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PRIMEIRA PÁGINA
A crise de confiança
APREN DI U MA COI SA lendo
a reportagem de capa desta
edição: o cachorro é uma das
únicas espécies que nos olham
nos olhos. Foi a evolução que
ensinou esse truque a eles.
Afinal, o Canis familiaris
especializou-se em agradar
humanos para ganhar seu
sustento. Cães são primos dos
lobos que se diferenciaram
porque aprenderam a ganhar
nossa confiança. E, ao longo
dos milênios, eles entenderam
que o caminho para a confian-
ça humana é olhar fundo nos
olhos de uma pessoa.
Boa sacada dos nossos
amigos caninos. Afinal,
confiança é a coisa mais
valiosa que existe. Duvida?
Então imagine que você quer
comprar um carro usado e tem
duas opções de vendedor: um
no qual você confia cegamente
e outro que é um canalha
notório. Quanto a mais você
toparia pagar pelo carro do
dono em quem você confia?
Esse é um exemplo banal.
Foto Dulla
-+ DA MESA DO EDITOR
ED ITOR A. Abril
\'!CTOlt Cl \'rJA ROBERTO avrrA
J!9C7-!990, (IU6-2f.113)
Conse!ho Editorial: Vktor Civila Neto (Presidente),
Thomaz Souto Corrta (Vlce-Pmidentc),
ａ ｬ ･ｾＺｲｬ［｝
ｾｬ､･ ｮｴ ｩ･＠ do Grupo Abril : Walicr Longo
ﾷ ｯｾ［ Ｐ ａ､Ｇｵ￢ｺｾｲ｡ Ｌ＠
O valor da confiança se DiMtorde Operac6ei: Fábio Pl'lrOS!il Ga l lo
manifesta de formas muito Dlr• torc;.ral d• Publ lcldMk:: Rogério Gabriel Comprido
Dlr•torcff Pl.ln-Jam1nto, Control• • ｏｰＮＱｾ Ｚ＠ Edilson Soares
mais profundas. O próprio
dinheiro no seu bolso só vale ｄ ｩｲ･ ｴｾＬＺ［ﾰＡ￩Ｇ｡Ｑ､ｳ ａ ｳＧＡｾ ｩｾＺＯｬＧ ｲ｡＠
Dl11tord• V1ndlls SMraAud!tnda: Oi ma s ｾｩ｣ｴｬ ｯ＠
alguma coisa porque você
confia - você acredita no Olrltor.11 Editorial Abril: A ltnandra Zapparoli
Banco Central que o emitiu,
e que as outras pessoas vão
acreditar também quando che- Dlrl tor Editorial - EstAo de Vida: Strgio G.,,'fmn:m
gar sua hora de passar a nota ｄｗＭｾ＠ ｾ｡￧ｬｯ Ｚ＠ ｏｲ｡ ｬｾ＠ ｾｬｵｲｧｴ｡ｮ＠ Diretor ､･ｾ Ｚ＠ Fabricio .\lir;anda
para a frente. Se essa confiança lt•dtilor-chef•: Akundrc
Karin 11\X'd. Tilj!CI jokon. O.sigMl'll : Brun;a
｜ Ｇ｣ｬｩｾｈ＠ Editurn : lkuao Gau!torâ, Can>I Cawro.
L0N. ｾｴｬ＠ Prno.1. lna r.11 f'icpk ｌｬ ｾｮｲＮ＠
sumir, aquela nota de R$ 100 ｾ ｬｴ･ｰ￳ｮＡｲ ＺｾｇｬＧｲｭｩＱ＾Ｎｐｃｴｯｮ￴ ｲｩｾ ＺｬＮＦＱｾ＠
Vide<>: Tbai1 Zlmnw:r M1rtiM Eoug!iri<K' Ana ｃ Ｑ ｲｯｾｮ＠ LN:wianli. Jltlll IYA .....
vira só um pedaço de papel. l..cooartlo Ram'"' Sanlol. Sophia Fmwdcc "odulor Graiu>: Andmen C.S. ｾ＠ Fõlria
ｃ｣ｬＱ｢ｯ ｲ ｾｯ Ｚ＠ Aklr.1n d1t Cunlb• (1t•·i1io) lilrl AdtodalO (a <tc) Atend iml'flto
Em grande medida, a ;oo lteitnr. Sa••r.i lhdk h Pool Admin i'I U.Mivo: Clisl.iat Prrl'irJ (rnordrr1.a.,kxa)
GK9M• d• ｎｾ ｬｯｳ＠
enorme crise da nossa Diçit1i1: Mui:anlll" Nts•ib1la G-MH da Procluto: F'm10
MGrtooc R.U• GomtidtApiar Anafai.o.d..l'rodulo: Eb.;.,,Cri$1.iaaclolSanl°"'
civilização, que é especialmen- t l tooa11 Brt hlrOO o..;,g,..ro;: ｄｾｮｩｫ＾＠
ａｮｩｬ｡￧ｯ
ｂｮｾＮ＠ ju li:ana ｾｬｯｴｩｲ｡Ｎ＠ Simo111: Yalflôl.mOIO
Ｚｆｴｬ ｩｰｲｬＧ｢ｯ＼ ｄｴｾ･＼ｮｲＮ ａｩｷｬｭ｡Ｎｒ･ｮ ｬｏ ｬＧｷｩＮｃ｡ｨｆ､ｄ｣ｮ［＠
te séria no Brasil, é uma crise V R!DiO.EUnlollo.p:s FnCTO. Eho.i PrHt ｅｾｩｍｭ Ｚ＠ D41it:l llo t Viaic:i.sAnuda
de confiança. O país ficou www.1uper1ntorHut1t1.<0m.bf
mais pobre nos últimos anos,
VENDAS DE l"lJIUODADE A1d1ca ｖ｣ｩＮｾＱ＠ llll l. Ala Sk wci11 t l1\trn1do1i l t
em parte, porque deixamos 11 ..,iOHI). An.:i Pnl1 .\tott..i (l l od1. Ottoia(àci tÜlrKl rll(àol. C.+Jiano Ptrt1H
1Fi1U1nttirl),Daniftr.Stnlhn/f ttnologia.Tdrnoa. l:dur:içã•a!W11í<k).Stl..aSoul•
de acreditar nele. E deixamos 1llrH dt(on111sw> •. Wlllia,. lllRapi.n {Tr:lnipo<lt, ｾｬｯｨｩｋ｢､ Ｎ＠ ÚllrtlMll.,tnl11
t T•litllHI) Allll L BltANDED COMUNT Edwa"I Pimu!a VENDA5 PAll:A
de acreditar porque perdemos AUDllN CIA Adaillo. G••Hdol> (PnKH•DS). Char A! .. rida {Clrr•lôl(.lio Eu,.tl
a confiança uns nos outros. Fc111Jai1u1. D11itl1 V1d1 (SAC}. faro FITi lH !C lrru liÇ&o ' 't\llblilo dt Vicia).
L.rl S ill'I (\'cndu ｾｨｲｴＮ｣ ｩ ＠ DirttOI . Marco fu lio AralH: (Ejlúdla de ｃｲｨ￧ｾＩＮ＠
A premissa é que não dá para ｾｬ｡Ａｊ＠ Vntal{Vrod;oçCarporair.-a.1 1.
f1Jm1h$ ｾｬｴＩ＠ ｍａｒｬＺｮ ｬ ｎｇｍ ｮｲｩ､
ｒ｢ｯｩｲｺＰｃｾＱｵｅｬＮＨｴﾷ
｡ ｐＧｩｬｮｦｯＨｾ｡ｫｍｴＮｲ､
ｮ ＢｳＱＮ＠ W>koa
ＩＮｃ｡ｲｯＡｦＱ＠
ｊｾｮｯ ｲ＠
confiar em ninguém - e acaba- Bu t dl i (Ftmi1iu1). Ci1t•i1 Obrtch l (EltilD de Vida). D1t&@ l.hctdo {Abcil Bif!
0111). Ktil;i.Aitiptdc·(Vtj.11. Ltuokt M0tti111 (Üilm•) DIG ITAL E MOllU Sud111
mos entregando poder em ｃ｡ ｲ ｾ｡ｬｨｯ＠ DEDOC E Allltl l PltBS \'al lr< Sabino Pl.ANEJAlllUiTO COMT!IOU f'
OPEl.l.ÇÔES AdriaH Fik·!lla, Adrh n Kun . Eml ltM Pittt, Rrna l1 Aaluatil
mãos indignas de confiança. ll:ECUllS05 HUMANOS AltH1nd1a dtClfüo (Odu1'Clh·iml'l11G Orpniiatia.i\),
An liiohl Ｈｓｴｭｾｈ＠ dt Rll ). Mhclo Namacnlo ｪｒｴｭｾｮｲ＠ r ｾｮｴ ｬｩ ｣ｩ｡ｴｬ＠
Fico imaginando o quanto
essa crise generalizada se deve ｬｴｾ ｩｗ Ｎ ､ｵｎｩｬＨｫｳｕＮ｡ Ｎ ＷＲＡＬｲｯＢＱＮ､｡ｐｩｮｨ｣ｳｓｫ＠
ao fato de vivermos numa Pad-. SP. CEP0542i-902, ltl.(1 1) 10u.200ll. Publil:Kaif Uo , ...lo .. infarna;M
Ｍｾｴ｡ｮｕ＼､ｬＡｰｵ｢ｫｩｲＮｯｂＱｅ［ ＬＮ ﾷ ＬＮＱｩｾ ｡｢ｲｩｬ ＮＬ｢ｲ＠
sociedade na qual
ficou raro nos SUPEIUHTEltBSANTE cdiç>D n' 3"' (ISSN ｏｊＰＮＱＸＹｾ＠ lflll 30. a' lO.t1m.ipul*'G'.IÇM
illF.dilOr!IAbril 19IOG+I ｾｓＮａ＠ Ｂ ｍ ＭｲｬｮｭＧｾｌｴＱｨＢ｜ｦＮＡｰ｡＠
olharmos nos olhos. Eclic;õn ilrlllriorn: \'md1 adtiin on baMlll. pelei prt'Q'.I dl Ultil!lól. cdklo cm b111a..
ｓｴｫｩｬｲｍｦｾ Ｎ ｾｴｭｬ､ｄｏｰ｡￭［ｲｩｍｳＮａ＾ｨＱＢｌＪｮｎ￴ｯ＠
De trás dos nossos ｐｵ｢ｬｾｓＮｊｯｷ Ｎ ﾧｕＢｬｈｔｦｓａｅＮＧｩｯ ｡､ｩｮ￭ｬｲｾ ｲ ｲ､￴＾｡Ｎｬ＠
vidros fumê, de
nossas redes sociais, ］Ｚﾰ ］ ｾ［ＵＲ］ＱＡＮＳｩＺ＠
de nossas estratégias Dllm.11il IOQ!id1dn: <lll0!H75..ZB28 WWW.HJiinNbl'il.com.t>r
Paraaninar.Grlnll• Slo,aulo: ( llJ llU-2121
de marketing, ficou lMP1tE5SAMAGAÁ RCA.l.lltlL
A•. Ükrlóln(lil.h;l'SdrU-.4400, ｬＧｦｴｰｾ＠ ｾￓＮ＠ CEI' Cl2909-900, Sãii P.aole, SP
difícil encontrar o
olhar do outro. E, 11/C. rtPP SIP
como bem sabem os
cachorros, sem isso, ,,.Abril MIDIA U ..
nada acontece. Prtsldtni. AbrilPar. Gianairlo ｃ ｩ ｜ｾｴ｡＠
ｐｾｮｵ､ｯ ｇｲｵｰｯａ｢ｒＺＬｬｦＮｩ ｬ ｴ｣ｲｬＮｯｮｧ＠
ｄｩｲＱｴｯｃｰｶ､ｍ｡ＮｬｮｧＺｾａ ｦｯｮＵＰ＠
ｄ Ａ ｲ･ｴｯＮ､ａｵｩｾ Ｚ＠ Thomaz RobcmScott
ｄｬｲｴｯｓｵｰ･ｩｮｾＱ＠ da Gr!flr.a: Eduardo Cosia
Dil'ltl)r;ll Corporatiu.a dt RIWln<M Huma.-:daudia Ribeiro
Dfttota cl1I Rllac;6u (.orporativu: Mrire Fidclis
Denis Russo Burgierman oretora Ji.ri:ia: MarianaMacia
PNskllntt Exlartivo da DGB: Claudi(J Prado
DIR ETOR DE REDAÇÃO
DENIS. BU RG IE RMANOABRI l .C OJr.I. BR www.abril.com.br
CARDÁPIO I -+ AGOSTO OE 2 016

28 A nova arma do Google

O sistema de inteligência artificial capaz
de assumir o controle da sua vida .

3l Capa

CACHORRADA
Amizade ancestral: co mo os cães
do m esticaram os homens e viraram
os nossos melhores amigos.

U Nosso dinheiro é deles

Como os deputados e senadores gastam
o di nhei ro que, até então, era nosso.

56 Tro.:a-troca de drogas
Enquanto o SUS não dá o medicamen·
to, tem um clube pronto para doar os
reméd ios para você .

&2 A revolta em flashes

Da praça da Paz Celestial a Ba ton Rouge:
fotos icônicas de resistência ao poder.

NO DIVÃ
NÜMERO
ESSENCIAL Hospital
argentino
INCRÍVEL ORÁCULO MUNDO SUPER
10 UMA IMAGEM ••• faz ｴ ･ｲ｡ ｰｩ｡ ｾ＠
66 DE CORPO E MENTE 72 FLORA EM FESTA
Raios na ilha de Kiribati, astral. ｾ＠ Havia provas artlsticas Segundo cérebro é o queri·
no Havaí, vistos da Estação nos Jogos Olímpicos? dinho dos consu ltórios.
Espacial Internacional

6J JOGO DURO
IJ CRIMINALIDADE
O mundo está cada vez
Nas Olimpíadas antigas,
REALIDADE

ｾ＠
mais perigoso - e isso é caro. ALTERNATIVA
74 QUESTÃO OE GOSTO
22 TESTE SUPER Q uando uma bomba explo-
Hambúrguer de micro- de no lugar errado, o que
-onda s: range em 90 acontece com São Paulo?
segundos.
12 •.• MIL PALAVRAS
"Se economia fosse
esporte olímpico,
estaríamos fora
dos Jogos."
24 •ABY TESLA
O carrin ho de bebê
que anda sozinho e
funcio na o nline.
So
MIL PEÇAS
DE L EGO
68 CÉRURO 80M8ADO
Atletas reagem ma is rápido
a est ímulos visuais.

15 DES .. EDIOA São neces-

sárias para 6J •Ã PUM
16 ENQUANTO ISSO
68
SUPERNDVAS 17 vocl PAGA IESTIE
POLfTICO l'AllA
reproduzir
o esq ueleto 69
CICNCIA MALUCA
LISTA
ÚLTIMA PÁGINA
14 FACETRUQUE de um ti - 71 OS OLHOS DA CARA
O governo dos Estados 26 PÉROLAS DO STREAMING ranossauro 70 CONEXÕES O custo real de
Unidos vai te stalkear. 21 vod DECIDE r ex. P. 54 71 MANUAL imprimir dinheiro.

Capa
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' • ,Ot ..
0Bot1cár10
Acredite na beleza

E é basicamente isso que o Brasil está
fazendo, só que em outra modalidade,
bem mais relevante que qualquer es-
porte. Somos o Eric Mussambani da
economia mundial. Ou quase isso.
Das 183 nações que a agência de no-
tícias Trading Economics monitora, a
nossa está em 173• lugar no ranking
de crescimento econômico. Desses 183
países, só 26 estão em recessão. E entre
os 26 cujos PIBs encolhem, o Brasil
consegue ser o 19• pior colocado. Es-
tamos nadando cachorrinho.
A variação anual do nosso PIB está
em -5,4 %, o que nos deixa encaixotados
entre o Sudão do Sul (-5a%) e a Líbia
(-6%), dois países em guerra civil. Serra
Leoa, Yemen, Omã e a Guiné Equatorial
do glorioso Moussambani completam
essa rabeira da economia mundial, junto
com a Venezuela, que vive um colapso
econômico até mais violento que o de
um país em guerra - em julho, o gover-
no Maduro precisou ocupar uma fábrica
de papel higiênico falida e religar as
máquinas para que não faltassem tantos
rolos nos banheiros de Caracas.
NA VENEZUELA, A MOEDA LOCAL já
virou nota de Banco Imobiliário: a in-
flação deles está em 500%, e a previsão
para 2017 é de sarneyzianos i.600%.
Por aqui, as subidas de preço te ndem
a deixar de ser problema: passamos de
10% em 2015, agora estamos em 8%, e
com nossos dois presiden tes, o interi-
no e a afastada, apostando n uma baixa
ainda mais significativa para 2017. Até
porque manter uma inflação ra mpan-
te num cenário de recessão profunda,
como acontece no país de Maduro, é
tão d ifícil quanto errar pênalti sem
goleiro. Numa economia em recessão
(a nossa), o consumo baixa, e quanto
menos se consome, menos os preços
sobem. Uma doença serve de remédio
para a outra. No fim, mesmo se o seu
pais for governado por uma lontra, só
a recessão já serve como uma boa ar-
ma contra a inflação - a Venezuela, tão
hiperinflacionária quanto recessiva, é
é a excessão que confirma essa regra.
Isso não significa, porém, que a água
tenha deixado de bater nas nossas bun-
das, claro. Com o PIB em queda, o go-
verno federal fica mais pobre. Em 2013, a
O Brasil agora está em ＱＷＳｾ＠ no
ranking mundial de crescimen-
to, ＱＶＹｾ＠ no de menores juros
e ＱＷＵｾ＠ no de menos endividados.
receita com impostos foi de R$1,6 trilhão
(em valores de hoje, levando em conta
a inflação). De lá para cá, foi só ladeira
abaixo. E a previsão é que o Pais feche
2016 com uma arrecadação de R$ 1,27
trilhão - 20% aquém do recorde de 2013.
Se o seu salário cai, o que você faz?
Tenta gastar menos. Mas não é o que o
governo tem feito. Os gastos da União
só aumentaram, como se não houvesse
crise. E para cobrir o rombo o jeito é
pegar dinheiro emprestado, em quanti-
dades cada vez mais assombrosas.
A dívida do governo encerrou o ano
passado em R$ 2,7 trilhões. Isso repre-
sentou uma alta de 22% em relação a
2014. E a previsão é que ela feche 2016
em R$ 3.3 trilhões. Mais 22% de au-
mento - talvez haja um numerólogo
trabalhando no Tesouro Nacional.
o PROBLEMA DAS DÍVIDAS é que elas
teimam em vencer. Neste ano, o governo
tem que amortizar R$ 613 milhões, além
de pagar mais R$ 85 bilhões de juros.
Note que esses R$ 698 já dão mais da
metade do que o governo arrecada com
impostos. Pegar 50% da receita tribu-
tária para pagar dív ida não rola, senão
não sobra para pagar saúde, educação
nem a menidades como o aumento de
42% para o Judiciário e o querosene
dos aviões da FAB que levam senador
para implantar cabelo Brasil afora (ve-
ja mais gastos "pitorescos" dos nossos
congressistas na página 44).
Bom, neste ano, o governo separou
R$ 108 bilhões do seu caixa para pagar
as dívidas correntes. Os R$ 590 bilhões
que faltam vão vir de n ovas dív idas.
Tem mais. O governo não faz dívida
só para cobrir rombos. Tomar dinheiro
emprestado também é uma ferramenta
contra a inflação. Quando o governo
pega emprestado, ele tira reais de cir-
culação. Com menos reais na praça, o
EllSil ALEXANDRE VER SIGNAS SI
consumo dimi nu i, o que diminuiu a
pressão inflacionária.
Isso mais os rombos cada vez maiores
nas contas públicas faz o governo pegar
dinheiro emprestado o tempo todo. Para
conseguir dinheiro o tempo todo você
precisa cobrar juros altos. E é por isso
que os nossos seguem firmes entre os
mais altos do mundo.
Enquanto os juros n o mundo de-
senvolvido estão próximos de zero,
os nossos são de 13%, 14%. Daqueles
183 países que a Trading Economics
monitora, 168 pagam juros m enores
que os d o Brasil. P io res q ue a gente
nesse quesito só Haiti, Zâmbia, I rã .. .
Além da Venezuela, sempre ela, e, nesse
caso, da Argentina. Nosso v izinho de
baixo, diga-se, é o país mais caloteiro
do mundo, e que por isso mesmo não
consegue fazer dívida sem pagar pelo
menos 30% de juros - caso a sonda Juno
não revele novidades financeiras sobre
Júpiter, esses continuarão os m aiores
juros do Sistema Solar.
Mesmo assim, a dívida dos argentinos
não machuca tanto o pais deles quanto a
brasileira machuca o nosso. A Argentina
fechou 2015 R$ 110 bilhões no vermelho
- ou seja, essa foi a diferença entre o que
o país gastou (incluindo pagamentos de
dívida) e o que o pais recebeu. Isso dá
5,4% do PIB argentino. No Brasil, esse
buraco ficou em R$ 613 bilhões. É o nú-
mero que os jornais chamam de "déficit
nominal". Ele dá 10,4% do nosso PIB.
Quer dizer: estamos duas vezes piores
que a Argentina nesse quesito. E n o
ranking mundial de déficits nominais,
ocupamos um embaraçoso 175• lugar, na
companhia de feras como Moçambique,
Eritreia, Egito, Síria e Afeganistão.
Não tem pódio olímpico capaz de
maquiar nosso desastre econômico.
Porque hoje essa é a nossa vida. E a
periferia do mundo, o nosso clube. O
AGOSTO 2016 SUPER 13
-t I CO ISAS E FATOS QU ENTINHOS

