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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 85

AVALIAÇÃO DA CURVA DE MATURAÇÃO E NÍVEIS DE ATR DE CINCO NOVAS VARIEDADES DE


CANA‐DE‐AÇÚCAR

Luis Eduardo Vieira Pinto1, Angela M. M. Godinho2


1
Mestre em Agronomia (Produção Vegetal) – UNOESTE.E‐mail: levp@unoeste.br

RESUMO
Objetivando estudar a curva de maturação e níveis de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) de cinco
novas variedades de cana‐de‐açúcar (IACSP 96‐3060, IACSP 95‐5000, RB 93‐5744, CTC 09 e CTC15)
fornecidas pela empresa Canaoeste de Sertãozinho‐SP, realizou‐se um experimento a campo na
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, durante o período de 07/05/2010 até 30/08/2011. O
experimento constou de linhas individuais (parcela) de cada variedade contendo 60 metros de
comprimento, onde mensalmente retirava‐se três amostras para a determinação da análise de
índice de maturação, referente ao mês de agosto de 2011 e amostras para a determinação do ATR
de cada variedade. As variedades utilizadas no experimento demonstraram boa adaptabilidade
para a região de Presidente Prudente.
Palavras‐ chave: Saccharum officinarum. Produtividade. Análises Tecnológicas. Açúcar. Álcool.

INTRODUÇÃO
A cana‐de‐açúcar (Saccharum spp) é considerada originária do Sudeste Asiático,
inicialmente cultivava‐se principalmente a espécie (Saccharum Officinarum L.), entretanto, os
cultivares desta espécie passaram a sofrer dificuldades de adaptação ecológicas e severos danos
provocados por doenças e foram substituídas pelos híbridos interespecíficos do gênero Saccharum
(FIGUEIREDO et al.,1995). Todavia, o Brasil que é um dos mais tradicionais produtores de cana‐de‐
açúcar pode cultivá‐la em quase toda a sua grande expansão territorial, com exceção da
Amazônia, Estado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A cultura tem uma grande expressão
econômica para o Brasil e atrai interesse mundial, devido à diversidade de produtos que dela
podem ser produzidos (DIAS, 1997).
A cana‐de‐açúcar possui duas fases em seu ciclo de desenvolvimento, primeiro com
um intenso crescimento vegetativo e no segundo o acúmulo de sacarose (maturação), que são
motivados pelo conjunto de fatores que afetam o desenvolvimento vegetativo, como queda na
temperatura e escassez de água disponível (STUPPIELLO, 1987).
Classificou o crescimento da cultura da cana‐de‐açúcar de acordo com o
perfilhamento, tendo separado em três fases: primeira fase corresponde à formação do perfilho
primário, a segunda corresponde ao período de grande perfilhamento e a terceira fase
corresponde ao período de senescência dos perfilhos (BEZUIDENHOUT, et al., 2003).

Colloquium Agrariae, vol. 8, n. Especial, jul–dez, 2012


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OBJETIVO
O objetivo do trabalho foi estudar a curva de maturação e níveis de ATR (Açúcares
Totais Recuperáveis) de cinco novas variedades de cana‐de‐açúcar fornecidas pela empresa
Canaoeste de Sertãozinho‐SP.

