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Mais que um jogo.


Um aprendizado de vida.

Ao escrever este livro, não tive a pretensão


de encerrar toda a verdade sobre este
jogo de cartas. Haverá muito tempo
ainda para novas descobertas.
O caminho da sabedoria leva anos, às vezes,
até uma vida inteira, e em circunstâncias
mais difíceis, várias encarnações...

Ana Anciães
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Baralho Cigano
Lenorm and

M ais que um jogo.


Um aprendizado de vida
Fundação Biblioteca Nacional
Ministério da Cultura

REG. 11073/RJ/2003

Baralho Cigano Lenormand


Místico / Esotérico

Diagramação Bia Nóbrega


Capa Alberto Coutinho / Vinícius Rodrigues
AGRADECIMENTOS

Aos meus Mentores Espirituais


Pela Lição de Humildade

Ao meu filho Hugo, meu bem mais precioso,


Pela Lição de Amor

A minha amiga quase irmã Marcelina Havsgaard


Pela Lição de Autoconfiança

Ao meu amigo Fábio Carvalho


Pela Lição de Simplicidade

A minha grande am iga Leila Botelho


Pela Lição de Otimismo

A minha querida am iga M aria Regina Lima


Pela Lição de Alegria

A minha prima e amiga Verônica Maia


Pela Lição de Fidelidade

Ao meu amigo Marcelo Tavares


Pela Lição de Racionalidade

A minha prezada amiga Lucília Caldas


Pela Lição de Espiritualidade

Aos meus clientes e alunos


Pela Lição de Vida

A todos aqueles que cruzaram o meu caminho


E me ensinaram muitas outras coisas

E finalmente à Deus
Por tudo que sou e tenho
PREFACIO

"Você ensina melhor o que mais precisa aprender"

Richard Bach

Ao escrever este livro, não tive a pretensão de encerrar toda


a verdade sobre o Baralho Cigano Lenormand. Há muita coisa ainda,
para se descobrir sobre ele. Af ¡nal de contas, lido com estas cartas
quase que diariamente, há apenas catorze anos. E muito pouco mesmo,
acreditem! O caminho da sabedoria leva anos, às vezes, até uma vida
inteira, e em circunstâncias especiais, mais de uma encarnação. Já
me basta acender uma luz. Pois aquele que clareia, é o primeiro a
iluminar-se.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção, quando descobri


este jogo de cartas, foi justamente o preconceito de muitos, que o
veem como um instrumento pobre. Simples, realm ente ele é, mas,
adjetivá-lo de pobre é um grande equívoco.

Que esta pequena introdução da vivência nas cartas e o resumo


de suas correspondências, possa lhes atender em todas as suas
dúvidas ou até curiosidades, seja qual delas tenha sido a sua intenção
ao adquirir este livro.

Ana A nciães
O Baralho Cigano Lenormand

INTRODUÇÃO

Desde que o mundo é mundo, o ser humano não se cansa de


buscar a revelação do seu futuro. O Baralho Cigano Lenormand é um
desses instrum entos que nos perm ite desvendar, através de uma
projeção baseada no nosso passado e no nosso presente, esse mistério
que a vida nos reserva. Ainda que não, inteiramente. O que procuro
passar para você neste livro, é o resultado das minhas pesquisas e
experiência profissional no atendim ento a pessoas, com a utilização
deste baralho, que é de grande auxílio nas questões diárias e se traduz
como perfeito orientador pessoal, a fim de nos conhecermos melhor
e tam bém aos outros, que convivem conosco neste curto tempo em
que nos encontramos aqui, a caminho da evolução.

O Baralho Cigano Lenorm and, atrai à primeira vista, pela


sim plicidade dos seus arquétipos. Os desenhos maiores são figuras
singelas, que a maioria das pessoas reconhece com facilidade. Sua
leitura nos dará uma resposta quanto às questões práticas da vida.
Q uer dizer, as coisas do nosso dia a dia, a vida material. Já os desenhos
m enores, localizados na região central superior da carta, esclarecem
acerca da vida espiritual e nossas questões mais profundas, enraizadas
no nosso interior. Isto quer dizer que para uma leitura rápida e
superficial, devemos nos basear nas figuras maiores. Para uma leitura
mais abrangente e detalhada, é necessário dirigirmos nossa atenção
para as figuras da cartomancia tradicional, ou seja, os retângulos
menores localizados no cabeçalho da carta. A riqueza deste baralho
está justam ente nestas duas possibilidades. O que se revela e o que
se esconde. O que está claro e o que está escuro. O que podemos ver
e antever, à luz do Sol e à sombra da Lua.

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A ORIGEM DO BARALHO CIGANO LENORM AND

1* Versão: O Baralho Cigano Lenormand estaria relacionado ao Petit


Lenormand, um maravilhoso baralho de 36 cartas criado por
M arie-A nne A d e la id e Le norm and , no s é c u lo XVIII.
Mademoisellle Lenormand era cartomante em Paris e se
tornou famosa pela precisão de suas previsões, atendendo
a f ¡guras ilustres da nobreza e realeza francesas da época,
revolucionando todos os conceitos associados à Cartomancia
e sua prática até aquela data. Mlle. Lenormand desenvolveu
pr¡memamente(/o Grand Jeu Lenormand, baralho composto
por 54 cartas. E interessante notar que, neste seu primeiro
jogo de cartas, ela associou a Astrologia, a Numerologia e
os Talism ãs H ebreus com a Cartom ancia tradicional.
Posteriormente, no Petit Lenormand, permaneceram apenas
os naipes tradicionais dos jogos de cartas, os sím bolos e os
arquétipos, numa visão de fácil interpretação. Acredita-se
que Mlle. Lenormand desejou, com a criação deste segundo
baralho, o menor de 36 cartas, tornar acessível seu jogo,
para que aqueles, que não alcançassem seu sentido filosófico
mais profundo. Dessa forma, as pessoas munidas de uma
ferramenta simples, poderiam usá-la no cotidiano, com uma
interpretação verdaderam ente fácil,

2‘ Versão: O Baralho Cigano Lenorm and te ria sid o descob erto e


propagado por este povo mágico que são os ciganos. Através
do seu modo singular de vida, migrando de um lugar para o
outro, eles popularizaram seu jogo de cartas. Foi desse
mesmo modo, que este povo nômade, nos presenteou com a
expansão e o conhecimento da Quiromancia, originada na
índia, e muitas outras ciências adivinhatórias.

Qual destas duas versões seria a correta? Francamente, meu caro


amigo leitor, seria o mesmo que f icarmos discutindo, aqui, sobre quem nasceu
primeiro: O ovo ou a galinha? Seja você leitor assíduo ou estudioso de
esoterismo, pode facilmente notar que a origem dos oráculos advinhatários
geralmente é deficiente, visto que a humanidade já passou por vários períodos
de repressão, tendo assim, perdido muito conhecimento no campo do ocultismo.
Graças à persistência e à coragem de diversos mestres da f ilosof ia esotérica,
podemos ter acesso hoje, a alguns destes maravilhosos oráculos.

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O Baralho Cigano Lenormand

A DESCRIÇÃO DO BARALHO CIGANO LENORMAND

O Baralho Cigano Lenorm and é constituído por 36 cartas


numeradas ordinalmente e relacionadas aos 4 naipes que constituem
a Cartom ancia tradicional. Estes naipes, Copas, Ouros, Espadas e Paus,
correspondem aos 4 elementos alquímicos: água, terra, fogo e ar. Estes
elem entos representam , respectivam ente, a emoção, a matéria, o
espírito e a razão. Sendo que, cada grupo de 9 cartas é correspondente
a cada um desses elementos da alquim ia, que num total de 4, somam
as 36 cartas do baralho. Este número total de lâminas se explica até,
pelo fato de que, no Zodíaco há 36 cruzes. Pois que, cada signo está
dividido em 3 decanatos ou período de 10 dias. A analogia entre o
B aralh o C igan o Le norm and e a A s tro lo g ia tam bém é bastante
elucidativa. Você, leitor poderá comprovar isto ao longo das descrições
de cada carta mais adiante.
Encontram-se à venda, em nosso mercado, diversas versões
do Baralho Cigano Lenormand. Nas seções esotéricas de algumas
liv r a r ia s , é p o s s ív e l t a m b é m a d q u ir ir o b a ra lh o im p o r t a d o .
Principalm ente naquelas, especializadas em assuntos místicos. Tanto
no exem plar nacional como no estrangeiro, alguns desses baralhos
mantêm os símbolos característicos da Cartomancia tradicional, ou
seja, o Nove de Copas, o Seis de Ouros, o Dez de Espadas, o As de
Paus e outros. Este pequeno detalhe possibilita uma leitura mais rica
e profunda deste precioso jogo de cartas.
No desenvolvimento deste trabalho, uso como base o Baralho
Cigano Lenormand em sua versão mais completa, pois, esta possui as
figuras correspondentes à Cartom ancia tradicional. Dessa forma, os
arquétipos maiores e os sím bolos menores se completam um ao outro,
numa tradução mais clara e abrangente para você leitor. E importante
tam bém ressaltar, que não existem cartas positivas e negativas em
sua essência. Como tudo na vida, vale aqui também, a lei da polaridade.
O primordial é sentir a vibração maior das cartas. Em resumo, o
equilíbrio interior e o grau de evolução espiritual de quem joga o
baralho, precederá uma leitura correta das cartas.

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RITUAL DO JOGO

Quanto ao ritual usado para o jogo de cartas, propriamente


dito, como por exemplo, a cor da toalha, o uso de copo com água, de
velas, de incensos e de outros apetrechos, como moedas, cristais,
pêndulos, flores, frutas, punhais, perfumes, óleos, essências, sinos, e
tantos outros acessórios, são opcionais. Tal opção refere-se ao
seguinte fato: todos nós, que lidamos com cartas, seja para jogar
para outras pessoas ou, para nós m esm os, tem os algum m entor
espiritual, independente de nossa religião, que usa nossa sensibilidade
como canal de comunicação. Antes de nos preocuparmos com estes
aparatos, que na maioria das vezes são secundários, seria essencial e
de maior importância a concentração e o silêncio. A meditação e o
isolamento temporário das coisas mundanas e preocupações materiais,
que deverá anteceder a leitura das cartas, é que nos permitirá entrar
em sintonia com o astral.

A prece tam b ém é um a a lavan c a in d is p e n sá ve l p ara que


captemos as vibrações do mundo espiritual. No momento da oração,
devemos suplicar ao nosso mentor que nos guie, a fim de que possamos
orientar aqueles que nos procuram para uma consulta de Cartomancia.
E, se estivermos jogando para nós mesmos, que possamos encontrar
um c am inh o ou um a r e sp o s ta para n o s s a s d ú v id a s . A n te s de
simplesmente advinhar, o baralho deverá elucidar.

Volto a dizer que, não existe uma regra única para ser usada
ao se jogar este ou outro baralho de cartas. Ós guias espirituais que
nos acompanham é que irão nos orientar, quanto ao nosso procedimento
para a realização do jogo. Nossos mentores é que nos falarão das
ferramentas necessárias, ou não, em nossa leitura de cartas. Muitos
tarólogos e cartomantes trabalham com a mesa completamente limpa
e nem por isso, seu jogo é comprometido, ou tem menos valor. Muitas
pessoas me perguntam como conseguirão conversar com o seu mentor
espiritual. Esclareço que a comunicação pode se realizar de diferentes
f ormas: muitos recebem mensagens através de sonhos, outros através

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de um guia espiritual manifestado em um médium, numa mesa ou num


terreiro e, alguns, através da simples meditação. O modo como se
procede tal comunicação varia até de acordo com a f ilosof ia ou religião
de cada indivíduo. Vários são os caminhos que nos levam à Deus. E,
afinal de contas, cada um de nós está num estágio diferente de
evolução neste planeta. Acrescento que o mais importante de tudo é
o respeito com o qual você se dirige ao seu baralho de cartas.

Vale lembrar que, muitas pessoas inescrupulosas, ainda insistem


em utilizar o conhecimento de algum oráculo ou jogo de cartas para
se aproveitar de inocentes. E através do charlatanismo se benef iciam
da dor alheia para explorar o próximo, e assim, obterem pecúlio e
enriquecimento fácil. Esses indivíduos, que não têm nenhum preparo
sequer e, muito menos uma orientação espiritual, mancham a verdadeira
Cartomancia praticada por aqueles que têm a nobre intenção de ajudar
o seu semelhante em seus infortúnios nesta passagem aqui pela Terra.
F e liz m e n te , ainda ex istem carto m an te s altam ente dignos, que
sobrevivem honestam ente deste ofício. Em virtude disso, muitas
inform ações e técnicas foram supridas neste livro, em bora seu
conteúdo não comprometa sua principal f inalidade que é elucidar este
magnífico jogo de cartas. Que se acenda esta luz!

Ana Anciães

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O Baralho Cigano Lenormand

A VIVENCIA
NAS CARTAS

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 01

O CAVALEIRO

N esta prim eira carta, eis que surge o Cavaleiro em ação.


Desbravador, altivo, corajoso, arisco, audacioso e sedutor. Esta soma
das qualidades conferem ao Cavaleiro montado em seu cavalo, um
caráter selvagem, um instinto animal, uma força física, um conjunto
elegante de formas e, sobretudo, um trote característico de quem
sabe onde chegar e como fazê-lo. Trata-se de um enviado especial,
um mensageiro de Deus que veio nos dizer que para tudo na vida é
importante darmos o primeiro passo. Nada de ficar a espera do Criador
para que algo de bom aconteça em nossas vidas. Nada de braços
cruzados. Antes de pedirmos ajuda a alguém, devemos ajudar a nós
mesmos.

O Cavaleiro segura as rédeas do cavalo com maestria. Ele


reafirma que a força do desejo e da vontade podem ser mais fortes
que as circunstâncias. Ele desconhece a palavra limite. O seu maior
prazer é correr contra o tempo, usando de sua garra para açoitar o
animal e fazer com que o mesmo imprima maior velocidade à sua marcha.
O Cavaleiro, enquanto e spírito, dom ina o cavalo que sim boliza a
matéria. Ele atinge sua espiritualização quando canaliza as forças
instintivas, a fim de alcançar um objetivo maior. A energia que o
Cavaleiro impõe ao cavalo, através do chicote, lhe é devolvida pelo
anim al, fechando assim um ciclo de energia, de forma análoga ao do
ser humano, onde cada pessoa recebe da vida aquilo exatamente o
que deu a ela. Nem a mais e nem a menos.

Justifica-se aqui o número que esta carta ocupa no baralho. O


número um, o primeiro, que nos dá um caráter de domínio, iniciativa e
segurança. O Cavaleiro exercita, através da primeira posiçÕo que lhe
cabe neste jogo de cartas, a sua liderança nata, sua liberdade e assim,

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deixa escapar seu princípio ativo, sua força motriz e sua independência
em busca da sua realização. Ele é um desbravador. O sonho do
Cavaleiro se materializa porque ele é autoconf iante. A autoconf iança
nada mais é que a crença em Deus, porque o a força dele está dentro
de cada um de nós.

O Cavaleiro representa a ação do homem, o movimento contínuo


do universo, a satisfação e alegria imensa com a concretização dos
nossos ideais. O Cavaleiro está plenam ente satisfeito, pois este
momento magnífico dependeu basicamente da soma da sua fé com a
sua ação. Ele teve um desejo secreto e a certeza íntima de que este
se realizaria brevemente, porque fez por merecer que tudo de bom
lhe acontecesse. Acreditou em si mesmo e por isso teve êxito. Ele é
dono de um caráter audacioso, de uma sabedoria peculiar. O mérito
será sempre dele, porque ele é firme em seu propósito. Ele avança
sem olhar para trás, sem receios e medos infundados.

O C avale iro tem a d e te rm in aç ão dos e sc orp ian os. Ele é


voluntarioso e penetrante. Com sua coragem, ele conquista o lugar
dos p ioneiros, lançando-se em novos cam inh os para ac e le rar a
realização de seus ideais. Quando tem em mente um projeto, mune-se
de vontade para concretizá-lo. O cavalo sem pre foi sím bolo das
energias vitais. Q uando selvagem representa a energia da libido.
Domado, transforma essa energia a serviço do homem. Isto decifra
o enigma da felicidade deste oitavo signo do zodíaco.

O Nove de Copas o levará ao encontro do amor. Mesmo que seu


traço marcante seja a de um ser independente, o Cavaleiro obterá a
satisfação emocional e até a felicidade num casamento. Porque ele
vai em busca de quem o fará feliz. Vai se expor a todos os riscos de
uma paixão. Apesar dos inúmeros dissabores, não desistirá de amar.
O Nove de Copas acrescenta, ainda ao nosso Cavaleiro, a certeza de
que será respeitado por todos. Justamente por esta capacidade de
se entregar de corpo e alma a seus projetos pessoais. E assim, onde
quer que ele vá, o sucesso lhe acompanha.

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No mundo espiritual, a história do nosso ilustre Cavaleiro se


repete. É claro que, antes de mais nada, o seu poder mental representa
oite nta por cento do seu êxito tam b ém neste plano. Bastante
acentuado e de form a positiva, reverte para o bem os aspectos
negativos da vida. Ele sabe que a f é é movida pela emotividade e não
pela lógica. Também incentiva, através da sua própria conduta, que
os outros lutem por si mesm os. N osso com panheiro Cavaleiro é
defensor da causa que diz que, quando lutamos pelo equilíbrio no plano
material, estarem os mais aptos a aplicar e coordenar a nossa força
espiritual. Por considerar que a evolução é um processo infinito, o
Cavaleiro repudia a idéia da inércia e do comodism o. Ele tem a
consciência de que precisamos trilhar a estrada que nos leva à Deus,
e não somente esperar que o Pai Celestial se lembre de nós. Ele costuma
traçar o seu próprio destino, à sua maneira.

Fazendo um trocadilho, o Cavaleiro também é um cavalheiro.


Sabe colocar de lado o chicote e estender a mão com delicadeza,
enquanto que a outra enlaça firmemente o cavalo. Ele tem um enorme
talento como interlocutor. Sabe argumentar, ouvir o seu irmão e tirar
proveito disso. Faz amigos com muita facilidade. E bastante querido
e solicitado. Se destaca socialmente por esta sua habilidade.

E lá vai ele em busca de aventuras. Seguindo seu caminho sem


consultar o passado. Consciente de que veio ao mundo para cumprir
uma missão, o Cavaleiro prossegue a sua viagem...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 02

O TREVO

... e encontra a primeira dif iculdade. O Sol está se pondo. Surge


diante dos olhos do nosso amigo Cavaleiro uma encruzilhada. Ao chegar
mais próximo a uma transversal, percebe que esta é cercada de
pequenas pedras. Nosso amigo Cavaleiro reage f reando bruscamente
seu cavalo. Encontrou aí o seu primeiro obstáculo. Mesmo que lhe sobre
confiança, o Trevo exigirá do nosso andarilho que ele tenha bom senso.
Por um instante ele perde a direção. A dúvida faz-lhe sombra.

Prefere saltar do cavalo. Pára e observa tudo à sua volta. Pensa


em qual caminho deve continuar seguindo. Até aqui, ele vinha trilhando
uma estrada de terra. Está m unido de força o bastante, para se
adaptar à nova estrada que agora se apresenta. O que lhe preocupa
um pouco é que ele deverá fazer uma boa opção, a escolha certa e
quanto tempo precisará para resolver este dilema.

O Trevo em seu caminho, cedo ou tarde, teria de ser superado.


Afinal de contas, ele não é tão ingênuo a ponto de pensar que tudo
seriam flores. Se toma o caminho errado, isto atrasará sua viagem
por esta odisséia esotérica. Sua maior aliada será a reflexão. Com
certeza, se o Cavaleiro não tivesse uma constituição tão forte, ele
desanim aria. Fato comum à m aioria das pessoas é que elas não
desfrutam da mesma força interior perante as dificuldades como
quando estão felizes. Quantos de nós, venceriamos os obstáculos, se
soubéssemos nos manter com serenidade diante das situaçães difíceis.
As provações desta terra são inúmeras e lapidam a cada dia o nosso
espírito.

A proporção do em pecilho que o Trevo pode nos causar é


delimitada pelas forças externas e internas que atuam sobre nós. Se

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nossa essência interior é pura, o mal exterior, por si só, se degenera.


O Trevo representa algumas barreiras que nos são impostas pela vida,
as recusas bruscas das pessoas que nos cercam. E possível que caia
por terra todo o nosso prestígio. E evidente que se tratam de problemas
mundanos. Nosso dia a dia é de ordem unicamente material. A fé do
nosso andarilho está sendo medida. Dessa forma, ele ficará submetido
à renovação de sua crença no amanhã. Deverá recorrer, quem sabe,
ao auxílio alheio, para superação de posteriores danos da matéria.
A inda que seja rem ota a possib ilid ad e do fracasso, o Cavaleiro
manterá sua confiança para não cair do cavalo.

Até aqui, nosso amigo Cavaleiro tinha todo um campo aberto


pela frente, e isso permitia que ele cavalgasse bravamente. Tudo, sem
dúvida, é mais fácil quando não temos impedimentos à nossa frente.
Anteriormente, na primeira carta, ele agia por instinto nato. Neste
segundo passo, tal qual um motorista que recentemente tirou a sua
carteira, ele precisa aprender a desenvolver os seus reflexos. E só se
sairá bem depois de passar por alguns testes reais, como um pedestre
distraído, um animal que se precipita na estrada um freio que falha.
Ele precisará ter consideração pelos demais. Nosso viajante necessita,
mais do que nunca, de sangue frio para lidar com o Trevo.

Comparando-se esta etapa ao trevo de quatro folhas, a carta


de número dois, vem lembrar que precisamos de sorte também para
que possamos alcançar, com maior brevidade, o ritmo normal de antes.
E um período difícil. E o que é a sorte, senão a mão de Deus, que se
estende para nós nos momentos aflitivos? Embora não a vejamos
f isicamente, ela pode ser sentida quando de repente alguém é posto
no nosso caminho para nos oferecer ajuda. Isto acontece quase
sem pre, de fôrma inesperada.

Nosso companheiro, nesta jornada através da Cartomancia,


lembra de uma frase de uma velho amigo que dizia que para se chegar
à beleza da rosa é preciso primeiramente passar pelos espinhos. Ele
sabe no íntimo, que através do seu reservatório de forças, estes

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espinhos serão arrancados um a um. E mesmo que firam seus dedos,


nenhum a chaga será maior que a recom pensa que irá encontrar
posteriormente.
*
E o que esse segundo passo nos diz? E preciso compreensão e
muita delicadeza para que essa pequena dificuldade não se torne
imensa. A passividade tão peculiar do número dois deve ser bem usada.
Muitas vezes, precisamos contornar uma determ inada situação ao
invés de encará-la de frente. Sob a vibração deste núm ero, nos
tornamos prudentes e absorvemos um instinto maternal super aguçado
sobre as circunstâncias e as pessoas. Daí, temos o Trevo enfatizando,
que devemos levar muita coisa em consideração, nosso olhar deve ser
global e a empatia, fundamental.

A influência dos astros na nossa carta do Trevo revela que


existe, aqui, a m eticulosidade, o apego aos detalhes e um medo
acentuado de errar, características dos virginianos. O Cavaleiro
precisa apurar os fatos, ver a real extensão dos problemas que o
Trevo lhe trouxe. Enfim, fazer uma avaliação da situação.

O Seis de Ouros que acom panha esta segunda carta do nosso


baralho reforça a idéia de que, mesmo munido de coragem, o nosso
amigo Cavaleiro precisará de auxílio, principalmente no campo material.
Ele se sentirá só e precisará de cooperação, que não tardará a
e ncontrar num futuro próxim o. Existem poucas p o ssib ilid ad es,
portanto, é difícil alcançar o que se deseja. Este é o momento em que
o Cavaleiro esteve indeciso quanto à atitude que deveria tomar. Ele
não fugiu à regra, assim como a maioria dos seres humanos, vacilou
sob o enigma do impulso. Mas, logo em seguida, enfrentou de cabeça
erguida a sua primeira adversidade. No fundo, o Cavaleiro sabia que
a \/er\ceria, só não conhecia o tem po que p re cisaria levar para
concretizar isso. Diante da am bigüidade que o Trevo lhe impôs, o
Cavaleiro teve consciência de que não podería optar pela inércia. Ele
também já ouviu dizer que, se correr o bicho pega mas, se ficar, o
bicho come. Era uma questão de sobrevivência até.

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No campo espiritual, o Cavaleiro relembrou, com a carta do


Trevo, que não podemos agir como pessoas impressionáveis, senão
seremos alvo fácil de indivíduos maléficos e receptáculos férteis de
vibrações negativas. Aparecerá um enviado divino que se colocará no
nosso caminho para nos ajudar a contornar aquela situação de impasse.
Com certeza, esse anjo de guarda, tem na sua bagagem muito mais
experiência que o nosso amigo Cavaleiro. Aproveitemos esta parada
para orarmos em agradecimento ao nosso anjo guardião, que está
sempre nos acompanhando.

O Cavaleiro depois de ultrapassar o Trevo reagirá com mais


segurança diante das mudanças que poderá enfrentar mais tarde no
decorrer desta v ia g e m ...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 03

O NAVIO

... e não é que a mudança não tardou! A carta de número três


apresenta o Navio que atravessa o oceano turbulento. O céu nublado
prenuncia uma tem pestade em alto m ar. Poderão haver danos e
prejuízos bastantesignificativos. Enquanto isto não acontece, o Navio
de grande porte avança sobre as aguas, mostrando um movimento
bonito, que por um instante, parece dizer que é imbatível, que nada o
derrub ará, que som ente existe a certeza de que, a cada dia, a
paisagem será diferente e a criatividade será um recurso a ser
utilizado no caso de aparecerem novos imprevistos.

O Cavaleiro sedento de aventura veste-se de timoneiro. Se


imagina um comandante à frente daquele porte magnífico que parece
flutuar sobre os mares. Será que ele não conhece sua força e suas
s e r e ia s , que , atravé s de c an to s b e lís s im o s , h ip notiz a m esses
navegadores que desafiam esse mundo ainda desconhecido? O mar,
esse misterioso mar pede somente respeito, mesmo ao mais experiente
dos marinheiros.

O Cavaleiro já não é mais o mesmo. Ele, agora, convive bem com


o im pre visto proporcionad o pelo T revo e d ian te do N avio que
representa também m udanças, calm arias e viagens que podem se
realizar, ele saberá se posicionar. Visto que, quando navegam os,
transcendemos, o Cavaleiro nesta etapa da Cartomancia chegará à
novos lugares, até então, desconhecidos. O fato do Cavaleiro ter um
espírito adaptável e estar aberto à alterações de percurso, só irá
fortalecê-lo ainda mais. Talvez por isso, a maioria de nós, assim como
o nosso andarilho, sinta tanta atração pelo mar. O mar tanto encanta
quanto assusta. Não é por covardia que o Cavaleiro não em barca
definitivamente neste cruzeiro marítimo, que promete ser altamente

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O Baralho Cigano Lenormand

interessante e enriquecedor. O Cavaleiro apenas prefere não dar


chance ao acaso e, consequentemente, arriscar-se num terreno em
que ele não se sente experiente. O nosso amigo apenas opta pelo lógico.
Porque domina bem o seu cavalo e prefere soltar suas emoções por
terra e, assim , deixar o cam inh o m arítim o como opção, caso a
tempestade se faça através da inundação.

N u m e r o lo g ic a m e n t e f a la n d o , o trê s é a e x p re s s ã o da
criatividade. A alegria tão profundam ente contida neste número
relembra que devemos brincar de marinheiro, e guiarmos nosso Navio,
aproveitando cada nova paisagem que esta viagem nos proporciona,
para que no fim da jornada, sejamos um timoneiro experiente, tendo
saboreado certos valores como a profundidade, a expressão e o
amadurecimento. Este número caracteriza-se pela espontaneidade,
pela alegria de viver.

As estrelas nos orientam, aqui, para o signo de Aquário e o seu


peculiar despreendimento. Por serem independentes e progressistas,
embarcam no Navio em busca de novas terras, sem se prenderem à
nada e nem à ninguém . Aquário aprecia a liberdade pessoal e é
bastante individualista. Se a mudança que lhe aparece trouxer uma
promessa de felicidade, ele irá atrás dela sem dar ouvidos a terceiros.
E importante salientar que também existe um tipo de aquariano mais
tradicional e retrógrado, que se apega às suas coisas e às pessoas
como se fosse ele, o comandante de um Navio. E com uma conduta
centralizadora, leva seus passageiros na aventura do bem viver a
percorrer novos lugares, através de suas idéias originais e inovadoras.

O Dez de Espadas relembra que a alternância da situação é


inevitável. Tal qual a Roda da Fortuna, o décimo arcano do Tarot,
esta carta também m ostra que, hoje estamos lá em cima, porém
am anhã, poderemos estar lá embaixo. E preciso nos concentrarmos
no eixo da roda para que não venhamos a sentir de forma profunda
e s s e v a iv é m . O s u c e s s o v ir á s o m e n t e d e s t a f o rm a . Se nos
posicionarm os neste sentido, acentuarem os o lado positivo desse

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eterno movimento giratório da roda. O dez é um número cdrmico. Ele


ressuscita a tese de que para cada ação haverá uma reação imediata.
Vemos aqui, como a natureza nos responderá, caso não a saibamos
tratá-la com o devido carinho. A força do mar não pode e nem deve
ser menosprezada. Senão, poderemos naufragar em minutos, mesmo
que tenhamos tal qual um Navio, um peso bastante signif ¡cativo. E a
partir daí, o infortúnio será inevitável. Podemos também ficar à deriva,
navegando em círculos, perdidos. Ou, com o se som ente uma ilha
deserta nos aguardasse. Nessa calmaria talvez encontremos uma terra
desconhecida, nunca antes navegada e assim , cresceremos. Tanto
poderemos ser um passageiro de um cruzeiro marítimo, como um
sobrevivente de um naufrágio, ou como um descobridor de novos mares.

No plano espiritual, o Cavaleiro aprendeu com a nossa terceira


carta que não devemos remar contra a maré. Muitas vezes, devemos
entregar a resolução de nossos problemas ao Criador. Precisamos navegar
ao sabor do vento. Respeitarmos o curso natural das coisas. Não devemos
nos precipitar, senão afundamos terrivelmente. A frustração só virá caso
tenhamos gerado uma tremenda expectativa em cima de algo. O iniciado
terá sempre um longo caminho a percorrer. O mestre, muitas vezes, reluta
em nos repassar o leme, porque tem dentro de si a sabedoria de que
ainda não estamos preparados. Pratiquemos assim o exercício da fé. O
pensamento positivo será o melhor remédio.

O Navio se identifica com a criação divina e todos os caminhos


que o Pai sabe deveremos percorrer. Caminhos que poderemos enfrentar
no decorrer de nossa existência para que possamos realmente evoluir.
Sem dúvida, o Cavaleiro agora já concebe a idéia da mudança, não como
um transtorno, e sim como algo inevitável, que agora, ele, mais
amadurecido, enfrentaria sem medo. E sem pre bem vinda a nossa
programação íntima para as variações e os revéses dessa vida. Deus nos
dá proteção gratuitamente, ainda que, na m aioria das vezes, não
compreendamos isto.

Vem o cansaço e o Cavaleiro precisa parar...

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CARTA 04

A CASA
... ele precisa de apoio afetivo para continuar sua jornada.
Sente falta da família, dos parentes e dos amigos. Mesmo que hajam
divergências e intrigas entre os membros de uma família, somente
por um motivo grave ou algum trauma familiar, a maioria de nós não
sente falta do aconchego doméstico. Quase sempre é bom voltarmos
para casa e encontrarmos braços e mãos estendidas de felicidade
com a nossa chegada.

O Cavaleiro pára diante da moradia. Tal qual uma pousada, ela


lhe parece aconchegante, excelente para o repouso depois de tantas
atribulaçães. Depois de ter iniciado sua jornada, de ter encontrado
seu primeiro empecilho e de ter tido a real possibilidade de dar a
volta ao mundo, o nosso amigo está um pouco cansado. Dentro da Casa,
o Cavaleiro pensa se encontrar estável e livre de todos os perigos. E
altam ente confortável termos para onde voltar depois de uma viagem
ou, até mesmo, uma rotina de trabalho. A quarta carta é geralmente
aquela a qual não damos a devida atenção. Realmente ela funciona
como a nossa base. O nosso chão é o nosso pedaço de autenticidade.
A Casa é a extensão do nosso eu. Despojados, sem máscaras, nus e
com pletam ente à vontade, deliciamo-nos em seu interior. De moleque
de casa, todos nós temos um pouco. Cada canto e cada móvel descreve
nosso interior, nosso perfil e nossas preferências. Palco perfeito para
nossas diversas atuaçães: de tiranos domésticos à rainhas do lar, não
/
é muito difícil nos encaixarmos em algum desses papéis. E a velha
máxima do lar doce lar.