Quer entrar nos EUA? Passa o face

o CONTROLE DE FRONTEIRAS AMERICANO quer incluir as redes soclals no formulário de
concessão de vistos. A ideia é que programas de computação procurem "atividades e cone-
xões nefastas" nas páginas de quem quiser entrar nos EUA. Não se sabe se aquela sua foto
#top vai interferir na seleção (todos os procedimentos de análise são mantidos sob sigilo),
mas é provável que busquem indícios de terrorismo. A fuçada nas redes sociais ganhou for-
ça depois que, em dezembro, a paquistanesa Tashfeen Malik postou no Facebook mensagens
de apoio ao Estado IslAmico, logo após executar 14 pessoas na Califórnia. Ela havia postado
mensagens parecidas antes de ir para os EUA também. 'd'a"zfl',..,,,,,,
sn. FATOS 111011 KAR I N HUfCK

Meu planeta,
minha vida
Enceladus, a lua con-
gela da de Satu rn o,
é o melh or lugar no
Sistema Solar para
encont rar Els. Pelo
menos é no que
acreditam cientistas
da Nasa, que querem
ma nda r uma missão
espacial pa ra Lá. A Mihaly Meszaros
O menor homem
expectativa vem do do mundo
oceano subterrâneo Meszaros morreu aos 76
escondido debaixo anos e 83 centímetros. Ele
de uma crosta de nasceu em i939, em Buda·
gelo. Essa água peste, e trabalhou como
palhaço na Hungria até
é ejetada para a
superfície de Ence- ACOR QUE NÃO ESTAVA LÁ i970, quando se mudou
para os EUA. Lá ganhou
lad us por mais de Pesquisadores japoneseS© descobriram como implantar pen- fama: apareceu em filmes,
90 gêisers. São esses samentos no seu cérebro - sem que você perceba. Para isso, atuou como AI fie, o
jatos que a Nasa colocaram voluntários em máquinas de ressonância magné- ETeimoso e virou amigão
de Michael Jackson.
quer analisar para tica enquanto olhavam para uma tela com um círculo com
procurar organismos listras verticais. Dentro dele, ficava outro circulo branco. Os
vivos. A espera nça é cientistas deram apenas uma instrução: "Concentrem-se em
que eles carreguem fazer o círculo branco aumentar". E observavam a ressonân-
matéria orgânica cia. Os participantes pensavam em mil coisas, mas, quando
do fundo do ocea no imaginavam a cor vermelha, os cientistas faziam o círculo
para a superfície branco crescer - mas não explicavam nada. Esse treinamento
{pelo me nos, é isso foi repetido por três dias. Ao final, os pesquisadores mos-
que acontece aqui traram uma tela listrada em preto e branco e perguntaram
na Terra). A busca qual era a cor das listras. Os pacientes treinados enxergavam
será por am inoácidos vermelho, mesmo sem sinal de vermelho na tela. Cinco meses
e Li pídeos, estruturas depois, os voluntários continuavam vendo a cor. Era uma Gigantes
essenciais para a memória falsa . Os pesquisadores querem agora criar novas Giaantes do Norte
formação de seres associações cerebrais inconscientes que ajudem pacientes a Com pelo menos 4 me·
vivos. ACL lidar melhor com a depressão. Ana Carolina Leonardi tros de altura , os gigantes
do fictício m undo de
Westeros, de Game of
Thrones , viviam além da
Mu ralha, bem ao norte

lOºc é o quanto o planeta vai esquentar se queimarmos dos sete reinos. O último
deles, Wun Wun, morreu
todas as nossas reservas de combustível fóssil. na batalha por Winterfell
(E o Polo Norte vai aquecer ainda mais: 20 º C) - e não se tem notícias de
nenhum outro exempla r,
pelo menos na série de TV.

FonHs © l.tornlng to Auociatt Orltn t ation w/tfl Co/or in Eatly Vis .ia/ Ateas lly Associo ｴ ｩｾ＠ ｾ｣ｯ､ｴ ､＠ /MRI Nt urofttdboc/c, K;ao ru Am;ino t ou tros
ｬ ｬｵｳｴ ｲｾＶｴｳ＠ Ot;i'o'lo Sllwlr;a, Z;inllcy e Rodrigo 8;isto1 Dldillf. AGOSTO 2016 SU PER 15
 sn. FATOS

A ONU decidiu que nenhum

governo pode censurar a
internet. China e Rússia
votaram contra . Por que será?

Inspirada no Butão, a india

criou o p rimeiro Ministério
da Felicidade do mundo,
Centenas de genes começam
q ue vai organizar eventos
de ioga, med itação e arte.
a funcionar quando morremos
Dentro de você te m uma fábrica que re-
põe material desgastado, abastece proces-
sos químicos, fornece unhas e pensamentos
ao corpo. É o DNA. Este mês, cientistas da
Universidade de Washington@ fizeram uma
descoberta incrível. Eles estavam estudando
Uma reserva de i,5 bi de m 1 cadáveres de peixes-zebra e camundongos,
de gás hf!Lio foi encontrada na recém-falecidos. A análise que fizeram foi
Tanzânia. Isso é ótimo porque química: saíram detectando RNA-mensa-
o gás estava quase em falta.O
geiro (RNAm) em cada um dos milhares de
genes dos corpinhos. RNAm é o indicador
de que a nossa fábrica genética está funcio-
nando. A análise começou com os bichinhos
ainda vivos, e depois seguiu por dias. Como
era de se esperar, à medida que o tempo
passava, mais silenciosa a máquina ficava.
O estranho foi o que aconteceu com 515
genes dos camundongos e 548 dos peixes:
eles foram ativados depois da morte. Os
cientistas especulam que eles estivessem se
preparando para uma improvável ressurrei-
ção. São genes que ajudam nos processos de
cicatrização, inflamação, cura, num esforço
final para preparar a fábrica inteira para ro-
dar de novo, se a chave-geral for religada.
Denis Russo Burqierman

Cientistas descobriram uma bac·

téri a minú scu la que vive escon-
di da na sa liva humana . Ela pode
ser responsável por gengivite,
fibrose cística e aumentar nossa
Terapia astral. A astrologia não é considerada uma ciência, mas o
resistência a antibióticos. O Hospital Pivora no de Buenos Aires, na Argentina, começou a levar ases-
trelas a sério. Uma das atividades mais populares na ala da psiquiatria é
fonte ©Nt!wHigh-Gr;ideHt?tiunC>iS<ove-
a oficina semanal "Conhecendo· me através dos astros". Nela, a astró loga
ｾ＠ ｾｮ ｣ｊＡｬｩｾｄＮｓＺ ｬ ［ｾｮｩＺＮｶｴ＠ Claudia Rico parte do mapa astral de cada paciente para discutir, em
Form;itlon Ol.lrifli lhe Eplblotk·p;ir;i$ltlc Rela · grupo, experiências dificeis. Apesa r de a ideia parecer pouco cie ntífi ca, na
tlonshlp e etwMn ActinomvcH odontol.vtkus
ｾｮ ､ｬｴｳｅｰ ｬ｢ｯｮ ｴ Ｌ ｬ Ｎｉｍ ､ ｦｍ＠ prática, os workshops acabam funcionando como terapia em grupo. J:M

1Ó S UP ER AGOSTO 2016 fa nl• © ""ter Nobte • Atv: Pl::lzhltkov ｬｵＱｴＺＮｲｾｩｯ ｑｴ［ｩｶｯ＠ Sil..,.!r.i, lslock
 GUERRA EPAZ
Crises políticas, ce ns ura, ter ro r is mo. arm as nuclea r es:
1!
Islândia
151!
Rússia
Custo da vioU!ncia Custo da violência

-- --
o mundo se tornou um l ugar menos seguro nos últimos 8 USS 242 11i/ ano USS 354 bifa no
Militarizaçilo Milita rização
fnd ice de violência • ()()()() 1,3 •••• 0 3, 3
Conflitos internos Confl itos internos
MUITO M il:.DIO M UITO e ()()()O 1,1
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Conflitos internos
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Gasto
DA GUERRA milita r intern;icional
2006/ 11 Conter, preveni r
2012/16 · · · · · · · · · · e lidar co m as
é o aumento da USS 2,S tri
AMIRICA DO NORT E consequências Perdas
violênci a no mun· US$742bi
da desde 2008.
2006/11 da violência têm com crimes
2012/16 - 79 Conflitos e violência
Cau sa: terrorismo. um preço alto.
•exceto Turquia

1 1
/
Você paga* • O deputado federal
Professor Victório Calli
• O deputado fede ral Rô·
mulo Gouveia (PSD·PB)

este político: (PSC · MT) que r pro ibir

a cob rança de a lva rá
defende que come rcian -
t es mantenham regist ros
de fun cio name nto pa ra de documento de com-
'Projetos de lei que foram apresen-
tados no plenário no último mês. te m plos reli giosos. prado res de ciga rros .

Fontl! mapa Global l'e.lCI! ln.du, lnst itutl!! fOf Econom icS ｾ ｮ､＠ Peace
AGOSTO 2016 SUPER 17
APR ESE NTADO POR ABRIL RRAN OEO CONTENT

N o mundo rodo, grandes marcas têm re-

dobrado seus investimentos em branded
content para construção de imagem e pro-
moção de produtos. Diferentemente da pu-
blicidade tradicional, o conteúdo propicia às
marcas um a interação mais orgânica com a
audiência, menos interruptiva e necessaria-
mente baseada em uma relação de confiança.
Não é de se estranhar que Netfiix e HBO,
dois dos mais renomados especialistas na
produção de conteúdo, apostem em branded
content para promover suas séries. No ano
passado, a HBO buscou a parceria do Abr il
Branded Content - estúdio da Editora Abril
especializado em produzir e definir estraté-
gias de contei.ido para marcas - na divulga-
ção de O Hipnotizador. Em março deste ano
foi a vez da Netflix noticiar, com a ajuda do
estúdio, a estreia da quarta temporada de
House ofCards.
As ações para ambas as marcas foram di-
vulgadas com grande repercussão nas plata-
formas das marcas VEJA, SUPERINTERES-
SA TE, VEJA SÃO PAULO e HUFFPOST
BRASIL. "Para prender a atenção dos fãs de
um seriado já consagrado, é preciso ir além do
óbvio. Todo conteúdo que agente produz tem
foco na audiência. É conteúdo relevante, útil,
informativo, muitas vezes divertido, pensado
para ser compartilhado. Sempre é possível Ma térias na SUPER e na VEJA SÃO PAULO
conseguir uma pauta interessante e formatá- contaram a história da hipnose; gifs hipnóticos
-la de um jeito que o público goste'', explica de HBO. no HUFFPOST. viralizaram e o conteúdo
Thiago Araújo, gerente digital do estúdio. fico u entre os mais acessa dos do site

NETFLIX
Pela primeira vez, a revista VEJA participou de uma ação co-
-branded para lançar a nova temporada de House of Card5. E
a estreia da associação da publicação de maior circulação na-
cional com uma ourra marca veio com impacto: uma capa com
o presidente Francis J. Underwood - personagem de Kevin
Spacey na séri e - divulgada nas platafo rmas digitais do título:
Facebook, 1\vitter e Instagram. O exercício foi imaginar como
seria uma capa da revista se Frank Underwood fosse um per-
sonagem real, em campanh a para se reeleger à presidência
dos Estados Unidos, um trabalho conjunto entre a redação
de VEJA e o Estúdio ABC. A repercussão foi impressionan-
te: mais de 1 milhão de pessoas foram alcançadas e mais de
35 000 reagiram à publicação, 82,7% de maneira positiva. E
o objetivo principal foi alcançado, já que 71% dos leitores que
reagiram entenderam a mensagem; e mais, ajudaram outras
pessoas a entender, aumencando a abrangência do conteúdo
e sua repercussão.
HBO
Às vésper as do lançamento de O Hipnotizador, a HBO colo-
cou o tema central da série na pauta. O Estúdio ABC produ-
ziu quatro peças de nativas abordando a hipnose de acordo
com a linha editoríal de cada marca. Na revista e no site de
SUPERINTERESSANTE, uma reportagem esclareceu as
aplicações atuais da téc nica e como sua eficácia foi cienti-
ficamente comprovada. VEJA SÃO PAULO apresen tou, na
revista e no site, os tratamentos de saúde baseados em hip-
0 nose disponíveis na capital. Em VEJA.com, uma timelü1e
mostrou como a técnica deixou de ser considerada charl a-
tanice e passou a ser utilizada como recurso no tratamento
de quadros psicossomáticos.
o HUFFPOST BRASIL, uma lista de gifs hipnóticos
divertiu os visitantes. Compartilhada nas redes sociais dos
veículos e por influenciadores em seus perfis pessoais, a ação
teve grande repercussão e ficou entre os conteúdos mais vi-
sitados durante o periodo em que esteve em destaque.
 sn. COISAS

Uqurh.inumrosru•
C!)Ot".i.1..h,mofalmtc
Ｇﾷｾ Ｍ
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Ｚｴｾ＠ Ｍｾ ﾭ
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ｾＭ ﾷ＠

Você
traz
Livro
é normal?
80 testes de personalidade e inteligência - e compara seu resu ltado à média das pessoas. Texto Bruno Garattoni

VOCÊ PREFERE ganhar R$ 500 agora, ou o dobro daqui a um
ano? Se eu te contar dez coisas, cinco delas falsas, quantas
mentiras você consegue detectar> A sua memória é melhor
que a de um macaco? Escrito pelo psicólogo Ben Arnbridge,
da Universidade de Liverpool, Psi-Q reúne testes como esses,
que você responde a lápis ou caneta nas próprias páginas do
livro - e depois vira a página para descobrir o que o resultado
revela sobre a sua personalidade, sua inteligência emocional e
analitica (spoiler: no teste de memória, talvez você perca para
o macaco). Uma leitura divertida e profunda também: o livro
explora marcos da psicologia como a Experiência de Milgram,
que foi realizada em 1961 para tentar entender o surgimento
do nazismo - e acabou fazendo uma descoberta aterradora
sobre a mente humana. W::Jl. RS J4,90 .

AMÃE DE TODAS AS BATALHAS

o QUE É MELH O R: um Estado forte e atuante, que
interfere na economia para tentar ajudá-la? Ou um Es-
tado mínimo, que deixa o mercado resolver e tenta ape-
nas não atrapalhar? É o grande debate econômico nos
últimos cem anos, e surgiu pelas mãos de dois gigantes:
o inglês John Maynard Keynes, defensor do Estado, e o
austríaco Friedrich von Hayek, pró-mercado. Este livro
conta a trajetória dos dois (antes de virarem adversá-
rios, Keynes era o ídolo de Hayek) e suas ligações com a
história: Keynes levantou o dinheiro para financiar a 1 '
Guerra Mundial, que esmagou a Alemanha (e empo-
breceu a familia de Hayek), desaguando na 2 ' Guerra -
que ele previu e tentou desesperadamente evitar.

2 0 SUPER AGOSTO 2016


OOUE ELES
FAZEM OUANDO
VOCÊ SAI
o CATO que ataca a gela-
deira, o pássaro vkiado em
TV, o poodle grã-fino que
na verdade é metaleiro - e
o coelho que quer acabar
com todos. Animação leve
e sim pática, do mesmo
produtor de Meu Malvado
Favorito (antes do filme, é
exibido um curta-metragem
estrelado pelos m inions).
Psts - A Vida Secreta
dos Bichos
Estreia dia 25/8 nos cinemas.
"O cheiro
de carne
decom-
posta era
horrível.
E o médi-
co vivia
cortando
pedaços",
ESCREVE O AMERICANO
Hampton Sides neste
livro sobre a expedição de
conqu ista do Polo Norte, em
i879 . Um relato de arrepiar,
com direito a naufrágio,
fome, mortes e peregrina-
ções a pé so b um frio quase
extraterrestre: - 68 graus.
No Reino do Gelo
R$ 49,90.
EDl•ll BRUNO GARUTONI
VOCÊ DECIDE
Os projetos mais
interessantes (e
surpreendentes)
do mundo do
crowdfunding
Casaco perfeito
indiegogo .co111
Projeto Flexwa rm
O que é Um casaco que
gera o pró prio calor. Seu
forro tem uma bateria
pequena e leve, tipo de
celular, e uma resistência
elétrica flexível, que es-
Star Wars holográfico quenta. O casaco monitora
a temperatu ra do seu corpo
-e em vinil e do ambie nte e se ajusta
sozinho, para que você
não passe calor nem fr io
LP DUPLO com a trilha sonora de O Despertar da Força, mais re- (também dá para escolher
cente filme da série. Te m a mús ica-tema de Star Wars, tem o tema a temperatura por um app) .
A bateria dura 13 horas .
Jedi, tem o hino do fi nal feliz e out ras 20 faixas compostas pelo
Meta USS 50 mil
genial Joh n Williams. E tem um encarte com fotos incriveis. Mas Chance de conseguir
o ma is legal são os holog ramas: você aponta uma lanterna sobre
o d isco enquanto ele está sendo tocado e apa recem duas imagens
•••OO
em 3D, flutuando no ar, por meio de uma ilusão de óptica. Fronha de prata
The Force Awahns Saundtrack - Holographic Vin yl
indieqoqo .com
Projeto Si lvon
USS 52 na Amazon O que é Uma fronha q ue
promete eliminar 99% dos
E outros :J LPs cheios de truques - - - - - - - - - ! ácaros e bactérias.
O segredo está no tecido,
que contém fios de prata
(ela tem carga elétrica
positiva , que atra i e mata
os micro-o rganismos).
Não usa bateria e pode
ser lavada na máquina.
Meta USS 20 mil
De trás para Ouça e depois Dando o sangue
Chance • • • • •
a frente
Jack White
coma
8reakbot By
(de verdade)
Psrfsct Puss't,
Ímã de proteção
kickstarter.com
Lozaretto Ultra
Seu lado A toca ao
Your Side
Feito de chocolate
ｓ｡ｾ＠ Yes to Lovs
As primeiras 300
cópias do LP de
Projeto Nope 2.0
O que é Um ímã que pode
contrário (a agulha com 74% de cacau. ser usado para t ampar a
se move do centro A ideia é que você estreia dessa banda câ mera de sma rtphones,
para a lateral do coma o disco - punk, lançadas em tablets e laptops. A ideia
disco). Tem duas música eletrônica 2014, contê m o é proteger a privacidade
músicas secretas francesa ao estilo sangue da cantora de quem está em frente à
escondidas sob o ró- Daft Punk - depois Meredith Graves - câmera (que pode ser ligada
tulo, um holograma de escutã-lo. Aí que foi misturado à remotamente por hackers).
e uma trilha infinita , já era. Por isso, é massa plástica do Você acha que é pa rano ia?
que t oca sem parar ext remamente raro: disco e pode ser visto O chefão do FBI e o dono
{co mo a última faixa apenas 120 cópias claramente (o vinil é do Facebook tampam .
de Sgt. Pepper's, foram produzidas, transparente, desta - Meta U$S 964
dos Beatles). em2012. cando o sangue). Chance • • • • •
AGOSTO 2016 SUPER 2.1
 sn. 1 COISAS · -------------------

Hambúrguer de micro-ondas
Eles já vêm prontinhos, com pão, queijo, molho e hambúrguer montados; é só colocar
no micro-o ndas por 90 segundos. A coisa mais prática já inventada, e uma das mais in-
dustrializadas també m (eles contêm mai s de 20 ingredientes, e a carne é uma mi stura
de boi, porco e frango ). Mas são gost osos? Qual o melhor? Provamo s sete.

Veio meio to rto, com a

carne um pouco para fora
do pão. Mas seu grande
problema é o hambúrguer,
que não tem absolutamen-
te nenhum gosto. Pa rece
comida de hos pital (se hos-
pital seNisse hambúrguer).

l
R$ 5.25 l 151 g 34' kcal
sadi o .co11t .br

Seu modo de preparo é

Tem algum sabor, em
parte porque vem tempe-
rado com molho barbecue.
O pão é macio, e a carne é
aceitável. O queijo "so me"
(é t ot alment e a bsorvido
pelo pão) após o aqueci -
mento. Um produto
comível, mas sofrível.
diferente: você esquenta o
sandu íche num saquinho,
o que deixa o pão (o único
sem gergelim) enc harcado.
Não dá para sentir o gosto
do queijo - pois o molho,
com gost o de to mate, -
encobre tu do. E a carne
é a pior: parece de espuma.

R$ 4,85 l 157 g 1 353 kcal R$ S.38 l 145 g 1 324 kcal

searo. co11. br perdigao .cot1 . br

22 SUPE R AGOSTO 2016

 COMO TESTAMOS. Preparamos duas unidades de cada sanduíche.
Usamos sempre o mesmo micro-ondas (1.500 W de potência), e
seguimos à risca as instruções de cada fabricante. Observamos
a distribuição e a qualidade dos ingredientes e avaliamos o resul-
tado final, comparando aroma, textura e sabor dos sanduíches.

