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Núcleo de Educação a Distância

O assunto estudado nessa disciplina foi planejado por


um professor conteudista, responsável pela produção
de conteúdo didático, desenvolvido e implementado
por uma equipe composta por profissionais de diversas
áreas e, no caso da disciplina em questão, recebeu o
apoio de outros núcleos e setores da Universidade de
Fortaleza. Lista-se abaixo os parceiros e colaboradores
que contribuíram de maneira relevante para a
construção de todo o material, facilitando o processo
de ensino-aprendizagem.

Coordenação do Núcleo de Educação a Distância: Andrea Chagas

Alves de Almeida. Produção de conteúdo didático: Danilo Lopes

Ferreira Lima. Projeto Instrucional: Francisco Felipe Ferreira de

Souza. Pedagoga: Ariane Nogueira Cruz. Produção de Áudio e Vídeo:

José Moreira de Sousa. Arte: Thiago Bruno Costa de Oliveira.

Diagramação: Régis da Silva Pereira. Identidade Visual: Régis da Silva

Pereira, Thiago Bruno Costa de Oliveira. Programação Multimídia:

Jorge Augusto Fortes Moura. Revisão: Janaína de Mesquita Bezerra

O trabalho Atenção ao Idoso- Unidade I: ENVELHECIMENTO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE


ATENÇÃO AO IDOSO. de Danilo Lopes Ferreira Lima, Núcleo de Educação a Distância da UNIFOR
está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
UNIDADE 1: ENVELHECIMENTO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS
DE ATENÇÃO AO IDOSO.

1. O Processo do Envelhecimento 04

1.1. Teorias do Envelhecimento 05

1.2. Mudanças dos Sistemas Orgânicos 07

2. Demografia e Epidemiologia do Envelhecimento no Brasil e no Mundo 07

2.1. Mortalidade no Brasil e no Mundo 08

2.2. Expectativa de Vida ao Nascer no Brasil e no Mundo 10

3. Estatuto do Idoso 12

4. Políticas Públicas de Atenção ao Idoso 18


Unidade 1: Envelhecimento e as Políticas Públicas de Atenção ao Idoso.

Objetivo
Olá, seja bem-vindo(a) à Unidade I de Atenção ao Idoso. Ela tem como
objetivos analisar as características demográficas do envelhecimento no
Brasil e no mundo, elaborar esboços de políticas públicas de atenção ao idoso
e comprometer-se com a proteção legal de suporte à pessoa idosa.

1. O Processo de Envelhecimento

Com o passar do tempo, o corpo humano passa por mudanças psicológicas, sociais e
funcionais. Esse processo multifatorial que afeta desde o nível molecular até o morfofisiológico,
com importante modulação do meio sobre o conteúdo genético, é conhecido como
envelhecimento (MOTTA, 2013).

Diversas terminologias são utilizadas para aqueles que envelhecem. Idoso, ancião, velho,
maduro, da terceira idade, da melhor idade são alguns termos, uns mais aceitos e outros mais
rejeitados. O fato é que determinar quem pode ser considerado idoso tem sido uma tarefa
difícil dada às significativas diferenças individuais que ocorrem no processo do envelhecimento.
Assim, levando-se em consideração as diversas formas de envelhecimento, autores têm dividido
o processo em idade cronológica, que é mensurada pelo tempo decorrido desde o nascimento,
sendo um dos meios mais utilizados para categorização de quem é idoso; idade biológica,
que se relaciona com o envelhecimento corporal e mental; idade psicológica, que leva em
consideração as competências comportamentais, percepção, aprendizagem e memória e a
idade social, que se relaciona aos hábitos e papéis sociais representados pelo indivíduo dentro
de um grupo ou cultura (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008).

Apesar dos variados aspectos, o processo de envelhecimento está sempre ligado ao tempo
e às diversas formas de tratar o indivíduo. Principalmente nas ações governamentais, estão
relacionadas com as faixas etárias, divisões da idade cronológica. Diversas classificações são
propostas para caracterizar o indivíduo idoso, contudo até o momento não existe nenhum
critério numérico padrão, apesar da Organização Mundial da Saúde continuar a utilizar, na
maioria de seus trabalhos, 60 anos ou mais como ponto de corte para se referir à pessoa idosa,
enquanto a maioria dos países desenvolvidos aceite a idade de 65 anos como definição de
pessoa idosa. Essa dificuldade de definição está relacionada às muitas variáveis que afetam os
indivíduos nas diferentes culturas (WHO, 2015).

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1.1. Teorias do Envelhecimento

Desde Hipócrates, considerado o primeiro a propor uma teoria de envelhecimento,


relacionando-o como uma perda gradual de calor no corpo, passando por Roger Bacon,
que propôs estar nos abusos e agressões contínuas aos sistemas corporais a causa do
envelhecimento, ou por Darwin, que relacionava os processos a uma perda de irritabilidade
dos tecidos musculares e nervosos, que várias teorias sobre o envelhecimento são propostas
(SPIRDUSO, 2005).

