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DO ESTADO DO
AMAPÁ
Geografia do Estado do Amapá
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
GEOGRAFIA DO ESTADO DO AMAPÁ
Geografia do Estado do Amapá
Luis Felipe Ziriba
Sumário
Geografia do Estado do Amapá................................................................................................................................3
Introdução.............................................................................................................................................................................3
Parte 1 – Geografia..........................................................................................................................................................5
Clima.........................................................................................................................................................................................5
Vegetação..............................................................................................................................................................................7
Relevo....................................................................................................................................................................................12
Hidrografia..........................................................................................................................................................................16
Parte 2 – População.. ...................................................................................................................................................20
A Questão Indígena no Amapá...............................................................................................................................20
População – Dados Gerais e Cidades.. ............................................................................................................... 22
Maiores Cidades do Amapá. . ....................................................................................................................................23
Parte 3 – Uso do Solo e Atividades Econômicas. ........................................................................................25
Urbanização......................................................................................................................................................................27
Mineração e Indústria Extrativista..................................................................................................................... 28
Agropecuária.....................................................................................................................................................................31
Complemento: o Amapá no Contexto Nacional..............................................................................................31
Exercícios............................................................................................................................................................................34
Gabarito...............................................................................................................................................................................38
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................39
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GEOGRAFIA DO ESTADO DO AMAPÁ
Geografia do Estado do Amapá
Luis Felipe Ziriba
O Amapá é uma das 27 Unidades da Federação do Brasil, sendo um dos 7 estados integran-
tes da Região Norte. A sua autonomia político-administrativa-financeira é garantida por sua
Constituição Estadual. Carta promulgada em 20 de dezembro de 1990, a Lei Magna do Estado
consolida o que o dispositivo constitucional (na Constituição Federal/1988) determinou, alçan-
do o estado da condição de Território Federal para torná-lo uma das 27 Unidades da Federação
autônomas. Lembrando que o Amapá, e qualquer Unidade da Federação, não possui SOBERA-
NIA, pois quem possui soberania é apenas o Estado brasileiro. O Amapá, assim como as outras
Unidades da Federação, possui autonomia.
É importante entender que, pela Constituição Federal de 1988, houve a última reformata-
ção significativa no mapa político brasileiro: Amapá, Roraima e Fernando de Noronha deixam
de ser territórios, ou seja, porções do território brasileiro pertencentes diretamente à União
(eram assim por questões estratégicas) e ganham as suas autonomias político-administrati-
vas. Noronha virou um município de Pernambuco e, Amapá e Roraima viraram Unidades da Fe-
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deração autônomas. No mesmo movimento, o Distrito Federal vira uma Unidade da Federação
e o estado de Tocantins também é criado.
O símbolo do Estado do Amapá é a sua bandeira.
Nela, o verde representa as matas; o amarelo, as riquezas minerais; o azul, o céu; e o bran-
co, a paz. O preto simboliza o respeito aos homens que morreram lutando pelo Estado. A figura
geométrica centralizada no lado esquerdo, representa a Fortaleza de São José de Macapá.
Em tupi-guarani Amapá significa “o lugar das chuvas”.
O hino do Estado, denominado Canção do Amapá, fora adotado pelo Decreto n. 008, de
23 de abril de 1984, oficializando a letra do poema homônimo de Joaquim Gomes Diniz, com
música e arranjos de autoria do maestro Oscar Santos.
Com 142.828 km² de área total, o território do Amapá é apenas o 18º em área total no Bra-
sil. Se assemelha em tamanho ao Ceará.
Com o formato de um losango, o Estado possui, nas suas fronteiras ao sul, o Estado do
Pará de um lado (oeste) e o Rio Amazonas de outro (leste). Ao norte, possui uma pequena
fronteira com o Suriname, 730 km de fronteiras com a Guiana Francesa e o Oceano Atlântico.
Em cima da capital, Macapá, no primeiro terço do território do Estado, passa a linha do
Equador. Assim, mais da metade do estado se encontra no hemisfério norte como podemos
ver no mapa abaixo.
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Parte 1 – Geografia
Clima
O clima do Amapá é fortemente influenciado pela mEa – Massa Equatorial Atlântica –, de
característica quente e úmida. Veja abaixo a área de nascimento e o contexto da divisão das
massas de ar no Brasil.
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No verão, adicionado à atuação da mEa, ocorre a entrada da mEc – Massa Equatorial Con-
tinental –, de mesma característica, intensificando os eventos pluviométricos e de forte calor.
O clima no Estado é integralmente do tipo Equatorial, ou seja, quente e úmido, com médias
de temperatura anual na casa dos 27 graus (atenção a esse número médio, geralmente pedido
em prova), onde a média anual das mínimas é de 23 graus e das máximas na casa dos 32. As
temperaturas mínimas nunca atingem menos de 19 graus no Estado, com as máximas, princi-
palmente nos meses de novembro, dezembro e janeiro, podendo chegar à casa dos 38 graus.
Assim, para facilitar nossos estudos em relação ao clima do Estado do Amapá, 3 pontos de
extrema importância devem ser fixados. Vamos a eles:
1. Clima quente e úmido: ao longo do ano, o calor é constante e a umidade também. Há
uma relativa queda nas temperaturas máximas e uma contundente queda na quantidade de
precipitação nos meses de agosto e setembro.
2. Baixa amplitude térmica diária, mensal e anual: enquanto é totalmente comum em de-
terminados lugares que as temperaturas variem, ao longo do dia, na casa dos dois dígitos (ou
seja, acima de dez graus entre a máxima e a mínima), geralmente, no Amapá, essa amplitude
térmica diária é sempre muito baixa, ficando na casa dos 8 graus. Aliás, esse é um fenômeno
típico de localidades na zona equatorial. Podemos observar que as médias diárias de tempera-
tura estão sempre entre mínimas de 23, 24 graus e máximas de 32. Ao longo do ano ocorre o
mesmo, as máximas e mínimas percebidas são de baixa amplitude se comparadas às diversas
localidades no Brasil fora do regime de clima Equatorial.