Ambos os sanduíches
preparados no teste vieram
tortos e com problemas de
Corte a batata
controle de qualidade. Seu
em rode las bem
pão, que ficou encharcado finas (dica: use um
após o preparo, soltou descascador de
quase todo o gergelim. Legumes, se tiver).
E o queijo simplesmente
não derreteu .

R$ 4.331146 g l 355 kcol

ouroraali11entos .co11.br

2.
Deixe de molh o em
água fr ia por s minutos.
Escorra e seque bem.

O pão é sequinho, porém Tem menos carne bovina, e

duro, e o queijo é cremo-
so, mas insosso. A carne
tem textura estranha,
um pouco esponjosa,
sabor fraco e artificial.
O sanduiche tem pouco
gosto, e tende a enjoar já
na segunda mordida.
R$ 5,25 l 153 g l 371 kcal
sadia .co11.br
maior proporção de frango
e porco, que os outros.
Mas não parece: é o que
mais tem gosto de carne.
O hambúrguer é o único
bom, com sabor defumado 3.
e textura natural. Lembra Coloque sobre um
um sanduíchedeverdade. papel-toalha e cozi nhe
por 7 a 8 minutos,
parando na metade
R$ 4,33 l 143 g l 368 kcal do tempo para des-
auroraalimentos. co11 .br
grudar as batatas do
papel. Aprove ite :-)

Folo StudloO: ｬ ｵｾＮＺｩ￧ｬｯ ｍｾＱ｣ｯｳ､･ｕｭＮ＠

AGOS TO 2016 SUPER 23

 sn. COISAS

O Tesla para bebês

Direção robóti ca, control e por ap l icativos, al arme de segurança,
ar-condicionado, si stema de entretenimento e conexão à internet .
Um ca rro elét rico de última geração. Para recé m-nascidos.
ｔ･ｸｴｯｾｲｵｮ＠ Gorattoni e Fe r nando Badô

ELE SE CHAMA SmartBe, e não precisa ser em-
purrado: conforme você anda (ou corre), detecta
os seus movimentos e vai na frente. O segredo
está no computador de bordo, que se comunica
com o seu smartphone em tempo real. Se preferir,
você pode empurrar o carrinho, mas não precisa
fazer força: o motor elétrico cu ida disso (ele é
alimentado por uma bateria que dura 6 h) . Pelo
smartphone, você comanda os demais recursos,
como climatizador, balanço, tocador de música,
aquecedor de mamadeira e alarme - que toca se
você se afastar. O carrinho também funciona co-
mo babá eletrônica, transmitindo vídeo da criança
pela internet. Vai custar US$ 3 mil (smartbe.co).

3 modos de uso
(deslocamento
ma nu al , automático
e híbrido)

..._, .__ _ __ 3 telas

ret r áteis,
contra Sol,
chuva ou
insetos

UM PROJETO (QUASE) IMPOSSÍVEL

A lmpossible , tem esse nome pois sua produção era considerada
inviável. O problema é que a máquina usa filme inst.illlntâneo
Polaroid, cuja fórmula não existe mais (ela se perdeu na caótica
dissolução d .. Polaroid, empresoa que chegou a ser um império da
fotografia, mas faliu duas vezes, em 2001 e 2008). Um grupo de
dez engenheiros recriou tudo do zero, descobriu como produzir o
filme e agora está lançando a câ mera. Custa 300 euros - mais 20
euros cada pacote de filme, com oito chapas (coloridas ou p/b).

24 SUPER AGOSTO 2016

 DE 26 A 28 DE AGOSTO

» Palestras sobre + de 100 carreiras

» Milhares de vagas de estágios
» Estandes das melhores faculdades
» Orientação vocacional
» Simulados - Jogos - Debates

Mestre de Cerimônia: Edson Júnior

INSCREVA-SE. É GRÁTIS!
feiraguiadoestudante.com.br
sn. COISAS Ulfil BRUNO GARATTONI

Céu artificial PÉROLAS DO

O COELUX ARTIFICIAL SKYLIGHT
um conjunto de LEDs e filtros com
é STREAMING
nanopartículas que reproduz a luz Tesouros escondidos
nos principais sites
do Sol e a cor do céu com perfeição:
o resultado é indistinguível de uma
janela de verdade. Ele mede 2,y1,6
m, consome 270 watts (o equiva-
lente a uma televisão de 60") e pode
ser instalado no teto ou em paredes
laterais. Um produto revolucioná-
rio. Pena que é caro: US$ 50 mil.

NE TF LI X

Espremedor gentil O Homem

Duplicado
Cartel Land
Docu1J1entário
Filme De um lado, os
o SMEG SJF01RDEU (590 eu-
Adam (Jake Gylle- cartéis do tráfico:
ros) promete fazer sucos mais nhaal) é professor Familia e Cava-
nutritivos e gostosos, com e leva uma vida leiros Templá rios.
mais sabor da fruta, porque tranquila. Até Do ou tro, a Au-
que vê um film e todefesa: milícia
suas pás giram devagar: 43
estranho: um dos armada que reúne
rotações por minuto, contra atores é idêntico a a população das
1700 dos espremedores ele e participa de cidades mexica-
comuns. É como espremer à um ritual si ni stro. nas na fro nteira
mão - só que sem fazer força . Obcecado, Adam com os EUA. Um
tenta encontrar documentário de
o sósia m au. Sus- arrepiar, tão real
ｰ･ｮｾ＠ complexo (e violento) que
e desafiador, chega a parecer
daqueles que ren- ficção. Indicado
APULSEIRA OUE MEXE COM ACABECA dem mil teorias. ao Oscar de 2016.
ELA SE CHAMA Doppel, custa US$ 130 relaxante e 100 no modo energizante).
e promete deixar você mais relaxado Depois de alguns minutos, isso come-
ou alerta. Você escolhe o efeito dese- ça a alterar o seu estado de espírito.
jado e a pulseira emite uma série de A eficácia foi comprovada num estu-
vibrações bem fraquinhas, quase im- do feito pela Universidade de Londres
perceptíveis ( 50 por minuto no modo com 40 voluntários.
YOUTUBE YOUTUBIE

DeepLook Harbin - uma

Canal aventura
Você sabia que o congelante
mosquito usa seis Vídeo
ferrões para picar? Pensou em Chi na,
Que a borboleta pensou em mu l-
azul não tem pig- tidões, fábricas,
menta dessa cor? prédios futuristas .
Que a areia viaja Ha rbin é difere n-
pelo mundo - e te . Fica bem ao
cada g rão revela Norte, perto da
de onde veio? Pro- Rússia : com quem
du zido pela rede partilha o inverno
americana PBS, de -20 graus,
o canal usa novas a cultura e a
técnicas e lentes arquitetura (cujo
ultrapotentes destaque é um
para desvenda r o incrível fe stival
mundo das coisas de construções
microscópicas. de gelo) .
 -
,
- - .
. - - -- - -

28 SUP!R AGÓSTO 2016 ,

...
 ·.
.....'·
;.

<.

ACOSTO 2016 SUPIR 29

 ESSA CENA E uma simulação. Mas já
poderia ser real: todas as tecnologias
_.·. ｾ ＮＬ＠
*1---4 J_ ｾ＠
de inteligência artificial envolvidas ne- .... . - .- '.1··- - . ;· ·.:.. . .. : ;
la já existem, e funcionam. Algumas
ﾷ ＭＺ ＼ ﾷ ｾ＠ ,....f • • ｾ＠ ｾ＠ ..
foram lançadas, outras são protótipos
em estágio avançado, que estão sendo
. ..
. ·. "· -.--·· -·.·.·.·.·
desenvolvidos pelo Google e por gigan-
tes como Apple, Microsoft, Amazon e
Facebook - que, neste ano, fizeram da
inteligência artificial sua grande aposta.
Eu vim à sede do maior de todos (a
convite do Google, passei três dias na cidade
de Mountain View, no mês de maio) para
descobrir o porquê.

GATO, CACHORRO E AVIÃO

G "Quando eu estava na facul-

dade, nos anos 1990, os com-
putadores não conseguiam
diferenciar um gato de um cachorro",
conta o físico e neurocientista Greg
Corrado. "Distinguiam um gato de um
avião, mas não de um cachorro. É difícil,
ambos são peludos e têm quatro patas",
explica. Algo banal para o cérebro hu-
mano, mas inatingível para as máquinas.
Tanto que dois colegas de faculdade de
Greg fizeram uma aposta. Um disse que
os computadores demorariam pelo me-
nos dez anos para aprender a distinguir
gato e cachorro. O outro disse que se-
ria rápido. Não levou uma década, mas
também não foi rápido: aconteceu nove
anos e seis meses depois. "Hoje, nosso
software consegue olhar uma foto, re-
conhecer os elementos e até escrever a
legenda", diz Greg, criador e diretor do
Google Brain, o centro de inteligência
artificial (IA) do Google. Ele foi funda-
do em 2011 por apenas três pessoas, e
era o que a empresa chama de "projeto
20%" - uma iniciativa paralela, a que
os funcionários podem dedicar 20% do
seu tempo. Hoje o Google Brain reúne
mais de cem cientistas, com a missão
de desenvolver a inteligência usada nos
demais produtos da empresa - que, atu-
almente, tem nada menos do que 1.200
projetos envolvendo IA.
Desde fevereiro, o diretor de buscas
do Google é o engenheiro John Gian-
nandrea, especialista em inteligência
artificial. E, desde o ano passado, as
pesquisas no Google são gerenciadas
pelo RankBrain, um robô inteligen-
te que aprende sozinho a interpretar
buscas inéditas, que nunca foram feitas
antes (cerca de 20% das pesquisas feitas
a cada dia) . O Google também já usa
inteligência artificial para gerenciar a
distribuição de anúncios online, sua
grande fonte de receita. Em suma: está
apostando tudo nisso.
Não está sozinho. O destaque do
iOS 10, próximo sistema operacional
da Apple, é a nova versão da assistente
Siri, que agora vai conversar com os
aplicativos do iPhone (e assumir muito
do que hoje é feito via apps, de chamar
táxi a pedir pizza). A Apple está seguin-
do a deixa da Amazon, cuja assistente
virtual Alexa se comunica com mais
de cem aplicativos - lê notícias, pede
Uber e faz compras, entre diversas ou-
tras coisas. A Microsoft colocou uma
assistente, a Cortana, no Windows 10, e
está desenvolvendo softwares capazes
de conversar em nível humano - coisa
que o Facebook também persegue. É um
movimento gigantesco, que tem sido
comparado aprimeira corrida do ouro
da internet: a onda das "empresas ponto.
com", na década de 1990, que gerou a
rede que temos hoje.
Mas por que justo agora? Talvez você
não saiba, mas a inteligência artificial
não tem um retrospecto muito bom .
Lançado em 1968, o clássico filme 2001
tem como protagonista o computador
HAL, tão inteligente quanto uma pes-
soa. Naquela época otimista (o homem
chegou à Lua um ano depois), isso pa-
recia exequível. Mas não chegou nem

30 SU PER AGOSTO 2016


perto. As décadas seguintes foram de
impasses e frustrações, que deram à
inteligência artificial uma fama ruim .
Tanto que hoje os cientistas da área pre-
ferem usar outro termo: machine lear-
ning, ou seja, aprendizado da máquina.
E a novidade está justamente nisso.
Em vez de tentar ensinar o compu-
tador, agora a jogada é fazê -lo apren-
der sozinho, usando as chamadas re-
des neurais artificiais. "No cérebro, os
neurônios se conectam uns aos outros
e trocam informações. No sistema arti-
ficial, é a mesma coisa. Só que no lugar
dos neurônios nós temos uma coleção
de funções matemáticas', explica Greg.
Quando você nasce, os seus neurônios
já estão formados, mas não sabem tra-
balhar juntos. Conforme você cresce e
aprende coisas, eles formam ligações
semipermanentes (são as memórias)
e aprendem a funcionar em conjunto.
decolando. Porque nada na história teve
acesso a tantos dados quanto o Google.
Além de indexar bilhões de páginas da
internet, ele também é alimentado pelos
próprios usuários. Quando você recebe
um email no Gmail ou salva álbuns no
Photos, por exemplo,
o Google usa os seus
Depois de décadas em marcha arquivos para alimen-
lenta , a inteligência artificial tar as redes neurais.
"Mostre 1 m ilhão
disparou nos últimos anos. Gra- de imagens de árvores
ças a uma nova tática: em vez para o computador, e
deixe ele aprender so-
de tentar ensinar as máquinas , zinho', explica o enge-
deixá-las aprender sozinhas. nheiro Otavio Good.
Árvores ou qualquer
outra coisa - até placas
As redes neurais artificiais funcio- de rua. Tímido, simpático e intensamente
nam de um jeito parecido. Primeiro, o nerd, Otavio trabalhava fazendo games
computador é alimentado com dados: de PlayStation e Xbox antes de ir para
a foto de um gatinho, por exemplo. Aí, o Google. Ele é filho de mãe brasileira,
cada grupo de "neurônios" avalia um aprendeu um pouco de português na
aspecto daquela imagem. No nosso infância. E em 2010, para ajudar ami-
exemplo, pode ser a cor do objeto, se gos que iriam visitar o Brasil, criou o
a textura é de pelo, se ele tem patas WordLens: um app que traduz, em tem-
e olhos, etc. Dentro de cada grupo, os po real, o que está escrito em placas,
neurônios "votam", ou seja, cada um dá cardápios, etc. Basta apontar a câmera
seu parecer (se o objeto tem ou não do celular, e a tradução aparece no ato.
olhos, pelos, etc.). A rede neural erra É bem impressionante. O Google tam-
muito, literalmente milhões de vezes. bém achou, tanto que em 2014 contratou
Mas uma hora, por pura insistência, Otavio e comprou o app dele, que hoje é
acaba acertando. Quando isso acontece, parte do Translate e funciona com deze-
ela evolui: os neurônios que estavam nas de idiomas. Nas horas de folga, ele e
certos desde o início ganham mais peso, a esposa (Zinaida Good, bióloga compu-
e passam a ser copiados pelos demais. tacional da Universidade Stanford) or-
Ou seja, a rede neural aprende. ganizam o que ele chama de festas de
Dali em diante, toda vez que aparecer machine learning: recebem amigos, cada
um gato, ela vai identificar no ato. E quan- um com o respectivo laptop, e tentam
do for aprender a analisar outra coisa bolar novos algoritmos de inteligência
(a foto de um cachorro, por exemplo), artificial. Divertido.
não vai sair do zero: deduzirá as seme- Otavio está há dois anos no Google,
lhanças e diferenças daquilo com o que mas ainda parece meio perplexo. "Quan-
aprendeu antes (gato). Como não requer do eu fazia games, meu público era tipo
intervenção humana, esse processo pode 100 mil pessoas. Hoje é uma fração da
ser executado infinitamente. E repetindo humanidade inteira", diz. Quando a
o processo muitas vezes, com muitas coi- conversa termina, pergunto onde fica
sas - imagens, palavras, frases, perguntas, determinado prédio do Google, onde
respostas-, e você vai acabar chegando a a próxima entrevista está marcada.
um computador hiperinteligente. E Otavio comete uma inconfidência:
Pelo menos essa é a ideia. Ela não é "Eu mostro, vou até lá fora . Não tenho
nova: as redes neurais foram propostas nada para fazer agora", confessa, rindo.
pela primeira vez em 1946. Mas só ago- Conforme as máquinas forem se
ra, com chips potentes e quantidades as- tornando mais inteligentes e assu-
tronômicas de dados para treinar, estão mindo mais funções, vai sobrar cada -+
AGOSTO 2016 SUPER 31.
 •
vez menos trabalho para as pessoas -
inclusive as que trabalham no Google.
Mas a tecnologia ainda exige muito
suor humano. "Nós transcrevemos,
manualmente, 33 mil horas de grava-
ções", conta a engenheira Françoise
Beufays, responsável pelo reconheci-
mento de voz do Google. Um esforço
monumental, que exigiu uma equipe
de 600 pessoas. A rede neural do Goo-
gle foi alimentada com o áudio e as
transcrições, comparou as duas coisas
e foi aprendendo a reconhecer vozes.
Françoise trabalha com reconhecimen-
to de voz há 25 anos, 11 no Google,
mas não aparenta: baixinha e elétrica,
ela fala excitadamente sobre diversos
assuntos - até as gafes que, no processo
de aprender e se aperfeiçoar sozinhas,
as redes neurais acabam cometendo.
"Os alemães inspiram antes de falar",
diz, ao contar um caso envolvendo as
buscas de voz no Google alemão. Um
belo dia, o software decidiu ignorar isso,
e começou a entender a típica respira-
ção germânica como se ela fosse um

palavrão em inglês (fuck). •Às vezes, o
sistema explode na nossa cara", admite.
No ano passado, a nova-iorqui-
na Jackie Alciné se revoltou ao ver a
classificação dada pelo Google Photos
a uma imagem na qual ela aparece
com uma amiga: "gorilas" (ambas são
negras). Por algum motivo, o software
achou que essa era a resposta correta.
"Nem todo erro é tão doloroso quanto
esse. Mas alguns podem ser", admite o
engenheiro Tom Duerig, responsável
pelo Photos. Loiro, surfista e típico
californiano bicho-grilo, Tom perde a
alegria ao falar sobre o caso. Ele lembra
outro episódio do tipo, em que o Photos
classificou como "baleia" a imagem de
uma pessoa obesa na piscina. O algo-
ritmo não é racista nem gordofóbico:
simplesmente não tinha visto fotos su-
ficientes de pessoas negras ou obesas.
Acabou sendo alterado, manualmente,
para não comparar humanos a animais.
•
MICROCOZINHAS
EMAXIMESAS
A sede do Google fica em
Mountain View, a uma hora
de São Francisco. Recebe 30 mil funcio-
nários e 3 mil estagiários por dia, que
consomem de 35 a 50 mil refeições em
dezenas de restaurantes e cafeterias e
mais de 150 microcozinhas: áreas self-
service com geladeiras, máquinas de
café e todos os tipos de snack, do mais
saudável e exótico (algas importadas da
Coreia) ao mais trash - que o Google,
propositalmente, coloca em prateleiras
baixas e escondidas.
O com plexo tem dezenas de prédios
agrupados em blocos, lembra um campus
de universidade americana. As constru-
ções são todas diferentes, sem nada em
comum a não ser a altura (no máximo
quatro andares), e os escritórios também
não seguem um padrão. Uns são abertos,
outros têm divisórias e até tendas indivi-
duais. Uns têm mesa de pingue-pongue e
parede de escalada, outros não têm muita
frescura. Muitos têm estandes com re-
vistas e jornais (de papel mesmo). Uma
coisa é comum a todos: são silenciosos,
tranquilos e até meio vazios. Suas mesas
são enormes, com o triplo do espaço nor-
mal, e nunca estão lotadas. Isso tem a ver
com o tamanho do complexo (os prédios
têm 290 mil m 2 ), mas também com uma
política: muitos dos funcionários podem
trabalhar de casa, e só precisam vir à sede
uma vez por semana. E isso não é um
gesto de generosidade.
Mountain View tem 74 mil habitan-
tes. É pequena, pacata, lembra a cidade
de Marty McFly em De Volta para o Fu-
turo . Mas, por causa do Google, virou
um dos lugares mais caros dos EUA.
Alugar uma casa custa US$ 4.000 por
mês, e isso se você conseguir uma: a

32 SUPER AGOSTO 2016


cidade tem déficit de 20 mil residên-
cias. Ou seja, acaba sendo meio inviável
morar lá. A maioria dos funcionários
do Google vive em cidades adjacentes,
como San Jose e São Francisco, e vai de
carro ou ônibus - o que gera conges-
tionamentos monumentais. O Google
quer dobrar o tamanho do seu campus,
mas a prefeitura só deixa se a empresa
também construir 10 mil casas (ao custo
de US$ 6 bilhões). No impasse, a saída
foi liberar o home office.
Outra possível solução são os carros
autônomos, que podem andar quase co-
lados uns aos outros, o que reduziria
muito os congestionamentos. Mas já é
meu segundo dia em Mountain View,
e ainda não vi o carro do Google. É
um protótipo extremamente ousado,
sem volante nem pedais, que transporta
engenheiros pelas ruas da cidade (único
lugar do mundo onde é permitido).
de fazer por meio do GPS do telefone).
"Nós aprendemos os melhores horários
para as coisas, que podem variar con-
forme a pessoa ou a profissão dela, por
exemplo", diz Jacob Bank, gerente do
Google Calendar. "É uma mistura de
inteligência artificial
com ciência compor-
O Google está liberando seus tamental", diz. Jacob
algoritmos para que outras ainda não alcançou a
própria meta, aprender
empresas usem e desenvolvam . espanhol. "Nós vamos
É a mesma estratégia do levar muitos anos até
mudar a relação das
Android - hoje presente em pessoas com suas
80% dos celulares do mundo. agendas", admite.
No mundo da tec-
•
nologia, é uma eterni-
EMAILS E DINOSSAUROS dade. No Computer History Museum, a
"Seria bom não ter que digi- cinco minutos da sede do Google, estão
tar tanto", conta o engenhei- os computadores mais importantes da
ro Bálint Miklós, que cuida história. São marcos tecnológicos in-
do Gmail. Pensando nisso, ele criou o críveis, criados por empresas que pare-
que talvez seja o mais impressionante ciam imbativeis. Mas foram aniquiladas
dos inventos de inteligência artificial do ou viraram sombras do que eram . O
Google: o Smart Reply, um sistema que Google sabe que não está imune a isso.
lê emails e responde sozinho. Bálint tem Tanto é que seus fundadores, Larry Page
a expressão fechada e séria. Só de olhar, e Sergey Brin, colocaram a réplica da
você jamais adivinharia o que fazia an- ossada de um dinossauro, em tamanho
tes do Google - foi vice-campeão nacio- natural, no meio do campus. A mensa-
nal de patinação artística na Romênia, gem é clara: quem não evolui é extinto.
sua terra natal. Ele só se anima ao falar Por isso o Google, mesmo no auge do
sobre a inteligência do programa. "Às sucesso, decidiu se reinventar.
vezes o algoritmo entende até piadas", Tem boas chances de conseguir.
conta. A novidade faz parte do lnbox, Além de investir pesado em inteli-
aplicativo que é uma espécie de versão gência artificial, está distribuindo os
experimental do Gmail, e já pode ser fru tos: liberando boa parte do que de-
baixado na loja Google Play. Conforme senvolve, numa plataforma de código
você usa o app, ele vê com quem você aberto chamada Tensor Flow (o nome
mais conversa, os assuntos que comenta vem de uma operação matemática re-
e até o estilo da sua escrita. Depois de alizada pelas redes neurais) . A ideia é
alguns dias, começa a sugerir respostas que outros pesquisadores e empresas
curtas para os emails. Sempre apresenta usem a Tensor Flow em seus próprios
três opções, para que você escolha a projetos. Se isso acontecer, o Google
melhor (também dá para ignorá-las e dominará esse mercado - como hoje o
escrever você mesmo). Funciona super- Android, que ele também distribui de
bem. Mas, por enquanto, só em inglês. graça, domina os smartphones.
A inteligência artificial do app Goo- No meu último dia em Mountain
gle Agenda, poroutro lado, já funciona View, os carros autônomos fi nalmente
na versão em português. Você define dão as caras. Vejo um, dois, três, quatro
uma meta, como fazer exercício ou es- rodando pela cidade. Ninguém dá bola,
tudar um idioma. Aí o robõ encontra eles já fazem parte do cotidiano. Daqui a
tempo livre na sua agenda - e vai ajus- um tempo, talvez seja difícil imaginar a
tando isso de acordo com a sua roti na vida sem eles. Como é, hoje, impossível
(ele deduz o que você fez ou deixou imaginá-la sem o Google. O
AGOSTO 2016 SU PER 33
R• portaq••
Otavio Cohen
Desi gn
Inoro Ns rão
Foto
fõiióS Arthuzzi
Edi ção
Tiago Jokura
 Ele enxerga o mundo pelo nariz, mas aprendeu a nos olhar nos olhos, virou
parte da família e conhece mais sobre nós do que nós mesmos. Entenda como
os primos dos lobos domesticaram o homem e se transformaram em cães.

