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ESTADO DE SANTA CATARINA

SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PRISIONAL E SOCIOEDUCATIVA

Exposição de Motivos n.º 021/2019

Florianópolis, 06 de agosto de 2019

A Sua Excelência o Senhor


CARLOS MOISÉS DA SILVA
Governador do Estado

Excelentíssimo Governador,

Nos termos do art. 30 da Lei Complementar nº 741, de 2019, c/c art. 7º,
inciso II, Decreto nº 2.382 de 2014, submete-se à análise de Vossa Excelência a
presente Exposição de Motivos, a qual versa acerca de anteprojeto de Lei
Complementar que “Altera a Lei Complementar n° 81, de 10 de março de 1993, que
Estabelece Diretrizes para a Elaboração, Implantação e Administração do Plano de
Cargos e Vencimentos do Pessoal Civil da Administração Direta, Autarquias e
Fundações do Poder Executivo e dá outras providências, e institui o Quadro Lotacional
de Cargos de Provimento Efetivo da Secretaria de Estado da Administração Prisional e
Socioeducativa, com o quantitativo dos cargos previstos na Lei Complementar nº 81, de
10 de março de 1993, destinados à SAP.”.

Trata-se de um saneamento e unificação do processo SJC 43155/2013.


Contudo, nos presentes autos, propõe-se, em suma: i) a criação dos cargos de Técnico
em Saúde Bucal e Arquivista; ii) a instituição do Quadro Lotacional de Cargos de
Provimento Efetivo da Secretaria de Estado da Administração Prisional e
Socioeducativa.

Para tanto, cumpre-nos destacar que o Sistema de Administração Prisional


e Socioeducativa, composto pela estrutura administrativa da SAP e suas diretorias
locais, pelo Departamento de Administração Prisional (DEAP) e Departamento de
Administração Socioeducativa (DEASE), tem passado por contínuas melhorias e
superação de objetivos. O desenvolvimento das políticas públicas de ressocialização, o
aparelhamento das unidades e a valorização dos servidores com uma gestão técnica,
são referências dos progressos que constam em diversos relatórios de inspeções
realizados.

Estas ações só foram possíveis através do comprometimento de um corpo


técnico de qualidade, o qual atua com excelência junto às unidades administrativas e
operacionais da pasta.

Diferentemente de outros órgãos, a Secretaria de Administração Prisional e


Socioeducativa é composta por servidores com funções técnicas variadas, a fim de
atender as diversas necessidades da estrutura prisional e socioeducativa, cumprindo os
ditames da Lei de Execuções Penais e Estatuto da Criança e do Adolescente. Dentre os
profissionais, pode-se exemplificar: Médicos, Dentistas, Enfermeiros, Psicólogos,

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Nutricionistas, Assistentes Sociais, Técnicos das mais variadas áreas, Engenheiros,


entre outros.

Ocorre que, a partir de 2011, com a independência Secretaria de Estado da


Justiça e Cidadania, que antes era uma Secretaria Executiva da Secretaria de Estado da
Segurança Pública, nenhuma disposição legal regulamentou os servidores técnicos que
migraram da SSP para SJC. Assim, por omissão legal, diversos cargos essenciais,
assim como um quadro lotacional, restaram ausentes, perdurando-se tal situação até
hoje, mesmo com a transformação da SJC em SAP.

Desta forma, a fim sanar a problemática, torna-se premente a publicação


de Lei Complementar, na forma da minuta anexa, passando-se a fundamentá-la nos
termos a seguir:

1. Da criação dos cargos de Técnico em Saúde Bucal, Arquivista

Em razão da singularidade da Secretaria de Estado da Administração


Prisional e Socioeducativa, tem-se que o ordenamento jurídico que dispõe sobre os
cargos da Administração Direta de Santa Catarina não supre as ocupações
imprescindíveis para o regular funcionamento multifacetário da pasta. Dentre as
ausências, destacam-se as funções de Técnico em Saúde Bucal e Arquivista.

Percebe-se que a Lei Complementar n° 81, de 10 de março de 1993, que


“Estabelece Diretrizes para a Elaboração, Implantação e Administração do Plano de
Cargos e Vencimentos do Pessoal Civil da Administração Direta, Autarquias e
Fundações do Poder Executivo e dá outras providências”, não prevê, em seus anexos I
e II, os cargos de provimento efetivo supramencionados.

A criação do cargo de Técnico em Saúde Bucal é necessária haja vista


que os dentistas do Sistema Prisional e Sistema Socioeducativo não possuem o devido
apoio técnico para exercício de seus ofícios. Os cirurgiões têm de realizar desde a
preparação da consulta até o recolhimento dos materiais odontológicos, o que gera um
dispêndio de tempo desnecessário frente à quantidade de reeducandos e adolescentes
em conflito com a Lei a serem atendidos. Além disso, a ausência de um assistente
impossibilita a realização de diversas operações cirúrgicas, ocasionando desnecessários
deslocamentos até consultórios odontológicos fora dos estabelecimentos
penais/socioeducativos.

