relaxando e
se adaptando, se moldando aos novos padrões aceitáveis.
Os espectadores não criticam absolutamente nada, iludidos
a pensar que tudo aquilo é apenas entretenimento inofensivo.
Dessensibilizar significa eliminar da psique das pessoas
a sua capacidade de se chocarem. As pessoas não se sen-
tem mais incomodadas, já não veem a mudança como
estranha, surreal, bizarra, absurda, repugnante e, em vez
disso, se acostumam e incorporam a mudança; elas não se
sentem mais perturbadas ou desconfortáveis como se sentiam
anteriormente.
A repetição difunde o conceito na mente do público, criando
um lugar permanente no subconsciente coletivo. Repetição
significa condicionamento: mais e mais filmes mostram as mes-
mas coisas repetidas vezes. A mente do público é inundada
com o conceito subjacente há décadas (ex.: transumanismo).
Outras formas de entretenimento, como videoclipes, progra-
mas de TV, revistas de moda, livros e revistas em quadrinhos
abordam os mesmos temas. Os conceitos subjacentes estão
presentes em todos os lugares e não apenas nos filmes.
As pessoas se acostumam a assistirem as mesmas coisas
ano após ano e através de diferentes mídias. Essas imagens
se tornam parte da psique coletiva, tornam-se algo como qual-
quer outra coisa normal.
Após uma exposição bem-sucedida por um período de
tempo, as alterações são apresentadas ao público, a ficção
se torna fato. As pessoas não reagem e não protestam de
forma alguma, como se tudo fosse uma progressão natural
das coisas.
Seria isso possível sem a ajuda da indústria cultural?
As pessoas reagiriam da mesma maneira se não fossem pre-
viamente condicionadas pela ficção? Tenho certeza que não.
As mudanças são introduzidas primeiro por meio de filmes.
Os conceitos e ideias são incorporados na linha da história.
Depois de bastante exposição ficcional através de todos os
meios de entretenimento, as respectivas mudanças são anun-
ciadas publicamente e, geralmente, são aceitas pronta e cega-
mente pelas massas. As autoridades não precisam enfrentar
um alto índice de desaprovação, pois as massas já foram
antecipadamente programadas para aceitar as mudanças.
Se as mudanças forem implementadas sem o condiciona-
mento prévio adequado, as pessoas se oporão a elas e as rejei-
tarão. Sem o condicionamento, o público consegue analisar

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claramente os riscos e os perigos das mudanças e como pode


ser afetado por eles. Com isso, a agenda das oligarquias seria
interrompida ou atrasada. Portanto, um processo de condicio-
namento é essencial para obter o consentimento implícito do
público.
Os filmes não representam apenas entretenimento, mas
também representam o condicionamento gradual do público
desavisado acerca de certas ideias, conceitos e mudanças.
Os filmes são a maneira mais eficaz de programar as pes-
soas, especialmente as crianças, os adolescentes e os jovens.
A depravação sexual e a promiscuidade divulgada em filmes,
programas de TV e na música se tornaram realidade. O sis-
tema de carteira de identidade biométrica é outro bom exem-
plo do uso bem-sucedido da programação preditiva.
Também há casos de programação posterior do público atra-
vés dos mesmos meios. Após o ataque aos prédios do World
Trade Center, em 11 de setembro de 2001, Karl Rove, o vice-
-chefe de gabinete de George W. Bush, convidou quase qua-
tro dúzias de integrantes da elite do poder de Hollywood para
o Beverly Peninsula Hotel e pediu ajuda para angariar apoio
para a agenda política neocon, incluindo medidas ostensivas
de segurança interna abrangendo a guerra no Afeganistão e
no Iraque. Após aquele encontro, os roteiros jingoístas de fil-
mes de guerra, como “Black Hawk Down”, “We Were Soldiers”
e “Behind Enemy Lines”, foram levados às pressas para os
estúdios e, logo depois, para os cinemas e locadoras de DVD.
Por pensarem que os filmes são apenas entretenimento para
os espectadores e dinheiro para os produtores, as pessoas
nunca param de consumi-los. Elas nunca suspeitam que os
filmes podem ser usados para controlá-las e programá-las. Se,
por exemplo, o partido nazista produzisse ou financiasse um
filme, as pessoas boicotariam ou assistiriam com ceticismo,
mas as pessoas não pensam da mesma forma em relação
aos filmes de Hollywood porque acreditam que são feitos sem
qualquer agenda por trás e apenas para entretenimento.
Ao contrário da ingênua crença popular, os filmes de
Hollywood foram, desde o início, usados como veículos
de propaganda, e toneladas de informações estão disponíveis
por aí que documentam claramente a conexão que a CIA,
o Pentágono e as Forças Armadas Americanas têm com os
cineastas de Hollywood.
A ‘Lookout Mountain Air Force Station’ (LMAFS) é uma ins-
talação militar/estúdio cinematográfico que fica localizada exa-
tamente no infame bairro de Laurel Canyon, em Los Angeles,
Califórnia, o mesmo local que David McGowan descreve em

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detalhes no livro dele sobre a total inorganicidade e a bruta-


lidade por trás do movimento hippie e da “contracultura” nos
Estados Unidos dos anos 60. A ‘Lookout Mountain Air Force
Station’ produziu filmes e fotos para o Departamento de Defesa
dos Estados Unidos e para a Comissão de Energia Atômica
(AEC) de 1947 a 1969.
A instalação de 9.300m² foi construída em 1941, para fun-
cionar como um centro de defesa aérea da Segunda Guerra
Mundial para coordenar as instalações de radar na área de
Los Angeles. Quando o estúdio foi inaugurado, em 1947, seu
objetivo foi mantido em segredo. As instalações consistiam
de um grande palco de som, um laboratório de cinema, duas
salas de projeção, quatro salas de edição, um departamento
de animação e fotografia, um estúdio de mixagem de áudio
e vários cofres de filmes climatizados. Sempre utilizando os
equipamentos mais recentes do mercado, o estúdio podia pro-
cessar filmes cinematográficos em cores, de 35mm e 16mm,
bem como fotos em preto e branco e coloridas.
As programações preditivas de alguns filmes de Hollywood
podem ter mais de um tema, como, por exemplo, o filme
‘Matrix’, que sugere transumanismo, distopia e propaganda
New Age. Vamos descrever as mais evidentes.
O transumanismo é um tema muito comum em filmes desde
os anos 70. Os incautos ingênuos acham que o ‘transuma-
nismo’ é apenas uma filosofia benevolente e maravilhosa que
tem como objetivo melhorar a condição humana e até mesmo
prolongar o tempo de vida das pessoas a partir do uso da
biotecnologia, da nanotecnologia e da neurotecnologia para
aumentar a capacidade cognitiva e superar limitações físicas e
psicológicas, especialmente em pessoas que foram mutiladas
por algum acidente ou por alguma doença degenerativa.
Embora o primeiro exemplo de filme transumanista possa
ser “Metrópolis”, de Fritz Lang, lançado em 1927, os conceitos
distópicos e as ideias transumanistas estão sempre presen-
tes nos filmes do gênero, mas não limitados a eles. Coisas
como megacorporações fabricantes de androides e material
bélico, a fusão entre humanos e máquinas, inteligência artificial
avançada, realidade virtual, ciborgues, clones, totalitarismo
tecnocrata com sua supervigilância, seus drones e quime-
ras, upload/download mental, etc. têm sido assunto central e/
ou periférico de vários filmes, mas também de videogames,
de programas de TV, vídeos musicais, revistas de moda e
até livros. Alguns exemplos de filmes que promovem essa
temática são: ‘Substitutos’ (‘Surrogates’), ‘Ready Player One’,

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‘Lucy’, ‘O Vingador do Futuro’ (‘Total Recall’), ‘Blade Runner’,


‘Terminator’, ‘Matrix’, ‘Transformers’, e ‘Johnny Mnemonic’.
A desumanização é a própria dessensibilização do público.
Não é à toa que Hollywood vem aumentando gradativamente o
nível de explicitude gráfica em seus filmes. Já não basta mais
alguém apenas dar uma facada ou um tiro em outra pessoa...
agora, a câmera tem que mostrar a bala entrando e saindo da
cabeça da vítima, enquanto um litro de sangue e pedaços de
cérebro se espalham no ar, tudo isso em câmera super lenta
e com a mais alta definição possível.
Todas as formas de arte nasceram – e sempre estiveram
diretamente – ligadas à beleza, pois beleza faz parte fun-
damental de qualquer ambiente sadio. É por isso que, em
contrapartida, no cinema, na TV e nas galerias de “arte” pós-
-moderna, a feiura está presente por toda parte.
A desumanização é uma arma de guerra psicológica.
Estamos sendo desumanizados. Isso significa que somos o
inimigo.
Esses filmes sangrentos continuam retratando torturas físicas
e psicológicas das mais impiedosas, assassinatos horríveis,
mutilação, abuso e todos os tipos de conteúdos depravados
e desprezíveis. Por que eles estão empenhados em nos fazer
assistir a tudo isso? Esses filmes super violentos são feitos
para cumprir uma agenda mais ampla: remover a humani-
dade e a empatia dos espectadores. Com a exposição con-
tínua a esse repertório de cenas tão gráficas, as pessoas
vão ficando insensíveis também ao verem sofrimento e atos
horrendos na vida real. Elas são treinadas para assistir a tal
conteúdo de forma consistente e se acostumarem com isso.
É como transformar as pessoas em psicopatas sádicos, assim
como as oligarquias são. Sem saber, somos condicionados a
enxergar os humanos como objetos. A vida humana perdeu
seu valor. Hollywood está tentando normalizar o pérfido e o
grotesco.
Além de filmes como ‘Jogos Mortais’ (‘Saw’) e ‘O Albergue’
(‘Hostel’), também temos videogames, videoclipes, progra-
mas de tv e até revistas de moda cheias de conteúdo desu-
manizador. O filme ‘O Albergue’ é especialmente interessante.
É um filme sobre círculos de tráfico humano para fins de tor-
tura física, com clientes psicopatas graúdos, do topo da hie-
rarquia social.
Essas redes secretas de tortura existem mesmo na vida
real? Será que os produtores do filme, ao expor a ideia como
sendo uma suposta ficção, não estariam tentando desviar
nossa atenção da probabilidade desse fato?

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Hollywood está ocupada expondo o público constantemente


a cenas perturbadoras de tortura, assassinatos horríveis, vio-
lência exagerada, abusos horripilantes, controle da mente atra-
vés de trauma e choque, e tudo o de mais baixo e desprezível
que se possa imaginar.
Por que criar filmes tão degradantes? Para criar uma cultura
degradada. Mostram conteúdo gráfico que cause pesadelos
no público, quase uma forma de tortura psicológica. Eles estão
fazendo tudo isso para deixar o público pronto para o próximo
abate planejado e não querem que as pessoas tenham empa-
tia por alguém morto de forma selvagem pela polícia ou por
militares, para não darem uma segunda olhada na vítima já
que se acostumaram a assistir a coisas dez vezes piores nas
telas.
Como nas arenas da Roma antiga, talvez um dia não muito
distante, a violência, a tortura e as mortes ao vivo voltem a
ser uma forma comum de entretenimento, como acontece nos
filmes ‘O Sobrevivente’ (‘The Running Man’) e ‘Corrida Mortal’
(‘Death Race’). Assim como na ficção das telas, no futuro, as
pessoas não terão problemas com isso na vida real. O mundo
fictício do filme ‘A Síndrome do Vídeo’ (‘Videodrome’), infeliz-
mente, está se tornando realidade.
Desastre é outro tema recorrente em todos os filmes que
abordam cenários de catástrofe, cataclismo e juízo final. Nesses
filmes, testemunhamos todos os tipos de tragédias, incluindo
surtos de doenças pandêmicas e desastres naturais, como
colisões de asteroides, terremotos, erupções vulcânicas, etc.
E em reação a tudo isso, países inteiros – e até mesmo o
planeta como um todo – entram em pânico e a perturbação se
torna generalizada. Depois disso, o que se segue é caos, com
tumultos, escassez massiva de alimentos, energia, remédios,
combustível, e mortes em massa. Exemplos desses filmes
são produções como toda a saga ‘Mad Max’, ‘San Andreas’,
‘2012’, ‘Contágio’, ‘Geostorm’ e filmes similares.
Como se isso não bastasse, usando a tecnologia HAARP
ou guerra biológica, as oligarquias podem muito bem desen-
cadear deliberadamente vários desses desastres.
Por fim, a distopia. Filmes e livros com esse tema apre-
sentam um cenário futurista e promovem ideias de um Estado
único e global, montado dentro de uma oligarquia tecnocrata
totalitária. Esse sistema é geralmente caracterizado por uma
polícia militarizada; por lei marcial e controle total das pessoas;
pela idiotização, redução e compartimentalização sistemática
da população; pela monitoração digital invasiva e ininterrupta
dos indivíduos; por pessoas precisando de um passe especial

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para sairem de suas zonas habitacionais fixas; pela compul-


soriedade da implantação de identificadores digitais e também
do uso de calmantes e de medicamentos para suprimir emo-
ções e pensamentos rebeldes; pela inexistência de dinheiro
físico; pelos infames créditos sociais – já programados para
a China – e por outras coisas desse tipo. O melhor exemplo
desse estilo de ficção está no livro ‘Admirável Mundo Novo’
(‘Brave New World’), de Aldous Huxley.
Nesse tipo de realidade, através da engenharia genética,
as pessoas são projetadas para um trabalho específico e não
se aventuram em áreas de conhecimento diferentes daquela
para a qual foram projetadas e programadas. As pessoas
são projetadas geneticamente até mesmo para morrerem ao
atingirem uma certa idade; nenhuma liberdade ou direitos e
apenas a obediência ao Estado é aceitável; uma sociedade
altamente planejada com utlização de identificação biométrica,
bancos de dados centralizados, formas de vida geneticamente
modificadas, racionamento, controle do pensamento usando
produtos químicos e drogas... todos os tipos de métodos para
controlar o público são usados. Até o ambiente natural muda
drasticamente e as pessoas são forçadas a viver em cidades
subterrâneas, sem luz solar, ar contaminado, etc.
Em relação aos filmes de Hollywood, é sugerida uma visão
muito sombria do futuro. Os exemplos estão em filmes como
‘Elisium’, ‘Código 46’, ‘Gattaca’, ‘THX 1138’, ‘Equilibrium’,
‘Minority Report’, ‘Blade Runner’, ‘Totall Recall’, etc.

Hollywood e a indústria da cultura não lidam apenas com


programação preditiva. Eles promovem e divulgam diversas
agendas.
O método é altamente compartimentalizado e, por isso, a
maior parte dos artistas, músicos, publicitários, técnicos e fun-
cionários em geral não sabem as razões ulteriores daqueles
que se encontram nas cúpulas oligárquicas que comandam as
pessoas que pagam os seus salários, da mesma forma que
um soldado, um cabo, um sargento ou mesmo um capitão não
sabem o que está sendo confidencialmente planejado pelos
generais nas reuniões deles.

Dominação Através da Degeneração

A glorificação do sexo e da violência são duas agendas


fundamentais no processo de orquestração da decadência de
uma população com o objetivo de dominá-la.

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Como uma citação de Aldous Huxley que já mencionei ante-


riormente: “se quiser escravizar uma população, certifique-se
de que haja sexo em abundância a fim de aliviar a tensão”.
Sexo e violência sempre existiram nos filmes. Além disso,
eles incentivam e divulgam feminismo, eugenia, a hype do
terrorismo, a distorção dos gêneros, fraudes históricas (espe-
cialmente acerca das duas guerras mundiais, da guerra do
Vietnã, da guerra civil americana), propaganda bélica e recru-
tamento militar. Os QGs das oligarquias que estão por trás da
mega-produção de filmes, de música pop e seus respectivos
videoclipes, de programas de TV e de festivais de música têm
muitas agendas diferentes para promover, todas trabalhando
para o mesmo objetivo final: um único Estado policial glo-
bal, um Estado corporativo, socialmente dividido em castas,
administrado por burocratas da ONU sob ordens de uma oli-
garquia que, através de um único banco central, da ausên-
cia absoluta de pequenas e médias empresas, com apenas
uma religião e um único líder religioso, exerce o controle de
toda a dinâmica social e também o controle total sobre todos
os aspectos da vida de uma reduzida população mundial de
escravos inconscientes cujos grillhões são eletrônicos e vir-
tuais... Bem ao modelo do livro ‘Admirável Mundo Novo’ por
Aldous Huxley, publicado bem no início da década de 30.

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CAPÍTULO 8

INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL CONDUZ


À INDEPENDÊNCIA SOCIAL:
INVERTENDO O SEU PARADIGMA EXISTENCIAL

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Por tudo que vimos nos capítulos anteriores, fica fácil obser-
var que o homem moderno é o elo mais novo de uma corrente
muito arcaica de condicionamentos totalmente artificiais, degra-
dantes e escravizantes. Esse condicionamento transformou
não apenas o corpo do homem, mas também a sua mente em
um tremendo amontoado de enfermidades – grosseiras e sutis.
Além de cada vez mais frágil e mais dependente em todos
os sentidos, o homem, através dos tempos, vem se tornando
fisicamente cada vez mais aleijado e, mentalmente, cada vez
mais ignorante, mais embrutecido, mais superficial e, o pior
de tudo, cada vez mais arrogante.
As enfermidades físicas e as enfermidades mentais mais
grosseiras são relativamente fáceis de perceber e superar,
entretanto, as enfermidades mentais e emocionais mais sutis
são muito mais numerosas que as enfermidades grosseiras
e, além disso, são de difícil identificação e de difícil acesso,
portanto, elas são as enfermidades mais difíceis de serem
superadas e sublimadas. Identificar e superar essas enfermi-
dades é a maneira pela qual o homem moderno vai, ao mesmo
tempo, conquistar a sua independência emocional e também
social. Apenas depois disso é que o homem contemporâneo
vai conseguir retomar a sua jornada adiante, de forma madura
e digna.
Levando tudo isso em consideração, especialmente
se houver o desejo de manter a sua rede de contatos e de
interações humanas em todos as áreas e níveis, você deveria
se perguntar: como não ser dependente de fatores e valida-
ções externos para se ter uma vida plena, saudável e produ-
tiva? Como ser racional – em vez de emotivo – sem se tornar
uma pessoa fria? Como não se apaixonar? Como deixar de
ser romântico? Como controlar as minhas emoções? Como
deixar de ser escravo do meu ego e passar a controlá-lo?
Como fazer para que a minha nostalgia não me prejudique?
Como fazer os meus pensamentos, as minhas palavras
e as minhas ações trabalharem a meu favor em vez de
contra mim?
Essas são questões que já vêm sendo abordadas direta e
indiretamente nas páginas anteriores deste livro, mas agora,
eu vou afunilar a minha elaboração para proporcionar pratici-
dade ao leitor.
Como você já viu no primeiro capítulo, a solitude, a medita-
ção e a tendência sigma tem sido a base da minha experiên-
cia e vivência no que se refere ao assunto deste livro e deste
capítulo em particular: desapego. Entretanto, eu não posso
me basear apenas em mim para metodizar esse plano, esse

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mapa para você, então, eu vou traçar um esquema que serve


para todo e qualquer homem que realmente esteja compro-
metido e empenhado em se tornar independente emocional
e socialmente, mesmo – e principalmente – aqueles homens
que preferem continuar suas vidas dentro ou próximos do
ambiente urbano. Vamos lá!
Nas áreas emocional e social, a independência é especial-
mente importante tanto para os homens que, socialmente,
preferem continuar no ambiente urbano, quanto para aqueles
homens que, emocionalmente, preferem estar em um relacio-
namento sério. Por quê? Muito simples... Isso se dá porque
são exatamente esses homens que estão correndo os maio-
res e mais eminentes riscos de se ferrarem de maneira séria
– e irreversível – no caso de acusações falsas, ou por causa
da indústria das pensões e/ou devido à escalada dos absur-
dos da engenharia social, como o embuste do coronavírus e
a execrável agenda corporatista totalitária da ONU para 2030
(já dando as suas caras em São Paulo através do parasita
autoritário, repugnante e imprestável que governa o estado).
Simples assim.
É importante frisar que mesmo os relacionamentos que não
incorrerem em desfecho trágico estão ainda sujeitos a dramas
altamente desgastantes, angustiantes e debilitantes para o
homem de mente comum, de mente superficial, a mente ‘blue
pill’. A minha mensagem aqui é que, se você está num rela-
cionamento afetivo, nada pior do que se apaixonar e possuir
uma mente romântica, pois o romantismo, como traço psico-
lógico de abordagem de vida, continua impregnado em você,
mesmo muito tempo depois de passada a paixão inicial do
relacionamento – que não passa de uma mera armadilha bio-
química – e esse romantismo vai ser um filtro muito daninho
entre você e a realidade. Esse filtro romântico vai impedi-lo de
enxergar a realidade do seu relacionamento afetivo e também
a realidade dos seus relacionamentos fraternais, profissionais,
sociais e familiares. Se desde o início de um relacionamento
não houver a presença de paixão nem de romantismo, esse
relacionamento vai ser infinitamente mais harmonioso, mais
prazeroso, mais produtivo e você vai se livrar de todos os seus
conflitos internos com relação à sua parceira e com relação
ao relacionamento.
Mantendo isso sempre em mente, se o seu objetivo é desen-
volver a sua independência emocional e, de quebra, desen-
volver também a sua independência social, você vai ter que
seguir essas três diretrizes supremas que eu sempre segui:
1- Se conhecer, se dominar e transmutar (Meditação);

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2- Desenvolver o raciocínio crítico (Método do Trivium);


3- Se fortalecer interiormente para não fraquejar na sua jor-
nada (Estoicismo).
Esses são os três pilares da independência emocional.
Vamos agora falar sobre cada um deles.
Primeiramente, você vai ter que, de forma simultânea, se
conhecer para que possa se dominar e o domínio sobre
si mesmo é a única coisa que vai proporcionar a transmu-
tação. ‘Transformação’ é a mudança da forma apenas, é
um evento superficial e, além disso, é um evento reversível.
Já a ‘Transmutação’ é a mudança da essência, um evento
profundo e irreversível.
“Vincit qui se vincit” é uma máxima em latim que significa:
“Muito conquista aquele que se conquista.”
A transmutação possibilitada por essa autoconquista é o
que era ensinado pelos alquimistas. Atualmente, através de
bombardeamento de neutrons dentro de um acelerador de par-
tículas, pode-se perfeitamente transmutar chumbo – e outros
metais – em ouro, ou seja, aquele objetivo da alquimia não era
de todo metafórico, mesmo porque os integrantes de todos os
três reinos – inclusive os do Reino Mineral, por mais estranho
que possa parecer – apresentam a tendência inata de evoluir
para a mais alta expressão do seu respectivo reino, tal qual
ocorre com o carvão mineral que, no fim de uma longa jornada
geológica, vira diamante. Além disso, saiba que cada reino
vibra com a tendência de transcender a si mesmo, de subir
um degrau: os minerais sempre vibram rumo à obtenção da
energia que é conferida aos vegetais; os vegetais sempre
vibram rumo à obtenção das emoções conferidas aos animais;
os animais sempre vibram rumo à obtenção do estado mental
humano; já os humanos, por sua vez, raramente vibram rumo
à conquista de seu espírito, sua alma.
Estamos presos nesta colônia penal porque não consegui-
mos transcender a parcela de nós que ainda pertence ao reino
animal. Dedicar-se sinceramente para transcender o animal
em você significa vibrar rumo à conquista do seu espírito, da
sua alma; se ver livre do que o amarra à existência física.
Ninguém nasce com uma alma, apenas com a centelha
dela, apenas com uma semente desse potencial. A maioria
das pessoas jamais cultiva essa semente, pois a maioria não
está consciente dela, não a enxerga, não sabe que ela sequer
existe. Mas só podemos cultivar aquilo que enxergamos, só
podemos cultivar coisas das quais estamos conscientes, é
óbvio.