Uma grande quantidade de teorias sobre o envelhecimento tem sido propostas no decorrer
das últimas décadas. Para sermos mais didáticos, podemos dividi-las em teorias biológicas,
teorias psicológicas e teorias sociológicas, onde cada grupo possui inúmeras formas de
enxergar o processo.

Considerando as teorias biológicas, estas são divididas em estocásticas e sistêmicas.

As sistêmicas também são chamadas, por alguns autores, de genéticas ou não estocásticas.

As estocásticas são baseadas no pensamento de que a deterioração encontrada com o avanço


da idade ocorre devido ao acúmulo de danos moleculares associados à ação ambiental e que
provocam um progressivo declínio fisiológico.

Em dado momento, a quantidade de macromoléculas incorretas atingiriam um patamar tão


elevado que todas as células estariam tão deficientes metabolicamente que ocasionaria a
morte orgânica. Dentre as várias teorias estocásticas podemos destacar a Teoria da Reparação
do DNA, a Teoria do Erro-catástrofe e a Teoria do Estresse oxidativo também conhecida como
Teoria dos radicais livres (MOTA; FIGUEIREDO; DUARTE, 2004).

A teoria dos radicais livres é uma das mais conhecidas, aceitas e contestadas por pesquisadores
na atualidade. Segundo esta, além de energia e outros componentes essenciais, as reações
metabólicas liberam moléculas ionizadas compostas, geralmente, de oxigênio ou nitrogênio,
conhecidas como radicais livres. Estes seriam os responsáveis pelo envelhecimento, pois
degenerariam a célula iniciando o acúmulo progressivo de desordens funcionais e estruturais,
levando-a por fim à morte (VERAS, LOURENÇO, 2010).

As teorias sistêmicas, genéticas ou não estocásticas envolvem participação genética e


ambiental. O tempo de vida pode ser influenciado por variações genéticas que levam a
disfunções morfofisiológicas passíveis de desencadear doenças associadas à idade (ARKING,
1998). Dentre estas destacam-se a Teoria do Envelhecimento Celular; Teoria Neuro-
endócrina e a Teoria dos Telômeros. (MOTA; FIGUEIREDO; DUARTE 2004)

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Importante
Até a primeira metade do século XX, o pensamento corrente era de que as
células eram imortais e que o envelhecimento era causado unicamente por
eventos extracelulares. Foi através dos estudos de Leonard Hayflick, no início
dos anos 1960, que foi observada a limitação de divisão celular em cerca de
50 vezes para, em seguida, entrar em um estado de senescência. Este limitado
número de divisões é conhecido como limite de Hayflick e é considerado, por
alguns, nosso relógio biológico (VERAS; LOURENÇO, 2010).

É postulado que a incapacidade fisiológica do organismo associada à idade pode ser


resultado da alteração daqueles hormônios pertencentes ao eixo hipotálamo-pituitária-
adrenal, controladores do sistema reprodutor, do metabolismo e de outros aspectos do
funcionamento normal (MOTA; FIGUEIREDO; DUARTE, 2004). O papel dos hormônios na
manutenção das funções dos tecidos faz com que a Teoria Neuro-endócrina seja considerada
uma das mais relevantes teorias sistêmicas do envelhecimento.

Devemos ter sempre em mente que as teorias biológicas de ambas as abordagens necessitam
de comprovação definitiva, visto que ainda ocorre a existência de dúvidas sobre sua influência
e as formas pelas quais interagem (FARINATTI, 2002).

As teorias psicológicas do envelhecimento vieram consolidar a Psicologia do Envelhecimento


e suas implicações práticas para as intervenções clínicas na área. Temas relevantes como
adaptação, autonomia e dependência, regulação emocional e qualidade de vida estão nos
alicerces dessas teorias das quais destacam-se a Teoria de Seleção, Otimização e Compensação
(Teoria SOC); a Dependência Aprendida e a Teoria da Seletividade Socioemocional. A
Dependência Aprendida, proposta por Margareth Baltes, revela a multidimensionalidade da
dependência na velhice, apesar desta não ser uma característica somente da velhice, e sua
relação com os mais diversos fatores como a motivação, incapacidade, práticas discriminativas
e desestruturação ambiental (BATISTONI, 2009).

O homem enquanto ser social não poderia deixar de ter seu processo de envelhecimento
teorizado a partir de um paradigma sociológico. Desde meados do século passado, teorias
sociológicas são propostas na tentativa de explicar as relações humanas e o envelhecimento. A
Teoria da Atividade; Teoria do Desengajamento e a Teoria da Modernização são algumas destas.
A Teoria do Desengajamento, que foi alvo de vários debates e questionamentos, postula que
o ato de desengajar-se pode ser iniciado tanto pelo indivíduo que está envelhecendo como
pelo sistema social. A retirada ou desengajamento ocorre devido ao menor envolvimento do
indivíduo na vida ao seu redor quando comparado ao período de sua juventude. Tal situação
resulta em uma menor interação social do idoso com aqueles que compõem seu sistema
social (DOLL et al. 2007).