MEU DO N O P A R A de re-
.J,
pedaço de pão a metros
pente. Uma faixa de pelo de distância para me
ao longo das costas até puxar até lá. Nesses mo-
o cóccix se arrepia. A mentas ferozes, Legolas
AMIZADE
boca, que normalmen- me lembra que, apesar de
HISTÓRICA
te esboça algo parecido ter nome, cama, frequen-
com um sorriso, agora tar uma creche, ser ótimo
está fec hada, e o nariz com crianças e fazer su-
faz movimentos quase cesso no Instagram, ele
imperceptíveis. Apesar é u m cachorro . E que,
de andar sempre ao meu como todo cachorro, é
lado, Legolas me arrasta meio lobo. llmila.C.
em direção a seu alvo. O Quer dizer, mais ou Osances·
trais dos
motivo da transformação menos . Em 2014, cien- cachorros
do meu labrador brinca- tistas de Universidade seaproxi·
!hão em um cão de caça de Uppsala, na Suécia, mamde
é um gato do outro lado compararam os genomas humanos.
da esquina. Em dois anos de algumas raças de ca-
de convivência, ele sem- charro com os de outros 300a.C.
pre gostou de perseguir caninos, incluindo lobos Alexandre,
gatos na rua, e nunca de de regiões em que teria o Grande,
usa
maneira amigável. A úni- se iniciado a domestica-
cachorros
ca outra coisa que surte ção dos cães pelo homem com arma·
nele um efeito parecido (Croácia, China e Israel). duras nas
é comida. É enxergar um O que descobri ra m foi batalhas .
36 SUPER AGOS TO 2016
que os genes dos cachor-
ros são parecidos entre
si, mas não tão similares
aos dos lobos de hoje em
dia a ponto de dizermos
que um evoluiu do outro.
Aliás, os traços genéticos
que com partilham têm
mais a ver com cruza-
mento entre as espécies
do que com uma descen-
dência direta. Então, de
onde vieram os cachor-
ros? Uma possibilidade
é que tanto cães como
lobos evoluíram a partir
de um ancestral comum
já extinto entre 9 e 34 mil
anos atrás. Cachorros não
são lobos, ao contrário do
que sugerem os gurus do
adestramento na TV.
A ideia mais aceita
hoje é que, cerca de 13
mil anos atrás, a tal es-
pécie canina ancestral
percebeu que andar pró-
xima a lugares por on-
de os homens nômades
passavam era uma boa.
Afina, era comum sobrar
restos de comida nessas
áreas. De cara, evitavam
contato d ireto com hu-
ma nos, aquela espécie
desconhecida e poten-
cialmente perigosa. Mas
alguns caninos menos
medrosos chegaram um
pouco mais perto, em
busca de restos mais
nobres. Os humanos vi-
ram vantagem. Aqueles
bichos percebiam coisas
que os homens não eram
capazes de notar, como a
presença de predadores e
a proximidade de presas.
Era o início da amizade.
A domesticação d e-
morou a acontecer. O
homem de 13 m il anos
atrás não era exatamente
um cara civilizado com
moradia fixa a ponto de
ter um animal domésti-
co. Nos milhares de anos
seguintes, os humanos
foram selecionando os
bichinhos mais dóceis e
descartando os agressi-
vos. Foi a invenção doca-
chorro. Uma seleção ar-
tificial tão eficiente que
foi reproduzida em labo-
ratório. Nos anos 1960, o
geneticista russo Dmitry
Belyaev começou a criar
raposas em cativeiro. Por
40 anos, liberava as mais
simpáticas para cruzar e
gerar raposinhas. Mais
de dez gerações depois,
elas m udaram fís ica e
psicologicamente. Lam-
biam, pediam carinho,
interagiam com huma-
nos, tinham orelhinhas
caídas quando filhotes,
rabo em pé e focinho
mais curto que seus an-
cestrais selvagens. Vira-
ram cachorros.
A história das raposas
é uma evidência de co-
mo a espécie humana é
capaz de moldar outras
espécies. Mas, no caso
dos cachorros, fomos
longe demais. Basta ver
como a obsessão por ra-
ças perfeitas por meio de
cruzamentos de indiví-
duos da mesma família
criou cães como o pug,
que não respira direito
e pode morrer se fizer
muito esforço físico. O
abuso de poder está tam-
bém em pequenos gestos.
Adoramos dar banho e
encher os cachorros de
perfume, tirando-lhes
o cheiro natural: o do-
cumento de identidade
deles. Resumindo, esta-
mos descachorrizando
os cães. Eles têm roupas,
vão à creche, ganham fes-
ta de aniversário - e há _,.
 ATIREI ••• QUEM NU N CA
cedeu à carinha de um
cachorro pidão implo-

PRIMEIRA rando por comida ao

pé da mesa. Cientistas

PEDRA... da Universidade
Lincoln, EUA, notaram
que, diante de duas
pessoas comendo -
uma com os olhos
vendados e a outra
não-, os cachorros
se aproximam da que
est á sem a venda. Os
dogs acreditam que
há mais chances se
conseguirem contato
visual. Eles Leem os
gestos humanos tão
bem quanto os sinais
vindos de outros cães.
 quem garanta que eles política nacional, a tem- cachorro quase não para
amam tudo isso. Mas, parada mais recente de de inspirar. O órgão vo-
quando atribuímos aos Game ofThrones (incluin- meronasal está em plena
cachorros sentimentos do o destino dos lobos atividade o tempo todo,
humanos, como inveja, gigantes dos Stark), esta sempre recebendo novas
ciúmes ou alegria, nos revista, uma montanha de informações. já reparou
esquecemos de que eles dinheiro - é irrelevante. que é difícil perceber que
funcionam de um modo Para Von Uexküll, só é está vazando gás no fo-
muito diferente do nosso. possível compreender a gão se você estiver na
Não é assim que se trata pulga ao levarmos em cozinha desde o início
o melhor amigo. conta o ponto de v ista do vazamento? Seu cére-
dela. Essa perspectiva bro é programado para se
culiar recebeu o no- acostumar com odores,
de umwelt (algo como mesmo os mais desagra-
biente", em alemão). dáveis. Cães jamais se
mwelt do cachorro é acostumam. Cada lufada
mais complexo do é carregada de novida-
EI Ili q e o da pulga que se des. Eles sentem cheiros
Ili h. speda nele. E muito de maneira tão específica
111111, erente do seu. que não é de se espantar
m cão não liga para que o odor sirva como
Ili a agnífica vista do par- identificação na socieda-
q em que passeia. Para de canina - cada cão tem
e1 , importante é cheirar. seu cheiro único.
N nhum sentido é tão O biólogo Marc Beko-
çado num cachorro ff, um dos maiores espe-
ência do comportamento quanto o olfato. Ele tem cialistas do mundo em
animal ao propor ver o 220 milhões de células cachorros, desenvolveu
mundo pelos olhos de olfativas, 100 mil vezes um teste para ver se seu
uma pulga. Esse parasita mais do que você. Além cão reconhecia o cheiro
não tem uma vida muito de terem mais receptores do próprio xixi diante
variada. Ele não enxerga de cheiros, eles têm tipos de várias amostras de
e não liga para barulhos. diferentes de células oi- urina de outros animais
De todos os cheiros do fativas. lsso faz com que 1884 na neve. jethro passou no
Surge o
mundo, só um importa: não só cheirem melhor: American teste sem dificuldade. O
o de ácido butanoico, eles cheiram de um jeito Kennel caso da "neve amarela",
presente em manteiga , que você nem imagina Club. Hoje, publicado em 2001, ficou
em alguns queijos e no que é possível. Entre o oAKCreco· famoso porque esclareceu
nhece 200
suor de animais de san- céu da boca e a parede in- raças, mas
que os cães têm muito
gue quente. Para a pulga, ferior do focinho, há um estima-se mais facilidade em se
encontrar um desses ani- aparelhinho muito útil haver mais identificar pelo olfato do
mais é como ganhar na chamado órgão vome- de 700. que pela visão. Coloque o
loteria. Ela morde, suga ronasal, uma espécie de seu filhote diante de um
um bocadinho de sangue decodificador de odores. 1923 espelho e ele logo per-
e pronto, sua missão na Tudo o que entra pelo na- RinTinTin derá o interesse naquele
Terra está completa. Se riz é processado e trans- estrela no bichinho peludo fofo, mas
cinema.Em
a pulga pudesse falar, só formado em informações completamente inodoro.
1929. foi o
diria que há três tipos de no cérebro canino. mais votado Só tem um cheiro que eles
coisas no mundo: lugares O aparelho olfativo para Levar conhecem tão bem quan-
para esperar surgir no ar tem outra peculiarida- oOscar to o próprio, e é o seu.
o cheiro de ácido buta- de. Quando o cachorro de Melhor Para os cachorros, nós
Ator, mas a
noico, superfícies com expira, cria uma peque- somos nosso cheiro. Seu
Academia
ácido butanoico e sangue na corrente que empurra eliminou -o tênis é uma extensão do
(que está cheio de ácido ar de volta para dentro. por não ser seu corpo, e isso explica
butanoico). O resto - a Em outras palavras, um humano. por que eles se interessam
38 SUPER AGOSTO 2016
tanto por nossas roupas
quando estamos longe.
Humanos podem de-
morar até reconhecer
um amigo que mudou
a cor do cabelo ou fez
uma cirurgia plástica no
rosto. Cães reconhecem
na hora. Não importa se
você usa perfume francês
ou se não toma banho
há três dias. Eles sabem
que você é você porque
são capazes de te cheirar
por dentro. É por isso que
existem cães treinados
para identificar doenças
como diabetes, câncer, ou
até esquizofrenia. Mais
do que identificar aromas,
eles os interpretam. Se
percebem uma quanti-
dade maior de adrenali-
na no seu sangue, sabem
que você está nervoso. Se
identificam feromônios,
percebem que você está
excitado. E, se tiverem
alguma dúvida, eles con-
firmam com o olhar.
Para a maior parte das
espécies animais, olhar
nos olhos é sinal de ame-
aça. Quando um lobo é
encarado, o u ataca ou
desvia o olhar e se afasta,
porque acha que está em
perigo. Até chimpanzés
evitam o contato visual
longo. Para os dogs, vale
a pena sustentar a mirada
para obter informações
sobre os humanos com
quem interagem. Esse
comportamento raro em
outras espécies é prova
do vínculo milenar entre
nós e eles - milênios de
coevolução resultaram
em cachorros adaptados
para decifrar nosso olhar.
Temos a sensação de que
nos entendem. E enten-
dem mesmo, mas de um
jeito todo particular. ｾ＠
 CACHORRO S de-

FARO t ectam rastros quí-

micos produzidos

Rll pelo corpo. Assim

como farejam
drogas no ae ro-
porto, eles podem
se r treinados para
.· detectar odores de
células cancerosas
ou a alta concen-
traÇão de glicose
no sangue, comum
na diabetes. Mu-
danças ｾｯｲｭｮ｡ｩｓＧ Ｇ＠
e de pressão,
volume de suor,
tudo isso altera
sutilmente nosso
cheiro. E isso não
passa batido por
foci nhos can inos.

11111111
IEflEllU
ck russell terrier, e publi-
cou o vídeo na internet.
Assisti-lo é revelador. A
visão dos cachorros é po-
voada por pernas, sapatos
e meias, cheia de pneus
de carros, raízes de árvo-
res, pés de mesa, cantei-
ros e jardins_ Para eles, o
chão é limite. A imagens
que as câmeras humanas
captam da experiência
canina, porém, são li mi-
tadas para representar a
experiência sensorial ca-
nina como um todo.
Que o olfato é impor-
tante para eles, já está mais
que claro. Cheirar o tra-
seiro de outro cãozinho
na rua é o equivalente ao
nosso "bom-diá'_ Mas es-
se gesto também mostra
como eles lidam com o
espaço individual. Entre
humanos, é cada um no
seu quadrado. Pega mal
encostar em desconheci-
dos na rua. Já os cães não
têm cerimônia. Põem o
nariz na nossa virilha para
saber por onde andamos,
lambem nossa perna e se
aconchegam para uma so-
neca. Tudo o que está ao
alcance do cachorro é dele_
Mas, se for grande demais
para caber na boca, eles
deixam para lá_
Assim como a pulga,
cachorro também divi-
de as coisas do mundo
em categorias a partir da
maneira como interage
.tJO SUPER AGOSTO 2016
elas. Um ursinho especializada em caninos quanto brincar_ Não é à
pelúcia, um graveto e e autora de A Cabeça do toa que escolhemos os
a bola de pingue-pon- Cachorro_ Adestradores cães como amigos_ Ou
são praticamente a sempre chamam aten- será que foram eles que
sma coisa: estão na ção para o jeito como os nos escolheram?
egoria "mastigáveis"_ comandos devem ser en- Independente dares-
biscoitinho em forma sinados. Um "senta" firme, posta, é evidente que
osso é tão comestível com entonação assertiva, muitas características
nto uma maçã. Tudo jamais será confundido caninas foram surgin-
é grande demais pa- com a palavra "senta" co- do em resposta a tra-
omer, morder, sentar loquial no meio de uma ços humanos_O latido,
ou rolar em cima não faz frase. Comandos verbais por exemplo, tem toda
diferença na vida dele. têm mais a ver com o tom a pinta de ser um ins-
A não ser que essa coi- de voz do que com o sig- trumento desenvolvido
sa se mexa: cães adoram nificado das palavras usa- para se comunicar com
coisas que se mexem . das_ Ainda mais quando o homem, que é tão ver-
Um cachorro pode latir são associados a gestos. bal (lobos não latem)_
incansavelmente para Cachorros também Para compreender seus
alguém deslizando so- são excelentes em leitu- companheiros bípedes,
bre um skate e se calar ra corporal. Identificam os cães aprenderam até
no momento em que a a metros de distância se uma habilidade men-
pessoa para_ Aos olhos o outro cão que vem na tal que só existe tão
dele, o gato parado na direção oposta é amigável desenvolvida no pró-
esquina se transforma, ou não. Se for, em segun- prio homem. Trata-se
num passe de mágica, em dos, eles podem engatar da teoria da mente, que
outro gato quando foge - uma brincadeira. Nos é a capacidade de ima-
e o gato correndo é bem poucos segundos entre ginar o que passa pela
mais divertido_Observar o encontro e a interação cabeça de outra pessoa_
o comportamento de um física, eles trocam vários Cachorros também têm
cachorro num passeio dá sinais_Estender as patas bons palpites de como
muitas dicas sobre como para frente e baixar o vamos nos comportar
eles sentem o mundo. Se focinho é um dos mais em determinadas situa-
um cão late para o nada, é con hecidos: significa ções, mesmo tendo uma
sinal de que ele percebeu que ele quer brincar e teoria da mente menos
algo que você não notou_ está convidando seu mais refinada que a nossa _
Se não for um cheiro for- novo amigo. Ao longo da E eles usam e abusam
te é grande a chance de 1957 brincadeira, eles estabele- desse superpoder_
ser um barulho quase Abordo do cem limites e contam um
Sputni k 2. a
imperceptível_ Enquanto cadela Laika
para o outro se a mordida
humanos escutam nu- é o primeiro foi muito forte ou se a
ma frequência de até 20 ser vivo patada machucou.
kHz, cachorros podem a entrilr Está aí outra peculia-
percebem sons bem mais na órbita ridade dos cachorros em
terrestre.
agudos, de até 45 Hz. r_elação a outros bichos. ANTRDPÓ·
Além de escutarem E raro encontrar no rei- LDGDS
bem, também são bons 1967 no animal espécies que DE QUATRO
Os Beatles
ouvintes. "Já que não fa- brincam na fase adulta.
lam, eles prestam mais
lançam A
É que o risco da brinca-
PATAS
Dayinthr
atenção no ritmo de nos- l.ife. co m deira é grande. Rolar na
sas frases, no tom de nos- trechos grama pode machucar e LEGOLAS P ERCEBE O
sa voz, na exuberância de ｮｵｭ｡ｦｲ･ｾ＠ gasta uma energia que cheiro de pão da padaria
quência que
um ponto de exclamação faria falta mais tarde. entrar pela janela e sabe
humanos
e na veemência da caixa não ouvem,
Mas a sociabilidade fala que é hora de acordar.
alta", escreveu Alexan- mascachor- mais ai to - e nada esti- Eu mudo de posição e
dra Horowitz, psicóloga rossim . mula tanto a sociabilidade fin jo que ainda estou ｾ＠
 A Q UELE PA PO de