3. Estação chuvosa prolongada e seca mais curta: mesmo convencionando-se dizer que o
clima no Amapá é dividido em seis meses de chuva e seis meses de seca, o que se percebe é
que este período considerado como de seca é típico dos meses de agosto, setembro, outubro
e novembro e, em alguns anos, são períodos com ocorrência de estiagem, ou seja, mais de 30
dias sem chuva (diferente do que ocorre em Belém, por exemplo, que tem o mesmo clima, mas
não ocorre estiagem desse tipo). Assim, diminui bastante a quantidade de chuvas por 4 meses
se comparado ao volume das chuvas de meses muito chuvosos como janeiro, fevereiro e mar-
ço. Para se ter uma ideia, em Macapá, nos meses de fevereiro e março, pode chover até 400
mm em 30 dias (com chuvas praticamente todos os dias), entretanto nos meses de setembro
e outubro, chove apenas 50 mm ou menos na capital. Há, portanto, uma sazonalidade marcada
entre o período das chuvas e o chamado “período seco”.
Por fim, vale destacar que o extremo norte do Estado do Amapá junto à região Noroeste do
Estado do Amazonas (na área chamada “Cabeça do Cachorro”) são consideradas as duas áre-
as mais chuvosas de todo o Brasil. Em Calçoene, no norte do estado, segundo o IBGE, ocorre
uma precipitação média anual de 4.165 mm, porém, no ano de 2000, foram registrados quase
7.000 mm de chuva. Comparativamente, chove 3 vezes mais nesse município do que em todo
o município de São Paulo. Entre janeiro e junho, é registrada uma média de 25 dias de chuva
por mês, o que significa que chove praticamente todos os dias.
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Vegetação
Caro(a) aluno(a), primeiramente é importante destacar que a flora do Amapá possui uma
alta biodiversidade que se encontra bastante preservada e protegida do desmatamento e das
mais variadas ações antrópicas, à medida que o Estado possui mais de 70% de seu território
dentro de Unidades de Conservação instaladas pelo poder público em suas esferas. Também
colabora com tal cenário o distanciamento geográfico do Estado em associação a uma baixa
pressão populacional.
Com vistas a simplificar nossos estudos acerca da geografia do Estado do Amapá, vou
dividir aqui os domínios de vegetação em 3 tipologias principais, as quais relacionaremos as
suas áreas de ocorrência por este mapa abaixo. Vamos a elas:
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Nas matas inundadas, em ambientes de presença marinha (nas partes litorâneas) e em foz
de rios que desaguam no mar, ocorre a formação dos MANGUES, que são constituídos por
vegetação adaptada à inundação ao longo do ano, porém com água salinizada. Solos halófitos
(adaptados a grande quantidade de sal) e plantas pneumatófitas (com raízes suspensas) são
dois termos relacionados aos mangues, é importante nos atermos. Abaixo temos as áreas de
mangue no Brasil de forma aproximada, e destaque, também, para sua tipologia comum com
raízes mais elevadas e terrenos inundados.
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2. Matas de terra firme: são os domínios preponderantes em área, com cerca de 85% de
todo o Estado, ocupam, inclusive, toda a sua parte oeste, como podemos ver no primeiro mapa
deste tópico sobre vegetação (em VERDE e denominado FLORESTA na legenda). São nos ter-
renos de matas firmes (terras mais altas) que o aproveitamento agropastoril se processa em
toda a Amazônia Legal, principalmente em Estados como Pará e Rondônia. Nas terras firmes,
a floresta é densa, com madeiras nobres como mogno e cerejeira e possui altíssima biodiver-
sidade faunística. No caso do Amapá, a maioria dessas áreas interiores se encontra protegida
por Unidades de Conservação, com destaque para uma das maiores reservas florestais do
mundo, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque.
3. Domínios savânicos: perfazendo em torno de 9% do Estado, o cerrado no Amapá se
encontra em sua porção interior, de norte a sul, entre as formações florestais e os campos
e mangues, conforme é demonstrado claramente no mapa introdutório. Vale destacar que o
bioma Cerrado não tem relação com a Amazônia, sendo, no caso do Amapá, uma mancha
descontínua originaria de mudanças climáticas que se processaram ao longo das eras geoló-
gicas. Portanto, não tem relação direta com o atual padrão de mudanças climáticas antrópicas
relacionadas à emissão de gases de efeito estufa do período industrial (pós-1850).
No Amapá, o cerrado se encontra bastante desmatado em decorrência de atividades agro-
pastoris, plantações de eucalipto e, até, pela expansão urbana, como no caso da capital Ma-
capá que, em sua periferia, se debruça sobre solos de cerrado.
No mapa abaixo, veja as áreas core (nucleares de ocorrência do cerrado) e suas manchas,
principalmente no Amapá e em Roraima. Por fim, é importante saber que o cerrado é o maior
bioma 100% nacional, já que a Amazônia avança sobre outros países Sul-Americanos enquan-
to o cerrado, como o conhecemos, não.
Áreas de ocorrência do cerrado no Brasil (em verde):
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Com quase 3,9 milhões de hectares, uma área superior à de alguns Estado brasileiros,
como Alagoas e Sergipe, o Parque Nacional Montanhas de Tumucumaque foi criado em
agosto de 2002 e, desde então, é uma das maiores áreas tropicais protegidas do mundo.
Ele cobre uma porção significativa de uma região de extrema importância ecológica, o
Escudo das Guianas, caracterizado por elevadíssimos valores de riqueza biológica e taxa
de endemismo. Está situado na Região Noroeste do Estado do Amapá, uma das áreas de
menor densidade demográfica da Amazônia. Tais fatos, associados ao alto grau de prote-
ção de seus ecossistemas, legitimam essa Unidade de Conservação como um dos mais
relevantes instrumentos de preservação ambiental da Amazônia brasileira.
Os benefícios gerados pelo Parque Nacional Montanhas de Tumucumaque são inegá-
veis: a preservação da qualidade da água dos rios do Amapá, à medida que as nascentes
dos mais importantes rios do Estado estão parcial ou integramente localizadas na Unida-
de de Conservação – Oiapoque, Jari, Araguari e Amapari – e, devido à sua extensão, contri-
bui para a estabilidade climática da região, proteção contra o processo de erosão e a perda
do solo, manutenção de populações viáveis de fauna e flora e preservação do patrimônio
cultural material e imaterial.