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1.2. Mudanças nos sistemas orgânicos

As várias teorias são aceitas por uns, refutadas por outros, porém, o certo é que, com o
envelhecimento, ocorrem no organismo diversas mudanças em todos os seus sistemas.
Os aspectos anatômicos são fáceis de serem observados, iniciando-se pela diminuição na
estatura que varia de 1 a 3 cm a cada década ocasionada, principalmente, por modificações
na anatomia da coluna vertebral. Também há uma maior tendência ao ganho de peso pelo
aumento da gordura corporal total e perda de massa muscular, muito relacionada com
a diminuição da taxa metabólica basal. Os sistemas musculoesquelético e ósseo devem
ser destacados dada sua importância crucial no processo de envelhecimento já que as
perdas musculares esqueléticas, maior massa tecidual do corpo humano, comprometem
a independência devido afetar diretamente a capacidade funcional (ESQUENAZI; SILVA;
GUIMARÃES, 2014).

Na web Aula, você acompanhará a história de Helena, Beatriz e Eduardo. Esses personagens
poderão auxiliar na compreensão e percepção de tais mudanças nos sistemas orgânicos.

As estruturas cerebrais e cardíacas também são bastante afetadas. No cérebro pode ocorrer
atrofia, espessamento das meninges, redução do volume do córtex, redução do número de
neurônios, além da diminuição no número de neurotransmissores. No coração pode ocorrer
um aumento de gordura, calcificação do anel valvar, além de aumento na espessura das
paredes do ventrículo esquerdo e rigidez aórtica (PASI, 2006).

O enfraquecimento da musculatura responsável pela respiração associado ao enrijecimento


da parede torácica afeta a dinâmica respiratória. A perda dentária, perda do paladar e várias
alterações no sistema digestório fazem parte de todo o processo do envelhecimento. Além
disso, a visão é prejudicada por alterações como a catarata, a degeneração macular, o
glaucoma e a retinopatia diabética. O sistema imune também fica comprometido, com maior
incidência de infecções dos tratos respiratório e urinário. Alterações como atrofia da uretra e
perda de elasticidade uretral e de colo vesical favorecem o aumento de frequência e urgência
urinária e incontinência urinária de esforço (CARDOSO, 2009). No decorrer de nossos estudos
discutiremos detalhadamente todos esses aspectos orgânicos que atingem o idoso.

2. Demografia e Epidemiologia do Envelhecimento no Brasil e no Mundo

Segundo Cerqueira; Givisiez (2004), ¨Demografia é uma ciência que tem por finalidade o
estudo de populações humanas, enfocando aspectos tais como sua evolução no tempo, seu
tamanho, sua distribuição espacial, sua composição e características gerais¨. Demografia
também pode ser definida como o estudo das populações humanas em relação às mudanças
causadas pela inter-relação entre nascimentos, mortes e migração (VERAS; LOURENÇO, 2010).

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Importante
A idade é uma das variáveis demográficas mais importantes, visto que a
faixa etária é sempre considerada nos estudos populacionais. Conhecer
a estrutura etária de uma população é determinante para a elaboração de
políticas públicas, e a composição de uma população por idade reflete as
mudanças verificadas na dinâmica desta, fazendo-se com que tal dinâmica
seja bem compreendida desde um momento no passado, permitindo com
que as projeções de tendências futuras sejam realizadas (CERQUEIRA;
GIVISIEZ, 2004). Deste modo, a Demografia é de grande valia para o estudo
do envelhecimento populacional, no sentido de que políticas públicas para o
idoso sejam implementadas com efetividade.

Contudo, para que a Demografia seja compreendida de uma forma mais complexa, a
Epidemiologia deve estar associada. Segundo Rouquayrol (2013), ¨Epidemiologia é a ciência que
estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores
determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo
medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores
que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde¨.

A Demografia e a Epidemiologia avaliam, juntas, a dinâmica de uma população que envelhece


e que depende do número de nascimentos e mortes. A expectativa de vida ou esperança
de vida ao nascer pode ser definida como número médio de anos que um recém-nascido
esperaria viver se estivesse sujeito a uma lei de mortalidade. O declínio da mortalidade
não é o principal responsável pelo envelhecimento de uma população, e sim, o declínio da
fecundidade, embora o aumento da expectativa de vida, fenômeno mundial que ocorre
devido às melhores condições sociais e de saneamento, além do uso de antibióticos e de
vacinas, contribua para que uma população se torne mais velha (NASRI, 2008).

No final do século XX, a maioria dos países em desenvolvimento, onde está incluído o Brasil, assistiu
à queda desses dois importantes determinantes da sua estrutura populacional: a fecundidade e a
mortalidade. Esses dois processos combinados ocasionaram o envelhecimento da população de
forma coletiva e uma maior longevidade, se considerarmos os indivíduos (WONG, 2001).