GRANDE que o dono do cão

precisa ser o macho

FAMÍLIA alfa da matilha é

lenda . Para a pesqui-
sadora Alexandra
Horowitz, isso
não se aplica aos
cachorros, que não
caçam em grupo e
socializaram com
humanos. Eles
demonstram
apego (preferência
por uma pessoa),
enquanto Lobos não
têm apego nem sen-
tem medo de serem
abandonados.
 dormindo, mas ele sabe inacreditáveis poderes A, monitorou o cére-
muito bem que não. Em físicos, faz com que eles de cachorros expostos
segundos, está na porta estejam no topo da !is- D árias amostras olfati-
do quarto, pronto para o ta de bichos adaptados 1111111110 (cheiros de cães des-
passeio da manhã. Ele é para viver perto de nós. hecidos e conhecidos,
E IEI
paciente, normalmente Nem os primatas mais anos desconhecidos,
espera com calma até espertos são tão bons em Hlllll es mesmos e de seus
eu me vestir, sair doba- entender, por exem pio, se dô os). Na hora em que
nheiro, encher a vasilha apontamos numa direção. s tiam o aroma dos do-
de ração, pegar o rolo Cachorros conseguem, n , uma parte do cérebro
de saquinhos plásticos, principalmente se mos- ada núcleo caudado,
uma porção de petiscos, tramas com o dedo onde para meu cachorro após associado a sensações de
e a guia de couro mas- está a comida ou o brin- 20 dias fora. Ele pensa prazer e às primeiras fases
tigada. Mas, se enrolo quedo. Mas o superpoder que não vou mais voltar, do amor, intensificava a
mais do que o de cos - de prestar atenção nos po is nunca passa mos atividade.
tume para sair da cama, mínimos detalhes tem tanto tempo separados. Cachorro costuma
ele começa seu próprio uma contrapartida: eles Fiquei fora tempo o su- gostar de gente. Ao verem
ritual. Primei ro, chora não sabem generalizar. ficiente para que ele já fotografias de humanos,
baixinho. Depois, solta São capazes de perceber não me esperasse mais no reagem como nós, do
um latido fino. Se não as milhões de nuances horário de sempre. Abro a ponto de vista da ativi-
adiantar, começa a puxar no aroma de uma raiz de porta e vejo Legolas dei- dade cerebral. O córtex
o edredom com a boca. árvore, mas não necessa- tado no sofá com as ore- temporal, que processa
"É hora de levantar, está riamente sabem que estão lhas em pé, arrancado de informações complexas,
um dia particularmente numa floresta . Cheiram um sono profundo. Nos 5 como microexpressões
cheiroso lá fora. Ante- uma árvore de cada vez. minutos seguintes, vejo-o faciais, fica ligado. Essa
ontem foi assim, ontem "Viver sem capacida- correr pela casa, subir e sintonia faz deles exce-
também, e hoje será a de de abstração signifi - descer escadas trazendo lentes animais de serviço
mesma coisa. Não há na- ca encarar cada evento o primeiro brinquedo que (como guias para cegos)
da que você possa fazer e objeto como singular", viu pelo caminho, rodo- e terapêuticos. Depois do
a respeito, humano", eu diz Horowitz. Uma das 2007 piar, pular, cheirar minha atentado de 11 de Setem-
Nascem
falo, imitando a voz que possibilidades da cons- os primei- calça, passar por baixo das bro, mais de 500 cachor-
inventei para ele. ciência humana é pensar ros clones minhas pernas, dobrar- ros foram designados pa-
Jakob von Uexküll sobre o pensamento. Pa- caninos se para que eu coce seu ra consolar e amenizar o
não escreveu sobre o ra um cachorro, pouco do mundo: lugarzinho preferido na trauma de sobreviventes
sete
umwelt de cachorros, só interessa a filosofia. De filhotes de
base da cauda, tudo is- e familiares das vítimas
sobre o das pulgas deles. acordo com o umweltca- labrador. so ao mesmo tempo. É em Nova York. Eles tam-
Mas Alexandra Horowitz nino, só interessa o aqui o melhor momento de bém são os únicos bichos
tem alguns palpites de e o agora . Isso explica nossas vidas. que bocejam quando nos
como é um dia na vida por que não é uma boa 2013 Comprovado: ter um veem bocejando. Sinal
si milhões
do cachorro. "Nós somos ideia dar a bronca no de dogs cachorro amigável por claro de empatia.
a primeira fonte de co- cãozinho que destruiu vivem perto faz despencar o Graças a essa cumpli-
nhecimento sobre o dia: a almofada enquanto vo- em lares nível de cortisol (hormô- cidade milenar, tem os
organizamos o dia doca- cê estava fora . Na mente brasi leiros, nio do estresse) no corpo. hoje ao nosso lado cães
contra 33,9
charro em paralelo com o dele, aquilo aconteceu há milhões de
Ao mesmo tempo, sobe de companhia, de guarda,
nosso, fornecendo dicas tanto tempo que não há crianças até a concentração de ocito- de serviço; cachorros que
e cercando-o de rituais", conexão possível entre o 14anos. cina, um hormônio que arrancam aplausos em
escreve a pesquisadora. ato e a punição. Aquela desperta a sensação de competições ou risadas
Se eu me movimento de carinha de culpado en- 2016 apego e amor, o mesmo no YouTube. Quanto mais
manhã na cama, está na
cara que já acordei. Lo-
gana. Ele só está assus-
tado com sua reação e
Morre, com
30 anos, a
liberado nas mulheres
durante o parto. Do lado
a ciência se dedica a des-
vendar os segredos dos
.
i
ｾ＠
go, está liberado implorar
pelo passeio.
não faz ideia do motivo.
A bronca só vai estra-
australlan
kelpie
de cá, é amor verdadeiro
correndo na veia. Do lado
nossos melhores amigos,
mais claro fica quem é
o
Maggie - ｾ＠
A teoria da mente ru- gar o momento preferido cão mais
de lá, rola algo bem pare- quem na amizade milenar ｾ＠
li
dimentar que os cachor- do cachorro: o encontro longevoda cido. Em 2015, o pessoal entre o Homo sapiens e o "i
ros têm, aliada aos seus com seu humano. histó ria. da Universidade Emory, Canis famíliaris. 0 :
42 SU PE R AGOSTO 2016
 A CON IXÃO entre

llHA cães e gente sugere

que a domesticação

EllllE não tenha sido

produto exclusivo

(EISSI) da ação humana.

"Talvez os cães
tenham mostrado
como queriam ser
domesticados. Isso
acabou levando nos-
sos antepassados a
desenvolver relações
mais complexas com
outras espécies",
sugere o neurocien-
tista e antropólogo
Greg Downey, da
Universidade Mac-
quarie, na Austrália.
TRANSPARÊNCIA

Todo parlamentar tem d ireito a um a ve rba mensal d urante se u ma nda to - o din heiro sai do bolso dele para vo ltar po r ree mbo lso. Cada

Como ler As categorias

este gráfico S EN A DO CÃ MARA

ｾｴｲﾺ｡ｬ ｲ ｾｮｴ｡＠ O Despesas de escritório Combustíveis e lubrifi cantes

parlamentar em cada O Materiais de escritó rio O Consultorias e trabalhos t écnicos
categoria. O tamanho O Contratação de consultorias O Divulgação do parlamentar
indica o valor, e as cores
mostram a d espes a. Divulgação do parlamentar O Passage ns aéreas
Transporte, hotel. comida O Aluguel de carros
e gasolina O Manutenção de escritório
R$10.000 O Passagens aéreas e outras
O Telefonia
Segurança privada
Outros'
R$ 50.000

R$150 .000

R$ 300.000

• Orça-
mento
RS 20 a45 mil
é o valor que cada pa rla-
mentar tem para gasta r
por mês. O tet o varia co n-
forme o Estado de o rigem
dele: quanto mais lo nge de
Brasília, mai or o custo de
passage ns aéreas - e ma ior
o orçamento. Em 2015, nin-
@
l indbergh Farias
®
Aéc i o Neves
guém ult rapassou o Li mite. (PT-RJ) (PSDB -MG)
RS 242, 7 MI L R$213, 8M IL
Mas será que seu dinheiro
est á sendo bem gasto? Lidera os gastos com Seu escritó rio é o
passagens aéreas: mais caro: foram R$
torrou R$ 40 mil a 14 mil com condo -
mais do que o segundo mínio e alug ue l.
maior viajante.
Em com pensação,
econom izou com
ｾｚ ｾ ｩ ｲ ･ ｾ ･ ｾｧ ｳ Ｎ＠

Senadores
Cota Parlamentar de R$ 21.045,20 (DF)
a R$ 44.176,60 (AM) .

ｆｯｴｳ ｄｬｶ ｵ ｬｧｾ＠

centavo precisa se r declarad o no Portal da Tra nspa rência. A SUPER an alisou todas as despesas dos nossos senadores e deputados em 2 015 .

!nf!!Jlráfic a
Carol Castro , Flávi o Pessoa , Ha r co Túli o Pires e Pd111ela Corbonori

Torra-
torra
A ponta do
® iceberg
Vinícius A cota é só uma
Gurgel parte do borderô
(PR-AP) anual dos nossos
R$ 229,15 M I L
ｾｱｵ･ｭ＠ mais polít icos.
gasta com ;ilu-
guel. Ma nteve R$33.JS3
6escritórios SALÃ.11:10 M ENS AL
<1omesmo
tempo - 4 só
em Macapá. Câma r a•
(47%dogut o
an ual).
RS 242,5MILHÕES
Salários dos
deputados
André Moura
® HS 5D7,4MILHÕES
(PSC-SE) Salários dos fu ncio-
R$ 2.45,8 MI L nârios do gabinete
Apostou mais
HS 4,3MILHÕES
• eg;, ｾｩﾪｊｃＺ＠
Gastou 66% da
Castos com saúde
cota com redes HS 9,8MILHÕES
sociais, $râfica Auxilio-moradia
e cl1pping.
1$1&411LllEI

Átila lins
©
Se na do •
(PSD-AM)
RS 33' MI L
750Jodas HS38,3MILHÕES
Salários dos
､ ･ｳｦｵｾ］＠ ｾＺ＠ senadores
viajar de ｡ｶｩｾｯＮ＠
A distância HS 3,9MILHÕES
justifica o Outros gastos
gasto? ｩｾＺｴｬ＠ ca rros

@ HS96B MIL
Auxilio-moradia
Co nceição
Sampaio HS312,9MILHÕES
(PP-AM) Salários do gabinete
RS 51 MI L
Gastou seis RS 3.4MILHÕES
vezes menos Castos com saúde
ｰ｡ｲ ｩ ｲ ､ｾｍ｡ﾷ＠
naus ao DF. I USl,HILllES
TOTAL

Câmara + Senado
Deputados
Cota Parlamentar
1$1,12311
de R$ 30.788,66
(DF)a RS
4S.612,S3 (RR) Equivale a :
46% do corte no
Ministério da Saúde
eml016.
1/4 d a ve rba do
Pronatec em 201S.

' Ac:umulitdo l"m 1.015

AGOSTO 2016 S UPER 45

 Senadores Deputados
Despesas de Materiais de =Consultorias
escritório ' escritório
Divu lgaç,ão Transporte, : Passagens
hotel, aéreas
Segu rança
privada
Revistas
e jornais ! ｣Ｚ［ｾｳ Ｚﾷ＠ ｵ Consu ltorias
e t rabalhos
Divulgai; ão
gasolina e outras : lubrifi cantes técnicos
e com ida

. .

1.000
•• ••
.
.

.Q uem
.
.

Cascol
Cal
••
U .tel.UI

N" DE
PARLA -
·r ecebeu ; RS1 .117.081 :

MENTARES
ATENDIDOS
PELA S
essa
:b otada
EMPRE SAS

,As compan hias aéreas Latam

.são as campeãs, segui- . R$1 .868 .011
das pelas ｴ･ｾｦ￴ ｮ ｩ ｣｡ｳＮ＠

100 Mas algumas empresas

'pequ enas se'destacam
,por receber ya lo res
altos de um bu po ucos
,pa rlamentar;es. : Nascimento =
; Comunica-
çào
R$ 788 .299

Vivo
11$ 281. 0 !59 •
••
Jefferson
Coronel
: 11$ 210 .000

' O pu blicitá -
10 rio prest ou
serviços
•
apenas a
Oma r Azi:r:

1 (PSD·AM).
Fatu rou
55%dacota ·

•
• .
anual do
' p<trfa mentar. j

• Petrobras
R$172 . 9H

·-;
Grupo
Gr6Jica E · Citei Service Estado
Editora RS 300 .67.4 ; RS 18.250
Paranaíba
R$ 216.780 t ! !
-' ,_ ;

Como ler Os círculos mostra m quanto as emprt"sas rt"cebe-

ram por ano em cada categoria. Quanto maio r a R$1 0 .000 R$10 0.000
este gráfico circunferência deles, ma ior o mont ante.

EMPRESAS• QUE MAIS RECEBERAM DO SENADO

( EX:CET O CO MPANHIAS AltR!.AS E TELEFÔNICAS)

LM TURISMO (},GtNC/A DE V/AfJEN!i) 358,3

CITEL SERVICE {SEGURANÇA VIRTUA() 300 ,6
ORÃFICA E EDITORA PARANAÍBA 216,7
JE FFERSON CORONEL (PuBLICIDADf;) 210 'o QUE FE RNAND O CO LLOR ( PTC-AL) dest inou à segurança
VUP TURI SMO Ｈａｇｾｎｃｊ＠ DE VIMENS) 200
elet rô nica. O valor equivale a lf4 do q ue os outros sena-
dores gast a ram com esse serviço. E esse dinheiro todo
"Em R$ mil parou nas mãos de uma só empresa: a Citel Service.

46 SUPER AGOSTO 2016 Foto1 Pedro ｦｾＢＡￇｩｬ ＯａｧｬＡｮ｣ｩ＠ Senado: AntõnioCruz/Agl!nclil ｂｲｾｩｬ＠
Comida Hotéis = Aluguel de Aluguel Aluguel Manu- Cursos ou Passa$.ens = Segurança Tá>C i, pedá- Serviços Telefonia
fora do DF aeronaves de barcos de carros tenção de palestras de ônibus privada $io e esta - postais
escritório o u barco ·c1onamento

Somente

Sen.c
3
ｾ＠
Rt 33!i.727

Foram deputados
9.730 investira m
refeições em cursos
lá - uma
média de
R$34,5 por
ｾｲＺＡ､ Ａ ］＠
Baldy
a lmoço . (PTN-GO),
Beto
Rosado
(PP-RN)
e Alex

r
Canziani
C1ntr1l (PTB- PR).
Net
Park RS 277.142
R11t1u-
rante C.a nz iani
R8911. 000 destinou
R$5,3mll
para pa les-
t rassobre
ｧ･ｳｴｾｯ Ｎ＠ Os
Localiza outros dois

• Curitiba :
Palace Hqtel
foi o hotel que mais
AS 625 .099
cursos
fizeram
demedi;:i
t raining
recebeu de 1,1m por R$ 7,5
único deputado. mil cada .
Nelson MeUrer
(PP-PR) dei)t:ou R$
62.720 por lá - o
ｾＺ ｩ ［ﾪｾＡｧｲ ｩ ｾｩ Ｍ

•
Empresa
Gontijo
AS 12 .036
10

• Staff
R$1 22 .000
•
• Marlon
Santos
Gamboa António
Augusto
R$10 .500
Pa ssos
RS 7 .6 H
- ·- - -

R$10.000 .000

11 1\lPRl!SA S" QUE MAIS RECEBERAM DA CÂM ARA Eduardo Cun ha

( EXCETO C IAS AERE A S E TELEF O NIA )
(PMDB -RJ)
AS 124 .8,7,119
CORREIOS (SERVIÇO POSTA(} 3.991
CASCOL COMBUSTIVE1S (POSTOS DE COMBUSTÍVEfS) 1 .149 ,, Usou mais o telefone do q ue
OS CONSULTOR!" EMPRESARIAL 962 ,8 ｾＡ Ｚ ､ｳ｣ｩｺｾ Ｎ ﾺ ｾ ･Ｚｾ］ｴ ｬ＠
AS '9 MI L DA COTA
N"SCIMENTO COMUN ICAÇÃO (tDMUNICAÇÃD) 788.2
de Cunha - foi quem mais
CLOUO TECHNOL OG Y 879 ,3 gastou com a empresa .

AGOSTO 2016 SUPER 47

 "Ele

•
Luxo,
farra e
mora
em um
hotel"
Asses.sorio de
Rogé rio Pen inh a
Me ndonça
(PMDB -SC)
•Tudo
que vai,
volta?
fastos Essa é a justificativa
dada para o ma ior gas-
Gast os e produtividade
nem sempre são grandezas

inusitados to com alimentação

entre os deputados:
um ticket m édio de
proporciona is. Há parla -
ment ares que economizam
e partic ipam ativamente
i: o Congresso quem aprova os reembolsos dos 513 dep u- R$ 125 por dia útil.
tados e 81 se nado res em exercício. É tanta gente que fica no Co ngresso. Quando o
Co mo, na Câma ra , a
fácil imaginar quantos gastos curiosos passam desperce- invest imento tem utilidade
sem ana de t rabalho
bidos. E nossos políticos não ajudam: cadastra m despe- públi ca, ainda que cust e ca ro,
dura apena s três d ias
sas em categorias e rradas, d eixa m espaços inco mpletos. o retorno pode ultrapa ssa r os
- a diária do VR sobe limites dos gabi netes.
A preocupação é não est oura r o orçame nto. para R$ 219.

Como ler este gráfico

Edison lobão
(PM DB-HA)
O ｾｬｳＺｩ｡ｲｭ＠
em 1015. As cores indicam
os tipos de despesa.
Theresa de Ma ri a Vilas
Boas Santos alugo u um
ESCRITÓRIO EM SÃO LU IS pa ra
o senador. Ela é mãe de
Ruy Vilas Boas, advogado
da família Lo bão.

CARRO
VIVA LAS
( O MEl HOR VEGAS!
1NVEST 1MENTO
Afo nso Motta e ｾ ｾｲ［ ｲｾ ｾｊｩｲ￢･＠
produtiliridade, que varia de
(PDT- RS) O (ruim) a 2 (muito bom) ,
Tel má r i o Mota
(PDT-RR) e a posição no ranking.
Passou um a semana
Locou ca rro de
Fredne Ca rvalho
em Las Vegas, no luxu-
oso hotel Belagglo - as
e ｾ＠ ［ｾｬ＠
discursos, proposições e
ｩ ｲ ｾ＠ ｾｦ＠ ｾ ￩ｾｩｬｴ｣ｯ＠
da Rocha ao longo diárias varia m de US$ projetos de lei.
de nove m eses. Em 250 a US$ 700, em
2016, ela ga nhou um suites de 45 a 180 mi.
ca rgo no gabi nete
CUSTO : R$ 7. 087,01
dele. O deputado .H' negou O Despesas de escritó rio
a comen tar o estadia.
CUSTO: R$ 39.288 O Materiais de escritó rio

UFG!
O Consultorias
Divulgação do parla mentar
Transporte, hotel, comida
Vicentinho Al ves e gasolina
(PMDB-MA) O Passagens aéreas e outras
Segurança privada
Roberto Góes Nilton Ba rbosa
(PDT - AP) Santos recebeu d o CO NGRESS O
sena dor RS 52 mil
Assinou 10 meses de com fretamento de Combustíveis e lubrifi cantes
TV a cabo da Sky, aviões. Cu riosamen- O Consu ltorias e trabalhos técnicos
co m o s principais t e, Nilton doou RS 99 O Divulgação do parlamentar
canais de filmes em mil para a campanha O Passagens aéreas
HD - e ai nda incluiu do deputado Vicen- O Aluguel de carros
o ca nal Co mbat e, de tinho Júnior, filh o do O Manu tenção de escritório
luta livre. Haja pipoca! sena dor Vice ntin ho. O Telefonia
CUSTO: R$ 3 . 243 CUSTO: R$ 152 MI L Outros'

48 SUPER AGOS TO 2016 fotos Pedro ｆ ｲｵｩ￧ｾＡａｧ￪ｮ｣ｬ［＠ Seniido; Dlvulpçlo

 Senadores Deputados
mais gastões mais gastões

0,8 I 55 E
agora?
Vanessa Grazziotin José Pimentel Jhonatan de Jesus Wilson Filho A história
PCdoB-AM PT·CE PRB-RR PTB·PB nioacaba
aqui. Nossos
part.amenhres
continuarão
a gastar suas
cotas durante
os mandatos
.. e despesas
estranhas de·
João Capiberibe Telmário Mota Jorge Côrte Real vem continu,ar
PSB·AP PDT·RR PTB-PE a aparecer.
MHvocê
pode ajudar a
fiscalizá -los.
Basta ficar de
olho nos gastos
públicos.

Romerojucá Randolfe Rodrigues Shéridan Cleber Verde

PMDB·RR REDE-AP PSDB-RR PRB-MA

Como
fiscalizar:

o
Entre em :
camara.
gov . br/
Sérgio Petecão ElmanoFérrer Nilton Capixaba Domingos Neto cota-par-
PSD·AC PTB·PI PTB·RO PSD-CE
lamentar/ .
Por lá, é
possível
ve r as
despesas
1g 0 , 14 I 478 mensais de
cada depu·
tado e ain·
da conferi r
Davi Alcolumbre Fernando Collor Vinicius Gurgel Remídio Manai
as notas
DEM·AP PTC·Al PR-AP PR·RR fiscais .

Senadores Deputados

1
Pe l o site :
mais produtivos mais produtivos www25. sena·
do . leg. br/
web/trans-

." m
ｾ＠

• ."
parencia/
sen/ . Só não
dá parate r
acesso
ｾ＠ :; ｾ＠

" às notas
fiscais,
• ｾ＠
ｾ＠
m o
< ｾ＠ apenas um
ｾ＠
ｾ＠ ｾ＠

ｾ＠
ｾ＠ < o dete lhamente
<
ｾ＠ ｾ＠ < ｾ＠
ｾ＠ com pree n -
ｾ＠
%

ｾ＠
< ｾ＠
ｾ＠ chimento
a ｾ＠
o ｾ＠

o op cional .
l
ｾ＠
o o
ｾ＠ ｾ＠ ｾ＠
ｾ＠ < ｾ＠ ｾ＠ ｾ＠

AGOSTO 2016 SUPER 49

 P ECA

com Lego.