A esses aspectos somam-se, ainda, outros benefícios de caráter socioeconômico. Por
se tratar de um Parque Nacional, que tem como seus objetivos promover a visitação pú-
blica, surge a possibilidade da abertura de um polo ecoturístico. As consequências diretas
são a movimentação de recursos financeiros através da prestação de serviços aos visitan-
tes – como gastronomia, hotelaria, guias turísticos, transporte etc. – e, assim, promove a
geração de empregos diretos e indiretos e renda para a população local, como mostram
inúmeros exemplos de outros Parques Nacionais no Brasil e no Mundo.
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Relevo
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1. Colinas do Amapá
São as áreas florestadas e ocupam a maior área espacial do Estado. Geologicamente apre-
senta-se sobre um Embasamento Cristalino (mais abaixo há uma explicação sobre essa for-
mação geológica, não se preocupe), com morros baixos amplos e suaves e alguns registros
de inselbergs (formações rochosas mais destacadas, porém isoladas). Apresenta a maior
altitude registrada no Estado no Parque Nacional Montanhas de Tumucumaque (701 m) e as
maiores altitudes médias no estado, como podemos ver no primeiro mapa sobre a hipsome-
tria do Amapá acima. Para este imenso domínio, a maior preocupação do ponto de vista am-
biental são os garimpos ilegais, visto que ocupações urbanas e escalas de desenvolvimento
agropecuário encontram-se sobremaneira blindadas pelas altas taxas de conservação oficial
empreendidas atualmente.
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2. Tabuleiro Costeiro
Esta unidade de relevo se desenvolveu sob Rochas Sedimentares (mais abaixo há uma ex-
plicação sobre esta formação geológica). O relevo se apresenta plano, suavemente ondulado
e ondulado dissecado pela rede de drenagem dendrítica e pelos processos climáticos com
alto índice pluviométrico. O compartimento é recoberto por LATOSSOLO VERMELHO-AMARE-
LO, concrecionário, sobre vegetação de cerrado arbóreo/arbustivo.
No ano de 2014, a Embrapa-AP lançou o Zoneamento Ecológico Econômico do Estado,
considerando as áreas de cerrado como umas das últimas fronteiras de expansão agrícola do
Brasil. Mediante a esse estudo, 180 mil hectares foram considerados aptos para o plantio de
soja (Embrapa, 2014). Esse compartimento também é dotado de grande plantio de eucalipto,
que ocupa uma boa parte das áreas plana dessa unidade. Em termos de conservação, é o
mais desprotegido, considerando que não há nenhuma grande Unidade de Conservação nes-
sa unidade.
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3. Tabuleiro Rebaixado
O relevo deste compartimento está sustentado por rochas sedimentares da formação Alter
do Chão, formadas por quartzo arenito e arenito. A Unidade de Conservação Reserva Extrativis-
ta do Rio Cajari integra o compartimento cuja UC desenvolve a extração de castanha do Brasil,
que é beneficiada por cooperativas comunitárias dentro da Resex.
4. Planície Costeira
Temos basicamente dois tipos de formações geológicas de base. Primeiro, os Escudos Cris-
talinos (mais antigos), assim como nas Colinas do Amapá, onde há a presença dos blocos
rochosos e a aptidão para a formação de jazidas de minerais. Em contrapartida, temos as ro-
chas sedimentares e terrenos em sedimentação nas áreas de planícies mais ao litoral, onde há
potencial para a exploração de combustíveis fósseis e não tanto para jazidas minerais.
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Hidrografia
O mapa oficial de bacias hidrográficas do Brasil (acima) nos revela que o Amapá possui
terras em duas macro bacias nacionais dentre as 8 delimitadas oficialmente, a do Rio Amazo-
nas e a do Atlântico Norte/Nordeste.
Com 40% de seu território na Bacia do Rio Amazonas, a parte sul do território do Amapá
possui como principal rio o Rio Amazonas, que deságua na parte sul do Estado do Amapá, mar-
geando Macapá. O Amazonas é responsável por um quinto do volume total de água doce que
deságua em oceanos em todo o mundo e a sua foz é a única que é, ao mesmo tempo, estuário
(simples) e delta (embocaduras diversificadas). O grande volume do rio cria um “braço” que
circunda parte da Ilha do Marajó, ao mesmo tempo que o delta segue a oeste dela, pois o rio
está localizado em uma planície que joga suas águas na fronteira sul do Amapá, mais precisa-
mente na orla de Macapá. Veja no mapa abaixo:
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Os principais rios são o Rio Oiapoque, Araguari, Amapá Grande e Calçoene ocupando a
maior parte do estado. Vale destacar que os rios do Amapá, vai de regra, não são extensos em
se comparado aos rios Amazônicos em geral.
[Diagramação: aplicar estilo de Matéria do Ziriba no texto abaixo até o último parágrafo
antes da Parte 2]
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O fenômeno, que foi palco de surfistas na costa Leste do Amapá, sofreu danos cau-
sados pela ação do próprio homem, segundo especialistas, com a construção de
três hidrelétricas e a criação de búfalos às margens do rio Araguari, que corta sete
municípios amapaenses.
“Essa perda da pororoca de forma brusca ocorreu pela ação do homem e nesse tre-
cho é impossível a gente ter o fenômeno, mas somente a natureza pode dizer isso”,
avaliou o doutor em geologia marinha Admilson Torres, do Instituto Estadual de Pes-
quisas do Amapá (Iepa).
“A pororoca não tem mais jeito. Toda a água que iria de encontro com o oceano, não
vai mais. A cada dia, a tendência de a foz secar é ainda maior com o aparecimento
até de capim e desertificação”, afirmou Antônio Feijão, CEO da Amazon Global, insti-
tuto que estuda o comportamento ambiental da foz do rio Araguari.
“Avalio ser muito difícil a gente ter a pororoca mais uma vez porque é quase impossí-
vel combater o pisoteio do búfalo, as hidrelétricas já estão erguidas e teria que fazer
uma dragagem imensa na foz do rio Araguari. É algo muito difícil e inviável economi-
camente fazer tudo isso”, disse Mamed Leal, ambientalista do Conselho Estadual de
Meio Ambiente (Coema) do Amapá.
“O que aconteceu no Araguari foi uma soma de vários fatores que parecem ser algo
sem volta para diminuí-los. É complicado dizer que é um processo com chances de
ser revertido”, completou o biólogo Antônio Farias.
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O Instituto Chico Mendes (ICMBio) avalia que a pecuária foi a responsável pela perda
de força do Araguari diante do oceano por causa de canais que foram abertos no
curso do rio. As valas fizeram a transposição da água e secou a foz.
