demorar um minuto. Um minuto para o primeiro período, um minuto para o recreio, um minuto para o final da aula. Um minuto para as férias, um minuto para o terceirão. Um minuto para estarmos aqui, no palco da FIERGS. Um minuto. Quando crianças, crescemos com o ano de 2023 nas nossas mentes. Um vislumbre da nossa infância e adolescência se transformando na vida adulta. "É tão distante", nós pensávamos. Tão distante quanto um minuto.
Ninguém realmente compreende o quão rápido se passa o tempo
na escola. Mário Quintana certa vez disse:
"A vida é uns deveres que nós
trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é Natal... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado... Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio."
E, quando se vê, estamos aqui. Todos nós faríamos qualquer
coisa para estar naquela sala de aula ao menos por mais um minuto. Mais um minuto na aula, um minuto no recreio, mais um minuto em que todos estivéssemos juntos, ainda como estudantes, para que, pelo menos, pudéssemos, por mais um minuto, nos sentir como verdadeiramente nos sentíamos na sala de aula: seguros. A segurança que a turma A passava para cada um de nós todos os dias, quando sabíamos quem e o que nos aguardava.
Chegar todos os dias e, embora cansados, poder ver os nossos
amigos de verdade e as pessoas com quem dividimos as experiências mais intensas e marcantes. Cada estudante atribui a importância da turma A em sua vida da sua maneira. Já dizia Chorão, da banda Charlie Brown Jr: "Podem me tirar tudo que tenho. Só não podem me tirar as coisas boas que eu já fiz pra quem eu amo". E, realmente, ninguém jamais vai tirar as lembranças que cada um de nós guarda com muito carinho e foram cruciais para nos transformarmos em quem somos hoje.
Afinal, quem não se lembra do Deivis se enrolando inteiro na
dança do frevo no desfile dos jogos do sexto ano? Ou de todos os churrascos da turma, em que precisávamos ter fiscal de carne para todos comerem? A conquista dos jogos e da batalha do Farroups no mesmo ano, primeira turma da escola a conseguir tal feito! As palhaçadas do big, as piadas terríveis do Small, as fofocas do Pink? Isso é apenas um pequeno retrato do que cada um de nós vivenciou todos os dias.
Durante esses 15 anos, a nossa vida se fundamentou na escola
e nas pessoas que estão aqui presentes. Passar mais de 5 horas quase todos os dias no espaço escolar nos fez desenvolver um forte sentimento por esse lugar. Muitos de nós passavam mais tempo conversando com os professores e colegas do que com os próprios familiares. Entrar na sala de aula, conversar com os amigos, sentar na sua cadeira e assistir às aulas tornou-se tão natural quanto a rotina extracurricular. Por isso, o Colégio Farroupilha não se trata apenas de uma escola, mas da segunda casa para muitos de nós, por tudo o que vivenciamos. Dessa forma, assim como não é fácil apagar as luzes de sua casa de infância pela última vez, não é fácil dizer adeus para o lugar a que atribuímos as mais profundas memórias e experiências.
E agora, acabou. A insegurança de se adaptar a novos
ambientes no cotidiano virá, juntamente com a saudade que sentiremos da nossa segunda casa. Só nos restam memórias, essas que vão nos acompanhar pelo resto de nossas vidas. E, mesmo se nos perguntassem, acredito que não fôssemos dizer que gostaríamos que a escola durasse para sempre. A vida escolar é preciosa não “apesar” do fim, mas sim “por causa” do seu fim. Caso contrário, a escola seria apenas uma experiência ordinária e repetitiva. Justamente saber que um dia ela acaba faz com que aproveitemos e valorizemos cada momento. Afinal, se a escola não acabasse, aquele minuto nunca passaria para que pudéssemos dar o próximo passo em nossas vidas.
Observem o relógio. Se tem uma coisa que podemos tirar de
tudo isso, é que o tempo não para pra ninguém. Os minutos se passam, um após o outro e, quando percebemos, é tarde demais para voltar atrás. Com isso, deixamos uma mensagem a todos aqui presentes. Não vivam pelo futuro. Ele chega rápido demais. Somos a prova viva disso. Riam, se divirtam, escutem música alta no carro, cantem aquela música que ninguém realmente sabe a letra! (mãe, desculpa por todas as vezes que tu tava cantando, eu te perguntava quem era o cantor e depois que tu me respondia, eu pedia pra deixar ele cantar). Usem o seu dinheiro! (Mas não que nem o Lapa. Reza a lenda que tá até hoje devendo 20 reais pro Caça). Se apaixonem, perdoem, se arrependam de ter perdoado. Depois, perdoem de novo! Comprem passagens só de ida, pulem de paraquedas, viajem para o sudeste asiático! Agora é a hora de criar memórias, tão intensas a ponto de nos acompanhar pelo resto da vida. Vida essa que parece se passar em um minuto. E no final, pouco importa quanto dinheiro você fez ou quantas pessoas você superou. O importante é olhar para as memórias criadas e pensar: esse foi o melhor que pude fazer.
Para finalizar, agradecemos aos colegas de turma e de terceiro
ano por tornarem todo esse processo mais leve, repleto de amizades, experiências, relacionamentos e por serem as amizades mais duradouras construídas em nossas vidas.
Agradecemos também a todos os professores e educadores que
marcaram a nossa vida e contribuíram, ao longo da nossa jornada escolar, para que pudéssemos nos tornar pessoas melhores a cada dia. À Laís, nossa homenageada, muito obrigado por todo o carinho e empenho que demonstra ter conosco e, acima de tudo, com a instituição. Com certeza, toda a tua dedicação e teu trabalho resultam no carinho que todos colegas e estudantes têm por ti.
Agradecemos, em especial, ao professor Deivis. Deivis, pra nós é
uma honra que tu possa dividir esse momento conosco. Nada mais justo do que nós, como a tua primeira turma da escola, tivéssemos o privilégio de te ter como homenageado nos nossos últimos momentos aqui. Muito obrigado, tu vai para sempre ser um dos personagens mais marcantes da turma A. Ao Colégio Farroupilha, agradecemos por todo o processo. Podem ter certeza que, após todos esses anos, vocês formaram mais 35 cidadãos competentes, éticos e globais, que são capazes de enfrentar as mais desafiadoras situações da vida adulta.
Mas, em especial, agradecemos pelo fim. Foi este que nos
proporcionou tudo que vivemos até hoje, da forma que vivemos. Percebam: nosso minuto está chegando ao fim. Agora, é a turma A que sai da vida para entrar para a história. Obrigado.