2.1. Mortalidade no Brasil e no mundo

Estima-se para o ano de 2050 que existam aproximadamente dois bilhões de pessoas com
sessenta anos ou mais no mundo, estando grande parte dessas pessoas vivendo em países
em desenvolvimento. Para Machado (2014), o envelhecimento da população é um fenômeno
social indiscutível. Observando ao nosso redor, é perceptível o crescimento da população
tida como idosa.

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A transição epidemiológica ocorrida no Brasil nas últimas oito décadas demonstra que
a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias caiu de 46% (1930) para 5,3% (2005),
enquanto as mortes por doenças e agravos não-transmissíveis chegaram a representar dois
terços da totalidade das causas conhecidas em 2005 (Gráfico 1). Essa transformação tem
características mundiais e a velocidade do processo está diretamente ligada ao grau de
desenvolvimento do país. As mortes por doenças infecciosas e parasitárias são características
de países com menor grau de desenvolvimento enquanto que as doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) são prevalentes em países mais desenvolvidos. Tudo isso gera
necessidades profundas de adaptação dos serviços de saúde.

Gráfico 1- Evolução da mortalidade proporcional segundo os principais tipos de causas. Brasil,


1930 a 2005.

50,0
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
%

20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Ano

Infecções parasitárias Neoplasias Causas externas


Aparelho circulatório Outras doenças

Fonte:: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes e recomendações para o
cuidado integral de doenças crônicas não-transmissíveis: promoção da saúde, vigilância, prevenção e assistência / Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância à Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 72 p. – (Série B. Textos Básicos de
Atenção à Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006; v. 8)]

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As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem, hoje, o maior problema global
de saúde. Além de afetar a qualidade de vida, aumentando as morbidades e incapacidades,
gera um alto custo econômico. Doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e
doença respiratória crônica são as principais DCNT que afetam as populações, atingindo,
indistintamente, todas as camadas socioeconômicas notadamente pertencentes a grupos
vulneráveis, como os idosos e os de baixa escolaridade e renda. Em países de baixa ou média
renda, 29% das pessoas que morrem em decorrência de DCNT tem idade menor que 60 anos,
enquanto nos países de alta renda apenas 13% das mortes são precoces (MALTA et al. 2014).
No Brasil, essas doenças têm representado um problema de saúde de maior magnitude e têm
contribuído para o caos no sistema de saúde, visto que a população idosa, que apresenta uma
alta prevalência de DCNT, cresceu de forma rápida sem uma programação governamental
para essa mudança demográfica.

Atenção
Na Webaula, você acompanhará Helena, Beatriz e Eduardo numa história
ilustrada que abordará um pouco sobre os avanços da medicina.

Importante
Um fator importante a ser considerado no Brasil e nos outros países em
desenvolvimento e desenvolvidos, além da DCNT, são as mortes causadas
por agravos de morbidade e mortalidade consequentes de causas externas,
onde estão inseridos os acidentes e a violência contra o idoso. Dos acidentes,
as quedas são, de longe, os mais prevalentes. Aproximadamente 30% a 60%
dos idosos no mundo caem pelo menos uma vez. No Brasil esse percentual
é cerca de 31% e, em torno de 13% caem de forma recorrente. Além do risco
de morte, as quedas provocam restrição de atividade, insegurança, prejuízo
psicológico, físico e social, além do aumento de hospitalizações e risco de
institucionalização (PERRACINI; RAMOS, 2002).

2.2. Expectativa de vida ao nascer no Brasil e no mundo

Como foi abordado anteriormente, a baixa taxa de fecundidade aliada a um menor número
de mortalidade aumenta a expectativa de vida de uma população, o que tem ocorrido
mundialmente. A população de idosos tem tido um considerável aumento em países em
desenvolvimento como é o caso do Brasil. Projeções indicam ainda para o ano de 2050 uma
população de 253 milhões de brasileiros. Em 2005, a taxa de fecundidade total do país atingiu
2,1 filhos por mulher projetando-se um crescimento verdadeiramente nulo da população
brasileira em 2050 (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016). Estudos governamentais estimam para

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2050 uma população de pessoas com 60 anos ou mais equivalente a 29,36% da população
total do país. Para termos uma ideia, em 2010 esse grupo equivalia a 10,03% e, em 2000, a
8,21% (BRASIL, 2013).

Tendo como parâmetro o período entre 2000 e 2015, podemos observar que o aumento
da expectativa de vida foi global, atingindo indistintamente regiões desenvolvidas, em
desenvolvimento e subdesenvolvidas (Tabela 1) (WHO, 2016). O certo é que o mundo está
com uma população de idosos cada vez maior e há uma necessidade de que essa população
que envelhece passe pelo processo de forma saudável. Hoje, não devemos apenas analisar a
expectativa de vida, mas a expectativa de vida com saúde funcional.