O Cavaleiro vê na Casa o local seguro, as raízes, o seu lar e a


/
proteção. E um verdadeiro núcleo afetivo. A Casa representa o
am biente em que vivemos, aqueles que nos cercam, a nossa estrutura

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interna, o nosso esqueleto, o ponto de apoio onde buscamos o equilíbrio


dos opostos. Também simboliza a afetividade constante, o auxílio e a
verdadeira amizade, os estímulos internos, os nossos vínculos e os
laços mais profundos. Se bem que, para muitos, o muro que divide
esses laços, das algemas, seja facilmente transponível. Chegar a passar
pela sua cabeça, a idéia de encontrar uma companheira definitiva,
para com ela se instalar num pedaço de mundo e iniciar assim a sua
verdadeira família. Casamento. Por que não? Mesmo o mais endiabrado
dos a v e n t u r e ir o s , m u itas v e z e s, a lm e ja isto in t e n s a m e n t e e
intimamente.

O Cavaleiro percorre todos os cômodos. A sala seria o ambiente


que apresenta maior variedade de inf luências. Ela chega a ser quase
um cartão postal da família e, justamente por isso, ele não permanece
ali. Segue pelo corredor e vai até a cozinha. O pta por se alimentar e
repor as energias perdidas. Em seguida, ele escolhe o melhor quarto
para um sono tranqüilo.

A quarta c a rta , tal qual o seu n ú m e r o , c o r r e s p o n d e à


estabilidade e à segurança que, por mais aventureiros que sejamos,
eventualmente desejamos. Uns mais e outros menos. Mesmo o piloto
de uma asa delta precisa de uma rampa, uma base, para saltar e se
lançar no espaço em voos de profunda beleza.

A Casa protege seu morador. Esta proteção se aproxima muito


do tipo carinhoso, responsável e muito ligado a família: o Rei de Copas.
Aquele que pode nos dar conforto, acalanto, um abraço paterno, amor,
carinho e tudo o mais que somente se compara ao sossego caseiro. E o
apoio constante que recebemos. Esta figura masculina da Cartomancia
não costuma se valorizar, entregando-se completam ente a parceira,
por vezes, esquecendo-se até do seu amor próprio. E a prudência
personificada, o espírito esclarecido, o hom em de bem, enfim o
mensageiro da esperança. Este tipo é sábio e sensível, tendo como
ponto negativo o hábito de fazer cobranças emocionais. Se expressa
através de um amor possessivo e dominador.

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A Astrologia se faz notar nesta quarta casa através do signo


de Câncer e sua característica protetora. Os cancerianos protegem
em demasia, ajudam os outros, apoiam aos que amam e não são raras
as vezes em que exageram. Com isso, boicotam o crescimento dos
seus protegidos, acabando por sufocá-los. Dão enorme valor ao seu
lar e seus familiares. A Casa é de vital importância par todos nós
também. Q uando não se é amado suficientemente, tornamo-nos um
aleijado emocional para o resto da vida. Só que esse amor precisa
existir com equilíbrio. Caso contrário, cresceremos sem deixar de
sermos os eternos filhinhos da mamãe.

Temos ainda aqui do ponto de vista espiritual, um protetor do


astral. Alguém que na nossa vida terrena ocupou a figura de pai. Era
do sexo masculino e esteve bem próximo de nós. Mesmo que hoje não
esteja mais presente, lá de cima continua nos olhando. E a nossa
proteção espiritual paterna, o benfeitor mediúnico de planos mais
elevados, do que aquele em que estamos encarnados. Alguém de um
nível superior que nos presta socorro de maneira especial, zelosa e
paternal.

O Cavaleiro nesta etapa desta jornada pela Cartomancia, ao


perm anecer na Casa, recuperou suas forças. Sentiu-se am ado e
am parado. Identificou suas raízes, origem e berço. Valores cada vez
mais ausentes no tumultuado mundo de hoje, onde o núcleo familiar
cada vez mais sofre investidas cruéis do mundo externo. Dentro de
Casa, ao lado da sua família, o Cavaleiro foi completamente banhado
de paz e amor. Teve o descanso merecido, até se sentir pronto para
continuar...

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CARTA 05

A ÁRVORE

O Cavaleiro se encontra descansado. Por ter se abastecido


emocionalmente, dentro de Casa, agora está com seu ego fortalecido.
Sua auto estima neste momento é bastante elevada. Transbordando
de fé em si m esm o, ele infla o peito e respira fundo. Faz isso
seguidamente. O bserva pela janela a quietude ao redor da Casa.
Resolve passear lá fora. Ele procura um contato mais íntimo com a
natureza, para continuar a respirar profundamente e com prazer. No

quintal, ele se aproxima de uma grande Arvore. Aprecia o quanto ela


é f rondosa, de tronco largo. Pensa o quanto é boa a sombra que ela
lhe proporciona. O Cavaleiro anda em volta dela e celebra a natureza.
Abraça a Arvore em forma de agradecimento por ela estar ali e por
ele estar feliz também. Ele imagina como o desenvolvimento da Árvore
le m b r a a nosso p r ó p r io f lo r e s c e r . Som os a in d a re c é m
nascidos(sem ente) e após a germ inação, vam os m ostrando nossa
disposição ao m undo. M eio quase que tontos e tortos, lá vai o
bebê(talo) ficando de pé. Depois de algum tempo, já nos tornamos
c r ia n ç a (a r b u s to ) que re n d o b rincar. Em s e g u id a , tal qual um a
arvorezinha de galhos novos(jovem), queremos ganhar o mundo. Sendo
Arvore(adulto), protegemos quem está embaixo de nós, na maioria
das vezes, até um pouco dem ais. Se não nos derm os conta, não
deixamos nossas crianças(arbustos) crescerem em outro lugar. Como
um a v e lh a A r v o r e (id a d e a v a n ç a d a ) c o m e ç a m o s a d e f in h a r e
envelhecer. Como é idêntico o nosso quadro humano ao da natureza.

Nesse instante, nosso amigo resolve buscar a rede de dormir.


Estende e a pendura debaixo da Arvore e observa com água na boca
os frutos maduros que a enfeitam. Ao olhar para baixo, o Cavaleiro
repara em algumas pedras que se encontram jogadas ao redor da
Árvore. Surpreende-se com aquilo. No entanto, raciocina que as pedras

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estão presentes ali, por serem testemunhas dos ataques constantes


que sofrem as Arvores, quando carregadas de frutos. Somente o que
prospera e frutifica, é molestado. Quem não produz nada, é ignorado,
mas quem dá frutos acaba sendo atacado, lembra bem o Cavaleiro.
Com certeza, se ali estivesse um arbusto pobre e quase seco, ninguém
o molestaria. E nem tampouco, o nosso amigo andarilho estaria ali
aproveitando o frescor de uma grande sombra.

A Árvore nos mostra a força simples da natureza. Através de


suas raízes, ela tira da terra somente o que lhe é necessário. E o próprio
sinônimo de abundância, fertilidade, vitalidade e saúde. Esta última,
aliás, é um aspecto de extrema importância que nós, em nossas doenças
psicológicas, estamos acostumados a comprometer e muitíssimo. Se
temos boa saúde, já temos pelo menos cinqüenta por cento a nosso
favor. E como se tivéssemos mais chances de lutar e vencer na vida
quando estamos bem a nível físico. Estamos abastecidos de energia
vital para enf rentarmos o que está por vir. O verde é a cor da saúde
e esta matiz predomina na Arvore. Esta quinta carta representa ainda
a densidade, o crescimento e a expansão. Simboliza também a colheita,
ganhos e recompensas.

A Árvore é vida, pois que é a Árvore da Vida. São vinte e dois


cam inhos para que o crescim ento do nosso am igo C avaleiro se
solid ifique. N um a visão espiritual, deveriam os conhecê-los mais
profundamente, para que pudéssemos chegar à verdadeira sabedoria.
Só poderemos entender um pouco mais desse outro plano, que não é o
terrestre, a partir do momento em que estivermos dispostos a nos
alimentar e nos sustentarmos através de uma filosofia substancial
de vida. O corpo físico saudável é a morada ideal para uma mente sã
que servirá de guia para o nosso desenvolvimento espiritual.

Por alguns instantes, o Cavaleiro voa através do pensamento e


tende a se sentir responsável pelo sustento da sua família. Medita
diante da quinta carta do nosso jogo o quanto seria bom proporcionar,
a ele mesmo, e principalmente aos seus que estão distantes, o conforto

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e a fartura traduzidos por uma sombra refrescante e uma cesta cheia


de frutos gostosos. O Cavaleiro se vê aqui nesta etapa, como um
pássaro que alimenta os seus filhotes. Deus dá o alimento mas, não o
joga no bico dos p ássaro s, este s te rão que se e s f o r ç a r para
sobreviverem. E a lei universal.

A N u m e r o lo g ia s o p r a p a ra o n osso a m ig o q u e o c in c o
corresponde ao prazer. E nesse instante, o Cavaleiro usufrui desse
/
monumento natural. A Arvore simboliza o descanso. Ele saboreira seus
frutos e goza desse deleite. Nosso amigo andarilho, com certeza,
aprenderá a lição da liberdade conquistada através da confiança
depositada nele mesmo. Usufruir é usar o fruto. E por que não dividí-lo
também? Encher uma cesta deles e oferecer aos seus familiares,
pessoas próximas, amigos e companheiros.

A Astrologia descreve esta quinta carta, regida por Escorpião,


como a representação de uma densa energia e uma intensidade de
sentimentos. Os escorpianos são vigorosos e fortes. A Arvore nasce,
cresce, se reproduz e morre, traduzindo assim, o processo evolutivo
da vida. Todas estas etapas da evolução, do n ascim en to até o
desencarne, se traduzem no signo de Escorpião.

Os sentimentos transbordam, porque existe o prazer de estar


ali. Q ue o diga o nosso amigo Cavaleiro. Eis aqui nesta fase da
Cartomancia, a melhor tradução de um Sete de Copas. E um momento
feliz. Temos amor para dar e vender. Estamos repletos de boas coisas.
Acreditamos nos outros e em nós também. O verde da terra é como um
bálsamo de proveitos. Estamos bem alimentados e protegidos de amor.
Sentimo-nos seguros e conf iantes. Poderemos até explodir, mas somente
por excesso de energia e força. Esta etapa da Cartomancia prevê
felicidade. Existem grandes possibilidades de vitória e satisfação
emocional. Você ficará feliz e poderá colher aquilo que plantou. Terá
diversas opções de colheita na sua horta. O Cavaleiro medita sobre a
carnaúba, um tipo de palmeira típica do Nordeste brasileiro. Quase
tudo nesta árvore é aproveitável. São múltiplos os seus usos.

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Se você queria fartura, com czr^zza terá. Dessa vez, está


sobrando. A fase é de abundância, ganhos extras, lucros inesperados
e d e se n volvim e n to crescente. Poré m , cuidado! Não d esperdice
oportunidades e não abuse da sorte. Não esbanje e não jogue nada
fora, porque a natureza não perdoaria isso e cobraria de você depois.
Ela se revoltaria, manifestando sua ira através de raios e trovões
prenunciando as tempestades...

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CARTA 06

AS NUVENS

A sexta carta reflete uma predominância de Nuvens no céu,


que vêm a ser interpretada de duas formas. Na primeira, os ventos,
onde esse conjunto de partículas suspensos no ar anunciam a chuva
que virá. Numa segunda visão, o sol que certamente aparecerá, mesmo
que demore algum tempo. Toda tempestade passa. Poderemos avaliar
aí a nossa capacidade de adaptação aos bons e maus tempos.

As Nuvens simbolizam ventos e raios que reviram tudo de perna


pro ar, ou alteram o estado das coisas. No entanto, se não estiverem
tão carregadas, trazem a água que fertiliza o solo. Devemos vê-las,
desse modo, como uma forma de modificação. É a própria dualidade,
porque afinal de contas, a Nuvem é uma camada de gases suspensos
na atmosfera, que traz uma visão dúbia para quem as contempla. Os
otim istas vêm as Nuvens com o um a tem pestade passageira que
refresca a temperatura. Os pessimistas as vêm como um presságio de
um mau tempo que está por vir. E como se nosso campo de visão se
resumisse num vidro embaçado. Podemos ver através dele, porém, não
claramente. Daí, não termos certeza se teremos sucesso em nossos
empreendimentos. Antes de mais nada, precisaremos estar munidos
de paciência, sutileza e jogo-de-cintura. Não existe possibilidade de
prever o futuro, porque ele está fora de foco.

O Cavaleiro olha para o céu, e quando o percebe nublado, pára


e pensa. Tenta advinhar como ficará o tempo. Porém, lhe é difícil ter
certeza. Pensa em que tipo de vestimenta ele deve usar. Se optar por
se agasalhar, poderá se sentir suf ocado. E, além disso, estando coberto
de roupas e outros aparatos, talvez tenha que carregar um peso extra,
ainda mais se, logo após, vier um dia ensolarado e as Nuvens se dissipem.
No entanto, se não se proteger, não se resguardar, poderá enfrentar

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o tempo ruim sem a estrutura necessária. Sentirá frio, poderá se


molhar e até f ¡car doente. Diriamos aqui que é evidente que o Cavaleiro
se encontra numa dúvida quanto à atitude que deve tomar. Pois é
justamente nessa hora, que as Nuvens roubam a sua perspectiva e
clareza. Trazem a indefinição. Com o tempo se vão, é claro. Porém, o
quanto irá durar essa espera é que traz angústia ao nosso andarilho.
E essencial nesta fase do jogo, que nosso amigo Cavaleiro não se deixe
tomar conta pela ansiedade.

A sexta carta tem vida própria, é forte e incontrolável. Tem


na f o r ç a do v e n t o , a c a r ta b ra n c a p a ra p r o v o c a r q u a is q u e r
catástrofes, a qualquer momento, sem aviso prévio. Pode devastar
tudo que vê pela frente, caso não saibam os lidar com seu poder.
Perderemos nossa grande oportunidade, se explodirmos em cólera, e
tudo ao nosso redor ficará insuportável, inclusive para aqueles que
convivem conosco. Esperar o tempo ruim passar e amadurecer com
isso, será nossa melhor saída.

Quem sabe, o nosso desbravador precisará recorrer a um Rei


de Paus, que poderá lhe dar sábios e bons conselhos. Esse monarca
lhe indicará a direção exata que ele deverá seguir. Isso acontece
porque esse monarca já passou por isso quando era jovem. E este fato
agora, se repete com o nosso amigo Cavaleiro, que aprenderá muito
com o tempo. O Cavaleiro aprenderá a estar melhor preparado para
dias como estes. Nosso amigo irá sentir, ao conhecer um Rei de Paus,
que está lidando com um homem forte e inteligente, que poderá
esclarecê-lo, mas, que não tolerará que o seu aluno não preste atenção
na lição. O Rei de Paus adverte, mas não suporta a dependência do
ad ve rtid o para re s o lv e r prob lem as fu tu ro s . N unca lhe faltou
imaginação nem tampouco sutileza. Se necessário for, este monarca
apela também para a hipocrisia, porque o que importa para ele, é a
conquista. Ele é um empreendedor nato e tão devastador quanto a
própria tempestade, com a qual aprendeu a lidar e administrar a seu
favor. Ele cresce em períodos de crise. O Rei de Paus é movido a desejo.
Lida muitíssimo bem com a paixão, atraindo e influenciando todos ao

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seu redor, especialmente o sexo oposto. Diríamos que estas habilidades


são o seu maior escudo. Mas, tenhamos a certeza, também , de que
este monarca não é nem um pouco modesto.

No que corresponde à visão num erológica do baralho, esta


carta nos lem b ra, atravé s do núm e ro se is , q u e r e p r e s e n t a a
diplomacia, o tato e o amor, que todos estes recursos serão de grande
utilidade para as questões polêm icas e tem pestuosas da vida. E que
só chegaremos a um resultado harmônico, se souberm os esperar o
tempo ruim passar. Devemos agir com responsabilidade acim a de tudo.
Porque senão, poderemos ficar subjulgados ou nos sentirm os em
posição de inferioridade. A recusa brusca, a palavra franca, o
excesso de objetividade, o tom incisivo de nossas respostas, nem
sem pre traz bons resultados. M uitas vezes, precisam os dançar
conforme a música, sermos maleáveis e tolerantes. Poucas são as
pessoas que agem com maestria. Que sabem recuar na hora certa.
Não é porque damos um passo pra trás, que estam os fugindo à luta.
E bom saber que, às vezes, você pára, mas depois dispara.

Em t e rm o s a s t r o ló g ic o s , r e s s a lt a m o s a q u i, n e s t a s e x t a

c a r t a , o s ig n o de A r ie s e s u a e n e r g ia a v a s s a la d o r a . Os
a r ia n o s sã o im p e t u o s o s , b a r u lh e n t o s , v ig o r o s o s , f r a n c o s ,
c o r a j o s o s , se m c o n s id e r a ç ã o p e lo s d e m a is , e m u it a s v e z e s ,
ir a s c ív e is . Em c o n t r a p a r t id a , q u a n d o r e a g e m a t r a v é s da
p o la r id a d e do se u s ig n o , a c a b a m c r u z a n d o os b r a ç o s , não
t o m a n d o n e n h u m p a r t id o , r e a g in d o a t r a v é s d e u m a a t u a ç ã o
d ip lo m á t ic a e p o lit ic a m e n t e c o r r e t a . N os c a s o s de a r ia n o s
a u t ê n t ic o s e de f ib r a , s u a s r e a ç õ e s v io le n t a s se a s s e m e lh a m
a o s t e m p o r a is com r a io s , t r o v õ e s , c h u v a s e v e n t o s . A n o s s a
s o r t e é q u e não g u a r d a m r a n c o r por m u it o t e m p o . S ua r a iv a
p a s s a , a s s im com o as t e m p e s t a d e s . Os a r ia n o s a g e m , d e p o is
p e n s a m . Faz p a r t e do s e u c h a r m e p e s s o a l.

N e s t a f a s e do j o g o , o C a v a le ir o d e s p e r t o u p a r a a
in t u iç ã o , irm ã g ê m e a da p e r c e p ç ã o a g u ç a d a . J á não d e se ja

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p r o v a s m a t e r ia is p a ra a c r e d it a r nas c o is a s e s p ir it u a is . S ab e
q u e se u m e n to r do plan o a s tra l se m a n if e s t a r á quand o e s t iv e r
a t e n t o e f in a lm e n t e , se r m o vid o p e la e m o t iv id a d e e não, p e la
ló g ic a . E s t e é o s e g r e d o da f é . D e v e m o s nos a q u ie t a r na
m a t é r ia p a r a p e r c e b e r as c o is a s do e s p ír it o . Ao f a la r m o s
d e m a is , nos q u e ix a r m o s em d e m a s ia e b rig a rm o s com tu d o e
t o d o s , não lib e r a m o s n osso can al de s e n s ib ilid a d e para um a
m a n if e s t a ç ã o de Deus dentro de nós.

O nosso amigo Cavaleiro enfrentou dificuldades e mudanças.


Foi a p o ia d o e d e s c a n s o u . Jó a p r e n d e u a e n f r e n t a r a lg u m a s
adversidades. E normal que agora ele jó saiba pressentir o verdadeiro
perigo à distância...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 07

A SERPENTE

O nosso caminheiro prossegue a viagem e f ica completamente


aturdido quando o seu cavalo pára bruscamente e relincha. Diante de
seus olhos, uma cena quase apavorante: uma Serpente sai por entre
algum as pedras e rasteja para atravessar a estrada. E a própria
ameaça ali presente. A primeira vista, o nosso amigo Cavaleiro se
assusta e sua frio. Domina com firm eza e segurança o seu fiel
companheiro de jornada, o cavalo. Passa sua mão sobre o animal e lhe
pede que se acalme, sursurrando palavras de carinho e apoio ao seu
grande amigo. O Cavaleiro procura perceber se a Serpente oferece
perigo realmente. Mesmo distante dela, nosso viajante não poderia
p r e c is a r qual v e rd a d e ira in te n ç ã o d e ss a v íb o r a . O se u b ote
característico poderia acontecer em frações de segundos. Escapar
dela nesse momento, parece-lhe difícil mas, não impossível. O Cavaleiro
pagaria qualquer preço para sair dali. Ele procura manter distância e
puxa o seu cavalo para onde possa ter uma visão panorâm ica da
Serpente. Com seu campo de visão aumentado, os recursos lhe parecem
m aiores. Uma das lições que ele aprendeu na carta anterior, foi
e s tu d a r as p o ss ib ilid a d e s , se a c a lm a r e m e d ir o ta m an h o da
tempestade que se anuncia. Usará sua intuição, agora mais que nunca.

Se examinarmos a Serpente de uma form a extrem am ente


rad ical, deduzim os que ela representaria som ente o perigo e a
falsidade, visto que ela se caracteriza como um ser re pugnante. Este
ofício peçonhento dilacera suas vítimas num piscar de olhos. Parece-
nos inve josa pela condição de rastejar, enquanto nós hum anos,
podem os cam inhar. Veste bem a figura de traidora, porque não
arriscaria sua pele por nada. Segundo uma das lendas da criação do
homem, foi a Serpente quem serviu como instrumento de tentação e
levou Eva a comer a maçã e, posteriormente, tornar-se uma pecadora;

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arquétipo fiel da tentação. Porém, se nos detivermos a um exame mais


profundo, a Serpente se encaixaria perfeitamente num contexto de
força instintiva. E a vitória da feminilidade e o domínio da força sutil. E
o despertar do sexo e do desejo.

Depois do envolvimento do nosso amigo Cavaleiro com o Rei de


Paus, chegou a vez dele se envolver com a Rainha do mesmo naipe.
Fascinante e ultra feminina, a Rainha de Paus transborda sensualidade e
/
sagacidade. E uma mulher forte, dominadora, extremamente sociável e
amante das novidades. Um de seus pontos fortes é a praticidade. Não
se prende à nada e nem tampouco à ninguém. De uma certa forma, o que
gira ao seu redor é encarado sempre como um objeto descartável. Assim
que conquista, desinteressa-se com a mesma velocidade com que se
preparou para dar o bote e obter o que queria. Faz do ciúme, que desperta
nas outras m ulh eres, um a de suas m elhores arm as. D iverte-se
interiormente com isso. Nessas horas, de uma certa forma, quase todos
os homens se rendem à sua força avassaladora e sua aparente supremacia.
Quem de nós não admira ou, pelo menos, não dedica um pouco de nossa
atenção a quem chega num ambiente desestruturando tudo à sua volta?
Externamente, ela é pródiga e cheia de vida, mas ló no fundo, esconde
suas verdadeiras intenções e opiniões. Pode ser considerada como uma
séria rival, porque é digna de desconfiança, enquando passa uma
imagem totalmente diferente do que na verdade é. Por tudo isso é a
própria inconstância, usa e abusa das entrelinhas para soltar seu
veneno e conseguir o que deseja. Sendo dúbia é altamente fascinante,
em cada palco o seu discurso é diferente. Faz-se de amiga e prestativa.
E uma mulher ativa e calculista. Ela finge-se de presa para depois
desempenhar um dos papéis que mais lhe agradam, a de predadora.

O ponto fraco da Rainha de Paus é a baixa estima que ela tem de si


mesma. Quem souber captar seu calcanhar de Aquiles, conhece o triunfo. O
Cavaleiro luta contra seus encantos, mas no íntimo, não é o que deseja.
Simplesmente, acredita valer a pena viver este momento ao lado dela Porque
se ele for parar pra pensar e se questionar, a perderá de vista Então, ele
também finge-se de caça, completamente indefesa, e esconde ser o caçador.

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Na Numerologia, comparando-se esta sétima carta com o seu


número correspondente, o sete, vemos a Serpente através da sua
percepção ultra aguçada, captando aquilo que a maioria não pode ver.
Isto dá-lhe o direito de poder usar isso para nos destruir ou não. O
segredo estaria em não fugir dela e sim, aprender a lidar com ela. A
introspecção característica do núm ero sete, disfarça quase que
perfeitamente, o seu lado ambíguo. Por um lado o enigma, o silêncio e a
discrição. Por outro lado, a fuga, o excesso e o domínio. A Serpente só
consegue o respeito alheio através do medo que impõe aos outros.
Domina os demais pelo terror.

Percorrendo a trilha astrológica, temos aqui o signo de Sagitário.


O sagitariano ama o prazer, é idealista, voltado para seus desejos de
grandes espaços, tem sabedoria e uma filosofia própria de vida, do
tipo viver e deixar viver. Negativamente, sua língua é ferina, destilando
veneno e malícia. Nesta versão inversa, reage através da sua polaridade
geminiana manifestando-se de forma dual e ambígua. Falando uma coisa
e fazendo outra. Sua atuação dupla, muitas vezes é vista como traição.

Mesmo no campo espiritual, a Serpente ativa o lado negativo e o


positivo ao mesmo tempo. Símbolo de sabedoria e profunda conhecedora
do ocultismo, pode usar seu conhecimento de maneira incorreta. Como
sua energia é dupla, yin e yang, positiva e negativa ao mesmo tempo,
deve ser analisada da mesma forma. Requer muita atenção, análise,
lógica e intuição para detectarmos seu real signif içado.

Nosso amigo Cavaleiro já não se assusta tanto com esta víbora.


Aprendeu a lidar com ela. Finge-se de bobo e escapa assim que avista
uma brecha. Porque, se não pudermos correr o risco da decepção, é
melhor não enf rentarmos nossa querida Serpente. Muito antes do que
imaginamos, ela pode nos dar um golpe fatal. E por falar em fatalidade...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 08

O CAIXÃO

E nosso amigo Cavaleiro está experimentando, pela primeira


vez, a dor. A dor da transf ormação acentuada. A dor da morte. Morte
essa, que nem sem pre é física, e sim espiritual. Um período de
inquietações sucessivas. E chegado o término de alguma etapa de nossa
vida. Teremos que, tal qual um atleta olímpico, ultrapassarmos mais
este grande obstáculo. Desta vez, nosso amigo andarilho sabe que é
muito difícil. E como se fosse uma utopia sairmos desta situação. Há
de haver absoluta coragem apesar de tudo. Neste instante, algo
dentro de nós acaba de receber atestado de óbito. Devemos, ainda
que com pletam ente doloridos e desesperançosos, seguirm os em
f re n te . N osso coração vira n a sc e n te de um choro quase que
interminável. Qual de nós, realmente, poderá negar que nunca teve
seu rosto molhado por lágrimas de inf elicidade? Somam-se a isto alguns
gritos desesperados. Disfarçados, muitas vezes, de mudez. Qual de
nós nunca sentiu na carne a resposta da vida dizendo que não?
Conscientemente, tudo ao nosso redor parece dizer-nos não! Nesta
etapa algo nos é arrancado de forma bruta, dolorosa, cruel, radical e
sem possibilidade de volta.

O oitavo passo desta jornada representa uma perda altamente


significativa. E o que somos agora, é um vazio enorme. Desta vez, não
poderemos contar com a matéria, mas sim, com o espírito. Encarar a
morte como renascimento e não como o fim da vida, deve ser o nosso
primeiro passo.

Essa imagem fúnebre vem destruir todas as nossas fantasias


e ilusões. Mas, se nos prendermos somente a esta mórbida visão de
uma caixão, de um velório e enterro, estaremos nos limitando. Na
maioria das vezes, nos equivocando, porque muitas vezes o Caixão

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não se trata apenas de uma morte terrena. Trata-se de uma passagem


evolutiva. Dolorosa sim, mas que nos eleva. Esta carta representa o
momento da nossa vida em que o atraso é constante. Não há frutos,
nem recom pensas. Nos sentim os e ncarce rad os. Parece que não
representamos nada para ninguém. A nossa dor é única e a maior dor
do mundo. Simboliza a depressão, o mal do nosso século, e o abandono.
A desvalorização do nosso ego é extrema. O fantasma do medo ronda
nossa porta e pode nos motivar a renunciarmos ao materialismo, a
renascermos das cinzas e a nos espiritualizarmos. Porque, embora não
acreditemos, as perdas poderão ser reparáveis. Haverá vida nova. A
transformação ocasionada pela m orte de algum a coisa que existe
dentro de nós, deixa-nos frios, mas, dificilmente insensíveis. O Caixão
transmite diretamente a idéia da morte, porém, convém lembrar que
o falecimento nada mais é do que o fim de um período. Assim como o
renascimento para o novo. Nosso amigo Cavaleiro entende tudo isso,
contudo, ainda assim, tem dificuldade de aceitar. Sente-se forçado
a e nte n d e r todo e ste p ro c e sso de c ir c u n s t â n c ia s d if íc e is e
castradoras.

A filosofia numerológica traduz o oito como uma fortaleza


ligada à terra, ao poder material e todas as outras coisas, daí
decorrentes. No entanto, é o número que traduz a parte infinita da
vid a. O oito d e ita d o , que e n f e ita a lâm ina do M ago no tarot
corresponde ao infinito. E preciso, desse modo, concebermos a idéia
da reencarnação para não nos tornam os opressivos, obsessivos e
impacientes. Tivemos prejuízos sim. Perdemos uma batalha de grande
importância, mas a covardia não poderá ser nossa maior aliada. O medo
da morte é o ciúme da vida. E todos nós somos substituíveis, embora
não queiramos aceitar isto de modo algum. Nascemos, crescemos e
nos desenvolvemos, sem nos preparar para o desencarne. Tal qual um
oito autêntico na Numerologia, lutaremos para conseguir o que temos
de material, e o dobro para manter o que conseguimos. E o suor do
nosso rosto e o sal da terra.

O aspecto astrológico se manifesta aqui, nesta oitava carta,

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através do signo de Virgem. Há na maioria dos virginianos o medo


constante da morte, da pobreza e da sujeira. Sofrem por sua extrema
preocupação com detalhes e o apego excessivo àqueles que amam.
Vale lembrar, aqui, para eles e para todos nós que, só vivencia a perda
quem vivenciou a posse. Esta carta exige desapego total das coisas e
pessoas, a fim de evitarmos decepções futuras.

O Nove de Ouros lembra que não podemos contar, em hipótese


alguma, com a matéria. Deveremos aprender a trabalhar em cima das
perdas e do nosso potencial, feralm ente, nesta fase, encontramo-
nos endividados até a raiz do cabelo. A vida nos obrigará a sermos
guerreiros imbatíveis e heróis. Caímos porque subimos rápido demais.
Corremos para o abismo, ao invés de f icarmos longe dele. Se houve
precipitação de nossa parte, isto será resgatado pela vida de forma
impiedosa. Devemos dar um novo valor à nossa vida, urgentemente.
Nossa vitória será resultado de nossa aplicação constante em jamais
desistir. A coragem se torna essencial.

No contato com o plano astral, obteremos respostas concretas


para nossas dúvidas. E fácil acreditar na vida e ser feliz quando tudo
está bem. A fé só pode ser avaliada num momento de dificuldade e
p e r d a . O C a ix ã o r e p r e s e n t a as g r a n d e s v e r d a d e s . E stam os
com pletam ente despreendidos da m atéria e, conseqüentem ente,
bastante ligados ao espírito. Coisa bem humana essa nossa, de somente
diante da dor, exclamarmos: Ai, Meu Deus! Por que não nos lembramos
de Deus na alegria também? Poucas são as pessoas que se lembram de
agradecer ao Pai Celestial os momentos de alegria, de paz, de saúde,
de am or, bem-estar, de riqueza e outras tantas felicidades. Tudo
que tem valor real nesta vida, não se pode comprar, não está à venda.

O C a ix ã o r e p r e s e n t a , a in d a , o im p e d im e n t o e o
descontentamento, as perdas significativas, os aborrecimentos e a
separação. Para que detectemos seu sentido amplamente maléfico, é
preciso um convívio intenso com as cartas. Quero lembrar aqui, um
princípio usado e defendido por M ademoiselle Lenormand. Ela dizia

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que devemos procurar utilizar somento o sentido benéfico do jogo.


Pois, de que adianta você gerar ansiedade e preocupações negativas
nas outras pessoas, através de previsões ruins e uma leitura negativa
das cartas. Até porque, a piedade de Deus, ou seja, a justiça divina,
se faz de uma hora pra outra, sem aviso prévio.

Nosso amigo Cavaleiro acredita agora que conhece quase tudo


da vida, pois acabou de vivenciar a angústia. No entanto, verificou
que esta etapa da Cartomancia foi fundamental para seu aprendizado.
O que ele não sabia, talvez, é que Deus criou o mundo para que possamos
viver a vida. Ora tristes e ora alegres, o que importa é que estejamos
vivos. E o que queremos se não sermos completamente felizes?...