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E como você pode se conhecer para que possa se domi-


nar e, no processo, transmutar? A resposta já foi mencionada
agora a pouco, na primeira diretriz suprema: meditação ativa.
Vamos a ela...

1- Meditação Ativa

Nós somos percepção pura encapsulada em uma unidade


de carbono e movidos a impulsos elétricos.

Independente de qual dos três grandes reinos se faz parte,


cada um dos seres deste – e de qualquer outro universo possí-
vel – não passa de uma diminutíssima “célula do Todo” incum-
bida da missão de ajudar o Todo a conhecer e a experienciar
todas as possibilidades e todos os infimamente minúsculos
recantos e esconderijos que existem em si mesmo por toda
a parte.
A nossa existência nada mais é do que “Deus” tentando se
conhecer ao máximo, em todas as Suas possibilidades. Se
estamos inconscientes de nós mesmos, inconscientes do que
realmente somos, então estamos desperdiçando simplesmente
tudo na vida, pois quando estamos inconscientes de nós mes-
mos, estamos fatalmente também inconscientes da macro
realidade que nos cerca. Entretanto, a esmagadora maioria
das pessoas vive e morre totalmente inconsciente da maravi-
lha miraculosa da vida que recebeu. Por que isso acontece?
Todos os condicionamentos pelos quais passamos desde
a infância criam em nós uma espécie de autômato, um “robô”
que realiza atividades por nós quando estamos com a mente
absorta em algo alheio à atividade da qual estamos efetiva-
mente ocupados naquele momento. Por exemplo, é o robô
que dirige o seu carro quando você fala ao celular enquanto
está dirigindo; é o robô que realiza o ato de comer quando
você assiste televisão enquanto está almoçando; é o robô que
te lava e te enxuga todos os dias quando você está naquela
habitual tagarelice mental enquanto está tomando banho –
você não está realmente presente no volante, nem na mesa
do almoço e nem no box do banheiro.
Isso é muito mais sério do que as pessoas de alcance
mediano podem sonhar em imaginar, pois esse processo é
uma verdadeira “bola de neve da inconsciência”! O robô
começa meio tímido, na sua infância ainda, mas ele jamais
pára de acumular poder e chega uma hora que ele assume
uma dominação total sobre você. Então você perde todo o
controle sobre os seus impulsos biológicos mais baixos, perde

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o controle sobre o ego, sobre a mente e sobre as emoções.


Você agora não passa de uma folha seca à deriva num ven-
daval. É exatamente isso que tem ocorrido repetidamente com
as massas populacionais de toda a nossa história.
Pessoas profundamente conscientes de si mesmas são
as coisas mais raras nesta nossa colônia penal. Se você não
quer ser apenas mais uma folha seca no vendaval insano das
massas de manobra, você vai ter que se DESPADRONIZAR!
O processo de despadronização não é curto, mas é bem mais
simples do que se imaginaria. Atingir o ápice do processo de
‘despadronização’ nada mais é do que uma descrição moderna
para o antigo conceito da ‘iluminação’, do ‘despertar’ do indi-
víduo para a realidade, sem qualquer tipo de filtro.
Meditação é simplesmente uma ferramenta utilizada para
conseguir despertar de forma consciente, consistente, mais
harmoniosa, mais eficaz, muito mais rápida, bem menos dolo-
rosa e mais divertida também. É possível despertar sem medi-
tação, entretanto, vai ser um processo inconsciente, conflitante,
inconsistente, sem garantia de resultados, muito mais lento,
super doloroso e muito entediante também. A escolha, como
sempre, cabe a você e fica por sua conta.
Outra coisa muitíssimo importante sobre meditação é que,
historicamente, os gurus orientais da era moderna – sejam
eles carecas ou cabeludos, barbudos ou barbeados – com sua
postura e imagem públicas cuidadosamente pintadas como
se eles fossem supostos deuses da perfeição, da santidade,
da simpatia, da compaixão, da castidade, da humildade e
do desapego sobre a terra, caminhando como se levitassem
dentro de suas túnicas chamativas ou com seus turbantes
coloridos, esses gurus deixaram um legado dogmático muito
prejudicial no inconsciente das massas: a equivocada noção
de que, se você medita, você obrigatoriamente tem que ser
esmero exemplo de perfeição, de santidade, de simpatia, de
compaixão, de castidade, de humildade e de desapego sobre
a terra, caminhando como se levitasse dentro de uma túnica
chamativa ou com um turbante colorido.
Dentro da psique moderna, a doutrinação da culpa é como
um cisto psicossomático gerado pelos fanáticos religiosos de
todos os tempos, te corroendo lentamente, sem você perce-
ber... E a culpa é uma frequência vibracional castradora, parali-
sante. Depois do medo, a culpa é a frequência mais destrutiva
que pode dominar a sua mente e as suas emoções.
Aproveite a prática da meditação ativa para também, aos
poucos, começar a observar a culpa escondida nas entranhas
escuras e empoeiradas da sua mente e das suas emoções;

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esteja consciente da culpa influenciando os seus padrões


comportamentais durante o dia.
Pelo fato de não ser capaz de conceber ou absorver a reali-
dade da prática da meditação ou a natureza do estado medita-
tivo, o leigo sempre vai associar quem medita àquela imagem
dogmática incutida no seu inconsciente. É por isso que quem
não faz a mínima ideia do que meditação seja sempre vai te
cobrar uma postura do homem santo e perfeito que está na
cabeça dela e nada poderia ser mais absurdo do que isso.
Isso é uma projeção da pessoa em cima de você, uma das
falácias mais comuns que você vai testemunhar no seu dia a
dia. As pessoas vivem se projetando nos outros.
Se todo mundo que medita tivesse que ser um esmero
exemplo de simpatia, de compaixão e de misericórdia, seria
impossível conceber a parábola de Jesus espancando, chico-
teando e expulsando os agiotas e cambistas do templo; um
ser iluminado usando de violência física em vez de passar a
mão na cabeça deles, perdoá-los e tentar ajudá-los a enxer-
gar a luz. Da mesma forma, abordando agora o lado oposto
da mesma moeda, também não haveria a menor possibilidade
de haver monstros e assassinos frios e calculistas que prefe-
rem desfrutar de suas vinganças, tal como refeições frias no
futuro do que como pratos fumegantes que acabaram de sair
do fogão naquele instante.
Em situações não sérias, se for de modo consciente, sem
ser impetuoso, sem agir como um robozinho escravo do seu
próprio corpo, dos seus pensamentos e das suas emoções; se
é realmente você que está no controle escrutinado da situ-
ação, você pode muito bem, às vezes, agir de forma severa,
irônica, jocosa ou ofensiva e pode até mesmo ser rude ou
agressivo caso a situação assim requeira – e, às vezes, a situ-
ação assim requer. Nunca prejudique ninguém, mas também
não deixe que algumas pessoas deitem e rolem em cima de
você.
Cada situação é uma situação, mas se você prestar atenção,
é fácil notar que a maioria das pessoas que cobram respeito
não dedicam o mesmo benefício a você; a maioria das pes-
soas que cobram gentileza não dedicam a mesma cortesia; a
maioria das pessoas que te cobram lógica argumentativa não
oferecem o que cobram de maneira tão veemente.
Por outro lado, dependendo da situação, faz sentido acio-
nar a boa vontade, relevar e dar um desconto para algumas
dessas pessoas – e até mesmo sacrificar uma parcela do seu
tempo para ajudá-las. Entretanto, às vezes, especialmente
quando a situação não é séria, a maioria dessas pessoas não

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merece o seu tempo, a sua seriedade nem o seu respeito.


Você tem todo o direito de, de vez em quando, tirar um sarro
e se divertir um pouco “trollando” os chatos e os idiotas de
plantão. Você não está “se rebaixando ao nível deles” como
gostam de argumentar os “filósofos” de boteco blue pill; você
está simplesmente agindo de acordo com o que cada situação
permite ou pede – ou está apenas se divertindo um pouquinho
às custas de um desocupado inconveniente ou desrespeitoso;
não há nada de errado nisso. Não importa se o idiota espera
que você aja como um “anjo de simpatia e misericórdia”; não
importa se o idiota o chama de “arrogante”. Os idiotas nem
mesmo sabem a diferença entre arrogância e trollação, sar-
casmo, ironia, cinismo, aspereza ou descortesia. Arrogância
é você, dentro de um contexto onde reina a lógica e a coe-
rência, não aceitar a abordagem de ninguém além da sua; é
achar que a sua abordagem é a única que tem valor, que você
é superior a todos em todas as áreas. Agora, reconhecer um
idiota arrogante e não poupá-lo dessa observação não é arro-
gância nenhuma; é simplesmente não ser condescendente.
Você passa a maior parte do seu tempo relevando coisas
que 99% dos moralistas hipócritas jamais conseguiria relevar...
O que importa se, de vez em quando, você dá uma trollada
num mgteen ou num escravoceta da vida? Pouco importa.
Só você sabe das coisas que tem relevado. As pessoas que
cobram não fazem a menor ideia do que se passa na sua vida,
por isso não conseguem reconhecer nem valorizar; só sabem
cobrar.
Não se culpe por não tolerar aqueles que se mostram incu-
ráveis pacientes da síndrome do ‘Efeito Dunning-Kruger’.
Se você está quieto no seu canto e algum deles vem te per-
turbar gratuitamente, você não é obrigado a ser tolerante
nem gentil, a menos que essa seja realmente a sua natureza.
Em um cenário desse, os idiotas agem a partir de total incons-
ciência, falta de lógica e despropósito, mas você está total-
mente consciente do que está fazendo e aprendendo com
a circunstância – ou está se divertindo um pouco com ela.
Você não tem qualquer obrigação de ser “perfeito” como um
anjo celestial. Não desperdice o seu tempo debatendo com
idiotas; não jogue pérolas aos porcos! Eles que desperdicem
tempo em outro lugar, bem longe, de preferência.

Quanto à prática da meditação, a menos que você tenha


uma natureza muito passiva, silenciosa e muito calma, não
comece pela meditação tradicional, passiva, em que o cara se
senta em silêncio e tenta “esvaziar a mente” – ou se senta e

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repete mantras. Atualmente, esse não é o começo correto do


treinamento na prática da meditação; esse é o final (e pode,
sem qualquer problema, ser deixado de lado e esquecido caso
você assim queira).
É exatamente essa “meditação” tradicional que repele e
afugenta os interessados modernos, especialmente os mais
jovens. O homem moderno não está em condições psico-
-emocionais para, de uma hora para a outra parar tudo, se
sentar completamente imóvel e em total silêncio, criar uma
distância entre ele e sua mente e começar a observar desa-
pegadamente os pensamentos que estão ali e também as
emoções que estão presentes em seu ser; muito menos ainda
está o homem moderno apto para tentar “esvaziar a mente”.
Os tempos agora são outros, então a abordagem tem que
ser outra. Na área da meditação, não podemos abordar o
homem moderno da mesma maneira que Pitágoras abordava
seus pupilos ou que Bodhidharma abordava seus discípulos...
Muitas pessoas – incluindo alguns discípulos – chegavam
a ter medo de Bodhidharma.
Como eu disse no primeiro capítulo, meditar nada mais é
do que se tornar cada vez mais consciente do seu subcons-
ciente (também chamado corretamente de ‘inconsciente’) e
a respiração exerce um papel fundamental nessa prática, da
mesma forma que ela exerce um papel fundamental em tudo
na vida, só que 99% das pessoas nem sonha com isso.
Sem ser pessoalmente, é extremamente difícil ensinar a
Ujjayi, mas eu posso fazer uma descrição objetiva dessa res-
piração para você.
A Ujjayi (pronúncia: /udjái/) é a respiração feita com a boca
fechada e, ao entrar no seu nariz, o ar mal toca as bordas da
entrada das duas cavidades nasais e das paredes internas
das suas narinas; parece que o ar está entrando pelos olhos.
Na Ujjayi, você tem a sensação nítida de que é o seu umbigo
que está sugando o ar pra dentro de você, pois é o umbigo
que realiza todo o esforço, agindo exatamente como um “fole
orgânico”, o que provoca um som relaxante dentro da sua
cabeça, bem na área entre o nariz e os dois olhos.

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( fole de forja )

Se você fechar os olhos e inspirar o ar com mais intensi-


dade, vai ter a impressão de que esse som relaxante se move
mais para o centro da sua caixa craniana, um som similar
ao som das ondas do mar se quebrando e se espalhando na
areia da praia.
Na respiração Ujjayi, como em qualquer estilo de respiração
realizada corretamente, você usa o umbigo para puxar o ar
aos pulmões, não o peito; é o seu umbigo que sobe e desce
no que o ar entra e sai de você. Quando você estava dentro
da barriga da sua mãe, você já respirava, só que não era pelo
nariz. Como os bebês respiram no útero sem se afogar? Um
afogamento se dá quando uma pessoa inspira água em vez de
ar para dentro dos pulmões. Todo bebê em desenvolvimento
está imerso no líquido amniótico e seus pulmões também
estão sempre preenchidos por esse líquido. Por ser normal
que os pulmões de um bebê no útero estejam preenchidos
com líquido, é impossível um feto se afogar ao respirar. Agora,
se houver algum problema com a placenta ou com o cordão
umbilical, não haverá outra maneira de o bebê respirar. O feto
é conectado à placenta pelo cordão umbilical. Toda a nutrição,
oxigênio e suporte de vida necessários para o bebê saem do
sangue da mãe, passam pela placenta e chegam ao feto atra-
vés dos vasos sanguíneos do cordão umbilical. Antes mesmo
de nascer, o bebê já está acostumado a realizar o movimento
abdominal de sucção e é por isso que todos os bebês vêm ao
mundo sabendo naturalmente respirar de forma correta, ou
seja, usando a barriga em vez do peito para inspirar. Observe
um bebê de colo ou uma criança bem nova dormindo. Você
vai ver sua pequena barriga subindo e descendo ao respirar.
Com relação à respiração Ujjayi, o ideal é você procurar
um professor de yoga para te ensinar, mas também há vários
tutoriais bons em vídeos disponíveis em português e em inglês

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na internet. Faça a busca online usando o nome Respiração


Ujjayi ou o nome Respiração Vitoriosa.

Invertendo o seu Paradigma Existencial

Na meditação, tanto quanto em qualquer outro talento que


você deseje adquirir, mesmo se eu quisesse, não conseguiria
enfatizar em excesso a importância suprema da insistência,
da prática diária. Eis a chave de tudo!
No que concerne à aquisição de um novo conhecimento, é
extremamente importante saber que, na primeira vez que nos
expomos a um corpo de informações novas, nós só consegui-
mos absorver de 10% a 20% de tudo a que fomos expostos. É
por isso que consolidar a aquisição de novos conhecimentos
requer a repetição da exposição ao conteúdo.
No que diz respeito à aquisição de um novo talento, é extre-
mamente importante saber que só a repetição da exposição
ao conteúdo não basta; é necessário se entregar à repetição
constante e crescente da prática.
No começo dessa excitante empreitada, dessa jornada aven-
turosa que é a meditação ativa, haverá dias em que você vai
ter recaídas e vai se esquecer de si mesmo por completo,
tal como sempre fez habitualmente até agora, mas você não
desiste, continua insistindo... No início, você vai se lembrar
de si mesmo, lembrar de se observar, apenas algumas vezes
durante toda a semana. Não se preocupe nem se martirize...
Dê risadas disso, não seja tão sério. Com o passar dos dias,
essa frequência vai aumentando, até que você começa a lem-
brar de se observar pelo menos uma ou duas vezes todos os
dias da semana... Com a insistência, isso vai aumentando para
meia dúzia de vezes por dia, dez vezes por dia, vinte vezes por
dia e assim por diante. Isso também vai ocorrer no que diz res-
peito à respiração ujjayi e à utilização da sua visão periférica:
no começo, é normal lembrar-se poucas vezes de usá-las nos
momentos de auto-observação, mas essa frequência também
vai aumentando com o passar dos dias; basta você insistir.
Esse processo inicial pode durar meses ou anos; depende da
sua dedicação que, por sua vez, depende da sua vontade e a
sua vontade está diretamente ligada à frequência na qual você
vibra mentalmente, ou seja, as prioridades variam de indivíduo
para indivíduo. Se uma das suas prioridades é realmente se
dominar e se livrar do apego de maneira ampla, então, com
toda a certeza, o estado de alerta da meditação será também

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uma prioridade para você. É por isso que o segredo aqui é tão
simples e nada original: disciplina e autocrítica.
Com disciplina e autocrítica sincera, a prática diária realiza
o serviço e, finalmente, chega então o dia em que você, pela
primeira vez na vida, inverte o seu paradigma existencial.
Como assim? É muito simples... Basta comparar como você
era antes de começar a praticar meditação e como você é
agora; compare a maneira como você funcionava no passado
e como você funciona agora.
Quando você ainda não praticava meditação, você passava
os seus dias completamente inconsciente e identificado com
o seu corpo, com os seus pensamentos e as suas emoções;
você achava que você era o seu corpo, os seus pensamen-
tos e as suas emoções, mas agora, depois de tanta insis-
tência, de tanta observação e de tanta prática, isso mudou
completamente. O jogo virou! Com a prática diária, de 100%
inconsciente, você passa para 99% inconsciente, 98%, 97%,
até chegar em 50% inconsciente... Nessa fase, você já cons-
quistou um milagre: consegue estar consciente de si mesmo
durante a metade do tempo em que está acordado. Não pare
por aí. Você nunca esteve tão alerta, tão acordado. Continue
na prática e observe a si mesmo se tornar 55% consciente,
60%, 70%, 80% e assim por diante. Chega a hora em que,
durante a maior parte do dia, você está totalmente consciente
do seu corpo, dos seus pensamentos e das suas emoções;
agora, você está respirando corretamente durante a maior
parte do dia e agora, você está usando a sua visão periférica
durante a maior parte do dia também e esse processo de aper-
feiçoamento contínuo nessa arte tão sutil não cessa jamais.
É por isso que eu digo que a cegueira, a ignorância não tem
um início, mas pode ter um fim, enquanto que a consciência
tem o seu prelúdio, mas nunca tem um fim, jamais alcança um
término; o desenvolvimento da consciência é infinito porque
o Todo é infinito e a consciência, por sua própria natureza,
cresce em direção ao Todo, do lado de dentro e do lado de
fora, no micro e no macro planos.
De acordo com as Leis Herméticas da ‘Correspondência’ e
da ‘Polaridade’, você pode transmutar através da insistência
em pequenos atos conscientes que, para a maioria das pes-
soas, não só passam despercebidos, mas também são con-
siderados insignificantes e até mesmo motivo de chacota.
Pequenos atos conscientes, tal qual nêutrons bombar-
deando o chumbo dentro de um acelerador de partículas até
que o chumbo transmute em ouro. Sendo assim, saiba que
os detalhes sutis da sua personalidade refletem de maneira