Tabela 1 - Expectativa de vida no mundo

Ambos os sexos Homens Mulheres


2015 60.0 58.3 61.8
2010 57.0 55.6 58.4
África
2005 53.0 51.8 54.2
2000 50.6 49.3 52.0
2015 76.9 74.0 79.9
2010 75.3 72.3 78.4
Américas
2005 74.9 71.9 78.0
2000 73.7 70.6 76.9
2015 69.0 67.3 70.7
Sudeste da 2010 67.2 65.8 68.7
Ásia 2005 65.4 64.2 66.7
2000 63.5 62.4 64.7
2015 76.8 73.2 80.2
2010 75.3 71.5 79.0
Europa
2005 73.2 69.1 77.4
2000 72.3 68.1 76.5
2015 68.8 67.3 70.3
Leste do 2010 67.9 66.5 69.3
Mediterrâneo 2005 66.1 64.6 67.7
2000 65.4 64.0 66.9
2015 76.6 74.5 78.7
2010 75.6 73.5 77.8
Oeste Pacífico
2005 74.4 72.3 76.7
2000 72.5 70.3 74.8
2015 71.4 69.1 73.7
2010 69.8 67.6 72.1
Global
2005 68.0 65.8 70.2
2000 66.4 64.1 68.7

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Esse aumento na proporção de idosos gera novas e consideráveis demandas nas áreas
econômica, social e de saúde. Tudo isso tem implicações nas economias, na vida do próprio
indivíduo idoso e, inevitavelmente, na vida das pessoas que o cercam, da sociedade e os órgãos
responsáveis pela saúde, assistência e previdência social. Isso faz com que leis que protejam
o idoso e políticas públicas direcionadas para aquele que envelhece sejam implementadas o
mais rápido possível.

3. Estatuto do Idoso

A fundação do Asilo São Luís, em 1890, no Rio de Janeiro, é o marco do início da atenção
ao idoso no Brasil. Contudo, o trabalho com idosos não desamparados iniciou-se na mesma
instituição no ano de 1909. Contudo, somente em 1976 é que nasce o embrião de uma
política nacional do idoso com a realização do I Seminário Nacional de Estratégias de
Política Social do Idoso, reunindo profissionais de Geriatria e Gerontologia e técnicos das
áreas de Saúde e Previdência Social. A partir desse encontro começam a surgir ações que
proporcionaram a criação de políticas públicas efetivas, visto que a sociedade começou a se
mobilizar e os idosos começaram a buscar os seus direitos.

Asilo São Luís

Disponível em: http://fotologimg.s3.amazonaws.com/photo/0/54/11/tumminelli/1120153223_f.jpg Acesso: 12/04/2018

Lei
Em 4 de janeiro de 1994 é promulgada a Lei 8.842 que dispõe sobre a Política
Nacional do Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso.

Atenção ao Idoso - Unidade 1 - Envelhecimento a as Políticas Públicas de Atenção ao Idoso 12


A partir de 1997, com muita pressão da sociedade civil, começa a tramitar no Congresso
Nacional o Estatuto do Idoso e, em 2000, foi instituída uma Comissão Especial da Câmara
Federal para tratar do assunto. Entre 2000 e 2001 foram realizados dois seminários nacionais,
quatro seminários regionais e outro promovido pela Comissão de Direitos Humanos e pela 3ª
Secretaria da Câmara Federal.

Lei
Finalmente, em 1º de outubro de 2003, é promulgado o Estatuto do Idoso,
Lei 10.741 que, juntamente com a Lei 8.842, formam as bases das políticas
públicas brasileiras relativas ao idoso.

O Estatuto do Idoso é composto de 118 artigos que estão dispostos em sete títulos onde:

Título I trata das disposições preliminares;


Título II, dos Direitos Fundamentais;
Título III, das Medidas de Proteção;
Título IV, da Política de Atendimento ao Idoso;
Título V, do Acesso à Justiça;
Título VI, dos Crimes;
Título VII das Disposições Finais e Transitórias (BRASIL, 2013).

A partir do Estatuto do Idoso ocorreu o reconhecimento da condição da pessoa idosa na


sociedade brasileira. A garantia e promoção da cidadania plena, da autonomia e da integração
e participação efetiva na sociedade ressignificou a velhice no Brasil (SILVA; YAZBEK, 2014).
Embora seja considerada por alguns como uma legislação simbólica e sem contatos com a
realidade, de difícil aplicabilidade e com pouca adesão da sociedade, seja do Estado, família,
empresas e até da própria justiça, o Estatuto do Idoso não deixa de ser um avanço nos direitos
da pessoa idosa. Desde 2003, o Estatuto do Idoso tem recebido modificações no seu texto
para adequar-se às mudanças em nossa sociedade.

Título I – Disposições preliminares

O Título I institui o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas


com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos e trata das disposições preliminares onde
são estabelecidas as garantias de prioridades do idoso. Dentre estas podem-se destacar: o
atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados
prestadores de serviços à população; destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
relacionadas com a proteção ao idoso; viabilização de formas alternativas de participação,
ocupação e convívio do idoso com as demais gerações; priorização do atendimento do idoso

Atenção ao Idoso - Unidade 1 - Envelhecimento a as Políticas Públicas de Atenção ao Idoso 13


por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam
ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência; estabelecimento de
mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os
aspectos biopsicossociais do envelhecimento; garantia de acesso à rede de serviços de saúde
e de assistência social locais e prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda.

