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Discurso da solenidade de conclusão do

Ensino Médio Escola Sesc Zilda Arns

A princípio, boa noite à todos os presentes, sobretudo ao Presidente


da Fecomércio, Dr. Kelsor Fernandes, ao diretor regional Sesc
Bahia Dr. Marconi Silva Souza, à nossa Diretora Professora Suzana
Almeida, à Vice-diretora Professora Fabiane Gonzaga, à
supervisora Professora Maxilene Coutinho, aos nossos professores,
e demais funcionários da Escola Sesc Zilda Arns!

Boa noite especial aos nossos familiares e amigos presentes nesta


solenidade.
Nesta noite, gostaríamos de agradecer a todos pelo privilégio de
estarmos na posição de oradoras da primeira turma de concluintes
do Ensino Médio da Escola Zilda Arns.
Em nome dos formandos, gostaria de agradecer a presença de
todos que se disponibilizaram a participar desta ocasião tão
especial e tão importante nas nossas vidas. Passamos por tantas
coisas nesses anos, que é difícil conseguir resumir tudo que
vivemos nesse discurso.
Hoje encerraremos mais uma etapa de nossas vidas, e esta, sem
dúvidas, é apenas uma das tantas vitórias que estão por vir. Nesta
noite, vamos celebrar o término de um ciclo de muito estudo, foco,
responsabilidade, dificuldade, determinação, amizade e amor.
Aos nossos familiares, temos muito a dizer. Nos faltam palavras
para descrever o tamanho da importância de vocês nessa
caminhada, somos extremamente gratos. Vocês abdicaram de
tanto: abdicaram de tempo, deixaram planos e sonhos um pouco de
lado para que tivéssemos a oportunidades de termos acesso a uma
educação de qualidade e uma formação. A vós, devemos tudo que
somos, e só podemos sentir orgulho de nós mesmos e de onde
chegamos, com a vossa ajuda, segurando a nossa mão a cada
passo. Devemos esse diploma a vocês. Sem vocês, nada disso
seria possível.
Durante o ensino médio, passamos por muitas dificuldades, no
decorrer do 1° e 2° ano, infelizmente não foi possível estudarmos de
modo presencial por conta da pandemia da Covid-19, se tivéssemos
na sala de aula valeria a pena cada segundo, cada momento. Já
que isso não foi possível, conseguimos, mesmo durante o ensino
remoto, aprender muito com as aulas, com as pessoas e com a
vida. E, mesmo diante das adversidades, coisas inusitadas
aconteceram e que deixaram nosso caminhar mais leve:

Como esquecer o seminário que tivemos que fingir que éramos


jornalistas; entrevistamos nossos familiares para saber um pouco
mais da cultura de onde vivemos;

E o que falar das apresentações que, na maioria das vezes, deram


errado por causa da internet, em diversas ocasiões a instabilidade
do acesso foi um desafio para alunos e professores;

Recordamo-nos bem da queda do professor Denisson, de inglês;


durante a aula remota;
E a Campanha de doação de alimentos perecíveis juntamente com
a coordenadora Fabiane Gonzaga, na qual, inclusive, Vitória foi a
que mais se dedicou;

Queremos ressaltar a nossa dedicação em muitos trabalhos que


apresentamos sobre diversos assuntos que englobam a nossa
cultura e historicidade de uma forma ampla e dinâmica;

Nas aulas remotas, os professores também protagonizaram


momentos engraçados como o vídeo que fica bem explícito o medo
do professor de geografia Herbert pela baleia;
Os momentos culturais do nosso antigo professor de Química,
Leonardo, nos quais ele mostrava como, na química, nós
poderíamos aprender de outras formas, assistindo filmes e lendo
livros;

A saga do Professor Fred para conseguir dar a melhor aula,


contratando a internet mais cara e comprando um celular novo.

A Professora Elisia e o seu bordão inesquecível “e por hoje, é só”.

Thais e o planetabio com frases motivacionais: que começavam em


briófitas e terminavam em conselhos amorosos e sobre a vida;