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muito efetiva no contexto externo geral do seu dia a dia; os


detalhes bons refletem positivamente em todas as áreas da
sua vida e os detalhes ruins tem o poder de transformar a sua
existência num verdadeiro inferno.
Além de disciplina, método também excerce um importante
papel no auxílio aos seus esforços na empreitada da vigília.
Então, como numa escultura em um toco de madeira, comece
a praticar a sua vigília pelas partes mais externas, mais brutas,
pelas partes mais visíveis das suas deficiências inconscien-
tes. Comece observando as coisas inconscientes que você
faz com o seu corpo, a sua postura totalmente incorreta para
sentar, para caminhar e até mesmo para ficar em pé parado;
preste atenção especialmente naqueles movimentos frenéti-
cos do seu pé – ou perna – quando você está sentado na sala
de espera do dentista, do médico ou sentado num banco de
rodoviária esperando para embarcar ou esperando alguém
chegar de ônibus; da mesma forma, observe os gestos que faz
com as mãos e os braços ao conversar com alguém. Depois,
comece a observar também os pensamentos que passam pela
sua cabeça o dia todo, especialmente quando está tomando
banho ou almoçando; depois, vá observando as suas emo-
ções mais óbvias, aquelas que normalmente te controlam com
maior frequência. Comece devagar, com metodologia e, com
o tempo e a prática, vá aos poucos agregando maiores por-
ções de consciência à todas as suas atividades.
A ignorância e a cegueira não são nenhum pecado; são
apenas o estado mais pobre e mais miserável de existência
humana, mas algumas tendências humanas – tipicamente
urbanas – são altamente venenosas e respresentam os maio-
res obstáculos para quem está inconsciente. Então, para o
iniciante na arte da vigília, da auto-observação rumo à trans-
mutação, uma boa e velha dica de foco são os ‘Sete Pecados
Capitais’, nomeadamente – e com seus respectivos opostos:

Inveja – Desapego
Luxúria – Castidade
Gula – Temperança
Avareza – Generosidade
Ira – Serenidade
Preguiça – Diligência
Soberba – Humildade

Essas sete fraquezas foram eleitas como sendo as nossas


maiores deficências, das quais se originam todas as outras

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deficiências menores. Todas as sete são consideradas atribu-


tos animais e nós ainda pertencemos ao Reino Animal.
Agora, vamos prestar atenção particular à gula e à luxúria,
pois essas duas estão mais diretamente ligadas ao corpo e
a nossa biologia, são as maiores influências exercidas sobre
nós, muito mais do que a mente e as emoções.
O deus pagão ‘Pan’ é um sátiro que simboliza Saturno,
planeta simbolizado por ‘Cronos’ na mitologia grega, nome
do qual derivou a palavra ‘cronologia’. Pan está associado à
energia de criação física no mundo material, em que, sob a
supervisão de ‘Cronos’, experienciamos os ciclos ‘cronológi-
cos’, os ciclos do tempo. Capricórnio, o bode, é o signo de Pan
nas doze casas do zodíaco. O bode é um animal que possui
enorme potência sexual, e Pan, mais tarde, de “Sátiro” seria
transformado em ‘Satã’: o ‘Adversário’.
Eu afirmei anteriormente que nós estamos presos neste
planeta, atrelados ao plano da matéria, e que o nosso obje-
tivo aqui é trabalhar para transcender totalmente a parte de
nós que ainda pertence ao mundo animal. Satã representa
exatamente a força que se manifesta através dos apetites
animalescos dos seres humanos, por isso ele é o inimigo nas
escrituras sagradas. De todos os grilhões que o mantêm preso
a essa sofrida existência material e às forças mecânicas da
biologia, a influência de ‘Satã’ é o grilhão mais forte e mais
pesado, pois sua força está mais concentrada nos instin-
tos humanos mais básicos e vitais de todos: sexo e comida.
É por isso que a vigília, o jejum e a abstinência sexual são tão
importantes em toda a prática religiosa superior.
Meditação é sinônimo de ‘vigília’. Ela é tão importante por-
que, por menor, mais camuflado e mais inconsciente que seja,
tudo que existe dentro de você se manifesta também do lado
de fora. Uma das várias consequências disso é que apenas
quando você está consciente de si mesmo é que você pode
adquirir a consciência sobre outras pessoas. Enquanto você
não está consciente de si mesmo, você não percebe que só
consegue enxergar os seus próprios defeitos nas outras pes-
soas. É por isso que os tiranos poderosos – como Stalin, por
exemplo – sempre ficam paranoicos, constantemente sus-
peitando e com medo de traição e assassinato. Eles sabem
muito bem que eles próprios não merecem a confiança de
ninguém e que eles não hesitariam em mandar matar alguém
que representasse uma ameaça ou um obstáculo, então eles
acham que todo mundo também pensa e age exatamente
como eles.

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Para lidar melhor consigo mesmo e com as outras pessoas,


é de suprema importância que você esteja sempre consciente
dos seus processos mentais e emocionais, pois, uma vez
compreendidos os seus próprios processos mentais e emocio-
nais, você terá, automaticamente, compreendido os processos
mentais e emocionais de todas as outras pessoas.

“Quem só conhece batatas come apenas batatas”

*Antes de prosseguir, volte, neste exato momento, ao início


do capítulo 2 e releia o conteúdo sobre meditação, a partir do
subtítulo ‘Pequenos Hábitos e Padrões Inconscientes’.
Leia novamente toda aquela elaboração sobre a real natu-
reza da prática meditativa e também da consciência, e volte
aqui assim que tiver terminado.

Agora que você terminou de reler o trecho sobre meditação


e consciência lá no 2º capítulo, aqui estão os três exercícios
a partir dos quais você vai poder prosseguir com as suas prá-
ticas meditativas e a partir dos quais você também vai ser
capaz de seguir por conta própria, “inventando” os seus pró-
prios tipos – e o seu próprio estilo – de exercícios meditativos,
adaptando-os de acordo com o seu progresso.
Lembre-se de que os exercícios em si não são meditação
ainda; são apenas práticas que te darão uma “amostra grátis”
do que é a arte de meditar quando se está em movimento,
realizando suas atividades normais do dia a dia. E lembre-se:
a Ujjayi vai potencializar extremamente a sua capacidade
meditativa. Sem a respiração vitoriosa, a jornada será muito
mais longa e muito mais árdua.

1) Exercício do “Pare!”:

Este exercício pode – e deve – ser realizado várias vezes


durante o dia porque ele dura apenas poucos segundos e
consiste simplesmente em interromper abruptamente uma
atividade corriqueira e curta bem no meio dela. Por exemplo,
você está chegando em casa e, imediatamente após pegar
na chave e tirá-la do bolso para introduzir na fechadura da
porta de entrada, você pára o seu braço no meio do caminho
e se transforma numa estátua perfeita. Estátuas não respiram,
então, você também não vai respirar. Se você “virou estátua”
na hora que o ar estava saindo, corte a respiração ali mesmo
na saída; se você “virou estátua” na hora que o ar estava
entrando, corte a respiração ali mesmo na entrada. Ou então

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quando você acabou de entrar em casa de noite, com tudo


escuro e você começa a mover o braço pra acender a luz:
pare e vire uma estátua naquele exato momento, com a mão
totalmente imóvel, a poucos milésimos de segundos de dis-
tância do interruptor na parede. Um outro momento bom pra
fazer esse exercício é quando você estiver debaixo do chu-
veiro terminando de tomar banho e, mecanicamente, começa
a levantar o braço para fechar a torneira; ou então pare exa-
tamente entre o instante em que você acaba de encher um
copo com água e o instante em que coloca o copo nos lábios
para começar a beber... Há vários momentos desses durante
o dia. Aproveite-os para “virar estátua” por alguns segundos!
Quantos segundos dura esse exercício? Ele dura até você
não conseguir mais prender a respiração, sendo assim,
a duração varia de pessoa para pessoa. Ao fim desse
curto exercício, volte ao que estava fazendo antes dele. Quanto
mais vezes você realizar esse exercício durante o dia, melhor.
No início, vai haver dias em que você não vai se lembrar
nenhuma vez de realizar o exercício. Isso é normal; basta
continuar insistindo. Vai chegar uma hora em que você vai se
lembrar de fazê-lo pelo menos meia dúzia de vezes ao dia;
aí você vai começar a notar os resultados começando a se
manifestar. Seja bem-vindo ao inconsciente! É exatamente
nesse momento que você está pronto para iniciar o exercício
complementar a ele: o exercício número 2.
Qual é o objetivo do exercício do “Pare!”? O objetivo é ape-
nas colocá-lo, pela primeira vez, em contato direto com um
“robozinho” que surgiu sem você perceber e passou a te con-
trolar. Ao mesmo tempo, o exercício mostra como você pensa
e age mecanicamente ao longo do dia. Isso vai permitir que
você perceba como está identificado com a sua mente e com
as suas emoções, como você está extremamente apegado a
elas. Essa vai ser a primeira vez que você vai poder observar
que existe uma certa distância entre você e o seu corpo, entre
você e os seus pensamentos e entre você e as suas emoções;
você vai poder perceber que, na verdade, você não é o seu
corpo, não é os seus pensamentos nem as suas emoções
e, por isso, não faz qualquer sentido se apegar a eles. E
se você quiser intensificar essa percepção de desidentifica-
ção e de distância, procure participar pelo menos uma vez
de algum workshop de qualidade que involva o famoso exer-
cício de “meditação dinâmica” do Osho, pois no último dos
quatro estágios desse exercício, você vai ter essa percepção

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de desapego de forma muito mais profunda e um pouco mais


duradoura também, já que cada fase do exercício dele dura
15 minutos. No último estágio da “meditação dinâmica”, você
estará deitado e o seu corpo vai reassumir um padrão de res-
piração que tinha quando você era apenas um bebê de colo
e esse padrão pode ser usado na hora de dormir por pessoas
que estão ansiosas e/ou por pessoas que sofrem de insônia.

2) Exercício do “Espere!”:

Agora que você já está se lembrando de fazer o exercício do


“pare” pelo menos meia dúzia de vezes ao dia, pode começar
a inverter a situação. Agora, toda vez que você estiver fisica-
mente inerte, parado, e começar a se mover para realizar uma
ação qualquer, você vai se “transformar numa estátua”, não
importando se você está sentado, deitado, em pé, agachado,
boiando na água, etc. Se o celular tocar, permaneça imóvel
como uma estátua, sem sequer respirar; não atenda rapida-
mente como se fosse um robô Pavloviano programado para
responder imediatamente ao toque de campainhas. Se você
está sentado assistindo a um filme e o despertador começa a
tocar avisando que está na hora de tomar um remédio qual-
quer, espere. Não obedeça imediata e mecanicamente como
sempre fez. Assim que acabar o curto exercício, vá lá e tome
o tal remédio.
Este exercício aqui é um pouco mais sutil do que o anterior,
é muito simples, mas que tem o precioso poder de ajudá-lo no
autocontrole, a dominar e a controlar qualquer grau de impul-
sividade e de impetuosidade que você por ventura apresentar.
A abordagem do tempo de duração deste exercício é idêntica
à abordagem do exercício do “pare”, ou seja, ele dura apenas
o tempo que você consegue prender a respiração.

3) Exercício das Duas Velas:

Este exercício deve durar, no mínimo, 60 segundos e, no


“máximo”, quanto tempo você quiser. Se quiser passar vários
minutos nele, fique à vontade. O objetivo aqui é recuperar –
e aprimorar – a sua visão periférica. Isso vai ser tremenda-
mente útil no seu processo de desidentificação entre você e
o seu corpo, você e os “seus” pensamentos e entre você e
as suas emoções, ou seja, vai ser extremamente útil no seu
processo de se desapegar de todos os três, de não ser mais
controlado por eles.

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Na meditação ativa, por ser muito mais producente – e bem


mais fácil – meditar com os olhos abertos do que com eles
fechados, a utilização simultânea da visão periférica e da
Respiração Ujjayi é uma forma extremamente poderosa de
aumentar a percepção sobre o seu lado interno tanto quanto
sobre o lado externo, especialmente porque, ao contrário
da meditação tradicional, a meditação ativa é realizada
quando você está com os olhos abertos, estando você parado
ou se movimentando.
Bônus: a visão periférica e a respiração Ujjayi (realizada
de forma um pouco mais profunda e também mais lenta) são
também as principais ferramentas para os homens que querem
demorar mais tempo para ejacular quando estão tendo uma
relação sexual.
Agora, vamos ao exercício:
Com a luz acesa, sente-se de costas para uma parede,
bem no centro dela e, em cada uma das duas extremidades
dessa parede, acenda uma vela. Você vai estar exatamente
no meio da distância entre uma vela e outra, todos encostados
na parede formando uma linha reta. Essas duas velas devem
estar na mesma altura da sua cabeça. Se você não quiser usar
velas, pode usar qualquer coisa que não seja difícil de enxer-
gar; pode usar duas latas, ou duas garrafas, duas almofadas,
tanto faz, desde que sejam colocados a uma altura que esteja
na mesma linha da altura da cabeça. Continuando... Mantendo
sempre a cabeça totalmente imóvel e a face voltada para a
frente, sem mexer os olhos para os lados, olhe para as duas
velas ao mesmo tempo, como se o seu olho direito estivesse
olhando para a vela da extremidade direita da parede e o seu
olho esquerdo estivesse olhando para a vela da extremidade
esquerda. Preste atenção às duas velas ao mesmo tempo.
Enquanto faz isso, perceba que, apesar de estar com os dois
olhos “prestando atenção” nas duas velas ao mesmo tempo,
você também consegue enxergar tudo que está à sua frente.
Pratique o exercício dessa forma quantas vezes forem neces-
sárias para torná-lo trivial. Depois de conseguir isso, você pode
remover as velas e começar a realizá-lo de pé e movimen-
tando-se lentamente pela sala, mantendo a visão periférica e
respirando Ujjayi, profunda e lentamente. Mais uma vez, pra-
tique esse segundo formato do exercício quantas vezes forem
necessárias para torná-lo trivial.
O próximo passo é realizar o exercício enquanto você anda
pelas ruas ou pelo mato. No espaço urbano, experimente
realizá-lo ao caminhar pela extensão de um calçadão ou num
shopping center cheio de gente, em horário de pico. Vai ser

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fácil notar que, contando que você se mantenha no estado de


percepção proporcionado pelo exercício, ou seja, sem focar em
nenhum ponto específico e mantendo a respiração profunda e
lenta, você não vai ser tocado nem influenciado pelas ondas
das vibrações mentais da multidão transitando cegamente à
sua volta. É como se você estivesse protegido por um tipo
de invólucro de serenidade, percepção e sanidade. É o que
este exercício vai te proporcionar: serenidade, percepção e
sanidade.
Pratique esses três exercícios insistentemente todos os
dias até que eles se tornem parte do seu ser. São eles que
vão proporcionar a entrada na arte de simplesmente existir
estando a uma distância do seu próprio corpo, da sua pró-
pria mente e das suas próprias emoções enquanto conse-
gue observar e analisar todos os três, constantemente, sem
qualquer apego, sem viés, ou qualquer tipo de identificação.
O nome dessa arte milenar é ‘meditação’.

Agora que terminamos de abordar a primeira diretriz suprema,


em segundo lugar, vamos falar sobre a melhor maneira de
você desenvolver o seu raciocínio crítico, pois você tem que
aprender a julgar criticamente as suas fontes de informação,
de pesquisa e de estudos.
Seja no contexto “mainstream” ou no contexto alternativo,
grande parte dos livros, palestras, seminários, apresentações,
documentários e podcasts estão cheios de erros, distorções
e falácias, algumas inconscientes, mas um grande número
ocorre de forma deliberada. O mesmo pode ser dito de todas
as interações verbais das quais você participa no seu dia
a dia. Sendo assim, é de extrema importância você saber
como peneirar isso tudo, saber como instalar uma proteção,
um “antivírus mental” no seu processo de raciocínio como
um todo.
As pessoas, automática e ingenuamente, assumem que
existe uma universalidade e uma consistência no idioma que
falam, mas não existe! Numa mesma língua, durante uma
conversa, quando o interlocutor ‘A’ fala, ele está sugerindo
ideias enquanto o interlocutor ‘B’ está interpretando essas
ideias, fazendo deduções, tirando conclusões do que está
ouvindo, ou seja, ele está processando essas ideias. Agora,
por acaso, você já notou que, toda vez que fala alguma coisa
com alguém, o seu objetivo inconsciente é tentar convencer o
interlocutor sobre aquela coisa? Até mesmo ao simplesmente
contar uma piada; se o seu interlocutor não rir, isso significa
que você não foi um comediante convincente.

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Pois é, a recíproca também é verdadeira: quando falam,


estão sempre tentando convencer você, de alguma forma, e
tem gente que, consciente ou inconscientemente, é muito efi-
ciente em fazer mentiras soarem como verdades irrefutáveis
e absolutas. É por isso que o Método do Trivium se faz uma
ferramenta fundamental numa época em que você é bom-
bardeado por informações o dia inteiro. Esse método vai ser
o seu antivírus mental, vai ser a alma do seu senso crítico, a
sua proteção contra vigaristas e contra opiniões falaciosas tão
abundantes por toda a parte.
Das ‘Sete Artes Liberais Clássicas’, três são as vias que
constituem a linguagem humana (gramática, lógica e retó-
rica) – elas estão contidas no ‘Trivium’ –; as outras quatro vias
constituem as ciências exatas (aritmética, geometria, música
e astronomia) e estão contidas no ‘Quadrivium’.
Mesmo sem o Trivium, não é difícil notar que as linguagens
falada e escrita se desenvolvem a partir da natureza particular
do ser humano e os seres humanos, infelizmente, ainda são
criaturas emocionais, muito pouco inclinadas ao uso da razão
e da lógica. Isso transforma o campo da linguagem numa
selva de confusão e contradições e, às vezes, em um campo
minado.
“Devemos sentir mais e pensar menos” é a falácia mais
ridícula e mais perigosa que os marionetes do inorgânico movi-
mento hippie lançaram na década de 1960 e que tem sido pro-
pagada pelo mundo até hoje, através da débil e retumbante
mentalidade dos marionetes do movimento New Age que, na
minha opinião, deveria se chamar “New CAGE”. Jamais dê
prioridade às emoções em detrimento da razão e da lógica!

“O que choca é que nós tivéssemos que adotar de forma tão


entusiasmada justamente um dos piores aspectos da cultura
prussiana: um sistema educacional deliberadamente projetado
para produzir intelectos medíocres, para amputar os processos
cognitivos, para negar habilidades de liderança apreciáveis
aos alunos e para tornar a população ‘gerenciável’.”
– Do livro de John Taylor Gatto: ‘Armas de Instrução
em Massa’

2- O Método do Trivium

A palavra ‘Trivium’ significa ‘três vias’, ‘três caminhos’, ou o


‘lugar onde três estradas se encontram’. Esses três caminhos,
essas três vias são a gramática, a lógica e a retórica, nessa
precisa ordem.

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O Método do Trivium é um sistema, uma forma sistemática


de abordar o livro ‘O Trivium’, de como estudá-lo.
O ‘Trivium’ compila os conhecimentos da antiguidade sobre
a liguagem e a comunicação; uma abordagem acadêmica,
social, psicológica, neurológica, e até mesmo metafísica,
conhecimentos esses que, desde Aristóteles e seu pupilo,
Alexandre, sempre estiveram reservados à nobreza e que
sempre foram usados para administrar as massas exatamente
como se maneja rebanhos de gado. Apenas em 1937 é que
esse conhecimento hermético, compilado pela Irmã Miriam
Joseph, foi disponibilizado ao público, à plebe.
Em 1806, na Batalha de Jena, Napoleão derrotou a Prússia
e tomou a cidade de Berlim. A deposição de armas e a deban-
dada em massa de seus praças durante a batalha fez a elite
da Prússia repensar seu sistema educacional e eles decidi-
ram retirar as Artes Liberais Clássicas do currículo escolar
da população. Isso foi feito com o intuito de obter cidadãos
menos questionadores, obter soldados e trabalhadores mais
dóceis, menos argumentativos, menos críticos. Foi a partir de
então que o controle do Estado sobre os indivíduos começou
a acelerar progressivamente também no ocidente. O Estado
prussiano não parou de crescer depois que substituiu as Sete
Artes Liberais do ‘Trivium’ e do ‘Quadrivium’ por noções socia-
listas e começou a estabelecer ideais de democracia naciona-
lista entre os estudantes da renomada Universidade de Jena,
onde Karl Marx estudou... Não preciso falar mais nada.
No Brasil, desde o período imperial, a educação se baseia
no modelo prussiano, que trata as crianças como meros ins-
trumentos de manipulação; um sistema de ensino voltado a
formar contingente dócil e eficiente para o mercado de trabalho,
sendo originalmente desenvolvido para controlar as ações dos
cidadãos da Prússia, demonstrando todo o poder de controle
do Estado sobre os indivíduos.
No modelo prussiano de ensino, entre outras coisas, o
uniforme e a disposição das carteiras em sala de aula é
uma forma de controlar os jovens através da educação.
As relações humanas baseiam-se na obediência em uma rela-
ção vertical, onde o professor, tal qual dentro da hierarquia
militar, é o único com autonomia para dizer o que era certo
ou errado. O intento de despir o aluno de qualquer individu-
alidade se faz certo quando se atribui uma única vestimenta
para um grupo estudantil, como é o caso dos uniformes, exa-
tamente como é feito militarmente. Esse método foi bastante
difundido no Brasil e é visto como perfeitamente normal tanto
no ensino público quanto no ensino privado.