Adequando-se à nova realidade da pessoa idosa no país e ao aumento na expectativa de vida,


em 2017 foi acrescentado ao estatuto em seu título I, em seu artigo 3º, inciso 2º o seguinte
texto: “Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos,
atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos”.

Título II – Direitos fundamentais

O Título II, que elenca os direitos fundamentais do idoso, é dividido em 10 capítulos, sendo
o mais longo título do estatuto. O Capítulo I, em seus artigos 8º e 9º, cuida do Direito à vida,
onde o envelhecimento é tratado como um direito personalíssimo. Já o Capítulo II trata do
Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade. Segundo MENDONÇA (2008), podemos observar
uma grande influência de nossa Constituição Federal. No artigo 3º, inciso IV e nos artigos 11
a 21 do Código Civil estão disciplinadas, respectivamente, a promoção do bem de todos sem
preconceito ou discriminação em face da idade do cidadão e as normas inerentes aos direitos
da personalidade, caracterizados por serem irrenunciáveis, irrestringíveis e inalienáveis com
destaque para a dignidade da pessoa humana; o respeito; a questão da saúde, do transporte
e da segurança; a liberdade física e intelectual; entre outros.

O direito à alimentação, abordado no Capítulo III, tem sido tratado de forma minuciosa
desde que o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas elaborou
o Comentário Geral n° 12 em 1999 que estabelece que o caminho de todos os indivíduos
vulneráveis fisicamente, como crianças e idosos, à alimentação deve ser acessível. As políticas
públicas de saúde e nutrição, notadamente aquelas voltadas para mulheres, crianças, escolares,
idosos e populações vulneráveis, são de fundamental importância para o incremento dos
indicadores de saúde e sociais. Melhorar a alimentação é essencial para a redução da pobreza
e da desnutrição. No Brasil, podemos destacar a Política Nacional de Alimentação e Nutrição
(PNAN), que tem como pressupostos o direito à saúde e à alimentação (LEÃO, 2013).

Todos os capítulos são geradores de intensa discussão e vale a pena ressaltá-los. Nos direitos
à saúde, onde é assegurada a atenção integral à saúde do idoso por intermédio do Sistema
Único de Saúde – SUS, com atendimento domiciliar, além da criação de unidades geriátricas
de referência com pessoal especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social, se
levarmos em consideração a eficiência no atendimento em hospitais públicos veremos
que o que consta na lei está muito além da realidade. A Lei nº 13.466, de 2017 priorizou o
atendimento de saúde, aos idosos maiores de oitenta anos com preferência especial sobre os
demais idosos, exceto em caso de emergência.

Atenção ao Idoso - Unidade 1 - Envelhecimento a as Políticas Públicas de Atenção ao Idoso 14


O direito à educação, cultura, esporte e lazer tem sido uma realidade, porém o problema
está não somente no cumprimento do estatuto, mas também na forma como esta deve
ser contextualizada, pois o aprender para o idoso tem outro sentido e objetivo. A proposta
principal da educação do idoso é estabelecer comunicação e reintegrar o idoso na sociedade,
visto que a perda de funções deixa o idoso quase sem alternativas de atuação social
(PANTATOLLO; OLIVEIRA, 2005). A prática educacional voltada para a pessoa idosa não atende
a esta faixa etária de forma efetiva o que contriui para a desmotivação e a segregação, visto
que o idoso acaba por não perceber-se parte do sistema educacional (PAULA, 2014). A Lei nº
13.535 de 2017 obriga que as instituições de educação superior ofereçam às pessoas idosas,
na perspectiva da educação ao longo da vida, cursos e programas de extensão, presenciais ou
a distância, constituídos por atividades formais e não formais.

No tocante ao direito da Profissionalização e do Trabalho, fica difícil admitirmos que não


haja uma grande discriminação, mesmo percebendo que a inclusão tem ocorrido em muitos
estabelecimentos privados. Os capítulos restantes abordam a questão da Previdência Social;
da Assistência Social; da Habitação e do Transporte. O artigo 42 do Capítulo X assegura
não somente a prioridade, mas a segurança do idoso nos procedimentos de embarque
e desembarque nos veículos do sistema de transporte coletivo, redação dada pela Lei nº
12.899, de 2013.

Título III- Das medidas de proteção

Segundo o Estatuto, as medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados por ação ou omissão da sociedade ou
do Estado; por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; ou
em razão de sua condição pessoal.

Para curador, geralmente, nomeia-se um familiar e as normas da curatela estão previstas


nos artigos 1.767 a 1.783 do Código Civil vigente, visto que, constitucionalmente, a família
é o primeiro ente responsável pelo idoso. Para que a Lei seja rigorosamente cumprida, cabe
ao Ministério Público a fiscalização dos interesses dos idosos. Uma vez tendo seus direitos
violados ou ameaçados, um termo de responsabilidade é enviado pelo Ministério Público para
estabelecer compromissos básicos, firmados para o bem-estar do idoso (MENDONÇA, 2008).