“Para a gente atuar na causa, todos esses canais e valas teriam que ser fechados. E
são muitos. E eles já estão mais fundos e largos que o próprio rio considerando a lar-
gura que tinha antes aqui na foz. É um processo difícil de reverter. Teria que investir
muita pesquisa e recurso financeiro para poder fechar esses canais e o rio voltar a
ter força de novo.”, afirmou Patrícia Pinha, do ICMBio, à Rede Amazônica no Amapá.
Existem canais abertos com até 350 metros de largura, maior que alguns trechos do
próprio Araguari.
Para comparar a força que tinha o Araguari, a queda do curso da água nos 200 quilô-
metros entre nascente e a foz tem altura de 80 metros, enquanto do rio Amazonas, a
partir de Manaus ao oceano, no Amapá, a altura máxima é de 16 metros entre mais de
mil quilômetros de extensão no referido percurso, segundo o geógrafo Antônio Feijão.
A força da nascente, no entanto, foi afetada pela construção das três hidrelétricas.
Esse fato somado a criação de búfalos na foz, resultou no fim das ondas, de acordo
com o especialista.
“Foram criados três grandes lagos para represar essa água do rio Araguari, fazendo
perder a força provocada na nascente”, disse o geógrafo.
Investigação e estudos
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O governo do Amapá informou que vai enviar para a foz do rio Araguari pesquisado-
res da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Instituto de Meio Ambiente
(Imap) e Agência Nacional das Águas (ANA) para coletar dados das possibilidades
reais do que teria causado o fim da pororoca e alternativas para o retorno do fenôme-
no. As equipes partem dia 20 de julho.
Parte 2 – População
A Questão Indígena no Amapá
O Amapá é o primeiro estado brasileiro a ter todas as terras indígenas demarcadas. Nas
duas grandes reservas, que representam 8,6% de todo o território estadual – 140.276 km² –,
vivem as etnias Galibi, Karipuna, Palikur, Waiapi e Galibi Marworno.
Essas sociedades indígenas não vivem isoladas, elas recebem todo tipo de apoio governa-
mental: de assistência à saúde a orientações para melhorar a qualidade de vida através de no-
vas alternativas econômicas. No entanto, o respeito aos indígenas vem em primeiro lugar. Em
nenhum momento essa parceria pode interferir na cultura diferenciada das etnias. O melhor
exemplo desse compromisso é o apoio dado à escola bilíngue, onde as crianças aprendem
primeiro sua língua original, que é a condição mais importante para manter viva a tradição
indígena com seus mitos, lendas, arte e costumes.
A luta dos indígenas para garantir a terra em que vivem e defender a sua cultura tem cha-
mado a atenção de ONGs, governos estrangeiros, com o alemão, e o apoio de personalidades
como Danielle Miterrand. A viúva do ex-presidente François Miterrand, e presidente da Funda-
ção France Libertés, visitou o Amapá em abril de 1996. Além de oferecer apoio político, ela
condenou duramente o decreto do governo federal que permite contestação no processo de
demarcação de terras indígenas.
A palavra Galibi designava os indígenas que viviam no litoral da Guiana Francesa. Hoje, no
Amapá, eles são encontrados em apenas três aldeias. A língua original, Karib, foi substituída
pelo patoá, francês crioulo da Guiana e português, que falado pela maioria dos homens adultos.
Assim como os Palikur, os Galibi também escolhem o chefe da aldeia por eleição direta.
Vivem da agricultura – cujo principal produto é a mandioca brava –, caça, pesca e comerciali-
zam o excedente. Possuem, também, uma pequena indústria de construção naval que produz
barcos pequenos para toda a região.
Essa sociedade vivia originalmente na Guiana Francesa e sua principal característica é o
instinto guerreiro. No século XVII, eles lutaram muito contra os indígenas Palikur e os france-
ses. No século XVIII, com a chegada dos jesuítas, formaram o maior grupo das missões. Quan-
do os padres foram expulsos, eles se dispersaram.
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Geografia do Estado do Amapá
Luis Felipe Ziriba
Apenas um grupo mora no Brasil, eles chegaram ao país em 1950. Vivem da caça e da
pesca e, como fonte de recurso financeiro, comercializam produtos agrícolas. Todas as aldeias
têm escolas administradas pelo governo do Estado.
Próximo à reserva, fica Oiapoque. Essa cidade, situada no ponto mais extremo do Brasil, foi
a primeira do país a eleger um prefeito indígena.
A história dessa comunidade é marcada por uma constante migração. Ora ocupavam a
bacia de Uaça, que é sua área de origem, ora se mudavam para a Guiana Francesa. Só no final
da década de 80, com a demarcação da reserva e a expulsão dos não-indígenas, que a popu-
lação começou a se fixar. Duas aldeias ocupam essa área: a Juminã, com remanescentes dos
indígenas Karipuna e a Uahá, com indígenas Galibi-Marworno.
Os indígenas Karipuna se consideram católicos, mas não renunciam às festas religiosas
tradicionais. O “Turé”, por exemplo, tem ritos essencialmente indígenas que incluem danças
e cantos na língua maruane. Comercializam produtos agrícolas como cítricos, café, inhame,
banana e cana. A caça e a pesca são utilizadas exclusivamente para o consumo local. A mi-
gração tem aumentado por causa do crescimento da população. No entanto, os homens ficam
fora apenas por alguns períodos, enquanto as mulheres raramente retornam às aldeias.
Os Palikur têm uma miscigenação rara entre os indígenas. Entre 1930 e 1940, chegaram à
aldeia famílias negras vindas da Guiana Francesa e seus descendentes assumiram a identida-
de da tribo. Mesmo com esse contato, os indígenas mantiveram a tradição de se organizar em
clãs formados a partir da linhagem paterna. Dessa forma, os filhos de pais não mestiços são
aceitos pela comunidade, mas não podem pertencer a nenhum clã.
Os Palikur estão localizados no Estado do Amapá e na Guiana Francesa. No Amapá, eles
se situam ao longo do rio Urukaua, localizado na bacia do rio Uaca, região do município do
Oiapoque. Na Guiana Francesa, eles habitam bairros nas cidades de Caiena e Saint-Georges, e
as margens do rio Oiapoque. Dentre as três etnias alocadas ao longo da bacia do Uacá – Ga-
libi-Marworno, Karipuna e Palikur –, os Palikur são os únicos procedentes da própria região e,
também, os únicos que mantiveram sua língua original. Essa etnia é mencionada nos relatos
históricos desde 1513.