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CARTA 09

O BOUQUET DE ROSAS

E será que existe felicidade? Negativo, diriam os pessimistas.


Arriscam dizer que existem momentos felizes e olhe lá. Este é o
substantivo mais desejado pelo ser humano. Sabemos, até aqui, que o
nosso amigo Cavaleiro se encontra, neste momento, um tanto quanto
fragilizado. Acabou de sair de um luto, de uma vivência desastrosa.
Tendo ele então, já vivenciado a experiência da morte, agora, mais do
que nunca, ele olhará com bons olhos tudo que o cerca. E como se ele,
agora, valorizasse m ais aquilo que possui. Coisa, aliás, bastante
exercida por nós, é a desvalorização do que temos. Em geral a maioria
de nós seres humanos só damos valor àquilo que perdemos. Quantas e
quantas vezes esquecem os de avaliar nosso patrim ônio. Vivemos
querendo aquilo que não temos. Isto gera uma insatisfação constante.
Nossa tendência é abraçarmos as nossas coisas e nos agarramos à
elas, justamente quando corremos o risco de perdê-las, ou quando a
perda já está consumada. Aí, nos tornamos mais compreensivos e mais
generosos. Parece que diante da dor, estamos aptos a entender as
coisas e as pessoas. Despertamos o nosso lado solidário e buscamos
aux iliar o próxim o. T om am os um Bouquet de Rosas nas mãos e
começamos a distribuí-las aos nossos irmãos. E assim, não nos sentimos
sós e desamparados. Percebemos que, ao nos aproximarmos do nosso
companheiro de caminhada, o mundo se torna maior e que há muito
espaço para dividir ainda. E assim o faz o nosso amigo Cavaleiro. Ele
encontra a renovação, na distribuição de f lores àqueles que o cercam.
Aprendeu a consolar e a amparar nesta etapa da Cartomancia. Pois
tendo ele mesmo já sofrido intensamente, compreende agora a dor
do seu semelhante.

Um Bouquet de Rosas é quase sempre bem recebido e repartido


com amor e carinho. As flores trazem a alegria, embelezam ambientes

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e perfumam as nossas mãos. Fica sempre um pouco de perfume nas


mãos que oferecem rosas e sabem ser generosas. Na maioria das vezes,
elas despertam, dentro de cada um de nós, o nosso lado sensível de
amor à natureza e amor ao nosso irmão. Como pôde Deus fazer uma
coisa tão linda? Já ouvimos algum poeta ou outro ser humano sensível,
dizer sobre as f lores.

Esta carta é muito signif ¡cativa porque lembra a generosidade,


o altruísmo, a doação e o caráter. Em seu ápice, ela denota o amor
universal, aquilo que de melhor poderemos fazer uns pelos outros, o
entendimento e a fraternidade. O Bouquet de Rosas dificilmente tem
um aspecto negativo. Pois que as f lores, mesmo que cheguem com um
certo atraso até nossas mãos, sempre irão marcar este momento.

Numerologicamente falando, o nove traduz a espiritualidade,


a c arid ad e , a h um ildade e o dar sem e spe rar nad a em troca.
Experimentar esta vibração numérica, é compreender que fazemos
parte do universo, ao invés de nos colocarmos no centro dele. Temos,
aqui, a plenitude e a perfeição. Como último número, o nove carrega
um pouco da característica de cada número e também nos avisa que,
é chegada a hora de iniciarmos melhorias e enterrarmos de vez os
dissabores.

Esta nona carta está astrológicamente relacionada ao signo


de Gêmeos. Embora seus conhecim entos sejam superficiais, são
b r ilh a n t e s em t r a n s m it í- lo s . A lé m d is s o , os g e m in ia n o s são
universalistas, muito dados, falantes e atualizados. Ainda que não
sejam profundos em seus pensamentos, são hábeis na conversa.
Quando evoluídos, reagem através da sua polaridade sagitariana,
através de atitudes idealistas e humanitárias. Enfeitam o ambiente
com a sua vivacidade e alegria espontânea.

No que cabe à Cartomancia, a Rainha de Espadas provocará


naqueles que se encontram ao seu redor, que é preciso ter uma fé
inabalável. Se por um lado, ela pode nos parecer autoritária e sem

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compaixão, sua finalidade verdadeira ao lidar conosco é de que


cresçam os, a partir de nossa crença em fazer um m undo mais
harmonioso e verdadeiro. Esta monarca deseja que você tenha um
ideal de vida e faça não apenas sua felicidade, mas também a de quem
se e ncon tra perto de você. E, sem dúvida algum a, uma m ulher
obstinada. Defende, quase com fanatismo, o cultivo do pensamento
positivo em nosáas mentes e não tolera, de modo algum, indivíduos
fracos ou masoquistas. Ela te ampara no momento da dor, mas cobra
de você uma reação imediata. Um tanto quanto impaciente, a vida
para ela é um campo de batalha. Está sempre pronta para uma eventual
disputa. A parentem ente carinhosa, é muito capaz de utilizar um
vocabulário acentuadamente rude para conseguir com que você reaja.
E apaixonada, de temperamento sanguíneo, não vê defeitos naqueles
a quem ela ama. Tem uma vaidade prática. Para ela, beleza e conforto
andam juntos. Sua principal função é despertar em nós um espírito
de competição que, na maioria das vezes, não assumimos. E bastante
claro que, quando percebemos que um amigo ou amiga, até mesmo algum
parente, progride, despertemos em nós mesmos a nossa própria meta
de evolução. Algo, meio que velado, faz cócegas em nosso ego e nos
toca pra frente.

Ao meditar e contemplar o Altíssimo, nosso companheiro de


jornada percebe que o Bouquet de Rosas representa o mérito adquirido
pelo conhecim ento de novos degraus da evolução. Nesta etapa o
C a v a le ir o e s t á p e s q u is a n d o os c a m in h o s do o c u lt is m o e da
espiritualidade. Ele buscou o conhecimento do oculto para desvendar
a si mesmo. Recebe o Bouquet de Rosas do seu mentor astral para se
lembrar que o caminho espiritual é idêntico à uma rosa. Precisamos
passar primeiro pelo espinhos, para gozarmos plenamente da beleza
desta flor.

O nosso viajante Cavaleiro sabe que a benevolência, a meiguice,


a serenidade e, principalmente, a integridade são uns dos primeiros
passos que devemos percorrer para a construção de um universo mais
justo para todos nós. Alguém já nos disse ou ouve-se muito por aí, que

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não existe felicidade e sim, momentos felizes. Não importa. Devemos


ter sempre reservado em nosso coração uma fatia para compartilhar
todo e qualquer instante de alegria neste planeta.

Nosso andarilho se despede desta carta mais consciente dos


problemas alheios, mais humano, mais confiante para lutar por si mesmo
e muito mais corajoso para lidar com os dissabores e as fatalidades.
Dissabores esses, que podem vir com um golpe de uma foice a decepar
algo que nos parecia tão belo e perfumado...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 10

A FOICE

E logo agora que nosso amigo Cavaleiro se encontrava num


estado de espírito afagado pela generosidade, vem a décima carta
do nosso baralho e lhe toma aquilo que ele havia semeado: o seu plantio.
Num primeiro momento, o nosso andarilho é tomado pela ira e pela
revolta. Como lhe ousaram cortar tudo aquilo que ele levou tanto tempo
para plantar, cuidar e esperar crescer, pensa ele. Quase não consegue
controlar a sua raiva ao avistar todo mato cortado e se revolta. Sente-
/

se insultado pela vida. E como se seu sangue escorresse por terra.


Quando vê toda a sua plantação perdida, grita, urra e se debate em
labaredas de ódio contra tudo aquilo que vê.

No seu prim eiro momento de lucidez, que custa a chegar,


percebe que tudo o que foi ceifado não tinha como crescer mais. Aí
suspira, um pouco tarde, talvez. E a consciência que lhe chega. A carta
da Foice sempre nos provoca esta reação colérica. Ela espelha o furor
daquele que vê todo o seu plantio jogado no chão. Poderemos observar
que a Foice se encontra ao lado do mato cortado, como se quisesse
mostrar sua identidade. Um instrumento cortante que descansa após
um dia fatídico de trabalho. Nosso viajante, ao observar esta cena
de longe, pergunta a si mesmo, onde estará o autor de tal feito. Quem
ousou colher aquilo que a terra lhe dera de presente, pensa ele. Quem
ceifou todo o seu plantio e o resultado do seu trabalho?

Não tarda muito a avistar um homem magro e marcado pela


vida. Sua pele está bastante maltratada pelo tempo. As mãos calejadas,
certamente manuseiam a Foice há algum tempo. Os cabelos compridos
e o corpo arqueado não nos permite ver seu rosto claramente. Será
que ele esconde algum complexo ou algum traço de feiúra? De longe

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esse homem tem uma aparência assutadora. No entanto, o Cavaleiro


sente, pela primeira vez, uma mistura de medo e respeito por aquela
criatura que não profere uma palavra. M ira-se agora nas mãos dele
que se apoiam na Foice. São mãos que estão habituadas ao trabalho
árduo, ao suor constante e ao ciclo natural da vida. Muitas vezes, o
camponês que passa o dia trabalhando para preparar o feno, está
muito mais preparado para a vida, considerando a ótica da simplicidade
do que o sujeito letrado, formado e aparentemente mais sábio que
ele. A Foice é o próprio amadurecimento e conformação. Compreende
que tudo nesta passagem terrena nasce, cresce e morre. A idéia de
ceifar se faz presente. Ceifar, no sentido de cortar apenas o que é
aproveitável. Cortemos na hora apropriada, para que não ocorra a
putrefação e o desperdício. E aí que o Cavaleiro entende o que é
selecionar, qualificar e transformar. Hoje corta, amanhã, brota. Como
uma roda girando sem cessar.

Diante desta visão, o Cavaleiro que, até então mantinha uma


postura agressiva e curiosa, prefere observar de longe aquele homem
que a terra parece conhecer profundamente. Nosso andarilho que
estava acostumado a abordar todos aqueles que lhe apareciam pela
frente, mantém distância de tal figura aparentemente assombrosa.
Percebe que, realmente, aprenderá com este homem, o Senhor da
Terra, que a transformação é inevitável. Sente o poder dessa criatura
só de olhar para ela envolvida com o seu ofício. Tem vigor nos membros
superiores ao trabalhar velozm ente com a Foice, e isto parece
compensar a energia que lhe falta nos membros inferiores, tanto é,
que usa uma muleta para se apoiar. Com a sua perspicácia, o Cavaleiro
e nte nd e que ab ord á-lo é perda de tem po. Este senhor poderá
contrariá-lo e fazer com que o Cavaleiro retarde sua jornada. Nosso
amigo opta apenas por cumprimentá-lo, fazendo-lhe as honras de um
rei, como se fosse dele, um súdito fiel. O Cavaleiro nesse momento
vivencia a humildade e se curva diante do Senhor da Terra, conhecedor
do tempo. Faz-lhe reverências e retira-se sem fazer alarde.

Na Astrologia, este respeitável senhor se identifica com

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Saturno. A força da terra presente na natureza. E Capricórnio, o


signo correspondente, vem esclarecer porque é preciso sermos tão
perseverantes. Não esmorecermos diante das feridas que a Foice nos
p r o p o r c io n a . Com um a boa d ose de f rie z a e te n a c id ad e , não
sangrarem os muito tempo. A dor nos servirá de purificação para
chegarmos em paz onde desejamos. E para isso, temos que ter como
característica marcante a persistência. O diploma do signo mais
batalhador do zodiaco é seu. O capricorniano típico faz brotar planta
no terreno mais árido que houver. Ele acredita na providência divina
e, por isso, esta força sublime lhe socorre nos momentos difíceis.

A visão numerológica reforça a idéia anteriormente citada. O


dez é um número cármico. Isto quer dizer, um número que nos leva a
evoluir, mesmo que à custa de cortes, dor e sofrimento. Simboliza a
alternância da situação. A virada da vida. Hoje você está lá em cima e
am anhã, lá embaixo. Por isso, quando se propor a fazer alguma coisa,
faça sempre da melhor forma possível. Se te boicotarem por algum
motivo, você fará muito melhor da segunda vez. Se te ceifarem os
s o n h o s , re vid e c o n tin u a n d o a a c r e d it a r nas suas f an tasias e
transformá-las em realidade. Nesse instante, o nosso amigo se lembrou
daquela velha história: conte até dez. Na maioria das vezes, esse fato
nos resguarda de coisas indesejáveis, pois a paciência é uma grande
virtude. A Foice difere da faca por seu corte indireto, daí concluirmos
que a mutilação causada pela Foice traz o sentido da esperança, ou
seja, cortamos com a finalidade de colheita e aproveitamento do que
é bom. Quando não cortarmos o mal pela raiz e não trabalharmos a
fim de transformar, não nos tornaremos dignos do poder que temos.
A Foice é uma carta de encorajamento, fazendo com que nós sejamos
responsáveis por todos os nossos atos. A Foice é o próprio ato de
poda e da colheita no tempo certo.

O Valete de Ouros, contido nesta carta, apresenta-se como


um homem jovem metódico, capaz e vencedor. Impõe respeito e um
certo temor até. Ele não tolera masoquismo de quem quer que seja,
embora nesse momento de dor, você se ache a última criatura sobre a

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Terra. Afinal de contas, porque a vida pediu a sua cabeça? Para você
evoluir, é claro. Para aprender a cuidar de suas chagas e não chorar
pelos cantos. Afinal, geralm ente a flor que desponta mais alto é
sempre a escolhida. O Valete de Ouros é o jovem que gosta de flertar.
Como é muito exigente na escolha de um companheiro, acaba por ter
mais sucesso na vida material que na emocional. Ele quer moldar o
parceiro e, com isso, mesmo sem querer, acaba se impondo ao outro.
Esse domínio prejudica a si mesmo na conquista da felicidade.

Olhe lá! Chegou o dono da Foice. Ele tem um andar torto e um


corpo cansado. Porém, se o olharmos mais atentamente, ele carrega
sabedoria e evolução espiritual transparentes em seu olhar cabisbaixo.
Precisa, intimamente, estar só, em sua própria companhia, para sentir
a imensidão do plano astral. Tendo aprendido a ser humilde, agora o
nosso aventureiro já se sente adulto. Será que ele pode manejar com
maestria uma verga ou um chicote sem ferir ninguém? Vejamos adiante
como ele se sairia...

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CARTA 11

A VERGA

Será que o nosso amigo sabe fazer bom uso do poder que a
Verga lhe confere? Até aqui, o Cavaleiro açoitou seu cavalo, usando
uma Verga. Sua intenção, no entanto, não era ferí-lo. Ele queria apenas
que o animal o levasse a percorrer todos os trinta e seis caminhos do
nosso jogo de cartas num galope de ritmo constante. A nossa décima
primeira carta estampa uma Verga, dando-nos a impressão de ser um
objeto disponível para uso imediato, a qualquer tempo em que se torne
necessária a sua utiliz ação. S ub tend e -se, desta m aneira, que
pod erem os usá-la de acordo com o nosso objetivo. No caso do
Cavaleiro, sua meta principal é desbravar terras que ele desconhece.
Imaginemos que o nosso andarilho será visitado por um gênio. Algo
assim como Aladim o foi, ao esfregar a lâmpada maravilhosa. Não é de
se admirar que ele vacile quanto ao que realmente deseja. Quando
nossos desejos podem ser realizados num piscar de olhos, não sabemos
o que re alm e nte querem os. M uitas ve ze s, é m elhor a vida nos
tr a n s c o r r e r no seu curso n orm a l, que te ntarm os apre ssar os
acontecimentos e nossas realizações. O Cavaleiro tem boa índole, é
um representante do bem, por este motivo, não deseja mais do que
aprender e sair vitorioso. Dessa forma, todo o poder da Verga, se
converterá a seu favor.

A Verga, ou vara flexível é um instrumento de poder quando


usada para aç o itar, em virtude de sua caracte rística delgada,
funciona também como um chicote. Sendo assim, pode vir a ser um
meio de agredir, açoitar e flagelar. Serve também como suporte e
instrumento de sustentação, quando colocada horizontalmente sobre
os umbrais. Desse modo, a Verga funciona como apoio para portas e
janelas que nos levarão à entrada e à saída para novos mundos.

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Geralmente, universos a serem explorados por magos, iniciados ou


simples estudiosos e pesquisadores. Por esta característica, a Verga
traz consigo, o poder das forças ocultas e o lado místico, elementos
de uma f orça superior, inventiva, progressista e intuitiva. Representa,
assim, a busca do autoconhecimento, através da intuição, que deve
ser desenvolvida no sentido de esclarecermos a nós mesmos e aos
outros que nos cercam.

Já o onze na Numerologia, reforça a idéia do número superior


e avançado. Trata-se de uma vibração mestra, ao qual geralmente é
dada um poder de perceber a natureza das coisas na frente das
ou tr a s p e sso a s. Isto é, s a b e r com a n t e c e d ê n c ia , p r e v e r os
acontecimentos que estão por vir. Portanto, aquele que caminha ao
lado das forças superiores deste número mágico, precisa se adaptar
aos demais. Ou seja, compreender que nem todos tem uma visão
avançada de vida. E, mesmo que se tenha um caminho singular e único,
não devemos ignorar as outras pessoas para não nos sentirm os
isolados. Por ser uma das vibrações numéricas mais avançadas, torna-
se bom e ao mesmo tempo ruim levar um onze nas costas. O onze se
caracteriza pela repetição do dígito um. Um do lado do outro. E a
existência do bem ao lado do mal. A força do lado positivo e do lado
negativo. Em nossa caminhada pela vida, para cada passo que damos,
usamos os dois pés, só que um vai na frente e o outro, logo atrás. Para
se ganhar uma determinada coisa, se perde outra. Repare que, quando
uma mãe nega ao filho o pronto atendimento do todos os seus desejos,
muitas vezes o faz chorar. M as, esta negação, seguida do choro
infantil, mostra que a mãe está cuidando para que seu filho, mais tarde,
não se torne uma tirano ou delinqüente, achando que o mundo tem a
obrigação de lhe dar tudo a aquilo que ele quer. O segredo da vida
está em usar o bom senso. O onze é o número da intuição. Representa
a nossa conduta e as nossas escolhas. Através dele, servirem os de
inspiração e de exemplo para os outros. Quem recebe esta benção,
ao carregar através do seu nome ou data de nascimento esta magnífica
vibração, deve usá-la, não para virar uma espécie de musa, e sim, para

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através de seu encantamento, fazer com que os outros descubram,


em si mesmo, a sua própria magia. E o número dos mestres, orientadores
e inovadores.

Astrológicamente falando, esta décima primeira carta tem a


manifestação de Áries através da força, do ódio às restrições, do
individualismo, do autoritarismo e do espírito combativo. Já numa
a t u a ç ã o n e g a t iv a , a f o r ç a de M a r t e r e v e la -s e a t r a v é s da
agressividade. Para os arianos, o que importa é a vitória e, para isso,
m u it a s ve z e s a r m a m -s e de um a V e rg a para f az er v a le r su a
superioridade aos demais.

O Valete de Paus, nesta carta inserido, faz-se presente como


um homem jovem, encantador e atraente. Poderá nos oferecer poder
absoluto, porém, em troca, certamente desejará alguma coisa. E o
preço do comprometimento. Ele chega ao sucesso usando artifícios.
Por causa disso, o nosso amigo Cavaleiro, pensa antes de fazer um
pacto com ele. Reflete sobre o poder dos magos, e de todos aqueles
que utilizam a magia. A magia é uma só. Nas mãos dos iluminados,
serve à humanidade, nas mãos erradas lesa os indivíduos, escraviza-
/

os e os empurra para o abismo. E o feitiço, o encanto e a fantasia, que


tanto pode servir ao bem, como pode servir ao mal. Nesta etapa da
Cartomancia, o Cavaleiro, escolhe em que lado quer ficar. Se preferir
o mal, obterá resultados rápidos, porém será escravo eterno dos maus
espíritos. Se optar pelo bem, seus resultados serão, com certeza, mais
lentos, no entanto, seu único comprometimento será com ele mesmo e
com as forças divinas, que o protegerão para todo o sempre. Porque o
Bem, embora não pareça, sempre triunfa sobre o Mal.

Como tudo na vida, a carta de número onze tem dois lados


altamente distintos: o positivo e o negativo. Nosso amigo acaba de
aprender que poderá canalizar todas essas forças ao seu favor desde
que seu objetivo seja superior. Precisa estar alerta, bar atenção às
pequenas coisas...

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CARTA 12

OS PÁSSAROS

Como se fosse um pintor que retoca sua obra-prima, nosso


companheiro de jornada eleva seu pensamento a uma atmosf era sutil.
Sente essa vibração e abre seu canal de sensibilidade quando visualisa
a nossa décima segunda carta. Um casal de corujas que parecem estar
completos em companhia um do outro. Eles traduzem o valor do afeto.
Relembram o conceito do namoro. O quanto é importante o afago e as
pequenas carícias. Mas o porque de um casal de corujas e não de
periquitos, por exemplo? Certam ente, a idéia da intensidade do
romantismo se encaixaria muito melhor a este último casal. Nosso amigo
viajante raciocina sobre a fama que o primeiro par tem. As corujas
são símbolos de sabedoria e inteligência. Seus grandes olhos giram
em todas as direções sem que elas, aves peculiares, precisem virar
seu pescoço. Enxergam durante a noite. Parecem que não dormem
nunca. Estão alertas em tempo integral. Por isso mesmo, o Covaleiro
reconhece que, além da importância dos desejos amorosos e do prazer
da doce vida, esse par de corujas exige, também, que é necessário
estender sua atenção, além do horizonte físico do carinho. Cuide com
ternura, é claro, de tudo que é seu. Como se o que lhe pertencesse,
tivesse um valor acima do real. O ser humano tem uma forte tendência
a dar valor somente aquilo que lutou para conseguir. Toda vez que
isso acontece, ou quando existe a ameaça de perder o objeto ou a
pessoa desejada, seu zelo por um dos mesmos aumenta. E um tempo
de f ¡car corujando tudo que lhe pertence. Esta é a carta da atenção
redobrada. Esteja de sentinela. Afinal de contas, você conquistou.
Por isso, guarde o seu troféu e cuide dele com muito amor. Esteja
vigilante tal qual as Corujas no calar da noite.

O que a Numerologia tem a dizer nesta etapa da jornada do


Cavaleiro é elucidativo. Vejamos a seguir. O princípio numerológico

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é baseado na soma e redução. Somamos os números compostos para


chegarmos a um único dígito. Isto se faz necessário porque o princípio
básico da ciência dos números vai de um a nove. No caso da carta de
número doze, consideremos um + dois. O resultado final é o número
três. Este número representa a expressão propriamente dita. O casal
de corujas representados aqui são altamente expressivos. Comunicam-
se com os olhos, ora vigilantes, ora entreabertos, ora completamente
cerrados. O olhar da coruja é circunferencial, seus olhos giram num
círculo completo, sem precisarem virar o pescoço. Esta peculiaridade
é semelhante à atuação positiva daqueles que carregam o número três
no seu numeroscópio. Eles têm vivacidade e olham para a vida em todas
as direções. Estão sempre de olhos arregalados, sejam para observar,
sejam para se expressar. São curiosos e irradiam uma energia especial
no olhar.

Na Cartomancia tradicional o Sete de Ouros representa as


dificuldades que encontramos na vida, sob todas as formas, quando
não usamos a nosso poder de observação. Se estivermos desatentos,
seremos prejudicados, principalmente materialmente. Esta etapa do
jogo representa um revés passageiro, fruto da nossa inconseqüência,
falta de percepção, visão deturpada e distração. O Cavaleiro aprende
aqui que não deve fantasiar a realidade. Não pode se perder em
devaneios, para não sofrer mais tarde. Muitas vezes durante nossa
vida gostaríamos de ser livres como os pássaros, para voar até onde
nossos sonhos alcancem. O risco que corremos é nos perdermos em
um mundo imaginário e sermos despertardos bruscamente para a
realidade. Vale lembrar aqui também, o velho ditado que diz, que mais
vale um pássaro na mão do que dois voando. Se o seu olhar atento
captou uma possibildade de ganho, segure-a firmemente. Não deixe
escapar oportunidades por estar olhando na direção errada. Atente
para o que realmente tem ao seu alcance e caminhe reto com o espírito
alerta.

A carta de número doze está relacionada ao signo de Virgem


no seu aspecto detalhista. Os virginianos se prendem a pormenores,

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têm uma enorme capacidade de lidar com pequenos detalhes. Estes


m e rcurian os são aptos a c la s s if ic a r com rigor e an alisar com
profundidade pois têm uma predileção pela minúcia. Apreciam a
ordem, o critério, as estruturas ricas em pormenores. Por isso mesmo
tam bém , são difíceis de agradar, bicando com palavras rudes e
unhadas de cinismo todos aqueles e todas aquelas situações que não
lhe of e re c e m c o n te n ta m e nto . P re se n t e a r um v ir g in ia n o , se ja
materialmente ou afetivamente, para muitos é uma tarefa árdua.
Surpesas, então, nem pensar. E quase impossível saber o que eles
gostam e o que realmente os deixam felizes.

Justamente nesta fase do baralho, devemos nos comportar


sob influência de Virgem, olhando em todas as direções, captando os
dados e, finalmente, darmos nosso parecer individual. Não devemos
sair concordando com os demais só para ser agradável e gentil. O
Cavaleiro identifica aqui o objeto pelo qual deve zelar. Reconhece
onde deve prestar mais atenção, e ver por detrás das aparências.
Aprendeu, finalmente a analisar a situação em que se encontra nesta
etapa do nosso jogo de cartas.

Finalm ente, o Cavaleiro fica convencido que não se deve


desprezar o sentido de cuidar do que é nosso com carinho, para que
outros não invadam nosso território. Devemos zelar pelas nossas coisas,
dar atenção especial a elas. Muitas pessoas perdem seus parceiros e
amigos, porque não cuidam deles com carinho. Esquecem da fase do
namoro e do conhecimento mútuo. Se viram tanto paro o seu mundo
interior, que esquecem do que está ao redor de si. E todos nós, sem a
carícia alheia, não somos nada. Todo ser humano precisa de cuidado e
amor. Pequenos gestos de reconhecim ento, gratidão e afeto são
alimento para a alma. Em geral cuidamos do físico em sacrifício do
espírito. Quantos casamentos, namoros e sociedades não têm sucesso
porque morrem secos de ternura e dedicação. Os casais e os sócios,
m uitas ve ze s, esquecem de regar d iariam en te a plantinh a que
semearam, e por falta de cuidado, ela morre. As pessoas fazem seguro
de vida, mas esquecem de fazer um seguro de amor.

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Nesta fase da Cartomancia, seremos testados no que se refere


à nossa responsabilidade, nossa conduta e nosso zelo. Deus nos dá o
alim ento mas não o joga para nós. Teremos que ir em busca do que
queremos. Sairmos de casa, mas trancarmos a nossa porta. Esta é a
lição que o Cavaleiro aprendeu aqui.

Alguns pássaros, quando abandonam seus ninhos por alguns


instantes, correm o risco de não encontrarem jamais os seus filhotes.
E por falar em filhotes...

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CARTA 13

A CRIANÇA

...ao dar mais um passo nessa odisséia pela Cartomancia, nosso


velho amigo Cavaleiro chega à décima terceira carta do nosso baralho
e avista a Criança. Quantas vezes nosso andarilho, assim como nós, já
não ouvimos alguma mãe dizer e até a nossa própria, que, para elas,
seus filhos serão sempre Crianças. Filhos são sinônimo de alegria, de
realização da mulher, como mãe e do homem, como pai. Pouquíssimos
são aqueles, e isto poderemos até contar nos dedos, que não pensam,
de algum modo e em algum tempo, em terem um filho. Mesmo que o
curso natural da vida não lhes permita isso, acabam transferindo seu
anseio de maternidade e paternidade para outras pessoas. Como
sobrinhos, afilhados, filhos adotivos, pequenos animais, irmãos mais
novos ou mais velhos um tanto quanto carentes, ou até mesmo, parceiros
ou parceiras infantis. Mesmo que nós, não os tenhamos, ou sequer
concebamos a idéia de ter filhos um dia, o plano astral nos dará a
oportunidade de encaminharmos, com instinto materno e paterno, um
outro espírito. Porque para Deus, filhos são almas que vêm ao mundo
para serem encaminhadas e educadas por nós.

E s c la r e ç a - s e a q u i, q u e e s t a m o s f a la n d o da C r ia n ç a ,
independentemente desta, ser nosso filho ou filho de qualquer outra
pessoa. Falamos desse ser verdadeiro, íntegro, inocente, que ainda
não a p re n d e u , com o ad u lto , a a d u lt e r a r . A C ria n ç a não tem
preconceitos, é aberta ao mundo externo e está em constante
comunhão com o universo. Mesmo que esse universo seja um pedacinho
de mundo, que é o seu quarto. A Criança não se precave de nada, não
se resguarda, ela ousa sem receios. Símbolo da verdade, do otimismo,
da alegria de viver, esses pequeninos não se importam se preenchem
ou não algum modo de comportamento considerado ideal. Sem dúvida,
uma das grandes lições que a Criança nos traz é a espontaneidade. E,

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quando somos seus pais, nos ensinam a ter uma melhor compreensão
do ser humano.

Treze é um número cármico. Seria a Criança então, por causa


disso, uma representação do carma? E o que chega a pensar o nosso
am igo Cavaleiro. Depende de como encaramos essa palavra. Segundo
a filosofia oriental, o carma é o caminho para galgarmos novos degraus
na caminho da espiritualidade. Já o pensamento ocidental traduz, de
forma quase sempre equivocad a, o carma como sendo um fardo duro
de carregar. Sem dúvida, por mais insensíveis que sejamos, a Criança
sem pre nos desperta para uma realidade diferente. Uma realidade
sem fronteiras e sem limites. Se raciocinarmos como orientais, Criança
sim boliza evolução. A chegada de uma delas em nossa vida, sendo elas
nossos filhos ou não, relaciona-se à uma nova situação que trará, com
certeza, uma nova visão do mundo e do ser humano. No entanto, se
p e n s a rm o s com o os o c id e n t a is , C rian ça se re fe re so m en te à
responsabilidade, dever, com prom isso eterno que nos forçará à
g r a n d e s a d a p t a ç õ e s na v id a . O núm e ro tr e z e r e p r e s e n t a a
ressurreição. E o nascimento da Criança é o renascimento do adulto.

Na Cartomancia tradicional, o Valete de Espadas é o jovem


que seduz pela beleza, pelo jeito desprotegido e carente. Muitas vezes,
abusa da confiança depositada nele. Representa o homem que faz da
parceira, uma mãe. Não a enxerga como mulher, e sim, como espelho
de sua própria progenitora. E descuidado consigo mesmo e, por este
tipo de conduta pessoal, acaba por reivindicar um apoio maternal.
Sob outro aspecto, o Valete de Espadas podería retirar um pouco do
encanto da Criança, já que está associado à curiosidade infantil e à
fofoca. Bem, o fato é que as crianças são tagarelas. No entanto,
quando falam demais, normalmente não têm a intenção de alimentar
boatos e intrigas. O certo é que quase sempre os pequeninos, estão
sendo simplesmente autênticos e ainda não sabem o significado da
hipocrisia adulta. Eles disputam brinquedos, brigam entre si, mas são
essencialmente verdadeiros. Quem dera, que nós adultos pudéssemos
ser uma eterna Criança, falando o que verdadeiramente pensamos,

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sendo nós mesmos, sem nos preocuparmos com o que os outros vão
dizer de nós, ou pensam a nosso respeito. Q uem carrega este peso
nas costas são os adultos, e não as crianças. Q uanto mais crescemos,
mais deixamos de ser nós mesmos. E, aos poucos, vamos matando a
Criança que existe dentro de todos nós. Só os abençoados e evoluídos
de espírito, sabem conduzir sua vida de forma equilibrada, isto é,
deixando a Criança do seu mundo interior guiar seu caminho.

Na Astrologia, temos aqui o signo de Libra caracterizando


esta décim a terceira carta. Os librianos, tal qual uma C riança,
introduzem a beleza na vida das pessoas. Na maioria das vezes são a
personificação do belo, valorizam o lado bonito das coisas. São
dependentes, precisam estar sempre acompanhados de alguém. Não
apreciam sair sozinhos ou estarem sós, pois detestam a solidão.
Dificilmente uma Criança gosta, ou até m esm o, por questões da
natureza humana, podem ou devem ficar só. Sua presença enche o
am biente de calor humano. E a irradiação da luz divina, pois, o
nascimento de uma Criança é a crença de Deus na humanidade.