- MÃ E, PAl, POSSO TER UM
CACHORRO?
- NÃO. vocJi É NOVO DEMAI S.
A resposta doeu como pisar des-
calço num bloquinho de montar.
O menino magricela de 5 anos
ficou tão frustrado que pôs s ua
cidade abaixo. Ninguém registrou
o ataque de fúria, mas não sobrou
edifício em pé. Nem o pavimen-
to de paralelepípedos restou pa-
ra contar história. Não ficou peça
sobre peça. Todos os tijolinhos de
plástico do brinquedo favorito fo-
ram rearranjados para dar forma
ao cãozinho que ele não podia ter
em carne e osso. O bicho ficou
meio estranho, reto demais e com
um formato de caixa - por isso, era
chamado de Boxer. Foi assim que,
partindo de um sonho destruído
no Natal de 1978, o pequeno ame-
ricano Nathan Sawaya começou a
construir sua carreira como escul-
tor de Lego.
Ninguém imaginava que Bo-
xer seria a primeira de milhares
de esculturas e muito menos que
elas viajariam o mundo chegando
a valer mais que US$ 20 mil. "É
confuso. Quando as pessoas me
perguntam o que faço da vida, digo
52 SUPE R AGOSTO 2016
que sou artista. Se pergunta m com Vida dupla HAIMllTOI
HUM
o que trabalho, digo q ue é com Ele formou-se em 1998 e adotou
AITllTA (DO)
plástico. Só se insistirem mu ito, terno e gravata como uniforme para PÚITICO
d igo que é com Lego. É uma m í- trabalhar na Winstown & Straw, em
d ia q ue sofre muito preconceito", Nova York. "O prédio é um bloco
expli ca o autor da exposição The cinza de cimento. O tipo de constru- D
MATHANMIXA
A rt of the Brick, que desem ba rca ção que acaba com o día de qualquer umhugman
no Brasil este mês. um", lembra. Tinha emprego está- (hamem-abra-
Nascido em 1973, Nathan cres- vel, salário bom, mas uma angústia çol duocm
ce u em Veneta, O regon, 2 .500 enterrada no peito. "Chegando em nas ruas das
ddadesem
habitantes. Os Sawaya mo rava m casa depois de um dia estressante, q,.expõe.A
tão afastados que o vizinho mais em vez de ir ao bar ou à academia, lcloia6quaas
próximo estava a mais de 1 km. No sentia a necessidade de criar." En- peças fiquem
meio do nada, ele só pod ia contar tão, desenhava, pintava e esculpia. para sempre
na cidade.
-
com a irmã mais nova, Stephan ie, No inicio, com massinha e argila.
para brincar. Os dois passava m os Depois, explorando materiais como
longos dias de verão promovendo tampas de garrafa, botões e balas de
e
uma guerra sangrenta entTe Barbies goma - chegou a fazer um coração
e bonequinhos de - ad ivinhe - Le- humano com as balinhas. Até que ..........
Nathan
um'-'em
go. "M inha cidade era um complexo se lembrou de uns bloquinhos lar- raspndo
m ilitar altamente organizado. Mas gados no armário ... opoltoem
as Barbies eram mui to maiores e A primeira escultura da fase memorandos,
semp re venciam", la menta . Em madura de Nathan foi uma maçã. guanlanapos
tempos de trégua, criatividade.era Depois, vieram um telefone, um e notas fiscais.
Os esboças
lei no lar dos Sawaya: "Em toda a criado-mudo, um lápis, um caderno viraram sua
parte, havia coisas para desenhar, e, enfim, quase todos os objetos da oblamalsfa-
pintar e esculpir. Eu faz ia quadri- casa. "No começo, era só para mím, mosa· Yellow.
nhos, truques de mágica e montava mas amigos me incentivaram a abrir
blocos o tempo todo." um site", conta. Ao expor sua cole- e
AÜ AMADA•
Não surpreende que, aos 10 ção online, a caixa de email lotou de MAA de10
anos, quisesse ser um cara criativo elogios - e de pedidos. "As pessoas mil peças, o
quando crescesse: "Claro que não queriam reproduzir seus objetos artista evi-
queria passar fome, então pensei favoritos com blocos coloridos: a tava esculpir
em ser arq uiteto. Fazia sentido, ponte do Brooklyn, um barco, um mulheres,
commedo de
eu já tinha construido cidades coração, e coisas bizarras, como panicerwlgar
inteiras." Animado, foi conversar uma ambulância com orelhas de ou ofender
com um arquiteto amigo dos pais, coelho. Eu nem perguntava, mon- alguolm.
mas teve os sonhos destruídos de tava de tudo."
novo. "Ele ficava me perguntando Como um super-herói, Nathan
por que diabos eu queria ser ar- mantinha uma vida dupla: de dia,
quiteto. Desanimei e desisti." Daí, era um advogado engravatado e _.
pulou para o jornalis-
mo, profissão do avô e
da mãe. Para entender
a função, fo i trabalhar
no jornal da escola e "Levou muito tempo e con-
iniciou a graduação na
Universidade de Nova versa para a Lego entender
York (NYU) . Mas, ao
longo do curso, tro- que o que faço é bom para
cou o jornalismo pelo
Direito - opção nada eles, é propaganda."
criativa, mas que lhe
garantiria o sustento.
Foto1 Dlv ulgaçlo
 a
80MIL
HÇAS
formam um
esqueleto da
T-Rexernu-
manhorul.
Omomonto
favorito de
Nathannas
expo5lç6es
'-ª
surpresa das
atançasao
encarar o
dlno.

54 SUPEll AGOSTO 201 6 Foto • 4. Dlttulg1ç:io 5. Jim B1nn1tt

entediado; mas à noite, em casa, celeiro de um tio, no interior do país,
era o artista que transformava um por dois meses congelantes.
brinquedo de criança no que as A grana de roubadas como essa
pessoas quisessem. Quando o site serviu para montar o primeiro estú-
saiu do ar de tão acessado, teve que dio, em Nova York, que abriga mais
decidir entre a carreira nas leis e ade 1,5 milhão de peças separadas por
arte. Foram semanas angustiantes cor - no segundo estúdio, aberto
e depressivas até pedir demissão. anos depois em Hollywood, há 4
milhões de peças. Com ｡ｴ･ｬｩ ｾ＠ ins- milhões de
Vivendo de Lego talado, Nathan começou a atender
Relembrando as origens do seu celebridades, como os apresentado- peças são
trabalho artístico, Nathan aceitava res de TV Conan O'Brien e David
qualquer pedido, recusando só os Letterman, e até órgãos governa- a matéria-
mais excêntricos, como uma urna mentais. Para o Museu Naci onal
para as cinzas de um chihuahua, um da Marinha, fez uma réplica da fa- prima de
ar-condicionado que funcionasse mosa foto de soldados levantando
e uma mulher em tamanho real, a bandeira dos EUA em lwo Jima, Nathan,
pelada e com uma cabeça de gato. na Segunda Guerra Mundial.
'Também já me pediram um caixão Quando Nathan virou pop, as estocadas
para uma criança, mas eu disse não." galerias mais sofisticadas parara m
Aos poucos, foi se estabelecendo. de tirar sarro e passaram a expor seu nos estúdios
Até a Lego dificultar a brincadeira, trabalho. No começo, expunha junto
impedindo-o de usar a marca. "Le- com outros artistas. Mas a reação do deNYeLA.
vou muito tempo e conversa para público era espetacular. As pessoas
eles entenderem que o que faço é ficavam vários minutos em frente
bom para eles, é propaganda. Sorte a cada escultura, boquiabertas. A pessoas, o equivalente ao número
que eu sou advogado", lembra. Hoje, maioria nem era frequentadora de de visitantes do museu em um ano.
as partes mantêm boas relações (até museus e galerias. "Minha arte é Suas exibições começaram a
porque Nathan paga pelas peças), acessível, porque usa uma mídia ser produzidas em série, e não de-
e a companhia compreendeu que familiar. Ninguém tem tinta óleo, morou para pintar um convite em
proibir as esculturas não fazia sen- cerâmica ou mármore em casa, mas Hollywood. Dessa vez, a galeria
tido. Seria como se um fabricante muita gente tem Lego. E todo mun- queria esculturas inéditas e Nathan
de tintas proibisse pinturas, uma do pode criar com ele." Essa ligação começou a lidar com a expectativa
vez que, para Nathan, os bloqui- entre os visitantes e a simplicidade dos outros sobre o seu trabalho,
nhos são tinta, argila, grafite .. . da obra passou a mover o artista, algo que nunca havia sentido. "No
matéria-prima, enfim. que só usa peças comuns, iguais meu estúdio, sozinho, cercado por
Aos poucos, começou a tentar às que se compra em lojas: uma milhões de pecinhas, senti muito
expor em galerias de Nova York. maneira de estimular as pessoas a medo. Achava que tinha chegado ao
Só que ninguém entendia quando criar como ele. ápice aos 30, e que minha arte seria
ele explicava o que era arte com só uma moda passageira."
Lego. "Perguntavam 'tipo o quê? Carreira solo Aos 43 anos e após 74 exposições
Carrinhos e naves?"' Se no mundo A estreia só com obras próprias ro- solo em 13 países, ele está com tudo
da arte Nathan era incompreendido, lou em abril de 2007, com o vento encaixado na vida - os conhecimen-
suas peças vendiam como água. A soprando forte e frio em Lancaster, tos de advogado ajudam muito para
fama crescia junto com a magni- Pensilvânia. "Achei que seria minha negociar e não ser passado para trás
tude das encomendas: em 2007, a única exposição. Chamei amigos e no mundo da arte. Doze anos após
Coca-Cola pediu um trem de 10 m familia como se fosse meu casamen- deixar o Direito, Nathan já ganha
de comprimento para uma campa- to." Mas, horas antes da abertura, mais por mês com suas esculturas.
nha de doação de brinquedos no o diretor do museu ligou e, meio "Ser artista é bem melhor do que ser
Natal. "Eu precisava do dinheiro, acanhado, disse que adiantaria a advogado. Desculpa, mas é. Posso
então aceitei antes de explicarem abertura, porque a fila dobrava a es- usar jeans o dia todo, sair com mi-
que iria trabalhar com tampinhas de quina e sumia de vista - e estava frio nha cachorrinha e ser meu próprio
garrafa." Foi o caos: como ainda não demais. Não era exagero: em seis chefe. Se quero folga ou férias, meu
tinha estúdio, precisou trabalhar no semanas, a mostra recebeu 35 mil chefe sempre diz sim", brinca. O

AGOSTO 2016 SU PER 55

L I
 sociais,?
pessoas se -:
organizam ?
e distri-
"" buem re- . __.
médios de--
alto custo
pelo Brasil
todo. E
espalham a _
esperança
de vencer
o câncer
(e outras
doenças--
raras) com
tratamen-
tos pro-
missores - -
ainda não
ofertados
ou autori-
zados pelo
governo.
...............

Reportagem Gabriela Garcia

Foto Studio Oz
Ilustração Pedro Hamdon
Oe sigJL!!s!.yra Fernandes' -
Edi ção Carol Castro ｾ＠

AGOSTO 2016 SUPER 57

 de perder o marido para
o mesmo câncer de Ivan
enviou a ele, pelo correio,
duas caixas do remédio.
Parece um mercado
obscuro, ilícito, mas não
é. Até porque nem é mer-
cado. O ex-militar e a se-
nhora viúva fazem parte
de uma espécie de clube
virtual de doação de re-
médios. Não pagaram ou
cobraram nenhum cen-
tavo pelos medicamen-
tos. Venceram batalhas
de meses na Justiça para
receber os remédios gra-
tuitamente. E, quando o
tratamento acabou, com
finais felizes ou não, colo-
caram as sobras à dispo-
sição de outros pacientes.
Encurtaram o caminho
dessas pessoas : em vez
de esperar por meses no
Tribunal para começar
o tratamento, tiveram a
sorte de encontrar doa-
dores. "Solicitei o medi-
camento ao grupo e, por
coincidência divina, ha-
via essa senhora doando
o que restou do marido
falecido", se emociona
111
ALEX , 57, APOSENTADO
DO EXÉRC ITO, esconde
ao telefone. Tenho me-
do que esteja grampeado."
Ivan.
O tal grupo é uma
seis cartelas do medica- Ivan Veloso esteve do das páginas de doações
mento Nexavar na caixa outro lado. Precisava de de medicamentos do Fa-
de correspondência. Ca- remédios para tratar um cebook. Vera Buonomo
da pacote do remédio, câncer de próstata. Só criou a comunidade "É
ainda não distribuído que cada frasco custa- dando que se recebe" em
pelo SUS, custa mais de va R$ 4 mil. A cada mês, 2011, quando uma amiga
R$ 7 mil e serve para ele teria de desembolsar próxima descobriu que o
tratar tumores no fíga - R$ 20 mil - quatro vezes único tratamento possí-
do. Como a doença se mais do que a renda do vel para um câncer de rim
estabilizou, o ex-militar empresário. "Soube [das recém-descoberto seria
procura, na surdina, com doações de remédios] pe- o Sutent (da substância
a orientação da médica lo chefe da minha irmã, sunitib) . Só tinha um
que o tratou, novos pa- que trabalha em Belo Ho- problema: a caixa com
cientes para repassar as rizonte, mas tive receio. É 28 comprimidos custava
sobras dos reméd ios. uma zona perigosa", con- R$ 24 mil. Vera não tinha
E logo alerta: "quando ta. A ajuda apareceu mais dinheiro para custear o
precisar conversar, é cedo do que imaginava: tratamento e a amiga não
melhor não falar disso uma senhora que acabara tinha tempo para esperar
58 SUPER AGOST O 2016
uma decisão judicial para
ganhar os remédios. Ve-
ra apelou para as redes
sociais : criou a página
e pediu ajuda de outros
usuários.
A amiga faleceu me-
nos de um ano depois.
Mas o burburinho e a
popularidade da página
fizeram Vera continuar.
"Eu sou apenas uma in-
terface para esses encon-
tros. Em alguns casos me
pedem sigilo e eu, então,
coloco as pessoas em
contato sem publicar na
página". Só exige deles
duas regras: é proibida a
venda (ainda que alguns
tentem cobrar) e os pa-
cientes devem apresentar
receit a médica . Quem
recebeu remédios volta
lá para retribuir a ajuda
- qualquer ajuda, seja com
novos remédios ou com a
divulgação da página. Ou
com auxílio jurídico gra-
tuito para quem também
precisa recorrer à Justiça
para conseguir remédios
caros. Assim, a rede fun- ｾＮｲＺ Ｚ ＺＮﾷｾ＠
ciona bem, numa ｲ･ｴｯ｡Ｍ ＺＧｾＢ ﾷ＠ · •.·.::
limentação sem fim. p ｾ＠
No caminho da lei
Adalberto Enedino, o
Dadá, recebeu apoio de
um desses advogados.
Diagnosticado com cân-
cer nos rins e no pulmão,
em fevereiro, precisava do
mesmo remédio que Alex,
o ex-militar, esconde hoje
na caixa de correio. Não
encontrou doadores, só
uma família disposta a
dar um bom desconto no
medicamento - em vez de
R$ 7 mil, a caixa custaria
de R$ 1 mil a R$ 2,5 mil.
Fez uma vaquinha com 24
amigos para começar logo
ºNome fict ício
o tratamento. Ainda as- documentação até uma
sim ficaria pesado contar unidade de remédios
sempre com ajuda para de alto custo. Como era
bancar toda a despesa . A esperado, não conseguiu
saída, então, foi recorrer remédio nenhum. Pediu a
à Justiça. cópia do protocolo dope-
Com a ajuda da so- dido e encaminhou tudo
brinha e o auxílio do ad- ｰｾ＠ o advogado.
vogado, Dadá descobriu E a partir daí que co-
como percorrer esse ca- meça todo o processo
minha. A jornada come- jurídico. A primeira ten-
çou com uma visita a um tativa pode ser por meio
posto de saúde. Antes de do envio de uma carta e
qualquer coisa, é preciso um requerimento para a
ter o Cartão Nacional de Secretaria de Saúde. Até
Saúde. Carregou junto então dá para fazer tudo
seus documentos, um sem a ajuda de um ad-
laudo que justificava a vogado. Só tem um pro-
necessidade do uso da blema: geralmente esse
medicação e uma receita pedido não funciona. O
médica. E levou toda a jeito, então, é entrar com
uma ação contra o Esta- últimos anos. No primei-
do e torcer pelo ganho de ro semestre de 2012, 426
causa. pessoas conseguiram ob-
Dadá percorreu todos ter os medicamentos via
esses processos. Ele e ou- ação judicial. Já na segun-
tros milhares de pessoas. da metade de 2014, esse
Entre janeiro de 2012 e número aumentou em
dezembro de 2014, 2.862 mais de 60%, atingindo
pacientes de câncer no 705 casos.
Brasil (3,5% do total des- Mas até o medica-
ses enfermos) recorreram menta chegar às mãos
à Justiça. A chance de te- do paciente demora um
rem seus pedidos atendi- tempo - em média, quatro
dos é grande. "Há um en- meses. Dadá só conseguiu
tend.imento consolidado a primeira audiência em
de que o paciente ganha junho, três meses após
sempre que tiver a receita entrar com a ação. Foi
médica. A maior parte das tarde demais. Uma se-
vezes que o Estado perde mana antes da audiência,
em primeira instãncia, ele Dadá faleceu. Deixou co-
não recorre porque há um mo herança duas caixas
entendimento consolida- fechadas do remédio, que
do da jurisprudência (do foram doadas para outros
r.
direito de acesso à vida dois pacientes - um mi-
explica Daniel Wang, pro- neiro e um gaúcho.
fessor de saúde e direitos
humanos da Universidade Rombo da esperança
de Londres. Não à toa, os A brecha na lei cai bem
casos de vitória dos pa- para os pacientes. Mas
cientes só cresceram nos não para o governo. A -+
AGOSTO 2016 SUP ER 59
 bomba acaba estouran- vezes mais caros quando
do mais à frente: no pla- comprados em pequena
nejamento das ações de escala. E é assim que os
saúde. De acordo com grandes laboratórios lu-
dados do Ministério da cram. A Roche, fabricante
Saúde, o impacto dos do Trastuzumabe, medi-
gastos com a judiciali- camento para câncer de
zação cresce em escala mama, fo i acusada pelo
geométrica. Em 2015, a Ministério Público Fe-
pasta desembolsou sete deral de cobrar valores
vezes mais grana para pa- abusivos das secretarias
gar esses tratamentos do estaduais de saúde quan-
que em 2010. Foram R$ do o pedido era feito via
990 milhões, em quase 4 Justiça. Uma caixa do re-
mil ações (em alguns ca- médio custava até 300%
sos, os remédios já são a mais nesses casos.
distribuídos pelo SUS, E nem é só isso: labo-
mas, por falta de estoque, ratórios se aproveitam
os pacientes acionam a para vender todo o seu
Justiça). Ou seja, cada um repertório de produtos,
desses pacientes custou mesmo se ele não fun-
R$ 250 mil ao Estado. cionar tão bem assim.
É que comprar esses "O médico receita o que
remédios toda vez que está convencido de ser o
um novo paciente pede melhor. E, lamentavel-
sai muito caro. Segun- mente, muitas vezes o
do um levantamento que ele acha é o que as
feito em 2013, os pre- empresas farmacêuticas
ços podem ser até três acham, e o que o marke-
ting delas acha", diz Rei-
naldo Guimarães, médi-
co e vice-presidente da
Associação Brasileira de
Química Fina e Biotec-
nologia. Ainda que a lei
exija que os casos de judi-
cialização valham apenas
para drogas com custo-
-eficiência comprovada,
ela é sistematicamente
ignorada - e, segundo
Guimarães, não apenas
os quimioterápicos en-
tram na roda: pacientes
vencem ações até para re-
ceber fraldas geriátricas.
A confusão toda é
originada no próprio
governo. Quem cuida da
aprovação de novos me-
dicamentos é a Comissão
Nacional de Incorporação
de Tecnologias no SUS
(Conitec). Inspirada no

ÓO SU PER AGOSTO 2016

sistema britânico, a co-
missão precisa definir
uma lista de remédios
Contraindicação: pressa
oferecidos gratuitamente Desde 2012, a Conitec recebeu 295 pedidos para incorporação de
pelo governo. Só que no novos remédios ao SUS - e negou a maio r ia deles.
exterior as coisas funcio-
nam melhor. O órgão de lá
avalia a relação custo-be- Tanto "não" estimula
FORAM IN CORPO-
nefício dos medicamentos RADO S. METADll as ações na Justiça
pela demanda do sistema DELES SÃO VELHOS:

público e pela indústria

farmacêutica. E não per-

mite que remédios muito
caros e pouco eficientes
sejam distribuídos a tor-
to e a direito. O cenário
aqui é bem diferente: o
Ministério da Saúde mal
sabe quais quimioterápi-
cos são mais pedídos em
vias judiciais. E esses
dados deveriam ajudar a
pautar as avaliações sobre
incorporação de novos re-
médios - assim, o governo
poderia comprá-los em
larga escala, com preços
bem menores.
Isso sem contar a len-
tidão e falta de critérios Felipe Ades, oncologista
da Conitec. Um estudo do Hospital Albert Eins-
da Interfarma mostra tein. O Nexavar, de Da-
que, recentemente, cin- dá e Alex, não foi sequer
co solicitações de novas analisado pela Conitec - o
drogas foram negadas mais surpreendente é que
pela comissão - e quatro oncologistas do mun-
delas já foram aprovadas do todo o veem como o
nos Estados Unidos e em futuro do tratamento do
vários países da Europa, câncer, por atacar apenas
Ásia e América Latina as células cancerígenas e
para tratamento de cân- preservar as saudáveis.
cer de cólon, pulmão e
rim. Para se ter ideia, o Jogo da vida
Trastuzu mabe, aprova- É da falta de esperança
do em 1998 nos Estados com o SUS e do deses-
Unidos, chegou ao SUS pero dos pacientes que
apenas em 2012 . "E ain- nascem os clubes de tro-
da com indicação restri- cas de medicamentos. E,
ta, aprovado apenas para graças a eles, Ivan Veloso
tratamento coadjuvante, colheu boas notícias nos
depois da cirurgia. Não exames: 60% de redução
está disponível nem para dos lifonodos metásti-
as pacientes com a do- cos e do PSA, substância
ença metástica", explica que indica a presença do
RS 1BI
foi o valor gasto pelo
Ministério da Saúde
em 2015. com os pro-
cessos. E sete vezes
mais do que a quan-
tia gasta em 2010.
câncer de próstata. Mas, Mas esses doadores
até nas derrotas, o gru - clandestinos não estão
po ganha força. Parentes sozinhos. Profissionais
enlutados encontram nas de saúde também ten-
doações um pouco de tam compensar as faltas
consolo. Ester delVec- do governo. A médica de
chio, por exemplo, doou Alex o orientou a guardar
caixas de Temodal, um as caixas que sobraram .
remédio para câncer no É ela quem indica a ele
cérebro, após a morte do pacientes para receber
sogro. Nunca maís deixou as doações. O Banco de
de colaborar: agora orga- Remédios, um site on-
niza as trocas. "Às vezes line, presta um serviço
recebo quatro caixas em parecido: organiza e dis-
um dia só e preciso decidir tribui as doações entre
para quem doar. É como os pacientes. Nesse caso,
decidir quem vai viver. há um preço: R$ 20 por
Faço um papel de Estado mês para ter o cadastro.
que não é meu", conta. Quase nada perto dos re-
Eles não são de fato o Es- médios de R$ 10 mil ou
tado - e até caminham um R$ 20 mil. Ou do deses-
pouco pela ilegalidade, já pero à espera da Justiça e
que as sobras dos remé- dos medicamentos, que
dios pagos pelo governo pelo SUS dificilmente
deveriam ser devolvidas. chegarão. 0

AGOSTO 20 16 SUPER 6.t

NANTES,
FRANCA
Manifestante rebate
bomba de gás lacrimo-
gênlo nos protestos
PEOUIM,
CHINA
Na imagem -sím -
bolo do Massacre
da Paz Celestial,
homem para uma
fila de tanques.
Não se sabe se ele
foi executado.