Durante mais de três séculos, os povos indígenas da região do norte do Amapá mantiveram
intensas trocas com os comerciantes franceses, ao ponto de despertar a preocupação da co-
roa portuguesa, que passou a exercer uma caça sem tréguas aos indígenas identificados como
aliados franceses. Neste contexto, os Palikur, apesar de considerados “amis de françois”, são
umas das poucas etnias, das diversas que existiam na região, que conseguiram sobreviver à
perseguição empreendida pelos portugueses.
Atualmente, os Palikur são, em sua maioria, crentes. Foram evangelizados por missioná-
rios protestantes no final da década de 40 e, por conta da religião cristã, não realizam mais
suas festas tradicionais, como a festa de Turé e do Tambor. Assim como os outros povos indí-
genas do Uaca, os Palikur vivem da caça, pesca e comercialização da farinha nas cidades do
Oiapoque, Caiena e Saint-Georges.
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Geografia do Estado do Amapá
Luis Felipe Ziriba
Para fugir da catequização dos jesuítas, no século XVII, os indígenas Waiapi abandonaram
sua área de origem, o Baixo Xingu – no estado do Pará –, e ocuparam o ponto mais extremo
do Brasil, entre os rios Oiapoque, Jari e Amapari. Os Waiapi quase foram extintos no começo
do século por causa do contato com extrativistas como os seringueiros. Na década de 70,
eles enfrentaram o mesmo problema com os garimpeiros que invadiram a área a partir da
recém-chegada Rodovia Perimetral Norte. Nos anos 80, os Waiapi conseguiram expulsar os
invasores e, desde então, mantêm vigilância constante nos limites de suas terras. Nesse pe-
ríodo, eles assumiram a faiscação de ouro aluvionar, uma atividade que é realizada dentro do
seu ciclo tradicional de atividades extrativistas e que atende a algumas de suas necessidades
(armamento, tecidos, redes etc.).
Nos garimpos controlados pelos indígenas, não se usa mercúrio e as áreas trabalhadas
nessa atividade são convertidas em plantações frutíferas. Além disso, os Waiapi estão na
agrossilvicultura em alguns trechos das picadas da demarcação. Hoje, eles são 488 integran-
tes, distribuídos em 12 aldeias. A área foi demarcada e homologada em 1996, em uma expe-
riência piloto do PPG7 que priorizou a participação dos indígenas e sua capacitação para o
controle permanente dessa terra. A experiência foi coordenada por uma ONG e financiada pelo
governo alemão.
Cada aldeia indígena tem um padrão estético que se reproduz nos objetos utilitários, tais
como cestas, redes, adornos e armas. Feitos com madeira, fibras, cerâmica, sementes, pluma-
gem, dentes e ossos de animais, alguns desses objetos são enfeitados com penas de aves ou
pintados com corantes naturais extraídos de cascas de árvores e sementes, como as do urucum.
O artesanato é uma das fontes de renda dos povos indígenas do Amapá. Os Karipuna, por
exemplo, fabricam colares de contas ou ossos. Os Waiapi usam desenhos mitológicos para
explicar suas origens. Os Apalai do norte do Pará fazem complexos desenhos geométricos
com significados conhecidos apenas pelo grupo.
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Luis Felipe Ziriba
Entre os anos de 1991 e 2010, a população amapaense cresceu acima da taxa de cresci-
mento demográfico médio nacional, atingindo, na década de 1990, a taxa decenal de 77,28%,
três vezes maior do que o crescimento ocorrido na região Norte (25,7%) e cinco vezes maior que
a taxa nacional (15,43%). Esse crescimento, proporcionalmente acentuado em relação ao re-
gional e nacional, perdura desde a transformação do Amapá em Território Federal e isso tornou
o espaço geográfico amapaense um dos principais polos brasileiros de atração de migrantes.
Fonte: IBGE
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Luis Felipe Ziriba
O Amapá possui um dos maiores contingentes de população urbana do Brasil, com pra-
ticamente 90% da população residindo em cidades, uma taxa maior que a média nacional.
Macapá, a capital, concentra a predominância da população do Estado, seguida por outras 4
cidades as quais somadas concentram mais de 85% da população.
Vamos então a elas:
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1
Disponível em: https://selesnafes.com/2021/11/pib-amapa-fica-acima-da-media-nacional-e-chega-a-r-175-bilhoes/.
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Luis Felipe Ziriba
Urbanização
No ano 2000, o Censo Demográfico do IBGE apurou que cerca de 90% da população no
Estado do Amapá era residente das cidades, principalmente em Macapá e Santana, que juntas
abarcavam em torno de 75% da população estadual. Do ponto de vista da dinâmica do cresci-
mento populacional, desde a década de 1960, o Amapá tem experimentado uma acentuada
aceleração no seu crescimento demográfico, o qual se manteve intenso ao longo das últimas
décadas, conforme vimos na Parte 2 – População. Esse crescimento vem acontecendo em
função de eventos localizados, como a instalação da ICOMI – Indústria e Comércio S/A –, a
implantação do Projeto Jari e a criação e implantação da Zona de Livre Comércio nos muni-
cípios de Macapá e Santana. São fatos que desencadearam processos de concentração de
população nas regiões onde se instalaram os empreendimentos, favorecendo particularmente
os municípios de Laranjal do Jarí, Vitória do Jarí e Mazagão. Esses empreendimentos podem
ser classificados como enclaves, ou seja, estruturas artificiais instaladas que são motrizes
de desenvolvimento tanto econômico como populacional. Aliado ao efeito das ações exerci-
das pela implantação dessas atividades econômicas, destaca-se, ainda, um conjunto de ações
governamentais que visam estimular o desenvolvimento do território amazônico por meio de
planos e projetos especiais.