Nosso viajante com certeza já deve estar exausto de tanto


brincar entre carrinhos e bonecas. Porém, no fundo, está feliz. Viajou
dentro de si mesmo até a infância, e pode se perguntar, se dentre
tantas coisas que queria ser quando era pequeno, algumas delas já
realizou hoje. Muitas vezes, alguns de nós precisa consultar a nossa
C riança para entenderm os muito de nossos anseios e de nossa
ansiedade adulta. O Cavaleiro surpreendeu-se agindo como brincalhão
e até um tanto inconseqüente. A vida agora lhe parece mais simples.
Está usufruindo da sua hora de recreio. E muito bom que a aproveite
até o último segundo. Porque, com certeza, a sua viagem continua. Ele
enfia algumas balas no bolso para lhe trazerem sorte. Sem dúvida, ele
precisará de muita proteção para enfrentar uma poderosa inimiga
que está por vir...

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CARTA 14

A RAPOSA

Lá está ela. A ve lh a e conh e cid a raposa, que em m uitas


tradições populares é o símbolo da austúcia e da perfídia. A Raposa
nos seduz, fascina, impressiona nossos sentidos e finalmente, nos induz
ao erro. O Cavaleiro, tendo acabado de passar pela experiência da
e spo n tan e id ad e , vê-se, em apuro s, freando seu lado infantil e
chamando à tona o seu lado adulto. Sobre seu cavalo, avista no campo,
a Raposa sorrateira, como que maquinando sua próxima armadilha, já
que é considerada autoridade no assunto. Faz uso de sua esperteza
para envolver sua vítima, a fim de liquidá-la. Animal arisco, não pensa
duas vezes antes de pôr em prática o velho Conto do Vigário. Nosso
amigo andarilho já se imagina saindo pela tangente, para não ter que
enfrentá-la, o que será muito difícil. Há não ser que ele seja muito
mais esperto do que ela. O perigo da Raposa está justamente aí. Perto
dela parecemos ser o manequim ideal para experimentar a vestimenta
de bobo, por mais inteligentes que sejamos. Não devemos jamais
menosprezá-la, porque as trapaças e falcatruas fazem parte do seu
cardápio diário. Ela está habituada a enganar. Sua maior qualidade
está em descobrir, em muito menos tempo do que pudemos imaginar, o
nosso ponto fraco. A vaidade do indivíduo representa a carta branca
que este animal precisa para ir em frente. Costuma se sair muitíssimo
bem com os vaidosos. No íntimo, sabemos que só podemos enf rentá-la
quando já tiverm os passado, algum dia, pelo vexam e de serm os
enganados. Só podemos vencê-la em combate quando já tivermos sido
vencidos por ela em outra ocasião. Somente quando derrotados por
uma Raposa, poderemos vencer uma outra da mesma espécie. Mesmo
assim, deve-se salientar que jam ais poderemos lhe declarar guerra.
Sua invencibilidade só cai na terra da hipocrisia. A Raposa tem, de
sobra, a agilidade, a esperteza e a astúcia. Não existem impecilhos

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para ela. Por que então encararmos inimigo tão poderoso?! Portanto,
seja sua aliada e a abandone quando ela já tiver outra presa para
atacar. Se tem lição que leva tempo para ser aprendida é a de conviver
com uma Raposa, pois ela sabe até fingir-se de morta para que sua
vítima se aproxime dela e seja finalmente abatida.

Dificilmente a Raposa leva desvantagem sobre outros animais.


Ela é adepta f ervorosa da lei da vantagem. O grande problema é que
isto se torna um hábito cruel numa Raposa. Se assim não o fosse,
poderiamos até considerar, como uma forma habilidosa de contornar
os obstáculos que se apresentam à nossa frente. No entanto, como
levar vantagem geralmente se torna um vício, encontramos, assim na
Raposa, as suas aptidões inferiores. A Raposa é ardilosa, deseja nos
enganar e prejudicar quando pode. Através de galanteios e incríveis
peripécias, é uma adversária desleal. Sua intenção está longe de ser
considerada positiva.

A C arto m an cia tr a d ic io n a l lem b ra que o N ove de Paus


representa sucesso nos negócios, tirar proveito de algo, oportunidade
em que você, fazendo uso da imaginação, pode liquidar todos os seus
desafios e desafiadores. Indica, ainda, que este sucesso pode estar
sendo pago. Pode ser também um indício de que as coisas vem de
bandeja. Note-se, entretanto, que esta carta, quando relacionada
diretam ente a nós, indica lucro, vitória certa, principalm ente se
soubermos aliar esperteza e calma. O ponto negativo do Nove de Paus
é que a pessoa, pode ser sua própria vítima, quando se julga muito
esperta, do tipo que nunca será enganada, e um dia cai numa armadilha
tola.

A Astrologia nos chama a atenção, aqui, para o signo de Leão e


sua evidência pessoal. O pêlo cor de ouro da Raposa lembra o fogo,
elemento deste quinto signo do Zodíaco. O leonino tem brilho próprio,
e isto é uma tremenda vantagem na vida da matéria. Julga-se, ele
próprio essencial, fundamental e insubstituível. Que sem ele nada
acontece. Tem auto estima elevada, muitas vezes, até demais. Essa

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vaidade atrapalha. No entanto, seu coração magnânimo compensa


suas falhas. Este signo empresta à Raposa a posição de destaque, de
quem sabe chegar lá e como fazê-lo.

O sopro do vento numerológico traz à nossa décima quarta


carta o aspecto n egativo do e x ce sso. Pecam os por quererm os
liberdade em demasia. Não assumimos compromisso com nada. Estamos
sujeitos à dissabores que qualquer uma Raposa pode e sabe nos
proporcionar. Q uerem os mudar por mudar. E quando mudamos,
q u e r e m o s s e m p r e o m e lh o r p a ra n ó s, sem m uitas ve z e s nos
preocuparm os, se estam os ou não, ferindo o sentim ento alheio.
Precisamos de adrenalina. De grandes emoções. Buscamos prazer à
todo custo. Muito prazer, mesmo que o dinheiro entre e saia com a
mesma velocidade. Vale a pena o risco. Vale a pena o momento. Vale
tudo.
/

O Cavaleiro tem pressa de passar por esta carta. E corajoso


mas, não maldoso e frio para fazer uma Raposa perder para ele
rapidamente. A grande lição que o nosso andarilho tomou conhecimento
é que na vida, precisamos de malícia. A Raposa lhe mostrou este
substantivo. Um olhar mal intencionado, uma conversa mole, um tom
de voz sarcástico, um elogio disfarçado de bote, um jeito tão
envolvente que nos cerceia e imobiliza. E do ponto de vista positivo a
Raposa apontou para o Cavaleiro, as oportunidades da vida. Ele passou
a e n x e r g a r e s t a s o p o r t u n id a d e s , d e s e n v o lv e u um e s p ír it o
empreendedor, avançou, ficou antenado, enfim, passou a enxergar
melhor e mais longe.

O Cavaleiro aprendeu também aqui, que quanto mais longe de


uma Raposa, melhor. O convívio com uma delas chega a ser insuportável.
Porque, em noventa por cento dos casos, a Raposa tem sucesso e
alcança o que deseja, triunfando sobre nós. Nosso andarilho chega a
pensar que não existe inimigo pior para enfrentar...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 15

O URSO

... existe sim. Se tem alguém que ultrapassa a Raposa na corrida


dos malfeitores, ele está presente aqui, como personagem central da
nossa d é cim a quinta carta. O Urso é um an im a l que , com sua
experiência, aprendeu a ser precavido, arm azenand o ene rgia e
recursos nos momentos de fartura, para poder usufruir disto e dormir
intensamente nos momentos de escassez. A este processo chamamos
de hibernação. O Urso, justamente por isto, sabe acumular forças,
tornando-se assim, um animal poderoso. E interessante notar, que por
se defender com extremismo, acaba por transform ar sua defesa
pessoal num ataque ao próximo. De uma certa forma ele é um tanto
quanto injustiçado por isso. O Urso assusta mais do que deveria, ou
seja, a sua ameaça é muito mais aparente que real. Seu maior pecado
talvez seja o egoísmo. Na ânsia de acumular bens, praticamante esmaga
o que está à sua volta. Representa a avareza, a posse, o instinto e a
selvageria.

Numa correpondência numerológica, o Urso representa, aqui,


justamente a atuação negativa do número quinze e do número seis. O
primeiro número, o quinze, vibra pelas coisas materiais, tornando-se
assim um escravo do poder, do dinheiro e do sucesso. O segundo
número, o seis, acredita ser dono das pessoas e das coisas. Apega-se
a elas no sentido de moldá-las de acordo com o seu ponto de vista. O
equívoco das aparências que, muitas e muitas vezes nos enganam, está
diretamente relacionada a esta décima quinta lâmina do nosso baralho.
O que vemos nem sempre é real. O Urso, para uns, parece inofensivo
e pode atacá-los sem que percebam. Para outros, parece um monstro
que, no entanto, só parte para a agressão se for molestado.

Pelo enfoque da Cartomancia, temos aqui o Dez de Paus como

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um risco que se tem de correr. O indivíduo pode ter sucesso ou não, e


mesmo que o tenha, uma onda de insatisfação poderá abalá-lo. Nesta
fase, já não estam os tão e ntusiam ad os como no início de uma
empreitada. Imaginem um empregado que lutou durante toda a sua
vida para poder trabalhar por conta própria. Ele se alimentou desta
esperança para suportar o dia-a-dia. Construiu castelos, para que um
dia pudesse realmente habitar em seu interior. Ao longo dos anos, ele
consegue juntar a quantia que necessitava para seu grande passo na
vida. A partir daí, pede demissão e constrói seu pequeno império. A
cada passo, ele investe. M elhora e investe mais e mais. Chega ao
sucesso que tanto desejou ao longo desse tempo. Porém, está mais
exausto do que nunca. Não consegue relaxar e, nem tam pouco,
usufruir deste sucesso que um dia tanto desejou. E por que? Porque
agora, ele trabalha dobrado, tudo depende dele mesmo. A autonomia
lhe deu a liberdade e em contrapartida, a escravidão. Este equívoco,
tão c o m u m a m u it o s de n ó s, tem c a r a de U rso. O pe so da
responsabilidade sobre nossos ombros nos faz sentir pesados tal qual
ele. A mais construtiva das críticas nos cheira à provocação. Reagimos
à pressão externa com um constante mau humor. E a partir daí,
corremos o risco de não aproveitarmos um minuto sequer da realização
de um antigo sonho ou ideal.

N osso am igo C avalheiro perceb e, neste m om ento de sua


j o r n a d a , q u e nem s e m p r e d e v e m o s nos d e ix a r le v a r p e la
superficialidade. E que muitas vezes, num pequeno espaço de tempo,
nosso julgam ento pode falhar. E preciso ver além das aparências.
Somente aquele que um dia se equivocou, é capaz de caminhar com
mais prudência na vida.

Na A strologia, percebem os aqui o signo de S agitário. Os


representantes deste signo, quando negativos, podem ser bruscos e
inacessíveis como um Urso. Muitos sagitarianos se tornam fisicamente
grandes e pesados como este animal selvagem, assemelhando-se na
grandeza à figura mitológica de Júpiter, seu regente. No simbolismo
astrológico, Sagitário é representado pelo Centauro (seres mistos

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com corpo de cavalo e busto humano) por sua força e agressividade.


Essas mesmas características estão presentes na carta do Urso. Esta
lâmina representa aqueles que não conseguem superar seu instinto
animal. São verdadeiros depósitos de energia. O grande problema é
que essa energia retida se transforma em negatividade com o tempo,
não permitindo a expansão de seu ser e sua posterior iluminação.

Na Alquimia, o Urso foi comparado ao homem primitivo porque


corresponde a “nigredo" da primeira matéria. Daí, a origem do aspecto
primário e rude desse animal. A simbologia do Urso neste ponto de
vista, dá-lhe um mau instinto. Dessa mesma raiz, nasceu a história do
amigo Urso, aquele em quem não devemos depositar nossa confiança.
Está ligado à inveja, ao ciúme e ao despeito. Por estes motivos, não
devemos confiar nele de forma alguma. Com seu aspecto bronco e ao
mesmo tempo sensível, parece que nos deseja, que tudo de bom nos
aconteça. E, desse modo, recebe nossa inteira confiança. Está quase
sempre presente quando comemoramos alguma vitória ou até mesmo,
compartilhamos simples momentos de alegria. Porém, é aí que ele rouba
nosso brilho e derruba nosso alto astral. A inveja é justamente o
desejo de ter e ser o que os outro são. E uma doença da alma da
criatura desajustada. Porque quando somos indulgentes e ociosos
parecemos com o Urso no processo de hibernação. Nos tornamos
agressivos e pesados, denegrindo nosso sem elhante, ao invés de
melhorarmos a nós mesmos. Porque a maioria das pessoas, infelizmente,
prefere este caminho de ataque ao próximo do que se policiar e
t r a b a lh a r para d e s e n v o lv e r s u a s p r ó p r ia s c a p a c id a d e s e
potencialidades. Por isso que há uma frase fam osa da sabedoria
popular que diz que a inveja é a arm a dos incompetentes. Isto é uma
grande verdade.

Como nosso andarilho esbanja força interior e confia nele


mesmo, mais uma vez ele vencerá o inimigo, ou o amigo Urso, como é
mais conhecido. Existe um ditado da filosofia oriental que diz: “Se te
incomodas tanto com a inveja e torna-te fraco diante dela, então,
opte pela mediocridade". O Cavaleiro, consciente de sua força interior,

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segue em frente. Não dá ouvidos ao despeito e à maldade alheia. Ele


não é do tipo influenciável que esmorece diante da primeira descarga
de energia negativa. Ele segue em frente, com a certeza de que o
Urso é mais uma pedra que ele vai chutar com toda a força que tiver,
para bem longe do seu caminho.

E nosso amigo Cavalheiro está muito longe de ser um fraco,


muito menos um medíocre. Ele acredita píamente que a sorte é sua
eterna companheira, tanto é que, geralmente à noite, conversa com
sua protetora celestial a fim de que ela lhe guie em todos os seus
caminhos...

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CARTA 16

A ESTRELA

...E eis aqui a sua Estrela. Ele tem conhecimento que, no céu,
existem milhares delas, mas, aquela especialmente, o Cavaleiro tem
certeza que olha por ele. Só de olhar para o alto, ele a reconhece. Seu
brilho é o mais intenso de todos. O modo como ela cintila, confere-lhe
/

um destaque todo e s p e c ia l. E a força da luz vencendo a escuridão. E


quanto mais ele acredita nela, mais ela o persegue na sua caminhada.
Temos aqui a presença do nosso Anjo de Guarda, aquele que foi
designado por Deus para velar, mais particularmente, sobre nós. Ele
irá nos acompanhar, desde o nosso nascimento até o nosso desenlace.
Trabalha ocultamente aonde quer que você vá. Sem dúvida, ele atuará
junto a você com muito mais frequência, a partir do momento em que
você realmente acreditar em você mesmo.

Aonde formos, independentemente da distância, lá estará esse


foco de luz celeste sobre nós. Essa mensageira divina, que podería
também ser designada como Estrela do Oriente. Como seu próprio
nome diz, é a orientadora de cada um de nós. Sua Estrela irá com o
nosso amigo Cavaleiro, nesse rastro de luz e evolução, que ele busca
desde o início de sua jornada por este jogo de cartas. Este jogo é a
representação sim bólica da nossa vida. A função divina que foi
designada para esta décima sexta carta, é de guiar o Cavaleiro onde
ele for e, sempre que possível, com a licença do Criador, atender aos
seus e aos nossos pedidos de socorro.

Q uando re alm e nte m e n taliz am o s alg um d e se jo, que não


prejudique a terceiros, Deus e todo o universo que ele criou, o tornará
realidade. Porque todos nós somos depositários de um raio divino.
Quando através de nosso pensamento acreditamos nisso, criamos o
caminho mais curto para que a materialização de nossos sonhos. O
Cavaleiro, como primeiro representante deste baralho, tem uma

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postura altamente positiva diante de sua passagem aqui na Terra.


Com isso, ele se aproxima com mais frequência de sua Estrela e abre
o se u c an al com as f o rç as do bem . S ua E strela o acom panh a
constantemente, trazendo-lhe assim muita sorte, serenidade e calma.
Isto é tudo que precisamos para enfrentar os momentos difíceis de
nossas vidas.

À todos nós, de acordo com sua proximidade, a Estrela confere


o êxito à cabeça coroada, a inspiração e o cuidado para com a nossa
p r ó p r ia im a g e m . D á -n o s um m a g n e t is m o p e sso a l e a g ra n d e
prob ab ilidade do sucesso em todos os nossos empreendim entos.
Conf iemos na nossa Estrela, e poderemos recorrer a ela sempre que
estivermos em apuros. Mais importante que um intenso brilho, é a
permanência do mesmo. E a nossa Estrela só reluz quando temos fé
em Deus e em nós mesmos.

A Estrela está intrinsicamente ligada à nossa missão aqui na


Terra. Esta afirmação se deve ao fato de que, sendo Deus o Universo,
a nossa querida Estrela faz parte dele, fazendo-se assim, um pedaço
de Deus sobre nós, orientando-nos a cada passo na vida. Como guardiã
de nossa bagagem espiritual, posiciona-se sobre nós, como se já
conhecesse o caminho que iremos percorrer. E o símbolo do nosso
destino. Quanto mais próxima estiver de nós, é sinal de que estamos
evoluindo nesta nossa passagem sobre a Terra. Cumpre-nos cuidar,
para que nos posicione m os o m ais perto dela. Porque é com o
consentimento divino que se fará o nosso caminho material aqui, neste
planeta. A Estrela é o escudo protetor de Deus que nos acompanha.
Porém, depende de nós, que o canal que nos leva até seu brilho celestial
esteja completamente desbloqueado. De que adiantaria desejarmos
a luz radiante da Estrela sobre nossas cabeças se insistirmos em usar
chapéu, através de atitudes e pensamentos negativos?!

A Numerologia confere à esta décima sexta carta, a notória


capacidade de nos adaptarmos às mudanças bruscas da vida. Seria o
eterno reconstruir. Devemos aprender com as experiências e usar

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nossa capacidade de avaliação e observação, para não cairmos nos


mesmos erros cometidos anteriormente. Tal qual o astrônomo que,
através do telescópio, percorre atentam ente o céu, devemos nos
concentrar para não perdermos a riqueza dos detalhes. Neste caso,
devemos trabalhar com a redução do número composto para um número
simples, onde um + seis = sete, tendo neste último, a representação
do uso da intuição que ele nos confere, que nada mais é que, ouvir a
nossa voz interior. E neste hora, o nosso anjo guardião nos livrará dos
fracassos e infortúnios desta vida. Passaremos por dificuldades sim,
mas de uma forma suave.

O sopro de Netuno associa esta carta à Astrologia, no sentido


de que é no silêncio da noite e na solidão, que poderemos ouvir a nós
mesmos e seguir a nossa intuição. Afinal de contas, não é válido
estarmos munidos deste precioso dom se não lhe damos ouvidos.
Quantas e quantas vezes nos é provado, pela vida, que se tivéssemos
ouvido o que nossa Estrela nos dizia, não teríamos errado. Muitos de
nós nos equivocamos ao mantermos todos os nossos canais com a força
/

divina completamente bloqueados. E sabido que, quanto mais leves


nos acharmos, ou seja, quanto mais desprendidos da lógica e dos apelos
materiais, mais perceptíveis estaremos às orientações do nosso anjo
de guarda fiel. Este é a Estrela que nos acompanha. Aqui, temos a
regência dos nossos pressentim entos e o uso da sutile z a para
prosseguirmos em pé, mediante o nosso destino. Esta carta casa bem
com o signo de Peixes, através do seu aspecto espiritual e místico. O
pisciano acredita na força do destino. Reconhece as ações cármicas
como uma influência na sua vida terrena. Negativamente, chega a lhe
faltar praticidade, refugiando-se em fantasias.

O Seis de Copas representa as ações nobres, os merecimentos,


os acontecimentos bons, o êxito, as honrarias, a elevação e o equilíbrio.
Esta fase da Cartomancia representa a serenidade noturna. E, os
momentos que precedem o sono, quase sempre, constituem-se de uma
sínte se do nosso dia. A nalisam os, com calm a ou não, aquilo que
conseguimos realizar durante o dia e nos preparamos psicologicamente

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para o dia seguinte. Todas as experiências vividas surgem na nossa


mente e, assim , entramos em fase de planejamento para o próximo
am anhecer. Nosso sono existe para que conversemos com os anjos.
Neste ato de dormir, a m atéria descansa para que o espírito se
alimente. Durante o sono, o Seis de Copas se faz entender, assim como
nos sonhos e na promessa de um novo dia que está para chegar.

A nossa disciplina, o nosso cuidado com a matéria e o espírito


e a conf iança na proteção divina é que nos levará adiante. Porque a
vida está repleta de oportunidades, de novas circunstâncias e de boas
novas. E como é bom nos encontramos disponíveis para as chances que
o Divino nos proporciona...

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O Baralho Cigano Lenormand

CASA 17

A CEGONHA

A carta de número dezessete nos mostra uma Cegonha à beira


de um lago alimentando-se. Até hoje, a imagem da Cegonha é muita
associada à vinda de um filho. Visto que no folclore francês, por sua
dedicação aos filhotes, este animal é por vezes tomado como exemplo
de mãe. Vem daí também a simbologia moderna ocidental da lenda
infantil em que a Cegonha é portadora da criança recém-nascida.
Temos aqui então nesta etapa da Cartomancia, o instinto maternal, a
dedicação, a representação da figura materna e de todo apoio que
podemos dar ou receber.

Nosso andarilho Cavaleiro por m ais que tenha rom pido a


barreira do tempo e avançado psicologicamente em cada carta, vez
por outra, mediante uma coisa nova ou totalmente surpreendente,
meio que regride em termos de maturidade. Lembra da sua mãe, dos
seus braços estendidos para lhe receber. Sente falta do acalanto, do
aconchego daquela que lhe pôs no mundo. Recorda cada conselho,
mesmo que não tenha utilizado a maioria deles. Trivial este tipo de
atitude. Só lem bram os das ad vertências m aternas m ediante as
dificuldades que o avanço do tempo nos cobra. Todos nós, seres
humanos, somos extremamente marcados pela figura materna. Seja
por seu excesso de zelo ou pela sua ausência. Neste último caso, quando
a mãe não esteve presente, nos tornamos um aleijado emocional. E
este fato vai exigir de nós uma esforço sobre- humano para conf iarmos
em nós mesmos. Durante anos e anos de nossas vidas, nos deparamos
com as lembranças de nossa infância e de tudo que aprendemos com
a nossa progenitora. Cada orientação, cada carinho, cada castigo é
muito fácil de ser acionado no nosso computador mental nos momentos
em que a vida nos exige sensibilidade.

Denotamos à Cegonha o símbolo de uma nova oportunidade.

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Àquela que somente uma mãe é capaz de dar ao filho quando ele comete
algum erro. As mães sempre nos dão inúmeras chances. Representa
tam b ém as coisas novas, a m ud ança para m elhor, as situaçães
inesperadamente boas, o desejo de ter sempre a nossa rotina alterada,
os grandes prestimos, enfim, quase todo o tipo de surpresa agradável.

Numa analogia à Numerologia temos aqui a representação do


número 17, que corresponde à intuição, à bondade, à generosidade,
ao pressentimento e aos dons psicológicos. Aquele sexto sentido é
altamente dignificado nesta décima sétima carta. Além disso, ela ainda
informa sobre dons educacionais, a preparação da base que o indivíduo
carregará por toda a sua existência, a dedicação esmerada no sentido
de ajudar o próximo a crescer. Reduzindo este número, segundo o
princípio numerológico da soma e redução, chegaremos ao número 8.
Que nos remete às cobranças maternas, o senso de responsabilidade
e a disciplina. Voltando a nossa raiz numérica, o 17, este trata-se
basicamente de um número espiritual ligado ao amor e à paz. Quando
vibramos este sentimento superior atraímos para nós as coisas boas.
Aqui a transparência de nossas verdadeiras intenções, a pureza do
nosso coração e a grandeza de nossa alma, nos garantirá um lugar
elevado na nossa escalada evolutiva dentro da espiritualidade. Ser
mãe em toda a sua plenitude, requer resignação quanto à sua própria
in d iv id u a lid a d e . Nos dias atuais por viverm os num a sociedade
altamente competitiva muitas mulheres sofrem intensamente por isso,
ou sejam, quando têm filhos, assumem um sentimento de culpa por
deixá-los em creches ou com babás para poder trabalhar. Sabe-se
que, psicologicamente, a maternidade traz um período de freio na
vida da mulher, quanto às suas prioridades pessoais. Estas ficam um
pouco para mais tarde. E no mundo moderno, tempo é dinheiro,
infelizmente. Grande erro!

Esta volta ao passado que a Estrela trouxe ao Cavaleiro, juntou-


se aqui, na carta da Cegonha, com a saudade da mãe. Nosso viajante
já não se sente o mesmo. Enxerga nesta etapa do nosso jogo de cartas
que, aquilo que ele é, não deixa de ser fruto daquela que lhe indicou

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seu caminho na vida. Embora creditemos à nossa criação a m aioria de


nossos defeitos e fracassos durante um bom tempo, é justamente
quando a vida nos faz pai ou mãe que viemos a entender, mesmo
inconscientemente, as limitações daqueles que o Pai Celestial designou
como encaminhadores do nosso espírito. Ser pai e mãe nada mais é do
que educarmos uma alma. Apesar de na maioria das vezes os pais se
preocuparem com o bem estar material dos seus filhos, é o alicerce
espiritual que irá alimentá-los por toda a sua vida. Agora sim, nosso
amigo Cavaleiro bebe na fonte da maturidade. Ele é capaz de caminhar
sozinho, sem culpar o que está ao seu redor. Adquiriu compreensão e,
principalmente, a capacidade de perdoar a si mesmo e àqueles que o
cercam.

Q uanto ao aspecto a s tro ló g ic o a carta da C egonh a vem


associar-se ao signo de Virgem. Temos aqui a representação da pureza,
da virtude, do asseam ento, do crité rio, do instinto m aternal e
paternal. No subsconsiente virginiano, existe um eterno medo da
miséria e do contágio. Este signo se esmera para classificar, analisar,
enfim, discriminar. E conduta dos virginianos o extremo amor aos
detalhes e o perfeccionismo, tornando-os pessoas difícieis de se
ag r a d a r. N este asp e c to, le m b ra m b astan te a f ig u r a da m ãe
extremamente zelosa que acredita que só ela sabe fazer o melhor
para os seus. Que ninguém é capaz de fazer com tanta perfeição
quanto ela.

No que se refere a Cartomancia tradicional a Rainha de Copas


dá e recebe amor. Ela é a mulher doce e compreensiva, dona de um
enorm e coração, uma criatura b on íssim a que nos dá prote ção.
Geralmente é muito mais mãe do que mulher, mesmo com os seus
parceiros conjugais. E, muitas vezes é abandonada, justamente por
isso. No aspecto negativo, tem preocupação excessiva, só imagina o
pior, faz-se de vítima com muita frequência, querendo para si todo o
tipo de atenção. A realeza deste naipe se identifica com o arquétipo
da super mãe, que acaba infantilizando todos aqueles que estão ao
seu redor. Já que ela não sabe fazer com que seus filhos se sintam

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seguros. A segurança vem justamente do fato que aprendemos a ser


gente quando temos que nos virar, caminharmos sozinhos, sem nos
apoioarmos em carinho e proteção materna. O grande perigo da Rainha
de Copas é que ela não sabe dizer não e, conseqüentemente, também
não sabe como proceder diante de uma negativa. Ela é permissiva, em
compensação, exige um preço muito elevado em troca, ou seja, a nossa
liberdade.

Depois desse colo de mãe e da quase metamorfose em uma


criança bonita, cheirosa e limpinha, o filho exemplar, nosso amigo
Cavalheiro parte para descobrir o mundo lá fora e conquistar os seus
primeiros amigos...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 18

O CÃO

...e não é que mais adiante depara-se ele com o animal que é
conhecido por ser o melhor amigo do homem. O Cão olha para o Cavaleiro
e, de longe, este animal fica desconfiado. No entanto, como bom
farejador, percebe logo que nosso amigo Cavaleiro tem boas intenções e
começa a latir amistosamente, quase que sorrindo de felicidade, pela
chegada do nosso andarilho. O abano da sua cauda mostra toda a alegria
que çste animal sente quando nosso andarilho chega. O Cavaleiro já tinha
sido acalentado na fase anterior e sente-se agora extremamente
confiante diante da festa que o Cão lhe faz. Desce do cavalo, relaxa e
vive aquele momento. Por um tempo ele esquece das suas metas, passa a
mão sobre a cabeça do Cão, e isso o relaxa ainda mais. Agora, o Cavaleiro
tem um cúmplice. Alguém com quem dividir a sua natural ansiedade.
Conhece um amigo. Um amigo verdadeiro daqueles que jamais o julgará.

Com certeza nosso viajante seria capaz de passar horas a fio ao


lado daquele Cão e perder completamente a noção do tempo. Reconhece
naquele instante o valor da amizade. Um amigo sem tamanho ou dimensão.
Devaneia e enxuga uma lágrima discreta que rola pela sua face porque,
intimamente, agradece à Deus a existência daquele animal, companheiro
fiel, que o aceita como ele verdadeiramente o é.

A carta de número dezoito reflete a imagem de um Cão, animal


doméstico que é o maior exemplo de amor e f idelidade que um ser humano
pode ter. O seu companheirismo, presente nos momentos mais difíceis
de nossas vidas, faz dele o nosso maior símbolo de amizade. Tem um quê
também de guardião. Apesar de sua natureza animal, oferece seus
instintos para nos advertir de possíveis inimigos e invasores. O Cão
representa a dedicação, a compaixão, o perdão, a am istosidade, a
extrem a lealdade, o lado social, todos os nossos am igos, aquelas
pessoas que estão sempre prontas a nos ajudar, qualquer que seja a

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hora ou o motivo. Pode indicar ainda que somos considerados e teremos


nossos m éritos reconhecidos. Lem bra tam bém que devem os ser
autênticos, ou seja, fiéis a nós mesmos. A fidelidade não se restringe
somente aos nossos amigos, mas também ao nosso interior, aquilo que
temos de melhor. Sejamos fiéis antes de mais nada, à nós mesmos. Todos
nós temos uma individualidade divina que nos difere dos demais. O Cão,
nesse aspecto nos remete à autoconfiança.

Num sentido negativo esta carta diagnosticaria um momento de


fraqueza no qual tenhamos dificuldade para agir, ou seja, gostaríamos
de agradar aos dois lados de uma situação, o que normalmente é quase
impossível. Existe uma ditado popular que diz que quem quer agradar a
todo mundo acaba não agradando ninguém. Seja qual for a decisão a ser
tomada, é impossível que ela agrade a todos. E essencial, antes de mais
nada, que a ação parta de você e satisfaça em primeiro lugar, a você
mesmo. Devemos fazer as coisas porque gostamos, não porque os outros
gostam.

Através da Numerologia podemos perceber que o número dezoito


que esta lâmina ocupa no Baralho Cigano Lenormand, está associado à
Lua e, logicamente, à intuição. O número dezoito simboliza as diversas
fases lunares pelas quais poderemos passar diante das experiências da
vida. Ora cheia, ora nova, ora crescente e ora minguante. A força das
marés altas e baixas. Diante de toda esta diversidade de situações,
precisam os de orie ntação para não perdem os o rumo de nossa
existência. O Cão que uiva diante da Lua pressente o perigo, externando
toda a sua melancolia diante do que está por vir. E o mau pressentimento.
Em contrapartida, o profundo sentimento de carinho deste animal pelo
seu dono, faz com o Cão nos acalme e nos faça fluir num outro nível do
plano astral. Estas são as duas faces da lua. Meio clara, meio escura.
Ora nos mostra o perigo, ora nos mostra o lado tranquilo da vida.

Astrológicamente falando, comparamos este animal ao signo de


Peixes. Temos aqui a emotividade, a entrega total, a simpatia e a
cumplicidade. O lado negativo fica por conta do aspecto falador e

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pessimista deste signo, quando o Cão late em demasia e nos cansa


com seus latidos. Nosso amigo Cavaleiro conhece nesta etapa do jogo
a verdadeira vocação do Cão, através da manifestação pisciana. A
capacid ade de doação e a total receptividad e dos piscianos se
assemelha à do cachorro ao seu dono.

