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E-mail: nathaliamendesandrade@gmail.com
Conclusão: 2022
Após muito estudo, vejo sim uma facilidade inexplicável para absorver e aplicar o
conteúdo da psicanálise, o que facilita muito minha vida, mas também vejo o
quanto o estudo me fez crescer e o quanto sempre poderei aprimorar, pesquisar
e evoluir para melhorar cada dia mais nos estudos psicanalíticos e no
atendimento aos pacientes daqui para frente.
Trata-se de uma arte divinatória, que tem um “encaminhar”, apesar de hoje ser
muito mais usado como arte adivinhatória, devido ao ser humano querer sempre
saber o amanhã de forma direta.
Se usado de forma sábia, serve como alerta dos rumos dos caminhos que está
se tomando, podendo melhorá-los, pois a escolha do que fazer sempre é da
própria pessoa, o que chamamos de livre arbítrio.
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No entanto, entendendo onde chegaria com a escolha que se tem em mente,
fica muito mais fácil segui-la ou não.
O oráculo traz possibilidades, auxílio, orientações e direcionamentos para a vida.
Existem diversas ferramentas que podem ser usadas como oráculos: Baralho
Cigano, Tarot, pêndulos, dados, runas, bola de cristal, Obi, búzios, moedas,
quiromancia, mapa astral, mapa numerológico e outros mais.
A escolha de qual ferramenta usar é do interessado, podendo aprender ele
mesmo a mexer (é possível o uso por qualquer ser humano) ou se consultar com
um oraculista profissional.
Não se tem certeza de sua origem, mas existem diversas histórias acerca disso.
A mais conhecida das histórias é a da Madame Lenormand, sendo que existem
duas versões..
Primeiro é importante dizer quem foi ela, resumidamente:
A Anne Marie Adelaid Lenormand, nascida na França em 1772 em uma das
versões, teria criado o Baralho Cigano. Viveu em um convento na infância e por
lá já fazia previsões.
A segunda versão relacionada, seria que ela teria criado o baralho por
conhecimento próprio e suas pesquisas e não porque se relacionou com o povo
cigano, mas para ter um baralho menor e com figuras que trariam mais
representações para sua realidade do cotidiano e da vida da população comum,
visto que ela já usava o tarot, que tem figuras envolvendo a corte e muito mais
cartas e símbolos.
Foi dessa versão da história que se originou a primeira versão do que depois se
tornou o nosso Baralho Cigano, que seria o Jogo da Esperança (1799 - por
Johann Kaspar Hechtel).
Esse jogo era composto de um tabuleiro e tinha 36 cartas (igual o baralho cigano
atual) e para ganhar devia-se chegar à âncora - que tinha conceito de esperança
e por isso o nome do jogo. Conforme a carta que saia, algo acontecia no jogo,
semelhante aos nossos jogos de tabuleiros atuais. Esse jogo tinha nas cartas os
naipes franceses e germânicos e podia, além do jogo da esperança, ser usado
como baralho comum, para diversão, como usamos até hoje.
O jogo ainda orientava a criar uma história usando as cartas (uma outra
alternativa de jogo - que aqui permitia inspiração e começava a dar margens a
um lado mais divinatório). Então aqui começa o seu despertar para ser uma
ferramenta oracular.
Existe também uma versão de 1775, quando havia as cartas Hooper, que são
pouco conhecidas. Esse baralho teria sido criado para contar uma história a
partir de suas cartas, estilo jogo da vida atual, e com ele teriam surgido as
adivinhações e a inspiração para o surgimento do Baralho Cigano.
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Outra versão da história, associa a Cafeomancia ao surgimento do Baralho
Cigano. Nessa versão, a teoria do jogo da Esperança criado na Alemanha é
refutado, se baseando em registros em Londres de cartas mais antigas, por volta
de 1796, baseadas na Cafeomancia, que tinha 32 cartas com significados e se
assemelhando muito ao que temos hoje no baralho cigano.
Por fim, menos romantizado, temos a versão de que o Baralho Cigano surge a
partir de jogos de azar, nada lúdico e pedagógico, ele seria usado igual o nosso
tradicional baralho de jogos que conhecemos atualmente, porém os usuários
começaram a usar em tom de brincadeira para premonições, que foram dando
certo, até se tornar popularmente um sistema oracular.