Enfim, apesar dos impasses que enfrentamos pelo EAD (método de


ensino a distância), conhecemos novos colegas de classe, entraram
e saíram professores que de certa forma contribuíram para o nosso
aprendizado e que estarão sempre presentes nos nossos corações.
Formaram-se novas amizades, amores, intrigas, e problemas,
felizmente estes problemas foram solucionados.
Confesso que quando retornamos houve uma separação, criando
grupos específicos onde não havia a menor interação que nos
permitissem curtir de fato o nosso último ano. Porém, ao decorrer
do tempo, fomos “desfazendo” estas panelas e passamos a fofocar,
brincar e conversar uns com os outros sem que houvesse
problemas.
Tornamo-nos uma família, com nossos altos e baixos.
Agradecemos pelo apoio, pois só nós sabemos o quão é e foi difícil
estar nessa fase da vida. Agora nos separamos para encarar algo
maior, mas, com a certeza, as memórias que criamos aqui irão se
perpetuar em nossa mente. Mesmo que agora, o nosso coração
esteja apertado. Afinal, foi aqui que passamos a maior parte dos
nossos dias. Fomos felizes aqui.
De fato, não seríamos o primeiro terceirão do Sesc Bahia se não
houvesse algum problema. Não é à toa que na física existe, num
campo de estudo, a Teoria do Caos, ela fala sobre como
acontecimentos aparentemente irrelevantes podem vir a ter
consequências gigantescas no futuro. É a base do “efeito borboleta”
como se diz nas palavras de Edward Lorenz: “O bater de asas de
uma borboleta no Brasil seria capaz de causar um furacão no
Texas”.
Parece um tanto absurdo, mas foi exatamente o que nos ocorreu,
os sussurros do passado e atuais que diziam “corra atrás, estude,
siga em frente, você é capaz” tornaram-se furacões e mudaram
nossas vidas. E todos esses acontecimentos fizeram com que
estivéssemos aqui hoje. A escola foi o nosso primeiro desafio, local
de nossas primeiras interações sociais, também foi o local onde
começamos a ter responsabilidades, mas, acima de tudo, foi onde
nos tornamos quem somos.
A vista disso, sabemos que passamos por diversas situações no
EAD, e finalmente chegou a hora de voltarmos a rotina
normalmente nos lugares públicos, mas com o cuidado essencial,
sempre nos protegendo e respeitando os protocolos.

Em nome de todos os colegas, declaro que somos extremamente


gratos pela equipe do Sesc, que nos deram apoio para findar essa
jornada. Agradecemos a Maxilene que nos acolheu de maneira
ímpar diante das nossas angústias nesse último ano, agradecemos
à Professora Fabiane por nos acompanhar em todo o ensino médio,
nos orientando sempre que necessário, agradecemos à Professora
Suzana por todo o suporte para que tivéssemos a melhor
experiência do ensino médio no Sesc. Agradecemos
carinhosamente as conversas com Noeli, as idas à biblioteca com
Joelito e todos os funcionários que fazem o Sesc acontecer.

Agora, neste momento, agradecemos aos colegas uns aos outros,


pelas nossas aventuras juntos nesses anos de Ensino Médio:
Sempre demos um show de organização e empenho em tudo que
fizemos, os trotes não poderiam ser diferentes; esses famosos
trotes, conhecidos como um ritual de passagem, que tornaram
nossos dias mais divertidos e descontraídos, inclusive temos de
parabenizar Camile e Otaviano por sempre entrarem a fundo no
personagem. É impossível falar dos trotes sem falar do São João,
que fizemos até uma quadrilha, peça e decoração da sala com
menos de uma semana.
As cansativas idas à lapa e a rua do paraíso, que mobilizavam
metade da sala. O cinema para assistir a orfã, o boliche, a visita
incrível ao mam (inclusive os pedidos, mal sucedidos, feitos a max
para tomar um banho de mar na Gamboa), a flica; as brigas pelo tal
número na camisa; a “comissãozinha”, os debates que todo mundo
aguardava ansiosamente (principalmente sobre aborto), brigas por
cadeiras, mas como dizem uma verdadeira amizade não se acaba
em tempos de adversidades. Muito pelo contrário, se fortalece.
Essa turma inclui pessoas cheias de opinião, qualidades e
personalidade. Foi surreal ensinar e aprender com todos vocês,
com isso, vamos falar um pouco sobre todos que compõe essa
turma maravilhosa.
Os nossos turistas frequentes
Otaviano Gonzaga sempre de bem com a vida e
Paulo Santana e toda sua elegância e formalidade;

Camille Reis e o seu celular;

A intelectualidade introspectiva de Guilherme São Bernardo;

Nosso colega de classe João Correia que é o primeiro de nossa


turma a entrar na universidade;

A narradora Clarice Nolasco;


Allana Caroline e Lavínia bispo amigas e irmãs que entregavam
tudo nas festas;

A famosa casa de Júlia Zuza Reis point dos ensaios e das melhores
resenhas;

Gabriel Cardoso e seus talento inestimável com o violão;

A Maria Eduarda Nery e suas leituras;

Pâmela os olhos que tudo vê;

Nosso eterno marombeiro Mário César;

Os pacotes de lanche sempre compartilhados pela insaciável


Vitória Marques que está sempre na larica;

O Mateus Belisio o eterno “mininu” de Elísia

Felipe Ramos o mais galanteador

Keila Lisboa mãe \ idosa da sala;

O menino ney do vôlei Ìtalo Rosário;

O João Assis o mais atrasado

A mente brilhante de Davi Brito;


A que está sempre pronta pra ajudar qualquer professor só pra sair
da sala, Mª Eduarda Lucena;

A pessoa que está sempre com um som na sala, mas é apenas o


celular enorme de Wilson Balogun;

E por último, mas não menos importante, a briga por romildo, o


melhor da sala;

É engraçado como durante anos nós contávamos os dias para as


férias, mas, desta vez, foi um pouco diferente, quando íamos pedir
por férias, nós tivemos uma epifania, não haverá férias, não haverá
matrícula na escola, não haverá compras de materiais novos. Para
ser férias é necessária uma data para voltar, e, desta vez,
infelizmente, não voltaremos.