No que tange à Cartomancia, certificamo-nos que o Dez de


Copas designa a existência de muitos amigos. Poderemos contar com
várias opções porque há fartura de oportunidades. Num aspecto
comercial ou material, as sociedades serão felizes e não nos trarão
riscos, porque existe um respeito mútuo entre as partes e uma
consideração elevada. Já num aspecto social, o período vai exigir de
você um a presença assídua em eventos especiais, f e r a lm e n te
acontecerão muitos convites para festas e reuniões. Amizades novas
poderão ser feitas também. Você vai precisar se expressar melhor
para tirar proveito desta fase que, com certeza, expandirá seus
horizontes com relação à novos investimentos. Isto gera um pouco de
tensão, que não deve ficar acumulada, já que, mesmo tendo vontade
de nos divertir, esta fase pode ser um tanto cansativa, embora com
excelentes recompensas.

Nosso companheiro de viagem encontrou na fase anterior a


figura da mãe, na fase atual desta décima oitava carta, a figura do
irmão. O Cão lhe mostrou que muito mais que cultivar os tesouros
terrenos, um homem deve procurar cultivar amigos verdadeiros. A
amizade sincera é um bem precioso e uma grande benção, pois nenhum
ser h um ano pode c am inh ar só , sem a m ig o s , se m irm ãos, sem
com panheiros de jornada para lhes dar auxílio nas dificuldades
t errenas e nas provações da vida material. Aquilo que levamos além
túmulo serão nossas boas ações e nada mais. Todo o resto fica. O Cão
fez com que o Cavaleiro entrasse em sintonia com o universo e
refletisse sobre a sua evolução espiritual. Despede-se desse animal
já com bastante saudade porque agora, sente vontade de retirar-se
para meditar sobre todas as coisas da vida...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 19

A TORRE

A carta de número dezenove tem como arquétipo a Torre de


um castelo que parece perdido num mundo longínquo. E como se
pudéssemos voltar no tempo e desembarcarmos no período medieval
onde existiam Reis, Rainhas, nobres e plebeus. A Torre caracteriza-
se por uma construção de estrutura vertical e elevada, simbolizando
o desejo do homem de alcançar o céu. Reflete a vontade humana de
atingir a perfeição, a submissão do homem perante uma força celestial
e divina.

Diferente do Arcano Dezesseis do Tarot, ou seja, a Torre


Destruída ou Fulminada, não temos aqui uma edificação desmoronando
que se identifica com a queda, o acidente fatal e o castigo pela
presunção. No Baralho Cigano Lenormand a Torre se apresenta sólida,
inteira e intacta. Neste jogo de cartas, temos aqui a interpretação
da fortaleza desta construção. E como se os nossos recursos fossem
inesgotáveis e tivéssemos sempre a capacidade de renovação pois
somos fortes e inatingíveis. Pois a altura da Torre está muito ligada
também à proteção, como se nada nos perturbasse. Dentro dela então,
estaríam os salvos de qualquer ataque externo. Em seu interior
poderemos experimentar outros planos no qual o conhecimento da
espiritualidade seria-nos de grande valor. Está associada ao plano
astral, à elevação e à ascensão. Por isso representa a evolução. A
sintonia com o mundo espiritual. Temos vários exemplos disso no nosso
cotidiano. Repare que, quando encontramos alguém que transborda
agressividade, machuca os outros com o seu ferrão, distila veneno e
vibra negativamente, se nos posicionarmos na mesma freqüência, é
quase certo sairmos danificados. No entanto, se elevamos o nosso
nível de pensamento, mesmo que o outro queira, não conseguirá nos
atingir. Pois a nossa conduta elevada e passiva, valerá muito mais que
qualquer palavra de revide. Elevar-se é juntar-se à Deus.

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De m od o n e g a t iv o , a T o r r e p o d e r á t r a z e r um c e r t o
e n c la u s u r a m e n t o , u m a p r o t e ç ã o e x c e s s iv a ou u m a r ig id e z
a c e n t u a d a p a r a c o n s ig o m e sm o e c om os o u t r o s . S ig n if ic a
n e s t e a s p e c t o , s o lid ã o e a r r o g â n c ia p o r se c o n s id e r a r um
s e r p e r f e it o .

N o s s o a m ig o C a v a le ir o e x p e r im e n t a a g o r a , o
d e s lig a m e n t o do m u n d o m a t e r ia l na c a r t a d a T o r r e . J á
encontra n o v o s v a lo r e s p a r a a v id a . T em c e r t e z a de q u e o
m a io r de t o d o s os n o s s o s t e s o u r o s é a v id a , p o is n a d a m a is
podem os c a r r e g a r c o n o s c o na n o s s a p a s s a g e m , a não s e r a
v id a q u e se le v o u e os n o s s o s g e s t o s d e c a r in h o , a m o r ,
a m iz a d e , c a r id a d e e b e n f e it o r ia s . P o r is s o , é e s s e n c ia l q u e
d u r a n t e a n o s s a e s t a d ia a q u i n e s s e p la n e t a d e s e n v o lv a m o s
o n o s s o la d o e s p i r i t u a l, t a m b é m p a r a n ã o c a ir m o s n u m
a b is m o t o r t u o s o , q u a n d o do n o s s o d e s e n la c e . I n f e liz m e n t e ,
u m a b o a p a r t e d a h u m a n id a d e só c o n h e c e o v e r d a d e ir o
s e n t id o da p a la v r a e s p ir it u a lid a d e , q u a n d o d ia n t e da d o r
f ís ic a ou m o r a l, ou da p e r d a de a lg u m e n t e q u e r id o . C o m o
d iz e m os s á b i o s , é m u it o m e lh o r q u e r e c o n h e ç a m o s a
e s p ir it u a lid a d e a t r a v é s do a m o r , do q u e p e la d o r . P o is n e s s e
ú lt im o c a s o , q u e n ão t e n h a m o s q u e p a s s a r p o r e x p e r iê n c ia s
t r á g ic a s de v id a , p a r a d a í c a ir m o s na r e a lid a d e d a q u ilo q u e
r e a lm e n t e s o m o s , isto é, um se r q u e e s t á a q u i, s im p le s m e n t e ,
de passagem .

No q u e se r e f e r e à C a r t o m a n c ia , o C a v a le ir o e n c o n t r a
a q u i o e q u ilíb r io m e n t a l. J á c o n t r o la s e u s b a ix o s in s t in t o s
e c o m is s o , p r o g r id e m u it o a n ív e l e s p ir it u a l. O S e is de
E s p a d a s se t r a d u z c om o um a f a s e em q u e o lad o m e n t a l não
s u p e r a o la d o e m o c io n a l, a p e n a s , a c o m p a n h a - o no m e s m o
p a s s o . E s t a h a r m o n ia é r e f le x o do b om f u n c io n a m e n t o d a
m e n t e , do c o r p o e do e s p ír it o . E a p e r f e it a t r a d u ç ã o d a
u n iã o do Y in c om o Y a n g . O a t iv o e o p a s s iv o d ã o lu g a r um
ao o u t r o , num r e v e z a m e n t o n a t u r a l, p a r a q u e o c a m in h o f lu a

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s e m d e s e q u ilíb r io . P o d e h a v e r , n um s e n t id o in v o lu t iv o , um
instinto de p re se rvaç ão ac e ntuad o , ou se ja, m uita vontade de
a c e rta r e ao m esm o tem po m uito m edo de errar. Ou seja, viver
con sta nte m e n te m edindo cada ato, cada palavra e cada esforço.
N e s t a e t a p a do n o ss o jo g o de c a r t a p o d e r á e x istir d e n tro de
nós a in d a , um a a t it u d e c o v a r d e e o m is s a . D ezenas de p e sso a s
sã o in c a p a z e s de t e n t a r m o d if ic a r o que e stá ao seu re d o r
p o r a c h a r e m que não pod em fazer nad a, não podem in t e r f e r ir
no e s p a ç o a lh e io , f o g e m à r e s p o n s a b ilid a d e para com s e u
irm ã o e , na m a io r ia das ve z e s p e cam p e la o m issã o . P re fe re m
s e a c o m o d a r d e n t r o de u m a T o r r e , e a s s is t ir lá do a lt o ,
p a s s iv a m e n t e , a dor que h a b ita f o r a do seu m undo in t e r io r .

A t r a v é s da N u m e r o lo g ia , o n ú m e ro d e z e n o ve se tra d u z
c o m o a ir r a d ia ç ã o s o la r que nos dá a c o n s c iê n c ia do n osso
pape l no cosm o. S om os a e n e rg ia do m un d o. Pod erem os o rie n ta r
a q u e le s q u e se e n c o n t r a m na e s c u r id ã o e, atra vé s de id é ia s
c la r a s e t r a n s p a r e n t e s , p e r c e b e r e m o s um outro plano s u p e r io r
ao n o s s o . E o e x e r c íc io plen o da e s p ir it u a lid a d e . O am or ao
p r ó x im o n o s le v a r á a c o n q u is t a r um e s p a ç o de p le n it u d e
e s p ir it u a l. A T o rre nos c o n v o c a a r e f le t ir e am arm os uns aos
outros.

D e n t r o da e s f e r a a s t r o ló g ic a , r e c o n h e c e m o s a q u i o
s ig n o de A q u á r io . S ua f o rç a in v e n t iv a e p r o g r e s s it a nos leva
à e r g u e m o s um a T o rre em d ir e ç ã o ao C éu, para a t in g ir m o s o
n o ss o lad o in c o n s c ie n t e , que é b a n h a d o pe la luz d ivin a . A cor
a z u l do c é u é c a r a c t e r ís t ic a do p la n e t a U rano r e g e n t e de
A q u á r io . A E ra de A q u á rio f a v o r e c e às p e s q u is a s de n ovos
c a m p o s m ís t ic o s , n o vo s c a m in h o s p a r a o bem da h u m a n id a d e .
E o d e s e n v o lv im e n t o das t e r a p ia s a lt e r n a t iv a s , da in ve stig a ç ã o
e e s c la r e c im e n t o do s o b r e n a t u r a l e do que p e ran te o hom em
p o s s a s e r d e s c o n h e c i d o . O la d o h u m a n it á r io é u m a
c a r a c t e r ís t ic a b a s t a n t e a c e n t u a d a d e s t e d é c im o p r im e ir o
s ig n o do z o d ía c o . N um lado n e g a t iv o , a in f lu ê n c ia a q u a r ia n a

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-------------------- O Baralho Cigano Lenormand --------------------

e n tr a em e b u liç ã o , e p o d e re m o s in c o r r e r em a t it u d e s r e b e ld e s
que nos le varão ao in te rio r d a T o rre e à c o n s e q ü e n t e d is t â n c ia
da r e a lid a d e e das d e m ais p e s s o a s . A ssim c o m o , m e r g u lh a r m o s
num a p r o f u n d a in d iv id u a lid a d e que nos le v a ao o rg u lh o e ao
s e n t im e n t o de s u p e r io r id a d e .

M uito mais preparado para a batalha da vida, nosso amigo


Cavaleiro tem vontade de melhorar muitas coisas. Está mais disposto.
Já aprendeu a meditar e melhorou em muito sua capacidade de análise
e reflexão. E por falar em melhoria...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 20

O JARDIM

Continuando seu percurso por este baralho de cartas, nosso


am igo Cavaleiro encontra neste carta de número vinte, um Jardim
muito bem cuidado, onde nenhum detalhe foi esquecido e as cores se
harmonizam. Todo este encanto, nos convida à desfrutarmos de sua
beleza. O Jardim representa, entre outras coisas, a mão do homem
que trab alh a a natureza, o senso estético, o desejo do belo, a
qualificação, o lugar encantado onde procuramos a paz. O Jardim
necessita de um cuidado constante, transforma-nos em jardineiros
da nossa própria natureza. Temos vontade de andar entre suas alas
verdes, respirar o ar puro e contemplar todo o seu esplendor.

D epois da fase ante rior da T orre, onde nosso andarilho


C avale iro superou seus baixos instintos, ele carrega consigo a
consciência que o progresso espiritual é algo que, quando conquistado,
precisa ser cultivado. No m undo m aterial, as coisas também se
sucedem desta maneira. Quando trabalhamos para conseguir algum
patrimônio, necessitamos trabalhar em dobro para mantê-lo. Ou seja,
não é por termos comprado o imóvel dos nossos sonhos, por exemplo,
que podemos nos deitar numa rede e descansarmos dentro dele para
sempre. E quase certo que daí em diante iniciamos uma nova etapa de
luta para zelarmos por tal bem. Isso é cuidar do nosso Jardim.

Deus fez as f lorestas e as matas virgens. O homem inventou o


Jardim. A selva é bruta, o Jardim lapidado, porque tem a mão humana.
Os seres humanos é que transformaram a divina criação da natureza
numa paisagem sedutora e belíssim a mas, que, no entanto, nunca
deixará de ser artificial. Na selva, o homem poderá ter que enfrentar
perigos escondidos. No Jardim que o homem criou ele está desprovido
dos desaf ios naturais. E assim que ele pensa. Desde a Antigüidade, o

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homem idealiza o paraíso. O lugar perfeito onde ele poderá desfrutar


da beleza da vida. Os Jardins, desde os tempos mais remotos, foram
construídos, para que o homem pudesse usufruir da tranqüilidade.
Pensava-se até que-, o Jardim fosse um pedaço do céu na terra. O
lugar para onde vamos, quando de nossa passagem, depois de uma
vivência terrena, cultivada pelas boas ações. Antigamente, se pensava
assim, e até hoje, também.

Pela ótica numerológica, o número vinte adverte que poderemos


ser chamados para valorizar aquilo que Deus nos deu e cuidar melhor
daquilo que temos. E aquela velha história de que só damos valor às
nossas coisas, quando as perdemos. Ao invés de direcionarmos nossa
energia para o inconf ormismo por causa do que não temos, aprendamos
também a amar tudo que nos pertence, por mais simples que seja. O
conformismo neste caso, se traduz num grande potencial de bem viver.
O número vinte representa o desenterrar das coisas, a remexida da
terra, a mistura dos diferentes solos e a retirada das ervas daninhas
para crescimento da semente ali lançada.

Já a Astrologia justif ica-se nesta vigésim a carta do baralho


através do equilíbrio do signo de Libra e de seu natural ref inamento.
E, no Jardim encontramos a harmonia e uma paz imensa num ambiente
bonito e muito bem cuidado. Cada planta, cada arbusto e cada flor
transparecem a beleza da natureza. Lembra-nos das coisas bonitas
da vida. O senso estético está bastante reforçado. O bom gosto é
evidente. Sem falar que, antes de mais nada, é preciso retocar aqui e
ali, podar se necessário, pois, af inal de contas, o Jardim também trata-
se de uma obra de arte. O am or às plantas e aos animais é uma das
mais nobres características que o homem pode ter. Se todos nós, neste
planeta, tivéssemos uma consciência universal, o mundo seria realmente
muito mais bonito. Graças à Deus, já existem há bastante tempo, os
ecologistas que até hoje, fazem a sua parte. No entanto, em número
reduzido, infelizmente. Mas, uma longa caminhada começa com um
primeiro passo e todo esforço para salvarm os a natureza é válido.
Ainda são muitos os que destroem a natureza pela ganância. E, poucos

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são os que dedicam am or, àquela que nos dá tudo de graça.

A evidência do Oito de Espadas se faz presente pela diplomacia.


A busca de uma solução sem violência. Existe muita vontade de se
chegar a um acordo que atenda ao interesse de todos. Uma tomada
de decisão brusca poderá acarretar alguns problemas. Por isso é
importante estudar cada passo, ser minuncioso e ter muito tato. Nesta
fase da Cartomancia é preciso fazer ajustes. Esperar o f lorescimento,
para depois se colher os primeiros frutos. Num sentido negativo, nesta
etapa da Cartomancia, costumamos não tom ar providências e por falta
de iniciativa, deixamos nosso Jardim de lado e com o tempo, tudo ao
nosso redor fica um pouco mais feio.

Os dons da cura também aparecem nesta carta através dos


conhecimentos dos curandeiros, dos pajés das tribos indígenas, da
fitoterapia, dos florais e da homeopatía. E a busca da saúde sem a
agressão química, feita somente através do equilíbrio entre o homem
e a natureza. Uma melhor qualidade de vida é evidente nesta vigésima
lâmina. Preferimos o sossego, o canto dos pássaros, o mundo verde,
os sons da n ature z a, o b arulh o gostoso do pequeno regato, o
burburinho dos animais do bosque, ou seja, tudo aquilo que nos afaste
das selvas de pedra.

Nosso companheiro de viagem o Cavaleiro equilibrou-se em


corpo e espirito. Porque na carta vinte foi estimulado a passear,
m e d itar, procurar h arm onia entre as alas do Jardim , ora mais
t r a n q u ila s , ora m ais m o v im e n t a d a s . A b a s te c e u -se de b e le za ,
tranquilidade, respirou ar puro. Enfim, entrou em sintonia com outros
planos. Foi tocado por ondas de vibrações positivas. Está m ais
confiante. Porque na calma e quietude do Jardim, pôde ouvir o seu
próprio coração e reconhecer o seu próprio pensamento em atitudes
refletidas, cuja finalidade maior era de sintonizar homem e natureza.
Depois deste passeio pelo Jardim, sente-se forte e revigorado, por
dentro e por fora. Será que tornou-se uma fortaleza inabalável, tal
qual uma montanha?...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 21

A MONTANHA

... E esta sensação de solidez vai durar para sempre? Nesta


vigésim a primeira carta, nosso amigo Cavaleiro já definiu muitas
estruturas para a sua vida. Está alicerçado. Construiu sua elevação na
carta da Torre. Harmonizou o ambiente externo na carta do Jardim.
Quando ele avista esta Montanha, sente-se como ela. Ali encravada na
terra e resistindo ao tempo. Uma fortaleza por fora e por dentro.

A Montanha denota firmeza, permanência e concretização, sendo


palpável e real. Parece resistir à ação do tempo. E forte. A vida passa e a
Montanha continua ali, integrando a paisagem, resistindo à erosão e à
passagem dos séculos. E o símbolo da durabilidade. O tempo voa, as
caravanas passam e somente a Montanha não altera o seu lugar de origem.
Resiste à tudo isso, imponentemente. A fragilidade está ausente nesta
etapa do jogo. Por sua durabilidade, as pedras diferem dos outros seres
vivos, não é como o homem, os animais e as plantas, que envelhecem e
morrem.

A Montanha também está ligada à simbologia da superioridade.


O homem escala a Montanha para chegar ao seu topo e saborear a vitória.
Ele triunfa porque como alpinista, correu grandes riscos, se esforçou e
finalmente conheceu a glória. No cume da Montanha encontra-se o ponto
alto, que o homem como mortal, pode chegar. Encontra neste apogeu um
conforto para todas as forças empreendidas na sua escalada. Num
sentido mais espiritualizado, a M ontanha representaria a força da
natureza que se ergue para Deus. E a criação que reconhece o seu Criador.

Mesmo montado no seu cavalo, nosso amigo Cavaleiro resolve subir


a Montanha porque tem a certeza que poderá chegar ao topo dela.
Ainda que tenha que largar seu animal no meio do caminho, e neste

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caso, abdicar dos seus instintos. Ainda assim, o Cavaleiro prosseguirá


em direção ao alto, caminhando, movido pela sua crença. Quem já
não ouviu dizer "Que a fé remove montanhas"? Esta frase, no seu profundo
saber, explica a obstinação que muitas pessoas tem dentro de si para
vencer os desaf ios que a vida lhes impõe. Durante esta jornada, através
do Baralho Cigano Lenormand, nosso andarilho já aprendeu entre outras
coisas a não se deixar abalar. E a Montanha é justamente a imagem que ele
cultiva no seu interior e que melhor traduz, a força interminável, de que o
ser humano é capaz de dispor.

A Numerologia assinala esta carta com o número vinte e um,


nos dizendo que a passividade do número dois e a atividade do número
um, fluem numa combinação perfeita. Quando soubemos esperar na
v iv ê n c ia do núm ero d o is, aprendem os sob re a vid a. Logo após,
realizamos o sonho da nossa evidência pessoal, através do número um.
Aqui, neste número composto, o vinte e um, a paciência é antecessora
da vitória. Finalmente, a conjunção destes dois números, o dois e o
um, abre as portas para a conquista do mundo. Vale lembrar aqui que
no Tarot a lâmina do mesmo número é símbolo da expansão, da coroação
e da recompensa. Chama-se O Mundo.

Já na Astrologia, a carta da M ontanha reforça a idéia da


coragem e do lado executivo do signo de Aries. Negativamente, tal


q u a l um v u lc ã o , os a r ia n o s p o d e m c u s p ir f o g o e t o r n a r -s e
verdadeiram ente violentos, quando contrariados. Até mesmo numa
M ontanha coberta de neve, os vulcões entram em erupção, como a
que reclamar uma saída, uma válvula de escape para seu temperamento
fogoso. M esm o aparentem ente acom odados em seus lugares, as
pessoas nascidas sob este primeiro signo do zodíaco, mantém acesa a
chama de um fogo interno que poderá aumentar em significativas
labaredas e eclodir a qualquer momento. Muitos arianos acreditam
que, somente não se submetendo à terceiros, estão sendo eles mesmos.

Pela Cartom ancia, temos aqui o Oito de Paus que representa a


ação intempestiva daqueles que, de repente, jogam tudo para o alto,

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depois de uma intensa pressão. A partir daí, começam uma nova fase
na qual a estabilidade que lhes é concedida depois de um período de
e x t r e m a t u r b u lê n c ia . D e v e m o s c u id a r p a r a q u e a s c o is a s
aparentemente estáveis e firmes, não se desintegrem de uma hora
para outra. Devemos diminuir a nossa hipersensibilidade. Também é
aconselhável que deixemos de ser exigentes com os outros e cobremos
menos das pessoas. Porque a nossa vaidade, nos levará a cometer erros,
difíceis de consertar. Por isso, a prudência é bem-vinda.

Num aprofundamento espiritual, temos aqui nesta vigésim a


primeira carta, a ação dos justiceiros. Aqueles que são implacáveis
quanto ao descumprimento da lei. A pena geralmente não é diminuída.
E, se existe uma lei a cumprir, ela deverá ser cumprida à risca. Nesta
etapa do nosso jogo de cartas, temos o rigor da lei. A força da
M ontanha, que não se submete à qualquer outra força exterior se
faz sentir. Dentre as formas da natureza, a M ontanha, por sua altura
e sua consistência, encabeça a lista das coisas duráveis e estáveis.
Mais que vales, rios, mar, pântanos e etc.. Através dos seus picos, a
M ontanha se sente superior e em muito mais vantagens que os demais.
De longe, notamos sua grandiosidade e estabilidade. Por seu caráter
firme e sua retidão em direção ao firmamento seguramente é o símbolo
da justiça, da lei, do critério e da ordem.

Como diz um provérbio popular que, direito tem quem direito


anda, esta é a exigência desta vigésim a prim eira carta do nosso
baralho. Você só pode exigir do outro a partir do momento, em que
você mesmo exige de si. E porque também, não devemos apontar o
erro alheio com o dedo sujo, dita um outro adágio popular. Ou seja,
andemos na retidão, para daí então, exigirmos a mesma conduta de
terceiros.

Nesta etapa, nosso viajante C avale iro conheceu o va lo r da


so lid e z e da capacid ad e de ju lg a m e n to , m ais firm e e com um
grand e senso de justiça, parte ele agora, em busca de um a e strad a
que possa trilhar...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 22

O CAMINHO

... e lá vai o Cavaleiro por sua livre e espontânea vontade, procurar


um Caminho com o qual ele se identifique. Depois de sua passagem pela
carta da Montanha, na qual ele aprendeu a agir com firmeza, o Cavaleiro
sabe agora que já é capaz de fazer uma escolha acertada. No início
desta jornada, o Cavaleiro era impetuoso, abria caminhos, mas somente
aqui, nesta carta de número vinte e dois conseguirá manter-se firme
nele. Muitas são as pessoas que têm inciativa e que começam as coisas
com um grande entusiamo. Raríssimas, no entanto, são aquelas que
resistem até o fim, na sua opção inicial. Ou seja, persistem até vencer.

A vig é sim a se g u n d a carta do Baralho C igano Lenorm and


presenteia nossos olhos, com um Caminho caracterizado por uma
estrada de terra, que corta o imenso verde. Mais parece um atalho, por
seu estado precário. Representa a nossa opção, a atitude que tomamos,
a nossa vontade, a persistência, a certeza de que não devemos desistir
nunca, porque para tudo que fecha o Caminho da nossa vida, tem sempre
uma saída. E o caminho que percorremos. O nosso Caminho é singular,
pertence somente a nós. Nenhuma outra pessoa poderá fazê-lo, em
nosso lugar. Não temos reservas e nem suplentes. Somos responsáveis
por nossos atos e como já diz a voz do povo, colhemos aquilo que
plantamos. Se optarmos por dirigirmos nossa própria vida, a felicidade
em nosso Caminho, nos aguarda mais adiante. Ainda que tardia. Quando
somos simples marionetes nas mãos de terceiros, a amargura será nossa
eterna companheira. E muito mais fácil culparmos as circunstâncias e
as pessoas pelos nossos erros, do que verdadeiramente assumí-los.

Nesta andança, o Cavaleiro não só sabe o que quer, como insiste


nisso. Sua visão de vida está mais apurada. Não só, tornou-se um
indivíduo esclarecido, como suas pegadas no chão tornaram-se mais

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prof undas. Segue o Caminho pelo qual optou. De cabeça erguida e olhando
pra frente. Tem uma crença inabalável na sua escolha. Isso não lhe dá
garantia de que não cometerá erros mas, se por ventura eles existirem,
serão em menor escala. Porque agora, a partir desta carta, o Cavaleiro,
acredita que pode vencer todos os desafios, que poderão aparecer na
sua frente.

Através da Num erologia, reconhecem os no vinte e dois, a


obstinação. Seguir em frente sem contar com apoio para suas idéias. E
o espírito do empreendedor, do construtor e do vitorioso. A única grande
dificuldade proporcionada por este número é justamente a cobrança,
no sentido de que a sua teoria, torne-se prática. O número dois é regido
pelo princípio feminino da submissão. Neste caso ele se repete, daí
concluirmos que é preciso haver muita teimosia para vencer aqueles
que nos ignoram, que nos subestimam, que nos desencorajam. Tal qual
um guerreiro é preciso abraçar a nossa causa. Podem existir aqui nesta
etapa, mudanças ou rupturas sérias na nossa vida, pelo fato de fazermos
valer a nossa vontade. Nesta caminhada sem descanso é comum haverem
sangramentos e feridas. No entanto, aqui o desejo da vitória pelos seus
próprios méritos, justif ica esta batalha. Desde o início dessa jornada,
até esta etapa numérica, o Cavaleiro deseja o sucesso. Vale lembrar
porém , que m uitas e muitas vezes, na corrid a ao pote de ouro
vivenciam os o fracasso. Se, no entanto, pensarm os som ente nas
fatalidades, nunca chegaremos à lugar algum. Todo ser humano tem um
destino traçado que não pode ser completamente mudado. O destino
pode ser melhorado ou piorado, de acordo com o nosso livre arbítrio.
A travé s desta vigé sim a se gund a c arta , se m e are m os f lo re s ou
plantaremos arbustos espinhosos ao longo do nosso Caminho. Nossos
atos, pensamentos e decisões é que traçam nossa estrada.

Na Cartomancia, a Rainha de Ouros é quem identifica esta carta.


Ela vem enviar seus préstimos, no sentido de dar o apoio material, para
que o Cavaleiro cumpra esta jornada. Por ser uma mulher forte,
altamente genorosa, prática e independente é o símbolo da conquista.
Em troca, vai exigir do nosso andarilho, toda a segurança que ela

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precisa e sem a qual não sabe viver. Reconhecemos aqui, aquelas


e sposas que atuam com o verd ad eiras sócias dos seus m aridos.
Sacrificam-se pela família na boa administração do lar ou de uma
empresa, sempre economizando, preparando-se para o futuro. Agem
de forma racional, sem exteriorizar seus verdadeiros sentimentos.
Não são chegadas à grandes declarações de afetos, gostam de ter
controle sobre a situação e esperam que seus parceiros correspondam
à sua expectativa de vitória. Tal qual um sargento, que exige de sua
tropa uma eficiência e capacidade acima da média. Por estes motivos,
conviver com esta monarca, pode ser altamente desgastante. O seu
peculiar autoritarismo acaba por azedar os relacionamentos. E comum
vê-la rodeada de indivíduos fracos, frustrados e completamente
infantis. Ela se antecipa à qualquer esboço de reação da sua prole. E
o tipo com um , que muitas vezes encontramos no nosso cotidiano,
daquelas mulheres que se julgam tão perfeitas, que não há ninguém
que se assemelhe à elas. Aponta constantemente o defeito dos outros
e esquece de enaltecer as qualidades alheias. Não sabe elogiar.
Acredita que todos têm obrigação de ser capazes. Estará sempre em
busca do impossível. Uma grande candidata à solidão.

P e la visão a s t r o ló g ic a , te m os aqui o sig no de Touro na


valorização dos tesouros terrenos. Os taurinos geralmente só se
sentem bem e felizes, quando alicerçados materialmente. Se apegam
à matéria de um modo tal, que caso não experimentem a posse de
bons recursos, tornam -se m elancólicos e nervosos. São bastante
práticos também. Esta última característica lhes tornam altamente
adequados para lidarem com os bens materiais. Apreciam conforto,
beleza e tudo que o dinheiro pode comprar.

Nosso am igo Cavaleiro conseguiu nesta fase adquirir muitas coisas


de valor. Tem os bolsos cheios. Tornou-se rico e sente-se importante.
Seu patrimônio é bastante significativo. Será que a vida lhe prepara
um golpe a fim de testá-lo? Como será que ele reagirá caso venha a
vivenciar algum prejuízo terreno?

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CARTA 23

O RATO

... sem que ele perceba existe um inimigo que esvazia sua dispensa
diariamente. Cada dia leva um pouquinho. Carrega para sua toca, pedaços
aparentemente insignif icantes do seu estoque, mas que, com o passar do
tempo, pode acarretar para o Cavaleiro, um grande desfalque. Chegamos
aqui, na carta número vinte e três, o Rato.

Nesta etapa do jogo, nossa carta nos apresenta um ninho de Ratos.


Estes animais repugnantes, que nos lembram sujeira e pobreza. Alimentam-
se, geralmente, de nossa dispensa. Roubam em doses pequenas. Carregam
para seus esconderijos desde restos de comida, até alimentos que, ainda
nem foram consumidos por nós. Com o tempo, arruinam tudo, de uma forma
minunciosa. Muitas vezes, nem é possível perceber que estamos sendo
atacados por eles. Devemos estar sempre atentos, para que não sof ramos
danos sérios. Os Ratos representam aqueles indivíduos que nos sugam
lentamente, e que sobrevivem do vampirismo energético. Não sabem viver
sem roubar a energia positiva do próximo. Isto é mais comum do que se
imagina. Quem ainda, já não se sentiu cansado, depois de estar em contato
com uma ou um grupo de pessoas, sejam elas íntimas ou não? Ficamos
sonolentos e apáticos. Até em determinados ambientes, em que somos
simples visitantes, estamos sujeitos à diversos níveis de energia. E óbvio
que, quando iluminados interiormente, a nossa recuperação psíquica é
rápid a e certa. M as convém nos p r e c a ve rm o s , a f a s ta n d o -n o s
gradativamente destes indivíduos, para evitarmos estafas e desgastes
energéticos.

Nosso am igo C avaleiro, que até e ntão, se se ntia nutrido


espiritualmente e materialmente, começa a se sentir fatigado. Cansa-se
com facilidade. Disperso e com humor variável. Não consegue se manter
ativo e tão dinâmico como antes. Está estressado e deprimido. Quando
alguém está abastecido de matéria ou de espírito, é bastante comum

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estar cercado de Ratos. Devemos ajudar aos necessitados e também,


àqueles que nos procuram, no entanto, não de forma que venha a nos
prejudicar. Um exemplo muito comum são aqueles indivíduos que nos
enxergam somente para desabafar e reclamar de suas vidas. Devemos
orientá-los é claro, mas, lembrar-lhes sobretudo que a busca de uma
solução deve ser procurada por eles mesmos. Cabe aqui ressaltar, é de
grande valia para nós, o conhecimento da autodefesa psíquica. O Cavaleiro
não pode descuidar de si mesmo. Aquilo que ele pensava ser seu sossego,
ou seja, o conforto material e a elevação espiritual, parece esvair entre
seus dedos. E preciso que ele recarregue suas baterias.