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Seguindo à risca a cartilha do modelo prussiano, o ensino


brasileiro avança no retrocesso educacional, não respeitando
a metodologia do ensino clássico do raciocínio crítico nem a
identidade dos indivíduos. Esse processo educacional asque-
roso permanece existente e forte nos dias atuais em nossas
escolas públicas e também nas privadas.
Como já vimos anteriormente, a edição americana do livro
‘O Trivium’ foi concebida na década de 1920, pela irmã Miriam
Joseph, e publicada em 1937. O Trivium clássico confere
precisão ao modo de raciocinar e se expressar, e isso se
reflete no uso constante de categorias. ‘Categorias’ é uma das
obras de Aristóteles que apresenta a sua Teoria da Lógica.
Nesse aspecto, a irmã Miriam segue a abordagem de Aristóteles.
Foi ensinando ‘Gramática e Composição, Retórica Colegial,
Composição e Retórica, e Literatura Geral’, que a irmã
Miriam se envolveu na empreitada de treinar escritoras que
fossem capazes de articular os princípios retos e virtuosos em
combate direto com a propaganda feminista nas publicações
da época. Em 1935, ela retornou à Faculdade de Saint Mary
para administrar o curso do Trivium, que se tornaria a marca
registrada daquela faculdade, um curso que treinava os alu-
nos a pensar corretamente, a ler inteligentemente e a falar e
escrever de forma clara, coesa e organizada, de forma lógica.
O que é Lógica? Lógica é o uso de regras sistemáticas e
rigorosas de raciocínio a fim de alcançar resultados ou con-
clusões não contraditórios sobre um assunto, uma declaração
ou sobre uma proposição qualquer.
Erroneamente, acredita-se que o conceito de Lógica foi
introduzido pela primeira vez pelo filósofo grego Aristóteles,
por volta de 300 anos a.C. No entanto, os Shastras e Puranas
indianos indicam claramente que Gautam Muni, da Índia, intro-
duziu conceitos de Lógica durante o período do Ramanaya,
que são de, no mínimo, 3.000 anos a.C. Isso significa que o
Sistema de Lógica foi introduzido na Índia alguns milênios
antes de Aristóteles ter nascido.
Índia, China e Grécia são os prováveis locais de origem do
Sistema Lógico que herdamos no ocidente. Vale a pena fazer
um breve resumo da sua origem. Com base em documentos
e números históricos, agora pode-se afirmar que o conceito
lógico foi introduzido na Índia primeiro, pelo texto em sânscrito
chamado ‘Nyaya Shastra’. Depois disso, através de mon-
ges budistas e jaina, esse conhecimento foi para a China por
volta de 500 a.C. e, através de Alexandre, o Grande, chegou
a Aristóteles, na Grécia.

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A lógica indiana, na forma do Nyaya Shastra, foi introdu-


zida pela primeira vez por Gautama Muni (marido de Devi
Ahalya que foi resgatada por Ram como descrito no épico
“Ramanaya”). Mesmo na era Védica, o conceito de Lógica já
estava muito presente, como evidenciado no Hino Rigveda.
A primeira compilação apropriada de conceitos lógicos india-
nos dispersos (com o nome de Nyaya Sutras) foi realizada
por Medhatithi Gautama e Aksapada Gautama, por volta de
550-150 a.C. Kallisthenes (370-327 aC), amigo de Aristóteles
e historiador da corte de Alexandre, o Grande, reuniu todos
os textos dos Nyaya Sutras e os entregou a Aristóteles, que
é considerado o pai da lógica ocidental.
De fato, o raciocínio lógico (silogismo) grego em três eta-
pas (premissa maior, premissa menor e conclusão, ou como na
dialética de Hegel: tese, antítese e síntese) é uma representação
simplificada do método indiano de raciocínio em cinco eta-
pas originalmente proposto por Gautama, ou seja, o silogismo
Aristotélico foi adaptado do silogismo indiano. Essas são ape-
nas algumas curiosidades sobre as origens arcaicas do livro
‘O Trivium’.
O Método do Trivium é uma metodologia usada para apren-
der a raciocinar coerentemente, sem contradições, assim como
outras metodologias usadas no processo da busca pela ver-
são verdadeira, não contraditória, de um dado assunto ou um
evento, como por exemplo, o método científico e o método de
investigação policial. O Método do Trivium não é uma receita;
ele é uma estrutura (framework) que reflete a maneira como
a sua mente funciona. Ele imita o processo natural do cére-
bro de observar e organizar partes específicas dentro do todo
de um tópico generalizado.

O mundo da mente humana é dominado pela linguagem e o


mundo da linguagem é o mundo da gramática, da lógica e da
retórica. Não há como escapar disso! Se você não gosta de
estudar o seu próprio sistema de linguagem, você fatalmente
vai ser vítima daqueles que gostam. Eis a importância do livro
‘O Trivium’ e do Método do Trivium.

Dos três tipos de linguagem predominantes que temos,


nomeadamente, a linguagem midiática, a linguagem da pro-
paganda comercial e política, e a linguagem da literatura,
este último tipo é o único que tem potencial de valor, poten-
cial de produtividade para estudo, pesquisa e aprendizado.
Nos dois primeiros tipos, você só encontra apelos à emoção,
contradições e falácias. Entretanto, potencial não é sinônimo

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de certeza, assim, também dentro da literatura, continue extre-


mamente alerta para as contradições e as falácias mais sutis,
mais camufladas.
Os nossos 5 sentidos (visão, audição, olfato, paladar e
tato) são as nossas únicas portas físicas/materiais de acesso
à realidade a nossa volta. Com isso, o objetivo do Método do
Trivium é obter uma conclusão verdadeira, não contraditó-
ria sobre as impressões que são recebidas pelos seus cinco
sentidos, te proporcionando, assim, a capacidade de comu-
nicar um evento ou um assunto a terceiros, de maneira clara,
objetiva e lógica, não contraditória.
Sem qualquer problema, o aluno pode estudar separada-
mente as três partes do Trivium, mas apesar de você poder
estudá-las separadamente, a gramática, a lógica e a retórica
não atuam separadamente. Ao mesmo tempo em que você
recebe/coleta os dados (gramática), você já começa também
a identificar as contradições existentes (lógica) e, simultane-
amente, já está tentando comunicar o evento pra si mesmo
de maneira objetiva e coerente (retórica).

Gramática, Lógica & Retórica no Método do Trivium

I- Gramática é a identificação e coleta de informações


que estão relacionadas entre si e a organização/classificação
sistemática dessas informações com o objetivo de criar um
corpo de dados 100% coeso, ou seja, o evento ou o assunto
abordado tem início, meio e fim, sem nenhuma contradição,
sem buracos, sem nada faltando nem sobrando.
II- Lógica é a identificação e remoção das contradições
existentes na elaboração do assunto; é a “arte da identifica-
ção não contraditória” como dizia Ayn Rand. Usar a lógica é
caçar e eliminar todas as contradições, é fazer uma limpeza
minuciosa na estrutura do tópico em questão.
III- Retórica é a comunicação do evento; é você testando
a sua própria capacidade de comunicar o evento a terceiros
de maneira clara, objetiva e lógica. Para deixar um lembrete
fixado na geladeira a fim de não esquecer de um compromisso
importante, você só precisa usar gramática e lógica; não é
necessário nenhuma retórica, pois você não está tentando se
convencer de nada; você está apenas tentando não esquecer
de alguma coisa importante que tem que fazer naquele dia.
Uma excelente forma de treinar a sua retórica é escrever.
Especialmente com o crescente número de analfabetos funcio-
nais, a grande maioria das pessoas sequer consegue escrever
seus pensamentos de forma clara, organizada e coerente. As
pessoas sequer conseguem expressar suas próprias ideias
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através da escrita e isso reflete imediatamente na hora de falar.


O sucesso nas interações pessoais, profissionais e sociais
é diretamente proporcional à sua habilidade de falar, de
escrever, e pela qualidade das suas ideias – nessa ordem.
Isso se dá porque, mesmo tendo sido totalmente esquecida
e menosprezada pelas massas, a linguagem falada e escrita
sempre foi a maior conquista da mente humana; é o grande
diferencial que nos distingue dos animais selvagens; é a ver-
dadeira magia dos seres humanos e, sendo assim, a maneira
como você se expressa verbalmente é o primeiro quesito da
lista que o homem usa inconscientemente para julgar outras
pessoas.

“A crise se forma na linguagem, se manifesta pela linguagem,


e a linguagem é o único meio de ação que os seres humanos
tem. O coeficiente de ação física é mínimo perto do poder que
a linguagem exerce.” – Olavo de Carvalho

Quando você está conversando com alguém, você usa


retórica porque você está sempre tentando convencer seus
interlocutores sobre alguma coisa. Da mesma forma, muitas
vezes, você também se pega conversando consigo mesmo,
tentando se convencer de alguma coisa, especialmente alguma
situação na qual o seu instinto está indo contra o que você
pretende fazer, ou indo contra o que você pretende se recusar
a fazer.

Os Três Aspectos Retóricos

Na arte da retórica, pode-se observar até três aspectos


diferentes: ethos, logos e pathos. Uma retórica de qualidade
vai apresentar as três variedades, dentro do bom senso, em
diferentes misturas entre esses três aspectos. O estado medi-
tativo ajuda tremendamente o seu bom senso nessas horas,
te ajuda a reconhecer o momento adequado de mudar a sua
abordagem retórica de acordo com o fluxo da interação entre
os seus interlocutores e você.
Ethos é o termo que deu origem à palavra ‘ética’, o que, por
si só, já é bastante esclarecedor. Ethos é o aspecto do evento
que se dá antes mesmo de você abrir a boca diante dos seus
interlocutores ou de uma plateia, antes mesmo de você sequer
chegar ao local do evento. Esse aspecto é a percepção que
o público tem da sua autoridade e domínio sobre o tema que
vai ser apresentado, é a credibilidade que o seu nome ins-
pira dentro daquela área de conteúdo. Por exemplo, eu já fui

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convidado para dar uma palestra sobre jejum prolongado e


jejum intermitente para um pequeno grupo de pré-diabéticos
em uma cidade vizinha. Fui convidado por um aluno meu que
é médico e ele me convidou porque eu tenho muita experi-
ência na área, tendo eu mesmo sido pré-diabético e tendo
conseguido me curar daquela condição através de um jejum
que durou trinta dias em quase três meses passados numa
pousada especializada fora do país, onde interagi com várias
pessoas de todas as partes do mundo que estavam ali pas-
sando pelo mesmo processo de desintoxicação que eu, todos
sofrendo de alguma enfermidade inflamatória, especialmente
diabetes tipo 1 e 2. A interação com os seus interlocutores fica
muito mais fácil quando você já conta com a credibilidade do
público.
Logos é simplesmente a abordagem do assunto através da
lógica e do bom senso. Se o seu interlocutor é uma pessoa
lógica, racional, essa é a melhor abordagem para convencê-
-lo, especialmente se o ethos já foi estabelecido. Foi exata-
mente essa abordagem que eu usei ao conversar com o grupo
de pré-diabéticos presente na casa do meu aluno médico.
Todos eles, sem exceção, reverteram completamente
as suas condições clínicas após seguirem as minhas suges-
tões sobre hábitos alimentares por um período de apenas
seis meses.
Pathos é o aspecto da ‘empatia’, ou seja, a tentativa de
evitar a mente e o bom senso dos seus interlocutores, de se
desviar da mente e ir direto ao coração deles, direto às suas
emoções. É fazer uso das emoções como medo, ultraje, nojo,
raiva, choque ou esperança a fim de provocar as reações dese-
jadas na plateia ou nos interlocutores. Não é à toa que o termo
pathos também se relaciona diretamente com a palavra ‘pato-
logia’. Os seres humanos são infinitamente mais propensos a
inclinar para o lado das emoções do que para o da razão e do
bom senso. É por isso que os políticos – e os advogados de
defesa – sempre apelam para esse tipo de abordagem retórica.
Além dos comícios políticos, outro ótimo exemplo de retórica
patológica são os “pep talks”. Pep talks são aqueles breves e
intensos discursos motivacionais que presidentes, generais,
ou capitães fazem a um grupo de soldados momentos antes
deles sairem e se ferrarem absurdamente em alguma missão
suicida.
O que eu apresentei aqui sobre o livro e sobre o método do
Trivium são apenas breves pinceladas em ambos os assun-
tos. A intenção é apenas instigar o interesse do leitor, cha-
mar a atenção para a extrema importância desses temas,

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especialmente em tempos de sobrecarga de informação e de


sofisma político e religioso galopantes. O método do Trivium
é um antivírus mental protetor, a sua ferramenta para racioci-
nar coerentemente, livre de contradições. O livro ‘O Trivium’
vai, nessa ordem: formalizar e sistematizar o estudo da gra-
mática geral; da lógica, ensinando o silogismo Aristoteliano e
listando as falácias da lógica; e vai apresentar a retórica na
composição/redação. Através do uso constante das categorias
Aristotélicas clássicas, ‘O Trivium’ vai treinar e aprimorar o seu
modo de analisar informações e também de se expressar.
Agora que terminamos de abordar a segunda diretriz suprema,
em último lugar, vamos falar sobre como se fortalecer interior-
mente para não fraquejar seriamente na jornada... Vamos falar
sobre Estoicismo.

3- Estoicismo

“Virtude é gratuita, inviolável, inabalável e tão solidificada


contra os desgostos da vida que não pode ser dobrada, muito
menos superada por eles.” – Sêneca

O Estoicismo foi uma escola filosófica ativa por muitos


séculos na Grécia e Roma antigas, mas como uma instituição
formal, o estoicismo desapareceu. Mesmo assim, até hoje, a
filosofia estoica influencia um grande número de pessoas que
são bem-sucedidas na vida profissional e também na pessoal.
A maioria das pessoas que apenas ouviu falar alguma coisa
sobre o assunto fica com a impressão de que estoicismo é
apenas o poder de resistência à dor ou ao sofrimento, sem
reclamar e sem demonstrar suas emoções, mas estoicismo é
muito mais do que isso.
De acordo com o estoicismo, tudo à nossa volta – e tam-
bém dentro de nós – opera através de uma rede lógica de
causa e efeito, resultando em uma estrutura racional do
Multiverso. ‘Multiverso’  é o termo usado para descrever o
conjunto hipotético de todos os universos possíveis, incluindo,
é claro, o universo no qual nos encontramos. Juntos, esses
universos compreendem tudo o que existe: a totalidade do
espaço, a totalidade do que chamam de “vácuo”, do tempo,
da matéria, da energia e das leis físicas e metafísicas que os
descrevem. A essa estrutura racional do Multiverso, os filóso-
fos estoicos deram o nome de ‘Logos’.
Logos é o Todo que engloba tudo e está em todas as par-
tes do infinito; é a Mente que origina e permeia tudo, seja nas
esferas manifestadas ou nas não manifestadas.

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Bem, só essa breve introdução já é assunto suficiente pra


escrever um tratado ou um livro, entretanto, ser sucinto e não
prolixo é uma das características marcantes dos homens estoi-
cos e é dessa forma sucinta e direta que os filósofos estoicos
elaboravam a respeito do que a maioria das pessoas comuns
dão o nome de “Deus”. É por isso que eu acho complicado
responder quando me perguntam se eu sou ateu, agnóstico
ou se tenho alguma religião, pois a minha visão não se parece
com nenhuma das três opções. A abordagem estoica não se
enquadra em nenhuma dessas três categorias, mas é a abor-
dagem mais fácil de conceber e compreender.
Então, para os estoicos, tudo opera através de uma rede
de causa e efeito, resultando em uma estrutura racional
do Multiverso e, embora não tenhamos qualquer controle sobre
as coisas que nos afetam, nós podemos ter total controle sobre
como lidamos e respondemos às coisas que nos afetam.
Em vez de ficar imaginando como seria o mundo ideal e a
sociedade ideal, os estoicos enxergam o mundo e a sociedade
como eles realmente são, sem expectativas nem projeções,
e eles faziam isso enquanto buscavam o seu desenvolvimento
pessoal através de Quatro Virtudes Fundamentais:

1- Sabedoria Prática – para abordar situações complexas


com lógica, informação e serenidade. Essa virtude está dire-
tamente ligada ao Trivium e à Meditação.

2- Coragem – para conseguir tomar a decisão certa e não a


decisão mais conveniente. Coragem para fazer o que é certo,
especialmente quando não há ninguém olhando.

3- Justiça – para tratar todas as pessoas com a mesma


imparcialidade e dignidade, independente do status de cada
um.

4- Moderação – a fim de praticar o autocontrole em todos


os aspectos e áreas da vida. Esta é a virtude mais importante
das quatro para um homem no início da busca por sua inde-
pendência emocional.
Essas são as Quatro Virtudes Fundamentais do Estoicismo.
De acordo com o Estoicismo, isso que as pessoas chamam
de “felicidade” só pode ser encontrado em ações virtuosas. Os
incautos nem sonham como suas vidas seriam infinitamente
melhor se apenas essas quatro virtudes fossem observadas
como prioridades. Então, faça-se esse favor; dê a si mesmo
esse presente: pondere diariamente sobre essas quatro virtudes

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para que você possa chegar ao cerne do imenso valor delas,


para que você possa realmente sentir a enorme importância
de cada uma delas.
Muitos que sabem o que é a filosofia estoica não atina-
ram ainda para a importância das cartas de Lucius Annaeus
Sêneca, o maior e mais prolífico filósofo estoico, nascido em
4 a.C., na Espanha sob domínio Romano, e que morreu em
65 d.C., em Roma. Sêneca foi o filósofo que personificou com
maior complexidade os desafios do estoicismo. Grande parte
dos textos de Sêneca são cartas que ele escreveu aos seus
amigos, dando-lhes conselhos quando eles estavam em situ-
ações difíceis.
Sêneca tinha um amigo chamado Lucilius, e esse cara era
um abastado funcionário público locado na Sicília. Um belo dia,
Lucílius foi alvo de um processo judicial que ameaçava destruir
totalmente a sua carreira e ainda manchar permanentemente
o seu nome na praça. Então, Lucílius escreveu a Sêneca já
em estado de pânico. Sêneca respondeu serenamente:

“Você pode estar esperando que eu vá te aconselhar a visu-


alizar um final favorável e para repousar-se nos encantos da
esperança, mas em vez disso, vou te conduzir à paz de espí-
rito através de um outro caminho.”

Essa abordagem do Sêneca culminou no seguinte conselho:

“Se você quiser eliminar todas as preocupações, suponha


que a desgraça que você acha que pode acontecer contigo,
vai na verdade acontecer. Suponha que aquele resultado
desfavorável que você tanto temia seja agora uma certeza
e prepare-se para uma mudança radical de paradigma.
Contemple a realidade de uma vida onde você está pobre
e desmoralizado, e que terá que recomeçar do zero e viver
uma vida totalmente diferente da que você vive hoje.”

Para acalmar Lucílius, Sêneca recomendou que ele se tor-


nasse total e perfeitamente confortável com a ideia de falência,
desemprego, humilhação e pobreza, mas ao mesmo tempo,
jamais esquecer que aquilo não era o fim de tudo, muito menos
o fim do mundo. Sêneca, que já tinha enfrentado falência finan-
ceira e um exílio de oito anos na ilha de Córsega, continua
sua carta a Lucílius:

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“Se você for julgado culpado nesse processo, pode alguma


coisa mais séria acontecer com você do que perder tudo que
tem, e ser exilado ou preso?
Espere por isso, mas também se prepare para qualquer
injustiça que for cometida contra você.
Uma situação pode ter vários desfechos diferentes, tanto
favoráveis quanto desfavoráveis a você.
Você tem que estar bem familiarizado não apenas com
os resultados que te agradam, mas com toda a gama de
possíveis resultados para uma mesma situação, inclusive os
resultados desfavoráveis, e esteja sempre consciente desses
resultados desfavoráveis. Tenha eles sempre em mente. Nada
pode ser inexperado por nós, nem mesmo as tragédias naturais
como enchentes, terremotos e secas nem crises financeiras,
sociais e políticas. Vamos olhar para tudo que pode acontecer;
não olhar apenas para o tipo de mal que normalmente acontece
com as pessoas, mas também para o pior mal possível que
possa ocorrer.”

Os estoicos foram, na verdade, os pioneiros do sobre-


vivencialismo. Essa ideia de lutar com coragem, com bra-
vura, mas mesmo assim se preparar para o pior que possa
ocorrer é uma ideia essencialmente estoica. Em outras pala-
vras: nós devemos sempre nos preparar para o pior que
pode acontecer em qualquer situação, entretanto, mantendo
em mente que esse pior pode ser suportado com dignidade
e sem desespero. O objetivo é nunca imaginar que coisas
ruins não acontecem com a gente e sempre se lembrar de
que nós somos muito mais capazes de superar situações
extremas do que nos damos conta. Vou repetir porque isso
é a chave da questão: nós não nos damos conta de que,
na realidade, somos muito mais capazes de superar situ-
ações extremas. Relembrando:
“Virtude é gratuita, inviolável, inabalável, e tão solidificada
contra os desgostos da vida que não pode ser dobrada, muito
menos superada por elas.”
O que atrapalha é uma coisa chamada apego, e a meditação
ativa vai ajudar você a transcender todo e qualquer apego. É
por isso que ela é tão importante. Apego é a ilusão de controle
sobre algo externo a você, e os estoicos só se preocupam
com o que é interno, pois sabem que é impossível controlar
fatores externos a você.
O apego é algo infantil e perigoso; por isso ele é a primeira
coisa que tem que ser superada por um homem que almeja
ser emocionalmente independente.

