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XLII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2013

Fábrica de Negócios - Fortaleza - CE - Brasil


04 a 08 de agosto de 2013

CURVAS DE REGRESSÃO DA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO FERTIRRIGADO SOB


DIFERENTES DOSES DE ADUBAÇÃO

JOSÉ ANTONIO DO V. SANT'ANA 1, ALBERTO COLOMBO2, JOÃO PAULO S. CARVALHO3,


MYRIANE S. SCALCO4, RENATO ANTÔNIO DA SILVA5

1
 Engenheiro Agrônomo, Doutorando em Rec. Hídricos em Sist. Agríc., DEG-UFLA, Lavras-MG zinhojaves@yahoo.com.br.
2
Engenheiro Agrônomo, Bolsista CNPq, Professor, DEG-UFLA, Lavras-MG.
3
Graduando em Agronomia, DAG-UFLA, Lavras-MG.
4
Engenheira agrônoma, Pesquisadora, DAG-UFLA, , Lavras-MG.
5
Engenheiro Agrícola, Bolsista de Desenvolvimento do Consórcio Pesquisa Café/ DAG- UFLA, Lavras-MG.

Apresentado no
XLII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2013
04 a 08 de Agosto de 2013 - Fortaleza - CE, Brasil

RESUMO: A descrição matemática da dependência da produtividade de uma lavoura cafeeira em


relação ao nível de adubação é uma ferramenta básica para determinação de estratégias de adubação
que resultem no máximo retorno econômico. Diversos modelos matemáticos foram desenvolvidos
para descrever esta curva de resposta. No entanto, em função da facilidade com que seus parâmetros
podem ser ajustados e sua disponibilidade em inúmeros pacotes de análise estatística, observa-se uma
predominância do uso de polinômios do segundo grau neste tipo de estudo. Neste trabalho, avaliou-se
o desempenho comparativo de quatro modelos matemáticos diferentes (polinômio do segundo grau,
logarítmico, Mitscherlich e hypérbola) na descrição da curva de resposta de uma lavoura de cafeeiro,
implantado em maio de 2007, à cincos níveis de adubação (30%, 80%, 130%, 180% e 230% da
recomendação para o cultivo de sequeiro). Os quatro modelos apresentaram valores do índice de
concordância de Willmott igual ou próximo a unidade (1,00), sinalizando um bom desempenho. O
modelo de Mitscherlich apresentou os menores valores de média absoluta dos erros (13,7) e raiz
quadrada da média dos quadrados dos erros (3,7) e o maior coeficiente de determinação (R 2=0,96).
PALAVRAS–CHAVE: modelos matemáticos, irrigação, curva de resposta.

REGRESSION CURVES FOR FERTIRIGATED COFFEE YIELD UNDER DIFFERENT


FETILIZER RATES

ABSTRACT: The mathematical description of coffee plant yield relationship to fertilizer rates is a
basic tool for the achievement of fertilization strategies aiming the best economical return. Several
mathematical models were developed to describe this response curve. However, due to the simplicity
by which the parameters of a second degree polynomial equation can be adjusted, and its widespread
use on several statistical packages, the second degree polynomial equation has been used on several
studies. In this study, the performance of four mathematical equations (second degree polynomial,
logarithmic, Mitscherlich and hyperbola) on describing the response curve of a coffee field, that was
planted on May 2007, to five different fertilizer rates ((30%, 80%, 130%, 180% and 230% of the
recommended rate to no irrigated coffee fields). For the four evaluated equations the values of
Willmott concordance index were near the unity, indicating a good adjustment. The Mitscherlich
equation resulted on the lowest values of mean square error (13.7) and root mean square deviation
(3.7) and the highest determination coefficient (R2=0.96).
KEYWORDS: mathematical models, irrigation, response curve
INTRODUÇÃO: Na literatura são encontrados poucos trabalhos que utilizaram modelos não lineares
no estudo de parâmetros vegetativos e/ou produtivos de lavouras cafeeiras. Dentre estes, pode-se citar
Silva e Volpe (2005), que estudaram o crescimento do fruto do cafeeiro utilizando o modelo logístico
de três parâmetros, e Wyzykowski (2009), que testou modelos não lineares como uma alternativa para
avaliação do crescimento do diâmetro de copa do cafeeiro sob diferentes manejos de irrigação. A
descrição matemática da dependência da produtividade de uma lavoura cafeeira em relação ao nível de
adubação é uma ferramenta básica para determinação de estratégias de adubação que resultem no
máximo retorno econômico. Diversos modelos matemáticos foram desenvolvidos para descrever esta
curva de resposta. No entanto, em função da facilidade com que seus parâmetros podem ser ajustados
e sua disponibilidade em inúmeros pacotes de análise estatística, observa-se uma predominância do
uso de polinômios do segundo grau neste tipo de estudo. Desta forma, objetivou-se, neste trabalho,
avaliar o desempenho de quatro modelos matemáticos diferentes (polinômio do segundo grau,
logarítmico, Mitscherlich e hypérbola) na descrição da curva de resposta de uma lavoura cafeeira.