Ele circula pelo mundo desde o século XV, na Europa, porém, a partir do final do
século XVIII, as cartas de tarot começaram a ser usadas tanto para a divinação,
ou seja, para prever o futuro, como para meditação e autoconhecimento.
Existem muitos tipos de decks de tarot: Tarot dos Orixás, Tarot Místico, Tarot das
Bruxas, Tarot de Marselha, Tarot dos Guardiões, Tarot Rider Waite, Tarot
Egípicio, Tarot de Thoth, entre outros, alguns tradicionais e outros mais
modernos.
Mas mais que isso, tem a função de ensinar, orientar, direcionar, mostrar
caminhos, responder dúvidas e contribuir para que a vida possa caminhar.
Os arcanos menores são compostos por 4 grupos de 14 cartas, cada grupo com
um naipe diferente, sendo eles: copas, ouros, paus e espadas. O grupo tem
cartas do Ás, que representa o 1, até o número 10 e 4 cartas da corte: rei,
rainha, cavaleiro e pajem.
Ele foi aluno de Josef Breuer, o criador da hipnose, que tinha curado sintomas
graves de histeria com o sono hipnótico, onde o paciente conseguia se recordar
das circunstâncias que deram origem à sua moléstia. Chamado de “método
catártico”, foi a partir disso que se deu o ponto de partida da psicanálise.
Seus estudos eram levados a congressos, muitas vezes rechaçados, porém aos
poucos foi reconhecido. Devagar ele foi deixando a hipnose e trazendo o método
de livre associação.
Entre 1911 e 1913, Freud foi vítima de hostilidades, principalmente dos próprios
cientistas, que indignados tentavam desmoralizá-lo. Adler, Jung e toda a
chamada escola de Zurique separaram-se de Freud.
Em 1923 começam suas cirurgias de tumor, ele passou por várias até sua morte
em Londres no ano de 1939. Vale dizer que durante o nazismo ele sofreu,
precisando se refugiar e teve bens e sua biblioteca queimada.
E é claro que com tudo isso, seu estudo influenciou diversas áreas da ciência e
influencia até hoje. Outros autores continuaram se dedicando à psicanálise
posteriormente, e os principais são:
Carl Jung, Karl Abraham, Wilhelm Reich, Melanie Klein, Margaret Mahler, Heinz
Kohut, Donald Winnicott, Jacques Lacan, Wilfred Bion e sua filha Anna Freud.
Mas não para por aí, a psicanálise até hoje é muito estudada e cada vez temos
mais e mais autores trazendo explanações e novas teorias na área.
O primeiro contato de Jung com Freud foi através do livro “interpretação dos
sonhos”, publicado em 1901.
Esse contato forte se deu até 1912. Momento em que Jung começa a discordar
de Freud em algumas teorias e eles rompem a amizade e parceria. Freud era
um homem impositivo e difícil de lidar, ele aceitava novas teorias desde que não
refutassem suas ideias principais, coisa que Jung fez,
Jung ajudou a difundir a psicanálise na Europa, pois diferente do Freud, ele não
era judeu, o que abria seu leque com mais pessoas. Ajudou ainda a expandir a
psicanálise para outros países.
Suas principais discordâncias foram com a questão do libido (que não seria
apenas uma força psíquica sexual), energia cinética e a sexualidade, em
especial porque Jung coloca a influência de outras áreas, como a espiritualidade
e vê a maneira como essa energia libidinal e sexual pode ser reutilizada em
diversas áreas.
Além disso, Freud sempre remetia tudo à infância e Jung preferia pensar que
poderiam haver explicações além e também refletia sobre a necessidade de
explorar algo que não fosse trazer bons frutos no futuro.
A partir desse rompimento, Jung passa a trazer suas teorias de forma mais
evidente, chamando de método analítico. O qual é composto de muito do que
Freud abordou, porém com outras visões de algumas coisas e novas teorias.
Jung sempre teve uma adoração pelo estudo e uso do místico, espiritual, fé,
religião e semelhantes. E claro que isso tem influência de uma família de
pastores protestantes.
Para ele, cada grupo cultural trata a religião de uma forma e isso influencia o
inconsciente coletivo e portanto o analisado, sendo de grande importância na
psicanálise.
Vale destacar que Jung sempre cita a importância de Freud para a humanidade,
com o conceito de inconsciente e outras tantas constatações, mas nem por isso
deixa de complementar com sua visão.
Jung traz ainda então conceitos na psicanálise sobre a religião, mitos, sonhos,
apoia e aborda parapsicologia, energias etc.