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Use a meditação ativa e o estoicismo em doses proporcio-


nais e metódicas, ao mesmo tempo que você vai observando
o seu próprio comportamento no dia a dia, observando a sua
própria evolução.
Quanto ao estoicismo, quero deixar indicados 2 livros:
‘Sêneca e o Estoicismo’ – um livro onde o estoicismo é
apresentado de forma muito didática, que facilita a compreen-
são para aqueles que, como eu, não são da área da filosofia,
mas se interessam por esse tipo de estudo. Esse livro tam-
bém traz várias referências à produção de Sêneca e de muitos
outros filósofos estoicos. Isso vai capacitar você a escolher
outras obras sobre o estoicismo.
&

‘Meditações: A Mim Mesmo’ – anotações pessoais do


Imperador Marco Aurélio e suas reflexões, 160 anos a.C.

E tenha sempre em mente as três diretrizes supremas


para a independência emocional:

1- Conhecer-se, dominar-se e transmutar;


2- Desenvolver o raciocínio crítico;
3- Fortalecer-se interiormente para não fraquejar seriamente
durante a jornada.

Esses são os três pilares sobre os quais você vai erguer a


sua independência emocional.

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CAPÍTULO 9

RACIOCÍNIO CRÍTICO: O PÂNICO DA ‘AIDS’


– AGRICULTURA, O MAIOR ERRO DA HUMANIDADE

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Começando com a AIDS, esse é o assunto do livro, ‘Inventando


o Vírus da AIDS’, do Prof. Peter H. Duesberg, um biólogo mole-
cular germano-americano e professor de biologia molecular e
celular na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Ele ficou
conhecido por suas pesquisas acerca dos aspectos genéticos
do câncer.

“Sabemos que errar é humano, mas a hipótese do HIV/


AIDS é um erro grotesco. Eu digo isso incisivamente como
um aviso.” – Prof. Peter Duesberg

O Dr. Robert E. Willner (M.D., Ph.D.) é o autor do livro


‘Deadly Deception: the Proof That Sex And HIV Absolutely
Don’t Cause AIDS’ (“Fraude Mortal: a Prova de que Sexo e
HIV Absolutamente Não Causam AIDS”). Na Espanha, em
1993, ao vivo na frente das câmeras de TV, ele se injetou com
o sangue de Pedro Tocino, um hemofílico cujo teste para HIV
era positivo.
Essa demonstração de devoção à verdade e ao ‘Juramento
de Hipócrates’ que o Dr. Willner tinha feito quase 40 anos
antes foi relatada na primeira página de todos os principais
jornais do país. Sua aparição no programa de televisão mais
popular da Espanha provocou uma resposta de 4 para 1 da
audiência em favor de sua posição contra a fraca hipótese do
HIV/AIDS. Quando questionado por que colocaria sua vida em
risco para provar seu posicionamento, o Dr. Willner respondeu:
“Eu faço isso para acabar com a maior fraude assassina da
história da medicina. Ao injetar em mim mesmo sangue HIV
positivo, estou provando a minha posição, assim como o Dr.
Walter Reed fez para provar a verdade sobre a febre amarela.
Desta forma, quero expor a verdade sobre o HIV no interesse
de toda a humanidade.”
Ele testou negativo várias vezes depois daquele evento.
O Dr. Willner morreu de um misterioso “ataque cardíaco”,
em 15 de abril de 1995.

A tentativa de conectar o vírus do HIV à síndrome da imu-


nodeficiência adquirida foi um desastroso ardil de meados da
década de 80 que, historicamente, é muito importante e merece
ser abordado friamente através do seu antivírus mental. A
começar pelo fato de que ‘doença’ é uma coisa e ‘síndrome’
é outra e um vírus específico causa uma doença específica,
não uma síndrome.
Para sanar essa questão, aqui está a definição correta da
palavra ‘síndrome’ dada pelo Merriam-Webster Dictionary:

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1- um grupo de sinais e sintomas que ocorrem simulta-


neamente e caracterizam uma anormalidade ou condição
particular; 2- um conjunto de fatores simultâneos (como emo-
ções ou comportamentos) que geralmente formam um padrão
identificável.
Agora, se você for olhar a definição de ‘síndrome’ oferecida
pela Wikipédia – ou pelo site da tendenciosa MedicineNet –
você vai ver a seguinte aberração falaciosa:

“Uma combinação de sintomas e sinais que juntos repre-


sentam um processo de doença”.

Fica claro que eles substituíram as abrangentes palavras


‘anormalidade’, ‘condição’ e ‘padrão identificável’ por uma
palavra específica: ‘doença’.
Se você não sabe, “síndrome da imunodeficência adquirida”
significa apenas que o seu sistema imunológico como um todo
não está funcionando bem e isso varia muito de pessoa para
pessoa, não é uniforme como no caso de uma doença. Se
você é daquelas pessoas que todo mês fica com a garganta
inflamada, passou a ter dor de cabeça quase toda semana,
está apresentando alergias que não tinha, e/ou sempre tem
essas “viroses”, etc., isso é um claro sinal de que você já está
sofrendo de imunodeficiência, ou seja, você já sofre de AIDS
e esse quadro não pode ser causado por um vírus específico
sozinho.

A tentativa desesperada do CDC e da OMS de conectar o


HIV à AIDS é quase tão absurda e risível quanto a tentativa
da ONU de conectar a ação humana – e a flatulência do gado
– ao aquecimento global: absolutamente tragicômico.

Com a chegada dos anos 80 e o fim da boquinha bilioná-


ria da tenebrosa indústria da poliomielite, o CDC começou a
sofrer uma significativa “hemorragia monetária” e foi aí que
tudo começou, mas não se limitou apenas ao CDC... Todas as
outras gangues de demônios que se encontravam em posições
propícias para tirar proveito da situação agiram prontamente e
sem hesitação; não desperdiçaram a oportunidade, pois aquele
era um evento de proporções globais e muitas agendas dife-
rentes poderiam ser avançadas – e também implementadas
– dentro daquele contexto.
Esse assunto sempre me chamou a atenção porque, dos 20
aos 23 anos de idade, no ápice da falta de juízo e da minha

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taradice sexual, eu estava morando nos Estados Unidos, exa-


tamente na época do auge da suposta “epidemia” da tal da
AIDS. Só que eu nunca usei preservativo e, lá na Califórnia, eu
transei com dezenas de mulheres de várias partes do mundo
e nem gonorreia eu peguei.
Poderiam dizer que foi pura sorte, mas eu conheço uma mul-
tidão de homens e mulheres que compartilharam da mesma
experiência. Além disso, não surpreendentemente, só morre-
ram aqueles que se submeteram ao “tratamento” com o infame
coquetel ‘AZT’ (azidotimidina) recomendado pelo CDC com o
respaldo duvidoso de seus marionetes financeiros da comu-
nidade médica.
Autor do prefácio do livro do Prof. Peter Duesberg – e em
oposição ao monumental embuste de um vírus sozinho sendo
o suposto causador de uma síndrome – temos também o nome
mais importante da biologia molecular do Século XX e Prêmio
Nobel de química: o Dr. Kary Mullis.
Formado em química no ‘Instituto de Tecnologia da Geórgia’,
em Atlanta, no estado da Geórgia, Dr. Mullis fez seu doutorado
em bioquímica pela ‘Universidade da Califórnia’, em Berkeley.
No início dos anos 80, quando Mullis estava trabalhando
para a empresa de biotecnologia, Cetus Corp, em Emeryville,
ele inventou a técnica de replicação do DNA chamada ‘Reação
em Cadeia da Polimerase’ (PCR) – um dos métodos mais
usados em biologia molecular e em medicina forense. Com a
PCR, é possível gerar milhares a milhões de cópias de apenas
uma seção específica de DNA a partir de uma amostra muito
pequena, o que serve para analisar o DNA presente em gotí-
culas de sangue e em fios de cabelo encontrados em cenas
de crimes. Em 1993, o Dr. Mullis recebeu o Prêmio Nobel de
Química pelo seu trabalho.
O Dr. Kary Mullis é mais um dos poucos pesos pesados que
ousaram ir contra a narrativa corrupta e vergonhosa da sinistra
indústria farmacêutica e da comunidade médica em relação
à causa da imunodeficiência. A abordagem de Mullis é que
imunodeficiência, por ser uma síndrome e não uma doença,
não é causada pelo HIV, mas por vários retrovírus.
Mullis explica que, se o sistema imunológico de uma pessoa
for infectado por uma grande coleção de retrovírus dormentes
e se esse grupo de células se dividir e multiplicar, o retrovírus
dormente será copiado. Quando um retrovírus é copiado, pos-
sivelmente em um milhão de cópias, ele se solta das células e
vaza para a corrente sanguínea. A partir daí, uma reação em
cadeia é criada.

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“Eventualmente, chegará um momento em que uma boa


porcentagem da população terá AIDS e não terá HIV”, disse
Mullis... E ele complementa: “a causa da imunodeficiência
pode nem mesmo ser um conjunto de vírus”.

As causas mais prováveis de um colapso do sistema imu-


nológico são as seguintes: desnutrição, estafa, mercúrio das
vacinas, medicamentos imunossupressores (cortisona, anti-
bióticos, AZT, etc.), medicamentos que causam dependência,
inalantes, aditivos alimentares venenosos (corantes, sabores
artificiais, conservantes, etc.) e também o envenenamento por
metais pesados, como o chumbo tetraetila da gasolina aditi-
vada (aditivo supostamente proibido no Brasil para utilização
em carros), o benzopireno da gasolina comum, o mercúrio de
obturações dentárias de amálgama, etc.
O Dr. Mullis disse que não há qualquer evidência científica
de que o HIV seja a causa da AIDS, nenhum documento ou
prova que realmente conecte o HIV à AIDS. Quando ainda vivo,
ele sugeriu que, por gentileza, qualquer pessoa que tivesse
documentos científicos sérios para comprovar ou apoiar as
hipóteses de que o HIV está ligado à AIDS lhe enviasse uma
cópia. Ele esperou até sua morte, mas nunca recebeu nada.
Se a hipótese sugerida pelo Dr. Mullis se provar verdadeira,
significa que é impossível desenvolver uma vacina contra a
AIDS. Haveria tantos vírus que, uma vez que se tentasse eli-
minar qualquer um deles, outro tomaria o seu lugar.
Mullis também denunciou a altíssima taxa de testes falso-
-positivos de AIDS e que muitas pessoas estão morrendo por
causa do AZT, um medicamento imunossupressor para “tratar”
câncer que, sem qualquer teste, é um dos mais usados em ​​
pacientes supostamente portadores de HIV.
Eu mesmo, desde 1987, já fiz vários testes de HIV e, em
meados dos anos 90, um deles deu positivo, mas ao refazê-
-lo dois dias depois em outra clínica, deu negativo, ou seja,
totalmente não confiável. Imagina se eu tivesse entrado em
pânico e ido correndo a um desses médicos que adoram entu-
pir seus pacientes de AZT? Eu teria morrido desnecessária
e miseravelmente, assim como aconteceu com Cazuza, com
Renato Russo e com Freddie Mercury.

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“Quando eu tomo o coquetel (AZT), é como se tivesse


comendo um cachorro vivo... E o cachorro me come por dentro.”
– Renato Russo

“Há várias razões para o comitê estabelecido de pesquisa


da AIDS manter sua posição mesmo diante de tantas contra-
dições e tantas mortes desnecessárias”, revelou Mullis.
Não é à toa que, assim como aconteceu com o Prof. Peter
Duesberg e com o Dr. Willner, o nome do vencedor do Prêmio
Nobel de Química é citado pela Wikipédia com o ridículo rótulo
de “negacionista da AIDS”.
Quando se posicionam contra a narrativa da oligarquia na
grande mídia, nomes de total credibilidade são sempre calu-
niados pela Wikipédia como sendo “negacionistas” de alguma
coisa ou então são retratados de forma falaciosamente nega-
tiva. Sempre que você quiser saber se alguém representa
uma grande ameaça para o status quo, basta verificar se a
Wikipédia rotula essa pessoa como “negacionista” de alguma
coisa, seja da conexão do HIV com a AIDS, ou do homem
como causador de mudanças climáticas, ou dos números e
da dinâmica do “Holocausto”, etc.
A importância maior do evento da AIDS é a revelação de que
ele mudou a dinâmica social apenas durante o pânico inicial,
tornando-se, assim, um simples experimento global, um teste
de engenharia social que se mostrou ineficaz, porém lucrativo.
Manter as pessoas doentes sempre foi um negócio altamente
lucrativo neste planeta, muito mais do que mantê-las saudá-
veis ou curá-las.

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Por causa do embuste da AIDS, várias gerações sequer


sabem o que é uma relação sexual sem preservativo, mas com
o passar dos anos, de forma natural e progressiva, a falácia foi
perdendo o seu efeito, deixando prevalecer a mesma luxúria
e promiscuidade que reinavam antes dele.

Agricultura: O Maior Erro da Humanidade

Desde a fundação do ‘Instituto de Permacultura da Austrália’,


em 1979, através dos frutos do trabalho de Bill Mollison, len-
tamente, a permacultura vem trazendo de volta o verdadeiro
sentido do relacionamento entre o homem e o seu lar, uma
relação na qual o lar existe para sustentar o homem em vez
do homem existir para sustentar o seu lar.
A permacultura, como filosofia, busca emular a natureza
em todos os padrões que ela gera e repete, especialmente
os padrões reguladores, os equalizadores, os que mantêm o
equilíbrio e a harmonia do fluxo da vida. Assim como as práti-
cas produtivas da permacultura imitam os eventos produtivos
da natureza, a função histórica do lar como fonte de sustento
do homem também é mantida pela filosofia da permacultura.
Foi em Cuba, um dos países mais devastados pelo caos
da miséria e da corrupção socialistas, que a permacultura se
tornou mais popular. A situação atual da Venezuela pode pro-
piciar a ocorrência do mesmo fenômeno. Este aqui é o planeta
onde a consciência só é desperta pelo sofrimento.
Não só no que tange à produção do próprio alimento e
energia, mas em termos gerais de autossuficência e autono-
mia, todo homem deveria estar familiarizado com as diversas
ferramentas básicas que existem; deveria saber cozinhar;
deveria ser capaz de trocar a resistência de um chuveiro;
de pregar um botão numa camisa e fazer uma bainha na boca
de uma calça; de trabalhar com madeira, com solda; e também
ser capaz de acender um fogo sem fósforo, nem isqueiro ou
pederneira.
É exatamente em casos como o quadro da Venezuela, da
greve dos caminhoneiros em 2018, e do embuste da covid-
19 que o homem da cidade vê o quão fútil são todas as suas
habilidades urbanas.
Além de todas as outras consequências negativas do evento
da sociedade urbana baseada na monocultura agrícola das
quais vamos tratar neste capítulo, a sua inexorável tendên-
cia de tirar o indivíduo da condição de produtor e levá-lo à
condição de mero consumidor é a mesma que faz com que
o indivíduo tenha, em sua residência, uma fonte que gera

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apenas despesas em vez de ser a fonte do seu sustento.


Quanto maior o centro urbano, maior fica a lista de despe-
sas para manter uma residência, e quanto mais sofisticada
a residência, mais caro fica para mantê-la e esse quadro se
agrava com o aumento desnecessário da população.
O planeta Terra está longe de estar superpopulado, entre-
tanto, isso não quer dizer que a quantidade de gente que
existe atualmente perambulando sobre o globo não está em
total desequilíbrio com os padrões da natureza.
Tal qual ocorreu na antigua Uruk – e continua ocorrendo
até hoje – com a produção em larga escala de bens de con-
sumo, quanto maior o poder de produção, pior é a qualidade
do produto. A qualidade do produto é inversamente propor-
cional ao tamanho da produção do mesmo. Isso ocorre tam-
bém em nível populacional e é exatamente por isso que mais
de nove entre dez pessoas que você conhece são verda-
deiros imbecis cuja existência serve exclusivamente para
agravar todos os problemas da humanidade, de forma local
e também global.
O clamor perpétuo e internacional para que o “santo” Estado
tome todas as providências necessárias, “proteja” a todos e
também os livre das suas responsabilidades é um fenômeno
tipicamente originado pelo evento da sociedade agrícola.
Ao contrário da agricultura tradicional de monocultura, a
permacultura cria solo, regenera terras depauperadas, elimina
poluição e produção de lixo, reabastece os lençóis freáticos
e reestabelece o equilíbrio em todos as facetas da vida do
homem. A permacultura seria a única solução para esse qua-
dro tenebroso que a vida baseada na agricultura criou, mas
apesar de poder ser realizada também para fins comercais, a
permacultura não se aplica à produção em larga escala que
é realizada pelas insidiosas mega-monoculturas.
Agora, analizando e comentando uma matéria do escritor e
cientista, Jared Diamond, vamos abordar a primeira e maior
calamidade de toda a história humana na face da Terra:
a agricultura.
Chegou um momento na nossa história em que fomos obri-
gados a escolher entre manter o tamanho da população limi-
tado ou tentar incrementar a produção de alimentos para lidar
com o aumento populacional. A maioria dos povos escolheu
a última opção e o preço por essa escolha foi: tirania, escra-
vidão, fome, guerras, doenças inflamatórias e doenças
contagiosas. Essa, sim, foi a verdadeira “queda do paraíso”
para a humanidade como um todo.

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Mesmo com todas as gigantescas dificuldades que o


homem já havia enfrentado e superado em sua jornada evo-
lutiva até aquele ponto, as implicações da adoção da agri-
cultura como base de toda a dinâmica de vida foram de uma
dimensão e de uma magnitude jamais vividas na história.
Além disso, mesmo com todo o potencial de agressividade
que nos é inerente, até então, os grupos humanos viviam
em relativa harmonia, saudáveis, com fartura, sem doenças
contagiosas, sem escravidão, sem impostos, sem reis nem
governos. Tudo isso representa um câncer que só surgiu
na face da terra com o nascimento da sociedade agrícola.
Como eu disse no começo do livro, a agricultura foi um divi-
sor de águas para a espécie humana e foi também nosso erro
mais grave.

O homem aprendeu a fazer e a controlar o fogo há mais de


dois milhões de anos e teve a proteína e a gordura como a
base de sua alimentação durante todo esse tempo. Por sua
vez, o evento da agricultura se deu há apenas dez mil anos
e nos levou direto à tirânica e sangrenta ‘Idade do Bronze’,
cujo final, como não podia deixar de ser, também se deu em
carnificina generalizada.
Nós não aprendemos a lição e, ao recomeçar a nossa jor-
nada histórica após o colapso da Idade do Bronze, ingenua-
mente insistimos na mesma dinâmica que causou a destruição
de forma tão rápida: monoculturas sustentando a vida urbana
e o Estado que brota da incapacidade das massas de admi-
nistrar esse sistema. O Estado é, sem dúvida, a consequência
mais perversa da agricultura.
Durante a maior parte de nossa história, sustentamo-nos
com a caça e a coleta. É uma vida que os filósofos e os homens
fracos e preguiçosos tradicionalmente consideram desagradá-
vel, brutal e curta. Uma vez que nenhum alimento é cultivado
e pouco é armazenado, não haveria, na visão desses filóso-
fos arrogantes, nenhuma pausa na luta diária para encontrar
alimentos e evitar a fome.
A nossa fuga dessa suposta “miséria” teria sido facilitada
apenas há 10.000 anos atrás, quando, em diferentes partes
do mundo, os povos abandonaram a caça e a coleta e come-
çaram a domesticar plantas e animais. A revolução agrícola se
espalhou e poucas tribos de caçadores-coletores sobrevivem
atualmente.