O contínuo crescimento da população é explicado não apenas pelo crescimento vegeta-
tivo, ou seja, o saldo entre nascimento e óbitos, mas, também, pelo contingente migratório
recebido. Entre 1991 e 2000, a população imigrante representou 20,6% do total da população
do estado (IBGE, CENSO, 2000). O crescimento urbano também se dá em razão da fragilidade
da política agrícola, que, nos últimos anos, tem favorecido uma gradativa redução do número
de estabelecimentos agrícolas (30%) e da área total cultivada no estado (cerca de 42%). Como
consequência, tem ocorrido uma redução da produção, o que torna o estado do Amapá cada
vez mais dependente da importação de produtos alimentícios de outros estados. A dinâmi-
ca demográfica própria do Estado associada às características gerais do modelo nacional
de crescimento das cidades induziu modificações na estrutura político-administrativa dos
municípios e favoreceu o aumento da população urbana em detrimento da população rural,
constituindo um “status” de urbanidade a localidades marcadamente rurais.
A crescente urbanização gera um impacto ambiental à medida que as taxas de saneamento
básico do Estado são baixas e o esgoto a céu aberto promove vetores de doenças e contamina-
ção do solo e do ar. Menos de 4 em cada 100 habitantes do Amapá contam com acesso à rede
de esgoto. É o que mostram os últimos dados disponíveis do Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento (SNIS), divulgados em 2016. Os números – referentes a 2015 – colocam o
Estado como o pior do país em relação ao saneamento básico. O Amapá também aparece na
última colocação em relação ao fornecimento de água tratada. Os dados fornecidos pelo Mi-
nistério das Cidades mostram que apenas 1 a cada 3 pessoas conta com distribuição de água
(34%) no Estado. Além disso, a alocação do lixo por parte da população nas duas maiores cida-
des do Estado – Macapá e Santana – ainda é feita, em grande parte, a céu aberto.
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Construiu-se uma verdadeira cidade ao lado das minas para alojar diretores, engenheiros,
técnicos, operários e suas respectivas famílias. Foram implantadas escolas, postos médicos e
áreas de lazer. Arquitetos e urbanistas foram chamados para planejar prédios de acordo com a
realidade amazônica. Trilhos percorreram 194 quilômetros de selva para ligar a Serra do Navio
à Santana a fim de escoar a produção e transportar o pessoal. Um dos maiores portos naturais
da Amazônia foi adaptado e começou a receber gigantescos navios para levar a Serra do Navio
para os Estados Unidos. Até uma hidrelétrica foi feita para auxiliar a demanda energética da
intensa extração empreendida.
Em Santana, a Vila Amazonas foi criada para hospedar o pessoal da ICOMI. Para se ter uma
ideia do contraste que tudo isso gerou, por muito tempo aquela foi a única área do município
com infraestrutura adequada de saneamento básico.
Durante quase 50 anos, explorou-se a terra até que, em 1998, as minas de manganês che-
garam à exaustão e a ICOMI paralisou suas atividades de lavra. No fundo, não se previa que a
exploração seria tão intensiva ao ponto de esgotar totalmente a reserva.
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Geografia do Estado do Amapá
Luis Felipe Ziriba
Em 2006, a MMX, de Eike Batista, se instalou em Pedra Branca do Amapari para a extração
de ferro. Em 2008, o projeto foi vendido para o grupo Anglo American que, em seguida, repas-
sou ao grupo Zamim Amapá Mineração Ltda.
Em 2010, entram em operação duas novas minas na região do Amparai para a exploração
de minério de ferro e cromita, a Unamgen Mineração e Metalurgia S/A e a Mineração Vila Nova
respectivamente.
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Geografia do Estado do Amapá
Luis Felipe Ziriba
Agropecuária
Embora a região do Amapá já tenha sido ocupada desde o final do século XVIII, a partir
da década de 1950 que se experimentou um grau maior de desenvolvimento das atividades
produtivas no Estado. Foi criada, no período, uma infraestrutura destinada à exploração do
manganês para exportação, tal como vimos mais acima na questão da ocupação do solo pela
mineração. O Estado então diversificou suas atividades, passando a receber um significativo
contingente populacional e aumentando sua produção agropecuária.
Mesmo assim, seguindo a tendência percebida em vários outros Estados da federação –
vale o destaque – onde a agropecuária responde pela menor parcela do PIB local, no Amapá,
a produção de valor na agropecuária não passa de 5%. Podemos inferir, inclusive, que o Amapá
não se encontra dentro das escalas tão rentáveis no jogo do agronegócio nacional, diferente-
mente de seu vizinho ao sul, o Pará, e de Estados da Região Norte como Rondônia e Tocantins.
O setor primário no Amapá é caracterizado por um baixo nível tecnológico. As lavouras
são praticadas com técnicas tradicionais. A pecuária, atividade tradicional na região, é pratica-
da predominantemente em moldes extensivos, embora, em função do crescimento de alguns
centros urbanos, já se registre uma pecuária que utiliza algumas técnicas modernas.
Em relação ao tamanho das propriedades rurais, vale registrar que 60% do número total de
propriedades no Estado são de tamanho pequeno a médio.
Bom, caro(a) aluna(a), aqui encerramos este conteúdo de Geografia – População e Espaço
Econômico do Amapá. Vamos, agora, a um texto complementar associado ao nosso edital que
versa sobre o Amapá no contexto nacional para seguirmos com os exercícios complementares.
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Geografia do Estado do Amapá
Luis Felipe Ziriba
Até a Constituição de 1988, o Estado era um Território, ou seja, não possuía autonomia
político-administrativa. Os seus desígnios eram comandados a partir de Brasília pelo Governo
Federal. Essa figura dos territórios é destacada do mapa nacional a partir da Constituição de
1988, quando não apenas o Amapá, mas também Roraima, passa a ter autonomia típica de
Unidades da Federação (não confundir com soberania).
Hoje o Amapá – assim como todas as outras Unidades da Federação – pode decidir dire-
tamente quem serão seus representantes. Dessa forma, em 2018 os amapaenses foram às
urnas e escolheram os seus 24 deputados estaduais, seus 8 deputados federais, dois de seus
3 senadores e seu governador.
O Estado do Amapá é considerado – junto com o Acre – aquele que tem a maior conser-
vação de sua vegetação natural dentre todos da Federação. Em torno de mais de 90% de seus
domínios ainda se encontram intactos, protegidos por mais de 15 Unidades de Conservação,
sejam elas estaduais ou federais. Como vimos anteriormente em nosso material, o maior par-
que nacional do Brasil se encontra exatamente no Amapá (a Serra de Tumucumaque).