METODOLOGIA
O experimento foi realizado na área experimental do campus II da Universidade do
Oeste Paulista ‐ UNOESTE, durante o período de março a agosto 2011, o índice de maturação foi
avaliado mensalmente e o índice de ATR foi avaliado no final do experimento no mês de agosto.
As cinco variedades de cana‐de‐açúcar foram dispostas em sistema de faixas em linhas individuais
de 60 metros de comprimento. As variedades avaliadas no experimento foram IACSP96‐3060,
IACSP95‐5000, RB93‐5744, CTC 09 e CTC 15. A adubação foi realizada no sulco de plantio,
utilizando 200 Kg. ha‐1 do formulado 08‐28‐16.
O solo do experimento foi caracterizado com Argissolo Vermelho‐Amarelo
Distroférrico, típico A moderado, textura médio‐argilosa (EMBRAPA, 1999). A característica
climática de Presidente Prudente é do tipo CWa, conforme Koppen, com temperatura media anual
de 25º C e regime pluviométrico caracterizado por dois períodos distintos, um chuvoso de outubro
a março com média mensal de 158,9 mm, e outro menos chuvoso de abril a setembro com média
mensal de 66,6 mm (ALVES, 1999). As amostras foram realizadas em cinco linhas (parcela) cada
linha de (60 metros), foram coletados três pontos de cada variedade por parcela, retirando uma
amostra do caldo da base e da ponta (ápice) da cana‐de‐açúcar, essas analises foram feitas
mensalmente, e para obter os valores de cada variedade de ATR foram coletados três pontos
diferentes de cada variedade, as analises foram realizadas na Usina Alta Paulista (USALPA) pela
metodologia da prensa hidráulica. Para o índice de maturação o equipamento utilizado para a
determinação da análise foi o refratômetro digital Reichert AR 200, aparelho que fornece a
porcentagem de sólidos solúveis do caldo.
As análises estatísticas das variáveis estudadas foram realizadas segundo Gomes
(1992), o contraste entre médias utilizado foi Scott‐Knott, que segundo Silva et al., (1999), é uma
metodologia estatística com baixa taxa de erro e não apresenta ambigüidade nos resultados.

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RESULTADOS
TABELA 1. Resultados médios do índice de maturação, dos ensaios para as cinco variedades, sendo
realizado o teste comparativo entre médias (Scott‐Knott), para as variáveis que apresentam teste
F significativo.

VARIEDADE ÍNDICE DE MATURAÇÃO


CTC 15 0.79 A
CTC 09 0.77 A
IACSP 963060 0.75 A
IACSP 955000 0.73 B
RB935744 0.69 B
MÉDIA = 0.75
CV % = 11.16
Letras diferentes na coluna, para cada variedade, indicam diferenças estatísticas ao nível de 5%.

TABELA 2. Resultados médios de ATR, dos ensaios para as cinco variedades, sendo realizado o
teste comparativo entre médias (Scott‐Knott), para as variáveis que apresentam teste F
significativo.

VARIEDADE ATR
IACSP 955000 184.75 A
CTC 09 183.92 A
IACSP 963060 182.43 A
RB935744 172.52 B
CTC 15 169.93 B
MÉDIA = 178.71
CV % = 2.61
Letras diferentes na coluna, para cada variedade, indicam diferenças estatísticas ao nível de 5%.

DISCUSSÃO
Na Tabela 1, as variedades CTC 15, CTC 09 e IACSP 96‐3060 obtiveram destaque em
relação ao índice de maturação quando comparado às demais variedades no experimento. O valor
médio dessas três variedades foi de 0,77% valor este compatível com o de Barbosa, (2005),
quando avaliando o índice de maturação de cinco variedades de cana‐de‐açúcar (SP 79‐1011, Java,
RB 76‐5418, RB 72‐454 e SP 80‐1842) obteve uma media de 0,80%.
Houve diferença significativa entre as variedades estudadas no experimento em
relação aos valores de ATR (Tabela 2), a média final das cinco variedades estudadas foi de 158,71
kg t ‐1 valor maior do que o citado por Marques (2005) que relatou em seu experimento com cana‐
de‐açúcar o valor de 147,92 kg t ‐1.
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CONCLUSÃO
As variedades CTC15, CTC 09 e IACSP 96‐3060 atingiram o índice de maturação mais
elevado comparado às demais variedades, mostrando boa adaptalidade para a região.
Previamente pode‐se concluir que os valores encontrados nas análises de ATR das
cinco variedades, são maiores do que a média normalmente descritas pelas unidades industriais
da região que são de 140 kg t ‐1.

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