A noite de hoje deixará uma marca na nossa vida, o encerramento


de um ciclo, que vivemos por 17 anos, cada um da sua forma.
Apesar disso, foram muitas horas juntos, dividindo emoções,
trabalhos, cansaço, o desespero nas provas, cercados por medos.
Mas nesses últimos meses, a turma se uniu, como uma forma de
dizer adeus à tudo que vivemos juntos, compartilhando a mesma
angústia do que vinha pela frente e se agarrando ao pouco e
irrevogável tempo que ainda tínhamos.
Confesso que sonhei com esse dia por anos, o cansaço tomava
conta, mas hoje, me sinto triste. Triste por deixar essa fase, que
nem se quer tivemos oportunidade de viver de fato, dois anos nos
foi roubado e é assustador pensar que quando passarmos por essa
porta, nos despediremos da nossa adolescência e iniciaremos uma
nova jornada, com novos desafios e aventuras à serem vividas.
- quem imaginou que sair da escola seria tão assustador? Que as
melhores risadas aconteceram aqui? Que os melhores conselhos
também?
Em um lapso de resignação, aquieto meu peito e cedo a minha
própria dormência, tem sol lá fora, tem gente correndo, há vida.
Mas, aqui dentro, dentro de nós, uma calmaria e um desconforto de
tentar qualquer passo. O que senti hoje foi algo próximo a paralisar
por completo. Era como se soubesse, por antecipação que a vida
queimaria de maneira tão bruta que esforço algum seria possível,
viver é uma ferida incurável.

Que vocês sejam grandes arquitetos, jornalistas, advogados,


psicólogos, veterinários, biólogos, escritores, designers,
administradores e professores, o que quiserem ser, sobretudo
profissionais de excelência!

Segundo o educador e filósofo brasileiro Paulo freire, “Num país


como o Brasil, manter a esperança viva é em si um ato
revolucionário”, no presente momento que vivemos, no qual a
educação é cada vez mais desvalorizada, bem como a saúde, o
desemprego atinge milhões de pessoas, e volta o aumento da
pobreza, manter a esperança é a nossa melhor saída.
Dito isso, suplicamos por um país que se importe com a população,
que se posicione, e entenda a importância que a educação tem
como instrumento para o sucesso e como garantia do exercício da
cidadania. Faremos nossa parte!

Conhecer a família de alguém é conhecer a história daquela


pessoa, ver de perto de que lugar ela veio, de onde que partiu.

Um ponto de partida inicia a perda, a perda é nossa principal


origem, começamos a vida com um fio de cordão que é cortado e
no papel se diz família.
Isso nos demonstra que nascemos partidos, inteiros e partidos ao
mesmo tempo, e tem uma parte de nós que é sempre um local de
volta para nós mesmos, um lugar onde a gente se consulta e ali
sabemos quem somos, sabemos no que acreditamos e nós não
abrimos mão, porque existiram pessoas que nos encontraram e nos
tiveram.
Entende-se porque nos teve, aqueles a quem nosso coração diz sim
o tempo todo, a quem acompanhou o nosso caminho às vezes tão
torto, às vezes tão sem saber para onde ir, mas houve quem
confiou na nossa possibilidade de andar, de ir além de nós, nossos
parentes nos criam ao mesmo tempo que vamos nos criando juntos,
sem rascunho, viver é inaugural, não temos como ensaiar antes,
mas é só por isso que é tão vivo, tão esquisito e tão arrebatador.
Como quando a gente se encontra com a arte e não sabe como ou
porque, mas sabe que uma luz se acendeu dentro de nós.
Costumam dizer que a partir desse tipo de coisa nos não somos
mais os mesmos, mas eu particularmente discordo, eu acho que
quando a vida clica na gente somos mais nos mesmos, somos mais
próximos de existir.
Sei que saímos formados e mais conscientes que se o mundo é
cão, a gente aprende a mostrar os dentes, seja para morder a vida
com força, seja para rir quando der para dispersar e olhar para trás,
lá na origem de quem fomos.
Fica aqui um agradecimento a quem esteve diante da nossa
história, das nossas angústias e das nossas vontades mais
urgentes, por estarem aqui, por não terem se partido e fazer parte
disso, obrigada.
Devo deixar à vcs, meus colegas de turma, um pedido; tenham
coragem, não deixem de acreditar, o nosso sucesso será fruto de
pequenos esforços feitos todos os dias, nós somos grandes,
continuem, sejamos a mudança que almejamos ver.
A noticia assustadora: “estamos por conta própria agora”, mas a
noticia inspiradora é “estamos por conta própria agora”. Eu não
poderia deixar de citar uma grande pensadora brasileira Júlia Zuza
reis, que nos ensinou o seguinte, “isso tudo aqui, um dia, vai ser
memória”, na verdade, já é. Obrigado terceirão. Vocês são
inesquecíveis.

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