Contudo, o idoso deve estar ciente de que não cabe ao Promotor de Justiça advogar em
seu favor. Este deverá contratar advogado ou procurar auxílio na Defensoria Pública. A
função do Promotor de Justiça é apenas a tutela de interesses do idoso em situação de risco.

Título IV- Da política de atendimento ao idoso

De acordo com o artigo 46 do Capítulo I, a política de atendimento ao idoso far-se-á por meio
do conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.

Atenção ao Idoso - Unidade 1 - Envelhecimento a as Políticas Públicas de Atenção ao Idoso 15


No âmbito federal, o atendimento está ligado à transferência continuada de renda a idosos
impossibilitados de prover a sua própria manutenção e nos âmbitos estadual, municipal e
no Distrito Federal. Ações em parceria com o Governo Federal ou instituições privadas podem
contemplar a realização de convênios para prestação de serviços especiais; distribuição de
benefícios eventuais; criação e regulamentação de atendimentos asilares; realização de programas
educativos e culturais; isenções fiscais de entidades particulares, dentre outros (PEREIRA, 2011).

Entidades não governamentais inscritas nos Conselhos Estaduais e/ou Municipais da Pessoa
Idosa podem desenvolver programas de atenção ao idoso e são rigorosamente fiscalizadas
pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público e Vigilância Sanitária conforme consta no
capítulo III do presente Título.

Título V- Do acesso à Justiça

O Estatuto do Idoso prevê a criação de varas especializadas e exclusivas do idoso, além disso
prevê a celeridade nos processos. Para Veras (2005), “um desdobramento do acesso seria o de
aperfeiçoar, por instrumentos razoáveis, o tempo médio de uma demanda aforada. Facilitar o
acesso é estender o aparato judicial em benefício do idoso, disponibilizando meios hábeis e
eficazes destinados a dirimir distorções sistêmicas e possibilitando a efetividade jurisdicional”.

De grande importância neste título estão as atribuições conferidas ao Ministério Público e


que são elencadas no artigo 74 como a legitimidade para requerer e determinar medidas de
proteção e a fiscalização das entidades governamentais e não-governamentais de atendimento
ao idoso. Segundo Mazilli (1995), a atenção para a tutela jurídica das pessoas idosas por parte
do Ministério Público deveria ocorrer da mesma forma como aconteceu com a defesa do meio
ambiente, do consumidor, da pessoa com deficiência, da criança e do adolescente. De fato, a
instituição assumiu de forma contundente a aplicação da lei e a proteção do idoso. A Lei nº
13.466, de 2017, prioriza de forma especial os processos daqueles maiores de 80 anos.

Título VI- Dos crimes

Um dos maiores avanços do Estatuto do Idoso foi a criminalização de várias e diferenciadas


ações danosas ao idoso. Todas elas estão relacionadas no Capítulo II, com suas respectivas
penas, do artigo 96 ao artigo 108. Podemos destacar:

Lei
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo
sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou
dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos,
o socorro de autoridade pública: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um)
ano e multa.
...

Atenção ao Idoso - Unidade 1 - Envelhecimento a as Políticas Públicas de Atenção ao Idoso 16


Lei
...
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa
permanência ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas,
quando obrigado por lei ou mandado: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3
(três) anos e multa.
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso,
submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o
de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou
sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado: Pena – detenção de 2 (dois)
meses a 1 (um) ano e multa.
Haverá qualificação desta infração se do fato resulta em lesão corporal
de natureza grave, com pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos ou se
resultar em morte, com a pena variando de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, sendo
a maior prevista pelo estatuto.
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano
e multa: I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo
de idade; II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho; III
– recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência
à saúde, sem justa causa, à pessoa idosa; IV – deixar de cumprir, retardar
ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida
na ação civil a que alude esta Lei; V – recusar, retardar ou omitir dados
técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, objeto desta Lei, quando
requisitados pelo Ministério Público.
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer
outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa de sua finalidade:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios,
proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer outro documento com
objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida: Pena –
detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar
procuração para fins de administração de bens ou deles dispor livremente:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou
outorgar procuração: Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Atenção ao Idoso - Unidade 1 - Envelhecimento a as Políticas Públicas de Atenção ao Idoso 17


Título VII- Disposições finais e transitórias

Finalizando o Estatuto do Idoso é interessante considerar 2 artigos:

O artigo 109 trata da pena para aqueles que querem impedir ou embaraçar algum ato do
representante do Ministério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador, no qual a
pena de reclusão varia de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, além de multa. Já o artigo 115 fala do
destino dos recursos necessários, em cada exercício financeiro, para aplicação em programas
e ações relativos ao idoso, até a criação do Fundo Nacional do Idoso a partir da Lei nº 12.213,
publicada no Diário Oficial da União em 21 de janeiro de 2010, em vigor desde 1 de janeiro
de 2011 e que será um dos temas de nossa próxima aula.