A N um erologia, através do número vinte e três, aponta a


existência real e a nossa necessidade de contar com pessoas poderosas
para nos ajudar nos momentos dif ícieis. E o desejo inconsciente de apoio
em tempo integral. Visto que, o número dois representa a Lua e a figura
da mãe. O número três, o triângulo, os três lados, o filho que é resultado
da união do pai (1) e da mãe (2). Agimos a maior parte do tempo de nossas
vidas, como se precisássemos de um escudo à nossa frente para nos
defender de todos os males. Pode indicar por aí o filho que depende
eternamente da mãe, se recusando a crescer e assumir sua própria vida
e total responsabilidade sobre ela. Existe um velho ditado popular que
diz que se os ratos abandonam o navio, é porque esse vai afundar. Fica
fácil concluir neste exemplo, como os Ratos se caracterizam. Tiram de
nós tudo que podem e, quando não existem mais provisões, procuram-na
em outro lugar, ou seja, em outra pessoa, para roubar-lhe a energia.

A Astrologia confere à esta carta o caratér sagitariano através


da sua compreensão, caridade, tolerância e generosidade para com
te rceiro s. O Rato abusa dos que possuem estas qualidades. Os
sagitarianos são beneficiados por Júpiter, seu planeta regente, em
abundância material ou espiritual e acabam servindo de suporte para
terceiros. A confusão que o Rato causa quando está dentro de um
am biente, mesmo que a sua presença não seja percebida, também é
uma característica deste nono signo do zodíaco. Os sagitarianos
involuídos têm uma inclinação natural para a maledicência e para as

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discussões. Jogam as pessoas, umas contra as outras, quando resolvem


tornar maldosos os seus comentários.

No ponto de vista da Cartomancia, temos aqui no Sete de Paus


a representação do intruso. Através de sua inconveniência, ele põe
em risco a nossa privacidade. Existe aqui nesta fase do nosso jogo de
cartas, a necessidade do resguardo, da cautela e da advertência para
possíveis perdas e dif iculdades. Esta passagem da Cartomancia reveía­
nos que existe muita mediocridade e extrema curiosidade a nosso
respeito. Somos alvos fáceis de aproveitadores. Poderemos sofrer
com golpes baixos e o nível inferior de algum adversário desleal.

Em casos extremos, esta carta pode representar a miséria, a


pobreza, os assaltos, os roubos, os furtos, a perda considerável de
um determinado patrimônio, a violência, a perseguição e os inimigos
ocultos. Num aspecto de saúde, vem traduzir as doenças infecto-
contagiosas e o desgaste físico e mental. Podemos sofrer também de
síndrome de pânico e nos tornar bastante apreensivos e desconf iados.

E aqui nesta fase, o Cavaleiro sente-se exatamente assim. Um


tanto quanto prejudicado, roubado, desabastecido e fraco. Ainda
que, na fase anterior tenha se mantido fiel a seus desejos, isto não o
torna indestrutível. Mesmo sendo o Cavaleiro bastante forte, o Rato
é capaz de abalar sua estrutura. Meio que, desorientado e de mãos
vazias, o nosso andarilho opta pelo repouso. Durante este aparente
descanso, reconhece o Cavaleiro, ser feito de um corpo e de um
espirito. Trata de se recuperar. Fecha os olhos. Medita. Perde-se em
devaneios. Em barca num a viagem astral. Dorme profundam ente.
Quando retorna ao mundo da matéria, está refeito. Passa a encarar
a realidade de uma outra maneira, menos impetuosa. Neste instante
ouve aquela batida incessante do seu órgão central que trabalha sem
reclam ar. D urante sua jornada pelas cartas do Baralho C igano
Lenormand nem sequer lembra que dentro de si...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 24

O CORAÇÃO

...bate um coração, cheio de am or e de boa vontade. Dentro do


Cavaleiro, ele pulsa f reneticamente, numa batida ritmada, que parece
dizer ao nosso amigo Cavaleiro: te amo, te amo, te amo. E nosso Coração
é forte, pois na maioria das vezes é deixado de lado, sem carinho, sem
atenção e sem cuidados especiais, e mesmo assim, ele não nos deixa
ao acaso.

A carta de número vinte e quatro nos apresenta o Coração.


E sta m á quina vib ra n te , que a lim e n t a nosso organism o, parece
realmente que é incansável. Nesta carta seu arquétipo se distingüe
por emitir raios de diversas cores, como se irradiasse luz e muita
energia. Transborda sentimentos. No Antigo Egito, o Coração era tido
como principal orgão do corpo humano, pois, naquela época, o homem
ainda desconhecia a importância do cérebro.

O Coração no plano físico, representa a saúde e define a


quantas andam, o nosso bem estar. No plano astral, representa a
caridade, o amor espiritual. Neste plano também pode ser visto como
centro da nossa iluminação interior e a nobreza de sentimentos do
ser humano. Já no plano emocional, refere-se ao próprio amor. Aquele
desejo intenso de desejarmos o bem do outro, de dedicação absoluta
a um outro ser. Identificam os aqui no plano das emoções, a vida
afetiva, o modo como amamos, a nossa felicidade, como distribuímos
am or e o quanto somos capazes de ceder. O Coração bate mais forte
quando nos apaixonamos, sente dor quando estamos deprimidos, por
estarmos longe ou em busca de nossa alma gêmea. O Coração traz a
compreensão e a luta por um lugar harmônico. O Coração lembra ainda
que devemos tentar melhorar tudo à nossa volta, através do calor
humano. E a busca do lado bom da vida. Para um melhor viver, basta
olhar a luz do nosso próximo. O amor é imbatível. Pois é o mais poderoso

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dos sentimentos. Sua força descomunal é capaz de quebrar as mais


fortes correntes de ódio, rancores, ressentimentos, mágoas e tantos
outros sentimentos ruins do ser humano. O amor é uma coisa raríssima
nos dias atuais. A briga por um lugar de destaque nesta sociedade
tão competitiva aumenta em muito a dificuldade de convivência. O
bloco da solidão cada dia cresce mais. E somos solitários porque não
somos solidários. Porque não amamos. Não cogitamos abrir mão de um
espaço nosso para dividí-lo com alguém. E assim, vamos nos isolando
mais e mais, a cada dia que passa. E nossa vida vai ficando cinzenta.
Ignoramos nossa necessidade de afeto e de carinho e preferimos
seguir assim, nessa miopia crônica. Todo ser humano precisa de amor,
afeto, carinho, ternura, mesmo que não tenha consciência disso.

A té este ponto do nosso jogo de cartas, o Cavaleiro ainda não


tinha meditado sobre seu poço de sentimentos. Avançou cada uma
das cartas, usando muito mais o seu lado ativo do que passivo. Desta
carta de número vinte e quatro em diante, tornar-se-á muito mais
receptivo e, conseqüentemente, um tanto quanto mais compreensivo.
A sede da vitória, do conhecimento e da fé já foi saciada por ele. No
entanto, a sede de amor ainda persiste nesta jornada. Depois de ter
sido roubado pelo Rato, e um tanto quanto fragilizado, precisa suprir
suas necessidades emocionais. Mesmo as pessoas mais ricas e bem
sucedidas do mundo material, não se realizam se não amam e não são
amadas. Nada melhor do que o amor para alimentar a nossa alma. O
Cavaleiro está esfomeado de amor e procura alguém com quem dividir
as coisas boas e ruins que conseguiu até aqui.

Pelo ponto de vista numerológico, o vinte e quatro representa


o romantismo e o idealismo. A soma desses dois dígitos resulta no
número seis, que representa o amor. Existe aqui nesta expressão
numérica um desejo intenso de harmonia, que tudo à nossa volta esteja
calmo, que as formas sejam belas e o ambiente, tranqüilo. Nesta fase
numerológica, não suportamos gritos e discórdias. Fazemos de tudo
para conquistarmos a paz. Lutamos para que ao nosso redor, tudo seja
de extremo bom gosto e amplamente confortável. Imaginamos e nos

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transportamos, através do amor, para um paraíso, e dali, não queremos


sair. Possivelmente neste caso, é fácil pecarmos pelo excesso de zelo.
Não queremos que nada saia errado. E do mesmo modo com que apoiamos
e protegemos o ser amado e todas as outras pessoas que amamos,
exigim os do próximo, uma atenção e apoio constante. O risco que
corremos, é que muitas vezes, agindo desse modo, desgastamos o
relacionamento. A indulgência também está presente nos nossos atos.
E o amor verdadeiro não é feito de posse, muito menos de ciúme. Ele é
pleno. Integro. Tem vida própria porque deixa o outro viver.

Pela Astrologia, esta lâmina está associada ao signo de Peixes e


sua respectiva emotividade. O Coração esbanja sentimentos, sofre e,
em c o n tra p a rtid a , tam bém é feliz intensam ente. Os piscian os
romantizam as coisas e têm uma natureza afetiva. Sentem tudo com o
Coração e são verdadeiros. São também nervosos e caridosos. Se realizam
através do amor. Quando dedicam-se ao lar, família, filhos e ao grande
amor de suas vidas, conhecem a pleniutude. Também gostam de prestar
serviços em hospitais, prisões, orfanatos e nutrem grande amor pelos
menos favorecidos, quando evoluídos espiritualmente.

A Cartomancia é designada nesta carta do Coração pelo Valete


de Copas. Faz-se assim a representação do amor apaixonado e juvenil
que desconhece os limites da razão. Este jovem enamorado ignora os
freios do bom senso. Ele ama com toda a intensidade do mundo e da
mesma forma é capaz de desamar. Investe alto na sua paixão, arrisca
tudo e só sente-se feliz assim. Corre um grande risco de não ser levado a
sério por causa desta sua postura amorosa. As paixões repentinas
acontecem freqüentemente, mas é assim que ele chegará finalmente ao
verdadeiro amor. Apesar de muitas vezes se entregar demais a ponto
de se d e c e p c io n a r, seu C oração fala m ais alto sem pre. N osso
companheiro Cavaleiro parte em busca de alguém com quem ele possa
dividir sua vida. Alguém com quem ele estabeleça um laço afetivo
durável e até presenteie com...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 25

O ANEL

...um Anel de ouro cravejado de brilhantes, como símbolo do


compromisso que ele quer assumir. Será o símbolo da felicidade eterna
ao lado de quem ama. A forma circular do Anel representa o ilimitado,
ou seja, tudo aquilo que não desejamos que acabe. Q ue seja infinito.
O Anel, numa visão mais arcaica e tradicional, representa o noivado e
o casamento.

Vemos aqui nesta vigésim a quinta carta do nosso jogo de


cartas, a representação da totalidade, ou seja, duas partes que se
completam como um todo. A união entre duas pessoas que se amam e
e s p e r a m r e p a r t ir s u a s vi das j u n t a s . N os ú lt im o s t e m p o s ,
principalmente nas últimas quatro décadas deste século vinte, houve
uma desvalorização bastante acentuada do casam ento tradicional.
No entanto, já estamos no século vinte e um, no qual Nostradamus
previu o fim do mundo. Mas, leia-se nos dias atuais, o mundo interior,
o mundo que existe dentro de cada um de nós. Este era o fim do mundo
ao qual este profeta se referia. A maioria das pessoas hoje, carece
de riqueza interior. Porque vivem para ter, e não para ser. E esse
comportamento leva as pessoas a sepultarem o espírito.

Depois de trilhar o caminho da fama, do sucesso e da vitória


pessoal, através das cartas, nosso amigo Cavaleiro tenta encontrar
aqui nesta etapa do jogo, um novo sentido para sua existência. Tem
vontade de encontrar uma companhia para dividir seus triunfos e até
possíveis derrotas. Sai em busca de sua alm a gêm ea. Além disso,
percebe que o pódio é reservado aos vencedores mas também aos
solitários.

No cotidiano, a carta de núm ero vinte e cinco sim b o liz a


qualquer tipo de relacionamento, seja ele de amor, amizade, comercial,
intelectual, profissional ou outros. Num plano mais abrangente, o Anel

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signif ica o elo que temos com alguém ou algum a coisa. A carta do Anel
deve ser analisada cuidadosamente, porque dependendo das cartas
que a rodeiem, o seu sentido torna-se bastante variado. E de extrema
im portância a outra carta que a circund a no jogo, seja no canto
superior ou inferior, do lado esquerdo, ou do lado direito. Pois a carta
do Anel, é dependente.

O enfoque numerológico desta vigésima quinta carta, traduz


a conjunção do número dois, regido pela Lua, com o número cinco,
regido por M ercúrio. Como o exemplo do curioso e insaciável, ç|ue
p e rm ite d im in uir a sua in quie tud e e in satisfação pessoal. E a
capacidade que temos de assumir nossos erros e aceitarmos em nossa
vida, o desafio de uma nova fase, ao lado de um parceiro. A soma
desses dois dígitos, o dois e o cinco, resulta no número sete, que
r e p r e s e n t a a b u s c a d a q u a lid a d e e n ã o , da q u a n t id a d e de
relacionam entos. Buscamos uma com panhia estável, constante e
agradável, ao invés de termos várias relaçães efêmeras.

Na Cartomancia encontramos neste vigésimo quinto passo do


Cavaleiro, o As de Paus, que mostra as boas sociedades, a influência
de pessoas poderosas que podem nos apoiar em nossa escalada para o
suce sso. O recebim ento de prêm ios, os presentes, os retornos
imediatos de nossos em preendim entos, os palpites acertados das
pessoas mais experientes, a indicação do atalho principal e muita
sorte nos negócios. Temos ainda, a oportunidade de conhecermos
pessoas brilhantes e inteligentes, com as quais poderemos trocar
idéias e projetos. Devemos usar o raciocínio e a rapidez deste para
nos ligarmos às pessoas certas nas horas certas.

Já através da visão astrológica, esta carta esta relacionada


ao signo de Leão. Traduz aquele momento de intenso ardor íntimo em
que nos entusiasmamos com a vida e com tudo de bom que ela pode
nos dar. Estamos plenos e experimentamos um entusiasmo interior,
que nos leva à traçarmos grandes planos. Pensamos em nos tornarmos
Reis e Rainhas de uma dinastia. Sonhamos com a constituição de um

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império para deixarmos para a posteridade. A creditam os que um dia


passaremos a coroa para um de nossos herdeiros. Investim os alto em
nossos sonhos e em tudo aquilo que acreditamos. O risco que corremos
é de nos acostum arm os com a grandeza e a va id a d e excessiva.
Queremos ser coroados, presenteados e reverenciados. Queremos
ser tratados como príncipes e princesas. Temos um a grande fome de
elogios.

E nesta brincadeira de passar o Anel, nosso amigo Cavaleiro


pôde encontrar o sócio ideal para seus em preendim entos futuros.
Percebeu aqui nesta etapa do jogo que, foi e sempre será importante,
encontrar a companhia desejada em termos afetivos para realizar o
sonho de ser feliz no amor. Que é vital receber a premiação almejada
pelos seus esforços contínuos. E, até mesmo, manter o elo que une o
homem à Deus numa corrente de fé e esperança na vida.

O Cavaleiro continua brincando e pergunta com quem está o


Anel agora. Não basta arriscar uma destas parcerias, para ganhar a
brincadeira. E preciso concentração, para observar cada um dos
participantes que a vida lhes oferece. Nosso amigo Cavaleiro tem que
estudar com cuidado, cada um dos com ponentes desta diversão,
chamada brincar de viver. E, ao passar o Anel deverá saber a quem vai
entregar este aro. Deverá ser alguém que valha à pena, deverá ser
alguém que o seu Coração escolheu.

E, com quem está o Anel? Eis a pergunta. Até agora é um


segredo, então vamos tentar desvendá-lo...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 26

OS LIVROS

...Bem, primeiramente, façamos um estudo da face de cada um


dos participantes do jogo. Em seguida, tentaremos decifrar este
enigm a através do conhecimento adquirido em brincadeiras passadas.
Ou seja, utilizaremos nossa experiência na diversão de passar o Anel.
E um jogo de tática de reconhecimento. Requer aplicação, estudo,
estratégia e por fim, a ação consciente. Baseados naquilo que já
conseguimos perceber, é que iremos traçar uma meta ou um objetivo.
E o aprendizado da vida. Que estuda o terreno, pisa nele com mais
segurança.

Encontramo-nos aqui na vigésim a sexta lâmina, a carta dos


Livros. A carta de número vinte e seis retrata vários livros grossos de
uma enciclopédia, ao lado de um dicionário. Os Livros encontram-se
desarrum ados e gastos, parecem velhos, comprovando o seu uso
através do tempo, como fontes de consulta e saber. São Livros antigos
e valiosos, que identificam a importância da cultura. Por este motivo,
esta carta é ligada aos estudos e também ao trabalho intelectual.
Ambas correspondências, têm raiz no raciocínio lógico. Seu signif içado
pode ser estendido também à conservação, aos segredos, e tudo aquilo
que denota esforço e capacidade.

Nosso amigo Cavaleiro, depois de várias experiências, já tem


uma história para contar. Acumulou diversos dados, que podem ser
acionados por ele mesmo, no seu cotidiano. Assim como, podem ser
passados para terceiros, a fim de que eles venham a se desenvolver
como seres humanos. O velho chavão que diz que o saber não ocupa
espaço, está altamente simbolizado nesta lâmina. Todo estudo que
nós seres humanos adquirimos, nos leva, mais cedo ou mais tarde, a
desenvolverm os um conceito ou uma filosofia de vida. O melhor que
um pai pode dar a um filho e o que um país pode dar a um cidadão, é a
educação. Ela é a base de tudo. A sabedoria e a disciplina são aspectos

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relevantes e qualidades necessárias, que mantém um sujeito em pé.


Muitas vezes, presenciamos pais que trabalham uma vida inteira para
deixarem um patrimônio para os filhos. E mais tarde, estes pais podem
assitir seus próprios filhos, transformarem esta riqueza material, em
pó. O essencial que se pode deixar para um ser, não é o sustento
material, e sim, a preparação do indivíduo para a batalha da vida. Ou
seja, equivocadamente, muitos pais e orientadores, esquecem de
educar seus filhos e alunos para a vida. Se por um revés econômico, o
filho perde o apoio financeiro, a estrutura de uma boa educação, o
levará à virar a mesa e alternar uma situação desastrosa. Ao contrário
do que valorizamos hoje em dia, um homem vale pelo que ele é e não
pelo que ele tem. Aquilo que somos é nosso maior tesouro. Quem
ac re d ita que vale pelo que tem , corre um g ra n d e risco de se
decepcionar, caso algum dia os recursos materiais lhe faltem. Do
mesmo modo, uma nação só conhece o progresso, quando dá escola e
o p o r t u n id a d e s de t r a b a lh o s para se us c id a d ã o s . E isto q ue
verdadeiramente mantém um grande país. Sem cultura, não existe
estrutura.

Com seu diploma da vida na mão, o Cavaleiro se tornou um outro


homem e, antes de mais nada, ele presenteou a si mesmo. Conheceu o
mestre que, de alguma forma, lhe inspirou. E, mais adiante, o professor
encontrará outro discípulo para que com este aluno, algum a outra
coisa valiosa, possa ensinar e também, aprender. O conhecimento é
transferenciai. Se reparte em mil pedaços e se multiplica, ao mesmo
tempo. E assim que o caminho da sabedoria, se mantém há muitos e
muitos anos. A mágica do saber é um tesouro de valor inestimável que
ancora diversas gerações. Seu avô contou uma história para o seu pai,
que contou para você, que irá contar para o seu filho.

Na Cartomancia tradicional, o Dez de Ouros que marca esta


vigésim a sexta carta, descreve o reconhecim ento do nosso valor
prof issional. Mostra que o resultados de nossos investimentos serão
bastante satisfatórios. Reconhece a expansão de nossos negócios e,
conseqüentem ente, um aum ento em nossos ganh os, oriundos de

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trabalho e estudo. Valerá a pena ter investido em nosso potencial. O


aperfeiçoam ento é vital para a sobrevivência. A má vontade de ensinar
e a má vontade de aprender, serão desastrosas e poderão atingir,
fatalm ente, o indivíduo. Estude e procure saber sobre o seu próprio
ofício, sempre. Se aperfeiçoe a cada dia. Enfim, especialize-se!

Já na Numerologia, o número vinte e seis ressalta o valor da


in t e lig ê n c ia , da v ir t u d e e da c a p a c id a d e de c on ce n traç ão . O
desmembramento deste mesmo número, onde temos o dígito dois e,
logo depois, o dígito seis, se explica do seguinte modo: o número dois,
representa a cooperação e a união. O número seis, representa a
sociabilização e o equilíbrio. Ambos, preparam o indivíduo para a
organização social de um grupo, ou seja, a escola, a empresa, o clube
ou a sociedade.

Bem sucedido em sua escalada para o status e o prestígio social,


como um capricorniano, nosso viajante agora já tem outros planos.
Do alto da montanha, pensa em ajudar outras cabras a subir o morro.
Repara no desempenho de cada uma delas e cogita aconselhá-lhas. O
Cavaleiro sabe que, algumas destas cabras, precisarão recuar para
subir novamente e vê que, pode auxiliá-las nesta jornada. Já tendo
passado por cada pedra e sabedor da rota, rumo ao topo da montanha,
pensa o Cavaleiro, mais uma vez, em advertí-las e orientá-las.

O Cavaleiro afasta-se um pouco. Usa sua concentração. Fica


imaginando como irá guiar seus discípulos com segurança. Como irá
realizar tal procedimento. Planeja, organiza, e parte para a ação. Quem
sabe, educando, orientando, assessorando, repassando adiante seu
conhecim ento, enfim, espalhando placas de sinalização...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 27

A CARTA

... escrevendo uma carta em forma de aviso. Ei-lo aqui nesta


vigésima sétima parte de nossa viagem através do Baralho Cigano. O
Cavaleiro já tendo desempenhado bem o seu papel na dinâmica da
v id a s e n te um a p r o f u n d a n e c e s s id a d e de p a s s a r a d ia n t e o
conhecimento acumulado na carta anterior.

O Cavaleiro então, junta todo o seu material, classifica-o e


finalmente considera-o pronto para passar adiante. A primeira idéia
que lhe surge é a de escrever um livro. Reflete e considera este método
um tanto quanto formal dem ais para os leigos, ou ansiosos. Por
experiência própria, ele sabe que muitos poucos são aqueles que se
dão ao trabalho de ler um livro inteiro em pouco tempo e, logo após,
aplicar na prática o que aprendeu. E se o Cavaleiro fizesse um anúncio
em algum veículo de comunicação, seria bom, pensa ele. E se fizesse
propaganda direta e indireta de suas qualificações e de toda a sua
experiência, daria certo, imagina ele.

Bem, muitas pessoas irão diretamente aos conselhos que lhes


interessam, procurando o Cavaleiro com certeza, para um curso, um
conselho, um encontro ao vivo numa palestra. Mas, como sintetizar
em poucas palavras tod a um a e x p e r iê n c ia de vid a? Com e sta
interrogação no ar, o Cavaleiro esboça sua aula e sua apresentação.
Opta então, depois de tanto avaliar um método e outro, por sair por
aí, comunicando-se com as outras pessoas, fazendo uma abordagem
direta, para depois partir para as formas indiretas da linguagem
verbal. E, como voluntarioso e bem intencionado, prontam ente, o
Cavaleiro vai orientando aqueles que batem à sua porta.

São muitas as pessoas que tentam encontrar o caminho certo.


Cada um do seu jeito. E de forma gradual, o Cavaleiro vai dizendo a

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cada um dos estudantes da vida, como se sair melhor de uma próxima


vez. Como não quebrar tanto a cara. Incentiva-os na auto ajuda.
Espalha em suas mentes o poder do pensamento positivo. Dá dicas de
curas alternativas. Enche seus corações de esperanças. Avisa-os sobre
os perigos das trilhas desconhecidas. Ele próprio como bom andarilho
já esbarrou em diversos obstáculos. A partir daí diversifica seus
ensinam e ntos usando para isso diversos meios de com unicação.
Exercita sua espiritualidade na ajuda ao próximo.

A carta de núm ero vin te e se te nos m ostra a C arta, a


advertência que se faz através de documentos, conselhos, notícias,
papéis im portantes. Na era da inform ática, quem não está bem
informado é quase um analfabeto. As notícias correm depressa demais.
O tempo é excessivamente curto, para tantas novas informações. O
indivíduo precisa captar os novos dados com bastante agilidade. Via
Internet ampliamos nossos horizontes. Na Era da Informação não
podemos perder tempo. No entanto, como uma faca de dois gumes, o
excesso de informações novas, podem isolar o indivíduo. Isto porque
o computador absorve muito a atenção da pessoa. Ela se vira para o
equipamento ao invés de se relacionar com as outras pessoas, isto é,
conviver socialmente. E a ausência do contato social, pode levar o
indivíduo à uma alienação. E preciso encontrar o meio termo, é uma
questão de bom senso. De qualquer forma, não podemos ignorar a
existência dessas máquinas maravilhosas. A Era de Aquário traz o
mundo exterior para confrontar com o nosso mundo interior.

Em sentido mais elevado e espiritual, a Carta significa a palavra


de consolo que podemos levar à alguém, o ombro amigo ou a utilização
do verdadeiro dom da palavra. Toda manifestação da linguagem tem
m uito valor, desde que seja para esclarecer os espíritos menos
e voluíd o s. T em os aqui as m e nsage ns psicografad as e as obras
m ediúnicas. C ontam os tam bém com a incorporação de espíritos
conselheiros em aparelhos. Esta experiência de transe e mediunidade
é extremamente válida para que os bons espíritos possam dar socorro
àqueles que sofrem nesta passagem pela Terra. Isto é o que se revela

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nesta fase do Baralho Cigano Lenormand.

A A strologia caracteriza esta carta através do signo de


Gêmeos, aquele que distribui a inform ação com sua inteligência,
vivacidade e rapidez. A boa expressão é uma qualidade deste signo.
Mercúrio, seu regente, tem asas nos pés, por isso ele é considerado o
mensageiro do Zodíaco.

Tem os tam bém a N u m e ro lo g ia , que c la s s if ic a o núm ero


composto vinte e sete como o uso das palavras essenciais, ou seja,
falar somente o indispensável. Na maioria das vezes, as poucas palavras
acabam se tornando de grande valor. E o recado curto e grosso dado
na hora certa. Considerando a soma desses dois dígitos, do número
dois e do número sete, chegaremos até o número nove, que nada mais
é, que o protótipo do irmão mais velho, o confidente, o diplomata e o
jornalista.

A dica da Cartomancia se faz através do Sete de Espadas,


que mostra a luta para mantermos os nossos compromissos em dia, ou
num sentido mais negativo, a má interpretação das nossas idéias e
palavras. São aqueles instantes difícieis em que surgem intrigas e
somos mal entendidos. Quando a palavra nos é dada, devemos pensar
muito antes de fazermos uso dela. Na segunda hipótese, quando
ouvimos nosso interlocutor, é prudente analisar profundam ente o
conteúdo da sua mensagem. Resumindo, raríssimas são as vezes em
que devemos falar sem pensar.

O papel de conselheiro vivido pelo Cavaleiro nesta vigésima


sétima carta, acrescenta à ele o título de perito. Como um verdadeiro
guia, sua intenção foi de passar à todos os seus alunos da escola da
vida, os princípios fundamentais do bem viver. Sua palavra, escrita ou
falada inspirou muitos dos seus discípulos. Sente-se feliz como mestre
e quase realizado como homem...

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CARTA 28

O HOMEM

...o mais evoluído ser da espécie animal cuja complexidade, o


leva aos mais diversos caminhos. O Cavaleiro chega a este vigésimo
oitavo estágio do nosso jogo de cartas, com o seu ego completamente
envolto em suposições de caratér científico. Como homem que também
já indagou mais de uma vez a si mesmo: “ De onde vim, onde estou e
para onde vou?" Nossa origem até hoje, é amplamente discutida. No
entanto, apesar de tão elevado grau de inteligência, assim como os
outros animais, muitas vezes o Homem reage como um ser frágil.
Q uando nasce, é completamente dependente. Na fase adulta, ou como
comumente se diz, um Homem feito, busca seu papel na sociedade em
que vive, na maioria das vezes, dilacerando outros da mesma espécie.
O Homem como já foi dito em outras ocasiões, é o único animal que
mata sem motivo. Mesmo o mais selvagem dos animais, só mata para
comer ou para se defender.

O Cavaleiro iniciou esta jornada seguindo seu instinto animal e


chegou até este ponto, externamente lapidado, pela suas experiências
de vida. E internamente ainda bruto, pela sua condição de ser humano.
O Cavaleiro já agiu como um menino, um adolescente e agora deverá
aprender a agir como um verdadeiro Homem. Não é só o peso dos anos
e nem a maturidade adquirida pelo sofrimento e adversidades, que
lhe levarão a ser considerado como um Homem de verdade. Foi lhe
dito a vida inteira que Homem não chora, que não sente fraqueza, não
pode perder, não tem medo de M ulher, não pode vacilar em nenhum
momento, que tem que garantir o tempo inteiro a sua condição de
macho, que ele tem que ser campeão, enfim um Super Homem e não
um Homem apenas, como ele verdadeiramente o é. Em cima destes
equívocos o Homem construiu, e infelizmente muitos ainda constroem,
muitos castelos de ilusões. Aquele famoso castelinho de cartas que,
por qualquer coisinha, desmorona. Pleno é o Homem que não vive só de
cama, mesa e trabalho. E aquele que sabe ser sensível e ao mesmo

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tempo duro. Aquele que tenta se equilibrar entre a Razão e a Emoção.


Este sem sombra de dúvidas, terá muito mais chances de conhecer a
beleza de ter nascido sob o sexo masculino.

Referenciando à N um erologia, o núm ero vinte e oito que


identifica esta carta, retrata a genialidade do ser humano, o potencial
do Homem em transformar com suas próprias mãos, os recursos que a
natureza lhe dá, a alternância das situações e a preparação para o
futuro. Separando-se os dois dígitos do número vinte e oito, temos o
dois, e logo após, o oito. O primeiro número sinaliza para a sociedade
e o segundo número, para a construção. O Homem é o ser que quando
trabalha em conjunto constrói e, por egoísmo, destrói. A soma e
posterior redução deste mesmo número, ou seja, dois + oito é igual a
dez, que reduzido, dó um + zero = um. O número um está ligado ao Sol,
o princípio masculino, o pai e o início.

O perfil astrológico desta carta, traz os traços de Escorpião,


quando m ostra a intensidade de se ntim entos que pode gerar a
violência, o ódio e a possessividade. Existe uma fábula, bastante
conhecida, do sapo e do escorpião. Estes dois animais se encontram
na margem de um rio. O escorpião, não podendo atravessar para o
outro lado do rio, sem afogar-se, pede ajuda ao sapo. O sapo,
primeiramente, nega o auxílio. O anfíbio explica ao escorpião, que
desconf ia dele, porque ele poderá matá-lo no meio da travessia com o
seu ferrão fatal. O escorpião rebate, dizendo-lhe que se tiver tal
procedimento, não conseguirá atravessar o rio pois irá morrer também.
Isto convence o sapo, que deixa o escorpião montar em suas costas
para juntos entrarem na água. Um pouco antes de chegar à outra
margem o escorpião pica-lhe a garganta. O sapo moribundo, antes de
seu último suspiro, pergunta ao escorpião porque ele fez aquilo. Este
então, lhe responde cinicamente que, aquela era a sua natureza. Estas
características estão ligadas ao lado bruto do Homem. Assim como, a
prática do sexo movido pelo desejo e não, pelo amor. Embora os baixos
instintos possam identificar o animal, a promiscuidade é humana.

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Já a Cartomancia tradicional reveste o signif içado desta carta,


através do As de Copas, como o momento em que nos deixamos dominar
completamente pelo sentimento. Há um desinteresse pela realidade,
porque as paixões predom inam. E um momento de grande atração
física e sensual. Tudo ao nosso redor parece secundário. Só ouvimos
o que o nosso coração quer dizer. Aparentemente, o Homem tem um
maior domínio da razão. Parece-nos insensível, no entanto, por estar
menos acostumado a lidar com as emoções, é aí justamente, que ele
corre riscos. Não as domina completamente. Perde-se nelas. E esta
fase da Cartomancia mostra justamente a emoção dominando a razão.
Há uma abundância de sentim entos, que chegam a transbordar,
deixando a cabeça tumultuada. A energia aqui é avassaladora, e muitas
ve z e s, mal canaliz ad a . Podem haver rom pantes de paixão. Os
relacionam entos são m otivados por incêndios de paixões. Tudo é
rápido, intenso e devastador. E um período de novas amizades, novos
contatos, encontros secretos, torturas psicológicas e um medo enorme
de se comprometer. Uma sensação de adolescência.

O Cavaleiro viril e orgulhoso de si como figura m asculina


reconhece-se forte porém não completo. Tudo que falta ao Homem
sobra na mulher e vice-versa...