Ele em suas obras comenta que ele se sente como se tivesse duas
personalidades, um ego público e um ego que tem proximidade com Deus a
ponto de reconhecer os homens como verdadeiramente eles são.
Em uma reflexão podemos concluir que ele traz aqui uma visão muito mediúnica.
Passou por guerras e dificuldades e morreu aos 85 anos (1961), em sua casa
no Lago de Zurique.
Vale ainda ressaltar que o tarot e o baralho cigano são pura expressões de arte,
com suas imagens em cada uma de suas cartas.
Jung coloca que uma produção da obra de arte não possui um vínculo com a
história de vida ou a personalidade do artista como a maioria pensa, a função
deste é simplesmente dar forma aos conteúdos, inserindo-os na sociedade, o
que faz com que esses conteúdos recebam uma construção racional e modelada
por um contexto social.
Jung traz a questão de observarmos a imagem, seja uma pintura, escultura ou
música, podendo evocar nossas lembranças ou cenas que surgem em nossa
mente. Sempre teremos uma imagem sobre o fato, e esta imagem por si só já se
mostra do jeito que tem que ser, cumprindo muitas vezes o papel que lhe cabe e
trabalhando nosso inconsciente e nosso processo de despertar evolutivo.
Para ampliar nosso grau de consciência e promover a cura, Jung atribui aos
arquétipos uma energia criativa. Ao acessar os conteúdos arquetípicos,
iniciamos um processo criativo de transformação e para acessarmos os
arquétipos a psique se utiliza de símbolos.
Diante disto, percebemos que em uma consulta de cartas são usados símbolos,
arquétipos do inconsciente coletivo, que despertam a energia criativa em nosso
ser, e inicia um processo de acesso ao nosso inconsciente, trabalhando nossa
psique em conflitos, angústias e trazendo soluções, cura ao nosso ser.
Basicamente, o que vemos é que o tarólogo vai orientar com base nas cartas,
dando respostas, direcionamentos, mas aqueles símbolos vistos por quem
recebe o atendimento irá atuar em uma profundidade ainda maior, como
explanado acima.
Para Jung tanto o místico como religioso tem forte importância e deve ser
estudado, em especial pela diversidade que possui conforme a cultura, tempo
histórico e visão particular. O rompimento de Jung e Freud que citamos antes,
muito além dos contrapontos nos pensamentos e teorias sobre sexualidade, se
dá pela função religiosa e mística no psiquismo que Jung passa a considerar
existente e positiva.
Jung incluia o não racional também em seus estudos, como a sorte, o místico e
o religioso. Ele estimulava o pensar sobre o não racional, os mistérios da vida, a
ideia de que o universo se expande com o conhecimento e etc.
“Encaro a religião como uma atitude do espírito humano, atitude que de acordo
com o emprego ordinário do termo: ‘religio’, poderíamos qualificar a modo de
uma consideração e observação cuidadosa de certos fatores dinâmicos
concebidos como “potências”: espíritos, demônios, deuses, leis, idéias, ideais,
ou qualquer outra denominação dada pelo homem a tais fatores; dentro de seu
mundo próprio a experiência ter-lhe-ia mostrado suficientemente poderosos,
perigosos ou mesmo úteis, para merecerem respeitosa consideração, ou
suficientemente grandes, belos e racionais, para serem piedosamente adorados
e amados” 1
Isso ocorre, pois cada jogada se apresenta com diversos símbolos que remetem
a situações da vida, história, cultura etc. e portanto mexem com o psicológico.
O inconsciente é o que não sabemos de nós mesmos no momento. Existe uma
grande região de nós que é inconsciente ou, em outras palavras, que é
governada pelo inconsciente.
1
JUNG, Carl Gustav. Psicologia e religião. Psicologia e religião Ocidental e Oriental. Editora
Vozes, 2012.
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Jung amplia esse inconsciente, tendo o pessoal, mas trazendo também o
coletivo. O inconsciente pessoal é o que Freud havia estudado. Nele temos o
que foi recalcado, escondido e esquecido. O que eu vivi e que esqueci, escondi
de mim mesmo ou recalque, mas continua lá. O inconsciente coletivo, por outro
lado, não representa o que eu vivi, mas o que a humanidade como um todo
viveu e nos influencia.
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JUNG, Carl Gustav. O livro vermelho. São Paulo: Editora Vozes, 2017.