MATERIAL E MÉTODOS: Os dados utilizados no estudo referem-se à produtividade de café


beneficiado, em sacas/ha, de áreas experimentais irrigadas por gotejamento, que foram submetidas a
diferentes níveis de adubação (30%, 80%, 130%, 180% e 230% da recomendação para o cultivo de
sequeiro) parcelados em quatro aplicações iguais no período chuvoso. Estas lavouras foram
implantadas em maio de 2007, na Universidade Federal de Lavras, na região sul de Minas Gerais, em
áreas de Latossolo Vermelho-Escuro distroférrico, de textura argilosa a muito argilosa. O plantio foi
realizado no espaçamento de 2,5 m entre linhas por 0,6 m entre plantas (6666 plantas ha -1). A cultivar
utilizada foi a Catiguá MG-3 e a quantidade de fertilizantes aplicados em cada tratamento está descrita
na Tabela 1. O valor de referência (dose de 100%) desta tabela foi determinado com base no resultado
da análise de solo, de acordo com recomendações de GUIMARÃES et al. (1999). A colheita ocorreu
em julho de 2012, através de derriça no pano, em cada parcela, iniciada quanto o percentual de frutos
verdes estava entre 15% e 20%.

Tabela 1 – Quantidade de fertilizantes aplicados em cada tratamento em 2012 .


2012
Doses Uréia por hectare (kg) KNO3 por hectare (kg)
30% 233 232
80% 622 618
130% 1011 1004
180% 1400 1390
230% 1789 1776

As quatro equações não lineares, que relacionam a variável independente (x= % da dose) com a
variável dependente (y = produtividade sc ha -1) avaliadas neste estudo foram: polinômio do segundo
grau (equação 1); logarítmico (equação 2); Mitscherlich (equação 3); e hypérbola (equação 4).

Os parâmetros “a”, “b” e “c” dos modelos foram ajustados com a ferramenta Solver do Microsoft
Excel 2007. Além do coeficiente de determinação (R 2), os indicativos estatísticos RMSE (raiz
quadrada da média dos quadrados dos erros), MSE (média dos quadrados dos Erros), MAD (média
absoluta dos Erros) e “d” (índice de concordância de Willmott), foram também utilizados para a
avaliação do desempenho dos quatro modelos conforme as equações a seguir (CORREA et al, 2012):
Onde,
SQR = soma de quadrado dos resíduos;
SQtot = soma de quadrado totais;
Ef = eficiência do modelo;
n= número de dados;
Oi= valor observado;
= média do valor estimado;
Ei= valor estimado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O modelo de Mitscherlich apresentou os menores valores de média


absoluta dos erros (13,7) e raiz quadrada da média dos quadrados dos erros (3,7) e o maior coeficiente
de determinação (R2=0,96). O modelo Logarítmico apresentou valor para índice de concordância (d)
igual à unidade (1,0000), e os demais modelos apresentaram valores próximos à unidade (0,9999) o
que sinaliza o bom desempenho dos modelos, sendo o mesmo comprovado pelos altos valores do
coeficiente de determinação da regressão (todos acima de 90%). Em geral os modelos apresentaram
valores de MAD negativo, o que indica subestimativa dos modelos testado, entretanto os valores
foram bem próximos de zero, o que reafirma que os valores de produtividade se ajustaram bem ao
modelo, uma vez que quanto menor o valor absoluto de MAD, melhor o ajuste do modelo (Tabela 2).