4. Políticas Públicas de Atenção ao Idoso

A adoção de leis que protegem e beneficiam a pessoa idosa e os incansáveis discursos em prol
da causa do idoso ainda não foram suficientes para que políticas públicas efetivas aconteçam.

O termo política pública refere-se ao conjunto de ações e decisões do governo, voltadas


para a solução (ou não) de problemas da sociedade ou a um conjunto de objetivos que
informam determinado programa de ação governamental e condicionam sua execução. Este
termo é uma expressão atual utilizada nos meios oficiais e nas ciências sociais para o termo
planejamento estatal, utilizado até a década de setenta (BORGES, 2002).

Um grande desafio é a necessidade urgente de implantação de políticas públicas que atendam


à realidade do país no tocante à manutenção do bem-estar da pessoa idosa. Podemos ter
como política pública embrionária na causa do idoso brasileiro a Lei nº 6.179, que criou a
Renda Mensal Vitalícia, através do então Instituto Nacional de Previdência Social – INPS.
A partir dos direitos conquistados pela promulgação da Constituição Federal de 1988, a
elaboração de políticas voltadas para os idosos foi incrementada (FERNANDES; SOARES, 2012;
SANTOS; SILVA, 2013). Dentre elas destacam-se:

Atenção
1. A Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (Lei nº 8.742/93) que garantiu
à Assistência Social o status de política pública de seguridade social, direito
ao cidadão e dever do Estado;

2. A Política Nacional do Idoso, instituída pela Lei 8.842/94, regulamentada


em 3/6/96 através do Decreto 1.948/96 que assegurou a promoção da
autonomia, integração e participação efetiva do idoso na sociedade;

...

Atenção ao Idoso - Unidade 1 - Envelhecimento a as Políticas Públicas de Atenção ao Idoso 18


Atenção
....

3. A Política Nacional de Saúde do Idoso (1999) em cujas diretrizes estavam


a promoção do envelhecimento saudável, prevenção e reabilitação de
incapacidades funcionais;

4. A criação do Conselho Nacional do Idoso e do Estatuto do Idoso (2003),


que estudamos no capítulo anterior;

5. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) (2006), instituída


pela Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006, buscando integrar a pessoa
idosa, dando garantias de uma atenção adequada e digna.

6. O Fundo do Idoso, instituído em 2010, e que foi “destinado a financiar


os programas e as ações relativas ao idoso com vistas em assegurar os seus
direitos sociais e criar condições para promover sua autonomia, integração e
participação efetiva na sociedade” (BRASIL, 2010)

Na última história ilustrada da Unidade I, você poderá acompanhar os personagens que


discutirão sobre as políticas de atenção ao idoso!

Levando-se em consideração ações mundiais, podemos destacar a I Assembleia Mundial


sobre o Envelhecimento (ONU) realizada em Viena, que traçou as diretrizes do Plano de Ação
Mundial sobre o Envelhecimento, publicado em Nova York em 1983. Durante a II Assembleia
Mundial sobre o Envelhecimento, ocorrida em Madri em 2002, foram definidos os principais
compromissos assumidos pelos governos através do Plano de Madrid, dedicando atenção
especial aos problemas decorrentes do processo de envelhecimento, notadamente em
países em desenvolvimento. O plano de ação fundamentou-se em três princípios básicos:
participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a pobreza;
fomento da saúde e bem-estar na velhice: promoção do envelhecimento saudável e criação
de um entorno propício e favorável ao envelhecimento (CAMARANO; PASINATO, 2004).

É inquestionável que o Brasil conseguiu muitos avanços na causa do idoso nas últimas duas
décadas, porém muito ainda tem que ser feito. Veremos como as políticas públicas de atenção
ao idoso têm ocorrido no país e como políticas setoriais como as políticas de renda, de saúde,
de integração social, de longa permanência e de proteção têm sido tratadas pelas prefeituras
cearenses e pelo Governo do Estado do Ceará.

Muito bem! Você completou a Unidade I com sucesso! Nesta Unidade, Você aprendeu sobre
as mudanças ocorridas no organismo em virtude do processo de envelhecimento, bem como
compreendeu sobre políticas públicas de atenção ao idoso e seu estatuto!

Atenção ao Idoso - Unidade 1 - Envelhecimento a as Políticas Públicas de Atenção ao Idoso 19


Realize os exercícios, assista aos vídeos, bem como todas as atividades propostas em sua
Web Aula para melhorar seu aprendizado!
Na Unidade II, você estudará sobre as patologias que acometem os idosos no Brasil,
aprenderá sobre a importância da funcionalidade para a pessoa idosa, bem como conhecerá
os benefícios e limitações da prática da atividade física pelo idoso.

Atenção ao Idoso - Unidade 1 - Envelhecimento a as Políticas Públicas de Atenção ao Idoso 20


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