Por sua vez, a criação do cargo de Arquivista é de rigor, tendo em vista


que na SAP existe um fundo não processado de materiais a serem catalogados. Desde
a criação da pasta, nunca foram determinadas prioridades para a preservação e/ou
conservação de documentos, gerando-se um acúmulo desnecessário de material. Caso
existissem arquivistas em, ao menos, cada Diretoria, os registros de comunicações,
ofícios, assim como banco de dados de presos, seriam aprimorados, contribuindo para a
otimização de processamento de dados. No mesmo sentido, a legislação vigente exige a
devida gestão de documentos, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no
inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da
Constituição Federal.

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Diante do exposto, é de rigor a alteração dos anexos I e II da Lei


Complementar n° 81, de 10 de março de 1993, para criação e inclusão dos cargos de
Técnico em Saúde Bucal e Arquivista, ao Plano de Cargos e Vencimentos do Pessoal
Civil da Administração Direta, Autarquias e Fundações do Poder Executivo.

2. Da Instituição do Quadro Lotacional de Cargos Técnicos de


Provimento Efetivo da Secretaria de Estado da Administração Prisional e
Socioeducativa

2.1. Da atual ausência de Quadro Lotacional

A partir da publicação da Lei Complementar nº 534, de 20 de abril de 2011,


a antiga Secretaria Executiva da Administração Prisional e Socioeducativa, subordinada
à Secretaria de Estado da Segurança Pública, passou a ser uma Secretaria de Estado
independente. Com isso, os servidores lotados na extinta Secretaria Executiva foram
relotados na Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, atual Secretaria de Estado da
Administração Prisional e Socioeducativa – SAP.

Consequentemente, como os antigos servidores da SSP eram regidos pela


da Lei Complementar nº 81, de 10 de Março de 1993, os servidores relotados na SAP
também passaram a ser subordinados a esta norma.

Porém, apesar da relotação, restou ausente a instituição do respectivo


Quadro Lotacional. Segundo o art. 3º, inciso III, da Lei Complementar nº 81, de 10 de
Março de 1993, tem-se por Quadro Lotacional o “agrupamento de cargos de
provimento em comissão e provimento efetivo, integrantes do Quadro de Pessoal, por
órgão, necessário e adequado à consecução de cada estrutura organizacional”.

Na esfera da Secretaria de Estado da Administração Prisional e


Socioeducativa, o Quadro Lotacional dos cargos de Agente Penitenciário e Agente
Socioeducativo estão previstos na Lei Complementar nº 675, de 3 de Junho de 2016.
Contudo, para os demais cargos técnicos de provimento efetivo, não há qualquer
disposição legal que estabeleça tal Quadro.

Com efeito, ausência de Quadro Lotacional, além de gerar insegurança


jurídica, impede a realização de concursos públicos para preenchimento de vagas.

A falta de renovação do contigente de servidores técnicos influi diretamente


na atividade-fim da pasta. À título exemplificativo, muito embora a população carcerária
tenha aumentado consideravelmente entre 2011 e 2018, o número de Técnicos
Administrativos e Profissionais da Saúde efetivos, no mesmo período, diminuiu:

2011 2018
PRESOS 12.900 21.040
TÉCNICOS
72 51
ADMINISTRATIVOS
PROFISSIONAIS
97 82
DA SAÚDE

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2.2. Das atuais contratações por tempo determinado

Frente à impossibilidade de realização de concursos, viu-se a necessidade


de admitir pessoal via contratação por tempo determinado, na forma da Lei
Complementar nº 260/2004.

Desse modo, atualmente, a maioria do corpo técnico da pasta é


composto por pessoal admitido em caráter temporário por processo seletivo
simplificado (ACTs), fato que, por gerar questionamentos acerca da legalidade das
contratações, ensejam diversas demandas judiciais.

Logo, percebe-se verdadeiro desvio na finalidade das contratações por


tempo determinado, haja vista que tal modalidade existe exclusivamente para atender
necessidade temporária de excepcional interesse público, revestindo-se em exceção, e
não em regra para admissão de pessoal.

2.3. Das justificativas do Quadro Lotacional pretendido

Coforme a tabela anexa à presente Exposição de Motivos, as justificativas


para o quantitativo de cada cargo são embasadas nas regulamentações nacionais
inerentes ao sistema prisional (CNPCP) e sistema socioeducativo (SINASE), bem como
as necessidades fáticas da SAP.

3. Da conclusão

Ante o exposto, solicita-se a propositura de Lei Complementar que “Altera a


Lei Complementar n° 81, de 10 de março de 1993, que Estabelece Diretrizes para a
Elaboração, Implantação e Administração do Plano de Cargos e Vencimentos do
Pessoal Civil da Administração Direta, Autarquias e Fundações do Poder Executivo e dá
outras providências, e institui o Quadro Lotacional de Cargos de Provimento Efetivo da
Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa, com o quantitativo
dos cargos previstos na Lei Complementar nº 81, de 10 de março de 1993, destinados à
SAP”, conforme minuta anexa.

Certo de que a presente Exposição de Motivos esclarece a urgência e


necessidade de fato e de direito identificadas pelo subscritor, é que se submete a
presente à apreciação de Vossa Excelência, requerendo seja dado regime de urgência
ao projeto de Lei Complementar a ser encaminhado à Assembleia Legislativa.

LEANDRO ANTÔNIO SOARES LIMA


Secretário de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa

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