ISTAMBUL,
TUROUIA
Imagens dos
protestos contra
o golpe mi li tar
na Tu rquia fazem
lembrar os chi-
neses de 27 anos
atrás.
17/1/2012

PINHEIRINHO,
BRASIL
A foto mostra a
precariedade da
resistência dos
ocupantes de um
terreno desapro-
priado no interior
de São Paulo.
Ar mados com o
que tinham, eles
esperaram a PM.

6/5/1968

PARIS,
FRANCA
Com uma tampa
de Li xeira no Lugar
de escudo, estu-
dante francês faz
lembrar um guer-
reiro olímpico ou
um super-herói
deHQ.
o

BATON
ROUGE. EUA
Desa rmada, mulher
protesta contra a
desproporção da
fo rça empregada
contra negros nos
EUA. A imagem,
simbólica, sublinhou
o absurdo.

SAIGON,
VIETNÃ
A resistência às vezes
é sim bólica. Como
aconteceu no caso
do monge Thic h Duc,
que ateou fogo ao
próprio corpo para
não se submeter

AGOS TO 2016 SUPER 65

66 IUPIA AGOSTO 2016
 lDIUI TIA GO JD KU RA

Na Antiguidade os homens competiam

nus. Ese rolasse uma ereção? Era
vergonhoso? Dava desclassificação?
Luis Felipe Rio de Janeiro RJ

VERCONHA NENHUMA. Os atletas gregos não ficavam exata mente li-

vres, leves e so ltos. Usavam uma cord a amarrada no pênis para evitar
uma eve ntual empolgação. De qualquer manei ra, a ereção não seria
ala rmante. Demo nstrar ta man ha dispos ição só reforçaria o ideal de
beleza de um co rpo jovem, fo rte e viril. Numa época e m que as m ulhe-
res sequer podia m assistir às competições, inclusive, era com um que
homens demonst rassem atração física entre si na sociedade gregae .

•
Por que as Olimpíadas Quais foram as maiores gafes olímpicas?
acontecem com Gabriela Cristina Viana Belo Horizonte MG
intervalo de quatro anos?
Diana Soares Magalhães . ouRo E PRATA para as Co reias. Na abertura de Seul 1988, Coreia
J anuári o MG do Sul, os organ izadores solt a ra m pombas brancas, que simbo-
Oráculo dos sete lizam a paz. Os pássaros pousaram n a base da pira olímpica e
mares: cidades que PARA RESPE ITAR as origens dos fo ram quei mad aso . Em Lond res 2012, o telão do está dio exibiu a
não têm costa marí-
Jogos da Grécia Ant iga, que seleção femini na de futebol da Coreia do Norte cantando o hino
tima podem sediar
Olimpíadas? ocor riam a cada quatro an os em ao Lado da bandeira dos vizinhos do Sul, inimigos hist óricos.
Nat6lia Negretti, OLím piaO. Não à toa, o periodo
l'foqi Mirim . SP de quatro anos entre as compe-
tições foi batizado de Olimpíada .
Sim, até MogiO. Desde i896, na prim ei ra edição
da Era Moderna, e m At enas, o
NÚMERO INCRÍVEL intervalo de t empo é m antido
］ ｾＭ ＮＬ｟ ｟ ﾷＭ｡ｳ＠ únicas inte rrupções ocorre-

327
CIDADES BRA S ILEIRA S
fi zera m parte do
fo o o ím i c o que no Brasil
foi portado po r um conterrâneo
revezamento da tocha seu, o ja n ua re nse Chico da Onça.
olímp ica, condu zida Aliás, pobres onças.
por 12 mil pessoa s.

OUTRO DADO
RELEVANTE SEM
Qual o recorde olímpico mais Outras marcas ol ímpicas imbatíveis
NENHUMA LIGA ÃO duradouro atualmente?
Alexander Spissea ux . São Paulo . SP

327
l O NÚMERO da
plataforma em que
NOS ÚLTIMOS 41 ANOS, nenhum atleta
olimpico superou os 8 , 90 m de di stâ ncia
que Bob Beamon, dos EUA, sa ltou na
Cidade do México (1968)0 . O voo foi tão
eeeM
A SOVlhlCA N.
ARREMESSO
DE PESO
188ME290M
FLORENCE Griffit h
a nave Millen niu m Olizarenko cor- HÁ )6 ninguém
ANOS Joyner é a atleta
lo ngo que foi apurad o com fita métrica -
Fatcon pousa ao se r reu e m 1:53.43 joga a bola de 4 kg olímpica ma is Ligeira
ca pturada pela Estrela o aparelho de medição ótica não deu con- (1980) - façanha alémdos22,41mde há 28 anos. Correu
da Morte em Star t a. Fora dos Jogos, a marca foi quebrada inigua lável em Hona Slu pianek, da 100 m em 10,62s e
Wars: Episódio IVO . em 1991: Mike Powell saltou s cm a ma is. Olimpíadas. Alemanha Oriental. 200 m em 21,345.

A@flartag@fl" Agfnci;'I Frontera. ｬｵＡ ｴ ｲｾｩｯ ｪｯｬ＠ ｍｯｮｾｩｬＧ｡ Ｎ＠ Fontu © sporU·reh! rence.com.@ laf4.org.
<1J Ni,gel Spivey, ｾ ｴ ｯｲ＠ de The AllC'.jtnt Otympks. © Camitt Olimpk:o ｂｲ Ｎ［ｩ ｓｩｾｲｯ＠ (COB) e (omiti-Olímpico lntem<idon,;il (COI).
@ oll'fll?lc.orge Dldondr{o Houo/s5. ® !Noo4cJttpeda. (i) COI. © Assod;IÇJ<> ｬ ｮｴ･ｲｾ､ｯＮｩ＠ d;is ｆ ･､ｲｾ＠ d1 Atletlsmo (IAAF). AGOSTO 2016 SUPER 67
 ORÁCULO

OUE ATLETAS PARTICIPARAM

DE MAIS JOGOS OLÍMPICOS?
Marcelo Trivelato . São Paulo . SP

BOA, TRIVELA. Ninguém levou mais a sério que "o

importante é competir" do que o ca nadense lan Miltar,
69 anoso . Desde sua primeira aparição no hipismo, em
1972, o "Capi tão Canadá" já esteve em dez edições. Em
40 anos de Olimp ía da s, só não esteve em Moscou (1980)
por causa de um boicote liderado pelos EUA, que protes-
tavam contra a invasão soviética no Afeganistão. Apesar
do extenso cu rr íc ulo, Milla r levou só uma medalha de
prata, em Pequ im (2008). Para o Rio 2016, infelizmente,
o vovô caiu do cavalo: Dixson, seu animal, passará por
ci rurgias nos sinos faciais e está fora de combate. Em
segundo lugar, com nove presenças, estão Hube rt Rau-
daschl (iatista da Áustr ia) e Afanasijs Kuzmins {atirador
da Let ônia), ambos com duas medalhas. O austríaco já
baixou as velas, mas o letão pode empatar o reco rde se
for convi dad o para dar se us disparos pela décima vez.

Já aconteceu de
um atleta com-
Por que existem modalidades olímpicas pratica- petir em moda-
das apenas por mulheres? lidades muito
Mareio Dias. Ava ré. SP diferentes?
Guilherme Vieira
ICUALDADE DE CÊ NERO não é prioridade olímpica. Na Soracaba , SP
ginástica rítmica e no nado sinc ronizado, apenas as
competições femin inas atingiram os pré-requ isitos do OPA, CAMPEÃO.
CO I para figurar no ca lend árioO. Para que um esporte Inclusive algun s
se torne olímpico deve, antes de tud o, ser praticado em deles já foram
escala global - no mínimo 70 países (ou 50 para catego- medalhistas tanto
ria s femi nina s) e quatro continentes - e perte ncer a um em Olimpíadas de
órgão esportivo que regulamente a modalidade. Esses O salto com vara surgiu Verão qua nto nas
são os obstáculos da ginást ica rítmica m asculi na , que porque usavam bastões para de lnvernoO. Foi o
está fo ra da Federação Internacional de Ginástica - o Ja - pular fossos e muros? caso d o americano
pão é um dos ra ros países com expressividade de atletas Nassim Nacif Filho La es SC Edward Eagan, ouro
homens. Já o nado sincronizado só foi te r sua primeira no boxe em 1920
ve rsão mista no Campeonato Mundial de Natação de VIAJOU, VARÃO - embora va ras fos - e no bobsleigh em
2015. Por ser coisa recente, moderninha, a prova fi cará sem usadas na Europa medieval para i 932. Em 1996, a
fora dos Jogos do Rio. cruzar ca na is. A origem do esporte canadense Cla ra
é discutivel: os celtas usavam varas Hughes levou dois
para salto em distância e os gregos, bronzes no ciclismo.
para monta r an imais. O registro mais Não contente, partiu
antigo de sa lto com vara é de 829 para a patinação de
a.e. nos Jogos Ta iltea nn , na Irlanda, veloc id ade em 2002.
anterior às Oli mpíadas antigas•. Me Na nova modalida-
PERGUNTE AO ORÁCULO despeço com um salve para a varoa de, conq ui stou um
Escreva para
oroculo f}(] bril .com .br Fabiana Murer, candidata ao ouro ouro, uma prata e
mencionando sua cidade e Estado. no Rio e fã da SUPER. mais dois bronzes.

llurtrxio , Calo Comei. FnntH (i) COI.@ ｆｾ･ｲ｡￧￣ｯ＠ ｬｮｴ･ｲｾｩｯＮｗ＠ de Nat.ição (FINA)' Fl!dl!raçjo
@ Fedl!façlo h ulln411 d!! Atll!l!smo (FPA) 1 artigo Ttdtoologkol Progtt.u and tht Olymptc Gamu, M Sfa mus ｗｾｲＱＮ｀＠
lntl!fnadon;tl. OI! GinMtka (FIG).
Pfrxar, A ll tgra ' Oaro , dl ａｾ､ｯ＠

68 SUPER AGOSTO 2016 ｾ ｺ ｾＱＺ［ｳｩＡｲ｀ｵ Ｚｮ Ｚ ｾ ｾ｀ｫＺｲＡ ｴ ｾＪＺｦＬＰ ｾ ＺＡＱｾＬ ｴｾ Ｚ＠

 Cientistas Exame identifi-
Atletas preveem quantas
medalhas o Bra-
ca seu potencial
como atleta
pensam
. sil vai ganhar UM TESTE DE SA LIVA
pode detecta r t rês
mais PESQUISA DORE S
descobriram que
o PIB e o poder de
possíveis combi-
nações do gene
rápido
308 ESPO RTISTAS tive-
comp ra dos países
que disputam as
ACTN3&. Aí, você
consegue prever se
ramo cérebro monitorado Olimpíadas e o vai se dar bem em
diante de imagens em desempe nh o histórico três atributos impor-
movimento• . Os pro- ajudam a prever o tantes pa ra se dar
fissionais reagem mais próximo resu ltado do bem em espo rtes es-
rápido a situações com q uadro de medalhas'". pecfficos: resistência
muito estímulo visual, co- Ser o anfi t rião (corrida e natação),
mo estar no meio de uma também faz bem. força (levantamento
ô multidão. Nessas horas,
são mais ágeis para avaliar
Pela estimativa, o Bra-
sil deve subir 25 vezes
de peso) ou m ix de
resistência e fo rça
riscos e evitar colisões. ao pódio no Rio. (futebol e ciclismo) .

De onde vem o termo "gol Algum atleta já foi direto

olímpico" para tentos mar-
cados direto do escanteio?
Henrique Cleves
Fsira ds Santana. BA
P O R SER TÃO RAR O que só de
qua t ro em quatro anos? Nada
d isso. A o rigem é um Argentina
X Uruguai, em Buenos Aires,
no dia 2 de outubro de 1924.
O a rgentino Cesárco Onzari
acertou o go l em um chute de
escanteio. A seleção uruguaia
venceu os Jogos em Paris naquele
mesmo ano e é apelidada até hoje
de "celeste olímpica". Pela vitória
de 2 x 1, os argentinos batiza ram
o gol de Onzari de "olímpico"O.
das Olimpíadas para o
Olimpo - morreu
competindo?
Verônica Tavares
Colombo PR
SIM. o PORTUCU ÊS Francisco Láza-
ro foi o primeiro a entra r na list a
em Es t ocolmo (1912 ). Ele sofreu
uma insolação tão forte na ma-
ratona que não resistiu. Um caso
mais recente foi o do georgiano
Nada r Kuma ritashvili nos Jogos de
Inverno de Vancouver (2010) . Ele
escorregou da pista a 143 km/h S;iwao K;ito
GIN ÁST ICA A ll T ÍST ICA
d urante um treino de luge (t ípo de
12 medalhas 8 • 3 • ,
trenó veloz) e colidiu fatalmente
com um posteO. Fonte COI (Comitf, Olimpico ｬｮ ｴ ｾｩｯｮ ｬ Ｉ Ｎ＠

Patrocínio:

li Bradesco •
NISSAN VIVO
 Por que o futsal ainda não Por que as corridas
é um esporte olímpico? no atletismo são
Artur Tintí. Natal. RN sempre em sentido
anti-horário?
TINHA TUDO PARA SER. Cumpre Crisóstomo Soares
os req ui sitos do COI, mas bate Rodri ues São Luís MA
na t rave por questões políticas
e comerciaisO. A teoria conspi- TRADIÇÃO DA HORA ,
rató ria é de que a modalidade essa. Fazer curvas sempre
está no meio de um cabo de à esquerda não é hera nça
guerra (esse, sim, já esteve em comu nista, mas das corri-
cinco Olimpíadas) entre CO I das de cavalo dos EUA no
e Fifa. O Comitê só ace itaria o século 20. No atletismo,
futsal nos Jogos se o futebol de é uma exigência da
campo pudesse te r atletas de Associação Internacional
todas as idades - atualme nte, das Federações Atléticas
só três jogadores de cada time (IAAF na sigla em inglês)&.
podem ter acima de 23 a nos, Mas não foi sempre
uma mane ira de não faze r assim: na s primeiras
Por que os atletas mordem suas sombra à Copa do Mundo. Mas quatro Olimpíadas da
há uma esperança aos boleiros Era Moderna, de 1896

MEDALHAS de salão: a bola vai rolar nos

Jogos Olímp icos da Juventude
2018, em Buenos Aires.
a 1908, as corridas de
pista seguiam o sentido
dos ponteiros.

NO PÓDIO?
Nicole Duarte Belford Roxo RJ
COMO É
QUE É?
1PÉXH xwp[ç va qnáoa
É COI SA RECENTE. Os competidores na Grécia An- (tréchei chorís na ftásei)
tiga eram premiados com uma coroa de folhas de
oliveira e outros prêmios, como vasos ornamentais Correndo
com azeite de oliva - artigo de luxo à época. O gesto
de morder começou fora das competições. Era usado sem
em moedas na Idade Média e servia para verificar se
elas eram mesmo de ouro maciço - como ele é mais
chegar
maleável do que outros metais usados para cunhar, EM GREGO. significa

ficava com a marca dos dentes. Inspirado nisso, um esta r ocupado de ma is.
engraçadinho trouxe o costume aos Jogos Olímpi- Expressão adequada para
cos modernos, como se verificasse se a medalha era o país que legou ao mun -
genuínaO. Com o tempo, o gesto virou sinônimo de do uma corrida milenar
vitória, semelhante a erguer uma taça. de 42 km: a maratona.

Logos "Palavra" em grego. Jesus Viveu pouco mais de

CONEXÕES A partir do séculos a .e., com 30 anos num mundo sem
Do Logos o filósofo Heráclito, passou a internet e redes sociais. Morreu
aos Jogos designa r também racionalidade. faz dois mil anos e até hoje
or Tia o Jokura Vem daí "logia", aplicado a á reas ninguém tem mais seguidores
do con hecimento, como tecnolo- que ele. Há quem garanta que
gia, biologia etc. O Evangelho de esse fenômeno pop mi lenar te -
joão, da Bíblia, escrito em grego, ri a sido previsto séculos antes,
começa assim: "No principio era na lndia, em textos siilgrados
o verbo" (logos), referindo-se a ... escritos em ...

Fontn © Anthony Th. 8ijkerk, wuedno ge-;M ｾ＠ ｓｯ｣ｾ｡､ｴ＠ ｬｮｴ･ｲｾ､＠ HistOl"ladotH Olímpicos t ａｮ､ｲ￩ｃｾ ｲ ｡ｲｯ Ｌ＠ ｨｾｴｯｲｩＮｬ､＠ e tducador flsico d;a UFPR.
@ ｃｯｮｦｴ､･ｲ｡￧ｾ＠ Br;ulleir;a de Ath!tismo • C8At e R<lflning Through ｾ＠ Agn , dt Edw;1rd S. ｾ｡ｲ Ｎ ｀＠ The lnttmotiooo/Otympic CommittH and rht Olympk
70 SUPER AGOST O 2016 Sn ttm, dt )e;1n·Loup ｃ ｨ ｾ ｰ ｰ･ｬＮｴＬ＠ Conftder;içiko Brasileirii dt Futtbol dt S;à.\o, ｆｴＡ､ｩ＿ｲｾ＠ P.iulist<1 de Futsal t Fifa.
 MANUAL Como conquistar
ｾ＠
ｾ＠
uma medalha olímpica
ESCOLHA A MODALIDADE
Procure esportes de atletas longe-
vos, com alta performance depois
dos 30 anos. Os medalhistas mais
velhos da história conquistaram
o ouro aos 64 em tiro esportivo
{Osca r Swahn) e tiro com arco
{Galen Spencer). Hirosh i Hoketsu
competiu no adestramento
{h ipismo), com 71 anos.
TROQUE DE NACIONALIDADE
Então pesqu ise sobre países
em que seja fácil se naturalizar
e que não tenham muitos com-
petidores em sua modalidade.
Investindo US$ 100 mil, você
compra cidadani;a em Domin ica Ｎ｟ｾＭﾭ
e pode tentar representar o país
nos Jogos - uma vez no páreo,
tudo pode acontecer.
Sânscrito Idioma oficial do
hin duísmo. O texto sagrado
Bhavishya Purono menciona
um "filho de Deus", "nascido
de uma virgem" - lembrou
alguém? Também do sânscrito
vem o termo dyaus pita (pai
do céu), cuja fonética e etimo-
logia inspira ram o nome de
outra famosa divindade...
DE CARONA E NO GRITO
Se você é sedentário convicto,
não muito pesado e gosta de
maAtfar Aes e1:1tres Liderar,
remo é o atalho para a glória. A
categoria "oito com" tem a figura
do t imoneiro, que dita o ritmo de
oito remadores. Nada mais justo
que receber uma medalh a junto
com quem cansa o braço.
Há medalhas leiloadas. Iniciando
em RS 100 tem medalhas que os
atletas recebem por participação
e até réplicas das medalhas dos
vencedores. Agora, para pendurar
no pescoço uma legítima de Mu-
nique 1972, só desembolsando, no
mínimo, uns R$ 50 mil no eBay.
Zeus O todo -poderoso Jogos Olímpicos
da mitologia grega, pai Inaugurados em 776 a.e.,
dos deuses e dos homens. em Olímpia, na Grécia - até
Segundo a tradição, residia hoje é onde se acende o fogo
no topo do Mon t e Olimpo, olím pico, símbolo das Olim-
junto com os out ros píadas. Na origem dos Jogos,
deuses do panteão. Em além dos duelos esportivos,
sua homenagem e para havia competições artísti-
seu ent rete nim ento foram cas, incluindo poesia: a arte
criados os ... de jogar com o logos.
AGOSTO 2016 SUPER 7J..
 MUNDO SUPER 1 -+ NOSSA REOE SOC IAL

o QUE TANTO expli camos no consultó-

rio enfim vem ganhando espaço!
odra atriciasu im a

LEIAM E vocÊs vão entender por que

nós nutricionistas falamos tanto de
probióticos, saladas cruas e alimentos
de verdade! Intestino: seu segundo
cé rebro!! !
Gabriela Junqueira