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0 Baralho Cigano Lenormand

CARTA 29

A MULHER

... e o Cavaleiro chega até ela, a dona do jogo, aquela que dá as


cartas, e que com a sua primorosa intuição, abre para ele a porta do
futuro. Ela embaralha as cartas. Dispõe-as sobre a mesa e lê para o
nosso andarilho, o que lhe aguarda num futuro próximo. Aquele sexto
sentido, seu dom profético, seu mistério e sua graça é o conjunto que
fascina o Cavaleiro. A Mulher domina as situações, nas quais a razão
torna o caminho obscuro. Justamente por ter sido criada para não
usar a lógica, ela se sai bem, e para surpresa de muitos homens, é o
que uma Mulher faz melhor. Ela tem o dom da videncia. Pressente ao
longe o perigo.

A carta de número vinte e nove tem em seu contexto a figura


de uma Mulher, este ser receptivo. Com sua leveza, persuasão e
e n c a n to , ela envolve o C a v a le ir o . Parece d isp or de um tem po
indeterminado para ouví-lo. A Feiticeira do Tempo, a Mãe Terra, a
Geradora de Luz são um dos inúmeros adjetivos que lhe cabem bem.
Nosso andarilho parece indefeso diante de tal criatura. Tamanha
receptividade faz-lhe sentir ¡mensamente importante e querido. Além
do seu especial toque de mão, ela também sabe massagear-lhe o ego.
A M ulher conhece todos os mistérios da sedução. Sabe fazer-se
bonita, gentil, delicada, compreensiva e tranqüila. Tudo ao seu redor
se enche de graça com a sua-presença. O Cavaleiro que até então,
tin h a su a se n sib ilid a d e a d o r m e c id a , d e sp e rta -a . E aí que ele
acrescenta à sua personalidade masculina o complemento ideal. Pois
tamanha sutileza, domina sua brutalidade.

Neste vigésim o nono estágio o Cavaleiro reconhece que a


Mulher, chamada sexo frágil, muitas vezes prova o contrário. Com a

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sua força encoberta de fem inilid ad e destrói tabus, abre novos


espaços, persegue uma a uma, as conquistas consideradas somente
masculinas. Esta invasão tem um lado positivo pois contrabalança o
peso da responsabilidade que, até então, o Homem carregava sozinho.
O lado negativo estaria na solidão dos vitoriosos que o sexo masculino
já experimentou anteriormente. Com o tempo ambos os sexos, apesar
das transformações pelas quais passaram principalmente nas cinco
últimas décadas, perceberão, tal qual disse o poeta Khalil 6ibran, que
poderão beber do mesmo vinho porém não na mesma taça. Este é o
segredo do casamento feliz.

Nosso viajante tem pleno conhecimento que, apesar das suas


inúmeras diferenças, da eterna guerra dos sexos, o Homem não pode
viver sem a Mulher e vice-versa. A graça desta convivência está
justam ente nas suas diferenças. A Mulher enxerga o que o Homem
não vê e somente ele, pode ver o que ela não quer enxergar. Os pólos
opostos se atraem e é por causa disso, que este romance entre os
dois sexos é eterno.

Vale a pena lem brar aqui que no casamento de pessoas do


m e s m o s e x o , a m e s m a d if e r e n ç a se faz p r e s e n t e , p o r q u e
independentemente do que a genética decretou para cada ser humano,
a força feminina e masculina vibra sempre mais intensamente num
deles. Ou seja, um procura no outro, o lado homem ou mulher, que lhe
falta. E assim sempre seguirá a espécie humana em busca do que
considera a felicidade.

O Ás de Espadas que descreve o símbolo da Cartomancia desta


lâmina indica um momento em que precisamos ter pés firmes no chão.
Não devem os nos deixar levar pelas paixões, pelos envolvimentos
am orosos, pelas arapucas de pessoas argumentativas e com grande
poder de persuasão. Deveremos evitar a passividade, a omissão, o
comodismo e a alienação. Indica também que é preciso ter um faro de
detetive para enxergar algo que os outros querem nos ocultar. Seja
você mesmo e não tenha medo de dizer “não", caso a sua intuição lhe

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sugira isto. Quantas vezes já ouvimos a expressão "É preciso ter


cabeça para lidar com uma situação dessa...", ou seja, é preciso agir
através de atitudes bem refletidas para não sofrermos.

A Numerologia brinda esta carta com o seguinte significado:


a vitória é aliada da sutileza. O número vinte e nove se refere à
graciosidade, às boas maneiras principalmente quando em público. E
também, à capacidade que, principalmente as mulheres têm, em negar
algo com um sorriso nos lábios. O número dois representa a força e
domínio da Lua. O número nove significa a grande versatilidade
daqueles que já tiveram de se confrontar com vários adversários.
Tanto é que o nove é o último número tendo dentro de si, a experiência
de cada um dos números anteriores. Isto porque ele é o último número.
Podemos interpretar aqui, a saída diplomática e educada para as mais
variadas situações. Por sua adapatabilidade e versatilidade.

A Astrologia destaca-se aqui pelo signo de Libra através da


persuasão, do refinamento e da coquetería altamente característicos
da M ulh e r. T em os aqui o ch arm e e a v a id a d e f e m in in a bem
representados. Além de Vênus ser o planeta regente deste signo. Ele
representa a beleza, distinta, real, inconfundível.

Seja qual for o seu estado civil, o Cavaleiro já aprendeu a não


subestimar o poder feminino. Tem dentro de si a quantidade exata
da porção Homem e Mulher para se orientar durante esta viagem que
prossegue. Deste equilíbrio que ele conquistou já não prefere mais o
azul, no lugar do rosa. Descobriu que ambas as cores tem o seu valor
e elas devem ser usadas de acordo com o momento de cada um. E tem
vezes até, que ele pref irirá o branco, que representa a paz. E é neste
momento de trégua que ele conhece o valor da calma, da virtude...

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 30

A FLOR-DE-LIS

... e da meditação. Cansado do imediatismo e do individualismo


que caracteriza o cotidiano e dif ¡culta em muito, uma relação à dois,
o Cavaleiro se encontra confuso. O ponteiro de sua bússola gira sem
parar. Ele anseia por uma orientação. Apesar de seu costumeiro
c on trole m ental, não e ncontra um a saída. Tal qual um réu num
julgam ento, ele poderá ser culpado ou inocente neste emaranhado de
emoções. E justamente nesta lama emocional, que brota a mais pura
das flores: a Flor-de-Lis ou Lírio.

A trigésima carta deste baralho traz em seu arquétipo a Lis,


esta alva flor que nasce nesta planta bulbosa denominada Lírio. No
seu bulbo ela acumula as substâncias que lhe servirão de alimento, ao
contrário da maioria das outras plantas que extraem diretamente da
terra através de suas raízes aquilo que precisam. E desse modo que o
Lírio se mantém puro, ou seja, ele precisa da terra para sobreviver
mas, não mantém um contato íntimo com ela. A Lis tem sua origem
ligada à filtragem das coisas terrenas, ou seja, na preservação do
Lírio.

Observemos que o Cavaleiro crê, que precisa se livrar dessa


sujeira que ele carrega dentro da sua mente. Este processo começou
na carta do Anel, na qual ele se associou. Em seguida, encontrou no
Livro seu aprimoramento pessoal. Veio a consciência dele mesmo, na
carta do Homem. Logo a seguir, ele não pode negligenciar a importância
da Mulher na vigésima nona carta. Ele reclamou da solidão, no entanto,
quand o passou a d ivid ir seu espaço com outra pessoa tam bém
apresentou queixas. Logo, ele deduz que o defeito está dentro dele
m esm o, daí se n tir-s e , um ta n to quanto im undo, neste pântano

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psicológico. Parte para uma caminhada solitária, típica do filósofo


que questiona a essência da vida. Desde o início dos anos noventa,
homens e mulheres se encontram assim, em suas relações íntimas.
Ambos não têm referencial para um casamento bem sucedido. Vacilam
entre o pós-machismo e pós-feminino. Como em toda crise, há um
crescimento. E, como tudo é questão de consciência e atitude, ambos
os sexos acharão finalmente, um fator comum entre si. Será assim
mais adiante. Entretanto, no presente o Cavaleiro se preservará como
o Lírio.

Quando nosso mestre Jesus disse "Olhai os lírios no campo"


ele nos chamava à atenção para a pureza daquelas flores que se
mantinham intactas na terra. Era como se o Filho de Deus estivesse a
nos dizer que, mesmo num brejo, era possível sermos almas puras. Não
devemos nos deixar infectar pela imundície, muitas vezes presente
na vida material. Dentro de cada um de nós, por maiores que sejam os
nossos erros, existe também uma parte imaculada por Deus. Num
sentido cristão o Lírio está ligado à salvação através da pureza, é o
Cristo Interno que devemos cultivar dentro de nós. Através da virtude
é que lapidamos a nossa identidade.

A Numerologia credita ao valor trinta desta carta, o indicativo


de que precisam os encarar nossos prob lem as de frente e não,
e sc ap arm o s pe la t r ilh a da in d if e r e n ç a . O d íg ito trê s tra z a
espontaneidade. Já o dígito zero, o poder de Deus. Ao juntarmos isto,
teremos o indivíduo que se alegra e se manif esta positivamente diante
da vontade de Deus. Ao f rearmos nossas manif estações espontâneas,
isto é, ao re f le tirm o s m uito com o d e ve m o s ag ir p e rd e m o s a
naturalidade. O núm ero trinta é im placável diante do artifício,
produzindo resultados bastante negativos.

A A strologia aponta para o aspecto negativo do signo de


Gêm eos nesta carta já que, em seu contexto, ela m ostra que o
nervosim o e a pressa tão caracte rísticas deste signo, alteram
profundam ente o curso natural das coisas cotidianas. A falta de

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concentração e de persistência, impede os geminianos de procurarem


o Lírio dentro deles mesmos. Já no aspecto positivo, temos a extrema
sensibilidade desses nativos igualmente encontrada na Flor de Lis.
Porque a energia geminiana é uma energia nervosa, inquieta, e ao mesmo
tempo, vital.

O Rei de Espadas presente nesta lâmina descreve um homem


inteligente, competente, amante das estruturas sociais mas que, de
repente, põe tudo a perder, por puro nervosimo. Ele fala demais e
geralmente a sua conduta não corresponde à sua oratória. E como se
ele funcionasse mais na teoria, do que na prática. Apesar de sua
versatilidade e capacidade, ele desiste muito facilmente de encontrar
a Flor de Lis na aparente feiura do brejo. Já o am biente úmido,
propício para o Lírio, combina com a frieza que ele expressa em
determinados momentos. Conduta esta que, aliás, desagrada em muito,
as outras pessoas. O Rei de Espadas exerce uma liderança intelectual
sobre os outros. Isto o torna uma pessoa altamente atraente. Ele tem
empatia e um dom natural para conduzir as pessoas ao sucesso. Este
monarca está sempre buscando a perfeição em tudo que faz. E
competente, gosta do poder também, mas sabe respeitar os seus limites
e o dos outros. Esta sua característica o torna popular e muito querido.

Digamos que esta fase da jornada de nosso amigo Cavaleiro


serviu para que ele percebesse mais uma vez que o homem sabe muito
pouco de Deus, ao contrário do que parece. Mesmo purificando-se, e
tendo uma vida repleta de virtudes e procurando viver em paz, isto
ainda reflete a pequenês do homem diante da grandeza de Deus, este
divino ser que nos criou. E por falar no Pai...

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CARTA 31

O SOL

... temos aqui o Astro R ei, esta fonte incessante de energia.


Ele é a fonte de vida que ilumina a Terra. O sol que desponta no
horizonte, símbolo do Poder Divino. Através do Sol percebemos o
princípio ativo que representaria o espírito, enquanto a Terra como
princípio passivo, seria a matéria. O Sol ao longe, num lugar tão alto,
parece ser o olho que tudo vê. E que estes olhos são de Deus, nosso
Pai Celestial. O Cavaleiro encontra nesta trigésima primeira carta, a
proteção divina. Lembra do Salmo noventa e um que diz "Se Deus é
por mim quem será contra mim?" E na clareza dos divinos raios solares,
que ele se banha de autoconfiança e assim, prossegue muito mais
determinado em sua jornada. Porque o pensamento cria, para a mente
tornar real.

Quase que diariamente, o astro rei nos presenteia com seu


calor. Este seu afeto diário, infelizmente, passa desapercebido para
a maioria das pessoas. Não costumamos agradecer ao Sol por sua fiel
dedicação. Nos períodos chuvosos e em dias de tempestades, é que
esperamos ansiosamente por sua volta. Fato esse que trará o ânimo
ao nosso planeta.

Sob sua guarda, o Cavaleiro esbanja vitalidade. Apóia os que


estão ao seu redor. Sua energia positiva chega a ser contagiante, o
que inspira os demais. A vontade de fazer bem feito representa
cinqüenta por cento da realização. Aqueles que não desistem, são os
mesmos que conhecem o triunfo.

A proximidade ou distância do Sol em relação ao Cavaleiro no


nosso jogo de cartas, fará com que o nosso andarilho saiba o que lhe

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reserva o futuro. Perto do Sol o Cavaleiro está perto de alcançar o


sucesso tão almejado. Longe dele, o nosso andarilho ainda terá pela
frente muitas etapas a serem vencidas. O Sol nasce para todos mas,
dependerá de nosso esforço pessoal, que o brilho dele se faça mais
intensamente sobre nós.

A Cartomancia empresta à lâmina de número trinta e um o seu


caratér empreendedor. Através do As de Ouros, virá a realização
material. Existe aqui um grande potencial e muita firmeza de propósito.
E a construção do nosso alicerce vital. A base de um futuro promissor
estará bem acentada nesta fase deste jocjo de cartas. Conhecemos o
su c e sso quand o chegam os até aq u i. E um m om ento altam e nte
gratif¡comente e feliz de nossa existência. E como termos uma coroa
de ouro sobre nossa cabeça assegurando-nos um lugar de destaque.
São as bênçãos do céu que chegam até nós. Nesta etapa do jogo,
renovam os a nossa confiança em nós mesmos. Somos capazes de
encorajar os demais. Estamos sempre atuando de forma positiva e
isso cativa aqueles que estão ao nosso redor. Exercem os uma
influência forte e altamente transparente, límpida, cristalina sobre
àqueles que nos cercam. Mesmo quando elogiamos, somos francos.
Porque não há bajulação nesta etapa da Cartomancia. Há clareza,
objetividade, produção e retidão de pensamentos. Brilhamos de
verdade!

A concepção num erológica desta carta traduz-se em dois


termos como veremos a seguir. O primeiro é representado pelo quatro,
que resulta da som a do três + um. Temos assim, a convicção e a
seriedade deste resultado. Já que o número quatro, é que nos tornará
fortes e imbatíveis. Já o segundo termo é descrito separando-se os
dois dígitos, o três e o um. O número três representa a criação. O
número um sim boliza o ego, o nosso eu. Temos então, nesta segunda
visão, o ser que criará as próprias oportunidades, em busca da vitória.
Seguirá sua voz interior, derrubará todos os obstáculos que surgirem
à sua frente, porque sabe ser ele mesmo, o portador da luz divina e
merecedor das boas coisas da vida.

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Já a Astrologia conduz esta lamina pelo signo de Capricórnio,


através de sua tenacidade, persistência e extrema noção do tempo. E
o próprio trabalhador que coloca, tijolo por tijolo, até chegar ao topo.
Além disso, temos aqui também, a figura do pai, aquele que ampara e
aponta a direção correta. E o amor paternal, indispensável ao guerreiro
que lutará pela vida. O lado negativo deste décimo signo do Zodíaco
aparece nesta carta, quando nos deixamos levar pela cabeça e não,
pelo coração. O Capricórnio elevado corresponde ao Unicórnio, este
animal fabuloso da era medieval, que era símbolo antigo de pureza e
fortaleza. Os capricornianos altam ente espiritualizados realizam
todas as coisas de sua vida, visando o alcance da esfera superior.
Reagem como se tivessem um juiz supremo a lhe julgarem, em tempo
integral acima de suas cabeças, a fim de que não errem em suas ações.
Isto lhes dá um caratér muito escrupuloso. O próprio Jesus Cristo
encarnou em Capricórnio. Seu exemplo de amor ao Pai, o dignificou
como o Filho de Deus.

O Cavaleiro aprendeu com este luminar, o Sol, o valor do


otimismo, da força de vontade, da clareza, da verdade e de como é
essencial, nos mantermos positivos diante deste dom divino, que é a
vida. Ao invés de choramingar pelos cantos, deveriamos isto sim,
agradecer à Deus a oportunidade de estarmos aqui para evoluir. Por
mais difícil que seja a nossa vida, vale a pena vivê-la. Sempre. E
lamentável que muitos seres humanos só consigam viver de muletas,
seja no vício, na renegação da própria vida, na agressividade extrema
ou na profunda depressão. O homem é o ser vivo que mais chora e
lamenta a sua própria existência. Nasce chorando, vive chorando e
morre chorando. A maioria da humanidade desconhece o valor do riso
e da alegria e quer que a vida seja uma eterna mãe...

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CARTA 32

ALUA

... a lhe carregar no colo. Ao contrário do Sol, que simboliza o


lado consciente da vida, temos a Lua, que traduz o outro lado, ou
seja, o inconsciente. Quando a noite chega temos um outro luminar a
ninar a terra.

O Cavaleiro irá agora conhecer o outro lado da vida. Durante o


dia trabalhou e acreditou em si mesmo. Pela ótica realista posicionou-
se quanto ao futuro. Tudo aquilo que está sob o Sol pode ser visto a
olho nu. Já o que está sob a Lua, não se revela totalmente. Diferente
do astro rei, a Lua dá ao nosso viajante a visão idealista e sonhadora.
Também o remete ao passado. O indivíduo regido pela Lua, dá enfase
aos sonhos, às fantasias, aos mistérios e à imaginação. O visionário e
o intuitivo veem as coisas sob a luz do luar. Eles se deixam levar por
sua magia encantadora. O Cavaleiro diante da Lua trai a si mesmo,
porque experimenta dentro de si, uma força oscilatoria. Os altos e
baixos em ocionais tornam -se freqüentes. As fases tam bém são
distintas.

A Lua está mais próxima da Terra, tal qual a mãe de um filho, e


representa assim o princípio fem inino, ao contrário do Sol que
re pre se n ta, o m asculino . Em suas diversas fases influe ncia os
acontecimentos terrenos. Existem diversas lendas acerca deste corpo
celeste, que está tão perto de nós. As noites de lua cheia sempre
e stive ra m pre se n te s com o pano de fundo para várias fáb ulas
interessantes e muitos tipos de crendices. Existem simpatias populares
para serem feitas nas quatro fases diferentes da Lua. Há também a
dieta da Lua.

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Nesta etapa deste jogo de cartas o C avale iro escapa da


realidade. Muitas vezes, sonha acordado. Perde-se em devaneios. E
como se ele tivesse adquirido um par de óculos cor de rosa, que
modifica a visão das coisas tornando-o ingênuo e cego em algumas
ocasiões. Imaginemos aqui um criança cujo amparo materno se faz
em tempo integral. Mediante este comportamento materno, ela não
aprende a se defender sozinha das adversidades mundanas. A mãe,
por excesso de zelo, acaba sufocando este ser que permanecerá frágil
durante toda a sua vida. E o exemplo vivo daquele velho ditado que
diz, que o arbusto não pode crescer à sombra da árvore. Aqui, muitas
vezes, o Cavaleiro não reconhece a si mesmo.

A Cartomancia confere a esta carta um leque das mais variadas


emoções. O Oito de Copas revela uma necessidade acentuada de apoio
afetivo, muitos medos infundados e um apego excessivo a tudo que
nos pertence e que nos diz respeito. O sentimento de culpa nos imprime
uma personalidade masoquista e problemática. E preciso aceitar os
desaf ios e dirigir nossa própria vida. Qual de nós ainda não se deparou
com aquele tipo de pessoa que vive culpando os outros por suas mazelas,
com chavões do tipo: Por causa de Fulano não pude me tornar isso ou
aquilo, se depender de Fulano eu permanecerei isto ou aquilo. Para a
grande maioria das pessoas, é muito mais fácil se acomodar do que
lutar pelo que se quer. Culpar o outro então, por suas próprias mazelas
é um ato corriqueiro da humanidade em geral.

Pelo aspecto numerológico, temos o número trinta e dois que


se converte através da soma e redução, onde três + dois, resulta no
número cinco, afirmando aqui a existência de uma energia cíclica. Este
número aponta para a variação de propósitos e para o ser volúvel, que
muda por mudar. Existe também uma acentuada vulnerabilidade. Se
c o n s id e r a m o s s e p a r a d a m e n t e o d íg it o trê s e o d íg it o d o is ,
referenciamos o primeiro número, o três, aos dotes artísticos, ao bom
humor, a alegria, a dramaturgia, a espontaneidade, o canto, a dança e
os se n t im e n t o s . Já o se g un d o n ú m e ro , o d o is , re p re s e n ta a
receptividade, o lado feminino, a capacidade de dar e receber, a

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sensibilidade, o calor humano. Resumindo, é tudo aquilo que podemos


sentir e criar e que resulta em arte ou forma de expressão.

A A s tr o lo g ia , com o não p o d e r ía d e ix ar de se r, se faz


representar pelo signo de Câncer que é regido pela Lua. Os cancerianos
são sensíveis e maternais. Estão sempre amparando e se preocupando
com os demais, muitas vezes até excessivamente. De um modo negativo
chantageiam, se sentem melindrados por qualquer coisa e manipulam
os outros de acordo com os seus interesses pessoais. Donos de uma
tre m e nd a intuição pressentem o perigo à distância. E como se
conhecessem todos os movimentos da Terra tal qual a Lua. Quando
um canceriano se magoa, pãe a mágoa debaixo do braço e a leva para
tudo quanto é lugar. E mágoa é antes de mais nada, um atraso de vida.

Nesta etapa, o Cavaleiro pediu colo e o recebeu. A Lua o


am parou e o fez enxergar além. Podem os dizer aqui que ela lhe
apresentou as artes divinatórias e outros tantos mistérios da vida.
Já não é somente um Iniciado, tornou-se um Mestre. O sentimento de
dignidade que ele experimentou no Sol é reconhecido na Lua. O pai
educou, a mãe orientou e ambos, aplaudiram o êxito do filho que, carta
a carta, vai viajando por este magnífico baralho.

De agora em diante já não existirão m edos, traum as ou


retrocessos. Embora tivesse aqui nesta trigésima segunda etapa uma
recaída, o Cavaleiro voltou muito mais forte. Sobreviveu ao mundo
das trevas. Cambaleou, vacilou e superou a si mesmo. Podem lhe fechar
janelas e portas, pois, afinal de contas ele agora possui a Chave...

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CARTA 33

A CHAVE

... Este instrumento de metal que lhe permitirá destravar as


fechaduras que se apresentarem à sua frente. Seja abrindo ou
fechando o Cavaleiro tem em suas mãos a Chave que lhe possibilitará
agir com mais liberdade. Para muitos jovens ter as chaves de casa é
um dos primeiros passos para a conquista do seu espaço pessoal. Eles
podem sair e chegar quando quiser. Não terão mais necessidade de
ter alguém à sua espera para abrir a porta. Eles se sentem mais donos
de si porque os pais, ao darem este tipo de consentimento, estão
confiando mais nos seus filhos como pessoa. E como se eles já tivessem
se tornad o um ad ulto. E ela s e rvirá com o um te rm ô m e tro da
independência. Eles provam com isso que são capazes de ter um
comportamento à altura da sua idade. Se sentem mais responsáveis
quando os pais lhes depositam confiança. Nesta fase pré-adulta é
comum apreciarem parecerem mais velhos, do que na verdade são. Do
ponto de vista antagônico os jovens geralmente se trancam. Vivem
num mundo todo seu. Não gostam de falar muito e nem tão pouco
darem muita satisfação dos seus atos. Isto para eles é sinal de
fraqueza. A Chave dá aos jovens a sensação de serem donos do seu
próprio nariz.

A trigésima terceira lâmina deste baralho representa a saída,


a solução, o achado e a resolução de tudo. De um modo geral pode ser
comparada a abertura de nossos caminhos. E também uma insígnia de
posse. Já que, quando uma Chave nos pertence, somos dono de alguma
coisa. O Cavaleiro apesar de ter experimentado a f ragilidade na carta
anterior, nesta fase do nosso jogo de cartas, ele irá de encontro ao
seu destino, pois o caminho está livre. O pai Sol e a mãe Lua, cada um

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ao seu m odo, o influenciou psicologicam ente, para uma das mais


importantes conquistas da vida: a liberdade. De agora em diante, ele
agirá segundo a sua própria determinação. Ele tem assegurado, o
direito de ir e vir. Já sabe matar charadas como ninguém e consegue
decifrar os mais variados enigmas. Sem necessitar de alguém para
tom ar conta de seus atos. Além disso, aprendeu a atuar de forma
intensa naquilo em que acredita. Sabe que é capaz de achar a solução,
sozinho.

O núm ero trinta e três que esta carta denota pode ser
traduzido através do princípio numerológico, como a recompensa
cárm ica que ganhamos por nossas boas ações. Recebemos a Chave em
troca da nossa conduta benevolente. Teremos, como consequência
disso, muita sorte e não deveremos abusar da mesma. Este número
pertence a uma vibração mestra, isto que dizer que é considerado
superior. Além de nos colocar numa escala mais elevada, sugere um
grande potencial e uma missão especial na Terra. E como ter a Chave
para o conhecimento dos oráculos. E a idade cabalística onde temos a
Chave do conhecimento e alcançamos pleno entendimento da vida, pois
fom os bons apre nd izes e, conse qüente m e nte , saberem os como
permanecer em busca da sabedoria divina.

A Cartomancia revela aqui, através do Oito de Ouros, que os


resultados nos serão favoráveis. Haverá soluções para os mais difíceis
problemas. Teremos aval para realizar nossos sonhos materiais. Trata-
se da independência material que nos proporcionará muita liberdade
de atuação. Poderemos arriscar alto porque o resultado final será
positivo. Do ponto de visto negativo, o Oito de Ouros aponta para o
desejo de tirar proveito de uma situação. Temos em quantidade, mas
m esm o assim , nos encontram os insatisfeitos, podendo até, nos
valermos de determinada posição, ou seja, chegarmos a especular.
Devemos pensar no futuro e aproveitarmos todas as chances que nos
aparecem.

A Astrologia se faz representar nesta lâmina, pelo signo de

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Touro em sua característica de apego e conservadorismo. A Chave é


um s ím b o lo de p o s s e . Q u a n d o a t e m o s em n o s s a s m ã o s ,
conseqüentemente possuímos algo. Somos donos da nossa casa e temos
liberdade para entrar e sair a qualquer hora. Somos amantes da vida
em família. Sentimo-nos realmente donos de nossos parentes mais
próximos. Monitoramos nossa família, nossos amigos e as pessoas por
quem temos carinho. Funcionamos como um provedor e como alguém
que proporciona a abertura para os seus. Os taurinos apreciam
muitíssimo o domínio e a posse. Embora não aparentem, são no fundo
conservadores, gostando muito de ter e reter as coisas e pessoas em
seu poder.

O Cavaleiro se sente muito bem nesta etapa do baralho, afinal


de contas, ele aprecia em muito, não ter que dizer aonde vai, com
quem anda e muito menos quando volta. Pioneiro e desbravador de
caminhos, ele supervaloriza a condição especial em que se encontra
nesta fase. /Adiantou-se em muito das outras pessoas. Poucos são os
que conseguem lhe acompanhar. Suas perspectivas agora são outras.
Quando chegamos numa posição dianteira, na qual lutamos muito para
conseguir, não quer dizer que poderemos relaxar. Na maioria dos casos
teremos que lutar em dobro para nos mantermos em destaque. E este
o trabalho árduo que espera pelo Cavaleiro na próxima etapa deste
nosso jo g o de c arta s. A gora e le tem um a m á q u in a em plen o
funcionamento e precisa mantê-la assim. Ele deve ativá-la com todos
os seus recursos...

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CARTA 34

OS PEIXES

...precisa alim entá-la diariamente. A carta de número trinta e


quatro traz os Peixes como sím bolo. A-trawés da pesca o homem
prim itivo garantia a sua nutrição. No Antigo Egito, o Peixe era o
principal, senão o único alimento do povo. Aos reis e sacerdotes era
proibido o seu consumo, visto que estes animais eram vistos como
habitantes silenciosos das profundezas dos mares e rios, daí o temor
em relação à eles. Naquela época, os homens tinham muito medo acerca
do desconhecido e era comum as lendas sobre os monstros aquáticos.
Eles ignoravam completamente a vida submarina. Para os cristãos,
estes animais aparecem no milagre da multiplicação dos pães. Na
Q uaresma é permitido alimentar-se da sua carne. Os Peixes trazem a
simbologia do pão nosso de cada dia e do alimento, essencial para a
subsistência do homem.

Na fase anterior, o Cavaleiro conquistou a liberdade, no


entanto, ela só se torna plena para o indivíduo quando ele é o
responsável pelo seu próprio sustento. A trigésima quarta lâmina deste
jogo de cartas complementa a anterior. Aqui o indivíduo luta pelo seu
abastecimento e para isso se reabastece diariamente. Nosso viajante
já não se preocupa mais consigo mesmo, porque agora ele tem outras
bocas para alimentar. O Cavaleiro é responsável pelo sustento de
o u t r a s p e sso a s. N a sc e d e ss e m odo a id éia de que os Peixes
representam nossos ganhos materiais, que irão proporcionar a compra
da com id a e da b eb ida. N ossos bens m óveis e im óveis, nossas
propriedades, desde o essencial até ao supérfluo estão contidas aqui.
L u t a m o s p a r a a d q u ir ir um p a t r im ô n io e d ir ig im o s n o ss o s
empreendimentos para a manutenção do mesmo. E o império material.

Podemos notar através da Numerologia a combinação feliz do

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três e do quatro, Graf ¡comente, o número três representa o triângulo,


o equilíbrio espiritual, e o número quatro, o quadrado, o equilíbrio
material. Juntos, ou seja, o triângulo em cima do quadrado formam a
figura de uma casa. Temos assim, o nosso estabelecimento para viver
com d ignid ad e, um lar. Este núm ero c om posto traz tam b ém a
praticidade e tudo aquilo que é palpável. Reduzindo estes dois dígitos
na soma do número três com o número quatro, temos o número sete,
que aponta para o psiquismo e para a profundidade. O Peixe é uma
criatura silenciosa, além de viver nas profundezas. Ele tem grande
poder de observação e também um radar que lhe aponta os perigos do
mundo aquático.

Na Cartomancia, esta carta é representada pelo Rei de Ouros.


Podemos classificá-lo como um homem maduro, prático e racional.
Muitas vezes pode ser taxado de insensível pelos outros. O Cavaleiro,
tal qual o Peixe, tem sangue frio. No âmbito profissional é muito
trabalhador e honesto. Já em sua vida privada, costuma ser dominador
e autoritário apreciando ser respeitado. Ele só se sente à vontade
quando é dono da situação. As coisas lhe parecem melhores quando
tudo depende dele. Trabalha e x austivam e n te para e nrique cer.
Resume-se ao homem que providencia o sustento da família. Ele é o
provedor. Ele oferece-nos dinheiro mas, de uma certa maneira, nos
manipula por isso. Quer e exige um acerto de contas. E ambicioso,
honesto, íntegro, leal, mas peca por excesso de materialismo. Do tip o
que só acredita naquilo que o seu dinheiro pode comprar. E as coisas
mais importantes desta vida, não podem ser compradas pelo vil metal.
Esta carta simboliza o comerciante, o empreendedor, o empresário, o
homem do interior, o rico, o materialista, enfim o homem que reconhece
e valoriza o poder do dinheiro.

A Astrologia se faz presente nesta lâmina através do signo de


Touro. A necessidade de estabilidade chega a ser gritante. Os taurinos
não conseguem conviver com a falta de dinheiro. Sua autoconf iança é
profundamente abalada diante da excassez dos recursos materiais.
De um modo negativo podem ser materialistas, possessivos e muitas

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vezes teimosos. Como não conseguem abrir mão das coisas que lhes
pertencem, reagem de forma irada e com um sonoro “não" mediante
uma proposta vinda de alguém, para dividir com eles a propriedade de
algo ou alguém que eles julgam seu.

O Cavaleiro vivenciou na carta trinta e três o verbo ter, agora


experimentou o verbo reter. Ele adquiriu coisas e zela por elas. Tal
qual o Tio Patinhas, em cima do seu monte de dinheiro, ele vê aumentar
o seu desejo de riqueza. Q uanto mais tem, mais quer. Como a vida
prossegue e o tempo não pára, ele corre o risco de não usufruir do
que possui. Por isso tenta se agarrar à alguma coisa. E no seu oceano
de emoções ele lança mão da Ancora e a joga no fundo do mar...