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A agricultura teria sido adotada porque ela é uma forma


supostamente eficiente de “obter mais alimentos com menos
trabalho”. O homem “civilizado” chegou ao ponto de creditar
à agricultura o notável florescimento da arte ocorrido nos últi-
mos milhares de anos. Isso mostra sua total ignorância – ou
omissão proposital – ao fato de que, ainda na Idade da Pedra,
várias das pinturas em cavernas já apresentavam traços tão
refinados quanto podemos observar em obras de artistas de
alto nível hoje em dia.
Como você consegue mostrar que a vida das pessoas há
10.000 anos melhorou quando elas abandonaram a caça e
a coleta pela agricultura? Até recentemente, os arqueólogos
tinham que recorrer a testes indiretos cujos resultados não
corroboraram essa hipótese. Jared nos dá um exemplo de um
teste indireto: os caçadores-coletores do século XXI estão
realmente em situação pior do que os agricultores?
Espalhados por todo o mundo, várias dezenas de grupos
dos chamados povos primitivos – como os bosquímanos do
Kalahari – continuam a se sustentar da caça e da coleta.
Acontece que essas pessoas têm muito tempo de lazer,
dormem muito e trabalham menos do que seus vizinhos agri-
cultores. Por exemplo, o tempo médio dedicado a cada semana
para obter alimentos é de apenas 12 a 19 horas para um grupo
de bosquímanos e 14 horas ou menos para os nômades Hadza
da Tanzânia.
Enquanto os fazendeiros se concentram em safras com alto
teor de carboidrato, como grãos, batata e tubérculos, a dieta
dos caçadores-coletores fornece gordura, proteína digerível
e absorvível pelo organismo humano e também proporciona
o equilíbrio de todos os outros nutrientes no organismo. Além
disso, é quase inconcebível que os bosquímanos, que podem
escolher entre uma variedade de cerca de 75 plantas silvestres,
morram de fome da mesma forma que centenas de milhares
de fazendeiros irlandeses e suas famílias morreram durante
a fome da batata, na década de 1840.
Em depósitos de lixo pré-históricos, os arqueólogos podem
datar a mudança da caça e coleta para agricultura distinguindo
restos de plantas e animais selvagens dos domesticados. A
visão estatista diz que a vida humana melhorou quando eles
mudaram da caça e coleta para a agricultura. Como se pode
deduzir a saúde dos originadores pré-históricos de lixo e,
assim, testar diretamente essa visão estatista?
A resposta a essa pergunta se tornou possível apenas nos
últimos anos, em parte por meio das novas técnicas emer-
gentes na paleopatologia (o estudo de sinais de doenças

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e de trauma em vestígios de povos antigos), e em algumas


situações, o paleopatologista tem quase tanto material para
estudar quanto um patologista tem hoje. Por exemplo, nos
desertos chilenos, os arqueólogos encontraram múmias bem
preservadas, cujas condições médicas no momento da morte
podiam ser determinadas por autópsia, e também encontraram
fezes de índios que viviam em cavernas secas em Nevada,
nos Estados Unidos, e elas permanecem suficientemente bem
preservadas para serem examinadas para teste de ancilosto-
míase e de outros parasitas.
Um exemplo direto do que os paleopatologistas aprenderam
com esqueletos antigos diz respeito às mudanças na estatura
das pessoas. Esqueletos da Grécia e da Turquia mostram que
a altura média dos caçadores-coletores no final das eras gla-
ciais eram generosos 1,75m para os homens e 1,65m para as
mulheres. Com a adoção da agricultura, a altura caiu e, por
volta de 3000 a.C., chegou a apenas 1,60m para os homens
e 1,52m para as mulheres. Na época clássica, as estaturas
estavam subindo muito lentamente de novo, mas os gregos
e turcos modernos ainda não recuperaram a altura média de
seus ancestrais distantes.
Outro exemplo de paleopatologia em ação é o estudo de
esqueletos de índios em túmulos nos vales dos rios Illinois e
Ohio. Em Dickson Mounds, localizado perto da confluência
dos rios Spoon e Illinois, os arqueólogos escavaram cerca de
800 esqueletos que apresentam um quadro das mudanças
na saúde que ocorreram quando uma cultura de caçadores-
-coletores deu lugar à agricultura intensiva de milho, por volta
de 1150 d.C.
Os estudos de George Armelagos e seus colegas da
Universidade de Massachusetts mostram que esses primei-
ros agricultores pagaram um preço alto por seu novo estilo
de vida. Em comparação com os caçadores-coletores que os
precederam, os agricultores tiveram um aumento de quase 50
por cento nos defeitos do esmalte dental, indicativos de des-
nutrição; um aumento de quatro vezes da anemia por defici-
ência de ferro, evidenciado por uma condição óssea chamada
‘hiperostose porótica’; um aumento de quatro vezes na quan-
tidade de lesões ósseas, refletindo em doenças infecciosas
em geral; e um significativo aumento nas condições degene-
rativas da coluna vertebral, também refletindo em má postura
em trabalhos físicos pesados.
O trigo e seus subprodutos eram a principal comida con-
sumida pelo antigo Egito. Comia-se predominantemente pão
em todas as refeições e, mesmo o trigo daquela época tendo

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um valor nutricional muito maior e contendo muito menos glú-


ten do que o trigo moderno, a obesidade no Egito antigo era
muito mais comum do que se imaginaria, fato que pode ser
claramente constatado na arte gráfica preservada em paredes,
muros e papiros, e a dentição de todos os egípcios, incluindo
a nobreza, era da pior qualidade imaginável, sendo que o
mesmo ocorre – até hoje – com a dentição de todos os povos
indígenas cuja base alimentar é amido, seja milho, trigo, man-
dioca, arroz ou qualquer similar.
O mesmo não ocorre com a dentição de povos que con-
sumiam pouco ou nenhum amido, como era o caso dos
esquimós originais, por exemplo, e é até hoje com os Massai,
na África, cuja base alimentar é carne, sangue e leite.
Sim, eles bebem sangue bovino ainda quente, logo após ele
jorrar de um pequeno furo feito com uma flecha na jugular de
um novilho. A saúde, a força, a resistência física e a dentição
dos Massai são de dar inveja a qualquer povo indígena das
américas e também nos chineses, os maiores comedores de
arroz do planeta.

“A expectativa de vida na comunidade pré-agrícola era de


cerca de 26 anos”, diz Armelagos, “mas na comunidade pós-
-agrícola, era de apenas 19 anos. Portanto, esses episódios
de estresse nutricional e doenças inflamatórias estavam afe-
tando seriamente sua capacidade de sobreviver.”

A evidência sugere que os índios em Dickson Mounds,


como muitos outros povos primitivos, começaram a agricul-
tura não por escolha, mas por necessidade, a fim de alimen-
tar seu número em constante crescimento. “Não acho que a
maioria dos caçadores-coletores adotaram a agricultura até
que fosse realmente necessário e, quando mudaram para a
agricultura, trocaram qualidade por quantidade”, disse Mark
Cohen, da Universidade Estadual de Nova York, em Plattsburgh,
co-editor de Armelagos em um dos livros seminais na área:
‘Paleopatologia nas Origens da Agricultura’. E ele completa:
“Quando comecei a apresentar esse argumento, dez anos
atrás, poucas pessoas concordaram comigo. Agora, se tornou
um lado respeitável do debate.”

Existem pelo menos três conjuntos de razões para explicar


as descobertas que provam que a agricultura faz mal à saúde.
Em primeiro lugar, os caçadores-coletores desfrutavam de
uma dieta variada e rica em gordura e proteína, enquanto os
primeiros agricultores obtinham a maior parte de sua comida

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de uma ou algumas colheitas de amido. Os fazendeiros con-


seguiam mais calorias e de forma mais fácil, mas ao custo de
uma nutrição pobre. Hoje, tragicamente, apenas três plantas
(ricas em carboidratos) fornecem a maior parte das calorias
consumidas pela espécie humana: trigo, arroz e milho.
Em segundo lugar, devido à dependência de um número
limitado de safras, os agricultores corriam o risco de morrer
de fome se uma das safras fracassasse.
Por último, o mero fato de que a agricultura encorajou as
pessoas a se aglomerarem em sociedades populosas, mui-
tas das quais realizavam o comércio com outras sociedades
populosas, levou à disseminação de parasitas e doenças infec-
ciosas. As epidemias não podiam ocorrer quando as popu-
lações estavam espalhadas em pequenos grupos, vivendo
separadamente. A tuberculose, as doenças inflamatórias e
intestinais tiveram que aguardar o surgimento da agricultura
e o consequente surgimento das grandes cidades para entra-
rem no jogo.
Além de desnutrição, doenças inflamatórias, fome, doenças
epidêmicas, tirania e guerras, a agricultura ajudou a trazer
outra maldição sobre a humanidade: profundas divisões de
classes.
Os caçadores-coletores têm pouco ou nenhum alimento
armazenado e nenhuma fonte de alimento concentrada, como
um pomar ou um rebanho de vacas: eles vivem das plantas
e animais selvagens que obtêm todos os dias, portanto, não
pode haver reis nem qualquer classe de parasitas sociais
que engordam com alimentos e impostos roubados de outras
pessoas. É somente o contexto agrícola que propicia o sur-
gimento de uma oligarquia não produtiva que consegue viver
na fartura enquanto se coloca acima das massas malnutridas
e infestadas de doenças.
Esqueletos de tumbas gregas em Micenas (1500 a.C.) indi-
cam que os membros da realeza desfrutavam de uma dieta
bem melhor do que seus súditos, visto que os esqueletos reais
eram cinco ou sete centímetros mais altos e tinham dentes
melhores. Entre múmias chilenas, a elite se distinguia não
apenas por ornamentos de ouro, mas também por uma taxa
quatro vezes menor de lesões ósseas causadas por deficiên-
cia nutricional ou por doenças.
Quanto à situação das mulheres, livres da necessidade de
transportar seus bebês durante uma existência nômade, e sob
pressão para produzir mais mãos para ajudar a cultivar os campos,
as mulheres da sociedade agrícola tendiam a engravidar mais
frequentemente do que suas contrapartes caçadoras-coletoras

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– com consequentes perdas em sua saúde. Entre as múmias


chilenas, por exemplo, mais mulheres do que homens tinham
lesões ósseas causadas por doenças infecciosas.
Quanto à alegação de que a agricultura encorajou o flores-
cimento da arte ao nos proporcionar tempo de lazer, pode-se
afirmar com total segurança que os caçadores-coletores moder-
nos têm pelo menos tanto tempo livre quanto os agricultores.
Toda a ênfase no tempo de lazer como um fator crítico está
equivocada. Embora os avanços tecnológicos pós-agrícolas
tenham possibilitado novas formas de arte e a preservação
mais fácil da mesma, grandes pinturas e esculturas já eram
produzidas por caçadores-coletores há 15.000 anos e ainda
eram produzidas até o século passado.
Dessa forma, com o evento da agricultura, a elite prospe-
rou, mas a maioria das pessoas ficou em maus lençóis. Sendo
assim, em vez de engolir a narrativa da visão estatista de que
“escolhemos a agricultura porque era boa para nós”, devemos
mesmo é nos perguntar como foi que caímos nessa armadilha
tão sinistra.

“Os caçadores-coletores praticavam o estilo de vida mais


bem-sucedido e duradouro da história da humanidade. Em
contraste, ainda estamos lutando com a confusão e a misé-
ria em que a agricultura nos jogou e, coletivamente, não está
claro se podemos resolver isso.” – Jared Diamond

E nem precisava ter ido tão longe. Basta você olhar as foto-
grafias da população ocidental até a década de 1950, com
todo mundo esbelto e saudável... Foi então que teve início a
ostensiva – e corrupta – campanha propagandista das máfias
conhecidas como: indústria farmacêutica, indústria açucareira
e indústria de produtos processados. Agora, compare o físico
das pessoas dessas fotos da população ocidental até a década
de 50 com o físico das pessoas que você vê hoje em dia pelas
ruas e em todos os lugares: um verdadeiro e triste show maca-
bro de obesidade e doenças inflamatórias, rendendo fortunas
às mesmas indústrias que iniciaram a campanha mentirosa
nos anos cinquenta, desviando de si para os produtos animais
a culpa pela gigantesca epidemia de doenças cardíacas, de
câncer e todas as outras doenças inflamatórias que assolam
a população ocidental atualmente.
Até os anos 50, os nutricionistas praticamente não existiam;
academias de musculação eram coisas extremamente raras;
suplementos alimentares e produtos dietéticos eram mais raros
ainda; não havia quase ninguém se exercitando nos parques,

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nas praias, nas avenidas ou em praças como vemos por toda


a parte hoje e, além disso tudo, ninguém se preocupava com
esse assunto, ninguém ficava pensando nem conversando
sobre dietas e nutrição. Contudo, as pessoas eram mil vezes
mais saudáveis e mais esbeltas do que hoje.
Poxa! Como pode ser, se, hoje, as academias estão sem-
pre cheias, se nos exercitamos tanto, usamos tantos recursos
suplementares na alimentação, nos informamos tanto sobre
saúde e temos a televisão a toda hora com nutricionistas e
médicos orientando as massas sobre o que comer e o que
não comer?

É muito simples... Assim como eu mesmo fiz para conseguir


me curar da pré-diabetes, basta questionar a fonte criminosa da
qual bebem cega e irresponsavelmente todos esses “experts”
diplomados: a cartilha do ‘Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos’ e da OMS.
O crime organizado não é um fenômeno que se apresenta
de forma homogênea. Existe uma pirâmide hierárquica den-
tro do mundo do crime, e a facção mais bem-sucedida do
crime organizado conquistou sua posição privilegiada porque
já nasceu de forma institucional, ou seja, por terem se dado
o adjetivo de “oficial”, conseguem iludir totalmente as pes-
soas e elas ficam tão iludidas com esse truque semântico tre-
mendamente simples que chegam ao cúmulo de VOTAREM
VOLUNTARIAMENTE para escolher os criminosos parasitas
que serão “oficialmente” permitidos extorqui-las pelos próxi-
mos quatro anos.
Esse truque semântico é tão sutil que até mesmo vários
membros dessa facção estão lá com a melhor das intenções
e sequer têm consciência de que são criminosos. Eles juram
de pés juntos que estão ali para defender o interesse das mas-
sas que os elegeram. Esse é o cúmulo do absurdo ao qual
a humanidade se condenou quando trocou o estilo de vida
dinâmico da caça e da coleta por uma sociedade agrícola e
estática, engessada.
De forma mais simplista, para sermos mais objetivos, pode-
mos dividir essa pirâmide hierárquica do crime organizado em
três partes distintas: na base da pirâmide, estão os comandos
das favelas ou bairros; acima deles, estão os cartéis fornece-
dores; e, no topo da pirâmide, estão as máfias do colarinho
branco, a elite do crime organizado, os “top dogs”, os ‘podero-
sos chefões’. É claro que não mencionei várias subcategorias
nem os marionetes usados pelas máfias, mas isso não vêm
ao caso aqui.

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Pois bem, a Organização Mundial da “Saúde” é mais uma


facção da elite do crime organizado, uma instituição criminosa
que, desde os anos ‘50, engana e manipula descaradamente
a população mundial para o benefício de meia dúzia de “gan-
gsters institucionais” e de sua própria cúpula, é claro.
Quanto ao ponto-chave do problema da saúde atualmente,
não precisa ser nenhum gênio para ver que a pirâmide alimentar
do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)
e da OMS – que os médicos e os ditos “nutricionistas”, apesar
de todas as nítidas evidências de contradição, sequer ousam
pôr à prova ou criticar – tem que ser virada de cabeça para
baixo de forma integral e literal. Se, por si só, a agricultura é
claramente o maior desastre para a saúde e para a qualidade
da jornada humana neste planeta, essa pirâmide alimentar é
a epítome desse desastre.

Sociedade Agrícola X Masculinidade

Dentro desse tema, além de todos os graves problemas já


citados, quero chamar a sua atenção para outro ponto muito
importante: a partir do momento que a vida de caça e coleta
deu lugar à sociedade agrícola, começa também a degene-
ração da masculinidade.
Dentre todas, a principal forma de degeneração da mascu-
linidade proporcionada pelo estilo de vida agrícola é a dege-
neração física, com uma mudança alimentar que causa a
diminuição da produção de testosterona e também de hor-
mônio de crescimento (“GH” – ‘growth hormone’), que é
indispensável no período de crescimento, para que a esta-
tura adulta normal possa ser atingida. Isso ocorre por culpa
da inversão da nossa pirâmide alimentar que, até então, por
mais de dois milhões de anos, tinha sua base composta por
produtos de origem animal, e os grupos humanos que, além
de fontes animais, também faziam uso de alguns vegetais,
abordavam esse último de forma esporádica, complementar.
Além disso, absolutamente nenhuma das frutas e nenhum dos
outros itens vegetais encontrados hoje no mercado existiam
naquela época. Todos eles são verdadeiros “Frankensteins”
geneticamente modificados pelo homem.
Miseravelmente, essa venenosa pirâmide invertida (que,
de forma falaciosa, glorifica os carboidratos) é divulgada até
hoje pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e
pela OMS, e as pessoas seguem esse absurdo sem jamais
pensarem no assunto.
Essa pirâmide da inflamação é ensinada como verdade
suprema nos cursos superiores de nutrição e de educação

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física, e os médicos alopatas – que de nutrição não enten-


dem absolutamente NADA – prescrevem esse absurdo aos
seus pacientes:

Nas áreas da odontologia, da ortopedia e da traumatologia,


a medicina é realmente genial e realiza verdadeiros milagres,
mas na área de nutrição e doenças inflamatórias, a medicina
é um tremendo vexame, uma trágica vergonha internacional!
Felizmente, até mesmo aqui no Brasil, já existem alguns
nutricionistas e médicos que acordaram para o problema, revi-
saram suas convicções e estão alertando o público incrédulo
do perigo que estão correndo; finalmente, já existem nutri-
cionistas que declaram publicamente se envergonharem da
alimentação que, não faz muito tempo, prescreviam aos seus
clientes.
O cardiologista americano Dr. Dwight Lundell, ao longo de
25 anos, realizou mais de 5.000 cirurgias de enxerto coro-
nário. Com o passar do tempo, ele começou a se incomodar
mais e mais com o alto e crescente número de reincidência
de seus pacientes e, mesmo sem o apoio da comunidade
médica, decidiu questionar a causa dos quadros de enfermi-
dades cardíacas.
Depois de estudar séria e independentemente as causas das
doenças do coração, as conclusões sem viés do Dr. Lundell
foram tão esclarecedoras que ele abandonou a profissão e
abriu uma clínica de reeducação alimentar que, apenas atra-
vés de uma dieta baixa em carboidratos, cura pacientes por-
tadores de doenças inflamatórias: pacientes com problemas
cardíacos, com diabetes tipo 1, tipo 2, e também com câncer.

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Dentro da mesma abordagem, o Dr. Lundell também ensina


– e supervisiona – a prevenção alimentar contra Parkinson e
Alzheimer. Ele é categórico ao alertar: “Os carboidratos são
a real causa de todas as doenças inflamatórias.”
Em segundo lugar, psiquicamente, o evento da sociedade
agrícola também promoveu a degeneração da masculinidade
ao privar a população de um estilo de vida que proporcionava a
todos os homens do grupo, independente de sua função, uma
cota mínima de perigo físico e também de atividade física. E
isso também levou os homens a perderem o contato com – e
se alienarem de – sua prioridade vital: a responsabilidade de
suprir a si mesmo – e aos seus – com as melhores fontes de
alimentação que existem. Essa responsabilidade conferia ao
homem o status de dono do seu próprio destino, seja caçando
e coletando como no passado ou, em tempos não tão distan-
tes, cuidando de maneira autossuficiente das suas pequenas
criações de animais diversos em uma propriedade rural.

O formato predominante da abordagem dessa discussão


sobre a mudança de um estilo de vida com mais de dois
milhões de anos de sucesso comprovado para um estilo de
vida que, em apenas dez mil anos, degenerou por completo
a fisiologia, a psique e o espírito humano é o formato da mais
grosseira falsa dicotomia.
No período em que se deu a transição da caça/coleta nômade,
descentralizada e livre, para uma sociedade monoagrícola
estacionária, centralizada e coerciva, jamais houve o caso de
contarmos com apenas duas opções de estilos de vida para
os seres humanos da época. Isso é uma falsa dicotomia gri-
tante que, claramente, demonstra desonestidade intelectual.
A centralização administrativa é o substrato mais propício
ao nascimento da corrupção institucionalizada e isso permite
o surgimento de oligarquias parasíticas e sociopatas que,
inexoravelmente, instauram o caos do regime do “conquistar
para não ser conquistado”. Mesmo assim, em diferentes par-
tes do mundo, vários grupos e comunidades se encontravam
em condições de não serem afetados pela miséria da mono-
cultura, e alguns desses povos existem até hoje, vivendo de
forma saudável sob todos os aspectos, em harmonia entre si
e também em harmonia com a natureza.
Por volta de 15.000 anos a.C., no Japão, os Jomons, ante-
passados genéticos dos Ainu, ainda davam exemplo disso.
O Período Jomon é a época da pré-história japonesa, durante
a qual a dinâmica de vida no Japão era a cultura da caça
e coleta.