Do ponto de vista econômico, a inserção do Amapá é via de importação de produtos, pois
o estado um grande dependente de produtos de fora, principalmente artigos acabados da Re-
gião Nordeste e Sudeste, lembrando que não há praticamente nenhuma indústria de produtos
manufaturados, tais como alimentos industrializados, roupas, eletrodoméstico entre outros. O
setor mais importante para as exportações industriais do estado é o da Metalurgia, responsá-
vel por 68,23% do total exportado em 2018.
O PIB do estado também é pequeno, não correspondeu nem a 0,5% do PIB nacional em 2018.
Atualmente Macapá possui um moderno aeroporto internacional onde operam as 3 maio-
res companhias aéreas do país. A construção do novo aeroporto teve início em 2004, mas foi
paralisada em 2007, após o Tribunal de Contas da União (TCU) apontar suspeitas de fraude e
desvio de R$113 milhões em verbas. A investigação resultou na Operação Navalha da Polícia
Federal (PF). No ano seguinte, a Infraero rescindiu o contrato com o consórcio responsável
pelos serviços.
Em 2010, o projeto foi modificado e a Infraero retomou parte dos trabalhos com recursos
próprios, assim fez a cobertura do terminal de passageiros e a ampliação do pátio.
O novo edital lançado em junho de 2014 passou por outra auditoria do TCU, que liberou
o reinício das obras. Em 2015, o novo contrato do Governo Federal foi firmado em mais de
R$163 milhões.
Um outro ponto de conexão do Amapá com o mundo é o porto de Santana, que é conside-
rado um dos melhores portos fluviais da Amazônia. O porto hoje movimenta, principalmente,
minério de ferro, derivados de petróleo e pallets de madeira, mas em pouco tempo o carro-che-
fe deverá ser mesmo o agronegócio. Além de um novo berço, especializado em grãos, há o
projeto para um novo acesso rodoviário ao porto que aposta no aumento das cargas oriundas
das fazendas locais.
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Embora ainda seja pouco visitado por brasileiros e estrangeiros, o Estado do Amapá ofe-
rece atrações turísticas em cidades como Macapá, Calçoene e pelo interior, principalmente no
que se refere a conhecer a Floresta Amazônica com alto grau de preservação natural. Segundo
o Anuário Estatístico do Turismo, divulgado pelo Ministério do Turismo com base em informa-
ções da Polícia Federal, no cenário nacional Pernambuco (45,7%), Minas Gerais (44,8%), Ceará
(44,1%) e Amapá (31,2%) correspondem aos Estados que mais registraram crescimento na
chegada de turistas internacionais no ano passado, se comparado com 2017.
Por fim, segue uma lista atualizada com os 8 representantes do estado na Câmara dos
Deputados e os 3 senadores.
Deputados Federais – NOME (Partido). Número de Votos (Porcentagem)
Legislatura 2019–2023*:
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EXERCÍCIOS
001. (FCC/CBM-AP/DEL. POLÍCIA/2017) Sobre a Serra do Tumucumaque, é correto
afirmar que:
a) é parte do planalto das Guianas e se caracteriza pela presença de rochas antigas do período
pré-Cambriano.
b) apresenta altitude superior a mil metros devido aos movimentos orogenéticos observados
no período Terciário.
c) representa um dos principais locais de origem das nascentes dos afluentes da margem es-
querda do Amazonas.
d) faz parte da depressão norte amazônica e teve sua origem no soerguimento de sedimentos
antigos do Mesozoico.
e) constitui uma grande extensão de terras altas localizadas na porção mais oriental do Escu-
do das Guianas.
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006. (INÉDITA/2022) Os maiores rios do Amapá tendem a ser de curso exorreico, ou seja, que
correm em direção ao oceano.
007. (INÉDITA/2022) Muitos geógrafos e especialistas consideram que o Rio Amazonas pos-
sui seu curso final, também no Amapá, uma foz mista, com formação estuarina e ao mesmo
tempo em delta.
009. (INÉDITA/2022) As formações sedimentares respondem por áreas mais baixas do terri-
tório amapaense, onde os cursos dos grandes rios do estado tendem a finalizar seus cursos.
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010. (INÉDITA/2022) Nos mangues tem-se raízes halófitas, ou seja, adaptadas ao sal marinho
e plantas pneumatófitas.
013. (INÉDITA/2022) O Clima do Amapá é fortemente influenciado pela mEa – Massa Equato-
rial Atlântica –, de característica quente e úmida.
017. (INÉDITA/2022) Em Calçoene, no norte do estado, segundo o IBGE, ocorre uma precipi-
tação média anual em alguns anos na casa dos 4.000 mm, sendo que no ano de 2000 foram
registrados quase 7.000 mm de chuva.
018. (INÉDITA/2022) O Amapá é um dos estados menos populosos do Brasil, possuindo, con-
tudo, um alto adensamento populacional em função de seu tamanho reduzido.
019. (INÉDITA/2022) Anecúmenos são áreas onde por questões legais, ou de ocupação terri-
torial específica, como uma base área ou um comando militar, torna-se impeditivo o assenta-
mento de um grande número de pessoas.
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021. (INÉDITA/2022) No Amapá, apenas duas cidades possuem população superior a 100.000
habitantes: Macapá e Santana.
023. (INÉDITA/2022) O extrativismo mineral no Estado possui a China como seu maior parcei-
ro para exportações.
027. (INÉDITA/2022) A alocação de culturas no Cerrado amapaense esbarra nos altos níveis
de proteção oficial empreendido sobre este ecossistema.
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GABARITO
1. a
2. d
3. d
4. e
5. E
6. C
7. C
8. C
9. C
10. C
11. C
12. C
13. C
14. E
15. E
16. E
17. C
18. E
19. E
20. C
21. C
22. C
23. C
24. E
25. C
26. C
27. E
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GABARITO COMENTADO
001. (FCC/CBM-AP/DEL. POLÍCIA/2017) Sobre a Serra do Tumucumaque, é correto
afirmar que:
a) é parte do planalto das Guianas e se caracteriza pela presença de rochas antigas do período
pré-Cambriano.
b) apresenta altitude superior a mil metros devido aos movimentos orogenéticos observados
no período Terciário.
c) representa um dos principais locais de origem das nascentes dos afluentes da margem es-
querda do Amazonas.
d) faz parte da depressão norte amazônica e teve sua origem no soerguimento de sedimentos
antigos do Mesozoico.
e) constitui uma grande extensão de terras altas localizadas na porção mais oriental do Escu-
do das Guianas.
a) Certa. Este item correto refere-se exatamente as idades médias das rochas e da macro uni-
dade de relevo Planalto das Guianas do Brasil que a Serra do Tumucumaque em tela pertence.
b) Errada. Não há altitude superior a mil metros no Amapá, tal qual vimos, inclusive, em nossa
aula (ponto culminante no PARQUE NACIONAL Montanhas de Tumucumaque com 701 m).
c) Errada. Não há rios com nascentes importantes para o lado esquerdo do Amazonas no Amapá.
d) Errada. Não corresponde à área de relevo e nem à idade geológica.
e) Errada. Não podem ser consideradas terras altas à medida que é a feição mais rebaixada do
Planalto das Guianas, que chega a atingir 2.900–3.000 m em Roraima.