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CARTA 35

A ANCORA

... para que sua embarcação não fique à deriva. Neste mar de
lágrimas não é difícil afundar. O Cavaleiro recorre à Ancora como
tábua de salvação. Nesta trigésima quinta fase do nosso jogo, o medo
voltou a incomodar o nosso andarilho. Ele provou na carta anterior a
estabilidade material, mesmo assim, não se sente firme. Percebeu que,
por mais que se tenha cautela na construção de um patrimônio, este
pode ser abalado pela calamidade. Nada na vida é indestrutível. Na
história da Arca de Nóe onde o mundo se transforma num dilúvio, ele,
temerosamente, se imagina. Metaforicamente falando, ao criar a arca,
Nóe lançou a Ancora e quando a água baixou voltou para o chão firme.
O C avale iro sab e que a A ncora p rom e te firm e za e se g u ra n ç a
deixando-o mais confiante. Ela representa a esperança, a firmeza, a
certeza de que podemos nos prender ou estarmos seguros em algum
lugar ou coisa.

Nos primordios do Cristianismo, a Âncora tornou-se um símbolo


camuflado da redenção, pois seu formato escondia a cruz. Isto mostra
que mesmo aflito, aquele que buscava o consolo divino na Cruz não
corria o risco de naufragar. O Cavaleiro, tal qual um marinheiro quando
pressente a tempestade em alto-mar, joga a Ancora para estar seguro.
Sabemos que a maioria dos temores do Cavaleiro são imaginários. Aqui
ele inventa estas catástrofes para disfarçar sua necessidade de
manter o controle total de tudo e justificar sua avareza. No fundo o
Cavaleiro não consegue se desprender das posses que acumulou. Ele
está ansioso e sofre com isso. E, apesar da realidade mostrar-se
t r a n q ü ila , a sua m ente só se o c u p a de tr a g é d ia s e c o n f lit o s
inexistentes. Ele tem um medo enorme de fracassar. O problema é
que, quando ele pensa assim, acaba fechando o próprio caminho. O

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pensamento negativo é como uma pedra que você atira num lago. Ela
vai emitindo ondas que vão aumentando gradativamente. Aquele que
vive ansioso, vive no futuro e não aproveita o presente. E um escravo
do tempo, e passa a vida sem vivê-la, sem aproveitar a densidade de
cada ocasião especial.

A Numerologia aparece aqui através do número trinta e cinco,


que traduz o poder de ver o futuro, somos visionários e com grande
capacidade para sobreviver às tempestades da vida. Somos humanos
e altruístas, feralm ente deixamos o núcleo familiar um tanto quanto
desassistidos e nos envolvemos com grandes projetos comunitários.
Nos colocamos à frente de nosso tempo e alcançamos uma posição de
destaque. Muitas vezes, não somos compreendidos por nossa conduta
excêntrica. Lendo um dígito por vez tem osa número três que simboliza
a idéia. Já o número cinco, descreve a versatilidade e o gosto pelas
mudanças. Os dois números se juntam para manterem a fé na vida
atravé s de projetos a lte rn a tiv o s e inovadores. S em pre com a
finalidade de m elhorar a qualidade de vida do homem. Lembra a
chegada da Nova Era, onde o ser humano volta toda a sua atenção na
direção da perfeita integração entre os recursos terrenos e naturais.

A leitura desta lâmina pela Cartomancia tradicional, mostra


um a possíve l que d a re p e n tin a , que nos abala e m ocion alm e n te .
Partirem os para soluções inovadoras e não tentadas, até então.
Descobriremos que existe um fio de esperança, por pior que seja a
situação em que nos encontramos. Quem já não ouviu histórias de
pessoas que desenvolveram idéias fascinantes que deram certo,
quando estavam completamente mergulhadas num mar de fracasso
total. Diz um ditado oriental que crise é sinônimo de crescimento. A
esperança é uma virtude, que nos mantêm vivos no caminho em busca
da felicidade.

No tocante à Astrologia esta carta se caracteriza pelo signo


de Aquário, o aguadeiro, com a sua capacidade de invenção. Utilizando
seus recursos intelectuais, com sua mente lógica os aquarianos são a

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imagem do ser progressista. Quando atuam de forma negativa, se


tornam imprevisíveis e capazes de reações completamente súbitas.
Seu forte individualismo torna a convivência com eles um tanto quanto
difícil. Em contrapartida, se preocupam com a humanidade e são muito
generosos, auxiliando o próximo na estrada da vida. Gostam de
segurança, embora aparentem o contrário. Seu jeito extrovertido e
impulsivo esconde uma atitude materialista e conservadora em relação
à vida. Eles apreciam as coisas estáveis também.

O C avale iro sa irá d esta fa se m a is c o n s c ie n t e da vida. E le se


pre o cu p a rá em d is t r ib u ir u n if o r m e m e n t e os re c u r so s q u e c h e g a m até
ele. A t e c n o lo g ia d e ponta, a e ra e sp a c ia l, a e c o lo g ia , as c a u s a s
hu m a n itá ria s e outra s tantas co isa s q u e tra rão b e n e f íc io ao h o m e m
fa rã o pa rte do s e u c a d e r n in h o d e p r o v id ê n c ia s . O C a v a le ir o e st á
esperançoso...

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CARTA 36

A CRUZ

... e se sente firm e para carregar a Cruz que o destino lhe


reservou. A últim a carta do nosso baralho traz a Cruz em seu
arquétipo. Ela representa o eixo do mundo como se dividisse o
globo terrestre em quatro partes. S im boliza o ponto de interseção
entre uma linha vertical, que liga o norte ao sul. E outra linha
h orizontal, que liga o leste à oeste. Jesus m orreu de braços
ab ertos pregado num a Cruz. De form a parecida, o Cavaleiro abre
seus braços no espaço e aceita a m issão que Deus lhe reservou
n e s t a ú lt im a lâ m in a . I s to não q u e r d iz e r , que e le s o f r e r á
intensam ente, tal qual o Cristo. M as se ele cruza os braços, com
medo que lhe preguem na Cruz, estará negando a própria vida.
Viver bem e intensam ente, é ignorar a dor e brindar à alegria de
estarm os vivos. Porque nosso m aior obstáculo é o medo. E nosso
m aior erro, o ab and ono de si m esm o. E o nosso dia mais lindo é
hoje, portanto, vivam os a vida que Deus nos deu, intensam ente,
cada m inuto, rejeitand o o sofrim ento e sorrindo sem pre.

A vibração num erológica é dada a esta carta, através do


núm ero trinta e se is, na determ inação para vencer. Este número
com posto, alerta para que o fardo pesado que carregam os na vida
seja acom panhad o da força do núm ero três e da habilidade do
núm ero se is, para enfrentarm os todo tipo de dificuldade. Im agine
um viajante que carrega uma trouxa volum osa nas costas. Se ele
parar, à todo instante que lem brar do peso dela, para reclam ar
da v ia g e m , e le não a c o n c lu ir á . O u s e ja , p e rd e rá um tem po
precioso, que talvez nunca poderá recuperar. Q uando encarnam os,
D e us n os c o n c e d e um a C ruz c o e r e n t e com a n o ss a m is s ã o .

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Se o Pai C e le s t ia l nos r e s e r v a u m a lá g r im a é p o r q u e te m o s
q u e c h o r á -la . E, se ao c o n t r á r io , n os c o n c e d e um s o r r is o é
p o r q u e a s s im o m e r e c e m o s . E, b a s ic a m e n t e D e us q u e r q u e
sejam os f eliz es, em cada um a de nossas viv ê n c ia s nesta T erra,
em b ora m uitas vezes em nossa ig n o râ n c ia não ac e ite m o s este
fato. A quilo que Deus nos nega h oje, se rá e nte n d id o a m a n h ã por
nós. Porque até pra nos dizer não, D eus tem um m otivo especial
para isso. Som ando e reduzindo estes núm eros, três + se is, tem os
como re sultad o, o núm ero nove. Este nono núm ero corre spon d e
às provas pelas quais tem os de passar. E a e sp iritu a liz a ç ã o que
nos concede o benefício e spiritua l. N ossa e x istê n c ia s e rvirá de
exem plo para os dem ais. Colherem os tam bém da T erra, os frutos
da sab e d oria e do am ad urecim e nto. E a plen itud e da viv ê n c ia do
am or un ive rsal, destituído de egoísm o.

N esta últim a lâm ina, o C avale iro viv e n c ia as con quista s


árd uas, o aprendizad o e por fim , a ilum inação. A pe quena cham a
de uma vela é capaz de ilum inar o m ais escuro dos am b ie n te s. E
na negritude total, que uma pe quena luz vai se e vid e n cia r.

Na C artom ancia tra d ic io n a l, tem os nesta ú ltim a carta, o


Seis de Paus, que de scre ve as vit ó ria s su a d a s e os e sforços
re c o m p e n s a d o s. E o m o m en to em que nos d e s d o b r a m o s num
trabalh o árd uo, para logo após, triun farm os. A sim p lic id a d e e a
m odéstia nos conduzirão à um a aclam ação pú b lic a . Lem b rem os
que, para alc an çarm o s a b ele za da rosa, a n te s te re m os que
passar por todos os seus e spinh os. E o m om ento em que a batalha
term ina, e o vencedor obtém o seu troféu e as suas recom pensas.
E a coroação m áxim a, as d ores e m b alsam ad as pelo perfum e da
ale gria.

D e m ã o s d a d a s c o m a A s t r o lo g ia , t e m o s a q u i u m a
corre spon d ê n cia com o signo de Leão. O nob re leo nino e nfre nta
as d ific uld a d e s com d ignid ad e . M antém -se m a je sto so d iante da
luta pela vida. C ria op ortunid ad e s novas, a cad a in stante de sua

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e x is t ê n c ia . S eu g r a n d e c o r a ç ã o o le v a para as a lt u r a s , lu g a r
q u e e le a d o r a e s t a r . S eu o t im is m o é com o um b álsam o q u e
nos p e r f u m a a a lm a . P r o s s e g u e confiante em si, rejeitando todo
tipo de fraque za e m ediocridade. Ele quer viver a vida com tudo
o que e la pode oferecer e conse guirá atingir este seu intento.
S ua p r e s e n ç a é com o o s o l, q u e nos a q u e c e no f rio . De um
m agnetism o constante, o leonino ab ala as mais duras estruturas.
Em Leão, cada homem é o centro do universo. E o grandioso Deus
está presente em cada um desses pedaços de m undo, que habitam
nesta T erra.

P o d e r ia m o s ver aqui tam b ém o C avale iro com o um dos


integrante das Cruzadas. Q uando ele ,tal qual conta a lenda de
São J orge, defende a donzela das garras do dragão e o vence.
C onsegue este feito com a sua espada, sob as bênçãos divinas,
m a t e r ia liz a d a s na C r u z , q u e c a r r e g a em s u a a r m a d u r a .
A s s is t ir e m o s e n tã o , ao fina l d e ss a jo r n a d a , quand o o nosso
an d arilh o, tendo viajado em cada uma de nossas cartas, encontra
por fim , a tão desejada vitória. Chega a este resultado, através
da sab e d o ria, da hum ildade, da carid ad e, do bem, da resignação,
ou seja, através da perfeita sintonia de viver a vida com sapiência.
O nosso via ja n t e ap re n d e , quand o c on te m pla a Cruz, que não
d e v e m o s f ic a r c o n s u lt a n d o o p a s s a d o e q u e s t io n a n d o
in ca n save lm e nte o futuro. O im po rtante é viver o presente e
aproveitarm os cada dia como ele se apresenta, caso contrário
pod erem os sofrer. Virarem os escravos do tempo. Cuidem os para
que não nos m agoem os por tudo. Q ue não tenham os uma rede de
d e p e n d ê n c ia em r e la ç ã o ao que e s tá para a c o n te c e r , e s im ,
vivam os a vid a. Só dessa form a sairem os vitoriosos de nossa luta
com o destino. A m oeda de m aior valor que nós temos é o nosso
tem po. Podem os colocá-lo na mão de outros ou fazerm os o m elhor
uso dele, em proveito próprio. A isto cham am os de livre arb ítrio.
A. e s c o lh a p e s s o a l de e v o lu ir m o s ou r e g r e d ir m o s , na n o s s a
cam inh ad a espiritual.

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A lição que e sta d e rra d e ira carta passou para o nosso


guerreiro, que visitou conosco cada uma das nossas trin ta e seis
cartas, bravam ente, é que quand o pensam os ve n ce r, vencem os!
Q uando querem os, podemos! Q uando confiam os em nós m esm os,
m archam os para frente! Q uando estam os ab ertos às coisas do
c o r a ç ã o , t r iu n f a m o s ! Q u a n d o c a m in h a m o s , p a s s o a p a s s o ,
alcançaremos nossa meta. Isto sim, é líquido e certo.

E, assim, o Cavaleiro, condecorado e abençoado por Deus,


segue em frente para voltar à carta de número 1, num encontro
marcado com ele mesmo, o Cavaleiro, e recomeçar a eterna aventura
de viver a vida. E louvemos à Deus!

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CARTA 01
O CAVALEIRO

Arquétipo: homem montado num cavalo indo em busca de algo.


Está decidido e segue em frente, num movimento contínuo e forte,
sem olhar para trás.

Significado geral:
Positivo: ação; vontade; realização; convicção; satisfação
total; coragem, iniciativa.
Negativo: impulsividade; inconseqüência; arrogância;
audácia; violência; precipitação.

Flor/erva: sempre-viva e elevante.


Pedra: granada negra
Cor: preto

CARTA 02
O TREVO

Arquétipo: um pequeno ramo de trevo de quatro folhas verdejante


e delicado.

Significado geral:
Positivo: a mão de Deus que se estende; ajuda de alguém;
conselho; espera; tempo de colheita; obstáculos
passageiros.
Negativo: dificuldades; impecilhos; desgosto passageiro;
inércia; passividade; domesticidade.

Flor/erva: chicory (chicorium) ou almeirão


Pedra: água-marinha, quartzo verde
Cor: azul turquesa e verde

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CARTA 03
O NAVIO

Arquétipo: uma grande embarcação atravessando o oceano mo­


vimenta-se pelo mar em plena viagem.

Significado geral:
Positivo: viagens; mudanças; alteração de rotina; novos
horizontes; aventuras; grandes viradas; novos rumos;
modificações benéficas.
Negativo: calmaria; naufrágio; flutuações; rumo perdido;
falta de orientação; despedidas.

Flor/erva: palma branca e rosa branca


Pedra: quartzo branco (transparente)
Cor: branco e tons pastéis

CARTA 04
A CASA

Arquétipo: uma linda casa com jardim e grande quintal. Ambien­


te agradável e tranqüilo. O lar doce lar.

Significado geral:
Positivo: família; raízes; bases; estrutura interna; aquilo
que construímos; apoio; casa.
Negativo: rotina; limitação; teimosia; prisão emocional;
monotonia; acomodação; medo.

Flor/erva: colônia
Pedra: jasper
Cor: marrom

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CARTA 05
A ÁRVORE

Arquétipo: árvore frondosa de tronco forte. Dá-nos uma vasta


e boa sombra.

Significado Geral:
Positivo: Colheita; prosperidade; saúde; vigor;
juventude; fecundidade; vivacidade.
Negativo: Inquietude; protecionismo; excesso de zelo;
infantilização; imaturidade.

Flor/erva: palmeira e samambaia


Pedra: quartzo verde
Cor: verde

CARTA 06
AS NUVENS

Arquétipo: o céu encoberto de nuvens claras e escuras. Dia de


tempo nublado sujeito à chuvas e trovoadas.

Significado geral:
Positivo: tato; diplomacia; jogo de cintura; acordos;
conciliação; força interior.
Negativo: tempestades; indecisão; visão restrita;
dúvidas; sedução; raiva; omissão.

Flor/erva: rosa amarela ou vermelha e espada de Santa


Bárbara.
Pedra: citrino
Cor: amarelo

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CARTA 07
A SERPENTE

Arquétipo: uma serpente que se arrasta pela mata em busca de


sua presa.

Significado geral:
Positivo: metamorfose; libido; perspicácia; estigma
medicinal; sexualidade; ciência.
Negativo: traição; botes; perigo; mentiras; feitiços;
domínio; intervenção cirúrgica; acidentes; injúrias;
paralisia e doenças crônicas.

Flor/erva: orquídea
Pedra: turmalina bicolor (azul e rosa)
Cor: todas as cores do arco-iris

CARTA 08
O CAIXÃO

Arquétipo: um caixão coberto por uma coroa de flores na ima­


gem de um velório.

Significado geral:
Positivo: renascimento; espiritualização; renovação; fé;
resignação; conformação.
Negativo: atrasos; perdas; morte; separação;
aborrecimento; traumas ; o “não".

Flor/erva: hortência
pedra: ônix
Cor: preto

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CARTA 09
O BOUQUET

Arquétipo: um bouquet de rosas em cores variadas, alegres e


vibrantes.

Significado geral:
Positivo: caridade; filantropia; amor universal; caráter
impessoal; intuição; paranormalidade; terceira visão.
Negativo: vingança; orgulho; lamento; autopiedade;
intromissão; melancolia; solidão.

Flor/erva: violeta e rosa branca


Pedra: ametista
Cor: roxo e lilás

CARTA 10
A FOICE

Arquétipo: a velha foice que descansa em cima do feno ceifado.

Significado geral:
Positivo: seletividade; colheita; inovação; revolução;
mediunidade; respeito.
Negativo: corte; afastamento; mutilação; contrariedade;
censura; acidente; dor.

Flor/erva: cravo-de-defunto
Pedra: hematita e calcita Laranja
Cor: cinza e coral

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CARTA 11
A VERGA

Arquétipo: um a vara de açoitar; a verga que contém o fogo sa­


grado, o cetro dos dionísios.

Significado geral:
Positivo: poder pessoal; sexto sentido; artifício; ambição;
intuição; lisonjas; controle.
Negativo: escravidão; agressividade; charlatanismo;
feitiço; excesso de autoconfiança.

Flor/erva: arbustos espinhosos


Pedra: quartzo fume
Cor: preto e fume

CARTA 12
OS PÁSSAROS

Arquétipo: um casal de corujas pousadas sobre um galho, que


parecem felizes na companhia um do outro e lembram os apaixona­
dos.

Significado geral:
Positivo: atenção; carinho; zelo; prudência; sacrifício;
cuidado.
Negativo: ridicularização; coisas temporárias; pequenos
flertes; paparicação; fadiga; sofrimento por antecipação.

Flor/erva: dama-da-noite
Pedra: ônix branco
Cor: marf im e branco le ito so

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CARTA 13
A CRIANÇA

Arquétipo: uma criança que passeia livremente, de bem com a


vida; parece m uito feliz; tra n s p a re c e v iv a c id a d e , num retrato
angelical.

Significado geral:
Positivo: alegria; verdade; essência; vivacidade; proteção;
integridade; filhos e netos.
Negativo: ingenuidade; fofoca; dependência;
infantilidade; inexperiência; temores.

Flor/erva: flor do campo


Pedra: quartzo rosa e turmalina colorida
Cor: rosa e azul

CARTA 14
A RAPOSA

Arquétipo: uma raposa que salta sobre o tronco que atrapalha


seu caminho.

Significado geral:
Positivo: imaginação fértil; astúcia; vantagens; bons
negócios; esperteza; atalhos.
Negativo: enganos; incidentes; malabarismos; maldade;
hostilidade; discórdia; cobiça.

Flor/erva: heliotrópio
Pedra: granada
Cor: vinho e vermelho vivo

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 15
O URSO

Arquétipo: um urso enorme passeando pela floresta à procura


de algo para comer.

Significado geral:
Positivo: economia; estoque; meta; precaução; defesa;
armazenamento; força.
Negativo: rancor; inveja; mau-olhado; isolamento;
estabanação; lentidão; avareza.

Flor/erva: trevo de quatro folhas e arruda


Pedra: turm alina negra
Cor: preto

CARTA 16
A ESTRELA

Arquétipo: uma estrela resplandecente no céu; a estrela-guia; a


força da luz que brilha na escuridão .

Significado geral:
Positivo: sorte; êxito; brilho; sucesso; carisma; estrela-
guia; destino; grande chance.
Negativo: megalomania; narcisismo; abuso da sorte;
desastre; saudade; excessos.

Flor/erva: girassol
Pedra: topázio imperial
Cor: amarelo ouro

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CARTA 17
A CEGONHA

Arquétipo: uma cegonha na beira do lago alim entando-se de


pequeninos peixes.

Significado geral:
Positivo: boas novas; oportunidades magníf ¡cas; instinto
maternal; proteção; gravidez.
Negativo: inesperado; contrariedades; dificuldade de
agradar; exigência; chantagem emocional.

Flor/erva: camélia
Pedra: quartzo branco
Cor: branco e prata

CARTA 18
O CÃO

Arquétipo: um cão que olha diretamente para nossos olhos, como


se estivesse esperando nossa próxima solicitação ou movimento.

Significado geral:
Positivo: confiança; honestidade; plano social; amizade;
fidelidade; lealdade.
Negativo: excesso de confiança; comodismo; inércia;
conformidade; passividade.

Flor/erva: violeta
Pedra: ametista
Cor: roxo e lilás

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 19
A TORRE

Arquétipo: uma torre de um castelo que parece perdido no tem­


po e no espaço, um mundo quase mágico de aparência medieval.

Significado geral:
Positivo: espiritualização; autodisciplina; domínio do ego;
proteção; reflexão; comtemplação; filosofia; religião.
Negativo: individualidade; velhice precoce; orgulho;
isolamento; ares de superioridade.

Flor/erva: palma amarela


Pedra: obsediana negra ou f locos de neve
Cor: preto e branco

CARTA 20
O JARDIM

A rqué tip o: um g ra n d io so jard im cara cte riz ad o por alé ias


belíssimas.

Significado geral:
Positivo: zelo, melhorias, acabamento, busca da perfeição,
contato com a natureza, amor às plantas, animais e
natureza
Negativo: individualidade; perfeccionismo exagerado;
frieza de sentimentos; orgulho.

Flor/erva: capim-limão
Pedra: ágata verde
Cor: verde

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 21
A MONTANHA

Arquétipo: uma enorme montanha que parece vencer o tempo.

Significado geral:
Positivo: firmeza; durabilidade; estabilidade; certeza;
justiça; imparcialidade; solidez; realização; justiça.
Negativo: superficialidade; cobranças internas e
externas; mesquinharia; cinismo; arrogância; tirania.

Flor/erva: cravo branco


Pedra: jasper
Cor: marrom, magenta e todos os tons de terra

CARTA 22
O CAMINHO

Arquétipo: um caminho de terra, uma estrada, um atalho a per­


correr.

Significado geral:
Positivo: direção; livre arbítrio; vontade própria; avanço;
objetividade; praticidade.
Negativo: impulso; revanche; vingança; ódio; guerra;
imaturidade; erros; covardia.

Flor/erva: crista-de-galo e cravo vermelho


Pedra: granada
Cor: vermelho intenso e azul-marinho

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 23
O RATO

Arquétipo: um ninho de ratos degustando alimentos num verda­


deiro banquete.

Significado geral:
Positivo: prestígio; sedução; pequenos benefícios;
tenacidade; esforço.
Negativo: pequenas delitos; roubos; mediocridade;
intrometimento; dívidas; lesões.

Flor/erva: copo-de-leite
Pedra: opala
Cor: marfim

CARTA 24
O CORAÇÃO

Arquétipo: um coração emitindo raios de diversas cores; o Sa­


grado Coração de Jesus.

Significado geral:
Positivo: amor; doação; entrega; afeições verdadeiras;
bondade; sentimentos.
Negativo: chantagem emocional; hipersensibilidade;
imaturidade; autopiedade.

Flor/erva: rosa cor-de-rosa, amor-perfeito


Pedra: quartzo rosa
Cor: rosa, maravilha ou fucsia

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CARTA 25
O ANEL

Arquétipo: um anel de ouro cravejado de brilhantes ofuscando


os nossos olhos.

Significado geral:
Positivo: casamento; união; sociedade; prêmio; boa sorte;
presente; compromisso inesperado.
Negativo: acomodação; inquietude; insatisfação;
necessidade de aprovação e estímulo; desânimo.

Flor/erva: margaridas brancas


Pedra: diamante e brilhante
Cor: incolor

CARTA 26
OS LIVROS

Arquétipo: um livro grosso de capa dura que encontra-se fecha­


do sobre a mesa.

Significado geral:
Positivo: trabalho; estudo; sabedoria; cultura; ciências;
boa atuação; contratos.
Negativo: engrenagem; sistema; burocracia; lentidão;
segredos; arquivo morto.

Flor/erva: tulipa
Pedra: sodalita
Cor: azul

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CARTA 27
A CARTA

Arquétipo: um envelope de carta tendo ao lado a pena repousa­


da no tinteiro.

Significado geral:
Positivo: notícias; aviso; documentos e papéis
importantes; advertência; sonhos.
Negativo: preocupação; repreensão; esgotamento;
cancelamento de compromissos; falta de comunicação;
omissão; bloqueio; pane

Flor/erva: arnica
Pedra: crisocola
Cor: verde

CARTA 28
O HOMEM

Arquétipo: a figura de um homem distinto e elegante, o cava­


lheiro, o varão

Significado geral:
Positivo: o consulente; pessoa do sexo masculino; o pai; o
ideal de homem; figura masculina importante; o parceiro.
Negativo: austeridade; conservadorismo; machismo;
castração; protecionismo;frieza.

Flor/erva: cravo vermelho


Pedra: leopardo
Cor: preto

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 29
A MULHER

Arquétipo: a figura de uma mulher bela, encantadora, feminina e


sedutora.

Significado geral:
Positivo: a consulente; pessoa do sexo feminino; a
parceira; o ideal feminino; sensibilidade; sutileza; intuição.
Negativo: mimos; chantagem emocional; dependência;
apelo sexual; melindres; mágoas.

Flor/erva: rosa vermelha


Pedra: ágata vermelha
Cor: vermelho

CARTA 30
A FLOR DE LIS

Arquétipo: a flor de lis representada em toda a sua delicadeza,


esplendor e raridade.

Significado geral:
Positivo: virtude; tranqüilidade; pureza; harmonia;
suavidade; beleza interior; talento.
Negativo: domínio; moralismo; autoestima elevada;
orgulho; vaidade; melindres.

Flor/erva: flor-de-lis, lírio


Pedra: água-marinha
Cor: azul e branco

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CARTA 31
O SOL

Arquétipo: o astro rei resplandecente e magnânimo iluminando o


planeta Terra.

Significado geral:
Positivo: realidade; verdade; ânimo; proteção divina;
sucesso; convicção; força.
Negativo: desconfianças; escrúpulo excessivo; manias;
orgulho; isolamento.

Flor/erva: girassol, rosa amarela


Pedra: quartzo branco
Cor: branco

CARTA 32
ALUA

Arquétipo: a Lua, satélite natural da Terra, que ilumina o plane­


ta durante a noite.

Significado geral:
Positivo: mistério; magia; fantasia; fertilidade; boêmia;
arte; imaginação.
Negativo: depressão; escapismos; passado; ingenuidade;
enganos; escuridão.

Flor/erva: copo-de-leite
Pedra: pedra-da-lua, opala
Cor: prata

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CARTA 33
A CHAVE

Arquétipo: uma chave, artefato de metal que abre portas e fe­


chaduras.

Significado geral:
Positivo: solução; abertura; revolução; início; estar de
posse de algo; decif rar.
Negativo: tirar proveitos; enganos; revelação de
segredos; especulação; prisão.

Flor/erva: crisântemo
Pedra: lápis-lázuli
Cor: azul

CARTA 34
OS PEIXES

Arquétipo: a beleza do mundo submarino com os peixinhos na­


dando em seu habitat.

Significado geral:
Positivo: alimento; sustento; dinheiro; observação; radar;
fortuna; empreendimentos.
Negativo: materialismo; ambição; mente limitada;
mesquinhez; medo da pobreza.

Flor/erva: rosa chá


Pedra: rubi
Cor: vermelho

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O Baralho Cigano Lenormand

CARTA 35
A ANCORA

Arquétipo: uma âncora, peça que prende a embarcação no fun­


do do mar.

Significado geral:
Positivo: segurança; individualidade; oportunidade de se
firmar; lucros; esperança; estabilidade.
Negativo: medo; apego; opiniões fixas; depressão;
calcanhar de Aquiles; ansiedade; sofrimento; fuga da
realidade.

Flor/erva: algas marinhas


Pedra: água-marinha
Cor: azul claro

CARTA 36
A CRUZ

Arquétipo: o instrumento do suplício em que Jesus Cristo foi


pregado.

Significado geral:
Positivo: conquistas árduas; vivência; iluminação; missão;
aprendizado; triunfo.
N egativo: sofrimento; penúria; solidão; resultados lentos;
sacrifício; abnegação.

Flor/erva: rosa amarela


Pedra: quartzo branco
Cor: amarelo

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O Baralho Cigano Lenormand

COMO JOêAR
O BARALHO CKSANO
LENORMAND

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O Baralho Cigano Lenormand

Para finalizar, mostraremos dois métodos principais para con­


sultar o Baralho Cigano Lenormand. Um simples, e o outro, complexo.
Leia atentam ente e treine bastante.

MÉTODO 1: ” OS TRÊS TEMPOS"

3
1- PASSAtXD 2- PRESENTE 3 - FUTURO

Pense numa questão qualquer que lhe aflige. A seguir, embaralhe


as cartas. Divida-as em 3 montes. Escolha uma carta em cada um de­
les.

A carta do l° m o n t e corresponde ao PASSADO . O que


gerou a situação.

A carta do 2 o monte corresponde ao PRESEN TE. O que


está acontecendo agora.

A carta do 3 o monte corresponde ao FU TURO . O que


será vivenciado mais tarde.

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O Baralho Cigano Lenormand

MÉTODO 2 : A RODA DA VIDA

1 2 3 4 5 6 7 8 9

10 11 12 13 14 15 16 17 18

19 20 21 22 23 24 25 26 2 7

28 29 3 0 31 32 33 3 4 35 36

Este método é o mais completo. E recomendável para uma leitura


detalhada. Decifra todos os aspectos da nossa vida. Usa-se todas as
36 cartas do Baralho Cigano Lenormand. Este método é aconselhável
quando já se tem bastante experiência no jogo. Isto é, quando já
conhecemos profundamente o significado de cada carta.

Concentre-se. Embaralhe as cartas, corte-as e junte-as


novamente. Distribua as cartas em 4 fileiras de 9 cartas.
Considere na leitura os seguintes planos:

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O Baralho Cigano Lenormand

1* Fileira: Mental ( o que o consulente pensa )


2a Fileira: Emocional ( o que o consulente sente )
3a Fileira: Etéreo ( o que o consulente deseja )
4a Fileira: Material ( o que consulente p o s s u i)

O bs.: No meio da Roda da Vida, ou seja, na 5a file ira na


vertical, está a informação central do jogo. Escolha uma destas
quatro cartas e se aprofunde na questão.

14
1° Passo'*
Faça a escolha
23

32 C aria escolhida

2° Passo: Separe a carta escolhida. Embaralhe as 35 cartas


restantes, corte e junte novamente.

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O Baralho Cigano Lenormand

Distribua em quatro montes ao redor da carta escolhida.


Veja como:
Escolha uma carta de cada monte. Faça a leitura.

Existem muitos outros métodos, pelo menos mais sete, para jo ­


gar nosso baralho de cartas. Como já lhes disse no início, apesar de
aparentem ente sim ples, o Baralho Cigano Lenorm and é um jogo
riquíssimo em detalhes, principalmente quando utilizamos o signif iça­
do da Cartomancia tradicional, incluído em cada uma de suas cartas.

Num segundo volume deste livro, trataremos do aprofundamento


do Baralho Cigano Lenormand através de sua correspondência com a
Cartomancia Tradicional, a Astrologia, a Num erologia, a Saúde, o
Karma e muitos outros aspectos. Até lá!

Vibrações de Saúde, Amor e Paz!

Ana A n c iã e s

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O Baralho Cigano Lenormand

BIBLIOGRAFIA
Grande Jeu de Société Pratiques Secretes de Mlle.
Lenormand
Manual Practico de Numerologia - Julia Line
Dicionário Ilustrado de Símbolos - Hans Biedermann
A M agia dos Números ao Seu Alcance - Helyn Hitchcock
Curso Básico de Astrologia - Marión D. MArch e Joan
McEvers
Manual do Tarô - Hajo Banzhaf
O Livro dos Espíritos - Alian Kardec
Numerologia - Harish Johari

w w w.anaanciaes.com
anaanciaes@ uol.com .br

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O Baralho Cigano Lenormand

Bênçãos especiais

Pela Lenormand

Santa Terezinha de Liseaux

Pelos ciganos

Santa Sara

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