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Os Jomons praticavam a caça, a pesca e a coleta, mas eles


também mantinham atividades agropecuárias rudimentares
estacionárias e, com isso, atingiram um grau considerável de
sedentismo (antônimo de ‘nomadismo’) e de complexidade
cultural. Eles também se destacavam pelo domínio maestral
da arte da cerâmica. O nome Jomon, que significa ‘cordão
marcado’ ou ‘padronizado’, se origina do estilo deles na pro-
dução em cerâmica.
Para os seres humanos, sempre houve várias opções de
estilos de vida que não incluíam centralização de poder nem
o inevitável abuso do mesmo, com o consequente agravante
da corrupção institucional.
Pense em qualquer um dos primeiros grandes impérios.
Mesmo sendo um evento sordidamente sangrento e inescru-
puloso, não podemos negar que é preciso inteligência acima
da média para dominar povos inteiros e coagi-los na formação,
na manutenção e na expansão de um império.
Ora bolas! Se o homem teve capacidade mental para criar
e administrar impérios e também toda a burocracia que isso
envolve, é mais do que óbvio que a mente humana também
tinha capacidade de conceber maneiras harmoniosas, saudá-
veis e produtivas de viver. A permacultura está aí para ratificar
essa afirmação.
As possibilidades são infinitas, mas todas elas vão contra
o absurdo da centralização e tirania inerentes ao atual estilo
de produção de alimentos e a tóxica dinâmica social que o
mesmo gera.
Essa condição, esse status de ‘consumidor’ é a maior ver-
gonha e a maior humilhação que poderia afligir o ser humano.
O homem que delega a outrem a responsabilidade de lhe
suprir o alimento e a água de todo dia está implorando para
ser escravizado, idiotizado, controlado e explorado.
O homem passou a ser um mero consumidor e, por isso,
a sua existência perdeu toda cor e vibração, dando lugar ao
maior mal da vida urbana: o tédio e a consequente tentativa
de fuga dele nos vícios.
Com o evento da revolução industrial somado à invenção
da televisão e à crescente mecanização da produção agrícola
em larga escala, o mal do tédio se tornou também o criador da
categoria humana mais degenerada psíquica e fisicamente:
os telespectadores.
Perdido, confuso e totalmente privado de uma vida dinâmica
com objetivos claros e simples, o homem urbano busca, na
televisão, algum substituto para a excitação perdida, busca

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alguma emoção para preencher o vazio causado por uma vida


insípida de consumidor, torcedor e “contribuinte”.
De lá pra cá, a vida urbana, por sua própria natureza des-
provida de objetivos claros, vem confundindo e desbotando
progressivamente as funções e o papel do homem e da mulher
numa relação construtiva. Mesmo no início da Era Agrícola, os
casais tinham um objetivo claro e paupável para se casarem
e, independente desse objetivo ser louvável ou não, era por
causa dele – e dos filhos – que o casamento fazia sentido e
durava muito mais do que hoje.
Atualmente, perdidas e confusas por completo, as pessoas
se casam simplesmente porque se apaixonam e “amam” a
outra pessoa, como se a paixão e o “amor” romântico não
fossem estados de total disfunção mental.
Mesmo em um estilo de vida natural, o mundo masculino
e o mundo feminino sempre foram mundos opostos, mas
eles eram, ao mesmo tempo, complementares e funcionais.
Contemporaneamente, no entanto, a artificialidade da vida
urbana chegou a níveis tão avançados que a situação se
agravou irreversivelmente e, com isso, estamos hoje testemu-
nhando a fase do fundo do poço interacional e existencial
da sociedade urbana, uma realidade tão distante da natureza
humana que foi preciso uma quarentena forçada para que
os casais conseguissem começar a perceber o tamanho do
abismo que a vida urbana criou entre o mundo masculino e o
mundo feminino.
Depois de 15 anos de casamento com a global Taís Araújo,
numa entrevista sobre passar a quarentena trancafiado com
ela, o também global, Lázaro Ramos, revela: “Achei que a gente
fosse se separar”. Ou seja, mesmo depois de bem mais de
uma década juntos sob o mesmo teto, as pessoas mal conhe-
cem o indivíduo com quem têm compartilhado sua cama, muito
menos sabem porque estão juntos e casados. Esse é o triste
“state of affairs” do mundo ocidental no ano de 2020.
Pois bem, caro leitor, são exemplos exatamente como
os desses dois casos – da AIDS e da agricultura – que fazem
o estudo do método do Trivium ser tão importante para todos
que desejam realmente compreender este mundo em que
vivemos hoje. É fundamental que a mente seja educada
e treinada na arte de identificar contradições onde quer que
elas estejam, especialmente em questões que influenciam
diretamente a sua vida.

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CAPÍTULO 10

AS DUAS MAIORES ILUSÕES DO HOMEM BLUE PILL


– SENTIMENTOS x EMOÇÕES (Diferença) –

“AMOR” ROMÂNTICO,
AMOR REAL & AMOR CÓSMICO

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Um grande ‘insight’ da sabedoria tibetana nos ensina que


todos nós, às vezes, sentimos fagulhas de raiva, lampejos de
paixão, pontadas de ciúme... Pequenos momentos aparente-
mente irrelevantes... Mas é exatamente a partir dessas peque-
nas sementes que, pouco a pouco, nos tornamos uma pessoa
irada, um homem exaltado, ou um homem ciumento. Nós pen-
samos: “isso é o que eu sou”... Então, agimos de acordo com
essa noção equivocada e, para agravar significativamente a
situação, o homem moderno nasce, cresce e vive imerso em
um ambiente que tornou o solo extremamente adequado para
as sementes mais traiçoeiras que existem em nós.
Não é preciso mais do que apenas UMA dessas sementes
para criar uma progressão de problemas que vai transfor-
mando a vida em um tormento silencioso e angustiante, em
uma constante tortura interna que queima por dentro sem você
conseguir atinar para o fato. Isso ocorre com a maioria das
pessoas porque elas funcionam mais através das emoções
do que do bom senso, especialmente as mulheres.

A Desvantagem dos Homens

Para os incautos e os mais afoitos, quero deixar bem claro


o significado da palavra ‘paixão’. Estamos usando a pala-
vra ‘paixão’ em seu sentido amplo, abrangente; não ape-
nas no popular sentido restrito aos relacionamentos afetivos.
Aqui, o termo ‘paixão’ engloba o comportamento – ou a per-
sonalidade – do indivíduo de forma completa, ilustrando uma
abordagem de vida predominantemente exaltada, arrebatada,
apaixonada com relação a todas as coisas, não apenas à
paixão romântica que se sente por alguém, mas uma postura
exaltada também na profissão, nas finanças, na política, nas
interações sociais, nos relacionamentos familiares, fraternais,
íntimos, etc.
As mulheres estão acostumadas a uma estrutura psicológica
emocional, mas os homens não. Os homens, por natureza, são
criaturas mais racionais do que emocionais e é exatamente por
isso que, no caso particular da semente da paixão, os homens
são mais fortemente afetados e abalados do que as mulheres,
e é por isso que, quando a semente da paixão encontra solo
fértil na psique masculina, os homens metem os pés pelas mãos
e fazem trapalhadas absurdas, muito mais frequentemente do
que as mulheres, tanto em relacionamentos íntimos quanto em
todas as outras áreas da vida.
Especialmente considerando o altíssimo grau de feminismo
que infecta a mentalidade ocidental nos dias de hoje, a faceta

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dos relacionamentos íntimos é a mais perigosa para um homem


apaixonado, exaltado.
Num relacionamento típico, uma mulher que leva um fora
inesperado vai superar o baque muito mais prontamente – e
com muito mais facilidade – do que um homem na mesma
situação e, se isso já ocorre normalmente em relacionamen-
tos típicos, para um homem que possui uma personalidade
exaltada, apaixonada, o choque de levar um fora inesperado
vai ser tremendamente maior e tem o potencial de produzir
consequências devastadoras em nível psicológico, emocional,
físico e também financeiro, especialmente se houver filhos e
divórcio envolvidos na situação.
Sendo assim, é de suma importância que o homem moderno
esteja alerta para essas sementes supostamente irrelevan-
tes desde o momento em que elas brotam em sua mente.
A semente da paixão é de onde brota a árvore da ilusão.

A Maior Ilusão Romântica do Homem Blue Pill

Especialmente quando ele é romântico, a maior ilusão de


todo homem blue pill é a ideia de que, se ele se casar e tiver
filhos, vai garantir uma velhice em que, caso sofra de alguma
doença terrível no final da vida, ele vai estar rodeado de pes-
soas carinhosas e benevolentes que o amam e estarão sempre
ao seu lado, segurando a sua mão até o momento do suspiro
final, numa manhã ensolarada e tranquila de domingo, em vez
de morrer sozinho, no meio da noite, num quarto de abrigo ou
de hospital e tendo como companhia apenas um doente ter-
minal desconhecido ocupando a cama ao lado. Ao chegar à
meia idade, essa é a maior preocupação na mente do homem
blue pill.
Por favor, não me entenda errado... Se você, independente
de qualquer coisa, quer se casar e ter filhos porque essa é a
sua natureza, vá em frente; cada um faz o que quiser. Agora,
nos dias de hoje, se a única motivação por trás do seu casa-
mento é a suposta garantia da companhia amorosa de esposa
e filhos num provável final de vida na doença, sinto muito infor-
mar, mas a realidade que eu tenho observado por aí desde
jovem e também todas as estatísticas e informações dispo-
níveis indicam muito claramente que esse seu sonho vai se
transformar em decepção e pesadelo.
É por isso que eu insisto em repetir: invista toda a sua
atenção e toda a sua energia em se conhecer, se dominar
e transmutar. Se fizer isso, no final do processo, você sim-
plesmente vai estar encarando a solitude e a morte sob um

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prisma oposto, um prisma que seria totalmente inconcebível


para a sua mente da maneira que ela funcionava antes do
processo de autoconhecimento, de autodomínio e de trans-
mutação, pois você terá transcendido o paradigma anterior,
terá transcendido a cegueira e a vida submetida à frequência
vibratória do medo. Eis o grande vilão: o medo.
O medo leva à repressão da sua autenticidade e esses
dois fatores são os principais ingredientes originários das
doenças crônicas, pois atuam de forma interrelacionada, tra-
balhando em conjunto na supressão do seu sistema imuno-
lógico: devido ao medo da rejeição afetiva e social, a criança
vai progressivamente reprimindo sua autenticidade em troca
da conexão mais forte e mais profunda possível com o grupo
ao qual pertence.
Na conjuntura atual, de cada mil pessoas que nascem nesta
colônia penal, novecentas e noventa e nove crescem, vivem
e morrem em total ignorância sobre si mesmas e sobre a
realidade à sua volta. Como consequência direta disso, as
massas estão sempre sintonizadas na frequência do medo,
a mais baixa frequência vibracional do universo, a frequência
que elimina qualquer abertura do ser humano, que determina
o total fechamento e bloqueio de qualquer possibilidade de
aprendizado e evolução. Isso tudo sem falar que, do medo,
nascem todas as outras enfermidades mentais, emocionais,
espirituais e também físicas da humanidade.
O medo é a frequência vibratória oposta ao Amor divino.
O medo isola do Todo, enquanto o Amor divino deixa você
totalmente aberto a Ele. Vou explicar...

Sentimentos X Emoções

A diferença fundamental entre sentimentos e emoções é que


os sentimentos são experienciados apenas conscientemente,
enquanto as emoções podem se manifestar tanto consciente
como inconscientemente. Emoções são biológicas; os senti-
mentos não; eles são espirituais.
As emoções estão diretamente associadas às reações cor-
porais passageiras, ativadas por neurotransmissores e por
hormônios liberados pelo hipotálamo, no cérebro.
Os sentimentos estão conosco 24 horas por dia; eles são
a experiência consciente das nossas reações emocionais
e também das nossas percepções. A maioria das pessoas
passa anos – ou até mesmo a vida inteira – sem entender
a natureza de seus sentimentos: sentir vontade de ajudar
uma pessoa da qual você não gosta; sentir compaixão ou

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misericórdia; ou sentir repulsa e aversão por uma pessoa no


exato momento em que você é apresentado a ela, sem qual-
quer razão aparente... Esses são alguns exemplos simples de
sentimentos que sempre confundiram as mentes medianas
ou embrutecidas.

O ódio é o polo oposto do “amor” romântico. Aqui, a pala-


vra “amor” é escrita entre aspas, pois, na verdade, é apenas
paixão e não amor verdadeiro: enquanto está tudo bem, você
“ama” a outra pessoa, mas no instante em que ela desaponta
seriamente as suas expectativas, você já é tomado por um
ódio abrasador e, em muitos casos, muito perigoso também.
A paixão é apenas uma emoção, uma potente falácia român-
tica da biologia, que busca simplesmente a perpetuação da
espécie. O amor real é um sentimento firme e sereno, não
uma emoção.

O egoísmo é o polo oposto do amor real, o amor nobre da


empatia, da doação, do sacrifício. O amor real é o sentimento
que te faz ajudar um estranho ou até mesmo ajudar alguém
que já tentou – ou continua tentando – te prejudicar; é o amor
incondicional, o amor do “fazei o bem sem olhar a quem”.

O medo é o polo oposto ao Amor Cósmico, o Amor com


‘A’ maiúsculo, o Amor divino, o Amor que impele, impulsiona
e mantém os ciclos da criação de todos os universos, em
todas as dimensões. É exatamente para ser capaz de conhe-
cer esse tipo de amor que precisamos construir a nossa
alma e transmutar, tal qual a lagarta transmuta em borboleta.
Sem essa transmutação, é impossível retomar contato com a
natureza etérea que nos originou.

A Segunda Maior Ilusão Romântica do


Homem Blue Pill

A segunda maior ilusão de um blue pill que não consegue


conceber uma vida estando solteiro é a ilusão de que, na
velhice, o homem vai sentir falta de longas conversas e “papos-
-cabeça” com alguém com quem ele tenha intimidade afetiva.
Por exemplo, eu já ouvi – e também já li em redes sociais –
muitas declarações com uma premissa mais ou menos assim:

“Ao atingirem a velhice, a atividade sexual do casal desa-


parece e esse é o motivo pelo qual você, na juventude, deve
escolher uma companheira com a qual a maior afinidade seja
a conversa, pois o sexo vai acabar um dia...”
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Até aí, aparentemente, nenhum equívoco com esse raciocí-


nio, especialmente se quem ouve isso é um cara jovem e/ou
inexperiente. Porém, está bem claro que esse é o raciocínio
de uma pessoa ainda abaixo dos cinquenta anos de idade,
pelo menos. Vou explicar...
Especialmente no caso dos homens mais inteligentes
e/ou mais introspectivos, quanto mais maduros eles se tor-
nam, menos precisam verbalizar as coisas, menor vai ficando
a necessidade de conversa, especialmente as conversas tipi-
camente rasas, corriqueiras, sobre coisas, eventos cotidianos
ou sobre outras pessoas – e esses são os assuntos prediletos
da maioria das mulheres. Além disso, para a mente feminina, o
silêncio tem um significado negativo, de que algo está errado.
Já a mente masculina, por sua natureza mais prática e mais
objetiva, não sente a necessidade dessa constante elabora-
ção verbal sobre todo e qualquer assunto que se apresente.

Por outro lado, eu estou perfeitamente ciente que, como


toda regra tem suas exceções, acontece de, às vezes, um
homem conseguir encontrar uma mulher cujos interesses são
muito similares – ou até mesmo idênticos – aos dele, especial-
mente quando os dois se conhecem no ambiente profissional
ou na faculdade. Esses raros casais costumam se dar bem e,
frentemente, ficam juntos até que a morte os separem, mas
essas são as exceções, não a regra. A regra é que o mundo
do homem é totalmente oposto ao mundo da mulher; dois
mundos complementares, mas diametralmente opostos.
E mesmo entre esses raros casais... se as duas pessoas de
um casal desse tipo atingem a maturidade (sim, porque idade
não é sempre sinônimo de maturidade), elas passam a se
comunicar apenas com o olhar, vão trocando a comunicação
verbal por uma comunicação silenciosamente íntima; a verba-
lização já não é essencial para eles. Eles também vão ficando
mais introspectivos. Esse evento, por sua vez, nos conduz a
um assunto rarissimamente abordado pelas pessoas, seja em
suas conversas ou em suas reflexões: o silêncio.

Por que será que, quanto mais sábia e experiente a pessoa


se torna, mais silenciosa ela fica? O inverso seria verdadeiro?
Quero dizer, o silêncio pode ajudar você a se tornar mais sábio?
Essas são questões que sempre me fascinaram.Vamos abor-
dá-las no próximo capítulo.

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A IMPORTÂNCIA SUPREMA DO SILÊNCIO
ACEITAÇÃO versus AUTENTICIDADE
CAPÍTULO 11

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O silêncio é um aliado que jamais vai trai-lo e ele é parte


essencial da disciplina de todo buscador espiritual verda-
deiro. Desde muito cedo, eu sempre me intriguei com o voto
do silêncio feito por algumas tradições monásticas através
da história.
O voto de silêncio é um voto religioso professado em um
contexto monástico e também por homens santos de várias
tradições religiosas. O voto de silêncio é parte integrante de
algumas tradições cristãs e, no hinduísmo, no jainismo e no
budismo, ele é denominado: “mauna”.
Assim como na ordem religiosa dos Beneditinos, dos
Dominicanos e dos Carmelitas Descalços, Pitágoras, há mais
de dois mil anos, já impunha uma lei de silêncio rigorosa aos
seus discípulos; apenas o estritamente essencial era proferido
no ambiente de sua escola.
Não faz muito tempo, nos mosteiros de muitas ordens, havia
lugares e momentos específicos – geralmente à noite – nos
quais falar era expressamente proibido em qualquer circuns-
tância. Esses locais eram chamados de “regulares” (igreja,
capela, refeitório, dormitório, etc.) e esses horários eram deno-
minados de “grande silêncio”. Fora dessas circunstâncias,
havia as “recreações”, que permitiam alguma conversação,
mas conversas superficiais ou sem importância eram estrita-
mente proibidas.
Nas normas atuais, os membros das congregações podem
falar na medida estrita da realização de suas tarefas e obriga-
ções. Apenas a ordem dos Cistercienses não admitia nenhum
relaxamento do voto do silêncio, e os Trapistas (Cistercienses
reformados) ainda se mantêm absolutamente rigorosos quanto
a essa regra.
O voto de silêncio tem como objetivo facilitar o despertar da
consciência através de permitir o distanciamento natural entre
você e os seus pensamentos, bem como entre você e as suas
emoções. Esse distanciamento, por sua vez, se transforma
em desapego.
Estar consciente significa estar no momento presente e
experienciar cada ação com plena consciência, seja essa
ação mental ou física. Vivendo em consciência, você
está sempre no momento presente, onde quer que seja.
Estar consciente é o mesmo que desligar o piloto automá-
tico com o qual você tão frequentemente se identifica e, com
isso, retirar-se da condição mecânica e identificada na qual se
encontra a maioria das pessoas deste planeta. A sua identifi-
cação com os seus pensamentos e com as suas emoções é

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uma identificação falsa. O silêncio tem o poder de neutrali-


zar essa identificação!
Quando você não mais se identifica com os seus pensa-
mentos nem com as suas emoções, você se desapega deles;
quando você se desapega deles, você automaticamente se
desidentifica também da percepção, ações e reações das
pessoas. Quando o nível de consciência chega a esse ponto,
você superou – e quebrou – o condicionamento ao qual foi
submetido desde a infância, você se desapegou. O desapego
é um subproduto do silêncio; ele é uma consequência natu-
ral do silêncio.
Aceitação Versus Autenticidade

Eu vou pegar uma carona na visão contida no livro do Dr.


Gabor Maté, publicado nos anos noventa, “When the Body Says
No: Understanding the Stress-Disease Connection” (“Quando o
Corpo Diz Não: Compreendendo a Conexão Estresse-Doença”),
um livro baseado em sua experiência de mais de vinte anos
trabalhando como médico familiar, especialmente observando
e constatando um padrão de crescente degeneração da saúde
dos profissionais cuidadores de doentes terminais acometidos
por doenças crônicas.

“Se você não consegue dizer não quando precisa, o seu


corpo vai dizer isso por você em forma de doença.”
– Dr. Gabor Maté, MD.

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Se você domina o inglês, vai gostar muito desse livro


e também das várias palestras do Dr. Maté – sobre este tema
e também sobre assuntos a ele relacionados – disponíveis
no Youtube.
Dentro do contexto do seu livro, o Dr. Gabor Maté faz uma
afirmação sobre a qual eu já vinha matutando há anos. Ele diz
que não é mera coincidência – nem sorte ou azar – os fatores
que definem se este ou aquele indivíduo vai ficar doente ou
não. E o médico vai ainda mais longe ao declarar que nem
mesmo o potencial genético de cada pessoa é o suficiente
para explicar a causa de alguma doença crônica que venha
lhe acometer.
O Dr. Maté descobriu que há padrões identificáveis no com-
portamento e nos traços da personalidade de cada indivíduo
que fazem com que a pessoa, inconsciente, lentamente, e de
forma efetiva, crie as condições perfeitas para o surgimento
de alguma enfermidade crônica; o indivíduo literalmente con-
vida a doença a se apoderar dele.
Entretanto, o Dr. Maté atesta que isso não é, de maneira
alguma, culpa da pessoa. Ele explica que certos padrões
de atitudes e de comportamentos têm uma relação psico-
lógica direta com cada uma de todas as doenças crônicas
que existem.
Dr. Maté explica que um dos maiores erros da alopatia é
a separação do corpo e da mente, a ilusão de que não há
qualquer conexão entre a parte emocional e a parte física
das pessoas, e que suas pílulas são a resposta para todos os
quadros de enfermidades. Outro grande erro, segundo ele, é
o total desprezo da alopatia pela relação entre o indivíduo e
o ambiente físico e social onde ele vive.
Em uma de suas palestras sobre o tópico, ele dá o exemplo
do caso de uma enfermeira extraordinariamente dedicada que
morreu aos 55 anos de idade apenas, acometida de câncer
de mama. Um resumo muito superficial da abordagem dele
nesse caso específico é que “uma preocupação automática
e compulsiva em atender a necessidade dos outros em detri-
mento das suas próprias necessidades é um grande fator de
risco para doenças crônicas”.
Essa enfermeira, dentro e fora do trabalho, jamais dizia ‘não’
para quem quer que fosse, tinha medo de desapontar as pes-
soas, era incapaz de contrariar ou enfrentar alguém, sempre
tentava agradar a todo mundo; quando contrariada, ela mudava
imediatamente sua postura e sua opinião; nunca se zangava
com nada nem com ninguém, sempre aceitava passivamente
tudo que lhe diziam ou lhe faziam e se colocava sempre em

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segundo plano quando a situação envolvia outra(s) pessoa(s).