Letra a.
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Obs.: Segundo dados referentes a cor/raça obtidos pelo IBGE no Censo de 2010, 65% dos
amapaenses são pardos, 24% são brancos, 8,7% são pretos e 1,1% são indígenas. Os
1,2% restantes são amarelos e não declarados.
Letra d.
Os auspícios de criação do território do Amapá que vigorou entre 1943 e 1988 possui relação
com o período de guerra e defesa territorial. Para conhecer mais sobre esta interessante histó-
ria vale a consulta aqui: historiaeliel: A CRIAÇÃO DO TERRITÓRIO FEDERAL DO AMAPÁ <https://
historiaeliel.blogspot.com/2012/10/a-criacao-do-territorio-federal-do-amapa.html>.
Letra d.
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GEOGRAFIA DO ESTADO DO AMAPÁ
Geografia do Estado do Amapá
Luis Felipe Ziriba
Ocorre áreas em ecossistemas de extratos arbustivos (porte médio de árvores) como os cer-
rados (9% em média da extensão do Estado).
Errado.
006. (INÉDITA/2022) Os maiores rios do Amapá tendem a ser de curso exorreico, ou seja, que
correm em direção ao oceano.
Rios exorreicos são rios que correm para o oceano, sendo uma das características da hidro-
grafia do Amapá
Certo.
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Geografia do Estado do Amapá
Luis Felipe Ziriba
007. (INÉDITA/2022) Muitos geógrafos e especialistas consideram que o Rio Amazonas pos-
sui seu curso final, também no Amapá, uma foz mista, com formação estuarina e ao mesmo
tempo em delta.
Estuário é a formação simples, sem ilhas. Delta é formação a mais complexa, com ilhas e entrân-
cias. Para muitos geógrafos, entre outros especialistas (mas não é unânime), ocorre as duas na
foz do Rio Amazonas que também deságua no Amapá sendo chamada, portanto, de foz mista.
Certo.
O ponto culminante do Estado está mais deslocado para oeste que a Serra do Navio que fica
bem ao centro do Estado. Se encontra dentro do Parque Nacional Montanhas de Tumucuma-
que, a 701 m de altitude.
Certo.
009. (INÉDITA/2022) As formações sedimentares respondem por áreas mais baixas do terri-
tório amapaense, onde os cursos dos grandes rios do estado tendem a finalizar seus cursos.
010. (INÉDITA/2022) Nos mangues tem-se raízes halófitas, ou seja, adaptadas ao sal marinho
e plantas pneumatófitas.
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Luis Felipe Ziriba
Plantas pneumatófitas são plantas com raízes suspensas para respirarem melhor frente aos
terrenos inundados.
Certo.
O relevo do Amapá tem nas Colinas do Amapá o Planalto das Guianas com unidade de relevo
dentro do contexto nacional.
Certo.
013. (INÉDITA/2022) O Clima do Amapá é fortemente influenciado pela mEa – Massa Equato-
rial Atlântica –, de característica quente e úmida.
O clima equatorial é quente e úmido e o único clima do Amapá. Contudo, no estado ele possui
estação seca entre os meses de agosto a dezembro.
Errado.
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Luis Felipe Ziriba
Via de regra, as temperaturas são, em média, na casa dos 27 graus, mas a amplitude térmica
tanto diária, como mensal e anual é baixa. Essa é uma característica, aliás, das localidades
amazônicas.
Errado.
017. (INÉDITA/2022) Em Calçoene, no norte do estado, segundo o IBGE, ocorre uma precipi-
tação média anual em alguns anos na casa dos 4.000 mm, sendo que no ano de 2000 foram
registrados quase 7.000 mm de chuva.
Os dados correspondem à realidade desta que atualmente vem sendo uma das áreas mais
chuvosas do Brasil.
Certo.
018. (INÉDITA/2022) O Amapá é um dos estados menos populosos do Brasil, possuindo, con-
tudo, um alto adensamento populacional em função de seu tamanho reduzido.
Conforme vimos em nossa aula o estado não é populoso (alta população total) e nem povoado
(alta população relativa).
Errado.
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Luis Felipe Ziriba
019. (INÉDITA/2022) Anecúmenos são áreas onde por questões legais, ou de ocupação terri-
torial específica, como uma base área ou um comando militar, torna-se impeditivo o assenta-
mento de um grande número de pessoas.
É o que o IBGE auferiu. Com média perto de 2% versus 0,7% do crescimento nacional.
Certo.
021. (INÉDITA/2022) No Amapá, apenas duas cidades possuem população superior a 100.000
habitantes: Macapá e Santana.
023. (INÉDITA/2022) O extrativismo mineral no Estado possui a China como seu maior parcei-
ro para exportações.
Estima-se que a China compre mais da metade de toda produção mineral no Estado, com lide-
rança do minério de ferro.
Certo.
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Luis Felipe Ziriba
O Amapá possui poucos municípios (16), mas a imensa maioria da população residindo em
cidades. Algo em torno de 90 por cento.
Errado.
Em primeiro lugar no Brasil, segundo o IBGE, temos o PA com mais de 500.000 cabeças, segui-
do do AP com mais de 300.000. Estima-se haver no Brasil um total de 1,4 milhões de cabeças
de bubalinos.
Certo.
027. (INÉDITA/2022) A alocação de culturas no Cerrado amapaense esbarra nos altos níveis
de proteção oficial empreendido sobre este ecossistema.
O alto nível de proteção oficial no Amapá se encontra relacionado aos domínios florestais que
são predominantes no Estado e não aos domínios savânicos.
Errado.
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