FICO MUITO FELIZ com a divulgação

cada vez ma ior de informações so bre
este tema . Baixa imun idade, dep ressão,
ans iedade, fadiga, insônia podem estar
rela cionados a um desequ ilíbrio da mi-
crobiota intestinal. A prevenção de do -
enças começa com a sua sa úde
intesti nal!
odanuzafe rre ironut

QUEM ESTUDA sobre nootrópicos sabe

dessa informação ... Mu ito interessante
mesmo. :-}
Saullo Zanello

EU ATÉ FARIA uma correção: intestino

ê o primeiro cérebro! A nossa flo ra in-
testina l modula a abso rção de nutrien -
tes, é responsável pela im unidade, hu·
mo r, depressão .. . Por isso, na nut rição
funcional, é nossa primeira abordagem.
oa norosanutri

MINHA POPULAÇÃO intestinal está em

Flora festa . Sou entusiasta dos "poderes da

em festa. microbiota intestina l". Só fiquei tensa
pois, há 6 anos, quando conheci meu
ma rido, fu i a responsável pelo d iagnós -
tico de H. pylori que ele t ratou com a n-

OREI NA BARRIGA
Com 500 milhões de neurônios, o sistema digestivo controla muito do que
tibióticos. Se livrou da dor no estôma-
go, mas ga nhou mu ito peso! E ago ra?
Conto pra e le ou não que H. pylori aju-
fazemos e pensamos. Depois que a matéria de capa Seu segundo cérebro da a controlar a fome?!
Qulj16) foi às bancas, o tema também tomou conta da nossa caixa postal. Renato Giudice de Oliveira Lewis

-+ NOPOST"GOVERNO OECIOE PERMITIR QUE JOGUEM VENENO EM CIMA OE NOSSAS CABECAS' http://abr .ai / veneno
EMBATE
Um a polêmica, QUANDO ERA CRIANÇA, caminhões jogavam ASSIM COM A DESCULPA da zika e
duas opiniões. fumaça de veneno nas ruas toda semana e dengue vão continuar intoxicando a
nunca aconteceu nada. Não sei por que tanto população como já fazem com a
alarde. Se fizesse mal, o governo também teria enorme quantidade de agrotóxicos da
prejuízo e ninguém quer isso. produção de commodities brasileira.
Thais Fontes Mareio Frapiccini Ferreiro

72 SUPER AGOSTO 2016 Foto ｔｯｭｾｳ＠ Arthuzzi

3
CHECKLIST
Este mês,
no mundo SUPER.

leitores
solidários
Come ntári os
sobre Procu -
rando Dory
é um filme so-
bre deficiência llVRU
intelectual - Tarja Preta
e isso é ótimo Os segredos sobre os
ht t p://abr .ai/
Domínio do idioma Sabem o que eu achei da matéria dos remédios q ue você toma.
emojis' *:-?pensando,*:) feliz, *:D sorrisão, *;) piscando R$ 29,90
!2Q.u.
Van essa de Andr ade sob re A vida secreta dos emojis (jul/16)
o
Problema de
memória é
algo sério, mas AGROFLORESTA
tem gente que
trata a pessoa ''História bem
como imbeci l,
irresponsáve l.
co11tada,
Hslsna atrac11tc e DDS S1!
Morelli. Pablo Escobar
com o bô1111s A vid a e a o bra de um
e
O filme mostra
de falar do psicopata - nas bancas
a partir de 9 de agosto.
como a família
Osvaldinho, R$15
pode criar uma das
est ra tégias para
pessoas mais v1a Ea
lidar com pessoas 2 minutos para entender
com deficiência ｣ｳｾｩ｡＠ 1111c Dese nh amos para você enten-
ne urológica, e der como o dinheiro público foi
como a inclusão
co11ltcci." Oplaiza carlis co mpartilho u em se u gasto para as Olim píadas.
e a compreensão Dav ana An dra d e lnstagram uma foto do Livro Cii ncia http: l labr. ailolimpiadario
do paciente so bre da Agenda Gotsch, Maluca. Ela contou q ue foi atraída pela
a própria doença sobre A revolução da fo rma leve e divertida que a auto ra
são importantes. floresta(jul/16) . escreveu sobre as pesquisas.
Nathaly
Andrade
FOI MAL
e
Aceitação e amor
Desde o dia em que meu professor levo u algumas edições
• Não esquecemos que a
Guia na Francesa faz divisa co m
às pessoas com da SUPER pa ra a escola, a revista me fascina po r me divert ir o Brasil e Suriname, apesar de
dificu ld ades! e me ensi nar. Em 2014, antes de emba rca r para um intercâmbio na não est ar no mapa (Salário
Amei o film e! Inglaterra, corri para a banca do ae roporto garantir a últ ima SUPER anual, jul}16) • A quantidade
E o curta que de pessoas no quadro "Países
que leria no ano. Mesmo Longe da revista, o sit e continuou sendo
vem antes fa la que mais visita m o Brasil"
min ha pági na inicial do computador. Qua nd o voltei, retomei logo não é em milhões, mas em
sobre resi liência.
Programâo! Rita a assinatu ra da ve rsão imp ressa . número absoluto. {Destino: de
Barbosa Vi nícius Oalla Corte ning ué m, jun/16)· A equipe
Cloud 9 não venceu o campeo-
nato mundi al em 2014 - e sim
um desafio globa l, com times
da América do Norte, Europa e
FALE COM A GENTE! ｒ･､ｾｩｯ Ｚ＠ ｳ ｵｾｲｬ ｴｩ ｴｯｲ ｀ ｡｢ｲｩ ｬＮ｣ｯ ｭ Ｎ ｢ｲｬ＠ ÀY. d;as Nações Unid;as, 7221, 2oa .lndM, ｾｯ＠ P.lulo-SP,
CEP 05425-902. .lbslnatu ras: assinl!'abril.com !o8oo 775 1818 ou 11 3347-2121. Suvlço de Ate ndime nto ao Cliente : América latina. (O lado som -
abr/Jsac.com 1o8oo7751 112 ou 11 5087-2112. Pub licid ad •: publiabrl/.co m.br l 11 3037-2528 / 3037-4740 J 3037-348s. brio dos e Sports, jul/16).

AGOSTO 2016 SUPEA 73

 REALIDADE ALTERNATIVA 1 -+ 11.364 CARACTERES OE LIT ERATU RA

74 SUPER AGOSTO 2 0 16
Questão de gosto
Um conta de E11iliano Urbim Ilustração Arthur Duarte
[1]
COMO NAS ÚLTIMAS NOITES , eu
desço do metrô, passo pela fila do
raio-x igual a todo mundo, sou liberado
e em seguida desço a Rua Augusta em
direção ao centro. Vou caminhando
devagar, alternando a atenção entre
pedestres, trânsito e comércio. Sigo por
duas quadras até a frente do Espaço
Oficial de Cinema. Val está vendendo
livros na calçada e me vê aproximar.
"De novo por aqui>"
"É meu caminho."
Enquanto ela atende outro cliente,
dou uma passada de olhos sobre os
livros. As Veias Abertas da América
Latina, manifestos de Hakim Bei, Era dos
Extremos... os suspeitos de sempre. Pego
um que não conheço: Teoria dos Objetos
Inexistentes, de um tal Alexius Meinung.
"Esse não está à venda."
Ainda estou com o livro na mão
quando sinto um burburinho no ar.
Nas TVs dos bares ao redor, surge a
cena repetida desde a madrugada: a
implosão da estátua do Borba Gato.
Quando me dou conta, estou assistin-
do novamente ao vídeo: o bonecão
bandeirante com eterno olhar de tédio
se desfazendo de baixo para cima,
como se mergulhasse no ácido. Uma
nuvem bege tapa tudo. Quando ela se
desfaz, no lugar do monumento há
uma pilha de pedras e estranhas barras
de metal - trilhos de bonde usados na
obra, como todos já sabem a esse
ponto. O bar vibra como se fosse um
gol. E a polícia de choque chega
batendo e atirando.
Em meio ao tumulto, Vai já trans-
formou sua banca em mala, que arrasta
com dificuldade calçada abaixo.
Alcanço-a e ajudo a levar a carga, ao
mesmo tempo protegendo a garota da
mira dos policiais. Quando dobramos a
esquin a da Antônio Carlos, sinto
marteladas nas costas, nas coxas, na
nuca. Balas de borracha.
"Dá pra ir, cara?" - ela pergunta.
"Dá."
[2]
Quando eu era pivete, dizia que esse
prédio era o "castelinho da Frei
Caneca". Acho que foi alguma coisa do
governo italiano, há anos está abando-
nado. Descansamos no pátio da frente,
atrás do muro, um bom esconderijo.
Ou não. Val entende meu olhar tenso.
"Calma, eles ficaram lá pela Augusta.
Olha essas feridas sangrando ... Quando
achei que a gente tava fudido você
acelerou , foi me puxando. Valeu por
ficar na frente dos tiros, cara. Como é
seu nome mesmo?"
"Lucas. Ou o que restou dele."
Piada mais velha que andar pra
frente, mas ela não conhece e ri tossin-
do, mostra os dentes muito brancos.
Depois, passa a mão nos cabelos negros
e lisos e adota uma expressão séria no
rosto pálido. Comenta que a cidade está
cada vez pior: ambulantes agredidos,
mendigos com chips de localização,
raio-x em tudo que é canto, rodas de
conversa desfeitas a cassetete. Eu dou
corda, quero agradar, tento dizer as
coisas certas. Ela se entusiasma, levanta
a voz, lembra do bar: o pessoal sabia que
ia tomar porrada, mas comemorou
mesmo assim. Aproveito o embalo e
digo que faço arquitetura, que a
implosão é um manifesto estético, que o
terrorismo estético destrói o que não
deveria ser construído, que a feiura do
monumento dá lugar à beleza do vazio,
sei lá, empilho um monte de coisas que
li na internet durante o dia. Vai está com
os olhos brilhando.
"Você entendeu tudo, Lucas."
'Tudo o quê?"
"Quero te apresentar um pessoal." ｾ＠
AGOSTO 2016 SUPER 75
 REALIDAD E ALTERNATIVA
(3]
Ainda dolorido com os ferimentos da
semana passada, pulo um muro e
encontro Vai no lugar marcado, a mão
gigante do Memorial da América
Latina. Em silêncio ela me guia pela
praça de concreto até uma pracinha
que eu nunca reparei que estava aqui
dentro. Espalhados pelos bancos e
brinquedos, manos e minas represen-
tantes de várias tribos urbanas:
ciclistas, skatistas, grafiteiros, hipsters,
hippies, punks, galera do hip-hop...
Vai me apresenta em cada rodinha,
fala da confusão da Augusta, dos tiros
que eu tomei por ela. A pedidos, eu
tiro a camisa, mostTO os curativos e os
machucados, conquisto aprovação e
até admiração. Ela tem muita moral
no grupo, suficiente para trazer um
intruso para essa sociedade secreta.
Mas o clima não é de desconfiança, é
de festa. Além dos entorpecentes
previsíveis, circulam várias cópias de
Teoria dos Objetos Inexistentes, deve ser
uma Btblia do movimento. Todos se
dão tapinhas nas costas, se abraçam
como se fosse Natal. Após alguns dias
de tensão, estão todos excitados, muito
orgulhosos do que fizeram: são os caras
por trás da implosão do Borba Gato.
Como alvo inicial, foi perfeito: ninguém
gostava daquela estátua. Vou pescando
palavras de ordem: acabar com os
ultrajes urbanísticos, com as obscenida-
des arquitetônicas, com os estupros da
paisagem. Cada um fala uma coisa, mas
o resumo é que, de implosão em
implosão, eles vão ganhar apoio,
crescer, se multiplicar, sair das sombras,
derrubar a ditadura tecnocrata da
Cidade-Estado de São Paulo, espalhar
uma onda demolidora por tudo o que já
foi o Brasil... Tipo de papo que em qual-
quer outra noite eu responderia com
ceticismo. Mas estou aqui com a Vai e,
quando vejo o entusiasmo dela, quase
acredito na causa. Posso estar confun-
dindo as coisas.
O encontro segue animado até que
surge do nada um cara de tapa-olho
com olhar inquisidor - se é que isso é
possível. Como se fosse combinado,
todos se calam para que ele fale.
"Quem é o amigo, Vai?"
"Esse é o Lucas. Ou o que restou dele."
76 SU PER AGOSTO 2016
Todos riem. Sério que ninguém
conhece essa piada' Vai faz toda a
apresentação de novo, diz que eu
estudo arquitetura, sustenta que eu
posso ajudar a causa, assim como
outros calouros que estão aqui nesta
noite. Mas o sujeito do tapa-olho
definitivamente não vai com a minha
cara. Quando ela termina de falar, ele
dá um sorrisinho condescendente.
Aplica um teste oral: quer que eu
sugira o próximo alvo. Babaca.
"Ponte do Jaguaré."
O caolho arregala o olho. Acho que
entendeu onde eu quero chegar. Peço
licença, tiro o computador da mochila
e mostro do que estou falando. Os dois
horrendos viadutos da Ponte do
Jaguaré, dos anos noventa, escondem
outra construção, a elegante ponte
original, dos anos quarenta. Usando os
mesmos explosivos inteligentes que
eles usaram no Borba Gato, dá para
esfarelar as duas partes da ponte nova
e revelar a antiga. Derrubar o feio,
descobrir o belo etc. É melhor ainda do
que só demolir. Eu acho. E eles
também acham ' Até o tapa-olho acha: "Eu queria te mostrar uma coisa,
ele vem e dá um aperto de mão teatral. Lucas. Mas você não pode falar pra
Os caras entram em chamas, todos ninguém que eu te mostrei. A gente
abrem seus computadores e blocos de nem deveria estar aqui."
notas, estão fazendo cálculos, crono- "Mostrar o quê?"
gramas. Agora eu que estou orgulhoso, "É uma surpresa. Uma surpresa
mesmo a ideia não sendo 100% minha. muito boa. Que já está chegando."
Mas isso a Vai não precisa saber. Ela fala fazendo longas pausas entre
uma frase e outra. Pausas propositais,
(4) não está pensando no que vai dizer. Já
Daqui do alto da passarela dá para ver sabe o que vai dizer e está deixando o
por cima do muro que cerca o tempo passar. Ela quer que eu adivinhe.
Condomínio Ibirapuera. É cada "Você está grávida'"
mansão que a gente não imagina, e lá "MAS DE ONDE voei': TIROU ISSO?"
no meião uns prédios mais altos que o "Sei lá, eu .. ."
obelisco da avenida, que deve ter uns "Começou ."
70 metros de altura. Como dizem no Sinto um tremor sob meus pés,
grupo, é imperativo que isso volte a como eu imagino que seja um terre-
ser um parque público. Mas será que moto. Parece que o mundo virou um
botar tudo abaixo é o melhor jeito de vagão de metrô desgovernado, é difícil
chegar lá? Não é possível um outro ficar em pé. Agora eu nem consigo
caminho, sem demolições, explosões, ouvir o que a Vai está dizendo, porque
implosões? Mas a Vai não marcou até barulho de metrô eu estou ouvin-
encontro aqui para falar de bombas. do. De onde vem esse tremor, esse
Espero. Sei que meu foco deveria estar ruído? Ela aponta para o outro lado.
na operação da ponte, mas desde que Meio desequilibrado, eu me viro.
começou a rolar esse lance entre a Caralho.
gente... Ela não gosta de pôr rótulos Implodiram o Obelisco do
nos relacionamentos. Lá vem ela. Ibirapuera.

[5]
Eu não sabia, mas todo o esquema na
Ponte do Jaguaré já havia sido cancela-
do quando o grupo percebeu que os
agentes da cidade-estado estavam de
olho no local. A partir daí, eles
adotaram um plano B: para evitar
vazamentos, uma equipe armou em
segredo a destruição do obelisco. Isso
tudo a Vai me contou quase pedindo
desculpas. Eu disse que rudo bem. Eu
tinha que dizer, porque para eles foi
um sucesso estrondoso, muito maior
do que o Borba Gato.
Do nada, todos estão adotando o
discurso da destruição criativa.
Pipocam nomes de organizações
coirmãs em outras cidades: Brigada
AntiConcreto, Falange lmplosiva,
Tudo que é Sólido Desmancha no Ar.
A gente mal consegue mapear o que é
real, o que é piada e o que é bloco de
Carnaval. Cada um tem seus próprios
critérios sobre o que é bonito ou não.
Se para uns feiura são construções
neoclássicas em cidades jovens, para
outros são espigões espelhados ou
edifícios-garagem. Em Porto Alegre,
destruíram o muro que separa o centro
do Lago Guaíba; no Rio, protegeram o
Cristo Redentor, mas os ativistas
queriam mesmo era derreter o bronze
das estátuas de celebridades.
Enquanto isso, o grupo de São
Paulo, onde tudo começou, planeja a
sua nova ação. É algo grande, enorme,
maior do que qualquer coisa que eles já
fizeram. Vão precisar da Vai, de mim,
de todo mundo em quem eles confiam.
Afinal, não é simples implodir de uma
vez só um viaduto com três quilôme-
tros e meio de extensão.
[6]
Uma ferida aberta no coração da
metrópole. Uma cicatriz no tecido
urbano. Uma ofensa da Engenharia
contra a Sociologia. O inconcebível
tornado irreversível. O troféu mais
cobiçado da patrulha estética. O
Elevado Costa e Silva. O Minhocão.
São duas da manhã e eu estou diante
da porção central do viaduto, na
Avenida Angélica. Desde a meia-noi-
te integrantes do grupo disfarçados
com uniformes oficiais controlaram
os acessos, evacuaram a área e não
deixaram ninguém entrar. Ficaram só
os responsáveis pelas instalações dos
explosivos inteligentes e dos detona-
dores Wi-Fi. Vejo pelo binóculo Vai
coordenar sua equipe, finalizar os
ú ltimos detalhes para a implosão da
v ia expressa.
Mas isso nunca vai acontecer. Eu
não vou deixar.
Pelo rádio, ouço toda a operação ir
pelos ares. Dessa vez, as forças da
cidade-estado estão no local certo e
na hora certa. Enquanto um batalhão
vem da Consolação, outro vem pelo
acesso do Largo Padre Péricles, com
vários destacamentos penetrando
pelos acessos secundários. Um a um,
os membros do grupo vão sendo
dominados. Um bom plano, que tem
inclusive um capricho pessoal.
Chamo Vai pelo rádio.
"Lucas' Você está na vigilância' O
que está acontecendo?"
"Acabou, Vai. A polícia pegou
todos. Mas ainda não chegou aí. Você
ｰｯｾ･＠ se salvar;" "
Comovoce .. .
"Vai, me ouve. Não sou arquiteto,
sou policial, infiltrado, desde o começo.
Mas nunca falei de você nos relatórios.
Você não existe pra eles. Foge agora."
Sinto um tremor sob meus pés.
Uma nuvem bege tapa tudo.
[7]
A perícia esclareceu: foi um acidente.
Um dos explosivos inteligentes era
burro, e explodiu justo a parte do
Minhocão onde Vai estava. Eu devia
ter feito diferente, te r contado quem
eu era) Devia ter prendido ela' Ela ia
me odiar pra sempre, mas não mais
do que eu me odeio.
Vingou a lenda de que Vai se matou
pela causa. Ela e outros que explodiram
junto viraram mártires. O local virou
uma espécie de sanruário, e todos
ganharam memoriais pela cidade. São
pilhas de destroços estilizadas, como se
fossem restos de cenário de um filme
de desastre. Novos monumentos. Para o
meu gosto, são horríveis. O
Emiliano Urbim é jornalista, roteirista e escritor
- estã na recém-lançada coletánea de contos He-
róis Urbanos (Rocco). Nascido em Porto Alegre,
mora no Rio e morre de saudades de São Paulo.
AGOSTO 2016 SUPE R 77
PETRONAS
svn11um
AUXILIA NO COMBATE
AO AQUECIMENTO
EXCESSIVO DO MOTOR

PETRONAS Syntium com tecnologia ºCoolTech'" foi desenvolvido para proteger

o motor contra o aquecimento excessivo e obter máxima performance.
Poucas pessoas sabem. mas mesmo dttigtt em condições normais pode gerar um aquecimento excess ivo do motor. Esse aquecimento pode
cau sar sérios danos aos componentes essenciais do motor. PET RONAS Synt1um co m tecnologia ·coo\Tech™ foi desenvolvido para auxiliar na
redução desse aquecimento excessivo. agin do diretam ente na fonte do problema. Feito para resistir a altas temperatu ras. ele protege o motor
do seu carro para que tenha máximo desem penho e você uma viagem mais tranqu ila.

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PETRONAS. PRESENTE NO MUNDO. NO BRASIL. NA SUA VIDA.

 por Matt F.
,
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VIVO