Todos sinais de repressão.
Usando como ilustração o famoso ditado “os bons morrem
cedo”, o Dr. Maté afirma que, muitas vezes, aquilo que mais
valorizamos em alguém é exatamente o que mata essa pes-
soa. Em casos como esse, a repressão da indignação e da
raiva saudável é um grande fator de risco para enfermidades
porque a repressão, assim como o medo, suprime o seu sis-
tema imunológico.
Podemos observar claramente duas maneiras predominan-
tes das pessoas lidarem com a raiva: em uma das extremida-
des, você reprime a raiva e se torna aquela pessoa boazinha
de quem todo mundo gosta, abrindo, assim, as portas para a
imunodeficiência e para o câncer; na outra extremidade, você é
totalmente dominado pela raiva e a expressa de forma exces-
sivamente agressiva e completamente descontrolada, abrindo,
assim, as portas para doenças cardíacas e derrames. É muito
raro alguém que saiba processar a raiva de forma consciente,
a partir de uma distância, sem ser controlado por ela.
O Dr. Maté explica que, em uma extraordinária rede elétrica
no cérebro, o sistema nervoso conecta os centros emocionais
ao sistema imunológico e também ao sistema hormonal, pois
isso facilita significativamente a função dos centros emocio-
nais, que é uma função simples e crucial: mantê-lo vivo.
Física e emocionalmente falando, a maior necessidade do
recém-nascido é uma conexão emocional forte com os adul-
tos, pois ele é totalmente dependente deles; ele precisa que
seus pais se apeguem a ele e, nesse processo, ele se apega
aos seus pais. Eis a raiz originária de todas as nossas depen-
dências e apegos posteriores.
Entretanto, sem essa conexão primal, o bebê não conse-
gue sobreviver, especialmente porque os bebês humanos,
comparados aos de outros mamíferos, são os bebês que mais
totalmente dependem dos pais pelo período mais longo de
tempo. O nosso cérebro é naturalmente projetado para fazer
e manter essa conexão, uma conexão que é inteiramente cal-
cada em dependência e apego: os dois maiores empecilhos
à realização plena do ser humano.
Essa fase do desenvolvimento humano deveria ser tem-
porária e desaparecer com o amadurecimento do indivíduo,
entretanto, como nem todas as pessoas valorizam e apreciam
a independência e o desapego, os povos indígenas criaram os
‘Rituais de Passagem’ e ‘Iniciação’ à vida adulta, uma tradição
importantíssima que se encontra extinta no mundo civilizado,
no mundo urbano.

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O processo se desenvolve no que o sistema nervoso informa


aos centros emocionais no cérebro do recém-nascido quando
as necessidades dele de conexão não estão sendo satisfei-
tas, então o bebê chora e o sistema hormonal dele o estressa,
ou seja, tudo que ocorre em uma parte dessa rede reflete em
todas as outras partes desse suprassistema.
Durante as 24 horas do dia, através de mensageiros quí-
micos, é mantida uma comunicação neurológica ininterrupta
entre todos esses sistemas que possuímos: as células epite-
liais dos seus orgãos conversam constantemente com o seu
cérebro; as células do seu sistema de imunidade conversam
constantemente com seu cérebro; o seu coração é um cen-
tro de intuição extrassensorial que conversa constantemente
com o seu cérebro, e o mais surpreendente de tudo: o seu
intestino (outro centro de intuição extrassensorial) conversa
constantemente com o seu cérebro.
A expressão inglesa “gut feeling” pode ser interpretada como
‘intuição’. A tradução literal significa: “sensação nas entra-
nhas”. Nas últimas duas décadas, o intestino tem sido consi-
derado por muitos pesquisadores como sendo literalmente o
nosso segundo cérebro.
Pesquisas anteriores já revelavam que as bactérias do intes-
tino causam alterações no nosso humor e em nossas emo-
ções, além de influenciarem nos nossos níveis de ansiedade
e de depressão, destacando a conexão com uma série de
transtornos psiquiátricos. Por exemplo: quantas vezes você
já deixou de dar ouvidos a algum instinto seu e, mais tarde,
arrependeu-se de não tê-lo obedecido? Isso é uma evidência
direta da superioridade da comunicação entre o intestino e o
cérebro sobre a faculdade exclusivamente intelectual no que
tange à área da autodefesa e da autopreservação do indivíduo.
Na verdade, o intestino envia muito mais mensagens ao
cérebro do que vice-versa. Quando recebe uma mensagem do
cérebro, o intestino lê e magnifica essa mensagem e, então,
a envia ampliada de volta ao cérebro, ou seja, com apenas
um pulso, um “gut feeling” mostra o quadro inteiro da situação
enquanto os seus pensamentos, de forma errática como na
montagem de um quebra-cabeças, mostram apenas pequenos
fragmentos isolados desse quadro. Mas, nesses momentos,
o nosso condicionamento nos faz desprezar nossos “gut fee-
lings” em favor do nosso intelecto; você confia muito mais no
seu intelecto do que nos seus instintos.
Você nasceu com os instintos (“gut feelings”) intactos e
totalmente conectados com o seu cérebro, mas em algum

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momento, a fim de sobreviver e de ser aceito, você começou a


reprimir os seus instintos, começou a se aleijar psiquicamente,
a fim de se enquadrar.
O Dr. Gabor Maté revela que todo bebê possui uma neces-
sidade básica vital e, quanto mais inexperiente e/ou imatura é
a pessoa, mais ela demora para se tornar independente dessa
necessidade básica infantil. Essa necessidade primária é o
apego, ou seja, uma conexão com outro ser humano com a
finalidade exclusiva de ser cuidado, nutrido e suprido por ele.
Essa é uma necessidade primordial e absoluta de um recém-
-nascido, sem a qual ele não consegue sobreviver.
Por outro lado, todo ser humano, desde a infância, pos-
sui uma segunda necessidade básica essencial para que
possa florescer, crescer, amadurecer e alcançar sua plenitude:
autenticidade. Nós todos precisamos de meios autênticos –
e harmônicos – para nos expressarmos de maneira produtiva
e saudável em nossas interações, sempre honrando quem
realmente somos. Sendo assim, temos duas necessidades
básicas que, em um curto período de tempo, apresentam um
potencial de conflito que pode destruir a saúde física e mental
do indivíduo.
Como crianças indefesas e dependentes, a fim de conquistar
o apego dos outros, sacrificamos a nossa autenticidade, pois
nove entre dez casais não conseguem lidar com a autenticidade
de filhos de dois, três, quatro anos de idade; especialmente,
não conseguem lidar com a autenticidade da indignação e
dos momentos de raiva dessas crianças. Por sua vez, os
casais também são mal resolvidos e imaturos, ainda sofrendo
do mesmo problema de carência do qual sofrem seus filhos
pequenos, só que os pais estão em grande desvantagem com
o tremendo agravante do estresse constante de um cotidiano
cheio de responsabilidades financeiras, profissionais, sociais e
domésticas, agravante do qual as crianças ainda não sofrem.
Para a criança indefesa, parece impossível mudar a atitude
dos seus pais, então, instintivamente, ela começa a supri-
mir sua autenticidade a fim de não perder o apego deles. O
resultado direto disso é que muito do comportamento das
pessoas ditas “adultas” ainda é baseado na carência e na
necessidade infantil de apego ao custo de sua autenticidade,
o que, além de gerar sérios distúrbios psicológicos, pode ser
fisicamente fatal. A maior evidência dessa conclusão é o pro-
gressivo crescimento epidêmico de doenças crônicas em todo
o mundo.

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Está aí um tema para provocar uma importante reflexão no


leitor a respeito da importância da relação entre independên-
cia e plenitude, entre independência e saúde, entre indepen-
dência e paz de espírito; uma reflexão para que o leitor possa
avaliar onde se encontra em sua jornada evolutiva como ser
humano e cogitar as mudanças que julga serem necessárias
em sua vida.

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COMECE A PARTIR DE ONDE VOCÊ ESTÁ!
CAPÍTULO 12

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A maioria das pessoas não está sequer consciente de seu


corpo e de como a biologia exerce influência direta sobre
os processos mentais e emocionais delas. Esse é um dos
principais motivos pelos quais a prática da meditação é tão
importante.
Um dos produtos mais perigosos dessa influência biológica
na sua psique é o desejo sexual. Ele é o pai de todos os outros
desejos materiais e também é a origem de vários desejos não
materiais que dominam a pessoa que não está consciente de
seu corpo, da sua mente nem de suas emoções.
Quando você, dia após dia, apenas observa pacientemente
e sem se identificar, você consegue compreender a natureza
dos seus desejos. Quando você consegue compreender a
natureza deles, você também enxerga que tentar ignorar os
desejos ou tentar suprimi-los de alguma forma não é a maneira
inteligente de proceder.
Da mesma maneira que ocorre com os pequenos hábitos e
padrões indesejáveis, o simples fato de se tornar consciente de
um desejo pode libertá-lo da escravidão que ele representa e
colocá-lo de volta ao comando da situação, ao banco do moto-
rista que, até então, vinha sendo ocupado por aquele desejo.
Ao se tornar consciente, você retoma o controle, ou então,
o desejo cai por terra como uma folha morta cai do galho de
uma árvore no inverno.

As escrituras sagradas e tradições esotéricas sempre ensi-


naram que o desejo é a origem de todo sofrimento. Foi exa-
tamente isso que Adão e Eva descobriram ao comer o “fruto”
proibido da “Árvore do Conhecimento”: o orgasmo.
A tradução literal da expressão “Árvore do Conhecimento”
é ‘Árvore do Sexo’. Repare bem nos dois famosos exemplos
em Gênesis 4:1a e 4:17, respectivamente, o verbo “conhecer”
significa ‘ter relação sexual’:

“E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e


deu à luz a Caim (...)”

“E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu e


deu à luz a Enoque (...)”

Em todas as tradições religiosas e escolas esotéricas, espe-
cialmente no Tantra Branco, é ensinado que, quando as semen-
tes do homem saem do seu corpo, uma porção da vitalidade
dele também sai com elas e é perdida. Sendo assim, eles
desenvolveram técnicas em que a ejaculação não era neces-
sária sequer para gerar filhos. As atividades sexuais ocorriam
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normalmente, mas o sêmem ficava sempre retido no corpo


do homem, com a função de alimentar a chama do estado
de consciência, do estado de alerta, auxiliando e acelerando
cada vez mais o processo de desapego e de refinamento de
sua alma. Ao homem, essa “chama” proporciona um estado
de consciência incomum e também proporciona um nível de
vitalidade muito superior à média.

Os orgãos sexuais e as extremidades do corpo da mulher


e do homem possuem cargas elétricas opostas que, literal-
mente, produzem energia elétrica quando em contato: língua
com língua, língua com mamilos, dedos nos mamilos, nariz
com nariz, pênis com vagina, mamilos com mamilos, dedos
entrelaçados, etc.
Um dínamo é um aparelho que, por meio de indução ele-
tromagnética, gera eletricidade convertendo energia mecânica
em energia elétrica. Se um homem e uma mulher, usando a
língua, permanecem abraçados e se beijando durante a pene-
tração, eles criam um ‘biodínamo’, que vai produzindo e arma-
zenando energia elétrica em seus corpos e, se o homem não
ejacula, ele não perde essa energia. Utilizando a respiração
Ujjayi e o desfoque da visão periférica, o homem consegue
ficar nesse abraço não ejaculatório por várias horas e ele sai
dali com muito mais energia do que tinha quando chegou.
Entretanto, seja sozinho ou acompanhado, o que os homens
modernos mais fazem é desperdiçar essa energia, por isso
não conhecem esse estado intenso de alerta e de vitalidade.

“O desejo derrubou todos os deuses e é o desejo que con-


duz todas as criaturas ao inferno.”
– Hinduísmo, Skanda Purana, 1.1.21

Desejo é ânsia e ansiedade é sofrimento. Entretanto, o


desejo por prazer físico se tornou uma obsessão, uma religião
que serviu apenas para degenerar a humanidade e diminuir
a conexão entre os seres humanos e seu espírito e, conse-
quentemente, diminuir a conexão entre os seres humanos e
o Todo.
O conhecimento oculto na parábola de Adão e Eva é recon-
tado em várias outras obras mitológicas, religiosas e também
históricas por todo o mundo, situações em que homens bem-
-educados ou poderosos permitem que seu desejo carnal os
levem à ruína total: Lancelot e Guinevere, Sansão e Dalila, o
imortal Pandu (do clássico ‘Mahabarata’), Páris e Helena de
Troia, Marco Antônio e Cleópatra, etc.

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A chama que comanda o ato sexual é uma poderosa “ser-


pente” que tem o potencial de criar ou de destruir. Quando é
controlada por você, a serpente cria; quando o controla, ela
destrói. A serpente não é má nem boa; ela é apenas uma
força poderosa. Cabe ao indivíduo decidir se vai controlar
essa força ou ser controlado por ela. Somente aqueles que
não são controlados pela serpente serão capazes de trans-
cender à condição de ‘animais racionais’ e transmutarem
em ‘seres humanos conscientes’; somente aqueles que não
são controlados pelo desejo serão capazes de conquistar
uma alma.
Note que, nas pinturas mitológicas e religiosas, a serpente é
representada sempre estando sob o controle de um ser espiri-
tualmente realizado, ou então é representada protegendo esse
ser. Quando você é o senhor, em vez de escravo da serpente,
ela passa a assisti-lo e a protegê-lo.

Com tudo isso, repito a recomendação de começar as suas


observações meditativas com o seu corpo, pois é aí que você
está. Depois, inclua as suas emoções e, finalmente, a sua
mente. Não passe o carro na frente dos bois, pois isso só vai
gerar mais ansiedade.
Lembre-se sempre: a pressa é a maior inimiga de todo bus-
cador verdadeiro; o silêncio, seu maior aliado.

191
POSTURA EMOCIONAL: BOM HUMOR É VITAL
CAPÍTULO 13

(“Honk Pill”)

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Espalhados por todo o globo, os indivíduos centenários que


foram entrevistados em um estudo sobre os possíveis fato-
res relacionados à longevidade apresentavam estilos de vida
muito variados; alguns, inclusive, fumavam e/ou bebiam com
frequência, mas algumas coisas eles tinham em comum: rara-
mente viajavam e também eram portadores de uma postural
emocional consistentemente bem-humorada, independente
da seriedade do problema que estivessem enfrentando em
qualquer momento da vida.

Red Pill & Black Pill

O mundo é predominantemente populado por seres que


vivem entorpecidos em uma enorme ilusão coletiva. Vou expli-
car melhor a alegoria que ilustra essa ideia.
Metaforicamente, dizemos que, ainda na infância, uma subs-
tância entorpecente é ingerida pelas pessoas através de uma
pílula azul (blue pill), ou seja, o efeito da substância contida
na blue pill é o completo entorpecimento dos sentidos, da
razão e a consequente criação de uma ilusão massiva que a
pessoa considera ser a vida real.

“Tomar a red pill” (pílula vermelha) significa que o homem


mediano (“blue pill”) finalmente acordou e abriu os olhos para
a realidade sem ilusões, filtros ideológicos ou pré-concepções,
tal qual ocorre com o personagem Neo no filme ‘Matrix’.
O consumo da red pill pode ocorrer de forma consciente –
devido ao amadurecimento gradual do indivíduo – ou, então,
pode ocorrer como consequência de alguma experiência cho-
cante ou traumatizante.
Aquele que não foge da red pill e segue desvendando os
caminhos de seus labirintos pode vir a descobrir e tomar a
black pill (pílula negra).

“Tomar a black pill” é ir um passo além da red pill, só que, na


maioria das vezes, esse passo é inexperado e pode traumatizar
as mentes mais frágeis. O efeito da black pill é a percepção
nítida, é a compreensão de que estamos apenas no começo
das tribulações que nos esperam e que a situação ainda vai
piorar muito antes de dar qualquer sinal de possível melhora.
É exatamente aí que muitas pessoas entram em pânico e/ou
depressão, e muitas caem até mesmo no niilismo por conta
disso, chegando a considerar o suicídio como saída.

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O bom humor é a fonte da longevidade e também é a


melhor proteção para a sua sanidade durante os momentos
de insights ‘black pill’ mais pesados ou de uma possível fase
‘black pill’ mais acentuada e deprimente. Além de vital, o bom
humor – ou ‘senso de humor’ (do inglês, “sense of humor”) –
atua como se fosse um tipo de “analgésico”.

Quanto mais se compreende a natureza da nossa experiên-


cia no mundo da matéria, maiores são as chances do iniciante
ficar deprimido com suas descobertas caso ele não seja por-
tador de uma postura emocional regida pelo bom humor.
Pela própria natureza de seu condicionamento, a mente
humana desenvolve uma tendência à seriedade excessiva e ao
pânico e, numa empreitada de aprendizagem e evolução em
uma esfera cuja mola-mestra geradora de consciência indivi-
dual é o sofrimento, nada pior do que excesso de seriedade
ou pânico.

A vida neste planeta é uma experiência físico-espiritual e


isso nada mais é do que o desdobrar de uma espécie de “con-
trato” entre o componente físico e o componente espiritual que
constituem o seu ser. Esses dois componentes têm exatamente
a mesma importância em todo o processo, mas a influência
positivista na mentalidade moderna tende a gerar reações
contraproducentes nas pessoas: alguns indivíduos simples-
mente ignoram por completo o seu componente espiritual,
enquanto outras pessoas julgam o seu componente espiritual
como sendo superior ao físico, chegando a negligenciar – ou
até mesmo a prejudicar deliberadamente – este último. Ambas
as posturas são causadoras de um profundo desequilíbrio.
Jamais se esqueça de que, nesse tipo de empreitada, o seu
componente físico tem tanta importância quanto o seu com-
ponente espiritual, nem mais nem menos; nenhum é superior
nem inferior.
Essa espécie de “contrato” acontece porque a sua parte
física não consegue atuar na dimensão espiritual e a sua parte
espiritual não consegue atuar na dimensão física, mas apesar
de estarem em dimensões diferentes, através de uma interface
que é, ao mesmo tempo, física e espiritual, essas duas partes
distintas funcionam em conjunto nessa unidade de carbono
movida a impulsos elétricos que você vê toda vez que se olha
no espelho. Essa interface é da mesma natureza criadora do
Todo, da natureza criadora de Deus... Essa interface é a sua
mente.

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A mente humana é o “Sopro Divino” que valida esse contrato


e desencadeia todo o processo de aprendizado, conscienti-
zação e evolução com a experiência na dimensão material, a
única dimensão onde a evolução individual e a transmutação
encontram substrato propício para ocorrerem de maneira efe-
tiva, consolidada. Essa interface é de suprema importância e
deve ser muito bem compreendida e cultivada.

A parte desse contrato que é cumprida pelo seu componente


físico consiste de uma experiência terrena (física), temporal
(mortalidade) e unidimensional (apenas uma vertente da cria-
ção); a parte do contrato que é cumprida pelo seu componente
espiritual é uma experiência etérea (não física), atemporal
(imortalidade) e também multidimensional (infinitas vertentes
da criação). É por isso que eles necessitam de uma interface
“neutra” para que possam interagir e trabalhar unissonante-
mente. Sendo assim, a sua espiritualidade não é algo que está
fora de você, lá longe em algum lugar no infinito etéreo. Ela
está em você tanto quanto a sua parte física está.
A mente humana é mais poderosa do que qualquer com-
putador que existe no mundo e, pelo fato de ela ser uma inter-
face tão sofisticada, os seres humanos ainda não aprenderam
a lidar com ela, muito menos reconhecem a sua importância,
o seu poder, e é por isso que são dominados e controlados.
O pior é que, antes mesmo que o indivíduo a reconheça
e possa reclamar para si a sua própria mente, ela é seques-
trada por terceiros durante os mais de vinte anos (pra quem
também cursa o ensino “superior”) que se passa dentro das
instituições de ensino e também durante todo o tempo em
que se sacrifica a sua autenticidade em prol de aceitação
social e afetiva. Aí reside o motivo pelo qual as pessoas
se identificam com sua mente, se apegam a ela. Quanto
maior esse apego, menos bom humor a pessoa apresenta.
Esse condicionamento tem sido realizado por décadas e, por
isso, está tão enraizado e tão camuflado, tornando, assim,
ainda maior a importância da meditação no seu dia a dia.

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O desapego proporciona bom humor e o bom humor ajuda


a conquistar mais desapego, um círculo virtuoso no processo
de desenvolvimento da consciência individual.

O conteúdo deste livro serve para ajudá-lo a detectar, com-


preender e se libertar desses condicionamentos sociais, bio-
lógicos, mentais e emocionais que criam tanta confusão na
sua cabeça, na sua vida e o impedem de evoluir e de ter uma
existência plena, com liberdade, paz e saúde.
Mantenha esta obra na cabeceira da sua cama para con-
sultá-la sempre que precisar, e dê um exemplar de presente
para as pessoas que você gosta e que estão precisando de
uma ajuda.

O desapego e a independência não são para qualquer um.


Isso é coisa para uma elite de indivíduos que só aceitam viver
de forma totalmente honesta consigo mesmos e de acordo com
a verdade suprema universal. É por isso que dediquei este
livro a todos os homens que realmente querem se desenvol-
ver pessoalmente e querem, de verdade, ser independentes
emocionalmente; a todos os homens que possuem alcance de
visão, perspicácia e também coragem suficiente para ques-
tionar esse gigantesco teatro de marionetes armado à sua
volta, questionar tudo que tinham considerado como garantido,
questionar todos os seus heróis, todos os seus ídolos, todos
os seus dogmas, questionar suas pré-concepções e também
todas as suas certezas pretéritas.

-o-

Para se aprofundar nesses temas junto ao meu grupo de


estudos, filie-se ao Clube do Homem Independente:

https://clubedohomemindependente.com.br

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