Tabela 2 – Dados estatísticos obtidos para a validação dos modelos estudados.


Modelos RMSE MAD MSE d R2
Polinômio do segundo grau 4,9742 -0,0235 24,7427 0,9999 0,9298
Logarítmico 5,8888 -0,0001 34,6783 1,0000 0,9017
Mitscherlich 3,6977 -0,3609 13,6727 0,9999 0,9612
Hypérbola 5,1365 -0,3142 26,3834 0,9999 0,9252

O ajuste dos dados observados, de produtividade do cafeeiro sob diferentes doses de adubação, aos
quatro modelos avaliados é ilustrado na Figura 1. A análise desta Figura indica que os modelos
logarítmico, de Mitscherlich e hypérbolico descrevem um comportamento similar ao longo da curva,
apresentando o mesmo valor estimado para a aplicação de 178 % de adubação. Os valores ajustados
dos parâmetros (a, b e c) dos quatro modelos estudados estão descrito na Tabela 3.
Figura 1 Curvas de resposta da produtividade (scs/ha) de uma lavoura cafeeira submetida à diferentes
doses de adubação, ajustadas aos valores observados (pontos) segundo os modelos:
polinômio do segundo grau (linha azul), logarítmico (linha roxa), de Mitscherlich (linha
verde) e hypérbola (linha vermelha).

Tabela 3– Valores ajustados dos parâmetros dos modelos estudados.


Parâmetros
Modelos
a b c
Polinômio do segundo grau 11,2474 0,7966 -0,0022
Logarítmico -49,1141 - 24,7646
Mitscherlich 82,2391 - 0,0183
Hypérbola 103,5999 - 55,6065

CONCLUSÕES: Os quatro modelos apresentaram valores do índice de concordância de Willmott


igual ou próximo a unidade (1,00), sinalizando um bom desempenho. O modelo de Mitscherlich
apresentou os menores valores de média absoluta dos erros (13,7) e raiz quadrada da média dos
quadrados dos erros (3,7) e o maior coeficiente de determinação (R 2=0,96).

AGRADECIMENTO: Este trabalho teve apoio da Fundação de Apoio a Pesquisa de Minas Gerais –
FAPEMIG e financiado pela CPC&D/Café – Consórcio Pesquisa Café.

REFERÊNCIAS
CORREA, F. C. P.; ESCOBEDO, J. F.; DAL PAI, A.; TERAMOTO, È. T. Modelo de Angström-
Prescott para estimativa das radiações UV, PAR E IV em Botucatu/SP/Brasil. Avances en Energías
Renovables y Medio Ambiente, Vol. 16, 2012. Impreso en la Argentina. ISSN 0329-5184.
GUIMARÃES, P. T. G.; GARCIA, A. W. R.; ALVAREZ, V. H.; PREZOTTI, L. C.; VIANA, A. S.;
MIGUEL, A. E.; MALAVOLTA, E.; CORRÊA, J. B.; LOPES, A. S.; NOGUEIRA, F. D.;
MONTEIRO, A. V. C. In: Comissão De Fertilidade Do Solo Do Estado De Minas Gerais –
CFSEMG.
SILVA, W. J.; VOLPE, C. A. Crescimento do fruto do cafeeiro (Coffea arabica L.) cv. Acaiá, CP
474/19 e suas relações com variáveis meteorológicas em dois sistemas de plantio, no cerrado de
Uberaba-MG. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Piracicaba, v. 13, n. 2, p. 292-302, 2005.
WYZYKOWSKI, J. Modelos de Regressão para descrição do cafeeiro irrigado e não irrigado
após a recepa. 2009. 76 p. Dissertação (Mestrado em Estatística e Experimentação Agropecuária).
Universidade de Lavras. Lavras, MG.

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